Primeiro Trabalho de FTC LUCIA

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


CENTRO DE RECURSOS DE PEMBA

COMO INTERPRETAR O SER HUMANO NA SUA CONDIÇÃO VOCACIONAL QUE


SE CARACTERIZA EM CRER, ESPERAR E AMAR?
Nome do Estudante: Lucia Tina Ricardo
Nr. do Estudante: 708221044

Curso: Ensino de Biologia


Disciplina: Fundamentos Teologia Católica
Ano de Frequência: 2o ano
Tutor: Frei Hortencio Bernardo José

Pemba, Agosto, 2023


Folha de Feedback
Classificação
Nota
Categorias Indicadores Padrões Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos gerais Formatação paragrafo, 1.0
espaçamento entre
linhas

Normas APA 6ª  Rigor e coerência das


Referências
Bibliográficas
edição em citações citações/referências 4.0
e bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3

1.1.OBJECTIVOS.......................................................................................................................3

1.CONCEITUAÇÃO..................................................................................................................5

2.Conceito da pessoa humana.....................................................................................................5

3.1.A perspectiva dos documentos sociais da Igreja para uma conceituação da dignidade da
pessoa humana............................................................................................................................6

4.AFIRMAÇÃO DO DIREITO À PROPRIEDADE E A DIGNIDADE HUMANA................7

4.1.Doutrina Social da Igreja: um humanismo integral e solidário............................................8

5.APRENDER A CRER, ESPERAR E AMAR.......................................................................10

6.O efeito da oração..................................................................................................................12

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................15

Referências Bibliográficas........................................................................................................16
INTRODUÇÃO
O Presente trabalho tem como tema: "Como interpretar o ser humano na sua condição
vocacional que se caracteriza em CRER, ESPERAR e AMAR?". A vocação é como um
diálogo entre Deus e o vocacionado; a iniciativa é de Deus; a resposta é do ser humano. Em
clima de oração, acolher o próprio ser como um dom e presente que Deus me faz agora:
corpo, espírito, saúde, energias, desejos, necessidade de amar e ser amado, impulso para o
infinito, capacidade de relações.
A ‘vocação’ a amar é para cada ser humano. Por mais difícil que tenha sido sua vida, a pessoa
nunca pode abdicar da missão de amar. Podemos considerar duas formas distintas de
expressão do amor. Um amor que se inspira mais na particularidade e dela se abre para a
universalidade. As pessoas que casam se inspiram na experiência de intimidade como
expressão de seu amor. Mas, para que o amor se mantenha vivo e cresça ele precisa abrir-se
mais aos outros através dos filhos, do serviço humanitário e engajamento na comunidade
eclesial. Outra forma de expressão do amor se concentra na visão de universalidade, ou seja,
na disposição de amar a todos e expressar e garantir a dignidade de todo ser humano. É o caso
da vocação à vida religiosa.

1.1. OBJECTIVOS
1.1.1. Objectivo geral:
 Compreender o ser humano na sua condição vocacional que se caracteriza em CRER,
ESPERAR e AMAR
1.1.2. Objectivo específico:
 Conceituar Conceito da pessoa humana;
 Identificar o ser humano na sua condição vocacional que se caracteriza em crer,
esperar e amar
 Caracterizar o ser humano na sua condição vocacional que se caracteriza em crer,
esperar e amar.
 Descrever o ser humano na sua condição vocacional que se caracteriza em crer,
esperar e amar
1.2. Metodologia
Para a elaboração do trabalho e como forma de dar maior sustentabilidade científica recorreu-
se à consultas bibliográficas de vários autores que abordam sobre o assunto (Como interpretar

3
o ser humano na sua condição vocacional que se caracteriza em CRER, ESPERAR e
AMAR?).
Organização do trabalho
O trabalho está estruturado ou organizado em três partes principais que são: Na primeira parte
apresentam-se os elementos pré-textuais, capa, Folha de Feedback, Folha para recomendações
de melhoria: A ser preenchida pelo tutor e índice; Na segunda, os elementos textuais, onde
irar-se-á desenvolver o conteúdo e concluir o tema em destaque; por fim na terceira, o
elemento pós-textual que é a bibliografia, onde se indica as fontes de pesquisa das
informações.
1. CONCEITUAÇÃO

2. Conceito da pessoa humana

Para Hartmann “o homem é considerado como estrutura formada à maneira de escalas ou


gradações constituídas pelas dimensões corporal, psíquica e espiritual” (Peter, 1999, p. 34).
Vale indicar que mesmo na concepção teórica de Hartmann, com as diferenças ontológicas da
existência humana, a compreensão dualística não foi superada e o homem continua a ser um
composto de alma e corpo. Assim, “Hartmann levava em conta a multiplicidade, mas não
ressaltava suficientemente a verdadeira unidade do ser-homem” (Peter, 1999, p. 35).

