3123-Texto Do Artigo-11951-1-10-20231018

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ARTIGO ORIGINAL

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IMPERMEABILIZAÇÃO: MÉTODO CORRETIVO DE PATOLOGIAS


ORIUNDAS DA ASCENSÃO DE CAPILARIDADE DOS SAIS AO LONGO DE
PAREDES DE RESIDÊNCIAS DE ALVENARIA CONVENCIONAL

WATERPROOFING: CORRECTIVE METHOD FOR PATHOLOGIES ARISING


FROM THE CAPILLARITY RISE OF SALTS ALONG THE WALLS OF
CONVENTIONAL MASONRY RESIDENCES

Osvaldo Lailson da Costa Saraiva1

RESUMO:
A presença da umidade em residências de alvenaria convencional é muito comum e torna o
ambiente propício ao surgimento de problemas quando não presente um sistema de
impermeabilização ou, mesmo havendo, esse sendo deficiente. Assim, patologias como
manchas, afloramentos, bolor ou mofo etc. tendem a surgir com maior facilidade ao longo
de paredes, principalmente, a partir da ascensão de capilaridade dos sais advindos da
fundação, por isso, torna-se essencial a correção desta. Logo, realizar o diagnóstico a fim de
saber qual impermeabilização adotar e, consequentemente, os materiais a serem empregados
são imprescindíveis, seja para evitar, seja para sanar esse tipo de problemática. A pesquisa
baseou-se em revistas, periódicos, artigos científicos, sites, catálogos, monografias e
dissertações, a fim de, forma exploratória, reunir informações precisas e analíticas a cerca
de tal temática. A partir da investigação realizada foi possível mostrar dois métodos
corretivos para coibir adversidades causadas pela ascensão capilar dos sais nas edificações:
o primeiro baseado na substituição do revestimento por outro com produtos específicos e o
segundo, na substituição da impermeabilização anterior ou execução dessa, caso não exista,
devidamente na presença dos materiais impermeabilizantes. Por fim, este trabalho ainda
mostrou os principais produtos utilizados nesses métodos e as técnicas de aplicação a fim de
corrigir essa patologia e, consequentemente, trazer diversos benefícios aos residentes, como:
estéticos, financeiros, de habitação etc.

PALAVRAS-CHAVE: Impermeabilização; Ascensão de Capilaridade; Corretivo.

ABSTRACT:

1
Bacharel em Engenharia Civil pelo Centro de Ensino Unificado do Piauí – CEUPI, pós-graduado em
Instalações Prediais pelo Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba – CESVALE, pós-graduado em
Docência no Ensino Superior pelo Instituto FACUMINAS, pós-graduando em Engenharia de Segurança do
Trabalho pelo Centro Universitário União das Américas Descomplica. E-mail: [email protected].
https://orcid.org/0009-0009-9766-8165.

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The presence of moisture in conventional masonry homes is very common and the
environment enables the emergence of problems when there is no waterproofing system or,
even if there is, it is deficient. Thus, pathologies such as stains, outcrops, mold or mildew,
etc. tend to appear more easily along walls, mainly, from the capillarity rise of the salts
coming from the foundation, therefore, it is essential to correct it. Therefore, carrying out
the diagnosis to know which waterproofing to adopt and, consequently, the materials to be
used are essential, either to avoid or to remedy this type of problem. The research was based
on magazines, periodicals, scientific articles, websites, catalogs, monographs, and
dissertations, to, in an exploratory way, gather precise and analytical information about this
theme. From the investigation carried out, it was possible to show two corrective methods
to curb adversities caused by the capillary rise of salts in buildings: the first based on
replacing the coating with another one with specific products and the second, on replacing
the previous waterproofing or execution of this, if not exist, respectively in the presence of
waterproofing materials. Finally, this work also showed the main products used in these
methods and the application techniques to correct this pathology and, consequently, bring
several benefits to residents, such as: aesthetic, financial, housing, etc.

KEY-WORDS: Waterproofing; Capillarity Rise; Corrective.

1. INTRODUÇÃO

A alvenaria convencional, também denominada de alvenaria de vedação e muito


comum no Brasil, é composta por paredes, vigas, pilares e lajes (Equiloc, 2020). Conforme
o site, as paredes representam apenas a função de vedação, enquanto que os demais, são
responsáveis por transmitir as cargas às fundações. Logo, as paredes servem apenas como
fechamento e separação de ambientes.

Nesse tipo de sistema construtivo, há bastante utilização de materiais com elevado


teor de absorção de umidade, a exemplo dos blocos cerâmicos de vedação e argamassas, isto
é, itens muito presentes em obras residenciais, o que torna o ambiente propício ao
aparecimento de problemas quando não adotado um sistema de impermeabilização eficiente.

