OFICIAL

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 15

Índice

1. Introdução .......................................................................................................... 2

1.1. Objectivos....................................................................................................... 2

1.1.1 Geral ................................................................................................................. 2

1.1.2. Específicos ...................................................................................................... 2

1.2. Metodologias .................................................................................................. 2

2. Conceito ............................................................................................................. 3

2.1. Simbiose Industrial ......................................................................................... 3

3. Metas da simbiose Industrial ............................................................................. 4

4. Prática de simbiose Industrial ............................................................................ 5

5. Elementos de simbiose Industrial ...................................................................... 7

6. Transacções de simbiose Industrial ................................................................... 8

7. Domínios de funcionamento da Simbiose Industrial ......................................... 9

8. Exemplo de simbiose industrial ....................................................................... 10

9. Eco-parque industrial ....................................................................................... 11

10. Desafios e oportunidades de simbiose industrial na cidade de Quelimane .. 12

11. Conclusão ..................................................................................................... 14

12. Bibliografia................................................................................................... 15
2

1. Introdução

Os resíduos sólidos são gerados em diversos processos produtivos, porém


possuem características distintas quanto à composição, volume e alternativas de
destinação ambientalmente adequada. Devido a essas características e a possibilidade de
impactos ambientais decorrentes da gestão inadequada destes resíduos, legislações e
normativas foram criadas em vários países para padronização da gestão e minimização
dos impactos (HASHEMI; POURZAMANI; SAMANI, 2014). Não obstante verifica-se
que em função das características distintas dos resíduos e as condicionantes legais, as
empresas encarem a gestão destes produtos como um problema.

De fato, conciliar os fatores ambientais, sociais e econômicos, conhecidos


também como tripé da sustentabilidade (ELKINGTON, 2004) não é uma tarefa simples
às empresas, contudo é possível. Essa tarefa torna-se viável através de ferramentas
ambientais adequadas, que conseguem transformar os problemas em solução (CURI,
2011; KISHOR, 2013). Entre as ferramentas que auxiliam as empresas a alcançar este
objetivo, verifica-se a simbiose industrial (SI).

1.1.Objectivos

1.1.1 Geral

 Compreender a Simbiose Industrial

1.1.2. Específicos

 Identificar as metas, práticas e elementos da Simbiose Industrial;

 Destacar o domínio do funcionamento da Simbiose Industrial;

 Analisar as oportunidades e desafios da Simbiose Industrial na cidade de


Quelimane.

1.2.Metodologias

Para a realização do trabalho recorremos a diversas fontes, com a finalidade


de reunir uma informação satisfatória fácil compreensão através de consultas
bibliográficas e pesquisas efectuadas em alguns artigos, que versam sobre o tema
em destaque nas quais vem mencionadas no fim do trabalho.
3

2. Conceito

2.1.Simbiose Industrial

A Simbiose Industrial (SI) baseia-se no conceito de relações simbióticas da


Biologia (o termo “simbiose” baseia-se na noção advinda da Biologia onde duas
espécies diferentes trocam materiais, energia ou informação de uma forma mutuamente
benéfica – conhecida especificamente como mutualismo). No campo organizacional,
denomina-se Simbiose Industrial as trocas físicas de materiais, de energia, de água, e/ou
subprodutos entre indústrias tradicionalmente separadas em uma abordagem coletiva
para a vantagem competitiva (CHERTOW, 2000; CHERTOW; ASHTON; ESPINOSA,
2008).

Para Jacobsen (2006) SI pode ser definida como: otimização de recursos


coletivos baseada em intercâmbio de subprodutos e compartilhamento de benefícios
entre as diferentes indústrias. Para Grant et al. (2010), ela descreve a interação
mutualista de diferentes indústrias na reutilização benéfica de fluxos de resíduos ou
energia que resulta em uma produção mais eficiente em termos de recursos e menores
impactos ambientais adversos.
Chertow (2000) explica que as chaves para a ocorrência da simbiose industrial
são a colaboração e as possibilidades oferecidas por sinérgicos nas proximidades
geográficas. Ehrenfeld e Gertler (2008) corroboram com esta definição: simbiose em
sistemas econômicos se manifesta na troca de materiais e de energia entre empresas
individuais localizadas nas proximidades geográficas. Porém, os autores explicam que
embora não seja uma condição necessária, a proximidade geográfica é uma
característica da SI. Doménech e Davies (2011) explicam que SI tem emergido como
um corpo de estruturas de intercâmbio para avançar para um sistema industrial mais eco
eficiente, através do estabelecimento de uma rede colaborativa de intercâmbio de
conhecimento, materiais e energia entre diferentes unidades organizacionais.