PONTIFÍCIO CONSELHO DE “JUSTIÇA E PAZ”, (nº 131, p.82):

Define a pessoa humana da seguinte forma: A pessoa humana há-de ser sempre
compreendida na sua irrepetível e ineliminável singularidade. O homem existe, com
efeito, antes de tudo como subjectividade, como centro de consciência e de liberdade,
cuja história única e não comparável com nenhuma outra expressa a sua
irredutibilidade a toda e qualquer tentativa de constrangê-lo dentro de esquemas de
pensamento ou sistemas de poder, ideológicos ou não. Isto impõe, antes de tudo, a
exigência não somente do simples respeito por parte de todos, e especialmente das
instituições políticas e sociais e dos seus responsáveis para com cada homem desta
terra, mas bem mais, isto comporta que o primeiro compromisso de cada um em
relação ao outro e, sobretudo destas mesmas instituições, seja precisamente a
promoção do desenvolvimento integral da pessoa.
3. O CONCEITO DE PESSOA NA TEOLOGIA VOCACIONAL

A grande crítica diante do trabalho vocacional actual se encontra pela falta de uma teologia
consistente acerca das vocações. A partir da linguagem teológica vocacional, alguns conceitos
fundamentais precisam ser explicitados ou reelaborados, entre eles o conceito de pessoa e este
em sintonia dialogal com o Transcendente. Para isso, a proposta é explicitar os elementos
principais da conceituação de pessoa na logoteoria, ligando-os com a antropologia teológica e
tracejar uma nova tentativa de proposta do conceito de pessoa para a teologia vocacional
actual (Alves, 2001, p.112).

O ser humano, enquanto pessoa, é um ser irrepetível e único. É um ser que existe como um
eu, capaz de voltar-se para si, de compreender-se (autocompreender-se), de saber o que pensa
e mudar de pensamentos, crescer nos conceitos, capaz de decidir. Mas também capaz de Auto
transcender-se, indo ao encontro dos outros, do Outro (Deus) e empenha-se por estar em
sintonia com as coisas. Com os outros e com Deus é capaz de dialogar e propor-se a
compreender, nos colóquios, aquilo que é ofertado. No diálogo com o Transcendente, o ser
humano é capaz de abrir-se para as realidades mais concretas. A intimidade do ser humano,
enquanto ser capaz de abrir-se e fazer experiências concretas, estimula sua mobilização para
respostas e compromissos coerentes na vida. Diante do que lhe é proposto é capaz de decidir-
se, assumir ou afastar-se, integrar ou refutar. (Alves, 2001, p. 113)

Enfim, a pessoa é revestida de liberdade, inteligência, consciência, sentimentos e


discernimento. “O homem é capaz de se superar, de esquecer a si mesmo, de se perder de
vista, de ignorar a si mesmo ao entregar-se a alguma coisa ou a um semelhante. É a isso que
eu chamo de autrotranscendência” (Frankl, 2014a, p.85)

3.1. A perspectiva dos documentos sociais da Igreja para uma conceituação da


dignidade da pessoa humana
O conceito de dignidade da pessoa humana tem como base a natureza e como
operacionalidade dessa natureza a inteligência e a vontade livre. Assim se manifesta o
documento:

Em uma convivência humana bem constituída e eficiente, é fundamental o


princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza dotada de
inteligência e vontade livre. Por essa razão, possui, em si mesmo, direitos e
deveres que emanam, directa e simultaneamente, de sua própria natureza.
Trata-se, por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis e
inalienáveis. (João XXIII, 1963, Pacem in Terris, n. 9).

