Aula 6 - Subst Nitrogenadas Não Proteicas

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SUBSTÂNCIAS NITROGENADAS NÃO

PROTEICAS: CREATININA, UREIA,


ÁCIDO ÚRICO E BILIRRUBINA
Creatinina
Produto final da decomposição da fosfocreatina.
Excretada na urina.
Dosagens da creatinina plasmática e de sua
depuração renal são usadas como indicadores
diagnósticos da função renal.
Bioquímica e Fisiologia
Síntese da creatina: rins, fígado e pâncreas por
duas reações mediadas enzimaticamente.
• A creatina é transportada no sangue para
outros órgãos, tais como músculos e cérebro,
onde é fosforilada à fosfocreatina, composto de
alta energia.

• A interconversão de fosfocreatina e creatina é


uma característica particular dos processos
metabólicos da contração muscular.

Quantidade de creatinina produzida está


relacionada à massa muscular.
Filtrada livremente pelo glomérulo, não sofre
processo de reabsorção em quantidades
relevantes, mas é secretada em pequena
quantidade (7 – 10%).
Importância Clínica
Produzida endogenamente e liberada nos
fluidos corporais numa taxa cte.
Sua concentração é mantida dentro de limites
estreitos → filtração glomerular.

Concentração plasmática e depuração renal →


marcadores da taxa de filtração glomerular
(GFR).
Valores de referência
Depuração da creatinina endógena corrigida
(mL/min/1,73 m2)
Idade (anos) Homens Mulheres
20-30 88-146 81-134
30-40 82-140 75-128
40-50 75-133 69-122
50-60 68-126 64-116
60-70 61-120 58-110
70-80 55-113 52-105
Ureia
Produto do catabolismo de proteínas e aa.
Eliminada predominantemente pelos rins.
proteína
proteólise, principalmente enzimática
aa
transaminação e desaminação oxidativa
amônia
síntese enzimática no “ciclo da ureia”
ureia
Bioquímica e Fisiologia
A biossíntese da ureia a partir da amônia
derivada do N de aa é feita exclusivamente
pelas enzimas hepáticas.
Mais 90% da ureia é excretada pelos rins →
doença renal está associada ao acúmulo de ureia
no sangue.
estado urêmico (azotêmico)

A ureia não é reabsorvida nem secretada pelos


túbulos.
Filtrada livremente pelos glomérulos.
difusível de 40 a 70% para fora do túbulo
renal.
Valores de referência para uréia (mg/dL)
Adultos ambulatoriais -15 a 39
Importância Clínica
Dosagem de ureia sanguínea e plasmática → indicador
de função renal.

Vários fatores extrarrenais influenciam na concentração


de ureia circulante.

Concentração elevada:
o Dieta rica em proteína
o Catabolismo proteico elevado
o Reabsorção das proteínas sg após hemorragia GI
o Tmt com cortisol
o Desidratação
o Perfusão renal reduzida
Ácido úrico
Composto nitrogenado presente
como principal composto do
excremento dos répteis e pássaros.
Encontrado em pequenas quantidades na urina
dos mamíferos e seus sais ocorrem nas
articulações na gota.
Bioquímica e fisiologia
Em humanos → principal produto do
catabolismo de nucleosídeos purínicos
(adenosina e guanosina).
Taxa de síntese diária = 400mg
Fontes de dieta (fígado, rins, carne vermelha e
sardinha) = 300mg

A superprodução de ácido úrico pode resultar da


síntese elevada dos precursores da purina.
Transporte renal do ácido úrico:
➢Filtração de todo ácido úrico plasmático
➢Reabsorção no TCP (98 – 100%) do ácido úrico
filtrado
➢Secreção subsequente do ácido úrico na
porção distal do TCP
➢Reabsorção posterior no TCD

Excreção de 6 – 12% da quantidade filtrada.


Importância Clínica
Hiperuricemia
Concentrações plasmáticas de ácido úrico > 7
mg/dL

Causas de hiperuricemia
Formação elevada
Primária:
Idiopática e distúrbios metabólicos herdados.
Secundária:
Ingestão excessiva de purina
Psoríase
Metabolismo de ATP alterado
Hipóxia tecidual
Pré-eclâmpsia
Álcool

Excreção reduzida
Primária
Idiopática
Secundária
Doença renal aguda ou crônica
Reabsorção renal elevada
Secreção reduzida
Envenenamento de chumbo
Pré-eclâmpsia
Ácidos orgânicos (lactato e acetoacetato)
Salicilato
Diuréticos tiazídicos
A hiperuricemia assintomática é detectada
através da triagem bioquímica e é importante
seu acompanhamento, pois mtos pacientes
podem vir a apresentar doença renal.

Dosagem de ácido úrico → investigação da gota


e utilizada no diagnóstico e monitoramento da
hipertensão induzida pela gravidez.
Gota
Precipitação de urato monossódico
nos líquidos corporais
supersaturados.
Tais depósitos são responsáveis pelos sinais e
sintomas clínicos.

Artrite gotosa → cristais de urato no líquido da


articulação e depósitos de cristais no tecido
que circunda a articulação.
Acionamento da resposta inflamatória intensa →
PMN e macrófagos.

A gota é caracterizada por crises ocasionais e


longos períodos de remissão.