SI, portanto, tem como objetivo vincular as empresas juntas em um sistema


coerente e inovador de vínculos de colaboração e alianças inter organizacionais para
reduzir o impacto ambiental da atividade industrial de uma forma economicamente
racional (DOMÉNECH; DAVIES, 2011). Mirata e Pearce (2006) explicam que essas
4

alianças permitem melhorias na eficiência e eficácia pelos quais diferentes recursos são
utilizados, indo além do que pode ser alcançado através da busca de melhorias
fragmentadas em unidades individuais, mostrando que os ganhos da rede (ou aliança)
são maiores do que os ganhos individuais de cada empresa isolada. A SI já foi
documentada em seis continentes, de acordo com Lombardi et al. (2012) e ela tem sido
incorporada em todos os níveis da política local, regional, nacional, e internacional,
como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento econômico, crescimento
verde, inovação e eficiência de recursos.

A simbiose industrial tem sido considerada uma eficaz solução para a redução
dos impactos ambientais e do consumo dos insumos e recursos em estudos avançados
para a geração de modelos de produção sustentáveis (Yazan et al, 2016; Boons et al,
2017). A Produção mais limpa visa por meio de suas contribuições reduzirem os
impactos sobre o meio ambiente e auxiliar na perpetuidade de empreendimentos através
da redução das perdas de insumos e geração de resíduos. (Caetano et al., 2017).

3. Metas da simbiose Industrial

A simbiose industrial é também conhecida como economia circular, ciclo


fechado ou do berço ao berço. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD) definiu a simbiose industrial como alternativa para reutilização dos
produtos e resíduos produzidos em uma indústria por outra indústria, ou seja, os
resíduos de uma indústria seriam utilizados como matéria prima por outra (OECD,
2001).

A simbiose industrial objetiva integrar atividade econômica, meio ambiente e


bem-estar da comunidade, através do intercâmbio de resíduos, matéria-prima, energia e
água, de forma a reduzir os impactos e seus custos operacionais.

A simbiose é primordialmente um exercício de colaboração. A implantação de


sistemas com essa filosofia pode ser um pontapé importante para desenvolver inovações
dentro da cadeia de produção de uma ou outra empresa do grupo.

Não há dúvidas que o objetivo de redução de impactos ambientais tem sido o


grande propulsor desta filosofia de relações industriais uma vez que as empresas têm
aplicado esta prática com foco em dar fim aos seus resíduos, sobras e refugos de suas
5

linhas de produção, tentando encontrar valor econômico para os mesmos e assim, evitar
descartes de materiais muitas vezes com uma alta energia incorporada.

Outra possibilidade ao se estabelecer uma inter-relação forte com seus pares é de


partilhar serviços, matérias-primas e produtos em comum. Vantagens de se fazer isso
são ganhar margens melhores para negociações com fornecedores, evitar a volatilidade
do mercado em determinados insumos e fugir de penalidades ou taxas governamentais.

Por fim, “não existem soluções fáceis para problemas difíceis” e, ao se


estabelecer uma rede de conexões entre indústrias diferentes, diversos entraves e
desafios surgirão, pois cada uma delas se desenvolveu de forma bastante peculiar.

O que é necessário é que sejam estabelecidos objetivos comuns e entendimento


que, ao se estabelecer trocas como estas propostas pelo formato de simbiose industrial,
todo o sistema tem a ganhar.

4. Prática de simbiose Industrial

Uma das novas concepções de industrialização começou a se formar a partir de


1989, quando Robert Ayres desenvolveu o conceito de metabolismo industrial. Fazendo
uma analogia entre indústrias e organismos vivos, o metabolismo industrial abrange a
totalidade de fluxos materiais e energéticos através de um sistema industrial
(ERKMAN, 1997).

