Estudos Dos Fatores de Risco em Felv SP
Estudos Dos Fatores de Risco em Felv SP
Estudos Dos Fatores de Risco em Felv SP
São Paulo
2005
JULIANA JUNQUEIRA-JORGE
Departamento:
Clínica Médica
Área de Concentração:
Clínica Veterinária
Orientadora:
Profa. Dra. Mitika Kuribayashi Hagiwara
São Paulo
2005
Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
Título: Estudo dos fatores de risco da leucemia viral felina no município de São Paulo
Data:____/____/______
Banca Examinadora
Aos meus filhos Rafael e Pedro, por serem o que Deus me deu de melhor e
por me fazerem acreditar que tudo vale a pena.
À minha mãe por sempre me ensinar a ser forte e por estar ao meu lado
apesar da distância...
À Tia Diva e à Tia Carmem Sílvia por todo apoio, durante todo meu
percurso até chegar aqui...
Ao meu irmão, minha sobrinha, meus tios, sogros, cunhados e primos, pelo
amor que nos une e por sermos uma família de verdade.
suporte financeiro.
suporte indispensável.
disponibilidade.
RESUMO
Este estudo visou identificar os fatores de risco da leucemia felina, em uma amostragem de
812 gatos provenientes do município de São Paulo. O teste usado para o diagnóstico da
gatos foram enviadas por clínicos veterinários de diferentes regiões da cidade. Cada animal
teve uma ficha de identificação na qual pesquisou-se os seguintes fatores: sexo, idade, acesso
armazenados para posterior análise estatística. O teste utilizado para identificar os felinos
(Primary Reagent for FeLV IFA, VRMD, Inc.) e o conjugado anti-IgG FITC (Secondary
Reagent for IFA, VRMD, Inc.). Foram obtidas 50 reações positivas, correspondendo a 6,16%
da amostra estudada. O teste de χ2 foi usado para triagem das variáveis a serem analisadas
pela regressão logística. Os resultados obtidos pelo modelo múltiplo final demonstraram que
na população estudada os fatores de risco para a leucemia felina foram: ter acesso à rua
(RC=47,221; p<0,001), ter sido adotado na rua (RC=3,221; p=0,008) e ter idade entre 3 e 6
anos (RC=3,046; p=0,009), sendo o acesso à rua o fator de risco mais importante. Outros
fatores associados à infecção na análise univariada, como sexo e vida reprodutiva, deixaram
JUNQUEIRA-JORGE, J. Study of the risk factors on the feline leukemia virus (FeLV)
in the city of São Paulo. [Estudo dos fatores de risco da leucemia viral felina (LVF) no
município de São Paulo]. 2005. 42 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) -
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo,
2005.
This study aimed to identify the risk factors of feline leukemia in a sample of 812 cats from
the city of São Paulo. Blood samples of 812 cats were sent by veterinary clinicians from
different regions of the city. Each sample had an identification form with the following
factors: sex, age, access to the street, reproductive status, origin, number of contactants and
breed. These factors were assessed in the risk factors analysis. The test used to identify the
infected animals was the indirect immunofluorescence, with antibodies anti-FeLV (Primary
Reagent for FeLV IFA, VRMD, Inc.) and the conjugate anti-IgG FITC (Secondary Reagent
for IFA, VRMD, Inc.). Fifty positive reactions were found, corresponding to 6,16% of the
total sample. The χ2 was used to select the variables to be analyzed by logistic regression. The
results obtained through the final multiple model demonstrated that, in the studied population,
the risk factors to feline Leukemia were: access to the street (OR=47,221; p<0,001), adoption
from the street (OR=3,221; p=0,008) and age range between 3 and 6 years old (OR=3,046;
p=0,009), with the first one considered the most important. Other factors associated with the
infection in the univariate analysis, such as sex and reproductive status, became non-
Key words: Cats. Virus, Feline leukemia virus. Risk factors. Epidemiology.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................12
2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................15
3.1 Material.........................................................................................................23
3.2 Método..........................................................................................................24
4 RESULTADOS..................................................................................................27