Segundo a NBR 15270-1 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005) os


blocos cerâmicos de vedação são componentes da alvenaria de vedação que possuem furos
prismáticos perpendiculares às faces que os contêm como apresentado na Figura 1. A norma
ressalta que esses blocos denominados para a vedação não têm a função de resistir a outras
cargas verticais, além do peso da alvenaria da qual faz parte.

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Figura 1 – Bloco cerâmico para vedação

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005)

Vale ressaltar o que Bauermann (2018) cita em sua obra ao afirmar que a infiltração
de água é considerada um dos maiores problemas das construções. Isso ocorre porque as
superfícies feitas de argamassas e concreto são materiais porosos, em sua naturalidade.

Salomão (2012) destaca que os materiais de construção civil, como os blocos


cerâmicos e as argamassas, são materiais que contêm pequenos vazios denominados porosos.
Assim, a autora ressalta também que uma porcentagem significante desses poros é
interconectada formando uma rede interna que permite o transporte de substâncias gasosas
ou líquidas, como a água.

Quanto a presença dessa umidade, cita-se ainda que:

As causas podem vir desde efeitos naturais do tempo como chuvas e umidade do
solo, ao vazamento de tubulações, reservatórios e ambientes desprovidos de
proteção e ventilação deficiente. Para haver a correta estanqueidade das estruturas
e superfície de uma edificação é necessário à execução de impermeabilização
(Bauermann, 2018).

Conforme Salomão (2012), a ação mais prolongada e contínua da umidade nas


alvenarias tem origem na absorção da água existente no solo pelas fundações e pavimentos.

A autora expõe ainda que:

Para evitar este tipo de manifestação da umidade, deve-se fazer a escolha adequada
dos materiais utilizados - principalmente os de impermeabilização – e adotar uma

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técnica construtiva que minimize o transporte da umidade do solo para as


alvenarias (Salomão, 2012).

Quanto aos tipos de sistemas impermeabilizantes para patologias relacionadas à


infiltração, a norma cita dois: rígidos e flexíveis, e que se tratam do conjunto de produtos e
serviços (insumos) dispostos em camadas ordenadas, destinado a conferir estanqueidade a
uma construção (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010).

No Quadro 1 a seguir são apresentadas as definições desses sistemas, bem como


alguns produtos que esses englobam e exemplos de estruturas que podem ser aplicados:

Quadro 1 – Definição dos sistemas de impermeabilização e produtos que esses englobam

TIPO DEFINIÇÃO PRODUTO APLICAÇÃO


"Conjunto de materiais ou produtos Argamassa com Caixa d’água,
que não apresentam características aditivo hidrófugo; piscinas e
de flexibilidade compatíveis e argamassa fundações
aplicáveis às partes construtivas não polimérica;
RÍGIDA
sujeitas a movimentação do elemento cimentos
construtivo” (ASSOCIAÇÃO cristalizantes
BRASILEIRAS DE NORMAS
TÉCNICAS, 2010)
"Conjunto de materiais ou produtos Membrana de Lages de
que apresentam características de polímero cobertura,
flexibilidade compatíveis e modificada com reservatório
aplicáveis às partes construtivas cimento; elevado, áreas
FLEXÍVEL sujeitas à movimentação do elemento Membrana frias (banheiros
construtivo " (ASSOCIAÇÃO asfáltica; e cozinhas)
BRASILEIRAS DE NORMAS membrana
TÉCNICAS, 2010) acrílica; manta
asfáltica
Fonte: Autor (2023)

Um dos casos mais comuns de problemas relacionados à infiltração de água se dá por


meio da capilaridade dos alicerces (Righi, 2009). Segundo o autor, o tratamento somente é
necessário em fundações diretas, como baldrames e radiers, para evitar transtornos futuros,
principalmente de natureza estética. Vale citar que, esses tipos de fundações são as mais
comuns em residências unifamiliares brasileiras, por isso requerem atenção quanto a
impermeabilização correta e, principalmente, de forma preventiva para evitar esse tipo de
patologia.

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Destaca-se assim, as vigas baldrames que são conhecidas como um tipo de fundação
rasa ou direta, já que são responsáveis por transferir a carga dos elementos construtivos para
a fundação que pode ser uma sapata, bloco de coroamento, entre outras (Vivadecora, 2020).

A viga baldrame é um elemento de concreto armado, semelhante à viga de concreto


armado, disposta de forma horizontal, destinada a receber cargas das paredes, podendo ou
não se localizar abaixo do nível do solo (Magalhães, 2022).

Segundo a NBR 9575 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2010), todas as


fundações em contato direto com o solo necessitam de impermeabilização, como as vigas
baldrames, a fim de evitar patologias causadas pela umidade e infiltração.

