Educação Física Inclusiva

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Educação

Física Inclusiva

PROFESSORA
Dra. Naline Cristina Favatto

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NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. FAVATTO, Naline Cristina.
Educação Física Inclusiva. Naline Cristina Favatto. Maringá - PR: Unice-
sumar, 2022.

136 p.
ISBN 978-85-459-2153-0
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Educação Física 2. Inclusiva. 3. EaD. I. Título.

 CDD - 22ª Ed. 796.04

Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB-9-1679

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia
Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de
Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas
Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de
Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia
Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia
Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Lavígnia da
Silva Santos, Designer Educacional Amanda Peçanha, Revisão Textual Cintia Prezoto, Ilustração Geison Ferreira da
Silva, Eduardo Aparecido Alves, Fotos Shutterstock.

2
Minha História Meu curriculo

Dra. Naline Cristina Favatto


Olá, querido(a)! Neste espaço, quero compartilhar com você um pouco mais
da minha história profissional. Após finalizar a graduação em Educação Física,
minha primeira oportunidade de trabalho foi como professora em uma escola
de educação especial e a partir daí meus laços com a área nunca mais foram
desfeitos. Como qualquer professor iniciante, senti receio de não atender as
necessidades dos meus alunos, mas com o tempo e muita dedicação aos es-
tudos comecei a observar o avanço de cada um deles em minhas aulas. Após
alguns anos lecionando em escolas especializadas e em escolas regulares em
turmas com alunos com deficiência, ingressei como professora no ensino su-
perior, na Unicesumar! Aqui continuei atuando com a disciplina de Educação
Física Inclusiva para o curso de graduação em Educação Física EAD. Além disso,
conciliar meus cursos de mestrado e doutorado durante esses anos contribuiu
muito para uma aprendizagem efetiva no campo da formação de professores
de Educação Física.
Associado a toda essa rotina de trabalho e estudos, gosto de praticar atividade
física, viajar, assistir a documentários e ler livros voltados ao autoconhecimento.
Além disso, amo compartilhar momentos junto à minha família e, se possível,
tomando sempre um bom café!
Link lattes: http://lattes.cnpq.br/5241937170211496
Provocações Iniciais

EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA

Você está iniciando esta disciplina, e acredito que muitas pessoas tenham
curiosidade a respeito desse conteúdo, e você pode ser uma delas! Talvez, você
já tenha tido algum contato com pessoas com deficiência, seja na escola, no
trabalho ou na família, e se indagou sobre como elas realizam as atividades de
Educação Física! Ou sua curiosidade acerca deste conteúdo tenha sido motivada
ao assistir aos Jogos Paralímpicos! O que é a Educação Física Inclusiva, afinal?
Atividades esportivas adaptadas? Estimulação motora? Socialização entre os
alunos?
A proposta desta disciplina é apresentar a você um cenário amplo a respeito
da pessoa com deficiência e as diferentes formas de desenvolver atividades
adaptadas, a fim de lhe dar subsídios para o entendimento de como este sujeito
aprende e se desenvolve nas aulas de Educação Física. Esse desenvolvimento
transcende o físico, pois leva ao desenvolvimento afetivo, social e intelectual.
A disciplina de Educação Física Inclusiva oferece a você, futuro(a) profissio-
nal da Educação Física, compreender todo o processo histórico que perpassa a
deficiência, desde a exclusão social até a inclusão e a acessibilidade da pessoa
com deficiência nos diversos ambientes. Aprender sobre os tipos de deficiências
mais comuns, sejam elas de origem pré, peri e pós-natal e partir disso traçar
estratégias de ensino por meio de abordagens que facilitarão a execução de suas
aulas. Enfim, todo este conhecimento proporcionará a você maior habilidade
e compreensão de como desenvolver diferentes tipos de atividades de forma
inclusiva e adaptada para pessoas com deficiência.
Você perceberá que esta disciplina tem o propósito de lhe auxiliar a com-
preender o sujeito que aprende, para que, assim, tenha mais segurança na
escolha da melhor estratégia de ensino que utilizará. Iniciamos a estruturação
desse material caminhando por questões históricas até chegar ao cenário atual
acerca da pessoa com deficiência. Logo em seguida, abordamos questões sobre
a acessibilidade da pessoa com deficiência, transitando sempre nos campos
educacionais e sociais. Isto posto, realizamos uma prazerosa imersão sobre as
características das deficiências mais comuns de ordem motora, intelectual, visual
e auditiva e, a partir disso, colocamos todas as nossas atenções nas atividades
adaptadas e as melhores abordagens para sua utilização. Por fim, dedicamos
um momento exclusivo para conhecer todos os esportes Paralímpicos de verão
e de inverno.
Na prática, esse conhecimento possibilita para você, futuro(a) profissional
da Educação Física, um diferencial, pois passa a conhecer e entender o processo
de aprendizagem sobre o olhar da inclusão, indo além das práticas rotineiras
pautadas em atividades que nunca foram modificadas ou repensadas de forma
inclusiva. Você, futuro(a) profissional, compreenderá que para cada tipo de de-
ficiência existe uma abordagem que se adequa às suas características e, assim,
promove as suas potencialidades, ou seja, o aluno pode aprender de maneiras
diferentes e cabe a você buscar a melhor estratégia para possibilitar o acesso
a essas experiências.
sum ário

UNIDADE I
10 A DEFICIÊNCIA AO
LONGO DA HISTÓRIA

UNIDADE II
28 ACESSIBILIDADE E OS TIPOS
DE DEFICIÊNCIAS

UNIDADE III
54 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E
A DEFICIÊNCIA MOTORA

UNIDADE IV
82 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E A
DEFICIÊNCIA VISUAL E INTELECTUAL

UNIDADE V
102 ESPORTES PARALÍMPICOS
A DEFICIÊNCIA AO
LONGO DA HISTÓRIA

Dra. Naline Cristina Favatto

Oportunidades de aprendizagem

Nesta unidade, teremos a oportunidade de aprender sobre


a história da pessoa com deficiência, assim como refletir
sobre todo este contexto em que ela se encontra inserida
desde a Idade Média até os dias atuais. A partir dessa
contextualização, será possível conceber o processo de
inclusão da pessoa com deficiência por meio das principais
leis e decretos que a ampara e compreender a necessidade
de políticas públicas que amparem essas pessoas em todos
os âmbitos de sua vida.
unidade

I


Provavelmente você já deve ter lido ou ouvido falar sobre as dificuldades que as pessoas com deficiência
enfrentam, assim como todo o misticismo e o preconceito que elas passaram desde a antiguidade até os dias
atuais. Pois bem, imagine que você nasceu na Idade Média com alguma deficiência e que por este motivo sua
vida seria ceifada, porque, de acordo com as crenças daquela sociedade, você era fruto de um pecado. Ou
mais, imagine que você deu à luz a uma criança com deficiência e todos à sua volta te julgam, pois crianças
com deficiência só nasciam em lares cujos pais haviam cometido um grave pecado, e Deus os castigava com
a vinda de um filho com deficiência. Já imaginou ser chamado de monstruosidade, defeituoso, débil mental,
entre outros termos pejorativos, porque você nasceu com algum tipo de deficiência?
Essas reflexões iniciais são de extrema importância, pois você, futuro profissional de Educação Física,
precisa compreender toda essa caminhada histórica pela qual a pessoa com deficiência perpassou, para que
possa dar significado e visibilidade em sua prática profissional.
Dentro dessa temática, proponho que você questione aos seus pais, avós ou pessoas mais velhas que você,
como amigos ou conhecidos, como as pessoas com deficiência eram tratadas antigamente. Você também
pode procurar em livros e vídeos sobre o assunto. Reflita sobre toda essa riqueza de informações que você
encontrará e, por alguns minutos, se coloque no lugar delas e tente compreender todas as suas necessidades
educacionais e sociais que não foram atendidas naquele período.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste breve exercício de compreender como essas pessoas viviam neste período, acredito que você deve
ter recebido muitas informações que lhe causaram espanto, assim como um grande desconforto ao se colocar
no lugar deles, não é mesmo? Então, agora, é a hora de você colocar, em seu Diário de Bordo, todas essas
informações e sensações que você experienciou durante a execução desta tarefa!

A partir dessas discussões te convido agora a fazer uma imersão rica e cheia de muitas informações impor-
tantes além várias curiosidades!
Por meio de uma perspectiva histórica, os autores Kirk e Gallagher (1987), Mendes (1995) e Sassaki (1997)
delinearam quatro importantes fases acerca do desenvolvimento do atendimento à pessoa com deficiência.
Essas fases nos trazem uma riqueza de informações que se inicia na Idade Média desde a compreensão da
existência da pessoa com deficiência e se finda nas Políticas Educacionais mais atuais voltadas à Educação
Especial no Brasil.

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Nesta fase, essa criança era entendida como cas-


tigo, não somente aos olhos da família, mas por toda
a sociedade. Toda esta crença e misticismo acerca da
deficiência fazia com que os próprios pais escon-
dessem da sociedade seus filhos com deficiência e,
em casos mais extremos, eram mortos, pois dentro
desse contexto, ao expor um filho deficiente para a
sociedade, mostravam-se também os pecados que
estavam associados a elas. De acordo com Sullivan
(2001), na Grécia, por volta de 480 a.C., as crianças,
ao nascer, eram examinadas e, quando apresentavam
alguma deficiência, eram atiradas de um cume de
2400 m de altitude por não estarem dentro do padrão
físico adequado.

E no que concerne aos que receberam corpo


mal organizado, deixa-os morrer [...]. Quanto
às crianças doentes e as que sofreram qualquer
deformidade, serão levadas, como convém, a pa-
1ª FASE: radeiro desconhecido e secreto (PLATÃO apud
SILVA, 1987, p. 124).
A primeira fase, datada na Idade Média, destaca-se
como o período mais complexo para a pessoa com O desprezo com que a criança com deficiência era
deficiência. Nesta fase, devido às crenças religiosas, as tratada, também pode ser observado no discurso de
pessoas acreditavam que o nascimento de uma pessoa Sêneca (4 a.C.- 65 d.C, p. 46):
com deficiência estava ligado ao pecado. Isso mesmo,
aquela sociedade acredita que se uma criança deficiente Não se sente ira contra um membro gangrenado
que se manda amputar; não o cortamos por ressen-
nascia era certamente porque seus pais haviam come-
timento, pois, trata-se de um rigor salutar. Matam-se
tido um grave pecado e como um castigo divino este cães quando estão com raiva; exterminam-se touros
casal dava à luz a uma criança com deficiência. Sobre bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas
este período, Adams, Bell e Griffin (2007) destacam que para que as demais não sejam contaminadas; mata-
a deficiência era vista como atuação de maus espíritos mos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se
nascerem defeituosos e monstruosos afogamo-los;
e do demônio, sob o comando das bruxas, e também não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos
resultado da ira celeste e castigo de Deus. as coisas inúteis das saudáveis.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Para ilustrar essa fase, utilizamos a Figura 1, que sin- que apresentavam deficiências (ZAVAREZE, 2009).
tetiza que este período foi fortemente marcado pela O termo “depósito” soa bastante ofensivo, mas foi
exclusão de Pessoas com Deficiência. assim denominado popularmente, uma vez que não
tinha objetivo algum de estimular essas pessoas, mas
apenas recebê-las. Dessa maneira, é importante que
você, aluno(a) entenda que até este período não ha-
via nenhuma preocupação com o desenvolvimento
intelectual, motor e social dessas pessoas.
Para ilustrar essa fase, utilizamos a Figura 2, que
sintetiza o período de segregação que foi fortemente
marcado pela separação entre grupos que possuíam
deficiência e grupos sem deficiência.

Figura 1 - Exclusão das Pessoas com Deficiência / Fonte:


Paraná (2019).

Descrição da Imagem na imagem, observa-se uma ilustração


composta por um círculo fechado apenas com pessoas sem defi-
ciência ocupando o mesmo espaço. Fora deste círculo, observa-
-se pessoas com deficiência sozinhas e excluídas do grupo com
pessoas sem deficiência. Figura 2 - Segregação das Pessoas com Deficiência / Fonte:
Paraná (2019).

2ª FASE: Descrição da Imagem Na imagem “Segregação das Pessoas com


Deficiência” observa-se uma ilustração composta por dois círculos
de tom verde. O círculo do lado esquerdo é o maior, e ali estão
apenas as pessoas sem deficiência, já no círculo do lado direito,
A segunda fase dessa análise histórica, comumente que é o menor, encontram-se as pessoas com deficiência.
conhecida pela fase de segregação da pessoa com
deficiência, caracterizou-se pela institucionalização
de pessoas com deficiências, a partir do século XVIII Outra curiosidade desagradável por volta deste pe-
e permaneceu até meados do século XIX no Brasil. ríodo, especificamente entre os séculos XVII, XVIII
Nesse momento, a deficiência passou a ser institu- e XIX foi a apresentação de pessoas com deficiência
cionalizada, mas isso não significa que elas recebiam em circos e em praças públicas. Perceba que essa
atendimento educacional especializado, certo? Essas realidade, até os dias de hoje, não está tão distante
instituições residenciais recebiam essas crianças e de nós. Nos dias de hoje ainda é possível encontrar
jovens e eram chamadas de “depósitos” de pessoas a apresentação de anões, pessoas com gigantismo

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ou alguma característica tida como “diferente” para para o circo ou, até mesmo, os colocavam em exposição
a sociedade em alguns circos. A Figura 3 ilustra em praças públicas motivados pelo interesse financeiro.
exatamente a realidade dos circos nesse período;
nela, podemos identificar pessoas com nanismo,
microcefalia, extremamente magras, mulheres com
barba, entre outros. Observe que o preconceito não
estava somente ligado a pessoas que apresentam
deficiência, mas também naquelas que fugiam do
padrão de normalidade instituído na época. Em
alguns momentos, parece até que estamos falando
dos dias atuais, não é mesmo?

Figura 4 - Myrtle se tornou famosa por ter quatro pernas e


começou a se apresentar no circo aos 13 anos de idade / Fonte:
Wikipedia (2018, on-line).

Descrição da Imagem na imagem, temos a fotografia em cor sépia


de uma menina sentada em uma cadeira, A menina possui quatro
pernas, sendo duas maiores (sendo essas as duas de fora) e duas
menores (sendo essas as duas de dentro, ficando entre as duas
maiores), ela veste uma meia listrada até a altura do joelho e com
uma bota de cor escura e uma blusa escura comprida nos braços.

Figura 3 - Equipe de filmagem de “Freaks, de Tod Browning”,


retratava o trabalho de diversas pessoas que apresentavam 3ª FASE:
deficiências em circos / Fonte: Tendimag (2014, on-line).

Descrição da Imagem Na imagem, podemos observar uma foto- A terceira fase é marcada, já no final do século XIX
grafia em preto e branco que aparece nove integrantes do filme
Freaks, de Tod Browning. Dentre eles, dois possuem nanismo, e meados do século XX, pelo desenvolvimento de
quatro possuem microcefalia, um rapaz e uma mulher de grande
estatura e uma mulher barbada.
escolas especializadas e turmas especiais em escolas
públicas, visando oferecer à pessoa com deficiên-
cia uma educação à parte. Dentro desse contexto, é
Nesse período, a exposição dessas pessoas ocorria em importante ressaltar que, nesta fase, foram criadas
praças públicas, sendo motivo de estranheza e zombaria escolas especializadas e salas especiais dentro de es-
de toda a sociedade. Muitos pais vendiam seus filhos colas regulares. A primeira escola especializada, no

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Brasil, foi fundada na cidade do Rio de Janeiro, no Essa fase, certamente, foi o primeiro passo
final de 1854, tendo como foco pessoas com deficiên- para a valorização e luta pela igualdade de
cia visual, nomeada, na época, como “Instituto dos direitos no âmbito educacional voltado
Meninos Cegos”. Atualmente é chamado de “Instituto à pessoa com deficiência. A criação de
Benjamin Constant Botelho de Magalhães”. Após escolas que pudessem atender, de manei-
esse período, diversas outras escolas especializadas ra específica, essas crianças, não somente
para o atendimento de deficientes físicos, visuais com fins assistencialistas, mas no sentido
e intelectuais foram criadas em todo Brasil, sendo de educá-las e estimulá-las em sua apren-
algumas delas a Associação de Pais e Amigos dos dizagem, foi de fato um grande marco
Excepcionais (APAE), assim como centro e escolas histórico.
de atendimento especializado para pessoas com de-
ficiências motoras e intelectuais. 4ª FASE
Para ilustrar essa fase, utilizamos a Figura 5, que
sintetiza esse período que foi marcado pela criação Na quarta fase, no final do século XX,
de escolas especializadas e salas especiais dentro de por volta da década de 70, observa-se
escolas regulares. um movimento de integração social dos
indivíduos que apresentavam deficiência,
ou seja, a fase da tão esperada inclusão de
alunos com deficiência dentro de turmas
regulares. Neste período, o objetivo era
inseri-los em ambientes escolares, o mais
próximo possível daqueles oferecidos a
pessoas que não apresentavam deficiên-
cias. Zavareze (2009) menciona que, nesse
momento, o intuito passou a ser educar
essas pessoas com deficiência em sua
capacidade máxima de aprendizagem. É
importante destacar que essa é a fase atual
em que nos encontramos, observe como
ainda se faz muito presente a luta pela va-
Figura 5 - Institucionalização de salas e escolas Especializadas / lorização e inclusão de crianças e jovens
Fonte: Paraná (2019).
com deficiência em nosso cotidiano.
Para ilustrar essa fase, utilizamos a Fi-
Descrição da Imagem Na imagem “Institucionalização de salas e
escolas Especializadas”, observa-se a ilustração de dois círculos, gura 6, que sintetiza nosso período atual,
sendo que o círculo menor de cor verde se encontra dentro do
círculo maior de cor azul. No círculo grande estão as pessoas em que alunos com deficiência estudam
sem deficiência, já dentro do círculo pequeno encontram-se as
pessoas com deficiência.
na mesma sala de alunos que não pos-
suem deficiência.

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Durante o século XX, a Educação Especial foi se


constituindo na Educação Brasileira. A Lei de Dire-
trizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024/61, art.
88, promulgada em 1961, destaca que “a educação de
excepcionais, deve, no que fôr possível, enquadrar-se
no sistema geral de educação, a fim de integrá-los
na comunidade” (BRASIL, 1961, on-line). Essa lei é
compreendida como um dos primeiros passos para
o atendimento da pessoa com deficiência no Brasil
de forma inclusiva.
Dez anos depois, em 1971, a Lei Educacional nº
5.692/71, art. 9º, explana que “os alunos que apre-
Figura 6: Inclusão de Pessoa com Deficiência / Fonte: Para- sentem deficiências físicas ou mentais, os que se
ná (2019).
encontrem em atraso considerável quanto à idade
Descrição da Imagem na imagem “Inclusão de Pessoa com Defi-
regular de matrícula e os superdotados deverão re-
ciência”, observa-se a ilustração de um círculo azul, onde, dentro ceber tratamento especial, de acordo com as normas
dele, estão pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência
ocupando o mesmo espaço. fixadas pelos competentes Conselhos de Educação”
(BRASIL, 1971, on-line). Nesse momento, observa-
-se algumas especificações das deficiências, assim
Essa distinção em fases é importante para que você como de crianças superdotadas, sobre a relevância
possa compreender e contextualizar historicamente de um atendimento especializado. Contudo, apesar
a deficiência, diante disso, nossas discussões irão se do acesso ao ensino regular, não é organizado um
debruçar na quarta fase, considerando que, esta per- atendimento especializado que considere as singu-
meia as principais políticas educacionais voltadas à laridades de aprendizagem de estudantes com super-
pessoa com deficiência que você, futuro profissional dotação (MEC/SEESP, 2007).
da Educação Física, precisa conhecer, seja na área da Em 1973, foi criada, pelo Ministério da Educação,
licenciatura ou no bacharelado! o Centro Nacional de Educação Especial — CENESP,
responsável pela gerência da educação especial no
Brasil, que, sob o respaldo integracionista, ocasionou
ações educacionais voltadas às pessoas com defi-
No dia 21 de setembro, comemora-se o Dia ciência e superdotação, porém ainda apresentavam
Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. características assistenciais e iniciativas isoladas do
É dia de reconhecer, reafirmar e refletir sobre Estado (MEC/SEESP, 2007).
as políticas e ferramentas para a inclusão das Em 1978, foi publicada a Portaria Interministe-
pessoas com deficiência. rial nº 186/78, cujo objetivo consistia na ampliação
de oportunidades de atendimento especializado, de