5 DISCUSSÃO.....................................................................................................30
6 CONCLUSÂO...................................................................................................35
REFERÊNCIAS................................................................................................36
APÊNDICES....................................................................................................41
12
1 INTRODUÇÃO
A leucemia viral felina (LVF) é uma doença contagiosa causada por um retrovírus
pertencente à sub família Oncornavirinae que, como os demais retrovirus, vale-se da enzima
transcriptase reversa para produzir seu material genético e se integrar no DNA do hospedeiro
(HARDY et al., 1973). O vírus da leucemia felina (VLF) foi descoberto em 1964, na Escócia,
diagnóstico de infecção atual, pois cerca de 40% dos gatos que se infectam com o VLF são
capazes de eliminar a infecção tornando-se imunes (BARR, 1998; JARRET, 1999). Assim, o
título de anticorpos pode indicar apenas uma infecção passada naqueles hospedeiros que
Desde sua introdução, o teste de IFI para detecção do VLF vem sendo utilizado em pesquisas
Segundo diversos pesquisadores, alguns dos fatores associados à infecção pelo VLF
são: idade, sexo, vida reprodutiva, origem e o acesso à rua. Aparentemente, os adultos jovens,
13
de um a cinco anos de idade (média de três anos de idade), costumam ser mais predispostos à
infecção (HOSIE et al., 1989; KNOTEK et al., 1999; SHELTON et al., 1989). A taxa de
infecção é maior entre os felinos que convivem em grupos quando comparada com aqueles
que vivem sozinhos (BARR, 1995; BRALEY, 1994; KNOTEK et al., 1999; LEVY, 2000;
O´CONNOR JR. et al., 1991). Em locais que abrigam um gato positivo para VLF, cerca de
tempo (LEVY, 2000). Animais castrados geralmente apresentam menores índices de infecção
(KNOTEK et al., 1999). Aparentemente, os machos são mais predispostos à infecção (BARR,
1995; HAGIWARA et al., 1997, KNOTEK et al., 1999; LEVY, 2000; McMICHAEL et al.,
1986). A incidência da infecção é significativamente maior em gatos que tem acesso à rua, em
PEDERSEN, 1993). Entretanto o uso da vacina contra LVF pode estar associado ao
1998).
Assim a identificação dos fatores de risco envolvidos na infecção pelo VLF adquire
de risco de uma doença quando existe mais de uma variável independente envolvida como
computador que estão aptos a realizar este tipo de análise. Entre eles o programa SPSS for
14
Windows. Inicialmente, as variáveis devem ser analisadas por meio de um teste de associação
univariado, recomendando–se que sejam testadas na análise multipla variáveis com p entre
sua “importância” no conjunto das variáveis. Para determinar a inclusão ou exclusão de uma
leucemia viral felina, em uma área geográfica urbana com alta densidade demográfica de
município de São Paulo, pela existência de uma população mista de gatos: os de rua ou
individualmente.
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
O vírus da leucemia felina (VLF) é composto por uma série de proteínas que estão
núcleo (AUGUST, 1992; ROJKO; HARDY, 1994). Os genes que codificam as proteínas
específico de grupo) codifica as proteínas virais nucleares dentre as quais a p27 e outras
proteínas estruturais como a p15, p12 e p10; o gene pro codifica uma protease; o gene pol
gp70 e p15E (VAN REGENMORTEL, 2000), das quais a primeira é responsável pela ligação
do virion aos receptores de superfície das células do gato e a segunda está relacionada a
1996).
expresso nas células hematopoiéticas ou linfóides que sofreram transformação maligna pelo
VLF ou VSF (vírus do sarcoma felino) (COUTO, 1994). A produção de anticorpos contra este
apresentam infecção persistente pelo VLF, indicam que estes animais foram infectados
eliminar partículas virais através da saliva (ROJKO; KOCIBA, 1991). O gato pode excretar o
vírus durante meses antes de adoecer ou vir a sucumbir (BARR, 1995). A infecção pelo VLF
ocorre também em felídeos silvestres (DANIEL’S et al., 1999; FROMONT et al., 2000
16
2003).
A infecção ocorre principalmente pela via oronasal. A transmissão do VLF pela saliva
infectada é facilitada pelo comportamento social dos felinos (HARDY et al., 1977; ROJKO;
HARDY, 1994). O gato susceptível entra em contato com a saliva, secreções oculares e/ou
e/ou utilização conjunta de bebedouros e comedouros (ARJONA et al., 2000; LAPPIN, 1998).