Através do balanço de massa destes fluxos, é possível quantificar as entradas


(input) e saídas (output) após as transformações feitas durante o processo produtivo
(VEIGA, 2007), o que seria o passo inicial para identificar processos ineficientes
geradores de resíduos e emissões poluentes e seus impactos negativos nos ambientes
naturais.

Os primeiros estudos sobre Simbiose Industrial estavam baseados em


perspectivas técnicas e econômicas. Em decorrência, buscou-se uma sólida
compreensão do funcionamento de redes industriais e dos recursos humanos (SOPHA et
al., 2009).

Há diversas definições sobre o conceito de Simbiose Industrial, mas em síntese,


a SI é baseada na sinergia de subprodutos e resíduos entre as empresas, sendo um
instrumentochave da Ecologia Industrial (VACHON; KLASSEN, 2008; GIANNETTI
6

et al., 2008; LI, 2009; SOPHA et al., 2009; MATTILA et al., 2010; BOCKEN et al.,
2012).

O compartilhamento de recursos materiais, energia, água e subprodutos entre


empresas co-localizadas é uma das principais características sobre o processo de
Simbiose Industrial (CHERTOW, 2000; YANG; FENG, 2008; ECKELMAN;
CHERTOW, 2009; SOPHA et al., 2009; JENSEN et al., 2011), que vem cada vez mais
vem sendo apontada como uma forma de reduzir os impactos ambientais causados pela
produção industrial (ECKELMAN; CHERTOW, 2009).
A Simbiose Industrial proporciona um tratamento analítico que permite entender
como grupos de empresas cooperam na busca de vantagem competitiva. As pesquisas
sobre Simbiose Industrial examinam a gestão cooperativa de recursos entre indústrias,
para identificar e compreender os benefícios econômicos, ambientais e sociais
relacionados com as práticas de interação e seu significado para as redes de empresas
(BAIN et al., 2010), As práticas de relações simbióticas podem ocorrer em diversas
escalas, seja entre empresas em proximidade local, ou em nível nacional.
Relações em nível nacional ocorrem através de programas como o “National
Industrial Symbiosis Partnership do Reino Unido” (ECKELMAN; CHERTOW, 2009,
p. 2550). Os conceitos da simbiose industrial salientam que as indústrias devem ser
organizadas ao longo da ferramenta de um ecossistema, com vistas ao meio ambiente e
à economia. Definem que as indústrias tradicionalmente separadas devem se integrar em
uma abordagem coletiva para obter vantagens competitivas que envolvem trocas como
forma de alcançar o desenvolvimento ambientalmente sustentável das atividades
industriais (CHERTOW, 2000; YANG; FENG, 2008).
A Simbiose Industrial comumente é caracterizada pela troca física de entre
empresas colaboradoras (SOPHA et al., 2009). Entretanto, pode ser considerado um
aspecto importante da Simbiose Industrial o estabelecimento de acordos entre as
empresas normalmente não relacionadas, que leva a eficiência dos recursos (MATTILA
et al., 2010; JENSEN et al., 2011).

O desenvolvimento e operacionalização da simbiose industrial dependem de


diversos fatores em diferentes domínios. De acordo com Heeres; Vermeulen, (2004) e
Sopha et al. (2009), para a Simbiose Industrial acontecer, as relações precisam estar
alinhadas com os domínios Técnico, Econômico, Político, Informacional, e
Organizacional. Em suma, o conceito básico de Simbiose Industrial é a tentativa de o
7

homem aprender e aplicar os princípios do ecossistema natural ao sistema industrial


(SOPHA et al., 2009).
A evolução das práticas de SI pode ocorrer de forma planejada ou de forma
espontânea, a exemplo da SI de Kalundborg, na Dinamarca, o mais clássico exemplo de
SI tratado pela literatura em Parque Industrial Ecológico (PIE).