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EDUCAÇÃO FÍSICA

As necessidades básicas de aprendizagem das pes-


natureza médico-psicossocial e educacional para soas portadoras de deficiências requerem atenção
excepcionais, com o intuito de promover sua inte- especial. É preciso tomar medidas que garantam a
gração social (BRASIL, 1978). De acordo com a re- igualdade de acesso à educação aos portadores de
ferida portaria, o direcionamento de alunos para o todo e qualquer tipo de deficiência, como parte in-
tegrante do sistema educativo, pautado nos cuidados
atendimento especializado deveria ser feito por meio básicos e atividades de desenvolvimento infantil,
de um diagnóstico, compreendendo a avaliação das direcionadas especialmente às crianças pobres, de-
condições físicas, mentais, psicossociais e educacio- sassistidas e portadoras de deficiências (BRASIL,
nais do excepcional (BRASIL, 1978). 1990, on-line).
Um marco importante para a Educação Inclusiva
e a Educação Especializada se deu por meio da Cons- Outro momento histórico para o processo de estru-
tituição Federal de 1988. Em seu artigo 206, inciso I, turação de políticas educacionais se deu por meio da
estabelece a “igualdade de condições de acesso e per- Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas
manência na escola” como um dos princípios para Especiais, representada por noventa e dois países e
o ensino, assim como o Art. 208, Inciso III, garante vinte e cinco organizações internacionais, ocorri-
como dever do Estado o atendimento educacional da no ano de 1994, em Salamanca, na Espanha. Tal
especializado, preferencialmente na rede regular de conferência ficou Mundialmente conhecida como
ensino. Novamente, observamos o amparo da Lei a “Declaração de Salamanca” sobre Princípios, Políti-
qual estimula o atendimento desses alunos de ma- cas e Práticas na Área das Necessidades Educativas
neira a incluí-los na rede regular de ensino, e não Especiais, a qual estabeleceu que todas as crianças
somente em escolas especializadas. e jovens com necessidades educativas especiais de-
Em meio às lutas pela garantia à educação, em veriam ter acesso às escolas regulares, e, além disso,
1990, a Unesco estabelece “A Declaração Mundial de enfatiza que as escolas devem adequar-se por meio
Educação para Todos”, que teve por objetivo garantir de uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir
a Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendiza- ao encontro destas necessidades. A Declaração de
gem para todas as crianças, adolescentes e adultos. Salamanca reconheceu a necessidade e a urgência
Os Artigos 3 a 7 desta Declaração contemplam: de garantir a educação dessas crianças no quadro do
sistema regular de educação (BRASIL, 1994).
Universalizar o acesso à educação e promover a Pautada nessa reflexão, a orientação inclusiva, por
equidade; Concentrar a atenção na aprendizagem;
meio da inserção dessas crianças em escolas regula-
Ampliar os meios e o raio de ação da educação bá-
sica; Propiciar um ambiente adequado à aprendiza- res, constitui-se uma das ferramentas mais capazes
gem; Fortalecer alianças (BRASIL, 1990, on-line). para combater as atitudes discriminatórias, criando
comunidades abertas e solidárias, construindo uma
De maneira específica para as pessoas com deficiên- sociedade inclusiva e atingindo a educação para to-
cia, o Art. 3 enfatiza que dos. Dessa forma, os governos deverão:

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Conceder a maior prioridade, através das medidas


de política e através das medidas orçamentais, ao transtornos globais do desenvolvimento e altas
desenvolvimento dos respectivos sistemas educati- habilidades ou superdotação”:
vos, de modo a que possam incluir todas as crianças,
independentemente das diferenças ou dificuldades I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos
individuais. Adotar como matéria de lei ou como e organização específicos, para atender às suas ne-
política o princípio da educação inclusiva, admitin- cessidades; II - terminalidade específica para aqueles
do todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que não puderem atingir o nível exigido para a con-
que haja razões que obriguem a proceder de outro clusão do ensino fundamental, em virtude de suas
modo. Desenvolver projetos demonstrativos e enco- deficiências, e aceleração para concluir em menor
rajar o intercâmbio com países que têm experiência tempo o programa escolar para os superdotados; III
de escolas inclusivas, estabelecer mecanismos de - professores com especialização adequada em nível
planejamento, supervisão e avaliação educacional médio ou superior, para atendimento especializado,
para crianças e adultos com necessidades educativas bem como professores do ensino regular capacita-
especiais, de modo descentralizado e participativo. dos para a integração desses educandos nas classes
Encorajar e facilitar a participação dos pais, comu- comuns; IV - educação especial para o trabalho,
nidades e organizações de pessoas com deficiência visando a sua efetiva integração na vida em socieda-
no planeamento e na tomada de decisões sobre os de, inclusive condições adequadas para os que não
serviços na área das necessidades educativas espe- revelarem capacidade de inserção no trabalho com-
ciais. Investir um maior esforço na identificação e petitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais
nas estratégias de intervenção precoce, assim como afins, bem como para aqueles que apresentam uma
nos aspectos vocacionais da educação inclusiva. Ga- habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
rantir que, no contexto de uma mudança sistémica, psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios
os programas de formação de professores, tanto a dos programas sociais suplementares disponíveis
nível inicial como em-serviço, incluam as respos- para o respectivo nível do ensino regular (BRASIL,
tas às necessidades educativas especiais nas escolas 1996, on-line).
inclusivas (BRASIL, 1994, p. 38).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


A Declaração de Salamanca é reconhecida até os dias (1996) presume, quando preciso, os serviços de
atuais como uma das conferências mais importantes atendimento especializado, na escola regular, para
realizadas em benefício da pessoa com deficiência no atender às necessidades da clientela de educação
contexto educacional, incentivando não somente a in- especial. Especifica, também, que o atendimento
clusão, mas também o investimento dos países para a educacional desses alunos será feito em classes,
ampliação do acesso à educação inclusiva. Pela primei- escolas ou serviços especializados, sempre que,
ra vez, também observamos a preocupação em formar em função das suas condições específicas, não
professores capacitados para o atendimento dessas for possível a sua integração em classes comuns
crianças e adolescentes, fato que ainda não havia sido dentro do ensino regular (BRASIL, 1996). Ainda
destacado como prioridade em nossos estudos. assim, Souza e Prieto (2007) mencionam que esse
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Edu- direito não vem sendo assegurado, pois, nos dias
cação Nacional nº 9.394, vigente até os dias atuais, atuais, a presença de um professor auxiliar para
apresenta, no Art. 59, que “os sistemas de ensi- o melhor acompanhamento do aluno no ensino
no assegurarão aos educandos com deficiência, regular é ofertada apenas a uma parcela deles.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

de ensino, a seguinte contrapartida: disponibilização


Entre os anos de 2009 e 2010, podemos ob- de espaço físico para implantação dos equipamen-
servar mais uma vitória no campo da educação tos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos
especializada a partir da criação de Salas de Re- de acessibilidade, bem como, do professor para atuar
cursos Multifuncionais. Essas salas apresentam no AEE (MEC, 2010, s.p.).

características diferenciadas das demais salas do


ensino regular, sendo uma grande ferramenta de As salas de recursos multifuncionais são separadas
ensino para alunos incluídos: de acordo com a deficiência que o aluno apresenta ou
superdotação. Os Estados se organizam e nomeiam
o Programa disponibiliza às escolas públicas de essas salas na educação básica de formas diferen-
ensino regular, conjunto de equipamentos de in-
ciadas, no entanto, veja, a seguir, a organização das
formática, mobiliários, materiais pedagógicos e de
acessibilidade para a organização do espaço de aten- salas de atendimento educacional especializado do
dimento educacional especializado. Cabe ao sistema Estado do Paraná (PARANÁ, 2010).

Sala de Recursos Multifuncional Tipo I atendimento educacional


especializado (AEE), de natureza pedagógica para alunos que apresentam:
• Deficiência Intelectual
• Deficiência física neuromotora
• Transtornos globais do desenvolvimento
• Transtornos funcionais específicos

Sala de Recursos Multifuncionais Tipo II e/ou o Centro de Atendimento


Educacional Especializado (AEE) na Área da Deficiência Visual – CAEDV
para alunos que apresentam:

• Cegos
• Baixa visão
• Outros acometimentos visuais

Atendimento Educacional Especializado (AEE) para Surdos


• Atendimento Educacional
• Especializado em Libras
• Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Libras
• Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa

Atendimento para alunos com Altas Habilidades/Superdotação:


Espaço organizado com materiais didático-pedagógicos, equipamentos e
profissionais especializados onde é ofertado o atendimento educacional
especializado (AEE) que visa atender às necessidades educacionais dos
alunos superdotados na Rede Pública de Ensino.

Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (Sareh):


Atendimento educacional aos alunos que estão impossibilitados de
frequentar a escola devido à internação hospitalar ou tratamento de
saúde domiciliar.

Figura 7 - Recursos Didáticos / Fonte: adaptada de Paraná (2010).

19


A discussão acerca da inclusão de alunos com defi- As discussões e reflexões acerca das diversas temáti-
ciência na educação básica, assim como a matrícula cas que envolvem a pessoa com deficiência sempre
desses alunos em escolas especializadas é extensa, se farão presentes, por isso é de fundamental impor-
posto que a falta de investimentos na educação bá- tância retomar fatos históricos para que possamos
sica com profissionais capacitados ao atendimen- compreender como chegamos até aqui. Em nossas
to especializado destes alunos levam muitos pais a leituras anteriores, pudemos evidenciar que filósofos
matricularem seus filhos em escolas especializadas. da antiguidade, como Sêneca, referem-se à pessoa
De fato, muitas escolas especializadas possuem um com deficiência como “monstruosidade”. O con-
papel primordial para o atendimento educacional de ceito de monstruosidade atribuído às crianças com
qualidade voltado às necessidades básicas de apren- deformidades físicas perdurou até o século XX na
dizagem desses alunos, principalmente quando estes literatura anatômica, no entanto, essa nomenclatura
apresentam deficiência intelectual moderada a seve- vem sendo substituída, a fim de caracterizar as defi-
ra. Um exemplo dessas escolas são as Associação de ciências e respeitar essas pessoas. Nessa perspectiva,
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) que pres- a chamada monstruosidade não se referia apenas às
tam atendimento educacional especializado para este pessoas com características muito diferentes, mas
público com profissionais da área da educação e da também àquelas deficiências que poderiam resultar
saúde, como fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudió- em dificuldades severas para que conseguissem rea-
logos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. lizar as tarefas ao longo de suas vidas (SILVA, 2006).
Sem dúvida alguma a relevância de escolas especiali- Em relação a essa temática, farei uso da análise
zadas para muitos alunos é fundamental e de extrema de Sassaki (2002) sobre nomenclaturas utilizadas ao
importância para nossa sociedade. referenciar as pessoas com deficiência. O autor des-
taca que o termo inválido e/ou incapacitado pode ser
encontrado em diversas Leis e Decretos nacionais e
internacionais até os anos de 1960. Entre os anos de
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
1960 a 1980, o termo “defeituoso” foi difundido em
(APAE) nasceu em 1954, no Rio de Janeiro. A
diversos países. Uma característica deste período se
APAE é uma organização social cujo objetivo dá pela nomenclatura do centro de reabilitação e inte-
é promover a atenção integral à pessoa com gração AACD, que, ao ser fundada no final da década
deficiência intelectual e múltipla. A Rede APAE de 50, recebeu o nome de “Associação de Assistência à
se destaca por seu pioneirismo e capilaridade. Criança Defeituosa” na qual modificou-se anos depois
Atualmente, existem 2.172 APAEs e entidades e passou a ser chamada de “Associação de Assistência à
filiadas, coordenadas por 24 Federações Esta- Criança Deficiente” como é conhecida nos dias atuais.
duais, abrangendo todos os estados brasileiros Nesse período, também observou-se o termo “excep-
para atender cerca de 250.000 pessoas com cional”, com o surgimento das primeiras unidades da
deficiência intelectual e múltipla diariamente. APAE “Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais”.
Fonte: adaptado de APAE Brasil ([2022], on-line).
Vale destacar que esse termo ainda é utilizado em todo
país pela existência dessas instituições.

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

A partir do ano de 1981, a Organização das Nações que se pode portar e deixar de portar, por exemplo,
Unidas passou a utilizar o termo “pessoa deficiente”. um objeto como uma caneta. Quando pensamos em
Momento em que, pela primeira vez, o substantivo uma deficiência, a questão de poder portar e deixar
“deficiente” passou a ser utilizado como adjetivo, sen- de portá-la não é possível acontecer.
do-lhe acrescentado o substantivo “pessoa”. Contudo, Dando continuidade a essa reflexão, o autor re-
o termo “pessoa deficiente” foi contestado por líderes vela que termos como “pessoas com necessidades
alegando que ele apontava que a pessoa inteira é de- especiais”, “crianças especiais”, “alunos especiais”, “pa-
ficiente, o que, para eles, era inconcebível e o termo cientes especiais” começaram a ser utilizados a partir
“pessoas portadoras de deficiência” começou a ser de 1990 e são utilizados até hoje. Contudo, a PEC
utilizado e perdurou até os anos de 1993. 25/2017 aprovou, em primeiro turno, a padronização
Sassaki (2002) retrata que o termo “portar uma da nomenclatura correta adotando o termo “pessoa
deficiência” passou a ser um valor agregado à pes- com deficiência”. Esse termo já havia se destacado
soa. Nessa perspectiva, compreende-se a deficiência nos anos de 1990 e se difundiu com a Declaração de
como um detalhe da pessoa. O termo foi adotado nas Salamanca, manifestando-se até os dias atuais. Sendo
Constituições federal e estadual e em todas as leis e assim, é de fundamental importância que você, futu-
políticas pertinentes ao campo das deficiências. Con- ro profissional da Educação Física, aprenda e passe a
tudo, será que esse termo está correto? Alguns críti- utilizar o termo “pessoa com deficiência” para nossos
cos questionam o significado de portador, uma vez próximos estudos!

OLHAR CONCEITUAL
A Pessoa com Deficiência e suas nomenclaturas

Idade média 1930 1960 a 1980 1981

Defeituoso (AACD) Pessoa


Monstruosidade Débeis mentais
Excepcional deficiente

1990 Até 1993 Atualmente

Pessoas com Pessoa Pessoa com deficiência


necessidades Portadora de
especiais Deficiência

21


Por meio desse resgate histórico, pude-


mos observar que mesmo com a pas-
sagem de décadas, o capacitismo ainda O termo capacitismo ganhou notoriedade a
é muito presente na atualidade. Para partir da década de 80 por meio dos movimen-
Oliveira e Da Silva (2021), o capacitis- tos pelos direitos das pessoas com deficiência
mo é o preconceito e a discriminação nos Estados Unidos. No Brasil, não há registro
para com as pessoas com deficiência ao do termo na legislação. No entanto, a Lei n.º
considerá-las incapacitadas, inferiores, 13.146, de 6 de julho de 2015, que define o
inúteis, incapazes de trabalhar, apren- Estatuto da Pessoa com Deficiência, prevê, em
der, se relacionar, cuidar, sentir desejo seu artigo 4º, que “toda pessoa com deficiência
e serem desejadas. Essa percepção é tem direito à igualdade de oportunidades com
fomentada sempre que acreditamos e as demais pessoas e não sofrerá nenhuma

verbalizamos, mesmo que sem cons- espécie de discriminação” (CPB, 2021).


Fonte: Comitê Paralímpico Brasieliro (2021).
ciência que as limitações do deficiente
é um empecilho determinante para a
independência. O Comitê Paralímpico
Brasileiro (2021) destaca que a repro-
dução desse posicionamento precon-
ceituoso interfere na vida das pessoas
com deficiência, contrariando o prin-
cípio da equidade, reforçando atos de
discriminação, opressão ou abuso da
pessoa com deficiência. Contudo, outra
face do capacitismo, contrária e igual-
mente incômoda, é considerar as pes-
soas com deficiência como inferiores ou
Capacitismo
como heróis apenas pela sua condição,
O Capacitismo está presente na fala e no pensamento
desprezando as qualidades e competên-
de muitas pessoas, sem que percebam, de fato, seu
cias individuais de cada um, limitando
real significado. Vamos conversar mais sobre esta
o indivíduo somente a sua deficiência.
importante temática?

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

Estatuto da Pessoa com Deficiência


O Estatuto da Pessoa com Deficiência é a denominação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência, Lei Nacional nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Esta lei tem por objetivo assegurar
e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Considerando que todas as pes-
soas têm os mesmos direitos, tendo ela deficiência ou não, o Estatuto visa eliminar as barreiras e
garantir direitos iguais à educação, saúde, cultura e lazer e tantos outros âmbitos da vida da pessoa
com deficiência (BRASIL, 2015).
De maneira específica no campo do esporte e do lazer, o Estatuto também assegura a igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o acesso (Art. 42). Sendo dever do poder
público promover os recursos adequados para essa efetivação e assegurar “a participação da pessoa
com deficiência em jogos e atividades recreativas, esportivas, de lazer, culturais e artísticas, inclusive
no sistema escolar, em igualdade de condições com as demais pessoas” (Art. 43, I-III).

Título: Inclusão Escolar. O Que É? Por Quê? Como Fazer?


Autor: Maria Teresa Eglér Mantoan
Editora: Summus Editorial
Sinopse: dividido em três capítulos, o livro reúne as ideias da autora sobre o
ensinar e o aprender. Nele, ela compartilha o que viveu em sua caminhada
educacional, dialogando com o leitor sobre problemas, questões e dúvidas que
carrega no dia a dia de trabalho. “As transformações da escola dependem de um
compromisso coletivo de professores, gestores, pais e da sociedade em geral. É
difícil o dia a dia da sala de aula. Esse desafio que enfrentamos tem limite – o da crise educacional que
vivemos, tanto pessoal como coletivamente, deste ofício que exercemos”, complementa.

23


Título: Extraordinário
Ano: 2017
Sinopse: Auggie Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto que nasceu com uma
deformação facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10
anos, ele pela primeira vez frequenta uma escola regular, como qualquer outra
criança. Lá, precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado e
avaliado por todos à sua volta.

Neste vídeo podemos observar os pesquisadores Rodrigo Mendes e Maria Tereza


Montoan debatendo sobre Educação Inclusiva.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Frente a todo este cenário de conhecimento exposto, você, aluno(a), ao ingressar em seus estágios, trabalharia
esses conteúdos de que maneira? Acredita ser importante contextualizar os alunos sobre as questões históricas
e Políticas que permearam a vida da pessoa com deficiência, antes de iniciar as atividades práticas? Como
você faria isso? Vamos tentar?

24
atividades de estudo

Nesta unidade, iniciamos nossas discussões com uma imersão muito importante acerca da Educação Inclusiva. Para
sintetizar o contexto político, social e educacional da pessoa com deficiência ao longo da história, complete o Mapa
Mental a seguir.

2° Fase 3° Fase 4° Fase


1° Fase Séc. XVIII e Final do Séc. Final do Séc.
Idade média início do XIX e início XX até os
sec. a XIX do Séc. XX dias atuais

Exclusão social e Pessoas com Pessoas com Pessoas com


educacional da deficiência segregadas deficiência deficiência
pessoa com em instituições estudando em estudando na
deficiência. Eram residenciais sem escolas especializadas mesma sala que
escondidas por suas atendimento ou em salas “especiais” alunos sem
famílias, vendidas ao educacional em escolas regulares deficiência
circo ou mortas.

Esta fase deu origem a dois grandes problemas


que perduram até os dias atuais:

Temos inadeuqados
para se referir à pessoa
com deficiência

O preconceito e
discriminação para com as
“Monstruosidade”,
pessoas com deficiência:
“Defeituoso”,
apresenta duas vertentes
“Incapacitado”, “Pessoas
com Necessidades
Especiais”, “Portadores de
Deficiênciais” ... Até chegar ao
termos mais adequados:

25
atividades de estudo

26
UNIDADE
II
ACESSIBILIDADE E OS TIPOS
DE DEFICIÊNCIAS

Oportunidades de aprendizagem
Teremos, nesta unidade, a chance de compreender o
conceito sobre acessibilidade e as diversas questões que
a envolve tanto dentro da escola como na sociedade de
maneira geral. Posteriormente, faremos uma imersão
a respeito dos principais tipos de deficiência de origem
congênita ou adquirida. A partir desse estudo, será possível
entender as principais patologias de ordem motora,
intelectual, visual e auditiva para uma futura prática
profissional planejada voltada ao estímulo dessa população.
unidade

II


Acredito que você já tenha presenciado pessoas com é primordial para todos nós, pois nos é de direito
deficiência com dificuldades em se deslocar entre condições básicas para ir e vir, trabalhar, estudar,
as ruas e calçadas ou para pegar o ônibus. Pois bem, praticar atividade física, e privar o ser humano dessas
imagine que você apresenta deficiência motora, es- ações é uma transgressão.
pecificamente um mau funcionamento ou paralisia A partir dessa temática, convido você a experien-
dos membros inferiores, mas não existem rampas nas ciar, por algumas horas, como é apresentar uma defi-
calçadas para você se deslocar de forma independen- ciência e deslocar-se pelas ruas de sua cidade. Se pos-
te! Ou que você precisa atravessar a rua, mas como sível, utilize uma cadeira de rodas ou uma venda em
apresenta deficiência visual não consegue saber se o seus olhos e tente caminhar pelas calçadas, atravessar
sinal está verde ou vermelho? Ou, imagine que seu as ruas, passar pela faixa de pedestre, e claro, tudo
filho com deficiência acabou de entrar na escola, mas isso sem a ajuda de outras pessoas, ou seja, de forma
ela não apresenta a acessibilidade necessária para autônoma. Para complementar sua atividade, você
recebê-lo e ofertar um atendimento educacional de pode procurar por pessoas que apresentam algum
qualidade? tipo de deficiência e perguntar quais as dificuldades
Pressuponho que essas primeiras indagações te- que ela já enfrentou ou, ainda, enfrenta em seu dia a
nham lhe causado reflexões importantes a respeito dia. Você também pode procurar essas dificuldades
da acessibilidade, e não poderia ser diferente! Ela em relatos disponíveis na internet.

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste breve exercício de empatia, acredito que você deve ter vivenciado um misto de sentimentos, assim
como um grande desconforto ao se colocar no lugar deles, não é mesmo? Nesta experiência, você achou que
sua cidade ou bairro é de fato acessível? Então, agora, é a hora de você colocar em seu Diário de Bordo todas
essas informações e sensações que você experienciou durante a execução desta tarefa!