Para confirmar que a dignidade da pessoa humana tem sua raiz ontológica na natureza
humana e não em leis produzidas para garanti-la, conclui: “[...] mas a verdade é que, sendo
leis de género diferente, devem-se buscar apenas onde as inscreveu o Criador de todas as
coisas, a saber, na natureza humana”. (João XXIII, 1963, n. 6).

Essa dignidade é, portanto, o alicerce maior para todas as leis porque ela é anterior até
mesmo ao próprio ser humano, pois “imprimiu o Criador do universo no íntimo do ser
humano uma ordem, que a consciência deste manifesta e obriga peremptoriamente a
observar: ‘mostram a obra da lei gravada em seus corações’[...]”. (JOÃO XXIII, 1963,
n. 5).

O trabalho é digno e importante, porém a dignidade ainda maior do que ele é a dignidade do
ser humano: “Ao passo que o homem, como sujeito do trabalho, independente do trabalho que
faz, o homem, e só ele, é uma pessoa.” (João Paulo II, 1981, n. 12).

Em outras palavras: o trabalho só é digno porque o ser humano é digno. É a dignidade


humana que concretiza a dignidade do trabalho.
Considerando as acções humanas como consequências inerentes à sua natureza (natureza
humana) a prescreve que “a verdadeira dignidade do homem e a sua excelência residem nos
seus costumes [...]” (Leão XIII, 1981, n. 13) e ainda: "[...] todos os seres humanos são iguais
entre si por dignidade de natureza”. (João XXIII, 1963, n. 44).

Já que a dignidade humana tem sua fundamentação na natureza humana, nem o próprio ser
humano tem autoridade para negá-la: “A ninguém é lícito violar impunemente a dignidade do
homem [...], pois, nem ainda por eleição livre, o ser humano pode renunciar a ser tratado
segundo a sua natureza [...]” (Leão XIII, 1891, n. 23).

Isso confirma a dignidade de cada pessoa humana: “Desta maneira fica salvaguardada
também a dignidade pessoal dos cidadãos”. (João XXIII, 1963, n. 50).

São estes alguns dos princípios norteadores para a Igreja e para a sociedade civil que vêm
reafirmados o princípio da dignidade humana ontologicamente ligado à sua própria natureza,
à lei natural. O estudo a seguir tem, por escopo, demonstrar isso.

4. AFIRMAÇÃO DO DIREITO À PROPRIEDADE E A DIGNIDADE HUMANA

A dignidade humana é fonte e origem de todas as leis porque, consoante a Rerum Novarum,
“não é das leis humanas, mas da natureza, que emana o direito da propriedade individual;"
(Leão XIII, 1891, n. 28).

O direito à propriedade é consequência directa da dignidade da pessoa humana trazendo, o


mesmo documento papal, a seguinte afirmação: “deve reconhecer-se ao homem não só a
faculdade geral de usar das coisas exteriores, mas ainda o direito estável e perpétuo de as
possuir [...]” (Leão XIII, 1891. n. 5).

Mesmo a vida social não tem prevalência sobre a dignidade da pessoa humana porque,
primeiramente, “A propriedade particular [...] é de direito natural para o homem: o exercício
deste direito é coisa não só permitida, sobretudo a quem vive em sociedade, mas ainda
absolutamente necessária.” (Leão XIII, 1891, n. 12).

Sendo assim, a Doutrina Social da Igreja ensina que a propriedade privada é um


prolongamento da liberdade humana, necessária à autonomia pessoal e familiar, estimuladora
do desenvolvimento do trabalho e garantia de uma ordem social recta, tendo de ser acessível a
todos e devendo ser excluída a posse comum e promíscua. A propriedade privada, por outro
lado, não é um direito absoluto e intocável porque é um meio em vista do bem comum. Ela
possui uma função social, além do bem pessoal e familiar e a ociosidade dos bens possuídos
deve ser evitada. Os novos bens, provindos do conhecimento, da técnica e do saber também
devem ser universalizados para o crescimento do património comum da humanidade. (Silva,
2015, p. 28).

Sarlet (2015) explica o direito à propriedade referindo-se ao social:


Até mesmo o direito à propriedade – inclusive e especialmente tendo presente o seu
conteúdo social consagrado no constitucionalismo pátrio – se falta (verificar) em
dimensão inerente à dignidade da pessoa, considerando que a falta de uma moradia
decente ou mesmo um espaço físico adequado para o exercício da actividade
profissional evidentemente acaba, em muitos casos, comprometendo gravemente –
senão definitivamente – os pressupostos básicos para uma vida com dignidade. (, p.
133).