O VLF está presente em outros líquidos corporais incluindo plasma, urina, leite e lágrimas
na fase de viremia. Os neonatos que não se contaminarem por essa via ou pelo leite, poderão
1992).
A evolução da LVF está na dependência de fatores virais, como dose inoculada, cepa
viral, tempo de exposição e dos fatores intrínsecos ao hospedeiro como imunidade individual
e idade (BARR, 1998). Após a exposição oronasal, o vírus alcança inicialmente os tecidos
O animal pode reagir de diferentes formas à infecção pelo VLF. Pode passar por um
estágio de viremia transitória, se ocorrer a resposta imune com produção de anticorpos anti-
gp70, capazes de neutralizar o vírus (ROJKO; KOCIBA, 1991). Neste caso, a eliminação do
vírus ocorre após aproximadamente seis a oito semanas (BARR, 1995). De modo geral, os
filhotes são protegidos por anticorpos maternos até seis semanas de idade, podendo apresentar
infecção transitória caso entrem em contato com o vírus (COUTO, 1994, SHERDING, 1994).
Muitas vezes, após a fase inicial de viremia, ocorre uma aparente recuperação do animal; os
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apresentam resultados negativos, entretanto, os gatos infectados mantêm o vírus sob a forma
latente, pois existem células transformadas pelo vírus na medula óssea e linfonodos (ROJKO;
HARDY, 1994). Pode haver uma reativação viral caso o animal passe por situações de
estresse, doenças bacterianas ou virais, ou quando for submetido a altas doses de corticóides
latência ocorre devido à resposta imune parcial do animal, o que resulta na inativação e não na
eliminação do vírus (BABYAK et al., 1998). Os animais que apresentam viremia persistente
não são capazes de desenvolver resposta imune, resultando no óbito do animal três a cinco
anos após o início da viremia. Apenas 30% dos gatos que entram em contato com o VLF
1994), sendo observados neutropenia, disfunção neutrofílica, depleção dos linfócitos TCD+4 e
maioria destes efeitos é mediada pela proteína gp70 (ROJKO; HARDY, 1994).
(LEVY, 2000). A maioria dos gatos infectados apresenta sintomas de doenças não
infecções respiratórias e dermatites, além de febre e perda de peso (HARDY et al, 1976, 1980,
alguns gatos (ROJKO; HARDY, 1994;). Problemas reprodutivos também são comuns. O VLF
está associado à infertilidade, morte fetal e ao aborto (AUGUST, 1992). Também podem
pelo VLF, nos EUA, está ao redor de 4% da população. Nos gatos doentes esta proporção
Noruega, Suíça e Alemanha foi encontrado 10% de animais infectados pelo VLF, enquanto na
Inglaterra, 5% dos animais sadios e 18,5% dos doentes foram positivos (BARR, 1995; BARR,
1998; BRALEY, 1994; HOSIE et al., 1989; KNOTEK et al., 1999; MALIK et al., 1997;
44% dos animais foram positivos para o VIF enquanto 5% foram positivos para o VLF.
No Brasil foi realizado um estudo clínico, com 298 gatos doentes ou que haviam tido
contato com animais positivos para leucemia felina. Destes, 12,5% estavam infectados pelo
VLF. A média de idade dos gatos infectados foi de 33 meses, e 67,5% dos animais infectados
eram machos, não havendo, aparentemente, predisposição racial (HAGIWARA et al. 1997).