Doença renal associada à hiperuricemia:


• Nefropatia gotosa com deposição de urato no
parênquima renal
• Deposição intratubular aguda de cristais de urato
• Nefrolitíase de urato
Gota primária:
Em mais de 90% → causas incertas, porém deve-
se a uma combinação de:
➢Superprodução metabólica de purinas
➢Excreção renal reduzida
➢Ingestão alimentar elevada

Gota secundária:
Causas identificáveis
➢Retenção renal de ácido úrico → doença renal
➢Secreção tubular de urato → acidemia orgânica
A causa da formação de cálculos de ácido úrico
envolve a passagem de uma urina
persistentemente ácida com perda da maré
alcalina pós-prandial.

pKa ácido úrico = 5,57


Urina com pH > 5,57 → íon urato mais solúvel
Urina com pH > 7,0 → acima de 10x mais solúvel
Urina com pH < 5,57 → supersaturação
Viável a dosagem do pH urinário no
decorrer do dia.
Toxemia Pré-eclâmpsia
Associada à concentração crescente de ácido
úrico plasmático → causada pela quebra
tecidual uteroplacentária e pela perfusão
renal reduzida.
Concentrações acima 6,0 mg/dL em 32 semanas
de gestação estão associadas a uma alta taxa
de mortalidade perinatal.
Hipouricemia
Concentrações plasmáticas de ácido úrico < 2
mg/dL.
Mto menos comum do que a hiperuricemia.

Condições:
• Doença hepatocelular grave com síntese de
purina ou atividade de xantina oxidase reduzidas
• Defeito na reabsorção tubular renal do ácido
úrico.
Síndrome generalizada de Fanconi → leva à
reabsorção defeituosa do ácido úrico.
Tal defeito pode ser adquirido:
agudamente → injeções de meio de contraste
cronicamente → exposição a agentes tóxicos

Alopurinol, quimioterapia com mercaptopurina


ou azatioprina → hipouricemia.
Valores de referência para o ácido úrico
Homens Mulheres
Soro sangüíneo 3,5 a 7,2 mg/dL 2,6 a 6,0 mg/dL
Urina de 24 h 250 a 750 mg/d
Bilirrubina
Pigmento amarelo-alaranjado derivado da série
vermelha senescentes.
A bilirrubina é transportada e biotransformada
principalmente no fígado e excretada na bile e
na urina.
Química
Molécula tetrapirrólica

Insolúvel em água e solúvel em solventes apolares.


Isômeros cis e trans
qdo exposta à luz, a configuração trans se
converte em cis que é mais hidrossolúvel.
Bioquímica
Produzida a partir do catabolismo da
protoporfirina IX por uma heme oxigenase
microssômica.
produto → pigmento verde biliverdina
redução
bilirrubina

Produção diária = 250 - 300 mg


85% da produção → porção heme da Hb
liberada dos eritrócitos senescentes
(destruídos nas células reticuloendoteliais do
fígado, baço e MO).

15% → catabolismo de outras proteínas que


contêm heme (mioglobina, citocromo e
peroxidases).
No sangue:
Bilirrubina liga-se à albumina, transportada para
o fígado.
Nas células hepáticas é reversivelmente ligada a
proteínas solúveis (ligandinas ou proteína Y).
No interior dos hepatócitos, a bilirrubina é
rapidamente conjugada com ácido glicurônico
→ mono e diglicuronídeo de bilirrubina,
excretados na bile.
No intestino, os glicuronídeos de bilirrubina são
hidrolisados por beta-glicuronidases do fígado,
células intestinais e de bactérias.
Bilirrubina não conjugada é reduzida pela
microbiota intestinal → urobilinogênio.
Parte é reabsorvida pelo intestino, captado pelo
fígado e reexcretado na bile.
Outra parte entra na circulação geral e na urina.
No trato intestinal inferior, os urobilinogênios
são oxidados aos pigmentos biliares marrom-
alaranjados → principais pigmentos das fezes.
Importância Clínica
Defeitos do metabolismo da
bilirrubina → icterícia.

➢Icterícia neonatal
Hiperbilirrubinemia não-conjugada
Desenvolvimento de Kernicterus em lactentes
prematuros ou de baixo peso ao nascimento.
Causas: icterícia fisiológica do RN, doença
hemolítica e hiperbilirrubinemia do leite
materno.
Hiperbilirrubinemia conjugada
Bilirrubina conjugada excede 1,5 mg/dL.
As mais importantes: hepatite neonatal
idiopática e atresia biliar.
Acontece com frequência no RN como uma
complicação da nutrição parenteral.

Atresia biliar
Ductos biliares não se desenvolvem ou se
desenvolvem de forma anormal.
Sem saída para o intestino → acúmulo de bile
dentro do fígado, eventualmente escapa para
o sangue.

Causas: citomegalovírus, reovírus III, vírus


Epstein-Barr, vírus da rubéola, deficiência de
1- antitripsina, Síndrome de Down e
trissomia 17 ou 18.
Valores de referência:
Adultos, adolescentes e crianças:
Bilirrubina total = até 1,2 mg/dL
Bilirrubina direta = até 0,4 mg/dL

Recém-nascidos:
Bilirrubina direta = até 0,4 mg/dL

Recém-nascidos: bilirrubina total


1 dia = até 5,1 mg/dL
1 a 2 dias = até 7,2 mg/dL
3 a 5 dias = até 10,3 mg/dL

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