Sarlet (2015), a vinculação, que vem assim expresso:


Neste contexto, não obstante as diversas interpretações que podem ser outorgadas à
assertiva, parece-nos que é no sentido da vinculação do direito à propriedade com a
dignidade da pessoa humana que devemos (ou pelo menos, podemos) compreender a
conhecida frase de Hegel, ao sustentar – numa tradução livre – que a propriedade
constitui (também) o espaço de liberdade da pessoa (sphäre ihrer freiheit), o que, à
evidência, não exclui o já referido conteúdo social da propriedade, mas, pelo contrário,
outorga-lhe ainda maior sentido. (p. 134).

O direito a propriedade, à luz da dignidade da pessoa humana, segundo Sarlet (2015):


Aliás, é a partir de uma benfazeja releitura do direito de propriedade à luz da
dignidade da pessoa humana que autores da envergadura, do porte de um Luis
Edson Fachin sustentam a noção de um estatuto jurídico-constitucional do
património mínimo, que, em certo sentido, não deixa de guardar conexão com
a ideia de um mínimo existencial para uma vida com dignidade [...], isto é, a
relação entre a dignidade da pessoa humana e os direitos sociais não sendo os
direitos sociais assunto directamente tratado em nossa dissertação. (p. 134).
4.1. Doutrina Social da Igreja: um humanismo integral e solidário

O Magistério amplia a interpretação acerca da aquisição da característica pessoal (ser pessoa)


pelo homem. Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC, 357):

“Por ser à imagem de Deus, o indivíduo humano tem a dignidade de pessoa: ele não é
apenas uma coisa, mas alguém. É capaz de conhecer-se, de possuir-se, de doar-se
livremente e de entrar em comunhão com outras pessoas, e é chamado, por graça, a
uma aliança com o seu Criador, a oferecer-lhe uma resposta de fé e de amor que
ninguém mais pode dar em seu lugar”.
O ser humano é, assim, vocacionado (chamado) a ser pessoa, a identificar-se subjectivamente
como ser livre e único e a relacionar-se com seus semelhantes, conformando uma comunidade
de amor, à imagem da Trindade, que é comunhão de Pessoas. No Magistério Social, a pessoa
surge não apenas como categoria filosófica, mas como sujeito, cuja dimensão pessoal
expressa-se também nas relações sociais.

O traço definidor do princípio personalista para compreensão e transformação da


relações sociais está inscrito naquilo que a Doutrina Social da Igreja chama de
“humanismo integral e solidário”. Diante de outras concepções antropológicas, o
personalismo apresenta alternativa na qual a pessoa nunca deve ser identificada como
simples meio para construção social, mas sempre como sujeito dessa construção, o que
torna a promoção da dignidade da pessoa pedra de toque de todo o edifício da doutrina
social (Alves, 2001).

Fundamento da Doutrina Social, a pessoa, de forma integral – em suas dimensões corporal e


espiritual -, deve ser artífice de uma sociedade à altura de sua dignidade. Esse processo, nos
ensina a DSI, deve encaminhar a humanidade à construção de uma “civilização do amor”, na
qual a solidariedade será laço que une os seres humanos na caridade.

O humanismo integral e solidário é, assim, uma proposta de uma sociedade construída pela
pessoa e cujo objectivo é a promoção de sua verdadeira dignidade, ser pessoa.

4.2. A presença de Deus na vida Espiritual do Homem

Deus eu seu supremo amor de Pai e de Criador, acaba sendo o ponto primordial de partida
para o filosofo Agostinho, que afirma em si a trindade obtida na presença de Deus Todo
Poderoso na vida espiritual do homem; com todo efeito, faz-se parte do amor um amante, um
amado e por fim um amor que os une inteiramente e os mantem conectados, de certa forma,
que quando o espírito ama a si mesmo, e o amante é amado, formam assim algo misto, onde
um tem como objectivo completar o outro (Stein, 1994, p.462).