Em nossa primeira unidade, pudemos observar pontos I – condição para utilização, com segurança
relevantes para a estruturação de políticas educacionais e autonomia, total ou assistida, dos espaços,
mobiliários e equipamentos urbanos, das
para alunos que apresentam deficiências. Nesse mo-
edificações, dos serviços de transporte e dos
mento, veremos as questões que permeiam a acessibili- dispositivos, sistemas e meios de comunica-
dade de crianças e adolescentes tanto no ensino regular ção e informação, por pessoa portadora de
quanto na educação especial. O Decreto nº 5.296/04 deficiência ou mobilidade reduzida (BRA-
SIL, 2004, on-line).
conceitua a acessibilidade em seu 8º artigo como:

31


É fato que a inclusão e a diversidade cada vez mais Conforme Ribeiro (2011), as principais leis que
vêm ganhando destaque no mundo, por isso, os sím- trataram a acessibilidade foram: a Lei nº 4767/98,
bolos referentes a esses assuntos são bastante utiliza- que indica normas gerais e critérios básicos para
dos. Um dos mais importantes que você deve conhe- a acessibilidade das pessoas com deficiência; a Lei
cer é o Símbolo Universal da Acessibilidade, que foi nº 10.098, que incluiu a adequação de instalações
criado pelo Departamento de Informação Públicas e equipamentos esportivos; a NBR 9050 (2004), a
da Organização das Nações Unidas (ONU) nomeado qual trata da acessibilidade física e de comunicação;
de “A Acessibilidade”, em inglês “The Accessibility”. e o Decreto nº 5.296/04, que regulamentou as Leis
A criação deste símbolo teve o intuito de aumentar nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas
a conscientização sobre o universo da pessoa com gerais e critérios para a promoção da acessibilidade
deficiência, é uma “figura simétrica conectada por às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzi-
quatro pontos a um círculo, representando a har- da. Essas leis foram estruturadas e ampliadas para
monia entre o ser humano e a sociedade, e com os atender às necessidades da pessoa com deficiência,
braços abertos, simbolizando a inclusão de pessoas não somente no ambiente escolar, mas nos diversos
com todas as habilidades, em todos os lugares”. ambientes públicos e privados de nossa sociedade.
Nessa perspectiva, convido você a refletir sobre esse
assunto! O que significa acessibilidade para você?
Tornar apenas o espaço físico e o material didático da
escola adequados ao aluno? É o que vamos discutir!
A escola precisa ser e estar acessível a esses alu-
nos, ou seja, precisa atender às diversas necessidades
que as crianças e jovens com deficiência apresentarão
no decorrer de sua formação escolar e acadêmica. No
entanto, para isso, precisamos compreender as ca-
racterísticas específicas das deficiências para, assim,
entendermos suas reais necessidades. Por exemplo,
quando nos referimos à acessibilidade arquitetônica,
a necessidade de um usuário de cadeiras de rodas
será diferente da necessidade arquitetônica de um
aluno deficiente visual. Da mesma forma que a aces-
Figura 1 - Símbolo para a acessibilidade / Fonte: Organização das
Nações Unidas ONU (2018) sibilidade metodológica e pedagógica de alunos com
deficiência auditiva será diferente de alunos deficien-
Descrição da Imagem figura simétrica conectada por quatro pon-
tos a um círculo, representando a harmonia entre o ser humano e
tes visuais. Perceba que não é tão simples assim, e que
a sociedade, e com os braços abertos, simbolizando a inclusão de apenas rampas e pisos táteis não são suficientes para
pessoas com todas as habilidades, em todos os lugares.
tornar a escola, de fato, acessível.

32
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Acessibilidade atitudinal, por meio de pro-


De maneira específica, Dischinger e Machado
gramas e práticas de sensibilização e de
(2006) apresentam dimensões que possibilitam a
conscientização das pessoas em geral e da
compreensão de acessibilidade.
convivência na diversidade humana, resul-
• Acessibilidade arquitetônica, sem barreiras
tando em quebra de preconceito, estigmas,
ambientais físicas em todos os recintos internos
estereótipos e discriminações.
e externos da escola e nos transportes coletivos.
• Acessibilidade comunicacional, sem barrei- Dentro desse contexto, é importante nos conscienti-
ras na comunicação interpessoal (face-face, zarmos que as adaptações arquitetônicas que a escola
língua de sinais, linguagem corporal, lingua- deve apresentar são fundamentais para que os alunos
gem gestual etc.), na comunicação escrita e na com deficiência possam se locomover e realizar suas
comunicação virtual (acessibilidade digital). ações cotidianas de maneira independente. O aluno
• Acessibilidade metodológica, sem barreiras com deficiência visual ou deficiência motora preci-
nos métodos e técnicas de estudo (adapta- sará de adaptações iniciando pela calçada da escola,
ções curriculares, aulas baseadas nas inte- em todo o prédio escolar, salas de aula, biblioteca, re-
ligências múltiplas, uso de todos os estilos feitório, corredor, pátio, quadra esportiva, banheiro,
de aprendizagem, participação de todos, de parques, entre outros diversos espaços que compõem
cada aluno, novo conceito de avaliação de o ambiente escolar. A identificação de barreiras como
aprendizagem, novo conceito de educação, escadas inapropriadas, postes e cadeiras em lugares
novo conceito de didática), de ação comuni- indevidos poderão atrapalhar a locomoção desses
tária (metodologia social, cultural, artística alunos de maneira independente. Sob essa perspec-
etc. baseada em participação ativa) e de edu- tiva, as barreiras são compreendidas como qualquer
cação dos filhos (novos métodos e técnicas entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso,
nas relações familiares etc.). a liberdade de movimento, a circulação com segu-
rança e a possibilidade de pessoas se comunicarem
• Acessibilidade instrumental, sem barreiras
ou terem acesso à informação (BRASIL, 2004).
nos instrumentos e utensílios de estudo (lá-
pis, caneta, régua, teclado do computador,
materiais pedagógicos), de atividade da vida
diária..., esporte e recreação (dispositivos
que atendam às limitações sensoriais, físicas Atualmente, as escolas ou centros esportivos
e mentais etc.). que você conhece ou frequenta são, de fato,
• Acessibilidade programática, sem barreiras acessíveis? Que tipo de barreiras você pode

invisíveis embutidas em políticas públicas, em identificar nelas?

regulamentos e normas de um modo geral.

33


Por meio de um olhar específico, considerando as


necessidades básicas de cada deficiência, alunos com
deficiência motora precisam de adaptações diversas,
no entanto, as mais importantes são banheiros adap-
tados e rampas acessíveis em todos os ambientes de
acesso da escola, assim como ônibus adaptado para
seu transporte. É necessário adaptar as carteiras para
que a cadeira de rodas dos alunos se encaixe nelas
e, quando possível, adaptar pequenas órteses que
possibilitem a escrita desses alunos.

Figura 3 - Ônibus adaptado

Descrição da Imagem a imagem apresenta uma fotografia de


uma criança de cadeira de rodas utilizando um ônibus adaptado.
O ônibus é de cor amarela e está com a porta aberta, onde se tem
uma espécie de elevador, local esse em que a cadeira de rodas
está em cima. Atrás da cadeira observa-se uma pessoa e ela está
com uma mão na cadeira e a outra segurando o controle utilizado
para a movimentação deste elevador.

Figura 2 - Rampa acessível Já os alunos com deficiência visual precisam de ade-


quações físicas, como a existência de piso tátil em
Descrição da Imagem na imagem consta uma rampa acessível para
pessoas com deficiências motora adentrarem o estabelecimento.
toda a instituição de ensino.

34
EDUCAÇÃO FÍSICA

também deverão estar acessíveis a eles por meio


de programas específicos e descrição de toda e
qualquer imagem que o professor faça uso em suas
aulas. Nesse sentido, o aprendizado do braile desde
a infância e a utilização de recursos tecnológicos,
como leitores de tela, são de fundamental impor-
tância para o processo de aprendizagem desses
alunos. Além disso, o aluno deficiente visual ou
baixa visão deverá frequentar em contraturno a
sala de apoio Multifuncional tipo II.

Figura 4 - Piso Tátil

Descrição da Imagem a imagem é uma ilustração de uma pessoa


utilizando os pisos táteis com destaque em cor amarela. A figura
mostra as pernas de uma pessoa, sua bengala e os piso táteis.
A bengala está em cima do piso tátil chamado de piso de alerta,
que são os pisos com bolinhas. Os pés da pessoa estão ao lado
da faixa contendo o piso tátil direcional.

Além das barreiras físicas, podemos encontrar


outras dificuldades no meio deste percurso, como
barreiras metodológicas. Dessa forma são necessá- Figura 5 - Alfabeto Braille
rias adaptações nos materiais, como cadeira, car-
teira, lápis, computadores, ou seja, todo o material Descrição da Imagem Na imagem consta a ilustração de um
alfabeto em braille. Ele é apresentado em quatro colunas, onde,
pedagógico utilizado pelos alunos. Por exemplo, o de cima para baixo, na primeira coluna, temos de A-J, a segunda
de K-T, a terceira de U-Z e mais alguns sinais de pontuação, sendo
aluno com deficiência visual poderá fazer uso de eles, ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação e
vírgula, na quarta e última coluna tem-se os números começando
uma máquina de escrever em baile que facilitará em 1 indo até o 9 e finalizando com o número 0.
seu processo de aprendizagem. Materiais online

35


O leitor de tela funciona por meio do sintetizador de Os alunos com deficiência auditiva precisarão, acima
voz, dispositivo que transforma em som os caracteres de tudo, de um professor intérprete, para que ele tenha
que chegam até ele encaminhado pelo leitor de tela. acesso a todo conteúdo falado, assim como ocorre em
nossas aulas ao vivo. Nesse sentido, o aprendizado de
libras desde a infância e a utilização de recursos tecno-
lógicos são importantes para o processo de aprendiza-
gem e comunicação desses alunos. O aluno deficiente
auditivo deverá frequentar em contraturno a sala de
atendimento educacional especializado para surdos.

Figura 6 - Leitor de Tela / Fonte: Ajidevi ([2022], on-line).

Descrição da Imagem na imagem consta dois indivíduos senta-


dos, com um fone no ouvido, ambos possuem deficiência auditiva,
estão fazendo uso do leitor de tela.

Figura 8 - Língua de Sinais

Descrição da Imagem a imagem mostra uma fotografia de uma


sala de aula. Observa-se os braços de uma pessoa conversando
com uma aluna por meio da linguagem de sinais (libras). A aluna
está sentada em uma cadeira, com uma carteira apoiando um
estojo preto e branco e folhas em branco de um caderno. A menina
usa máscara e, ao fundo, tem-se um menino escrevendo, também
utilizando máscara.

Quando a deficiência envolver a dificuldade de apren-


Figura 7 - Máquina de Escrever dizagem, as adaptações metodológicas deverão ser rea-
lizadas rotineiramente, para assegurar, de fato, a acessi-
Descrição da Imagem na imagem, temos uma fotografia que
mostra parte de um teclado para deficientes visuais. Na imagem, bilidade à educação, de preferência, no ensino regular.
temos parte do teclado, onde, na parte superior, temos as teclas
de um teclado comum, observa-se também a parte dos numerais.
É garantido por lei que o aluno seja acompanhado por
Abaixo das teclas tem-se a parte do braile, onde estão os dedos um professor auxiliar, sempre que necessário, contudo,
de um indivíduo, tocando-a.
essa não é a realidade de nosso país.

36
EDUCAÇÃO FÍSICA

Assim como na deficiência intelec-


tual, o aluno com Superdotação deverá
ser estimulado na educação regular, fa- Van Munster e Almeida (2008) elencam al-
zendo uso de salas de recursos multifun- gumas barreiras atitudinais considerando os
cionais e outras metodologias que pro- seguintes comportamentos: ridicularizar ou
piciem o estímulo de sua aprendizagem. zombar do desempenho do outro; sentir pena
Esses alunos apresentam uma capacidade ou autopiedade; não conceder uma chance;
de retenção de conteúdo e informação sentir receio de se aproximar; sentir vergonha
maior, quando comparado aos demais, de estar por perto; desistir antes de tentar;
por isso a importância de estimular con- negar ou não aproveitar as oportunidades.
tinuamente essa habilidade nata.
Todas essas adequações para a aces-
sibilidade arquitetônica e metodológica É importante que você, futuro profissional da Edu-
são apenas algumas, das diversas especi- cação Física, compreenda que pessoas com deficiên-
ficações que as escolas públicas e privadas cia apresentam comprometimento em determinado
deverão apresentar para o atendimento de aspecto, mas também grande capacidade de ação e
qualidade. Além dessas barreiras arqui- comunicação em outros. Por esse fato, é primordial
tetônicas e metodológicas, também po- deixar para trás alguns comportamentos que vitimi-
demos destacar as barreiras atitudinais. zam ou inferiorizam o aluno/pessoa. Evite usar pala-
Van Munster e Almeida (2008) ressaltam vras/frases como “coitado”, “ele não consegue”, “ele não
que essas barreiras se aproveitam da de- entende”, assim como oriente os demais alunos sobre
sinformação e do desconhecimento e se a melhor forma de dirigir-se e comunicar-se com eles.
fortalecem com o preconceito. Tais bar- Veja, se queremos incluir nosso aluno dentro da escola,
reiras são projetadas a partir da sociedade precisamos estimular o contato deles com os demais
em direção à pessoa com deficiência, ou alunos, sem diferenciação, pois essa é a forma que o
partem da própria pessoa com deficiên- deficiente quer ser tratado na escola e na sociedade.
cia em relação a si mesma. Lembram-se Estimular a amizade e cooperação entre esses alunos
da importância de deixá-los sentirem-se fará que, no futuro, sejam adultos conscientes, solícitos
parte integrante da sala de aula! e que, acima de tudo, não sejam preconceituosos.

37


OLHAR CONCEITUAL
FORMAS DE SE DIRIGIR E SE COMUNICAR COM
ALUNOS COM DEFICIÊNCIA:

Para todas as deficiências


- Não fale alto;
- Chame-os sempre pelo nome;
- Não dirija-se de maneira infantilizada ou vitimizada.

Deficiência visual
- Evite as expressões “olha aqui”, “veja isso”;
- Observe o nível de independência do aluno e
sempre que necessário ofereça auxílio.

Deficiência intelectual
- Identifique o nível de comprometimento intelectual,
para utilizar a melhor forma de comunicação e auxílio;

Deficiência motora
- Observe o nível de independência do aluno e se
necessário ofereça auxílio;

Deficiência auditiva
- A gesticulação é importante na comunicação,
mas cuidado com os exageros;
- Ao comunicar-se sempre se posicione de frente
com o deficiente auditivo mantendo contato visual.
- Não mascar chiclete para não atrapalhar a interpretação
do deficiente auditivo.

38
EDUCAÇÃO FÍSICA

com deficiência visual, sendo sua maioria pessoas com


60 anos de idade ou mais. Além disso, verificou-se que
uma parcela significativa dessas pessoas a limitação da
visão dificultava muito ou impossibilitava realizar ativi-
dades habituais, trabalhar, ir à escola ou brincar. Assim,
de acordo com a PNS (2013), a deficiência visual ocorre
em 3,0% da população brasileira.
A PNS (2013) destacou que as pessoas com deficiên-
cia física representavam 1,3%, sendo que 46,8% dessas
pessoas tinham um grau intenso ou muito intenso de
Acessibilidade
limitações. Já a deficiência auditiva pode ser identificada
A acessibilidade possibilita a transposição de barreiras
em 1,1% da população, sendo que 0,8% dos brasileiros
para a efetiva participação de pessoas nos vários âm-
tinha algum tipo de deficiência intelectual.
bitos da vida social. Vamos conversar mais sobre essa
Outra questão de grande importância foi que a
importante temática?
PNS (2013) identificou que a prevalência de defi-
ciência intelectual, física ou auditiva é bem maior
De acordo com a Organização Mundial da Saúde em pessoas com baixa escolaridade (fundamental in-
(ONU) (2011), estima-se que 10% da população completo ou sem qualquer instrução formal) quando
mundial viva com, ao menos, uma deficiência (cer- comparado a grupos com maior escolaridade.
ca de 700 milhões de pessoas). De maneira especí-
fica no Brasil, segundo o último censo realizado no DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI)
ano de 2010, 45 milhões de brasileiros apresentam
alguma deficiência visual, auditiva ou física, mais De acordo com a Associação Americana de Defi-
precisamente, quase 25% da população. Dentre eles, ciência Intelectual e Desenvolvimento (AAIDD), a
atualmente, existem cerca de 174.886 alunos com DI é caracterizada pela limitação significativa tanto
deficiência matriculados na Educação Especial e no funcionamento intelectual quanto no compor-
698.768 matriculados em classes comuns (EDU, tamento adaptativo expresso em habilidades con-
[2022], on-line). Diante desses dados, serão apre- ceituais, sociais e práticas. A AAIDD conceitua a
sentadas, a seguir, as características das principais deficiência intelectual em um funcionamento in-
deficiências que acarretam prejuízos intelectuais, telectual inferior à média, que está associado a li-
visuais, auditivos e motores. mitações em pelo menos duas áreas de habilidades,
Uma análise mais recente, realizada em 2013, pela por exemplo: comunicação, autocuidado, vida no
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em parceria pelo lar, adaptação social, saúde e segurança, funções
IBGE e Ministério da Saúde, identificou que 6,2% da po- acadêmicas, lazer e trabalho. Por meio dessas in-
pulação brasileira possui algum tipo de deficiência, seja vestigações, podemos observar que as dificuldades
ela física, intelectual, auditiva ou visual. Nesta pesquisa, em se socializar, locomover-se e comunicar-se, di-
observou-se que o maior percentual foi o de pessoas ficuldades em realizar as atividades de vida diária

39


de maneira independente, exercer uma profissão, adaptativa social e de QI (quociente de inteli-


entre outras questões, poderão estar presentes nas gência). O QI é um indicador derivado de vários
pessoas com deficiência intelectual. testes que procuram medir habilidades gerais ou
A deficiência intelectual se apresenta em ní- específicas como leitura, aritmética, vocabulário,
veis, sendo eles: leve, moderado, severo e profun- memória, conhecimentos gerais, visual, verbal,
do. Ke e Liu (2015) descrevem quatro níveis de raciocínio abstrato etc. Vejamos, no quadro a
gravidade de acordo com a gravidade do atraso seguir, os níveis de deficiência intelectual e suas
no funcionamento intelectual, déficits na função respectivas características:

São capazes de se comunicar e aprender habilidades básicas. Sua capacidade de usar conceitos abs-
Leve tratos, analisar e sintetizar é prejudicada, mas podem adquirir habilidades de leitura e informática. Eles
podem realizar trabalho doméstico, cuidar de si e fazer trabalho não qualificado ou semiqualificado.
Sua capacidade de aprender e pensar logicamente é prejudicada, mas são capazes de se comuni-
Moderado car e cuidar de si mesmos com algum apoio. Com supervisão, eles podem realizar trabalhos não
qualificados ou semiqualificados.
Seu desenvolvimento nos primeiros anos é distintamente atrasado. Apresenta dificuldade em pro-
nunciar palavras e tem um vocabulário muito limitado. Por meio de considerável prática e tempo,
Severo
eles podem ganhar habilidades básicas de autoajuda, mas ainda precisam de apoio na escola, em
casa e na comunidade.
Não podem cuidar de si mesmos e não têm linguagem. Sua capacidade de expressar emoções
Profundo é limitada e pouco compreendida. Convulsões, deficiências físicas e expectativa de vida reduzida
são comuns.
Quadro 1 - Níveis de Deficiência Intelectual / Fonte: Adams e Oliver (2011) e Ke e Liu (2015).

• Comportamento adaptativo: está relaciona-


Contudo, é importante sabermos que o termo QI
do aos aspectos acadêmicos, conceituais e de
(quociente de inteligência) não é mais utilizado,
comunicação, necessários para autonomia e
substituído pelo termo Avaliações das diferentes
competência social do sujeito. Limitações nessa
inteligências e habilidades. Atualmente, aplicam-
área podem dificultar o convívio no dia a dia.
-se testes mais específicos, levando-se em conta não
apenas suas habilidades intelectuais, mas também • Participação, interações e papéis sociais: re-
o histórico de cada um, suas preferências, habilida- fere-se às interações sociais que o sujeito estabe-
des, competências entre outras características (KE; lece, bem como sua participação na sociedade.
LIU, 2015). De Acordo com a AAIDD (2010) e com • Saúde: identificação das síndromes e pato-
Luckasson (2002), a avaliação da deficiência intelec- logias, assim como sua etiologia, a fim de re-
tual deve considerar as seguintes dimensões: ceber o tratamento necessário.
• Habilidades intelectuais: essa dimensão • Contexto: a dimensão está relacionada às
passa a não ser mais única na avaliação da condições em que o indivíduo vive, sua qua-
deficiência intelectual, e faz uso de diversos lidade de vida, e as relações estabelecidas
testes para sua análise. com o ambiente dos quais ele participa.