Quando a impermeabilização nos baldrames é introduzida na fase de elaboração de


projeto e aplicada na fase inicial de execução, evita-se uma série de problemas
principalmente na habitação (Cherem e Salvatierra, 2015). Logo, isso resulta em um
ambiente salubre e protegido contra possíveis manifestações patológicas como formação de
bolor, estufamento ou descolamento do rodapé e manchas na parede.

Uma vez que tenha sido executada de maneira incorreta ou até mesmo não tenha sido
aplicada, os problemas citados anteriormente começam a se manifestar na maioria dos casos
após a construção, isto é, já durante a habitação (Cherem e Salvatierra, 2015).

Se a viga baldrame não for devidamente impermeabilizada, há risco de infiltração de


água e umidade pela superfície, péssimo para sua resistência e durabilidade (Prata, 2023).

A falta de impermeabilização da viga baldrame também pode causar o aparecimento


de fissuras e trincas nas paredes e pisos, devido à movimentação da estrutura causada pela
umidade. Por este motivo, este é um processo importante a ser considerado (Prata, 2023).

Prata (2023) ainda cita que a exposição prolongada à umidade pode causar corrosão
nas armaduras da viga, diminuindo a aderência entre o aço e o concreto, o que pode levar à
desagregação do material e, consequentemente, a perda da capacidade estrutural da viga.

Além disso, a umidade pode causar o aparecimento de manchas de mofo e bolor, que
são prejudiciais à saúde e podem comprometer a qualidade do ar no interior da construção
(Prata, 2023). A Figura 2 a seguir mostra exemplos desses tipos de patologias:

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Figura 2 – Patologias causadas pela presença da umidade em paredes

Fonte: Autor (2023)

A autora Salomão (2012) destaca que esse tipo de fundação além de transmitir os
esforços da edificação para as brocas, por exemplo, estando impermeabilizadas, podem
também impedir que a umidade presente no solo seja transferida às alvenarias por
capilaridade.

De uma maneira geral, a fixação do vapor de água nos poros pode ocorrer por
adsorção, condensação e capilaridade. Nesta pesquisa, o destaque será a esta.

Segundo Bertolini (2010), o transporte de água por capilaridade é responsável por


um dos fenômenos mais complexos de controlar nas alvenarias, isto é, a ascensão capilar.
Este tipo de transporte é consequência direta da força de atração entre o líquido e o material
sólido. O autor ainda diz que esta força é uma ação combinada da tensão superficial da água
e da adesão das moléculas de água na superfície interna do poro.

Lage (2012) expõe que:

Esse tipo de umidade ocorre nos baldrames das construções devido a três
importantes aspectos: condições do solo úmido em que a estrutura da edificação
foi construída; a ausência de obstáculos que impeçam a progressão da umidade e,
por último, a utilização de materiais porosos (tijolos, concreto, blocos cerâmicos)
que apresentam canais capilares, permitindo que a água ascenda do solo e penetre
no interior das edificações.

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De acordo com Righi (2009), a ascensão da água em paredes ocorre pela existência
do fenômeno de capilaridade. Logo, os vasos capilares pequenos permitem a água subir até
o momento em que entra em equilíbrio com a força da gravidade.

A Figura 3 a seguir representa esse fenômeno em meio aos elementos construtivos:

Figura 3 – Ascensão da umidade por capilaridade

Fonte: JM Engenharia Diagnóstica (2021)

A capilaridade é descrita como:

A umidade do solo úmido que ascende para estrutura por canais capilares. Logo,
corresponde a uma propriedade física em que os fluidos tendem a subir em canais
muito finos. Acontece, geralmente, nas vigas baldrames e passa para a alvenaria
por falta de barreiras (impermeabilização), tornando o meio propício para
ocorrência de manifestações (Souza, 2010 apud Bauermann, 2018)

Destaca-se também que:

A elevação capilar pode ser definida como o fluxo vertical de água, originada do
solo, que ascende para uma estrutura permeável. Essa ascensão nas alvenarias
pode ocorrer até alturas significativas, dependendo das condições de evaporação
da água e da porosidade do material (Salomão,2012).

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Conforme Souza (2008 apud Siqueira, 2018), pequenos vasos capilares, espaços ou
poros permitem que a água suba até encontrar o seu equilíbrio com a força da gravidade. E,
isso, não costuma passar de 80cm de altura, sendo este episódio maior em paredes e pisos.
A figura 4 mostra como esse fenômeno acontece:

Figura 4 – Representação do caminho percorrido pela água ao longo das paredes

Fonte: Pozzobon (2007 apud Schonardie, 2023)

Segundo Soares (2014), a umidade vinda da ascensão capilar pode ver observada em:

a) Paredes: de variadas formas e surgem a partir do piso, sendo bolhas, manchas e


eflorescência na pintura com desgaste do revestimento tanto no emboço, reboco e
acabamento, como exposto anteriormente na Figura 2;

b) Paredes com revestimento cerâmico: pode haver uma capacidade de ascensão da


umidade, pois a mesma fica restrita ou confinada pelo revestimento cerâmico. Quando a
umidade é muito severa pode acontecer o destacamento do revestimento cerâmico.