5. Elementos de simbiose Industrial

A simbiose industrial é um conceito que envolve a colaboração e a interação


entre empresas co-localizadas para otimizar o uso de recursos e reduzir impactos
ambientais. Alguns dos elementos da simbiose industrial incluem a troca de
subprodutos, resíduos e energia entre as empresas, a partilha de infraestruturas e a
cooperação no desenvolvimento de práticas sustentáveis. Frosch e Gallopoulos (1989),
descreveram o conceito como "a eficaz e abundante utilização de subprodutos –
incluindo energia, água e materiais – entre diferentes indústrias para atingir benefícios
mútuos". Este conceito promove a redução de desperdícios e a promoção da
sustentabilidade nas operações industriais.

Pode-se identificar os oitos elementos, sendo cinco deles presentes no entorno


do sistema, onde estes influenciam o sistema como um todo e o desenvolvimento da SI.
Estes elementos são o estado, os clientes, as redes financeiras, a sociedade e as
instituições de pesquisas, que são os atores sociais que contribuem diretamente para a
eficiência deste sistema. Dentro do círculo (representando o sistema) estão dois
elementos fundamentais para o desenvolvimento da SI, a capacidade institucional e as
atividades da SI, que são realizadas pelos agentes do sistema, de forma evolutiva e
contínua. Estes dois elementos são os que movem o sistema, ou seja, transformam os
agentes ao longo do tempo para uma visão de contribuição ao meio ambiente e de
estratégia compartilhada para obtenção e benefícios mútuos. Por fim, no centro está o
elemento custo, este que é considerado chave para a transformação dos agentes e para o
desenvolvimento da SI. O custo é enxergado como elemento mais importante, já que os
agentes são cobrados por resultados monetários, porém, ao longo da evolução da SI,
este deve ser enxergado como um indicador econômico do sistema, e ser considerado
em segundo plano, depois dos benefícios ambientais e sociais conquistados.
8

6. Transacções de simbiose Industrial

Dos artigos selecionados na categoria Engineering, Environmental e na categoria


Engineering, Industrial, com a palavras-chave Industrial Ecology, identificou-se as
principais relações básicas conforme demonstrado nos Quadro

Ainda, de acordo com Frosch and Gallopoulos (1989) em “Strategies for


manufacturing” um ecossistema industrial é um sistema, no qual o consumo de energia
e materiais é otimizado, a geração de resíduos é minimizado e os efluentes de um
processo servem como matéria-prima para outro processo.

Estudos recentes têm um enfoque no ecossistema industrial, metabolismo


industrial e simbiose industrial a partir de uma ótica biológica e de engenharia.
Entretanto visões de economia e tecnologia são diferentes, e unir os pontos de vista
fortalece a compreensão dos benefícios da Simbiose Industrial. Reduzir impactos
ambientais e ao mesmo tempo fazer o uso mais eficiente dos recursos não parece ser
suficiente para que uma simbiose aconteça (SOPHA et al., 2009).

Assim é importante considerar que além identificar as relações básicas


necessárias para determinar o processo de simbiose industrial, um modelo de Simbiose
Industrial também envolve uma análise social e institucional do sistema industrial de
produção.

Definições
A Definição da simbiose industrial ocorre por meio de 3 principais transacções
simbióticas
Intercâmbio de Compartilhamento de Cooperação em gestão
subprodutos utilitários e/ou serviços
Utilização de resíduos de Como no tratamento de Cooperação nas questões
outras empresas como água para de interesse comum como
matérias primas. reaproveitamento, energia, planeamento, treinamento
tratamento de resíduos. ou gestão da
sustentabilidade.
9

7. Domínios de funcionamento da Simbiose Industrial

A literatura enfatiza a troca de resíduos como a principal características do


desenvolvimento da Simbiose Industrial. Este é um importante elemento, mas se o
objectivo é a sustentabilidade, é necessário uma perspectiva abrangente que envolva
aspectos económicos, sociais e ecológicos (VEIGA E MAGRINI, 2009).