40
EDUCAÇÃO FÍSICA

Sobre essa temática, diversas síndromes levam a prejuí- As características físicas de pessoas com síndrome
zos intelectuais; dentre tantas, abordaremos, a seguir, de down são olhos puxados, marcas nas mãos e se-
a síndrome de down, a síndrome de rett e a síndrome paração grande entre os dedos do pé. Além do atra-
de West, por se tratarem das síndromes mais comuns so no desenvolvimento, outros problemas de saúde
identificadas nas escolas de educação especial e na rede podem ocorrer na pessoa com síndrome de Down,
regular de ensino. Além delas, também estudaremos como, por exemplo: hipotonia (100%); problemas de
a epilepsia, a microcefalia, a hidrocefalia, o autismo e audição (50 a 70%); problemas de visão (15 a 50%);
a paralisia cerebral, deficiências na qual vale destacar cardiopatia congênita (40%); distúrbios da tireoide
que o prejuízo intelectual pode ou não ocorrer. (15%); problemas neurológicos (5 a 10%); alterações
na coluna cervical (1 a 10%); obesidade e envelhe-
Síndrome de Down cimento precoce (COOLEY; GRAHAM; 1991). Sua
etiologia é de ordem pré-natal/congênita, sendo a
A síndrome de Down foi identificada por John Lang- idade materna avançada um dos fatores que acarre-
don Down. O pesquisador foi o primeiro a descobrir tam tal desordem genética.
as características genéticas geradoras da síndrome.
Como relata Pueschel (1993), a síndrome de Down Transtorno do Espectro Autista (TEA)
é causada pela presença de três cromossomos 21 em
todas ou na maior parte das células de um indivíduo. A Associação Americana de Psiquiatria (2013) de-
Isso ocorre na hora da concepção de uma criança. fine o autismo como uma condição caracterizada
As pessoas com síndrome de Down, ou trissomia do pelo desenvolvimento acentuadamente anormal e
cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas célu- prejudicado nas interações sociais, nas modalidades
las, em vez de 46, como a maior parte da população. de comunicação e no comportamento. A Associação
de Amigos do Autista relata que o autismo é carac-
terizado por déficits na comunicação e na interação
social, além de comportamentos repetitivos e áreas
restritas de interesse. Essas características começam
a ser identificadas nas crianças antes dos 3 anos de
idade e atingem 0,6% da população, sendo quatro
vezes mais comuns em meninos do que em meninas.
As características do autismo variam de acordo
com o desenvolvimento cognitivo. Podemos ob-
servar o autismo associado à deficiência intelectual
grave, sem o desenvolvimento da linguagem, com
Figura 9 - Caracterização da Síndrome de Down
padrões repetitivos de comportamento e déficit im-
Descrição da Imagem na imagem constam 23 pares de cromos- portante na interação social. Nesses casos, nota-se
somos. Contudo, no par 21, existem três cromossomos em vez
de dois, o que caracteriza a Síndrome de Down.
que as crianças realizam diversas ações de maneira
contínua e repetitiva, como tomar banho, vestir-se,

41


despir-se e, até mesmo, mutilar-se. Muitas delas, ao Síndrome do Cromossomo X Frágil


serem contrariadas, irão se morder, dar tapas em si
mesmo, gritar, entre outros comportamentos repe- A síndrome do X frágil é causada pela mutação do gene
titivos ou agressivos, em que se faz necessária inter- localizado no cromossomo X. É a causa mais frequente
venção imediata do professor. de atraso intelectual herdado, com uma incidência es-
Contudo, também se identifica o autismo cha- timada de 1 caso a cada 4.000 homens e 1 caso a cada
mado de Síndrome de Asperger, sem deficiência 6.000 em mulheres (CORNISH; LEVITAS; SUDHA-
intelectual, sem atraso significativo na linguagem, TER, 2007). Além da deficiência intelectual, a síndrome
com interação social peculiar e sem movimentos do X frágil apresenta características mais perceptíveis
repetitivos tão evidentes. Essas pessoas apresentam em homens, como: face alongada, orelhas grandes, pés
capacidade intelectual normal ou acima da média e planos, flacidez ligamentar, baixo contato visual, dis-
maior capacidade de interação com outras pessoas. túrbios de linguagem, entre outros (BOY et al., 2001).
A origem do autismo ainda é muito questionada. Tais características são mais perceptíveis em ho-
Com o decorrer dos anos e o avanço das pesquisas, mens, uma vez que as mulheres apresentam dois
vários fatores foram elencados, como: fatores pré- cromossomos X e, neste caso, apenas um deles sofreu
-natais / congênita, derivada das condições gené- mutação, e por isso apresentam sintomas mais leves”.
ticas (MECCA et al., 2011), alterações neuronais Dessa forma, apesar de meninas apresentarem sin-
(KOOTEN et al., 2008; WANG et al., 2009), trans- tomas parecidos, possuem sinais menos aparentes e
locações cromossômicas (TARELHO; ASSUMP- refletem basicamente a dificuldade na aprendizagem,
ÇÃO, 2007) e anormalidades cerebrais (BOLTON; ansiedade, impulsividade, dificuldades nas relações
GRIFFITHS; PICKLES, 2002). E fatores pós-natais sociais e fobias. Sua etiologia é de ordem pré-natal/
/ adquirida devido a perturbações profundas na congênita, sendo uma desordem de herança genética.
relação da criança com o meio em que se encontra
inserido (HALL; NICHOLSON; ADILOF, 2006;
VOLK et al., 2013) e causas psicoafetivas (RABEL-
LO, 2004; CAMPANÁRIO, PINTO, 2011).
A pesquisa mais recente, datada do ano de
2018, discorda que a prevalência do autismo es- SÍTIO
NORMAL
FRÁGIL
teja associada às relações que a criança estabelece
com a mãe e com o meio. Ao utilizar os chamados Figura 10 - Síndrome do X frágil / Fonte: Barbato (2020, on-line).

“minicérebros”, pesquisadores afirmam que sua


Descrição da Imagem na imagem consta um menino com algu-
origem está ligada ao DNA da criança. Contudo, mas das características da Síndrome do X Frágil, como face alon-
gada e orelhas grandes. Ao lado está o cromossomo X que sofreu
apesar dos diversos estudos realizados, a etiologia mutação em sua extremidade, ocasionando a Síndrome do X Frágil.
do autismo ainda é indefinida.

42
EDUCAÇÃO FÍSICA

Síndrome de Rett Hidrocefalia

A síndrome de Rett foi descrita, pela primeira vez, A hidrocefalia é caracterizada pela alteração da produ-
pelo pediatra Andreas Rett, em 1966, que fez um es- ção, do fluxo ou da absorção do líquido cefalorraqui-
tudo com 31 meninas que desenvolveram um quadro diano, o que gera um volume anormal desse material
de regressão mental, caracterizado por deterioração dentro da cavidade intracraniana. O termo hidrocefa-
neuromotora, características peculiares e hiperamo- lia deriva do grego “água na cabeça”, que compreende
nemia A criança nasce aparentemente sem nenhum o excesso de líquido cefalorraquidiano (NETTINA,
problema, no entanto, a partir do primeiro e segun- 2003). Sua origem está relacionada a fatores pré-natais
do ano de vida, passa-se a observar regressões em / congênita, como: exposição à radiação, má-nutrição
habilidades que já haviam se desenvolvido. Perda de materna, cistos benignos, tumores congênitos, ano-
habilidades manuais voluntárias e do envolvimento malias vasculares, anomalias esqueléticas e infecção
social, desenvolvimento das linguagens expressiva ou uterina (toxoplasmose, citomegalovírus, estafilococo,
receptiva severamente prejudicada, instabilidade res- sífilis, varíola, caxumba, varicela, poliomielite, hepatite
piratória, ranger de dentes, padrões anormais de sono, infecciosa, vírus da gripe, encefalite e adenovírus). E
espasmos, rigidez e distonias. Com o passar dos anos, também a fatores pós-natais / adquiridas, como: me-
essa regressão gera uma grande debilitação, tornando ningite, traumatismo e hemorragia subaracnoidea.
a criança ou jovem totalmente dependente em todas
as atividades de vida diária (PAZETO et al., 2013). Microcefalia
Sua origem também se caracteriza como pré-natal /
congênita, por se tratar de uma disfunção genética. A microcefalia é caracterizada pelo crescimento in-
suficiente do cérebro de acordo com a Organização
Síndrome de West Mundial da Saúde. Ela é identificada quando, por
vezes, observamos bebês e crianças com a cabeça me-
A Síndrome de West foi descrita, pela primeira vez, nor em relação ao restante da estrutura corporal. No
por William James West, em 1841. De acordo com Brasil, em 2016, descobriu-se que o número elevado
Kamiyama, Yoshinaga e Tonholo-Silva (1993), essa de crianças que nasceram com microcefalia estava
síndrome se caracteriza por crises epilépticas as- associado ao Zika vírus. As mães foram picadas pelo
sociadas a atraso mental. Assim, um dos sinais da mosquito durante a gestação, ocasionando danos
Síndrome de West é a epilepsia, ocorrendo, geral- irreversíveis aos bebês. Crianças com microcefalia
mente, entre o terceiro e oitavo mês de vida da precisam ser estimuladas desde o nascimento, por
criança. Os pesquisadores Sanvito (1997) e Pereira fisioterapeutas, fonoaudiólogas, terapeutas ocupacio-
Filho et al. (2004) apontam que sua origem está nais, entre outros, pois podem desenvolver convul-
relacionada a fatores pré-natais, perinatais e pós- sões e sofrer problemas físicos ou de aprendizagem
-natais devido a disfunções orgânicas do cérebro. à medida que crescem. Sua origem está relacionada
a fatores pré-natais/congênitas, como: malformações

43


e infecções uterinas derivadas da toxoplasmose ru- ção de tarefas diárias (ISRAEL; BERTOLDI, 2012).
béola, herpes, sífilis e citomegalovírus, exposição da Segundo Mauerberg de Castro (2005), a deficiência
mãe a metais químicos, como o arsénico e o mercú- motora é compreendida como toda alteração física
rio, além do uso de bebida alcoólica e tabaco. A má no corpo humano, resultante de algum problema or-
nutrição da mãe durante a gestação e o Zika vírus topédico, neurológico ou de má formação congênita.
também são fatores relacionados à microcefalia. O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999,
em seu Art. 4º, considera a deficiência física como:
Microcefalia Cabeça de tamanho normal

I - deficiência física - alteração completa ou


parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da
função física, apresentando-se sob a forma de
paraplegia, paraparesia, monoplegia, monopa-
resia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, tripa-
resia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou
ausência de membro, paralisia cerebral, mem-
bros com deformidade congênita ou adquirida,
exceto as deformidades estéticas e as que não
DEFICIÊNCIA MOTORA produzam dificuldades para o desempenho de
funções (BRASIL, 1999, on-line).
Compreendida pelo comprometimento das possibi-
lidades de movimentação corporal ou manutenção Essas lesões são caracterizadas por Mattos (2008)
da coordenação motora e do equilíbrio para realiza- como:

Tipo de lesão Nível de comprometimento


Monoplegia Comprometimento de um único segmento corporal.
Paraplegia Comprometimento dos membros inferiores.
Hemiplegia Comprometimento de um dos lados do corpo (membros superior e inferior).
Tetraplegia Comprometimento dos membros inferiores e tronco.
Quadriplegia Comprometimento total, envolvendo paralisia da face, tronco e os quatro membros.

Conforme Machado e Haertel (2014), a medula espinal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso. As vértebras
são unidas por vários ligamentos e entre uma e outra existe um disco cartilaginoso semelhante a um anel,
cuja função é reduzir o impacto. Para que você possa compreender o nível da lesão e, consequentemente, o
comprometimento motor ocasionado, observe a figura:

44
EDUCAÇÃO FÍSICA

Coluna Vertebral

Vértebras Cervicais

Vértebras Torácicas

Vértebras Lombares

Vértebras Sacrais

Vértebra Coccígea

Figura 11 - Coluna Vertebral

Descrição da Imagem na imagem consta uma ilustração colorida da coluna vertebral, onde, do lado esquerdo da imagem, temos a visualização
lateral e do lado direito a visualização de costas. De cima para baixo, temos as 7 vértebras cervicais pintadas de verde, as 12 vértebras torácicas
pintadas de laranja, as 5 vértebras lombares pintadas de rosa, as 5 vértebras sacrais fundidas pintadas de azul e 4 vértebras Coccígea fundidas
pintadas de roxo.

A coluna vertebral é composta por 33 vértebras. Como consta no quadro a seguir, quanto mais alto o nível
da lesão maior área corporal comprometida:

45


Número de Vérte-
Nome das Vértebras Nível de Comprometimento Motor
bras
Comprometimento dos membros superiores, tronco e
membros inferiores. Com possibilidade de movimenta-
7 Vértebras Cervicais C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7
ção restrita de braços, caso a lesão tenha ocorrido nas
últimas vértebras cervicais.
12 Vértebras Torá- T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8,
Comprometimento do tronco e membros inferiores.
cicas T9, T10, T11 ou T12
5 Vértebras Lomba-
L1, L2, L3, L4, L5 Comprometimento dos membros inferiores.
res
Soldadas formando o osso
5 Vértebras Sacrais Comprometimento leve dos membros inferiores.
sacro
4 Vértebras Coccí-
Soldadas formando o cóccix Sem comprometimentos.
geas

Quadro 2 - Associação entre a localização das vértebras e o nível de comprometimento motor / Fonte: adaptado Machado e Haertel (2014).

Pesquisas indicam que a deficiência motora é maior (ISRAEL; BERTOLDI, 2012). Caracteriza-se pelo
em pessoas do sexo masculino e pode ocorrer por comprometimento do sistema locomotor por causas
lesão traumática e não traumática. A lesão traumática não traumáticas. A criança com paralisia cerebral
tem origem pós-natal e é compreendida por 80% pode apresentar também problemas cognitivos, vi-
das causas de deficiência motora, provocadas por suais e auditivos. Contudo, é importante que você
acidente automobilísticos, acidentes de trabalho, ar- compreenda que muitas pessoas com paralisia cere-
mas de fogo, mergulho em águas rasas e quedas. Já as bral poderão apresentar o cognitivo preservado, ou
lesões não traumáticas estão relacionadas a fatores seja, não apresentam dificuldades de aprendizagem.
pré-natais e perinatais e correspondem a somente De maneira geral, as pessoas com paralisia cerebral
20% das causas, estão relacionadas a problemas antes apresentam baixo tônus muscular, o que leva a difi-
e durante o nascimento, acidente vascular cerebral, culdades em manter o controle postural, déficit da
infecções, tumores, entre outros (LIANZA, 2001). coordenação motora e baixo reflexo.
Como consequência, o indivíduo com Deficiência Sua origem está relacionada a fatores pré-na-
motora apresenta comprometimentos em seu desen- tais/congênitas, como: infecções maternas duran-
volvimento, bem como limitações para a realização te o primeiro e o segundo trimestre da gravidez,
de tarefas motoras (BENTO, 2004). como rubéola, citomegalovírus e toxoplasmose
(REDDIHOUGH; COLLINS 2003); medicações
Paralisia Cerebral específicas, má formação, fatores genéticos, abu-
so de álcool e drogas ilícitas e traumatismos ab-
A paralisia cerebral, também conhecida como ence- dominais severos (WONG; SEOW; YEO, 2004);
falopatia crônica não progressiva, é compreendida assim como as gestações múltiplas (SANKAR;
como uma lesão ou anomalia no desenvolvimento MUNDKU, 2005). Fatores Perinatais, como: falta
durante a vida fetal ou nos primeiros anos de vida de oxigenação durante o parto e prematuridade.

46
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nascimentos prematuros são um fator de risco do, recorrendo, apenas, se a causa aguda permanece, não
para paralisia cerebral e representa, atualmente, caracterizando epilepsia. Sua origem está relacionada a
25% de todos os casos de PC (HAGBERG et al., fatores pré-natais e perinatais ocasionados por traumas
2001; ANCEL et al., 2006). E por fatores pós-na- e por fatores pós-natais/adquiridas, como: infecções,
tais, como: quedas, afogamento, febre alta, me- neurocisticercose, uso excessivo de álcool e drogas e
ningite entre outros (ISRAEL; BERTOLDI, 2012). traumatismo craniano.
Além disso, a idade avançada da mãe e reprodu-
ção assistida também são fatores que contribuem DEFICIÊNCIA VISUAL
para danos cerebrais (NELSON; CHANG, 2008;
HVIDTJORN et al., 2006). A melhoria na saúde A deficiência visual pode ser classificada em dois níveis,
materna, no cuidado perinatal e na prevenção de designados de cegueira e baixa visão. De acordo com
acidentes durante a gravidez são fatores que po- Baumel e Castro (2003), a cegueira é a perda total ou
derão prevenir a paralisia cerebral (WESTBOM; perda residual da visão. O indivíduo cego, apesar de
HAGGLUND; NORDMARK, 2007). captar luzes em alguns casos, não é capaz de utilizá-la
para realizar movimentos e se orientar pela visão. Por
Epilepsia: outro lado, a baixa visão ou visão subnormal se carac-
teriza pela existência de resíduo visual, que permite o
A epilepsia é caracterizada por crises convulsivas (crises indivíduo ler impressos a tinta, desde que utilize equi-
epilépticas), em que ocorre a repetição de duas ou mais pamentos especiais e apresenta dificuldade em realizar
crises não provocadas. A convulsão é a descarga anor- tarefas visuais, mesmo com a prescrição de lentes cor-
mal, excessiva, sincrônica, de neurônios que se situam retivas. De acordo com Van Munster e Almeida (2008),
no córtex cerebral. Essa atividade é intermitente e, ge- as principais causas da cegueira estão relacionadas a
ralmente, autolimitada, na qual pode durar segundos a fatores pré-natais/Congênita, como: albinismo, reti-
poucos minutos. De acordo com Bate e Gardner (1999), noblastoma, retinose pigmentar e fatores pós-natais/
quando essas crises ocorrem de maneira recorrente ou Adquirida, como: catarata, descolamento de retina,
prolongada, caracteriza-se como estado epilético. Isso toxoplasmose, diabetes, rubéola, traumatismo ocular
quer dizer que, para ser caracterizado como epilepsia, e petinopatia da prematuridade.
essas crises ocorrerão de maneira frequente, o que faz
preciso o uso contínuo de medicação.
O controle dessas crises por meio de medicamentos
é extremamente necessário, pois quanto mais tempo ela
durar, maiores poderão ser os danos neurológicos. O
termo “não provocada” indica que a crise não foi causada
por traumatismo cranioencefálico, febre ou doença con-
comitante (JAGTAP; MAUSKAR; NAIK, 2013). Dentro
dessa perspectiva, as crises convulsivas provocadas são
aquelas que acontecem na presença de estímulo defini-

47


DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A Deficiência Auditiva é caracterizada pela perda ção da Portaria Interministerial nº 186, de 10/03/78
da percepção normal ao estímulo sonoro. Existem (MEC/SEESP, 1995), considera-se «parcialmente
vários tipos de deficiência auditiva, classificados de surdo» e «surdo» os indivíduos que apresentam,
acordo com o grau de perda da audição. Para Mar- respectivamente, surdez leve ou moderada e surdez
chesi (1996), essa perda é avaliada pela intensidade severa ou profunda. No quadro a seguir, podemos
do som, medida em decibéis. Com base na classifica- observar os níveis de comprometimento auditivo:

Perda auditiva de até 40 decibéis. Essa perda não impede a aquisição


Parcialmente surdo / Surdez leve
normal da linguagem.
Perda auditiva está entre 40 e 70 decibéis. Esses limites se encon-
tram no nível da percepção da palavra; é frequente o atraso de lingua-
Parcialmente surdo / Surdez moderada
gem e as alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, proble-
mas linguísticos mais graves.
A perda auditiva está entre 70 e 90 decibéis. Este tipo de perda per-
Surdo / surdez severa mite que o indivíduo apenas perceba sons fortes e conhecidos, po-
dendo atingir a idade de quatro ou cinco anos sem aprender a falar.
A perda auditiva é superior a 90 decibéis. Essa perda impede que o
Surdo / surdez profunda indivíduo perceba e identifique a voz humana, impossibilitando-o de
adquirir a linguagem oral.

Conforme Almeida (2008), a deficiência auditiva


pode ser classificada, ainda, de acordo com o período
de desenvolvimento em que se manifestou no indiví-
duo. Dentro desse contexto, encontram-se as pessoas
que nasceram surdas e as que, por algum motivo,
ficaram surdas com o decorrer dos anos.
Surdez pré-linguística: refere-se a indivíduos que
nasceram surdos ou que perderam a audição antes
de terem desenvolvido a fala e a linguagem.
Surdez pós-linguística: refere-se a indivíduos que
perderam a audição após o período de desenvolvi-
mento da fala e da linguagem. Sua origem está rela-
cionada a fatores pré-natais de ordem genética ou
congênita e a fatores pós-natais/adquirida, de ordem
infecciosa, ocupacional, tóxica, traumática, envelhe-
cimento e temporária.

48
EDUCAÇÃO FÍSICA

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística


de Doenças Mentais da Sociedade Americana de
Psiquiatria, conhecido como DSM-IV, o Transtorno
do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é
um distúrbio neurobiológico, que aparece na infân-
cia e acompanha o indivíduo por toda a sua vida.
Transtorno este também conhecido como DDAH
(Distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperatividade),
caracterizado por sintomas de inquietude, desaten-
ção e impulsividade.
A Organização Mundial da Saúde estima que 5
– 7% da população mundial tenham TDAH, apresen-
tando comprometimento na aprendizagem e por con-
sequência do problema na inclusão social. O TDAH
gera impactos comportamentais, intelectuais, sociais e
emocionais, pois promove dificuldades, como contro-
le de impulsos, concentração, memória, organização,
planejamento e autonomia. Ressalta Benczick (2000)
que a criança com TDAH sempre se comportará sem
destreza motora, porque não concentra suficiente
atenção no controle de seus movimentos.

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO:

Altas Habilidades/Superdotação: a Política Nacional


de Educação Especial (1994) define como superdo-
tados ou altas habilidades as pessoas que apresentam
notável desempenho e elevada potencialidade em
qualquer dos seguintes aspectos: capacidade intelec-
tual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento
criativo ou produtivo; capacidade de liderança; ta-
lento especial para artes e capacidade psicomotora,
tanto de maneira isolada quanto combinada.
Dos aspectos mencionados acima, destacam-se:

49


Tipo Intelectual: apresenta flexibilidade e fluência de pensamento, compreensão e memória elevada,


capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento,
capacidade de resolver e lidar com problemas.
Tipo Acadêmico: aptidão acadêmica específica, atenção, concentração, rapidez de aprendizagem, boa me-
mória, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar
e organizar o conhecimento.
Tipo Criativo: relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resol-
ver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, sentimento de
desafio diante da desordem de fatos; facilidade de autoexpressão, fluência e flexibilidade.
Tipo Social: revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal,
atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, capacidade para resolver situações sociais complexas, habi-
lidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, alto poder de persuasão
e de influência no grupo.
Tipo Talento Especial: pode-se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dra-
máticas, literárias ou cênicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades.
Tipo Psicomotor: destaca-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando
grande desempenho em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora.

Observaram como a superdotação não está ligada somente à capacidade de realizar cálculos difíceis e reter
grande quantidade de informação sobre diversos assuntos? As grandes habilidades relacionadas à arte, à músi-
ca, à destreza de movimentos e à interação social também são compreendidas atualmente como superdotação.