Essa última situação, que por sinal bastante presente, diz respeito ao que os autores
Barreiros e Vieira (2019) ressaltam, isto é, que nas paredes com revestimentos cerâmicos,
por exemplo, a altura de ascensão pode ser maior do que 80 cm, altura essa que acontece
normalmente quando não há revestimento, assim exposto por Souza (2008 apud Siqueira,

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2018). Logo, conforme Brito e Guerreiro (2003), a utilização do revestimento prevenirá


parcialmente a evaporação do fluido, conforme ilustração na Figura 5:

Figura 5 – Altura de ascendência da água em condições normais (a) e em condições com a


utilização de revestimento (b)

Fonte: Adaptada de Brito e Guerreiro (2003)

A Figura 6 a seguir mostra um exemplo real desse tipo de situação:

Figura 6 – Surgimento de patologias derivadas da ascensão capilar acima do revestimento


cerâmico

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Fonte: Autor (2023)

Destaca-se ainda o que os autores Brito e Guerreiro (2003) citam a respeito de


existirem outros fatores que permitem a água atingir alturas mais elevadas, além da
existência de revestimento na parede. A exemplo, os mesmos autores destacam que quanto
maior for a espessura da parede, maior será a quantidade de água vinda do solo e,
consequentemente, também será maior o tempo para ocorrer sua evaporação.

A orientação geográfica também é considerada um fator que influencia diretamente


nessa evaporação, pois paredes posicionadas no lado contrário à orientação do sol, tendem a
demorar mais a liberar essa umidade (Brito e Guerreiro, 2003).

Diante disso, a ocorrência desse tipo de umidade pode advir de água do lençol
freático ou mesmo de águas superficiais (Nappi, 2002). Logo, naquela a sua fonte permanece
ativa durante o ano e pode apresentar manchas de umidade em toda a parede, atingindo
alturas superiores nas paredes do interior. Já nesta, varia durante o ano, sendo identificada
alturas superiores em paredes exteriores, afirma o autor.

Salomão (2012), em sua obra, afirma que existem alguns métodos que visam o
tratamento desses tipos de patologias como:

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Os que buscam impedir a ascensão da água a partir do rebaixamento do lençol


freático, métodos direcionados para a remoção da água das paredes, outros que
buscam impossibilitar o acesso da água às paredes perante a construção de
barreiras físicas ou químicas e procedimentos que visam ocultar o aparecimento
desses problemas.

Righi (2009) apresenta duas soluções a serem utilizadas quando não existir
impermeabilização na viga baldrame ou caso essa tenha sido mal executada, que são:
correção para alvenaria de tijolos maciços e correção para alvenaria de tijolos furados. Além
disso, o autor Ripper (1986), apresenta soluções, segundo esse, mais eficientes que aquelas,
com tratamentos diretamente na própria viga baldrame.

Por isso, visando eficiência, deve ser dada a devida atenção ao diagnóstico realizado
em cada caso, a sua correta execução e aos materiais a serem empregados.

Mediante a importância da adoção de medidas eficientes para coibir manifestações


patológicas advindas da ascensão de capilaridade dos sais ao longo das paredes de
edificações de alvenaria convencional, tem-se como hipótese o fato de que a execução ou a
reexecução de uma impermeabilização entre a fundação e a alvenaria, mesmo após a
residência já habitada, tem resultados satisfatório como método corretivo para esse tipo de
problemática.

A presente pesquisa justifica-se pela importância que a adoção do método correto


para corrigir patologias provenientes da ascensão de capilaridade dos sais ao longo das
paredes de alvenaria convencional, após o término da edificação, tem para solucionar tal
problema e prevenir novos danos, custos sucessivos com tratamentos reparativos posteriores,
incômodo estético, além de ganhos quanto a durabilidade da edificação.

Logo, o objetivo do trabalho em questão foi mostrar dois métodos corretivos: o


primeiro que diz respeito à retirada do revestimento deteriorado e a posterior aplicação de
um novo com a presença de material impermeabilizante; e o segundo que, conforme Ripper
(1986), apresenta o melhor resultado para reparar esse tipo de problema que é baseado na
substituição da impermeabilização existente de forma parcial ou implantação de uma nova
entre a alvenaria e a fundação como forma de coibir as manifestações patológicas oriundas
da ascensão de sais ao longo das paredes de residências de alvenaria convencional. Além
disso, também destacar alguns produtos essenciais para a impermeabilização nesses métodos
e suas respectivas técnicas de aplicabilidade.
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2. METODOLOGIA

A pesquisa em questão é do tipo bibliográfica, em que a fase exploratória teve como


meta expor, de forma analítica, a problemática.