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Souza et al. (2002) realizaram um estudo com 196 animais provenientes do município
do Rio de Janeiro, utilizando um kit comercial (teste ELISA) para detecção do antígeno do
VLF e de anticorpos para o VIF. Os resultados mostraram que 17,46% (22/126) dos gatos
foram positivos para o VLF, 16,66% (21/126) foram positivos para o VIF e 1,58% (2/126)
Segundo diversos pesquisadores, alguns dos fatores associados à infecção pelo VLF
são: idade, sexo, vida reprodutiva, origem e acesso à rua. Aparentemente, os adultos jovens,
de um a cinco anos de idade (média de três anos de idade), costumam ser mais predispostos à
infecção (HOSIE et al., 1989; KNOTEK et al., 1999; SHELTON et al., 1989). A taxa de
infecção é maior entre os felinos que convivem em grupos quando comparada com aqueles
que vivem sozinhos (BARR, 1996; BRALEY, 1994; KNOTEK et al., 1999; LEVY, 2000;
O´CONNOR JR. et al., 1991). Em locais que abrigam um gato positivo para VLF, cerca de
tempo (LEVY, 2000). Animais castrados geralmente apresentam menores índices de infecção
(KNOTEK et al., 1999). Aparentemente, os machos são mais predispostos à infecção (BARR,
1995; HAGIWARA et al., 1997, KNOTEK, et al., 1999; LEVY, 2000; McMICHAEL et al.,
1986). A incidência de infecção é significativamente maior em gatos que tem acesso à rua, em
comparação aos confinados (BRALEY, 1994; KNOTEK et al., 1999; MARUYAMA et al.,
diagnóstico da leucemia viral felina só pode ser estabelecido por meio de testes imunológicos
diagnóstico da infecção pelo VLF tornou-se um dos procedimentos mais freqüentes na rotina
várias enfermidades que podem estar associadas a infecção pelo VLF, a identificação de
20
et al. em 1973, o diagnóstico da LVF era feito por meio da pesquisa de partículas virais
Assay) foi introduzido na rotina hospitalar para o diagnóstico da infecção pelo VLF. Este,
(HARDY; ZUCKERMAN, 1991b), enquanto, pelo teste de IFI, são pesquisados antígenos ou
partículas virias presentes em leucócitos e plaquetas (HARDY et al., 1973). São, portanto,
podem indicar infecção passada naqueles hospedeiros que foram capazes de eliminar a
citoplasma, sem causar danos significativos à célula infectada (SHERDING, 1994). A maioria
destes antígenos não é incorporada nas partículas virais, permanecendo no citoplasma das
células ou sob a forma solúvel no plasma, possibilitando sua detecção através das técnicas de
antígenos nucleares do grupo p27, a maior proteína do core viral produzida em células
infectadas. O ELISA detecta o antígeno p27 presente em fluidos como soro, plasma, saliva ou
lágrima (HARDY; ZUCKERMAN, 1991b). Existem kits comerciais para uso em clínicas,
técnica de IFI detecta antígenos em esfregaços de sangue periférico, nos quais as células e as
21
Desde sua introdução, a IFI para detecção do VLF vem sendo utilizada em pesquisas
sendo, na maioria destes estudos, o único teste utilizado, devido a sua especificidade,
isolamento viral (HARDY et al., 1973). Outra vantagem é que os animais diagnósticados
positivos já tem a infecção estabilizada, desta forma os animais em viremia transitória não são
detectados nos leucócitos mesmo após a perda da infectividade do vírus. Portanto, as lâminas
de esfregaços sangüíneo podem ser enviadas aos laboratórios in natura, mesmo por via postal,
A sensibilidade de uma prova mede a sua capacidade de identificar como positivo um animal
pesquisado, com as variantes do agente infeccioso e com o tempo necessário para que haja a
capacidade que o teste possui de identificar como negativos os animais que não foram
expostos ao agente em questão. Fatores que interferem na especificidade são reações cruzadas
entanto cai para 90% quando se consideram as reações positivas. Sendo assim, os animais
considerados positivos pelo ELISA e que não apresentem sinais clínicos sugestivos da doença
22
definitivo de infecção pelo VLF (LAPPIN, 1998), pois, como o teste ELISA é capaz de
detectar antígenos precocemente, estes animais podem estar apresentando virêmia tansitória e
serem capazes de debelar a infecção (AUGUST, 1992). Porém, deve-se estar atento ao fato de
que é possível obter resultado falso negativo na IFI em animais que estejam apresentando
na interpretação dos resultados discordantes entre o teste ELISA e a IFI (LAPPIN, 1998).
entanto, esta conduta não levou a uma diminuição significativa dos casos de leucemia viral
felina (PERDENSEN et al., 1979). Por outro lado, a identificação e o isolamento dos felinos
dos casos de infecção pelo VLF nos Estados Unidos e na Europa (HANLON et al., 2001;
PEDERSEN, 1993).