Os factores de sucesso e as barreiras que a literatura sobre Simbiose Industrial


aponta, variam desde a falta de técnica e recurso económico, organizacional, da
natureza do processo de tomada de decisão, conscientização sobre os aspectos de
informação e know-how e atitudes dos atores para que seja formada a rede de interacção
(EHRENFELD e GERTLER, 1997; KORHONEN, 2002; HEERES e VERMEULEN,
2004; SOPHA te al., 2009). Esses factores são definidos conforme demonstrado no
Quadro 2:Dominio de funcionamento da simbiose industrial

Domínios Definição
Técnico A ração e cenicamente viável em ermos Quiocos,
físicos e espaciais entre os fluxos de troca, compatível
entre as necessidades e capacidades e com custos de
tecnologias acessíveis.
Economico A reacção deve ser economicamente viável ou não
apresentar riscos económicos em termos de custos dos
insumos virgens no valor dos resíduos e fluxo de
subprodutos, transacção e custos de oportunidades,
tamanho de investimento de capital e taxas de
desconto.
Policio Causada por diversos aspectos de leis e regulamentos
ambientais como politicas internacionais, elementos
fiscais e impostos, taxas, multas, subsídios e créditos.
Informativo As pessoas certas necessitam da informação correcta
no momento correcto. O cesso e a disponibilidade de
informação relevante entre as áreas e com correcto
10

direccionamento e um continuo gerenciamento da


inforcao.
Organizacional e O objectivo precisa estar alinhado com a etrutura
institucional organizacional da empresa em diversos niveis, em
termos de confianca, abertura, maturidade ambienal,
nivel de interracao social e proximidade,
disponibilidade local na tomada de decisao, hisoria da
organizacao, a natureza de interacao entre as
industrias, formuladores de politicas, e cultura
organizacional (familiaridade).

8. Exemplo de simbiose industrial

Entre os mais referenciados exemplos de SI, está o do distrito industrial de


Kalundborg, na Dinamarca, que em um ano chegou a realizar a troca de 2,9 milhões de
toneladas de resíduos entre as empresas ali localizadas (CHERTOW, 2000).

Arantes (2014) revela que em Kalundborg há uma particularidade quanto aos


demais projectos de SI, que é o envolvimento da comunidade na discussão sobre o uso
de um recurso natural, a água. Esta mesma autora relata em sua pesquisa que em
Triangle, nos Estados Unidos, a SI foi favorecida pela discussão entre geradores de
resíduos, empresas com potencial uso para os resíduos e experts no assunto. Tal fato,
culminou no aumento da divulgação das possibilidades de troca e a alimentação de um
banco de dados sobre oferta e demanda. Referente a essas diferenças entre a
participação de mais atores nas discussões da SI, Gertler (1995) esclarece que a
coordenação da SI pode ser realizada de3 formas: interna; através de um intermediário;
ou externa com participação de organismos setoriais.

Essa última, com a participação de organismos setoriais como organizações não


governamentais, governo e academia (ciência), geralmente tem como motivador as
questões ambientais, tais como o controle da poluição. Contudo, é importante que as
ações desta coordenação sejam planejadas uma vez que serão interinstitucionais e
precisam mobilizar as partes na busca dos objetivos da SI.
11

A simbiose em Kalundborg não foi inventada ou planejada, mas se desenvolveu


organicamente ao longo de cinco décadas.

A simbiose Kalundborg surgiu como resultado de conversas privadas entre


alguns gestores de empresas da região Kalundborg nos anos 60 e 70 e de acordos
bilaterais entre empresas.

9. Eco-parque industrial

O conceito de Parques Industriais Ecológicos (PIE) começou a ser desenvolvido


em meados da década de 90, pelo US-EPA (VEIGA, 2007; ROSENTHAL, BELL,
MCGALLIARD, 1998 apud VEIGA; MAGRINI, 2012). O PIE “é um instrumento de
gestão ambiental cooperativa, que busca atingir o desenvolvimento sustentável ao
integrar em um único instrumento seus três pilares - ambiental, econômico e social”
(VEIGA; MAGRINI, 2012, p. 2). De acordo com as autoras os PIEs “podem ocorrer de
duas formas: co-localizados ou virtuais”.

Sumariamente, um Parque Industrial Ecológico é definido como uma


comunidade de negócios em busca de melhorias em suas performances ambientais e
econômicas, colaborando no gerenciamento ambiental incluindo energia, água e
materiais, levando a ganhos econômicos, qualidade ambiental, melhorias tanto para o
homem, a instituição e comunidade local. Um Parque Industrial Ecológico não possui
uma única forma ou padrão, além de possuir diferentes aspectos socioculturais da região
onde está instalado (TANIMOTO, 2004).