De certa forma, o espírito Criador que ama a si mesmo se encontra na imagem de Deus; sem
mais, para amar a si mesmo deve antes se conhecer. O espírito, o amor e o consentimento são
três em um. Se encontra uma relação justa quando o espírito não é nem mais e nem menos
amado, exactamente ai se encontra algo que se corresponde: nem menos que o corpo e nem
mais que Deus

O espírito presente no corpo, sabe que existe, vive e conhece que a investigação do
conhecimento é constituída única e exclusivamente por sua vida; assim, estão entrelaçadas as
acções da memória, da razão e da vontade, afirmando assim, que estas faculdades são como já
citado, três em um, por conseguinte, constituindo assim, uma imagem da trindade.

Quando se realiza o desejo, se alcança o fim, a possessão de que deseja constitui para seu
próprio fim, porém, a realização de algo que se almeja, não põe de modo algum, término ao
querer, quanto menos ao amor.

Não queremos que só e inconscientemente que algo venha nos faltar em algum
momento, quando menos que nos falte o amor; amor este que nos é dado e nós doa
para quem está próximo de nós, que também são criaturas formadas pela presença de
Deus em suas vidas. (…) Não podemos decidir que este nosso querer, enquanto
querer, é algo completo, mas que certamente serão e nos sentiremos completo quando
adquirirmos o que nos falta. De certa forma, o amor em seu pleno sentido e próprio
termina, varia de pessoa para pessoa, existindo muitos e diferenciados sentimentos de
amor (Stein, 1994, p.463).

O amor em sua máxima perfeição, não é inteiramente algo realizado se não estiver unido a
Deus, pois, no amor recíproco das pessoas divinas e no ser divino, existe a presença viva e
verdadeira de Deus, correspondendo a cada uma das formas divinas e da sua unidade. Na
imagem infinita, o que tínhamos como um único tipo de divindade, acaba por vez se
dividindo; pelo amor devemos ser sempre mais autêntico.

Encontramos o sentido mais amplo e verdadeiro da vida espiritual do homem, com seu
próprio exterior, de onde formas interior emanadas do sentimento denominado amor, acaba se
concretizando, pois, pela força da espiritualidade divina de Deus em nós, seguimos
demonstrar este sentimento na vida de nosso irmão, compadecendo junto dele e se fazendo
presente nele.

O amor é somente capaz de alcançar tal poderio, quando este é algo verdadeiro em si mesmo,
inerente do espírito que é ponto de partida de Santo Agostinho. Consideremos assim, que o
espírito em relação com suas coisas exteriores, neste campo, acaba encontrando uma vida
tripla, porém, nenhuma é a imagem autêntica da divindade, em relação de sua dependência a
um elemento do mundo inferior.

5. APRENDER A CRER, ESPERAR E AMAR

Às vezes acontecem coisas em nossas vidas que nos questionam profundamente: a perda de
uma pessoa querida, uma injustiça, uma doença, uma traição, a falta de emprego, etc.
Podemos ter a sensação de que Deus nos abandonou ou que não encontramos sentido ou
forças para seguir adiante. Mas são nestes momentos que a força de Deus atua mais.
Precisamos voltar o nosso o olhar para Ele e vermos além, enxergar aquela luz no fim do
túnel. Quem sabe esteja nos faltando crer, esperar e amar mais. (Ratzinger, 2011).

Crer nem sempre é fácil. É preciso ter valor e pedir ao Espírito Santo que nos dê a luz,
especialmente nos momentos em que não enxergo bem.

Esperar também não é nada tranquilo. É muito mais fácil inquietar-se, temer ou desanimar-se
do que esperar. Esperar é dar crédito.

O amor ainda mais difícil, principalmente quando somos convidar a amar


incondicionalmente, inclusive aqueles que nos causam dor e sofrimento. Outro dia
conheci a história de uma mãe que tem dois filhos em prisões diferentes. Ela acorda
todo domingo bem cedo e passa o dia visitando-os, levando comida e carinho. De
forma semelhante, mas ainda mais pleno, é o amor de Deus por nós (Ratzinger, 2011).

Viver essas virtudes é exigente, mas são elas que nos permitem passar por qualquer situação
e alcançar a felicidade plena. São como os três alicerces da vida cristã. Ser cristão é na
essência isso: crer em Deus, esperar tudo dele e querer amá-lo e ao nosso próximo de todo o
coração.