unidades do virion, ou vacinas que utilizam proteínas (gp 70) do envelope viral, porém todas
contêm adjuvantes (HINES et al., 1991; HOOVER et al., 1991; LEWIS et al., 1981;
PEDERSEN, 1993; YORK; YORK 1991). Recentemente, o aumento dos casos de fibrossar
ma pós-vacinal e sua possível associação com uso de vacinas com adjuvantes, serviram de
alerta para o uso indiscriminado da vacina contra leucemia felina, que deve ser utilizada
Recomenda–se ainda que a vacina seja aplicada exclusivamente nos animais sabidamente
principalmente nos felinos de origem desconhecida ou que foram adotados, originários da rua
(LAPPIN, 1998).
23
3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 Material
infecção pelo VLF foi o município de São Paulo. Durante o período de janeiro de 2003 a
domésticos de ambos os sexos, com faixa etária variando dos seis meses aos vinte anos, com
foram acompanhadas de uma ficha de identificação (Apêndice A), preenchida pelo médico
veterinário responsável pelo envio da material. Nesta ficha havia informações quanto a idade,
sexo, raça, origem, vida reprodutiva, contactantes (no domicílio/ gatil/ pet shop), acesso à rua
quando pertinentes.
A amostra estudada foi composta por 427 fêmeas e 385 machos. Parte dos felinos
padecia de algum problema de saúde (n=325), e os demais eram gatos aparentemente sadios
(n= 487).
24
3.2 Método
Conforme as recomendações de Hardy et. al. (1973) e Kim Floyd et al. (1983) as
lâminas foram secas ao ar livre, acondicionadas de forma a evitar lise celular e enviadas ao
sete dias. Imediatamente após o recebimento, as lâminas eram fixadas com a finalidade de
preservar o antígeno viral presente nos leucócitos. Para a fixação utilizou-se uma mistura de
acetona e metanol (Apêndice B). As lâminas permaneciam emergidas nesta solução durante
círculo da direita, foi realizado o teste para pesquisa do VLF utilizando 10µl de anticorpos
anti VLF (Primary reagente for FeLV IFA,VMRD, Inc.). Além disso, para cada grupo de
lâminas testadas utilizou-se uma lâmina sabidamente positiva, como controle positivo da
reação.
As lâminas foram incubadas a 37oC em câmera úmida por 30 minutos (KIM FLOYD,
permanecendo imersas neste tampão por mais 10 minutos. Posteriormente, foram lavadas em
25
água destilada e deixadas na posição inclinada para que fosse drenado o excesso de líquido.
Após a secagem, foram adicionados 10µl do conjugado anti-IgG FITC Conjugate (Secundary
reagent for IFA, VMRD Inc.) em cada sítio, repetindo-se as etapas de incubação e lavagem.
Terminada a reação, as lâminas foram cobertas com uma gota de glicerina tamponada
Faixa etária: gatos com idade inferior a três anos=0, gatos com idade entre três e seis
quinze=3.
transformandas em varíaveis númericas e alocadas em uma tabela a ser análisada pelos testes
estatísticos.
26
O teste de quiquadrado (χ2 ) foi utilizado para triagem das variáveis. Aquelas que
apresentaram p<0,20 foram selecionadas para análise pela regressão logística. O modelo
final foi possível identificar os fatores de risco para a doença, o que permitiu avaliar a
do cálculo das ODDS RATIO, ou razão de chances (RC). As variáveis mantidas no modelo
4 RESULTADOS
Dos animais testados, 6,16% do total da amostra foi positivo para o VLF. Esta
porcentagem sobe para 12% quando se consideram apenas os gatos que apresentavam alguma
doença relatada.
animais positivos (74%) tinha até seis anos de idade, sendo a faixa etária mais afetada a de
três a seis anos. Houve diferença significativa na ocorrência da infecção entre machos e
fêmeas, sendo os machos mais afetados (p=0,015), bem como entre os gatos oriundos da rua
(p=0,001). Maior número de gatos infectados foi observado entre os animais que tinham
acesso à rua (p<0,001) e naqueles que tinham vida reprodutiva ativa (p<0,001). Com relação
ao número de contactantes, a freqüência de animais infectados foi maior entre aqueles que
conviviam com até cinco animais no domicílio. Os resultados da análise univariada estão
apresentados na tabela 1.