Título: Manual de Acessibilidade Espacial para Escolas: o direito à escola acessível


Autor: Marta Dischinger, Vera Helena Moro Bins Ely e Monna Michelle Faleiros da
Cunha Borges
Editora: Argis
Sinopse: esse manual faz parte de uma série de ações que visam tornar a inclusão, na
rede pública de ensino brasileira, uma realidade. Garantir o direito à educação para
todos significa reconhecer e valorizar as diferenças, sem discriminação de etnia, credo,
situação social ou das pessoas com deficiência. O objetivo central deste manual é, justa-
mente, fornecer conhecimentos básicos e instrumentos de avaliação que permitam identificar as dificuldades
encontradas por alunos com deficiência no uso dos espaços e equipamentos escolares.

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

Título: Colegas
Ano: 2013
Sinopse: os jovens Stallone, Aninha e Márcio viviam juntos em um instituto para por-
tadores da síndrome de Down. Um dia eles decidem fugir para se aventurar e realizar
o sonho individual de cada um, envolvendo-se em muitas aventuras e confusões.

Neste vídeo, você poderá acompanhar o documentário sobre a síndrome do


transtorno do espectro autista realizado pelo Dr. Dráuzio Varella.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Neste vídeo, você poderá compreender melhor a síndrome de Down realizada


pelo Movimento Down.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Neste vídeo, você poderá acompanhar um documentário sobre acessibilidade


e Inclusão: O que as escolas precisam mudar?
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

51


Frente ao conteúdo exposto nesta unidade, você


se sentirá seguro para estagiar em uma escola es-
pecializada ou na rede regular de ensino? Acredita
ser importante aprender sobre as características das
principais deficiências antes de iniciar seus estágios
ou ingressar no mercado de trabalho? Assim, mu-
nidos de todo esse conhecimento, qual o primeiro
passo você daria ao iniciar seu trabalho em escolas
que apresentam alunos com deficiência? O que você
faria? Vamos tentar?

52
EDUCAÇÃO FÍSICA

Muitos foram os termos e definições abordados nesta unidade. Todos eles permeiam a inclusão em seus diferentes
aspectos. Para sintetizar os conceitos e termos apresentados neste conteúdo, complete o Mapa Mental com os tipos
de acessibilidade e definições dos quatro tipos de deficiência existentes.

Tipo de Definições
Acessibilidade
Tipo de Deficiência Definições

Sem barreiras
ambientais físiscas na
escola e nos transportes
coletivos
Deficiência Visual
Programas e práticas de
sensibilização e de
conscientização
Deficiência
Sem barreiras na Auditiva
comunicação
interpessoal
Deficiência
Sem barreiras nos Intelectual
métodos e técnicas de
estudo

Sem barreiras nos Deficiência


instrumentos e Motora
utensílios de estudo

Sem barreiras invisíveis


embutidas em políticas
públicas, regulamentos e
normas

53
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E
A DEFICIÊNCIA MOTORA

Dra. Naline Cristina Favatto

Oportunidades de aprendizagem
Nesta unidade, teremos a possibilidade de aprofundarmos
nossos estudos no campo da Educação Física e Inclusiva
Adaptada. A partir dessa contextualização, será possível
conceber as principais metodologias e técnicas para
elaboração de seu planejamento com alunos com deficiência
dentro ou fora do contexto escolar. E, por fim, faremos uma
imersão nas diversas possibilidades de adaptar atividades
para alunos com deficiência motora em seus diferentes
níveis de comprometimento.
unidade

III


Pressuponho que você conheça ou conviva com pes- da adaptação dos diversos tipos de atividade física!
soas que apresentam algum tipo de deficiência, seja Promover a participação de crianças, jovens e adultos
ela intelectual, física, visual ou auditiva. Pois bem, nas variadas práticas corporais é, de fato, uma ação
imagine que você é uma criança com deficiência, primordial e fundamental ao futuro profissional de
mas que seu professor de Educação Física não realiza Educação Física.
nenhuma adaptação que torne possível a sua parti- Com base nesses pressupostos, convido você a
cipação nas aulas! Ou que você tem o grande desejo relembrar seus tempos de escola e recordar como
de praticar algum esporte, mas sabe que nenhuma eram suas aulas de Educação Física. Seu professor
escola de treinamento costuma adaptar as ativida- promovia a participação de todos os alunos, indepen-
des para a participação de crianças com deficiência. dentemente de sua aptidão ou limitação física? Você
Ou, imagine ser o seu filho passando por essas duas se recorda se tinha alunos com deficiência e se eles
situações, sem ter a chance de se socializar a partir ficavam de lado ou participavam de todas as aulas?
da prática de atividade física. Nesta breve reflexão, acredito que você deve ter
Acredito que essas primeiras indagações tenham relembrado alguns episódios importantes, assim
levado a intensas reflexões a respeito da importância como as posturas adotadas por estes professores e

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

do comportamento que essas crianças apresentavam quando eram incluídas ou não nas atividades. Então,
agora, é a hora de você colocar, em seu Diário de Bordo, todas essas informações e percepções que você re-
lembrou durante a execução desta tarefa!

Em nossa primeira unidade, discutimos os di- especiais. Dessa forma, a escola se torna um lugar
reitos conquistados pelos alunos com deficiência ideal para respeitar as diferenças (SOLER, 2005). In-
em estudar em escolas regulares, receber o apoio de cluir não é uma ação fácil, pois exigirá de você, futuro
professores especializados e estar inseridos em um profissional, o estudo e reflexão sobre como construir
ambiente acessível e adaptado para suas necessidades sua aula de maneira que nenhum aluno seja excluído.
educacionais diárias. Agora, iremos tratar com maior A Educação Física apresenta um potencial imenso de
especificidade sobre a inclusão desses alunos nas inclusão e socialização, e você, futuro profissional,
aulas de Educação Física. têm o dever de tornar essas aulas e/ou práticas um
A escola e os espaços de iniciação e práticas espor- meio de conexão entre os alunos, de aceitação às di-
tivas e de lazer devem se preparar para receber todos ferenças e de conceber essa ação inclusiva como algo
os alunos, pois cada ser é único e, por isso, se tornam rotineiro nas aulas de Educação Física.

57


A Educação Física contribui para o desenvolvi- A Inclusão nas aulas de educação física é compreen-
mento afetivo, social e intelectual de alunos com dida como a participação de todos com respeito às suas
deficiência, uma vez que o incentivo à inclusão limitações, sendo o professor capaz de promover auto-
torna a autoestima e a autoconfiança mais eviden- nomia e ênfase no potencial de cada aluno (SEABRA
te e, consequentemente, diminui as desigualdades JUNIOR, 2006). Entenda que a inclusão não se trata ape-
(VENTURINI et al., 2010). Para Winnick (2004), a nas de adaptações, mas do acesso ao conhecimento que
inclusão nas aulas de educação física propicia um a disciplina de Educação Física oferta a todos os alunos.
ambiente favorável para a estimulação e motiva- Sassaki (1997) define a inclusão como um processo pelo
ção dos alunos. Oferece oportunidades para que os qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus
alunos com deficiência desenvolvam habilidades sistemas sociais, pessoas com necessidades educacionais
sociais e lúdicas adequadas à faixa etária, possi- especiais e, simultaneamente, estas se preparam para
bilitando as relações de amizade entre alunos que assumir seus papéis na sociedade.
apresentam ou não deficiência. Os princípios da Inclusão baseados pelo autor são:

Aceitação das diferenças

Princípios
Valorização do Conviver com
da
individuo a diversidade
Inclusão

Aprender através da cooperação


Figura 1 - Princípios da inclusão / Fonte: Sassaki (1997, p. 87).

Descrição da Imagem: na imagem consta um quadro com quatro setas, sendo uma em cada lateral. No meio dele tem-se escrito “Princípios
da Inclusão” e cada uma das setas indicam em que é baseado, desta forma, a seta de cima indica “Aceitação das diferenças”, a seta do lado
esquerdo “Valorização do indivíduo”, a seta do lado direito “Conviver com a diversidade” e a seta de baixo “Aprender através da cooperação”.

Se a visão de inclusão já é considerada difícil para as demais disciplinas escolares, o que diria a Educação
Física que tem por essência o movimento? Para que possamos incluir nossos alunos com deficiência, pre-
cisamos pensar nas possibilidades de adaptação das atividades e, para isso, não é preciso descaracterizá-las.
Você, futuro professor, deverá se questionar: para aplicar essa atividade, basta adaptar algumas regras? Além
das regras, também precisarei alterar os materiais utilizados? Ao modificar ambas, a atividade perderá seu
objetivo? Nesse momento, muitas dúvidas emergem, mas o que deve ficar claro é que as aulas de Educação

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

Física não devem ser a reprodução de um treina- A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR


mento esportivo. Certamente você apresentará aos ADAPTADA
seus alunos regras, características, fundamentos entre
outras questões de determinado esporte, contudo, Dentro das aulas de Educação Física, encontramos
elas poderão ser trabalhadas de diferentes formas! a Educação Física Adaptada, que tem por objetivo
Durante a caminhada profissional, você irá se possibilitar a participação de alunos com deficiência
deparar com alunos com deficiência inseguros em nas diversas atividades promovidas pelo professor.
participar das aulas de educação física e, por muitas Dentro dessa perspectiva, Cidade e Freitas (2002, p.
vezes, desinteressados com a prática. É necessário 27) enfatizam que:
levar em consideração alguns pontos, como a frus-
tração com as aulas de educação física em anos ante- A Educação Física Adaptada é uma área da
educação física que tem como objeto de estudo
riores, a superproteção dos pais em entender que as
a motricidade humana para as pessoas com ne-
aulas práticas poderão agravar o estado de saúde de cessidades educacionais especiais, adequando
seus filhos e o próprio sentimento de inferioridade metodologias de ensino para o atendimento às
que esses alunos apresentam. características de cada aluno com deficiência,
Além disso, precisamos desconstruir essa ima- respeitando suas diferenças individuais.

gem de profissional, que não incentiva a partici-


pação de alunos com deficiência em suas aulas de Os autores acrescentam que a educação física adaptada
educação física, e que deixam esses alunos “senta- para alunos com deficiência não se diferencia em seus
dos” enquanto toda a turma se diverte e aprende. conteúdos, mas concebe técnicas, métodos e formas de
Toda essa reflexão é a prova de que você, futuro organização que podem ser empregadas. Dentro desse
professor, tem o poder de transformar a realidade contexto, não existe uma receita pronta para aplicar nas
desses alunos por meio de suas aulas. É importante aulas, mas um grande processo de estudo e planejamen-
mencionar que a escola é um dos primeiros espa- to por parte do professor. Para Sherrill (1998), o processo
ços de socialização das crianças com deficiência e de adaptação deve ser contínuo, dinâmico e bidirecional,
se este trabalho for realizado de forma correta os quer dizer, recíproco, sofrendo influência das variáveis:
alunos terão mais chances e motivação de man- ambiente temporal e físico; equipamentos e materiais;
ter-se fisicamente ativos na vida adulta. ambiente psicossocial; de aprendizagem; instrução e
informação e, por fim, as tarefas a serem realizadas.
O professor de Educação Física deverá, sempre
que necessário adaptar regras, materiais, espaços e a
sua metodologia, com o intuito de possibilitar que
O professor deve tratar todos os alunos de
todos compreendam as atividades e participem ati-
forma igualitária, não superprotegendo e su-
vamente independente das dificuldades que possam
bestimando o aluno com deficiência (SOLER,
apresentar. Ademais, o professor deverá auxiliar o
2005; ROUSE, 2010).
aluno somente quando realmente precisar de ajuda
(SOLER, 2005; ROUSE, 2010).

59


OLHAR CONCEITUAL

1. Assegurar a participação do aluno com deficiência nas atividades, mesmo


que seja necessária assistência física. A diminuição desse apoio pode ocorrer, se
possível, na medida em que o aluno vai se adaptando com a atividade.

2. Estimular o aluno com deficiência a participar das decisões relativas às


variáveis de adaptação. Dentro desse contexto, é preciso considerar a aceitação
ou não das atividades e modificações por parte do interessado.

3. Evitar a aplicação de atividades adaptadas que acentuam a


aparência ou percepção das diferenças em suas aulas.

4. Proporcionar opções de escolha entre as variáveis de adaptação


para os alunos com deficiência.

5. Permitir que o aluno com deficiência selecione o tipo de


equipamento, as modificações de regras ou alterações no ambiente
mais adequadas às suas necessidades.

6. Oferecer a mesma variedade de jogos, esportes e atividades


recreativas às crianças que apresentam ou não deficiência.

7. Incentivar a prática de atividades coletivas e comunitárias


sempre que possível.

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

Para auxiliar os profissionais de Educação Física que


atuam no contexto inclusivo, os autores Soler (2005)
e Rouser (2010) recomendam vários tipos de auxí-
lio aos alunos, como auxílio físico, verbal e gestual.
Para Lieberman (2002), o uso de algumas abordagens
para a melhor compreensão da tarefa a ser realizada
pelo aluno com deficiência poderá garantir maior
autonomia. Além disso, em determinadas situações,
pode-se combinar mais de uma técnica de instrução
ou utilizá-la de forma individual, sendo elas:
Figura 3 - Demonstração

Orientação verbal: explicar de forma clara e objetiva Descrição da Imagem a fotografia mostra seis crianças ves-
tidas com camisetas vermelhas, shorts escruto e tênis. Essas
verbalmente o que se espera que o aluno desenvolva crianças estão com as pernas abertas, a mão esquerda na
em relação à atividade proposta. cintura e a mão direita sob a cabeça, pois o braço direito está
levantado. No canto esquerdo da imagem está uma pessoa
adulta de costas, com cabelo loiro amarrado, vestindo cami-
seta e shorts azul marinho. Essa pessoa está de frente para
as crianças e faz o mesmo movimento que elas.

Assistência física: oferecer auxílio físico ou guiar o


movimento do aluno, para que ele apreenda o mo-
vimento.

Figura 2 -Orientação Verbal

Descrição da Imagem a fotografia mostra quatro meninos


vestidos com trajes de jogar bola (camisa azul numerada,
calção branco, meião até o joelho listrado de azul e branco, e
chuteira). Na frente desses meninos está um homem adulto
que aparece de lateral vestindo agasalho preto e tênis, suas
mãos estão levemente levantadas, uma na altura da cintura
(direita) e outra na altura do peito (esquerda), já sua boca está
levemente aberta. Ao fundo da imagem, nota-se uma arqui-
bancada vazia e eles estão em pé sob um gramado. Figura 4 - Assistência Física

Descrição da Imagem a imagem mostra uma fotografia de


Demonstração: expor, de maneira exemplificada,
uma criança do sexo masculino andando sob uma trave de
por meio de ações demonstrativas ou utilização de ginástica. A mão esquerda da criança segura a mão de uma
pessoa adulta, essa que aparece somente do ombro pra baixo.
modelos, o que se espera que o aluno desenvolva em Ao fundo, nota-se equipamentos de ginástica.
relação à atividade proposta.

61


Brailling: orientar o aluno por meio do tato a per- Possibilidades de atividades para alunos com
ceber a execução de um movimento ou habilidade maior comprometimento motor, pautado em
realizado pelo professor ou por um colega. estímulos individuais:
Atividade 1
Objetivo: estimular a coordenação dinâmica
geral e lateralidade.
Material: espuma de colchão, fita adesiva, velcro,
EVA, peças de encaixe, bolas de tênis de quadra.
Organização do espaço e da turma: a atividade
requer pouco espaço, pode ser realizada tanto dentro
quanto fora da sala de aula.
Desenvolvimento: o aluno, fazendo uso de sua
carteira adaptada, realizará atividades de encaixe e
Figura 5 - Brailling / Fonte: a autora. de retirar e colocar objetos em determinados lugares.
Além dessas adequações, os materiais deverão ser con-
Descrição da Imagem a imagem mostra a fotografia de duas feccionados respeitando as características dos alunos.
meninas adolescentes. Uma das meninas está na frente e com
os olhos vendados. Atrás dela, a segunda menina, aparece de
óculos e sem venda, segurando com a mão esquerda o ombro
direito da outra menina. As duas usam camiseta branca com
um emblema na frente.

A EDUCAÇÃO FÍSICA E A
DEFICIÊNCIA MOTORA

Conforme discutimos na unidade anterior, a defi-


ciência motora pode ser compreendida em níveis
de comprometimento; nela, destacamos a deficiên-
cia motora leve, moderada e severa. Essa distinção Figura 6 - Atividades manuais / Fonte: a autora.
se faz importante para que você possa desenvolver
Descrição da Imagem a fotografia mostra um aluno com de-
atividades com diferentes graus de complexidade em ficiência motora sentado sobre sua cadeira com uma carteira
suas aulas de Educação Física. Dessa forma, convido branca à frente. Ele está realizando uma atividade de colocar e
retirar cones em pontos fixos. Esses cones estão em cima de sua
você para uma imersão nas atividades adaptadas e mesa adaptada.

uma extensa reflexão sobre as diversas possibilidades


de aplicação pedagógica para alunos com deficiência
motora em seus variados níveis de comprometimen- Variações: com espumas de colchão ou com bolas
to físico, em centros de reabilitação, escolas especia- de tênis de mesa e quadra, você poderá solicitar para
lizadas, assim como na rede regular de ensino. que o aluno segure o objeto com uma das mãos e a

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

leve para diferentes partes do corpo e que troque o na imagem a seguir, o material está inclinado, mas
objeto de uma mão para outra. cada aluno apresentará uma característica específica
de movimentação.

Figura 7 - Manipulação de objetos / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra um aluno com deficiên-


cia motora, sentado em uma cadeira adaptada, com um pedaço
de espuma na mão esquerda.
Figura 8 - Jogos de mesa / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra os braços de uma


pessoa com deficiência motora e ela está com uma carteira adap-
tada à frente, uma das mãos encontra um isopor com velcro que
Variações: com bolas maiores, você poderá pedir que possui o jogo da velha.
seu aluno a segure forte com as duas mãos e que a
lance. Sob essa perspectiva, você poderá colocar à
frente dele um arco, um balde ou qualquer objeto Variações: jogos como xadrez e dominó também
que simula uma cesta, ou um alvo específico para poderão ser adaptados facilmente para esses alu-
que ele realize esses arremessos. nos. A disposição do material também se dará
Variações: solicite ao aluno que realize algumas de acordo com as possibilidades dos alunos de
atividades de vida diária, como tirar o tênis, luva e ca- manusear as peças.
saco de maneira independente. Lembre-se sempre de Variações: outras atividades manuais como o
respeitar o tempo do aluno, quanto maior o compro- chamado “movimento de pinça” são relevantes.
metimento motor mais lentos serão os movimentos. Você poderá sugerir, ao seu aluno, que ele manu-
Atividade 2 seie pequenos objetos, como legos e massinha de
Objetivo: Estimular a coordenação motora fina modelar ou até mesmo brincar de pega-varetas.
Materiais: EVA e velcro Solicite ao aluno que faça bolinhas de papel e que
Organização do espaço e da turma: sala de aula. realize pequenos recortes. Esses exercícios pare-
Desenvolvimento: após a confecção e o ensino do cem simples, mas exigem do aluno grande controle
jogo da velha, solicitar que o aluno inicie o jogo. O muscular e concentração. O contato com diferentes
material deverá estar disposto de forma que o aluno texturas e pintura também são fundamentais para
consiga manusear as peças. Como podemos observar a estimulação motora fina de seu aluno.

63


Para a estimulação da coordenação motora gros- Variações: rolar com e sem apoio e o en-
sa, fortalecimento muscular e flexibilidade, sugere-se: gatinhar, independentemente da idade
Atividade 3 do aluno. Deixar a criança em decúbito
Objetivo: Estimular a coordenação dinâmica geral ventral e estimular a levantar a cabeça.
e o fortalecimento muscular. Ao desenvolver essas habilidades, coloque
Materiais: tatame, tablado ou colchonete. obstáculos ou objetos para o aluno tocar
Organização do espaço e da turma: sala de aula. e alcançar. Essas atividades promovem o
Sempre que possível, retire seu aluno da cadeira de fortalecimento muscular dos membros
rodas, pois esse poderá ser um dos poucos momentos superiores. Contudo, é preciso verificar se
que ele será retirado dela. Ao iniciar a aula, deixe que a escola oferece o espaço adequado, para
seu aluno reconheça o espaço ao seu modo, somente que o aluno não venha a se machucar.
depois inicie a atividade. Nesse caso, recomenda-se realizar a ati-
Desenvolvimento: colocar o aluno deitado e esti- vidade em salas com tatames ou material
mular movimentos básicos, como levar objetos para emborrachado.
o lado, para frente e para trás. Para deixar a atividade Variações: a utilização de pesos leves
mais complexa, solicite que o aluno sustente a posi- para o ganho de força muscular também é
ção por alguns segundos e, posteriormente, relaxar. importante, e deve ser realizada respeitando
as individualidades de cada aluno.
Atividade 4
Objetivo: Estimular a coordenação di-
nâmica geral e a flexibilidade.
Materiais: tatame, colchonete ou tablado.
Organização do espaço e da turma: sala
de aula.
Desenvolvimento: alongamentos de
todos os segmentos corporais, para es-
timular a flexibilidade de seu aluno.
Você poderá inserir nessa atividade um
Figura 9 - Coordenação dinâmica / Fonte: a autora. elemento especial, como a música. Para
atividades de alongamento e relaxamen-
Descrição da Imagem a fotografia mostra uma menina com de-
ficiência deitada sob um tablado. Ao seu lado tem um homem
to, coloque músicas mais calmas que não
sentado. Nota-se que a menina está com os braços levantados
e segura uma bola pequena com as mãos, o homem auxilia no
tirem a concentração de seu aluno nas
movimento. atividades que serão desenvolvidas.

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 10 - Alongamento

Descrição da Imagem a fotografia mostra uma criança deitada no


chão e uma mulher adulta auxiliando na realização de movimentos
de alongamento corporal.