Para Fonseca (2002), esse tipo de pesquisa se trata do:

Levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos


e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites, etc. Qualquer
trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao
pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém,
pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica,
procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher
informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se
procura a resposta.

Desta forma, houve uma investigação científica de obras já publicadas em que se


realizou uma pesquisa com dados que auxiliassem na compreensão inicial do tema a ser
desenvolvido utilizando como fonte principal dissertações, livros, artigos, revistas e
materiais disponíveis na internet.

A escolha do tema foi a partir da análise do cenário da construção civil brasileira


quanto a ausente ou deficiente execução de projetos de impermeabilização e da observação
do surgimento recorrente de patologias resultantes da ascensão da umidade por meio da
capilaridade em paredes.

Foram reunidas informações referentes às patologias resultantes da ascensão de


capilaridade dos sais ao longo de paredes de residências construídas em alvenaria
convencional, a fim de mostrar dois métodos corretivos para esse tipo de problema. Destaca-
se que o foco da pesquisa envolveu residências com fundações do tipo baldrame e compostas
por paredes de tijolos cerâmicos com furos, excluindo-se os de composição maciça.

Os métodos utilizados para coibir a problemática destacam-se por apresentarem


excelentes resultados como exposto na introdução.

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A ênfase deste trabalho está na correção das patologias a partir da demonstração em


que buscou trazer, de forma detalhada, os procedimentos a serem adotados, materiais
empregados e como executá-los, a fim de mostrar o passo a passo e sanar incertezas sobre a
execução e eficiência, diminuindo, assim, a possibilidade de erros.

A fim de trazer um material atualizado, seja nas informações reunidas de diferentes


autores, seja nos quadros e imagens presentes, os dados foram adaptados em softwares como
o Excel 2016, Word 2016 e AutoCAD 2016.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. MÉTODO 1

O primeiro método, trata-se da substituição do revestimento danificado por um novo.

Righi (2009) diz que para a correção das infiltrações presentes em alvenaria de tijolos
furados, utiliza-se argamassa polimérica e argamassa com aditivo hidrófugo, a partir da
realização das seguintes etapas:

a) delimita-se a área a ser tratada, que deve possuir uma altura de 0,3 em relação ao
piso;

b) retira-se todo o revestimento da área que será tratada;

c) regulariza-se o substrato com argamassa desempenada e aplica-se uma demão da


argamassa polimérica;

d) aplica-se mais três demãos, totalizando quatro demãos ao total, conferindo um


intervalo de seis horas entre cada aplicação;

e) executa-se novamente o revestimento da área tratada, e para obter um melhor


desempenho, utiliza argamassa com aditivo hidrófugo.

Araújo et al. (2022), em sua pesquisa sobre infiltração por capilaridade em


residências familiares, realizou um experimento semelhante ao descrito anteriormente a
partir da aplicação de argamassa impermeável com aditivo hidrófugo e disse que esse
procedimento é mais frequente e acessível, apesar do custo elevado, porém não seguiu
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exatamente essas etapas, pois removeu totalmente o reboco na área afetada e realizou os
consertos específicos, quando havia alguma falha na superfície da parede. Após isso, aplicou
a argamassa, de acordo com a orientação do fabricante e posteriormente a secagem, executou
o novo chapisco, reboco e pintura.

Percebe-se assim que, a remoção do revestimento anterior alinhada a execução da


impermeabilização correta são imprescindíveis, pois conforme Ripper (1986), esse método
provoca uma recuperação paliativa no local, uma vez que o problema retornará no ambiente
em curto espaço de tempo, tendo em vista que a ação da umidade não será devidamente
controlada. Porém, esse fato tende a se concretizar na ausência de um diagnóstico correto e
de um posterior procedimento técnico empregado.

Por isso, é importante realizar a execução desse método utilizando a técnica e os


materiais corretos, sem a negligência de nenhum desses. Pois, normalmente, ver-se apenas
a remoção do revestimento existente e a sua posterior substituição por um novo, sem a adição
de qualquer material impermeabilizante. Logo, vale destacar que nesse método, a introdução
da argamassa polimérica e do aditivo hidrófugo são essenciais para os eficientes resultados.