Devido aos valores de p obtidos pelo teste de χ2, todas as variáveis foram incluídas na
análise de regressão logística, através da qual foi feito o cálculo da RC. As variáveis que se
mantiveram significativas no modelo final foram acesso à rua, o fato do animal ser oriundo da
rua e a faixa etária entre três e seis anos. As variáveis sexo, número de contactantes e a vida
Desta forma, na população estudada os fatores de risco para a infecção são: livre acesso
à rua (RC= 47,252, p <0,001), animais originários da rua (RC=3,221, p= 0,008) e a faixa
etária entre três e seis anos (RC=3,046, p=0,009). Na tabela 2 estão apresentados os valores
Tabela 1-. Presença de infecção pelo vírus da leucemia viral felina segundo as variáveis, sexo,
faixa etária, origem, contactante, vida reprodutiva, acesso à rua, e valores de p
obtidos pelo teste de χ2, São Paulo, 2003-2004.
Variável Categoria OR p
Origem ND 1,000
5 DISCUSSÃO
Os gatos diagnosticados positivos eram virêmicos persistentes visto que, teste IFI é
positivos aqueles animais que apresentavam viremia transitória. A freqüência da infecção pelo
correspondente aos felinos que apresentavam alguma doença relatada, esta proporção
aumentou para 12%. Esses valores são próximos aos relatados por diversos autores em
diferentes partes do mundo (BARR, 1995; HOSIE et al., 1989; KNOTEK et al., 1999;
Nas diferentes variáveis analisadas pelo teste de χ2, observou–se que havia diferença na
freqüência da infecção nos animais que tinham acesso à rua (p<0,001), vida reprodutiva ativa
(p<0,001), origem da rua (p<0,001), sexo masculino (p=0,015) e faixa etária entre três e seis
anos de idade (p=0,042). Esses resultados se assemelham aos de outros estudos que se
baseavam na análise univariada (ARJONA et al., 2000; BARR, 1995; HAGIWARA, et al.,
1997; KNOTEK et al., 1999; McMICHAEL et al., 1986; O´CONNOR JR. et al., 1991;
ocorre através de contato dos gatos susceptíveis com os gatos infectados, que eliminam o
saliva é facilitada pelo comportamento social dos felinos, principalmente em locais com
elevada densidade populacional, onde o desfrute dos mesmos fômites é freqüente entre eles.
Assim, a LVF é considerada uma doença mais comum nos gatos que vivem em grupos e
KNOTEK et al., 1999; LEVY, 2000; O’ CONNOR JR. et al., 1991), o fato do animal viver
em grupos de alta densidade populacional não se apresentou como fator de risco da infecção,
já que o maior número de animais positivos ao teste de IFI (58%) eram únicos ou conviviam
com poucos gatos em ambiente domiciliar. Este fato também foi descrito por Hosie et al.
leucemia felina pode ser explicada pela grande proporção de grupos fechados (52%) que
formou a categoria dos animais que cohabitavam com mais de 15 indivíduos. Outro fato a se
considerar é que estes animais tinham acesso freqüente a clínicas veterinárias. Neste grupo, as
podem justificar a baixa freqüência de animais reagentes. Por outro lado, dos 50 gatos
infectados pelo VLF, 29 (58%) eram únicos ou viviam em pequeno número no território
domiciliar, destes 27 (93%) mantinham acesso à rua, podendo “formar grupos” fora do
ambiente domiciliar, e 40% destes gatos infectados que viviam sozinhos ou, com no máximo
Através análise de regressão logística foi possível avaliar a interação conjunta de todas
as variáveis independentes com a ocorrência da infecção pelo VLF. Para esta análise foi
preciso definir uma categoria de base para cada variável independente. O critério usado neste
categoria de base aquela em que é relatada menor freqüência de infecção, as fêmeas, os gatos
com idade superior a seis anos, os gatos com vida reprodutiva inativa, sem contactantes no
Os fatores de risco obtidos no modelo multivariado final foram o acesso a rua, a origem
A importância do livre acesso à rua, onde há possibilidade de contato com outros gatos,
(OR= 47,252). Diversos autores também consideraram o acesso à rua um dos fatores mais
importantes na ocorrência da infecção pelo VLF (BRALEY, 1994; KNOTEK et al., 1999;
O fato do animal ser oriundo da rua também foi definido como um fator de risco. Os
gatos oriundos da rua foram adotados e domiciliados como o único animal de estimação da
destes animais mantiveram o hábito de acessar a rua. Boa parte desses gatos (54%) havia sido
adotada na faixa etária de um ano a três anos, assim haviam tido acesso à rua na fase adulta.