Atividade 5
Objetivo: Estimular a coordenação dinâmica
geral e o equilíbrio.
Materiais: tatame
Organização do espaço e da turma: sala de aula,
pátio ou quadra.
Desenvolvimento: a caminhada ou marcha
orientada com o apoio do professor é fundamental
para o desenvolvimento motor dessas crianças. É
Figura 11 - Marcha
importante lembrar que não são todas as crianças
que recebem estímulo e atenção necessária de seus
Descrição da Imagem a fotografia mostra uma criança em pé
familiares. O simples ato de caminhar com seu alu- utilizando um equipamento que pega o tranco e as pernas. Uma
mulher adulta está ao seu lado segurando sua mão auxiliando a
no poderá significar um dos poucos momentos de criança na caminhada.

estímulo e descontração de seu aluno.

65


Variações: Inserir alguns obstáculos que exigirão do Material: dardo, peso, disco.
aluno maior ação motora. Organização do espaço e da turma: gramado ou
Atividade 6 areia.
Objetivo: Desenvolver aulas adaptadas para o Desenvolvimento: realizar arremessos e lança-
ensino de Jogos e Esportes. mentos do atletismo sentado.
Material: bolas e objetos de auxílio.
Organização do espaço e da turma: em um espaço
de uma quadra de futsal, pátio ou gramado.
Desenvolvimento: a bocha é um jogo muito ade-
quado a se aplicar na escola para alunos com defi-
ciência motora. Em nossa quinta unidade, trabalha-
remos a bocha e suas adaptações de forma específica.
Os alunos irão lançar a bola, com os pés, as mãos
ou a cabeça, fazendo ou não uso de materiais que
auxiliarão na prática.

Figura 13 - Lançamento de Dardo / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra uma pessoa com de-


ficiência do sexo masculino sentado sob uma cadeira realizando
o movimento de lançamento de dardo. A cadeira está sob um
gramado e, ao fundo, nota-se algumas árvores.

Figura 12 - Bocha Paralímpica / Fonte: Flickr (2021, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra dois cadeirantes, sen-


do uma mulher ao fundo e um homem um pouco mais a frente.
Na frente de suas cadeiras de rodas tem-se números que são
utilizados por atletas e eles estão em uma quadra de esporte. O
homem segura uma bola de bocha de cor escura na mão esquerda.

Figura 14 - Arremesso de Disco / Fonte: a autora.

Atividade 7
Descrição da Imagem a fotografia mostra uma pessoa com defi-
Objetivo: Estimular a coordenação dinâmica geral ciência motora sentada sob uma cadeira realizando o movimento
de lançamento de disco. A cadeira está sob um gramado e ao
por meio do atletismo. fundo nota-se algumas árvores.

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

Variações: propor diferentes formas de correr, demais para o professor, mas para alunos com difi-
com braços para cima, para trás, com e sem cadeira culdades severas de movimento, são extremamente
de rodas, em duplas, com e sem apoio. importantes e enriquecedoras.

O que são atividades da vida diária (AVD)?


As AVD´s são tarefas básicas de autocuida-
do. Essas atividades/habilidades são as mes-
mas que aprendemos desde a infância. Elas
incluem:
Alimentar-se.
Ir ao banheiro.
Escolher a roupa.
Figura 15 - Corrida Adaptada / Fonte: a autora. Arrumar-se e cuidar da higiene pessoal.
Vestir-se.
Descrição da Imagem a fotografia mostra quatro pessoas, sen- Tomar banho.
do duas delas cadeirantes e do sexo masculino, e duas do sexo
feminino que empurram as cadeiras de rodas. Andar e deslocar (por exemplo, da cama para
a cadeira de rodas).
Fonte: SBGG ([2022], on-line).

Por fim, outro estímulo extremamente importante


são as Atividades de Vida Diária (AVDs). As AVDs
são atividades que os professores desenvolvem com Após discutirmos sobre os estímulos que pode-
os alunos para que possam desempenhar, mesmo mos ofertar para a melhora da coordenação e con-
que minimamente, as atividades rotineiras, como trole motor desenvolvida de maneira individual
escovar os dentes, segurar objetos, colocar e retirar com os alunos, agora, voltaremos o nosso olhar
luvas, meias, sapatos, casacos, alimentar-se, entre ou- às atividades coletivas. Contudo, antes de darmos
tras diversas atividades diárias. Lembra-se quando início a esta temática, segue algumas dicas impor-
falamos que devemos respeitar os limites de cada tantes para que sua aula seja ainda mais segura,
aluno? Atividades como essas podem parecer simples consciente e prazerosa:

67


• Eleja um colega auxiliar para cada aula: esse aluno ficará responsável em ajudar o colega com
deficiência. Dependendo do nível de dificuldade da aula, o mais indicado é que você, professor,
seja o responsável direto por esse aluno, o guiando durante toda a atividade.
• Nossas aulas não possuem o objetivo de rendimento esportivo, dessa forma, podemos apre-
sentar as regras e colocá-las em prática com pequenas adequações. Diante disso, modifique e
diversifique as regras: além de empregar o conteúdo propriamente dito, proponha aos alunos
novas formas de aplicação pedagógica.
• A intensidade das atividades desenvolvidas devem respeitar as limitações dos nossos alunos.
Por isso, podemos e devemos trabalhar os diversos conteúdos estruturantes respeitando a
individualidade de cada aluno.

O conteúdo da Dança é indispensável em suas aulas


e, além disso, é uma atividade prazerosa que pode
envolver tanto a coordenação motora global como
a descontração, e momentos assim são relevantes
para seu aluno.
Atividade 8
Utilize músicas que apresente comandos claros
em sua letra, podemos tomar como exemplo o
trecho da música da xuxa: “mão na cabeça, mão
na cintura, um pé na frente e o outro atrás” e soli- Figura 16 - Atividades Rítmicas / Fonte: a autora.

cite que os alunos realizem todos os movimentos


Descrição da Imagem a fotografia mostra alunos com deficiência
que são apresentados na música. Essa atividade, motora e intelectual participando de uma brincadeira dançante
conhecida como trenzinho, o primeiro da fila é um menino cadei-
além de divertida, é uma importante ferramenta rante e as outras pessoas estão em pé.
de socialização entre os colegas.

Variações: reúna sua turma e realize movimentos básicos, em seguida, peça para que reproduzam esses
movimentos. Chame-os para dançar, conduza a cadeira de rodas de seu aluno e ofereça a possibilidade de
conhecer diversos ritmos, como a valsa, o forró, o sertanejo, o funk entre tantas outras.

68
EDUCAÇÃO FÍSICA

também é o foco da educação física inclusiva: não


modificar toda a aula para que não haja prejuízo no
conteúdo abordado. Por isso, faz-se sempre impor-
tante aplicar o conteúdo com todas as suas caracterís-
ticas e, posteriormente, realizar todas as modificações
necessárias para a participação de todos.
Além de trabalhar os diversos conteúdos estruturan-
tes e suas regras, fundamentos e características específi-
cas, podemos propor aos alunos novas regras. Estimule
Figura 17 - Atividades Rítmicas seus alunos a desenvolver essas novas “regras” junto a
você, futuro profissional de Educação Física!
Descrição da Imagem a fotografia mostra quatro crianças apre-
sentando uma coreografia de dança, duas delas estão dançando Atividade 9:
em suas cadeiras de rodas, uma sendo um menino e uma menina,
e as outras duas são meninas em pé dançando. As meninas estão Objetivo: Desenvolver aulas adaptadas para o
com um vestido azul, na altura dos joelhos e na cabeça um laço
azul com o cabelo preso. O menino está de calça preta e blusa azul.
ensino do futebol/futsal.
Material: pano, muletas, elásticos, bolas.
Organização do espaço e da turma: em um espaço
Podemos trabalhar de forma adaptada todos os de uma quadra de futsal jogam 10 alunos.
conteúdos estruturantes da Educação Física desde Desenvolvimento: em duplas, os alunos deverão ficar
a Educação Física Infantil até o Ensino Médio, sem sempre lado a lado com as pernas ou braços unidos.
que nenhum dos conteúdos perca suas característi- Por exemplo, a perna direita do aluno estará amarrada
cas. Perceba como a Educação Física não perde sua à perna esquerda de seu colega. Eles deverão realizar o
essência ao se trabalhar com atividades consideradas jogo de maneira cooperativa, lembrando que nenhum
mais simples, pois, até o momento, abordamos diver- movimento será possível realizar sem o apoio do colega.
sos conteúdos estruturantes, entre eles a Ginástica, a
Dança e os Jogos sem descaracterizar nossa disciplina.
A partir dessas pequenas observações, temos uma
infinidade de atividades que poderão ser desenvolvi-
das, por isso, convido você a conhecer alguns Jogos e
Esportes individuais e coletivos que podemos inserir
nas aulas de Educação Física sem descaracterizá-los,
seja diminuindo sua intensidade, inserindo novos
materiais ou contando com o auxílio de um colega!
Ao trabalhar o conteúdo esportes coletivos, o con- Figura 18 - Futebol Adaptado / Fonte: a autora.

tato físico é inevitável, contudo, podemos propor


Descrição da Imagem a fotografia mostra alunos jogando futsal
que o aluno com deficiência não seja bloqueado ou em duplas ligadas/amarradas entre os pés e as mãos. Uma dupla
está com coletes azuis e a outra equipe com coletes laranja, ca-
marcado. Perceberam que mesmo com essa peque- racterizando assim as duas equipes que participam da atividade.
na restrição, o conteúdo manteve sua essência? Esse

69


Variações: peça para que todos os alunos tragam um Material: cadeiras e bolas.
pedaço de pano para a aula. Eles deverão jogar fute- Organização do espaço e da turma: em um espaço
bol sem perder o contato com o pano que estará no de uma quadra de futsal jogam 12 alunos.
chão. Sendo assim, o aluno deverá arrastar o pano Desenvolvimento: sentados, os alunos deverão
com pé, o que simulará uma adaptação motora e trocar passes do basquetebol ou handebol. Diversas
possibilitará a participação do aluno com deficiência cadeiras deverão estar espalhadas estrategicamente
motora. pela quadra e os alunos deverão trocar passes até
Variações: em equipes de, no máximo, 5 alunos, a bola chegar ao aluno que estiver mais próximo à
solicitar que os alunos joguem normalmente, mas cesta ou ao gol, e assim realizar o arremesso. Nessa
que permaneçam sempre com os braços atrás das atividade, cada equipe poderá conter até 10 alunos.
costas. Isso fará que os alunos percam um pouco
do equilíbrio ao correr, possibilitando a eles a com-
preensão de como é ter seus movimentos alterados.
Essa regra introduzida na atividade fará que o aluno
com deficiência motora consiga participar de forma
mais dinâmica da atividade.

Figura 20 - Basquete adaptado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra cinco alunos sentados


em cadeiras distribuídas pela quadra, simulando a prática do
esporte adaptado basquetebol em cadeira de rodas. Três alunos
estão com coletes azuis e dois estão com coletes laranja, caracte-
rizando as duas equipes que participam da atividade.

Figura 19 - Futebol Adaptado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra seis alunos jogando Variações: sentados, realizar arremessos no basquete
futsal como os braços para trás. Três deles estão com coletes azuis
e os outros três alunos estão com coletes laranja, caracterizando e handebol
as duas equipes que participam da atividade.
Variações: com no máximo 6 alunos em cada equi-
pe, você poderá propor um jogo com cadeiras comuns
de rodinhas. Em que os alunos poderão se deslocar
Atividade 10 sem retirar o bumbum da cadeira. Os esportes tra-
Objetivo: Desenvolver aulas adaptadas para o balhados dessa forma são diversos, como: basquete,
ensino do Basquetebol e Handebol handebol, rugby, beisebol, hóquei, entre outros.

70
EDUCAÇÃO FÍSICA

Variações: propor diversas modalidades coletivas, e de pé. Alterar algumas regras, como a quanti-
como: basquete, handebol, rugby, beisebol, hóquei, dade de vezes que a bola poderá cair no chão e a
entre outros, sem que o aluno com deficiência seja quantidade de toques.
marcado ou bloqueado. Essas são apenas algumas das diversas adaptações
Atividade 11 que poderão ser realizadas, mas é essencial que você,
Objetivo: desenvolver aulas adaptadas para o en- professor, proporcione aos seus alunos a realização
sino de esportes de rede divisória. delas, mesmo que em sua sala de aula não exista
Material: cadeiras e bolas. nenhum aluno deficiente. Sempre que suas aulas
Organização do espaço e da turma: em um espaço apresentarem essa dinâmica, ao final, faça um bate-
de uma quadra de futsal. -papo com seus alunos e peça para que eles relatem
Desenvolvimento: voleibol sentado. Com 6 a 8 alu- quais dificuldades encontraram e qual a sensação em
nos em cada equipe, os alunos poderão se deslocar ape- colocar-se no lugar do outro. Tenho certeza que as
nas arrastando-se, sem perder o contato do bumbum respostas serão ótimas! Perceba que práticas pedagó-
com o chão. Para isso também será possível diminuir o gicas não levam apenas conhecimento ao aluno, mas
espaço de jogo com o intuito de facilitar o deslocamento. também consciência de como é depender do outro.
Tal vivência é enriquecedora e certamente levará
o seu aluno a refletir sobre diversos pontos, como
preconceito, aceitação, socialização, acessibilidade,
entre outros diversos fatores.

Figura 21 - Voleibol Sentado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra alunos sentados no


chão, separados por uma rede de voleibol praticando o esporte
adaptado sentado. Os alunos estão divididos em duas equipes e
usam coletes azul e laranja.
Inclusão
A inclusão de alunos com deficiência nas aulas de
Variações: aplicar os diversos esportes de rede Educação Física é uma importante ferramenta para o
desenvolvimento intelectual, social, motor e afetivo.
divisória, como tênis de quadra, tênis de mesa,
Vamos conversar mais sobre esta relevante temática?
badminton, entre outros com os alunos sentados

71


Título: Deficiência Físico-Motora: Interface Entre Educação Especial E Repertório


Funcional
Autor: Vera Lucia Israel e Andrea Lucia Sergio Bertoldi
Editora: Ibpex
Sinopse: esta obra tem como fundamento a análise e a discussão de assuntos que
envolvem a deficiência físico-motora (DFM). Para isso, apresenta um novo olhar sobre
o tema, tendo como foco o comportamento motor, seus fundamentos, relações entre
desenvolvimento, aprendizagem e controle motor e a importância da estimulação
precoce; os principais aspectos da funcionalidade e do desempenho motor humano
e sua relação com a vida em sociedade; as dimensões dos contextos familiar, educacional, de saúde e do
ambiente de trabalho em relação à DFM, sob o ponto de vista da tecnologia assistiva. O papel da família e
a capacitação profissional da pessoa com DFM em face da educação especial.

Título: Intocáveis
Ano: 2012
Sinopse: um milionário tetraplégico contrata um homem da periferia para ser o seu
acompanhante, apesar de sua aparente falta de preparo. No entanto, a relação que
antes era profissional cresce e vira uma amizade que mudará a vida dos dois.

Título: A teoria de tudo


Ano: 2015
Sinopse: baseado na história de Stephen Hawking, o filme expõe como o astrofísico
fez descobertas relevantes para o mundo da ciência, inclusive relacionadas ao tempo.
Também retrata seu romance com Jane Wilde, uma estudante de Cambridge que
viria a se tornar sua esposa. Aos 21 anos de idade, Hawking descobriu que sofria
de uma doença motora degenerativa, mas isso não o impediu de se tornar um dos
maiores cientistas da atualidade.

72
EDUCAÇÃO FÍSICA

Título: Como eu era antes de você


Ano: 2016
Sinopse: aos 26 anos, Louisa Clark, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplé-
gico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira
de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta
toda a sua amargura em quem estiver por perto. Tudo parece pequeno e sem graça
para ele, que sabe exatamente como dar um fim a esse sentimento. Como eu era
antes de você é uma história de amor e uma história de família, mas acima de tudo
é uma história sobre a coragem e o esforço necessários para retomar a vida quando tudo parece acabado

Neste vídeo, você poderá acompanhar o curta animado “Cordas”: narra a amizade
entre Maria e Nicolás, colega de classe, que sofre de paralisia cerebral. Acesse
o conteúdo disponível em:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Neste vídeo, você poderá acompanhar uma entrevista sobre a educação física
inclusiva com professores de Educação Física. Acesse o conteúdo disponível em:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

73


Neste vídeo, você poderá acompanhar uma entrevista com alunos e professores
sobre a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física. Acesse
o conteúdo disponível em:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Frente a todas as atividades apresentadas nesta unidade, você se sentirá seguro para estagiar ou lecionar em
uma escola da rede regular de ensino que tenha alunos com deficiência? Munido de todo esse conhecimento,
que tipo de atividade você planejaria para sua primeira aula com uma turma do 7º ano que tenha um aluno
com deficiência motora? Como seria essa primeira experiência para conhecer todos os alunos? Como você
faria? Vamos tentar?

74
EDUCAÇÃO FÍSICA

Para sintetizar os conceitos e definições da Inclusão e da Educação Física Inclusiva, assim como das principais abor-
dagens e técnicas para utilização do profissional de Educação Física na execução de seu trabalho, seja na escola ou
em outros ambientes, complete o Mapa Mental.

Definições Definições Tipo de Abordagens

Explicar de forma clara


e objetiva o que se
espera que o aluno
desenvolva
Inclusão
Explicar por maio de
ações demonstrativas
ou utilização de
modelos

Oferecer auxílio físico


ou guiar o movimento
Educação do aluno
Física
Orientar o aluno por
Inclusiva
meio do tato a
perceber a execução de
um movimento

75
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E A
DEFICIÊNCIA VISUAL E INTELECTUAL

Dra. Naline Cristina Favatto

Oportunidades de aprendizagem
Teremos, agora, o prazer de continuar nossa imersão nas
diversas possibilidades de adaptar atividades para alunos
com deficiência, de maneira específica, para alunos com
Deficiência Visual e Intelectual em seus diversos níveis de
comprometimento. A partir desse estudo, será possível
conceber as principais metodologias e técnicas para
elaboração de seu planejamento com alunos com deficiência
dentro ou fora do contexto escolar.
unidade

IV


Certamente, você já estudou com um colega que mais lentos e nas aulas nenhum colega quer que você
apresentava uma dificuldade significativa em apren- faça parte da equipe deles? Ou então, pense em ser
der os conteúdos escolares, ou conviveu com aquele seu filho passando por uma dessas situações, e você
que nunca participava das aulas de Educação Física, não consegue encontrar nenhuma escola de treina-
isso porque usava óculos e diziam a ele que poderia se mento que possa recebê-lo como parte integrante
machucar. Ou talvez, você foi o colega que apresentou da equipe.
dificuldade de aprendizado e/ou utilizava óculos e fi- Assim como nas unidades anteriores, acredito
cava fora de algumas atividades durante seu período que esses questionamentos tenham levado a intensas
escolar, se este for seu caso, você se lembra como se reflexões a respeito da importância da adaptação dos
sentia? Supondo que você não tenha nenhum tipo diversos tipos de atividade física, seja ela no contexto
de deficiência, imagine que você é uma criança com escolar ou não! Independentemente da deficiência
deficiência visual, mas que seu professor de Educação ou dificuldade dessas crianças e jovens, é preciso
Física não realiza nenhuma adaptação que torne pos- promover a sua participação, uma vez que a prática
sível a sua participação nas aulas! Ou que apresenta de atividade física é um dos maiores elementos so-
uma deficiência intelectual e seus movimentos são cializadores.

78
EDUCAÇÃO FÍSICA

Com base nesses pressupostos, convido você a vendar seus olhos por alguns minutos, e dentro da sua
própria casa tentar se deslocar entre os cômodos. Achou difícil? Agora, ainda vendado, abra sua geladeira e
tente fazer um sanduíche ou um suco!
Por meio dessa vivência enriquecedora, acredito que você tenha encontrado diversas dificuldades, já que
até esse momento sempre havia feito uso da visão para a realização de todas as atividades diárias em sua casa.
Então, agora é a hora de você colocar, em seu Diário de Bordo, todas essas dificuldades e sensações que você
experienciou durante a execução dessas tarefas!

Em nossos estudos anteriores, constatamos que a encontraremos tanto alunos cegos que participaram
deficiência visual não é caracterizada somente pela pouquíssimas vezes das aulas de educação física como
ausência total da visão, mas também pela baixa capa- alunos que fazem uso de óculos que apresentam resis-
cidade em enxergar. Em nosso percurso profissional, tência em realizar as aulas por medo de se machucar.