3.2. MÉTODO 2

O segundo método corretivo diz respeito a um procedimento “certo” e “radical”


como cita Ripper (1986). O autor afirma que para sanar paredes úmidas devido a falhas na
impermeabilização entre o alicerce e a alvenaria, deve-se aplicar a substituição dessa
impermeabilização de forma parcial ou completamente por uma nova, como descrito no
passo a passo a seguir:

a) com a altura aproximada de 0,15 m e 1 m de comprimento, executam-se rasgos


em toda a profundidade da alvenaria, sobre a impermeabilização a ser substituída ou a nova
que será realizada, sendo os rasgos executados com distâncias alternadas de 0,80 m;

b) caso exista uma impermeabilização, deverá ser removida, feita a limpeza e


regularização do alicerce (viga baldrame, fundações ou qualquer base da alvenaria);

c) aplicar duas camadas de algum material categorizado como uma


impermeabilização flexível (como manta asfáltica, por exemplo) em toda a extensão do
rasgo;

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d) construir uma camada de proteção de argamassa de cimento e areia 1:4 e


reconstruir a alvenaria com tijolos recozidos ou prensados em um comprimento de 0,80 m,
devendo ter atenção quanto ao encunhamento da alvenaria a cima para ser bem executado.
Lembrar de deixar as extremidades dos tijolos com “dentes”;

e) deve-se repetir o procedimento no os trechos alternados de 0,80 m que,


inicialmente, não foram executados, ficando a impermeabilização com um transpasse de
0,10 m em cada lado já executada;

f) promover a realização deste procedimento em toda parede do ambiente;

g) executar o tratamento da parede úmida acima da faixa reconstruída, com a


construção de novo revestimento;

h) reverter com um emboço internamente sem aditivo impermeabilizante para deixar


que a alvenaria respire. Externamente é recomendável usar no emboço aditivo
impermeabilizante para uma melhor proteção da alvenaria.

A Figura 7 traz esse passo a passo de forma representativa e esquemática a fim de


uma melhor compreensão:

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Figura 7 – Substituição da impermeabilização nas paredes danificadas

Fonte: Adaptado de Ripper (1986)

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SARAIVA, O, L. C.

Quanto a etapa trazida no ponto d) relacionada a construção de uma camada de


proteção de argamassa de cimento, é importante salientar o que Melo (2019) relatou em sua
pesquisa ao afirmar que essa camada, isto é, a camada de argamassa de assentamento é de
suma importância, principalmente, aliada a impermeabilização anterior da viga baldrame.

Em sua pesquisa, ele analisou 3 grupos de vigas baldrames com 3 amostras cada, em
que: o grupo 1 não recebeu nenhum tipo de impermeabilização; o grupo 2 recebeu aplicação
de impermeabilização apenas na viga baldrame e; o grupo 3 recebeu impermeabilização na
viga baldrame e aditivo na argamassa de assentamento.

Ao submetê-las por 30 dias em contato com a água para simular a infiltração por
capilaridade intensa, o grupo 1 apresentou uma enorme absorção de água, enquanto o 2 e o
3, uma menor, sendo este, isto é, com a presença da impermeabilização na viga e na
argamassa de assentamento, o melhor resultado, pois no grupo 2 ainda chegou a ascender
uma quantidade mínima de umidade na argamassa de assentamento.

Assim, autor concluiu em sua pesquisa que:

A melhor opção para a prevenção das patologias ocasionadas pela infiltração por
capilaridade, é a realização de impermeabilização das vigas baldrame com a
posterior aplicação de aditivo impermeabilizante na argamassa de assentamento
dos blocos cerâmicos na execução da obra, pois assim os danos causados podem
ser minimizados ou até mesmo impedidos (Melo, 2019).

Logo, percebe-se que nesse método, os resultados tenderão a ser melhores a partir da
impermeabilização da viga baldrame e da posterior presença de aditivos impermeabilizantes
na argamassa de assentamento, para que a ação da ascensão capilar ao longo da alvenaria
tenda a ser evitada ou minimizada ao máximo.

3.3. MATERIAIS E APLICAÇÕES

Dentre os produtos a serem empregados para a impermeabilização na execução dos


métodos citados, sejam no primeiro (substituição do revestimento), sejam no segundo
(fundação viga baldrame e na argamassa de assentamento) recomenda-se alguns bastante
usuais e acessíveis no meio construtivo:

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Figura 8 – Principais produtos empregados na impermeabilização

VEDACIT aditivo NEUTROL BIANCO


impermeabilizante
(HIDRÓFUGO)
Fonte: Autor (2023)

3.3.1. Vedacit aditivo impermealizante hidrófugo

É um aditivo impermeabilizante para concretos e argamassas, que age por


hidrofugação do sistema capilar e permite a respiração dos materiais, mantendo os ambientes
salubres (Vedacit, 2020).

Vale lembrar que, conforme Vedacit (2020), as estruturas que serão


impermeabilizadas com argamassa devem estar suficientemente dimensionadas e sem
trincas. Já as superfícies a serem revestidas devem estar chapiscadas e limpas.