No Brasil, ainda não se conhece a freqüência da infecção pelo VLF entre os gatos
realmente errantes (abandonados ou ferais). Uma limitação deste estudo foi que, na amostra
estuda, não haviam animais realmente errantes, visto que todo material análisado provinha de
realizados com gatos de rua, em outros países, demonstram que a freqüência relativa da
infecção pelo VLF está em torno de 3,5 a 4,3% da população testada, semelhante ao que é
descrito para os gatos domiciliados (DORNY et al., 2002; LEE et al., 2002; LURIA et al.,
Outro fator de risco foi a faixa etária. Observou–se que os adultos com idade entre três e
seis anos foram mais freqüentes entre os animais positivos . Nesta fase da vida, o animal
apresenta maior vigor físico, atividade sexual e desta forma possui maior possibilidade e
oportunidade de acesso à rua. Os adultos com idade superior a seis anos foram menos
freqüentes entre os infectados pelo VLF, o que pode ser explicado pelas próprias
características da doença. Como é uma doença fatal e de curso relativamente curto, o gato
virêmico persistente, sobrevive no máximo de três a cinco anos após o início da doença
33
pelo VLF é a de que apenas 30% dos gatos que entram em contato com o VLF desenvolvem
eliminar a infecção em sua fase inicial, ou ainda de extinguir a infecção após algumas
semanas, tornando–se resistentes (LEVY, 2000). Assim, é possível que uma considerável
parcela dos gatos com mais de seis anos de idade já tivesse adquirido imunidade contra o
vírus, justificando–se o menor número de gatos infectados observado nessa faixa etária.
O sexo e a plena capacidade reprodutiva foram considerados por diversos autores como
fatores associados à infecção pelo VLF (BARR, 1995; KNOTEK et al., 1999; LEVY, 2000;
McMICHAEL et al., 1986; O´CONNOR JR. et al., 1991). Também neste estudo, quando
multivariada. Segundo a análise univariada, os machos eram mais afetados que a fêmeas. No
fêmeas e, quando se analisam as variáveis em conjunto o fato do animal ter acesso à rua
predomina sobre o fato do animal ser do sexo masculino. A vida reprodutiva também deixa de
ser considerada fator de risco, possivelmente devido ao fato de que na amostragem estudada
todos os gatos com vida reprodutiva ativa infectados pelo vírus tinham acesso à rua e os
proprietários desconheciam a higidez dos contactantes para fins reprodutivos. Sendo assim,
estas variáveis não foram incluídas no modelo múltiplo final e desta forma não foram
cerceamento ao acesso à rua e aos gatos de status desconhecido quanto à infecção pelo VLF.
Nos casos em que este fato é impossível, deve-se optar pela vacinação dos gatos pertencentes
34
ao grupo de risco para a infecção. O uso da vacina, ao qual está associado o risco
6 CONCLUSÕES
Entre os gatos do município de São Paulo amostrados neste estudo, os fatores de risco
associados à infeccção pelo VLF foram: o acesso a rua, o fato do animal ser oriundo da rua e
infecção, pelo teste de χ2, não foram evidenciados na análise multivariada. Na análise
REFERÊNCIAS
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41
APÊNDICE A
Ficha de identificação:
Proprietário:
Endereço:
Clínica veterinária:
Veterinário Responsavél:
1)Nome do animal:
2)Sexo:
3)Idade:
4)Raça:
9) Tem vida reprodutiva ativa? O proprietário tem informações sobre a higidez dos
contactantes nestes casos?
11) Anexar o maior número possível de informações sobre o histórico dos animal, incluindo
exames realizados, enfermidades recentes....
42
APÊNDICE B
3) Tampão para lavagem 4 vezes concentrado: Na2CO3 = 11,4g; NaHCO3 =33,6g; NaCl =