As Limitações Nos Contratos de Concessões Publico-Privado
As Limitações Nos Contratos de Concessões Publico-Privado
As Limitações Nos Contratos de Concessões Publico-Privado
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3
2. O ESTADO REGULADOR ................................................................................... 4
2.1. O cenário brasileiro...................................................................................... 5
2.2. Regulação administrativa e contrato.......................................................... 7
2.3. Dimensão reguladora do contrato entre público e privado...................... 9
2.3.1 O contrato privado: objeto de regulação administrativa ............................. 10
2.4. Da regulação da contratação pública das empresas pelas agências
reguladoras: limites e possibilidades ................................................................ 14
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 19
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 23
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 24
3
1.
2.
agente privado, que normalmente é remunerado via de regra via de regra pelas tarifas
pagas pelos usuários na utilização do serviço público. Com isso, o Estado apenas
delega a execução prática do serviço para a iniciativa privada, enquanto mantém a
propriedade exclusiva do serviço sob sua responsabilidade (ARAGÃO, 2013, p. 784).
De acordo com Cavalcante (2002), o setor de transporte coletivo não escapou
do processo de reforma do Estado, assim como outros setores de infraestrutura,
também passou por privatizações acompanhadas de regulação estatal. Vários fatores
contribuíram para isso, incluindo o elevado custo de implantação, o ambiente de
competição entre diferentes modos de transporte (ônibus, vans, metrôs) e o peso dos
custos fixos na composição das expensas operacionais do transporte de passageiros.
A fim de aprofundar o tema, insta comentar acerca dos dispositivos legais que
tratam do tema, iniciado pelo artigo 175 da Constituição Federal, a qual prevê que:
Denota-se que embora não exista o contrato formal, as empresas que almejam
entrar no mercado de transporte rodoviário de passageiros acabam por aderir às
normas cogente.
Como se sabe, o conceito jurídico de contrato é “acordo entre duas ou mais
pessoas feito em vista da produção de efeitos jurídicos obrigatórios, os quais se
impõem apenas às pessoas que o subscrevem”. Tendo como ponto de partida esse
conceito, a ligação da figura do contrato e o tópico genérica da regulação, como
orientação de condutas e obrigatoriedades da prestação do serviço, a qual se
apresenta de maneira imediata (ROPPO, 2009, p. 30).
10
Essa visão liberal está ligada a um "clássico direito privado dos contratos", a
qual descreve um modelo de regulação legal dos contratos que, partindo do
pressuposto de uma igualdade jurídica formal entre as partes envolvidas, concentra-
se exclusivamente em estabelecer as condições para a formação de obrigações
contratuais. Além disso, esse modelo oferece às partes recursos legais para lidar com
os casos de não cumprimento das obrigações ali firmadas (FRISON-ROCHE, 2004).
Roppo (2009) explica que os fatores jurídicos, econômicos e sociais que
levaram a uma mudança do modelo clássico de neutralidade do direito do Estado em
relação aos contratos privados e à subsequente intervenção pública no processo de
conformação dos contratos são amplamente reconhecidos.
Esses fatores incluem (ROPPO, 2009):
Cafaggi (2008) enfatiza em seu estudo que se pode destacar que alguns
observadores relatam que houve parcial substituição do direito privado do contrato
pelo direito da regulação. Isso significa que os contratos entre sujeitos privados
passaram a ser moldados por uma variedade de regras, atos e medidas provenientes
de autoridades administrativas.
Algumas dessas medidas incluem: (i) Normas sobre o relacionamento
comercial entre empresas e clientes ou usuários; (ii) Regulamentos aplicáveis à
prestação de serviços e aos contratos com consumidores; (iii) Normas sobre aspectos
técnicos relacionados com a denúncia de contratos, facilitando este processo; (iv)
Normas sobre o relacionamento comercial entre empresas que atuam num mesmo
setor da economia; (v) Normas que impõem deveres pré-contratuais e contratuais em
matéria de informação e publicidade de produtos; (vi) Normas sobre os preços ou
tarifas correspondentes aos serviços fornecidos; (vii) Medidas de aprovação prévia de
cláusulas contratuais gerais, de ofertas de referência e de contratos, bem como das
alterações; (viii) Atos de imposição administrativa da celebração de contratos; (ix)
Medidas de fiscalização administrativa de cláusulas contratuais, para avaliar a
conformidade e impor a aplicação de sanções; (x) Medidas de resolução
administrativa de litígios (CAFAGGI, 2008).