PIEs colocalizados

Nos PIEs co-localizados as industrias se localizam em “clusters”, onde a


proximidade física facilita o desenvolvimento de sinergias, maiores oportunidades para
integração e cooperação entre os atores envolvidos. Os PIEs co-localizados podem
ainda ser desenvolvidos em distritos industriais em operação ou abandonados, os
denominados “brownfield sites”, onde algum tipo de relação já existe, a infraestrutura
pré-existente pode ser adaptada para atender as necessidades dos novos integrantes ou
ainda em “greenfield sites”, onde o PIE é planejado do zero (from scratch) considerando
o desenvolvimento de potenciais sinergias e parcerias (resíduos, água, energia, serviços,
instalações) entre as possíveis industrias parceiras (VEIGA; MAGRINI, 2012, p. 2).
12

PIEs virtuais

Nos PIEs virtuais as indústrias estão localizadas em uma região, articulando-se


em redes
(diferentes áreas / municípios), aumentando assim a possibilidade de sinergias
visto existir uma gama maior de atores e consequentemente uma maior diversidade de
resíduos gerados e permutados (VEIGA; MAGRINI, 2012, p. 2).
Em um PIE, várias empresas ou fábricas podem ser unidas por fluxos que
permitem
que os subprodutos e resíduos de uma empresa possam ser usados como
matérias-primas ou energias para a produção de outros produtos por outra empresa,
formando uma relação industrial simbiótica (TIEJUN, 2010).

É importante ressaltar que, conforme visto no capítulo 2, o principal diferencial


entre
Parques Industriais e a terminologia Rede de Empresas, é que nestes, as
empresas atuam em um mesmo segmento industrial (PORTER, 1998; PETTER, 2012).
Não obstante, o desafio desta pesquisa está em elaborar uma metodologia/ferramenta
capaz de avaliar a presença de práticas de Simbiose Industrial em ambientes tanto de
Parques Industriais, como naqueles com aspectos diferenciados que é o caso de rede de
empresas.

Portanto, esta pesquisa, ao verificar a existência de indícios de Simbiose


Industrial em ambientes improváveis, bem como seu determinado estágio, resultará em
alternativas para evolução e fortalecimento das práticas. Ademais, de acordo com
Chertow (2007), Pakarinen et al. (2010), Lehtoranta et al. (2011), a prática de SI que
evolui espontaneamente, demonstra-se mais durável e funcional do que aquela
construída especificamente com essa finalidade. Tal afirmação ressalta a necessidade de
um instrumento que possibilite um diagnóstico eficaz, permitindo a identificação da
Simbiose Industrial para se traçar estratégias que permeiem o Desenvolvimento
Sustentável das empresas.

10. Desafios e oportunidades de simbiose industrial na cidade de Quelimane

No que concerne à implementação de redes de simbiose, os desafios que o


município e as empresas podem encontrar estão relacionados especialmente aos
13

aspectos legais que determinam a destinação de resíduos industriais; à viabilidade


econômica, que compreende as quantidades de resíduos geradas em relação às
quantidades utilizadas pelas receptoras; às questões operacionais, tomando-se em
consideração a qualidade do material a ser substituído e a tecnologia necessária para a
utilização desses resíduos; e, por fim, mas não menos importante, às relações de
confiança e cooperação entre organizações (CLIFT et al., 2016; MALCOM et al., 2002;
CHERTOW, 2007; JENSEN et al., 2012; SOUZA et al., 2018; PAULA et al., 2019;
PROSMAN et al.,2019).

É igualmente importante que as organizações geradoras apresentem medidasque


garantam a integridade dos resíduos e possibilitem seu reaproveitamento desde sua
geração até o transporte ao destino final, isto é, as organizações receptoras que
utilizarão esses rejeitos como matéria-prima. Dessa forma, é necessário que exista
gerenciamento dos resíduos na fonte.