5.1. Aprender a crer: vocação de Pedro e dom da fé

O momento em que Pedro começa o seu aprendizado é o encontro no lago de Genesaré, onde
Jesus realiza o milagre da pesca e o convida a segui-Lo (Cf. Lc 5, 1-11).

Pedro já havia escutado sobre esse profeta da Galileia e estava maravilhado, pressentia no seu
coração que suas palavras eram de vida eterna (cf Jo 14) e que sua resposta a esse chamado
levaria sua vida a um destino completamente novo, com um projecto extraordinário.

Neste momento Pedro embarca em uma maravilhosa aventura espiritual que toca o seu
coração, lhe revela a beleza de seguir a Cristo e a grandeza de sua vida e destino.

Nossa fé deve ser como a de Pedro. Constantemente renovada e alimentada no Senhor, que
recorda constantemente o nosso chamado, o primeiro amor, especialmente quando estou fraco
e vulnerável. Pedir ao Espírito Santo que aumente a nossa fé. A experiência de Pedro não foi
muito diferente.

5.2. Aprender a esperar: as lágrimas de Pedro e o dom da esperança


A fé de Pedro é colocada à prova e ele experimentará uma tristeza enorme no momento mais
terrível de sua vida: a traição a Jesus. Aquele que tinha uma fé aparentemente inabalável, que
dizia que nunca abandonaria o mestre (mesmo que precisasse morrer), se depara com sua
miséria e pequenez e abandona Jesus no momento em que Ele mais precisava dele.
(Ratzinger, 2011).

Pedro olha para Jesus e nesse olhar descobre o horror de sua traição e toda a sua miséria, mas
ao mesmo tempo percebe que não está condenado, que a misericórdia do Senhor é infinita e
que existe para ele a esperança de levantar-se e ser salvo. Afunda-se em lágrimas e com isso
começa a purificar o seu coração. Sua sorte foi aceitar cruzar o seu olhar com o de Jesus.
Diferente de Judas, que deixou-se levar pelo desespero (Ratzinger, 2011).

5.3. Aprender a amar: Pentecostes e o dom da caridade


Pentecostes foi para Pedro e os outros discípulos uma grande efusão do Espírito, que encheu
os seus corações da presença divina e os uniu intimamente a Cristo e tendo como um dos
frutos mais belos a valentia para amar.

Pedro recebe uma força do alto, a força da caridade que o impulsiona a dar testemunho de
Deus diante dos homens, sem medo, inclusive alegrando-se por sofrer por Cristo (At 5,41).
Esse amor é levado ao extremo. Ele dá a vida por Cristo e o Evangelho crucificado de cabeça
para baixo. Um Pedro muito diferente do da Paixão…

O amor, como nos fala São Paulo é a mais importante das virtudes. “À tarde te examinarão no
amor”, dizia São João da Cruz. Das três virtudes a única que nos acompanhará no céu é o
amor. A fé será substituída pela visão, a esperança pela posse, mas o amor permanece para
sempre e em plenitude.

6. O efeito da oração
Todos os frutos que constantemente buscam através da oração, bem como os frutos que ela
pode nos proporcionar, unida com a fé através do Sagrado e com o humano, podemos
encontrar um grande benefício de cura interior e libertação dos medos e do mal.

A oração é algo que surge através da fé do homem e que nos conduz de volta para ela,
operando grandiosos prodígios através da compreensão das verdades da fé, e, como
gerenciador dela, encontramos o fortalecimento que precisamos para que participemos por
igual da vida eterna.
O contacto íntimo com o Transcendente nos proporciona uma satisfação que é própria dela
mesma quando nos unimos com a fé através das nossas locuções com o Sagrado, que já nos
proporciona um gosto de viver na vida eterna, fortalecendo, assim, a nossa constante
esperança de nos encontrar um dia com o nosso Criador.

Devemos nos manter em constante oração, não somente para buscar nossa comunicação com
Deus, mas para nos encontrarmos preparados para aquilo que Ele nos quer comunicar através
dela, de modo que nos purifiquemos de tudo aquilo que nos atrapalhar de unir-nos ao amor.