Segundo as instruções do manual da Vedacit (2020), é indicado para:

3.3.1.1. Revestimento de pisos e paredes

Como preparo prévio, deve-se limpar a superfície e chapiscá-la com um adesivo de


alto desempenho para argamassas e chapiscos, como o BIANCO (uma resina polimérica que
é misturada junto a argamassa). Após essa etapa, deve-se aguardar no mínimo três dias para
a aplicação do revestimento (Vedacit, 2020). A argamassa de revestimento deve ser feita no
traço 1:4 (cimento: areia média peneirada) e usar, além da água, dois litros do VEDACIT
ADITIVO IMPERMEABILIZANTE para cada saco de cimento de 50 kg. O processo do
revestimento necessita de duas camadas, de aproximadamente 1,5 cm de espessura. Uma
camada poderá ser aplicada sobre a anterior, logo após esta já ter "puxado".

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No catálogo de Vedacit (2020) ainda cita que, excedendo seis horas, será necessário
intercalar com um chapisco aditivado com adesivo de alto desempenho para argamassas e
chapiscos, como o BIANCO. Além disso, deve-se evitar ao máximo as emendas. Lembrar
ainda de desempenar a última camada com desempenadeira de madeira.

Recomenda-se a aplicação desse produto no método 1.

3.3.1.2. Assentamento de alvenarias

Iniciar o assentamento dos tijolos ou blocos com argamassa impermeável no traço


1:3 (cimento: areia média). Usar, além da água, dois litros de VEDACIT ADITIVO
IMPERMEABILIZANTE para um saco de cimento de 50 kg. Utilizar essa argamassa no
assentamento da parede até a terceira fiada. Recomendamos levantar os revestimentos
impermeáveis sempre 0,60 m acima do piso de referência.

É muito importante a utilização desse produto, principalmente, na execução da etapa


descrita no item d) do método 2 citado anteriormente.

3.3.1.3. Baldrame

Como preparo prévio, deve-se limpar a superfície e chapiscá-la com um adesivo de


alto desempenho para argamassas e chapiscos, como o BIANCO e aguardar no mínimo três
dias para aplicação do revestimento (Vedacit, 2020). O revestimento deve ser feito no traço
1:3 (cimento: areia média peneirada) e usar, além da água, dois litros do VEDACIT
ADITIVO IMPERMEABILIZANTE para cada saco de cimento de 50 kg. Após isso, aplica-
se uma camada de revestimento com espessura mínima de 1,5 cm de argamassa com
VEDACIT ADITIVO IMPERMEABILIZANTE sobre o chapisco, descer o revestimento
lateralmente por, no mínimo, 0,15 m. Deve-se lembra de nunca queimar e alisar com
desempenadeira ou colher de pedreiro. Ao final, aguardar a secagem da argamassa por, no
mínimo, três dias e aplicar duas demãos de uma emulsão asfáltica à base de água, como o
NEUTROL À BASE DE ÁGUA, ou tinta asfáltica à base solvente, como o NEUTROL que,
inclusive, está descrito no método 2 citado anteriormente.

3.3.2. Neutrol

É uma tinta asfáltica de grande aderência e alta resistência química que forma uma
película impermeável. É empregado para proteção de estruturas de concreto e alvenaria
revestida com argamassa em contato com o solo sujeita a águas e aos meios agressivos.

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Figura 9 – Aplicação do Neutrol tinta asfáltica

Fonte: Vedacit (2020)

É indicado para:

3.3.2.1. Fundações (baldrames, sapatas e blocos)

Como preparo prévio, o catálogo da Vedacit (2020) traz que se deve limpar a
superfície e chapiscá-la com um adesivo de alto desempenho para argamassas e chapiscos,
como o BIANCO e aguardar no mínimo três dias para aplicação do revestimento. É
importante que o revestimento seja feito no traço 1:3 (cimento: areia média peneirada) e
usar, além da água, um aditivo impermeabilizante para concretos e argamassas, como o
VEDACIT. Após isso, aplica-se uma camada de revestimento com espessura mínima de 1,5
cm de argamassa com um aditivo impermeabilizante para concretos e argamassas, como o
VEDACIT sobre o chapisco, e deve-se descer o revestimento lateralmente no mínimo de
0,15 m. Importante ainda jamais queimar e alisar com desempenadeira ou colher de pedreiro.
Ao final, aguarda-se a secagem da argamassa por, no mínimo, três dias.

É aplicado como pintura, com trincha, vassoura de cerdas macias, rolo de lã de


carneiro de pelo curto, por exemplo, em demãos, respeitando o consumo por m², com
intervalo mínimo de oito horas entre cada demão (Vedacit, 2020). Deve-se lembrar que a
superfície deve estar totalmente seca.

Vedacit (2020) destaca a importância de aplicar uma demão de NEUTROL para


penetração e demais demãos para cobertura até atingir o consumo recomendado. Na demão
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de penetração, deve-se esfregar bem o material sobre o substrato, escassamente. As demais


demãos devem ser fartas, como cita o catálogo.