A simbiose industrial na cidade de Quelimane pode trazer consigo uma série de


desafios e oportunidades. Alguns dos desafios podem incluir a necessidade de
coordenação e colaboração entre as empresas para garantir a eficiência e a
sustentabilidade do processo de simbiose industrial. Além disso, questões como a gestão
de resíduos, a logística e a infraestrutura adequada também podem representar desafios
a serem superados.

Por outro lado, a simbiose industrial em Quelimane pode trazer várias


oportunidades econômicas e ambientais. A redução de resíduos, o compartilhamento de
recursos e a criação de sinergias entre as empresas podem levar a uma maior eficiência
operacional e ao desenvolvimento de novos produtos e serviços. Além disso, a adoção
de práticas sustentáveis pode melhorar a imagem das empresas e contribuir para a
construção de uma economia mais verde e resiliente.

A simbiose industrial em Quelimane apresenta tanto desafios quanto


oportunidades, e o sucesso desse modelo dependerá da capacidade das empresas locais
de colaborar, inovar e se adaptar às demandas do mercado e às exigências ambientais.
14

11. Conclusão

Com base na pesquisa realizada sobre simbiose industrial, podemos concluir que
essa abordagem oferece uma oportunidade valiosa para as empresas colaborarem de
forma inovadora, visando a otimização de recursos, a redução de custos e a promoção
da sustentabilidade. Ao integrar processos produtivos e compartilhar recursos, as
empresas podem atingir benefícios econômicos significativos, ao mesmo tempo em que
reduzem seu impacto no meio ambiente.

Os exemplos de sucesso apresentados demonstram que a simbiose industrial não


só é viável, mas também vantajosa em diversos setores. No entanto, é importante
ressaltar que sua implementação requer um compromisso sólido das organizações
envolvidas, assim como a superação de desafios como a adaptação de processos e a
construção de parcerias eficazes.

Diante disso, recomenda-se que as empresas considerem seriamente a adoção da


simbiose industrial em suas estratégias de negócio, buscando não apenas benefícios
econômicos, mas também a construção de relacionamentos colaborativos de longo
prazo. A sustentabilidade e a eficiência operacional devem ser pilares fundamentais
nesse processo, visando não apenas o sucesso das empresas, mas também o bem-estar
do planeta.

Portanto, a simbiose industrial representa uma oportunidade valiosa para as


empresas se destacarem em um mercado cada vez mais competitivo e consciente
ambientalmente, contribuindo para um modelo de desenvolvimento mais sustentável e
responsável.
15

12. Bibliografia

ALMEIDA, J.R., MELLO, C.S. and CAVALCANTI, Y. Gestão ambiental:


planejamento, avaliação, implantação, operação e verificação. 1. ed. Rio de
Janeiro: Ed Thex , 2001. p.259.

BAAS, L. Planning and Uncovering Industrial Symbiosis: Comparing the Rotterdam


and Östergötland Regions. Business Strategy and the Environment, 2011, 20,
428-440.

DIADEMA. Cadastro das Indústrias. Disponível em: http://www.diadema.


sp.gov.br/cadastro-das-industrias. Acesso em: 12 dez. 2019.

DIAS, R. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo:


Atlas, 2007.

ANH, P. T.; MY DIEU, T. T.; MOL, A. P. J.; KROEZE, C.; BUSH, S. R. Towards eco-
agro industrial clusters in aquatic production: the case of shrimp processing
industry in Vietnam. Journal of Cleaner Production, v. 19 n. 17-18, p. 2107-
2118, 2011.

BAILEY, R.; BRAS, B.; ALLEN, J. K. Measuring material cycling in industrial


systems. Resources, Conservation and Recycling. v. 52, n. 4, p. 643-652, 2008.

BAIN, A.; SHENOY, M.; ASHTON, W.; CHERTOW, M. Industrial symbiosis and
waste recovery in an Indian industrial area. Resources, Conservation and Recycling, v.
54, n. 12, p. 1278-1287, 2010.

BOCKEN, N. M. P.; ALLWOOD, J. M.; WILLEY, A. R.; KING, J. M. H.


Development of a tool for rapidly assessing the implementation difficulty and emissions
benefits of innovations. Technovation, v. 32, n.1, p. 19-31, 2012.

Você também pode gostar