A paz alcançada através da oração, a alma do ser humano empreende a luta, pois,
agindo assim, está operando no sentido verdadeiro dos desígnios eternos. Sabemos
bem que a vontade de Deus se realiza de forma plena, para sua mais grande honra,
pois mesmo que a vontade humana queira ocupar o lugar de Deus, criando barreiras
que impedem o poder divino agir sobre nós, esse mesmo poder acaba quebrando estas
barreiras, vencendo e edificando um precioso e sumptuoso edifício a partir da matéria-
prima lhe resta (Silva, 2015).

Nas mais singelas almas humanas, se encontram os ensinamentos das bem-aventuranças, que
as fazem ingressarem na unidade da vida intradivina, na qual tudo é apenas um: repouso e
actividade, contemplação e acção, silêncio e fala, escutar e comunicar-se, entrega amorosa e
profusão de amor, contidas no louvor presente na força da oração.

A oração em Deus deve sempre ter seus locais de habitação sobre a Terra, onde
procura se desenvolver para uma eterna e suprema plenitude, na qual são capazes os
homens de boa vontade. A partir de então, pode-se elevar aos céus de modo especial
por toda Igreja, através dos membros que pertencem a ela, despertando em nós um
ardente e incansável desejo de harmonia exterior, bem como também a interior que
somente alcançamos por meio deste contacto íntimo do Sagrado com o humano
(Silva, 2015).

Todavia, nossas mais singelas formas de orações devem ser sempre vivificadas a partir do
nosso interior, isto é, no nosso coração, garantindo extrema protecção contra todos os perigos.
Desta forma, as almas estão frente a frente com o Criador em um mais profundo silêncio
contemplativo, para que dentro de nosso coração brote cada vez mais o amor que tudo
vivifica.

Como membros inerentes do seu Corpo Santo, tomados pelo sopro divino do Espírito Santo
que nos reveste para sermos sempre forte, “por Ele, com Ele e nele”, apresentamos a cada um
de nós como sendo o próprio sacrifício, confirmando através da poderosa forma que une a
Deus, que é a oração, uma eterna gratidão por sermos suas criaturas.
É devidamente por este motivo que a Igreja sempre nos pede que, ao recebermos a Eucaristia,
que é o próprio Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, digamos cheio de fé e
confiança que a partir deste alimento que nos nutre e através de nosso pedidos, ó Senhor,
concedei a cada um de nós, filhos seus, os dons que recebemos através da salvação eterna e
que jamais nos deixemos de nos unir cada vez mais a vós, através das várias formas de
oração.

A oração tem o objectivo de nos colocar na frente de Deus e fazer-nos reconhecer que sem a
tua infinita protecção e misericórdia, nós não somos absolutamente nada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.

De um modo geral, ser uma pessoa está associado à existência de racionalidade, consciência
de si, controlo e capacidade para agir, etc. Pessoa tem um significado de carácter moral e
jurídico, ou seja, é aquele que possui direitos e deveres perante a lei e onde todos os homens
têm igual valor.

O ser humano é, assim, vocacionado (chamado) a ser pessoa, a identificar-se subjectivamente


como ser livre e único e a relacionar-se com seus semelhantes, conformando uma comunidade
de amor, à imagem da Trindade, que é comunhão de Pessoas. No Magistério Social, a pessoa
surge não apenas como categoria filosófica, mas como sujeito, cuja dimensão pessoal
expressa-se também nas relações sociais.

Dignidade humana é condição inerente e essencial dos seres humanos como “membros da
família humana e seus direitos iguais e inalienáveis são o fundamento da liberdade, da justiça
e da paz no mundo”.

O Magistério amplia a interpretação acerca da aquisição da característica pessoal (ser pessoa)


pelo homem.

Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC, 357): “por ser à imagem de Deus, o
indivíduo humano tem a dignidade de pessoa: ele não é apenas uma coisa, mas alguém.

Fundamento da Doutrina Social, a pessoa, de forma integral – em suas dimensões corporal e


espiritual -, deve ser artífice de uma sociedade à altura de sua dignidade. Esse processo, nos
ensina a DSI, deve encaminhar a humanidade à construção de uma “civilização do amor”, na
qual a solidariedade será laço que une os seres humanos na caridade. O humanismo integral e
solidário é, assim, uma proposta de uma sociedade construída pela pessoa e cujo objectivo é a
promoção de sua verdadeira dignidade, ser pessoa.
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