Esses parâmetros destacam o impacto geral da regulação administrativa sobre
os contratos privados, especialmente nas relações de consumo entre empresas e
consumidores, ou entre empresas e usuários em geral (CAFAGGI, 2008).
De fato, o avanço da regulação administrativa de contratos entre sujeitos
privados pode ser atribuído a diversas razões, e uma delas está relacionada à própria
essência da regulação administrativa confiada a uma autoridade administrativa
específica. Em certos casos, essa regulação visa exatamente conformar e controlar
os contratos entre os atores nos mercados regulados (CAFAGGI, 2008).
Assim, as autoridades reguladoras intervêm para estabelecer regras e padrões
que garantam a equidade e a transparência nas relações contratuais, protegendo os
interesses dos consumidores e promovendo um ambiente de negócios justo e
competitivo (CAFAGGI, 2008).
Cooper (2009) relata que a evolução do conceito inicial de regulação para o
conceito de contrato regulatório reflete uma mudança significativa na forma como
entendemos a interação entre os setores público e privado no contexto da regulação.
Inicialmente, a ideia era que a regulação estabelecida pelo Estado serviria para corrigir
14
Estado, os quais não podem ser sacrificados em prol das finalidades da Administração
Pública, incluindo a regulação. Portanto, as agências reguladoras no Brasil estão
sujeitas à ordem jurídica estabelecida pelos Poderes Executivo e Legislativo
(BINENBOJM, 2006).
No exercício da regulação da atividade econômica do Estado, visando limitar
os graus de liberdade dos agentes econômicos na tomada de decisões, protegendo a
concorrência e promovendo o desenvolvimento econômico e social, baseiam-se em
critérios de eficiência e aumento do bem-estar social. Este último depende, em parte,
de políticas públicas, as quais também são implementadas por meio de contratações
públicas. Portanto, a atividade regulatória está intrinsecamente ligada à atividade de
contratação pública (BINENBOJM, 2006).
Agora tratando-se em suma de quais são os limites e as possibilidades,
Binenbojm (2006) afina que é inegável que há uma intersecção entre regulação e
contrato, uma vez que o contrato existe tanto na esfera privada quanto pública, sendo
a regulação estatal uma base para esta última. Além disso, o próprio contrato pode
ser considerado uma fonte de regulação ao estabelecer regras de conduta e
comportamento dos sujeitos na relação contratual. Todavia, as conexões entre
regulação e contratação podem variar dependendo da natureza do contrato: seja ele
privado ou público. No caso de contratação privada, a regulação administrativa busca
proibir, restringir e limitar as liberdades contratuais, embora ainda possa impor
obrigações de fazer.
Embora a tarefa de regular contratos seja predominantemente do legislador,
não é exclusiva dele. Algumas intervenções regulatórias são realizadas por
autoridades da Administração Pública direta, especialmente pelo Chefe do Poder
Executivo, com base no poder regulamentar conferido pela Constituição Federal. Isso
não exclui a possibilidade de regulação por outras autoridades administrativas, como
Ministros e Secretários de Estado, no exercício de sua competência regulatória
secundária. Vale ressaltar que o exercício regulamentar pelas autoridades
administrativas decorre da prerrogativa concedida à Administração Pública para emitir
atos gerais que complementem as leis e garantam sua efetiva aplicação
(BINENBOJM, 2006).
Além da regulação conduzida pelo Poder Executivo, existem outras formas de
regulamentação, como aquelas realizadas por autoridades reguladoras no âmbito da
regulação administrativa da economia, medidas relacionadas a contratos de consumo
17
serviço público e o prestador privado. Isso sugere que os tribunais não têm dado uma
atenção específica ao papel das agências reguladoras nos contratos administrativos,
ou seja, aos efeitos das normativas das agências nessa relação entre poder
concedente e concedido (LEAL; RECK, 2017).
19
3.
4.
5.
CAFAGGI, F. Il diritto dei contratti dei mercati regolati: ripensare il rapporto tra parte
generale e parte speciale», Rivista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile, 2008.
JANSEN, N.; MICHAELIS, R. Private law and the State, Rabels Zeitschrift für
auslandishes und internationales Privatrecht, 2007.