79


Desde o nascimento, a criança que enxerga passa porque elas recorrem a esses sentidos com mais fre-
a estabelecer uma comunicação visual com o mundo quência para decodificar e guardar na memória as
exterior. Durante os primeiros anos de vida, ela é esti- informações. O desenvolvimento aguçado da audição,
mulada a olhar para tudo o que está à sua volta, sendo do tato, do olfato e do paladar é resultante da ativação
possível acompanhar o movimento das pessoas e dos contínua desses sentidos diante da necessidade, pois
objetos sem sair do lugar. Percebe como a visão se os sentidos remanescentes funcionam de forma com-
sobressai sobre os demais sentidos? Ela ocupa uma plementar e não isolada (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).
posição primordial no que se refere à percepção e Sendo assim, iniciaremos nossos estudos abor-
integração de formas, contornos, tamanhos, cores e dando não apenas a adaptação para deficiência
imagens que estruturam a composição de uma pai- visual, mas também proporcionar aos alunos mo-
sagem ou de um ambiente. mentos de conscientização e vivência voltada à de-
Nesse tocante, a cegueira se caracteriza pela al- ficiência visual, uma vez que é primordial que você,
teração grave ou total de uma ou mais das funções futuro profissional, trabalhe com as dificuldades,
elementares da visão que afeta a capacidade de per- mesmo que não tenha nenhum aluno deficiente em
ceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou mo- sua turma ou equipe.
vimento. Por sua vez, a baixa visão é definida como Atividade 1:
a redução do rol de informações que o indivíduo Objetivo: Reconhecer o ambiente escolar.
recebe do ambiente, restringindo a grande quantida- Material: vendas.
de de dados que este oferece e que são importantes Organização do espaço e da turma: todo ambiente
para a construção do conhecimento sobre o mundo escolar.
exterior. A aprendizagem visual depende não apenas Desenvolvimento: em duplas, um aluno será ven-
do olho, mas também da capacidade do cérebro de dado e o outro deverá ser o seu guia. O guia apoia-
realizar as suas funções, de capturar, codificar, sele- rá a mão no ombro do colega vendado e passará as
cionar e organizar imagens fotografadas pelos olhos orientações verbalmente. Nessa atividade, os alunos
(SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007). deverão caminhar por todo o espaço escolar (pátio,
Falamos o tempo todo: “olha isso”,“nossa você viu?”, sala de aula, banheiro, biblioteca, refeitório e qua-
pois estamos acostumados a trabalhar apenas com dra). Depois os papéis serão invertidos, os guias serão
alunos que enxergam. Por isso, é primordial falar e vendados e deverão realizar o mesmo percurso. Ao
orientar de forma clara com o aluno, como discuti- final da aula, peça para que seus alunos relatem quais
mos nas unidades anteriores, e, além disso, valorizar foram as dificuldades encontradas, e questione se a
seus outros sentidos. O Ministério da Educação, ao escola realmente atende às necessidades de acessibi-
elaborar os documentos sobre o atendimento de alu- lidade arquitetônica ao aluno deficiente visual. Para
nos com deficiência visual na rede regular de ensino, alunos do Ensino Fundamental Anos Iniciais, você
esclarece que as informações tátil, auditiva, sinestésica poderá realizar essa atividade apenas em torno da
e olfativa são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas quadra esportiva.

80
EDUCAÇÃO FÍSICA

de 2 a 3 alunos por equipe. O ambiente deve estar


em silêncio, para que os alunos consigam ouvir o
barulho produzido pela bola e, assim, guiarem-se
para a prática do esporte.
Desenvolvimento: em duplas ou trios, os alunos
deverão se organizar próximos ao gol. O objetivo
do jogo é fazer gol, lançando a bola com as mãos
em direção ao gol da equipe adversária. A outra
equipe deverá defender seu gol, utilizando qual-
quer parte do corpo, por isso a necessidade de
fazer silêncio, pois eles irão se guiar pelo barulho
da bola. Caso sua escola não apresente uma bola
Figura 1 - Reconhecimento do ambiente escolar / Fonte: a autora.
de guizo, não tem problema, você poderá adaptar
Descrição da Imagem a figura apresenta uma fotografia de uma
envolvendo uma sacola plástica na bola, assim, ela
aluna com uma venda preta nos olhos e o outro aluno ao lado, fará barulho ao deslocar-se.
um pouco atrás dela, com a mão em seu ombro orientando sua
caminhada de reconhecimento do ambiente escolar. Ambos estão
de camiseta branca.

Variações: os alunos manterão suas duplas e apenas


um aluno estará vendado. No entanto, a orientação
dada pelo guia será tátil e não mais verbal. Um toque
no ombro direito ou esquerdo significam os lados
que o aluno deverá seguir. Um toque no centro das
costas significa seguir em frente e dois toques para
parar. Um toque no braço significa alguma barreira,
como degraus, mesas, cadeiras e até mesmo outros
colegas, por isso ao receber um toque no braço o
aluno deverá dar passos mais lentos.
Figura 2 - Goalball / Fonte: a autora.
Atividade 2:
Objetivo: Vivenciar a modalidade paralímpica
Descrição da Imagem a figura apresenta uma fotografia com
Goalball. três garotos com uma venda preta nos olhos, jogando goalball.
Estão usando camiseta, shorts e tênis. Um dos meninos está com
Material: vendas, bola e saco plástico. a bola branca em uma das mãos. A fotografia é em uma quadra
de esportes, ao fundo observa-se uma arquibancada e atrás dela,
Organização do espaço e da turma: em um es- árvores e arbustos.
paço de uma quadra de futsal ou gramado jogam

81


Atividade 3: Variação: em duplas, um aluno estará vendado e o


Objetivo: Vivenciar a modalidade paralímpica outro não. O aluno vendado deverá ser guiado pelo
Futebol de 5. colega, contudo, o colega não poderá encostar na
Material: vendas, bola e saco plástico. bola, apenas orientar verbalmente. Os goleiros po-
Organização do espaço e da turma: quadra de derão estar vendados ou não, é interessante realizar
futsal ou gramado. essas modificações, para ver com qual forma os alu-
Desenvolvimento: jogam duas equipes compostas nos se identificam.
por 5 alunos em cada uma delas. O jogo apresenta Atividade 4:
as mesmas características do futsal, no entanto os Objetivo: Vivenciar as corridas de velocidade e
jogadores de linha estão vendados, apenas os goleiros de resistência.
que não. O ambiente deve estar em silêncio, para que Material: vendas, bola, cordas.
os alunos consigam ouvir o barulho produzido pela Organização do espaço e da turma: em um espaço
bola e, assim, se guiarem para a prática do esporte. de uma quadra de futsal ou gramado.
O goleiro deverá orientar verbalmente os demais Desenvolvimento: corrida orientada. Os alunos
colegas de sua equipe. deverão se organizar em duplas e utilizarão a guia
confeccionada (que se encontra na figura 4). O aluno
vendado será guiado pelo colega, fazendo uso deste
material confeccionado. Com esse auxílio, eles pode-
rão realizar corridas de velocidade e de resistência.

Figura 3 - Futebol de Cinco / Fonte: a autora.

Figura 4 - Guia / Fonte: a autora.


Descrição da Imagem a figura apresenta a fotografia de quatro
alunos, todos com uma venda preta nos olhos. Três destes alunos
estão com calça cinza, camiseta branca e jaleco laranja por cima,
um aluno está de short branco, camiseta branca e jaleco azul por Descrição da Imagem a figura apresenta uma fotografia de parte
cima, este aluno está com uma bola laranja sobre seus pés. A de duas alunas unidas por uma guia em seus punhos. Ambas
fotografia é em uma quadra de esportes. vestem calça preta e camiseta branca.

82
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 5 - Corrida / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a figura apresenta uma fotografia de alu-


nos praticando a corrida para deficiente visual utilizando guias. Figura 6 - Lançamento de Dardo / Fonte: a autora.
Estão em dupla, e cada uma delas possui um aluno vendado com
uma faixa preta e o outro sem vendas para guiar o trajeto. Estão
em um campo de grama verde, três alunos com shorts, e um de Descrição da Imagem a figura apresenta uma fotografia de uma
calça, ambos com tênis, todos vestem camiseta branca, dois alu- aluna vendada com uma faixa preta, segurando um dardo apon-
nos estão com um jaleco laranja por cima, e dois com um jaleco tado para cima. A aluna veste uma camiseta branca de manga
azul por cima. curta, e está em um campo verde de grama.

Atividade 5: É importante que você compreenda que essas são


Objetivo: Vivenciar os lançamentos e arremessos apenas algumas das diversas adaptações que poderão
do atletismo. ser realizadas para o incentivo da inclusão de alu-
Material: vendas, dardo, peso e disco. nos com deficiência visual. Você poderá desenvolver
Organização do espaço e da turma: gramado. outras atividades com seus alunos, sendo preciso
Desenvolvimento: os alunos deverão realizar apenas respeitar os pontos que comentamos até aqui,
os arremessos e lançamentos sem vendas, e após a por exemplo: o grau de dificuldade do aluno, sua
aprendizagem dos movimentos realizar as atividades compreensão de espaço, o auxílio de um colega ou
com as vendas. do professor sempre que necessário, entre outros.

83


especializada. Da mesma maneira, podemos encon-


trar com frequência, alunos com menor comprome-
Você estudou com algum colega que possuía
timento intelectual, cada vez mais inseridos na rede
deficiência? As aulas de Educação Física eram regular de ensino. Contudo, isso não é uma regra,
inclusivas? Você costumava fazer amizade com devendo ser direito apenas dos pais a escolha entre
os alunos com deficiência em sua escola? a escola regular ou escola especializada.

Sobre as características do aluno com defi-


ciência intelectual, Gimenez (2013) destaca
Você já ouviu falar sobre a bola com guizo? Ela que eles poderão apresentar problemas de
é uma bola adaptada para a prática de espor- atenção e apatia para aprender, problemas
tes para deficientes visuais. Aparentemente de comunicação e de linguagem e problemas
uma bola normal, mas que apresenta um guizo generalizados de compreensão de conceitos:
em seu interior, que produz barulho quando Problemas de atenção e apatia para apren-
em movimento. O barulho é utilizado como der: estão relacionados à dificuldade de man-
guia para estabelecer o contato com a bola. ter a atenção ao realizar tarefas solicitadas. Em
Por este motivo, toda prática esportiva que faz relação à apatia para aprender, evidencia-se
uso desta bola deve ser a mais silenciosa pos- que deficientes intelectuais são menos ousa-
sível, para que os alunos ou atletas consigam dos e acabam explorando menos o ambiente,
se guiar por meio do guizo. quando comparado aos demais.
Problemas de comunicação e de linguagem:
podem apresentar vocabulário restrito e difi-
culdade em se comunicar.
Quando trabalhamos com alunos que possuem de- Problemas generalizados de compreensão
ficiência intelectual, é necessário avaliar e entender de conceitos: a pessoa com deficiência inte-
suas características e possíveis etiologias, para, assim, lectual apresenta dificuldade em compreender
identificar quais as carências relacionadas à apren- conceitos e estabelecer relações entre fatos,
dizagem que esses alunos necessitam e, por conse- eventos entre outras questões.
quência, algumas adaptações nas aulas de Educação
Física. Contudo, como já discutimos, antes de iniciar
seu planejamento, é preciso identificar o nível de
comprometimento intelectual desses alunos. Nessa De acordo com Gimenez (2013), esses problemas
perspectiva, é relevante destacar que encontraremos poderão gerar alguns comportamentos negativos
alunos com diversos níveis de comprometimento no aluno com deficiência intelectual, como a agres-
intelectual e que, quanto maior for esse nível, maior sividade e o afastamento do grupo, pois o medo do
será a possibilidade desse aluno estar em uma escola fracasso e a expectativa de sucesso são pontos muito

84
EDUCAÇÃO FÍSICA

evidentes e que precisamos sempre estar aten-


tos. Diante dessas possibilidades, é importante
que o professor de Educação Física elogie o
aluno, com o objetivo de estimular sua auto-
confiança e diminuir sua ansiedade. Percebe
como temos que nos policiar o tempo todo em
nossa ação pedagógica para não privilegiar
determinados alunos, assim como não cobrar
deles o que não é possível ser realizado?
O aluno deficiente intelectual é caracte-
rizado por sua lentidão de movimentos, pela Figura 7 - Esquema corporal / Fonte: a autora.

escolha de estratégias motoras inadequadas


Descrição da Imagem na imagem consta a fotografia de um
e pelo atraso em seu desenvolvimento. Por quadro branco. Ao lado esquerdo da imagem consta o desenho
de uma menina com pernas, braços, dedos, cabeça, boca, nariz,
isso, faz-se importante promover atividades orelha, olhos e cabelo desenhados pela professora. Ao lado a
que estimulem o tempo de reação, o ritmo, tentativa de reprodução do mesmo desenho apenas com a cabeça,
boca, nariz, orelha e olhos.
a agilidade, o controle de força e o equilíbrio
(GIMENEZ, 2013). Crianças com deficiência
intelectual apresentam dificuldade em relação Observe, agora, na figura 8, como uma criança da
à consciência corporal, sendo assim, oferecem mesma idade sem deficiência intelectual realiza o
atividades que estimulem os diversos elemen- mesmo desenho, e, inclusive, insere o chão, ação não
tos psicomotores, como: Esquema Corporal, solicitada pela professora.
Noção Espacial e Temporal, Coordenação
Fina e Dinâmica Geral, Equilíbrio e Latera-
lidade.
Atividade 1:
Objetivo: Compreender o esquema cor-
poral.
Material: giz, caneta, material de encaixe.
Organização do espaço e da turma: sala
de aula.
Desenvolvimento: a atividade da figura 7
foi desenvolvida com uma criança com de-
ficiência intelectual de, aproximadamente, 6 Figura 8 - Esquema Corporal / Fonte: a autora.

anos de idade. Nela, a professora desenha no


Descrição da Imagem na figura, temos uma fotografia onde apa-
quadro uma menina, e apenas solicita à aluna rece uma criança sentada no chão desenhando uma menina com
pernas, braços, dedos, cabeça, boca, nariz, orelha, olhos, cabelo,
que o reproduza. Observe como ela apresenta roupa e chão.
dificuldade em distinguir braços e pernas.

85


Variações: peça para que as crianças formem duplas. com dois pés juntos, de costas, com passos grandes
Uma deverá ficar deitada no chão, e a outra, com um e pequeninos. Imitar personagens, realizar mímicas,
giz, deverá desenhar o colega. Pedir para a criança brincar de estátua. Explorar materiais como: bolas,
deitar com as pernas e braços abertos, assim como os arcos, panos, caixas, cordas, colchões, pneus, jornais,
dedos das mãos abertos. Após o desenho realizado cordões. Brincar de espelho, repetindo movimentos
no chão, peça para que os alunos desenhem os olhos, feito por alguém à sua frente, face a face (RAFAEL
o nariz, a boca, o cabelo e as orelhas. LOPES; VASCONCELOS MIRANDA, 2018).
Variações: ofereça aos alunos materiais de encaixe, Atividades 2:
para compreensão da estrutura corporal. Neste caso, Objetivo: Estimular a coordenação dinâmica geral
a atividade foi aplicada a um aluno com Transtorno e o equilíbrio.
do Espectro do Autismo. Material: cadeiras, arcos, cordas, cones.
Organização do espaço e da turma: pátio, quadra
ou gramado.
Desenvolvimento: circuito motor. O professor de-
verá montar um circuito utilizando diversos mate-
riais como cadeiras, arcos, cordas, cones, colchonetes
e bolas. O circuito deverá conter diversas ações dife-
renciadas, como saltos, deslocamentos, rolamentos,
equilíbrio e lançamentos. Todas as variações possí-
veis são bem-vindas nessa dinâmica de atividade.

Figura 9 - Esquema Corporal / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra uma criança sentada


no chão, com autismo, montando um jogo de peças do esquema
corporal. Ela está encaixando cada estrutura corporal dentro do
seu local correto.

Variações: solicitar para que o aluno toque nas partes


do corpo, como: cabeça, pé, ombro, cotovelo, joelho,
queixo e aumentar a velocidade dessas ações gradativa-
Figura 10 - Circuito Motor / Fonte: a autora.
mente. Essa atividade poderá ser realizada com música.
Ainda sobre o desenvolvimento desse elemento Descrição da Imagem na figura, temos a fotografia de alguns
alunos com deficiência intelectual realizando um circuito motor
psicomotor, destacam-se atividades como: deslocar- em que precisam passar por dentro de arcos que estão pendura-
dos por uma corda em linha reta. Todos estão de camiseta rosa
-se variando o contato com o solo (de dois, três, qua- escrito APAE, calça e tênis.
tro apoios). Transpor espaços e objetos com um pé só,

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

Variações: corridas com obstáculos variados espalhados pelo chão. Logo em seguida, pular corda no lugar
e depois em deslocamento, arremessar objetos. Andar sobre marcas feitas no chão com fitas, entre diversas
outras possibilidades.

Figura 12 - Circuito Motor / Fonte: a autora.


Figura 11 - Circuito Motor / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem na figura tem-se uma fotografia que mostra


Descrição da Imagem na figura, temos uma fotografia que apare- uma aluna com deficiência intelectual realizando um circuito motor
cem três alunos com deficiência intelectual realizando um circuito em que precisa saltar os arcos que estão sob o chão e segura uma
motor em que precisam desviar de cones segurando uma bola bola de basquete nas mãos. Ela está de short e camiseta verde,
em suas mãos. Todos estão usando camiseta rosa escrito APAE. usando chinelo e usando óculos.

As atividades esportivas são muito bem-vindas para a estimulação do deficiente intelectual, mas muitos deles
não irão compreender as regras de determinadas modalidades, o que não significa que elas não deverão ser
trabalhadas. Mais uma vez, precisaremos adaptar essas modalidades, só que, neste momento, respeitando
sempre a compreensão do aluno. Você pode estar se perguntando: como inserir os demais conteúdos es-
truturantes quando meu aluno já está no Ensino Fundamental, Ensino Médio ou já é adulto em uma escola
especializada? A resposta é simples: faça algumas modificações, pois nossas aulas são um momento de
aprendizagem e não de especialização em modalidades esportivas.
Atividade 3:
Objetivo: Estimular a coordenação dinâmica geral por meio de atividades esportivas coletivas e individuais.
Material: bolas de basquete, de futsal, de handebol e de voleibol.
Organização do espaço e da turma: pátio, quadra ou gramado.
Desenvolvimento: o aluno deverá percorrer um caminho preestabelecido quicando uma bola com a mão,
ou a conduzindo com os pés em direção ao gol. Posteriormente, o aluno realizará arremessos. Essas atividades
podem ser realizadas com alunos deficientes intelectuais que apresentam ou não algum comprometimento motor.

87


mesa, possibilitando que a bola quique mais de uma


vez na mesa. A ausência de mesa específica não é um
problema, pois você poderá realizar essas atividades
com as mesas do refeitório da escola.

Figura 13 - Basquete Adaptado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem a fotografia mostra uma aluna com de-


ficiência motora em sua cadeira de rodas segurando uma bola
de basquete no colo e com uma das mãos encostadas no objeto.
Observa-se, ainda, a presença de uma cesta de basquete. A ca-
deirante conta com o auxílio de duas pessoas, uma que está atrás
da cadeira de rodas e outra que está na sua frente, estendendo
as mãos em direção a menina.

Figura 14 - Tênis de mesa

Descrição da Imagem na imagem, podemos observar dois alunos


Variações: realizar os fundamentos do voleibol e praticando o tênis de mesa.
trocar passes das variadas modalidades esportivas.
Variações: aplicar as modalidades propriamente
ditas, e modificar as regras de acordo com a com- Variações: tênis de quadra sem rede, apenas com
preensão dos alunos. as raquetes e um espaço menor entre os alunos. As
Atividade 4: raquetes e bolas utilizadas também poderão ser as
Objetivo: Estimular a coordenação dinâmica ge- de frescobol.
ral por meio de atividades esportivas individuais e Atividade 5:
coletivas. Objetivo: Estimular a coordenação dinâmica geral
Material: bolas de tênis de mesa, de quadra ou por meio do atletismo.
de frescobol. Material: dardo, peso, disco.
Organização do espaço e da turma: pátio, quadra Organização do espaço e da turma: gramado ou
ou gramado. areia.
Desenvolvimento: aplicação do tênis de mesa. Desenvolvimento: realizar arremessos, lançamen-
Você, futuro professor, poderá modificar o tênis de tos, saltos e corridas de atletismo.

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 15 - Arremesso de peso / Fonte: a autora. Figura 16 - Dança / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem alunos com deficiência intelectual, vestindo Descrição da Imagem a figura apresenta alunos com deficiência
camiseta rosa escrito APAE, realizando o arremesso de peso em intelectual dançando em pares.
um solo com areia. Nota-se, ao fundo, outras pessoas vestindo a
mesma camiseta observando o arremesso.

Benefícios da Atividade
Atividade 6: Física para a Pessoa
Objetivo: Estimular e desenvolver diversos ele- com deficiência
mentos psicomotores por meio da dança.
Material: rádio. De acordo com Nahas (2017), pessoas com deficiên-
Organização do espaço e da turma: quadra ou pátio. cia física e intelectual devem, primeiramente, con-
Desenvolvimento: proporcione aos seus alunos a sultar o médico antes de iniciar qualquer programa
possibilidade de ouvir diferentes tipos musicais e en- de atividade física que não estejam familiarizados.
sinar seus passos básicos. Ao contrário do que muitos O mesmo se aplica a pessoas com deficiência que já
pensam, esses alunos apresentam grande destaque na praticam atividade física, mas que desejam iniciar um
dança, como podemos observar em diversos festivais programa que vise a competição, ou seja, a prática de
de escolas especializadas. atividades físicas vigorosas.

89


O Guia de Atividade Física Para a População Bra- O comportamento sedentário é caracterizado, por Nah-
sileira, publicado pelo Ministério da Saúde, destaca as (2017), como tempo destinado sentado ou deitado
que são diversos os benefícios da prática de atividade usando o celular ou jogando videogame, assim como
física para as pessoas com deficiência (BRASL, 2021, vendo televisão, trabalhando, estudando, entre outros.
p. 44), sendo os principais: O excesso de tempo em comportamento sedentário
• Promove a qualidade de vida e bem-estar, pode ser um agravante para pessoas com deficiência,
• Estimula e amplia a autonomia para realiza- principalmente por conta das dificuldades vivenciadas
ção das AVDs - atividades da vida diárias; em cada caso. Com isso, complicações cardiovasculares
• Aprimoramento das capacidades da aptidão ou respiratórias podem ser ainda mais frequentes.
física tanto para a saúde quanto performance, Quanto a intensidade, Nahas (2017) destaca que a
sendo elas: força e resistência muscular, resis-
atividade física não precisa ser intensa para trazer be-
tência aeróbia; coordenação motora, equilí-
brio, flexibilidade e agilidade;
nefícios à saúde, assim, grandes benefícios para a saúde
• Melhora das habilidades de socialização;
da pessoa com deficiência podem ser obtidos com do-
• Promove inclusão social, uma vez que cria e
ses moderadas de atividade física diária. A ênfase em
fortalece os laços sociais; atividades moderadas permite que as atividades sejam
• Auxilia no controle do peso e na diminuição variadas para atender as necessidades e interesses indi-
do risco de obesidade; viduais, diante das circunstâncias na vida do deficiente.
• Melhora da imunidade; Dessa forma, o autor destaca que pessoas com defi-
• Melhora da atenção, memória e raciocínio, ciência inativas devem começar com períodos de 5-10
assim como reduz o risco de declínio cogni- minutos de atividades físicas leves ou moderadas, au-
tivo; mentando gradualmente até os níveis desejados. Maio-
• Melhora do humor, e redução da sensação de res benefícios podem ser derivados da atividade física
estresse e dos sintomas de ansiedade e de de- regular se esta for gradualmente aumentada, respeitadas
pressão;
as características individuais. Acerca do tempo de du-
• Melhora a circulação sanguínea e diminui o
ração das atividades considerando a faixa etária, o Guia
risco de doenças do coração, diabetes, pres-
de Atividade Física para a População Brasileira para
são alta e colesterol alto.
pessoas com deficiência, orienta que:

Crianças de até 1 ano: pelo menos 30 minutos por dia de barriga para baixo (posição de bruços),
podendo ser distribuídas ao longo do dia. As crianças com qualquer deficiência devem ser estimuladas
dentro das suas potencialidades desde as primeiras fases de vida.
Crianças de 1 a 2 anos: pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade,
podendo ser distribuídas ao longo do dia.
Crianças de 3 a 5 anos: pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade,
sendo, no mínimo, 1 hora de intensidade moderada a vigorosa que pode ser acumulada ao longo do dia.