3.3.3. Bianco

Conforme Vedacit (2020), é uma resina sintética, de alto desempenho, que


proporciona excelente aderência das argamassas aos mais diversos substratos. Confere maior
plasticidade, melhora a impermeabilidade e evita a retração das argamassas. Além disso,
pode ser utilizado em áreas externas e internas ou sujeitas à umidade.

Segundo as instruções, as superfícies a serem chapiscadas, reparadas, revestidas e


estucadas devem estar limpas, porosas, isentas de pó ou oleosidade e umedecidas antes da
aplicação (Vedacit, 2020).

Quadro 2 – Aplicação do Bianco

APLICAÇÃO MODO
Aplicar com colher de pedreiro ou com equipamento de projeção.
O chapisco pode ser feito também na forma de pintura (BIANCO
Chapisco em paredes
ROLADO) em áreas internas, utilizando-se rolo para textura
intensa e, preferencialmente, areia grossa
Fazer os reparos com espessura máxima de 0,5 cm, sem aplicação
do composto adesivo. Aplicar com colher de pedreiro e fazer o
acabamento com desempenadeira de feltro. Misturar cimento
Reparos/Assentamentos/
comum ou cimento branco para obter várias tonalidades. Traço
Revestimentos
indicado: 1 parte cimento Portland: 3 partes areia média seca e
peneirada (1:3). Amolentar com solução BIANCO na proporção
de 1 parte de BIANCO : 2 partes de água
Fonte: Adaptado de Vedacit (2020)

4. CONCLUSÕES

O correto diagnóstico das manifestações patológicas é essencial para definir a melhor


medida de terapia a ser realizada (JM Engenharia Diagnóstica, 2021).

Logo, a necessidade da aplicação de um sistema de impermeabilização é quase que


obrigatória. Sendo assim, deve-se realizar o estudo de solo no intuito de identificar a
profundidade do lençol freático, bem como das fundações da residência (Lage, 2012).

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IMPERMEABILIZAÇÃO 181

Assim, Santos (2021) cita que não é eficaz aplicar impermeabilizantes de forma
superficial na parede ou apenas no revestimento da parede (reboco), pois a umidade sobe
também pelo bloco. O autor ainda destaca que aplicar revestimento cerâmico para esconder,
também não tem eficácia, pois a tendência é que devido essa parede não transpirar, essa
umidade suba e ultrapasse a altura da cerâmica. Além é claro, da umidade provocar
desplacamento das pedras cerâmicas e do reboco ao longo do tempo.

Com uma simples substituição do revestimento úmido por um novo revestimento


com aditivo impermeabilizante não se consegue a eliminação da umidade: é uma solução
somente de curta duração (Ripper, 1986).

Assim, esse método bastante usual e de fácil aplicação que trata da substituição do
revestimento existente, como reboco, emboço, cerâmico etc. por um novo, caso executado
de maneira errônea e sem a presença de aditivos específicos, nada adiantará. Por isso, faz-se
necessário a execução desse com produtos específicos, a fim de sanar a problemática de
forma definitiva ou minimizá-la ao máximo como visto a partir da execução do método 1.

Já quanto ao cuidado no tratamento das fundações, percebe-se que não é exigido


grandes investimentos ou mesmo execuções muito complexas, sendo que existe no mercado
uma diversidade de materiais que tornam as opções acessíveis a todos os tipos de fundação
(Marques, 2005).

Diante disso, Salomão (2012) diz que, apesar da importância da impermeabilização


das vigas baldrames, por exemplo, não existe uma norma que discorra sobre a
obrigatoriedade deste serviço. A ABNT NBR 9575, por exemplo, recomenda a utilização de
produtos impermeabilizantes e os classifica como rígidos e flexíveis de acordo com a
aplicação em partes construtivas sujeitas ou não à fissuração.

Logo, percebe-se uma falha normativa quanto a obrigação desses produtos, porém,
ao analisar os inevitáveis problemas que tenderão a surgir a partir do não emprego da
impermeabilização como etapa obrigatória na construção da edificação, torna-se
fundamental a sua aplicação, seja como método preventivo, seja como método corretivo.

Após extensa pesquisa constatou-se que a impermeabilização não pode ser


menosprezada, devendo esta, ser prevista em projeto e por profissional capacitado que possa
indicar a metodologia correta, critérios para execução e supervisão dos serviços (Cherem e
Salvatierra, 2015). Caso isso não aconteça, será mais oneroso executar a impermeabilização

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SARAIVA, O, L. C.

e os possíveis reparos quando a edificação já estiver concluída, além de trazer transtornos ao


usuário final

Por fim, percebeu-se que é possível a correção e de maneira eficaz quando realizada
após um diagnóstico, na presença de um profissional e com o emprego da técnica correta.
Outrossim, o método e os produtos a serem utilizados são imprescindíveis no alcance de
eficientes resultados.

5. REFERÊNCIAS

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