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

Para crianças e jovens de 6 a 17 anos: praticar 60 minutos ou mais de atividade física por dia. Dê
preferência para aquelas de intensidade moderada. Como parte desses 60 minutos ou mais por dia,
inclua em pelo menos 3 dias na semana atividades de fortalecimento muscular e ósseo, como saltar,
puxar, empurrar ou praticar esportes.
Adultos: realizar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada ao longo da semana ou pelo
menos 75 minutos de atividade vigorosa, ou uma combinação equivalente. Atividades de fortaleci-
mento muscular devem ser realizadas envolvendo os principais grupos musculares em dois ou mais
dias da semana.
Idosos: a partir dessa idade, a recomendação é a mesma dos adultos. Adicionalmente, aqueles com
mobilidade reduzida devem fazer atividade física para melhorar o equilíbrio e evitar quedas, três ou
mais dias na semana.

Dessa forma, de maneira específica para as crianças, praticar atividade física e ter benefícios para a saúde e
o ato de participar de brincadeiras que se caracteriza qualidade de vida, sendo importante apenas respeitar
pelo movimento físico, como rastejar, rolar, correr, seus limites e potencialidades (BRASIL, 2021).
caminhar, saltar, entre outros, já se enquadra dentro
dessas recomendações necessárias. A medida que o
indivíduo cresce, ele passa a realizar atividades pro-
gramadas, com movimentos executados de forma pla-
nejada e com objetivos específicos. Como caminhadas
ou corridas diárias ou exercícios de sobrecarga como
o exemplo da prática da musculação, entre outros.
Além disso, o Guia orienta que para a prática de
atividade física, é importante usar roupas leves e cal-
çados confortáveis. Nas atividades físicas ao ar livre, a
utilização de boné, camisa de manga longa e protetor A inclusão da pessoa com deficiência não se dá ape-
solar também é fundamental. Além disso, as pessoas nas no ambiente escolar, mas em todas as esferas da
devem beber água antes, durante e após a prática de vida. É preciso compreender a importância da prática
atividade física e ter uma alimentação adequada e de atividade física para esse grupo de pessoas. Vamos
saudável. Por fim, o Guia enfatiza que todos podem conversar sobre esta importante temática?

91


Título: Direito à Diferença: Uma Reflexão Sobre Deficiência Intelectual e Educa-


ção Inclusiva
Autor: Miriam Pan
Editora: Intersaberes
Sinopse: a autora aborda que não é apenas a garantia constitucional da inclusão
das pessoas com deficiência intelectual na educação que vai fazer que ela seja
de qualidade. Ela faz o leitor refletir e compreender que as diferenças devem
ser notadas e respeitadas não somente na escola. Só assim a inclusão deixa de
ser um ato fragmentado e passa a ser verdadeiro.

Título: Deficiência Visual Na Escola Inclusiva


Autor: Carlos Fernando França Mosquera
Editora: Intersaberes
Sinopse: esse livro chama a atenção da sociedade brasileira para a educação dos
deficientes visuais, propondo-se como ferramenta de debate, aprendizagem e
análise dos caminhos que nossas escolas têm trilhado ao procurar trabalhar com
as diferenças em sala de aula. Por meio de uma abordagem simples e acessível a
educadores, pais e à sociedade em geral, o livro retrata esse tema tão polêmico
com maestria, propondo alternativas para que se possa aprimorar o processo de ensino-aprendizagem
do deficiente visual, garantindo-lhe acesso ao conhecimento e à cidadania.

92
EDUCAÇÃO FÍSICA

Título: Vermelho como o céu


Ano: 2006
Sinopse: Anos 70. Mirco (Luca Capriotti) é um garoto toscano de 10 anos que
é apaixonado pelo cinema. Entretanto, após um acidente, ele perde a visão.
Rejeitado pela escola pública, que não o considera uma criança normal, ele é
enviado a um instituto de deficientes visuais em Gênova.

Título: Uma Lição de Amor


Ano: 2002
Sinopse: Sam Dawson é um pai com problemas mentais que toma conta de
sua filha Lucy com a ajuda de um grupo de amigos. Quando Lucy faz sete anos
e começa a ultrapassar seu pai intelectualmente, o seu vínculo é ameaçado
quando sua vida nada convencional chama a atenção de uma assistente social
que quer que Lucy seja colocada em um orfanato.

Neste vídeo, você poderá acompanhar o documentário sobre a deficiência visual


“Janela da Alma” Física. Acesse o conteúdo disponível em:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

93


Neste vídeo, você poderá acompanhar uma análise sobre o que é a deficiência
intelectual. Acesse o conteúdo disponível em:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

Neste vídeo, você poderá acompanhar uma entrevista com Marcos Mion sobre
como descobriu que seu filho era autista. Acesse o conteúdo disponível em:
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

A partir do conteúdo apresentado nesta unidade, assim como todas as propostas de atividades que desenvol-
vemos até aqui, você se sente seguro para trabalhar em uma escola especializada com alunos com deficiência
intelectual? Munido de todo esse conhecimento, que tipo de atividade você planejaria para sua primeira aula
com uma turma de deficientes intelectuais andantes? Que dinâmica aplicaria para conhecer esses alunos?
Vamos tentar?

94
atividades de estudo

Nesta, assim como nas unidades anteriores, abordamos diversos conteúdos a respeito da deficiência intelectual e da
deficiência visual! Todas essas informações possibilitaram a melhor compreensão da pessoa com deficiência. Para
sintetizar esses conhecimentos, considerando esta unidade, complete o Mapa Mental pautado nas características
da deficiência intelectual e da deficiência visual!

A deficiência Interlectual
pode ser caracterizada
por algumas
problemas:
A deficiência Visual
pode ser caracterizada
pela:

Além desses problemas o


deficiente intelectual é
caracterizado por:
A Redução do rol
Alteração grave de informações
ou total de uma que o indivíduo
ou mais das recebe do
funções ambiente
Por este motivo é elementares da
necessário estimular visão
elementos
psicomotores, como:

95
ESPORTES PARALÍMPICOS

Dra. Naline Cristina Favatto

Oportunidades de aprendizagem
Teremos, nesta unidade, a oportunidade de compreender
a origem dos Jogos Paralímpicos e conhecer as principais
características de todas as modalidades esportivas que
fazem parte dos Jogos Paralímpicos de verão e de inverno. A
partir dessa contextualização, será possível compreender as
diversas modalidades esportivas para atletas com deficiência
visual, intelectual e motora.
unidade

V


Quem diria que algo tão devastador, como a Se- Com base nessas discussões, gostaria de saber
gunda Guerra Mundial, poderia dar origem a algo se você, aluno(a), assistiu às Paralimpíadas com a
tão importante como a prática esportiva adaptada! mesma assiduidade e entusiasmo que assistiu às
Imagine você naquela época, após sobreviver a esta Olimpíadas. Você observou a ótima classificação
batalha sofreu graves lesões que o impossibilitou de que o Comitê Brasileiro Paralímpico conquis-
fazer atividades básicas da vida diárias. Contudo, tou? Te convido, agora, a fazer uma pesquisa na
você encontrou no esporte uma maneira de se recu- internet para analisar qual foi o desempenho do
perar e de superar todas essas dificuldades? Parece Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e
ser esse um dos objetivos do esporte, principalmen- se, de fato, esses jogos deram ou não audiência às
te na vida da pessoa com deficiência, não é mesmo? empresas televisivas.
Acredito que esses questionamentos tenham le- Por meio desta pesquisa, acredito que você te-
vado a intensas reflexões a respeito da função social nha encontrado diversas informações que lhe im-
do esporte, principalmente da pessoa com deficiên- pressionou ou que lhe causaram certa indignação.
cia, que além das barreiras físicas, precisa romper Então, agora, é a hora de você colocar em seu Diá-
com as barreiras do preconceito, da não aceitação das rio de Bordo os pontos mais relevantes verificados
diferenças, além da desvalorização do esporte para- a partir da imersão nesse universo do esporte para-
límpico quando comparado ao esporte olímpico. límpico e seus maiores entraves !

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

O nome paralimpíadas advém de olimpíadas. A trar esses soldados no hospital em processo de rea-
palavra é uma junção dos termos “para” (expressão bilitação, o médico neurologista Ludwig Guttmann,
grega allelois, que significa “um ao lado do outro”) e começou a organizar jogos internos com o intuito
olimpíada (de Olímpia, região que originou os jo- de tornar a recuperação desses soldados um pouco
gos desportivos em 776 a.C., de olympos). mais prazerosa. Inicialmente, Guttmann adaptou o
A origem dos Jogos Paralímpicos expressa uma basquete, tiro com arco, dardos e bilhar, e começou
relação muito interessante com a Segunda Guerra a aplicar entre os soldados e, logo, o que era apenas
Mundial. Muitos soldados que sobreviveram após utilizado como meio de reabilitação se tornou um
os combates foram mutilados e perderam algum dos primeiros jogos destinados às pessoas que apre-
membro ou sofreram lesões medulares. Ao encon- sentavam deficiência física.

99


Figura 1 - Basquete em cadeira de rodas EUA 1949 / Fonte: Garcia


(2010, on-line). Figura 2 - Tiro com Arco 1960 / Fonte: Lucena (2012, on-line).

Descrição da Imagem a figura apresenta uma fotografia em preto


Descrição da Imagem a figura é uma fotografia que se encontra
e branco da Equipe de Tiro com arco composto por soldados so-
em preto e branco e apresenta alguns soldados sobreviventes da
breviventes da Segunda Guerra Mundial no ano de 1960. A equipe
Segunda Guerra Mundial participando de um dos primeiros jogos
é composta por seis cadeirantes e eles aparecem na fotografia
de basquete em cadeira de rodas, em 1949, nos Estados Unidos.
segurando seus arcos. Atrás de cada cadeira de rodas tem uma
pessoa em pé.

O Comitê Paralímpico Brasileiro relata que Gutt-


mann organizou uma competição esportiva que Ao longo dos anos, os jogos paralímpicos foram ga-
envolvia soldados veteranos da Segunda Guerra nhando força e novos esportes foram adaptados. Atu-
Mundial com lesão medular. O evento foi realiza- almente, os Jogos Paralímpicos se caracterizam como
do em Stoke Mandeville, na Inglaterra, quatro anos o maior evento de esporte adaptado de alto rendimen-
depois. Competidores da Holanda se uniram aos to. Em 1960, quatrocentos atletas participaram dos
jogos e, assim, nasceu um movimento internacio- Jogos Paralímpicos de Verão em Roma; em 2021, na
nal, atualmente denominado de movimento para- Paralimpíadas de Tóquio, foram mais de 4 mil atletas,
límpico. Tal movimento possibilitou que os jogos de 131 países (CPB, 2021). Notou que foi por meio da
para atletas com deficiência fossem organizados ideia genial de um médico em tornar o esporte uma
pela primeira vez em Roma, em 1960 (MARQUES forma de reabilitação que levou hoje ao que conhece-
et al., 2009). mos como Paralimpíadas? Fantástico, não é mesmo?

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

O esporte adaptado chegou ao Brasil no final da


década de 50, por meio de Robson de Almeida e
Jogos Parapan-Americanos: Os Jogos Para-
Sérgio Del Grande, quando retornaram dos Esta-
pan-americanos são um evento multidespor-
dos Unidos, após vivenciarem o esporte adaptado.
tivo para pessoas com deficiência de ordem Em 1958, em São Paulo, Sérgio Del Grande fun-
visual, intelectual e motora. Assim como os dou o Clube dos Paraplégicos e, no mesmo ano,
Jogos Paraolímpicos são baseados nos Jogos Robson de Almeida, fundou, no Rio de Janeiro, o
Olímpicos, os Jogos Parapan-americanos se Clube do Otimismo. A primeira participação in-
baseiam nos Jogos Pan-americanos. Nos Jogos ternacional brasileira foi na modalidade de bas-
Parapan-Americanos de Lima 2019, o Brasil quetebol sobre rodas no 2° Jogos Pan Americanos
entrou para história com recorde de conquis- na Argentina, em 1969. Nos Jogos Paralímpicos, a
tas com a marca inédita de 308 medalhas. Os participação de atletas brasileiros foi em 1972, na
Jogos Parapan-Americanos de 2023 ocorrerão IV Paralimpíada na Alemanha, na modalidade de
no Chile e será composto por 23 modalidades
bocha (GORGATTI; COSTA, 2008).
esportivas.
O esporte adaptado atribui sentido à vida de
Fonte: CPB (2021).
vários atletas, além disso, desempenha a função de
incluir a percepção de competência e identidade
pessoal como atleta e não como deficiente físico. Atu-
almente, o esporte para esta população caminha para
o alto rendimento e o nível técnico dos atletas impres-
siona cada vez mais o público e os estudiosos da área
de Educação Física (GORGATTI; COSTA, 2008). De
acordo com Ribas (2020), os paratletas desenvolvem
habilidades para vida por meio do esporte, o que con-
tribui para a construção de uma mente mais robusta
nos atletas. Além disso, o esporte adaptado tem como
um de seus objetivos proporcionar a pessoa com de-
Os Jogos Paralímpicos é o maior evento voltado aos ficiência a quebra de preconceitos, oportunizando a
atletas com deficiência. Além deste, temos os Jogos testar suas potencialidades, prevenir deficiências se-
Paraescolares e Paralímpicos Universitários. Vamos cundárias e proporcionar a integração do indivíduo
conversar um pouco sobre esses eventos no podcast? com a sociedade (BUSTO, 2013).

101


Modalidades

O esporte adaptado pode ser definido como práticas esportivas com regras, materiais e estruturas adaptadas
e modificadas, a fim de possibilitar a participação de pessoas com deficiências em diferentes modalidades
esportivas (CARDOSO, 2011). Atualmente, os Jogos Paralímpicos apresentam 22 modalidades de verão e 5
modalidades de inverno com diversas categorias para a participação de pessoas com variadas deficiências
como: visual, física e intelectual.

OLHAR CONCEITUAL

22 Modalidades de Verão
Atletismo, Badminton, Basquete em cadeira
de rodas, Bocha, Canoagem, Ciclismo,
Esgrima em cadeira de rodas, Futebol de 5,
Goalball, Halterofilismo, Hipismo, Judô,
Natação, Remos, Rugby em cadeira de rodas,
Taekwondo, Tênis de mesa, Tênis em cadeira
de rodas, Tiro com arco, Tiro esportivo,
Triatlo e Vôlei sentado.

5 Modalidades de Inverno
Esqui alpino, Esqui cross country, Biathlon,
Hóquei e Curling em cadeira de rodas.

102
EDUCAÇÃO FÍSICA

Antes de conhecermos essas modalidades, é impor- prometimento que o atleta possui, para que ele possa
tante compreender como esses atletas são inseridos competir com atletas em condições físicas, visuais e
dentro de suas classes, ou seja, como ocorre a classi- intelectuais similares, garantindo a fidedignidade nas
ficação funcional dos atletas paralímpicos. competições. Assim, a classificação funcional tem por
O que é Classificação Funcional? É o processo objetivo definir a elegibilidade do atleta e agrupá-los
de classificação considerando a deficiência e o com- para que possam competir em igualdade de condições.

São 10 as deficiências elegíveis estabelecidas pelo Comitê Paralímpico Internacional:

• Força Muscular Limitada.


• Deficiência nos Membros.
• Diferença no comprimento das Pernas.
• Baixa estatura.
• Hipertonia: (músculos em total estado de repouso, dificultando o seu movimento imediato, devido
a Paralisia cerebral, Acidente vascular cerebral; Traumatismo craniano).
• Ataxia: (Equilíbrio ou coordenação motora prejudicados, devido à Paralisia cerebral, Acidente
vascular cerebral; Traumatismo craniano e Esclerose Múltipla).
• Atetose (caracterizada por movimentos musculares involuntários contínuos e lentos, em especial
dos dedos, devido a Paralisia cerebral, Acidente vascular cerebral; Traumatismo craniano).
• Limitação de Amplitude de Movimento Passivo.
• Deficiência Intelectua.
• Deficiência Visual.

Agora, munidos dessas informações, vamos conhecer de perto todas essas modalidades?
Atletismo: o atletismo Paralímpico, assim como o olímpico, apresenta provas de pista, rua e campo,
com provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos. Atualmente, é o esporte com maior número de ca-
tegorias e participantes nos Jogos Paralímpicos. A modalidade apresenta provas para atletas com deficiência
física, visual e intelectual, composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino (CPB, 2021).

103


Figura 3 - Atletismo para deficiência visual


/ Fonte: Flickr (2021a, on-line).

Descrição da Imagem fotografia de


uma atleta brasileira de atletismo com
deficiência visual vendada correndo ao
lado de seu guia.

A classificação funcional do Atletismo ocorre da seguinte forma: para as provas de pista (velocidade, meio
fundo, fundo e saltos) e para provas de rua (maratona), utiliza-se a letra T, que significa track. Para as provas
de campo (arremessos, lançamentos) utiliza-se a letra F, que significa field.

CLASSES ATLETAS

F11 a F13 / T11 a T13 Deficiência visual.


F20 / T20 Deficiência intelectual.
F31 a F38 / T31 a T38 Deficiência motora. Paralisados cerebrais, cadeirantes e andantes.
F40 a F41 Deficiência motora. Para atletas anões.
Deficiência motora. Destinadas a amputados ou com deficiência nos membros
F42 a F46 / T42 a T46
superiores ou inferiores.
Deficiência motora. Compreendidas pelas competições em cadeiras de rodas
F51 a F57 / T51 a T54
(sequelas de lesão medular, poliomielite, amputações).
Quadro 1 - Classificação Funcional Atletismo / Fonte: adaptada CPB (2021).

Badminton: é o badminton adaptado para pessoas com deficiências físicas. Os atletas em cadeira de rodas
e andantes utilizam uma raquete para golpear uma peteca na quadra dos adversários competindo em provas
individuais, duplas (masculinas e femininas) e mistas em seis classes funcionais diferentes (CPB, 2021).

104
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 4 - Atleta com nanismo praticando


badminton / Fonte: Flickr (2021b, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia é de


um atleta de badminton brasileiro com
deficiência motora (nanismo) nos Jogos
Paralímpicos de 2021. O homem segura
uma raquete e a peteca está no ar.

O esporte apresenta quatro categorias:

CLASSE ATLETA
WHA1 WH2 Atletas em cadeira de rodas
SL3 SL4 Atletas com deficiência em membros inferiores que andam
SU5 Atletas com deficiência em membros superiores
SH3 Atletas com baixa estatura

Quadro 2 - Classificação Funcional do badminton / Fonte: adaptado CPB (2021).

Basquete em Cadeira de Rodas: grande parte das regras do basquete olímpico foram preservadas, sendo
praticado apenas por usuários de cadeiras de rodas. Sua categoria é única. O basquete em cadeira de rodas
é destinado exclusivamente para atletas com deficiência física, composta por provas destinadas ao gênero
feminino e masculino (CPB, 2021).

105


Figura 5 - Atletas brasileiros de basquete em cadeira


de rodas / Fonte: Flickr (2021c, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra quatro


atletas brasileiros com deficiência motora jogando
basquete em cadeira de rodas. Nota-se a presen-
ça da bola de basquete tocando a mão de um dos
jogadores.

Bocha: as regras da bocha convencional também não se distanciam da bocha adaptada. As principais di-
ferenças se dão pelo posicionamento dos jogadores e o apoio ou não auxiliares e de instrumentos que pos-
sibilitam a execução dos movimentos necessários. A bocha é designada exclusivamente para pessoas com
deficiência física, composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino (CPB, 2021).

Figura 6 - Atleta de bocha paraolímpica / Fonte: Flickr


(2021d, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra um atle-


ta brasileiro com deficiência motora jogando bocha
em cadeira de rodas. Nota-se a presença da bola de
bocha na mão do jogador.

106
EDUCAÇÃO FÍSICA

A Bocha Paralímpica apresenta quatro classes:

CLASSES ATLETAS

BC1 Deficiência motora. Opção de auxílio de ajudantes.

BC2 Deficiência motora: não recebem auxílio.

Deficiência motora. Utilizam instrumento auxiliar e/ou ajuda de outra pessoa (para deficiência
BC3
severa).
BC4 Deficiência motora. Não recebem auxílio (para deficiência severa).

Quadro 3 - Classificação Funcional da Bocha, Goalball do e do Futebol e 5 / Fonte: adaptado CPB (2021)

Canoagem: a canoagem paralímpica apresenta as mesmas características da canoagem olímpica. É designa-


da exclusivamente para pessoas com deficiência física, composta por provas destinadas ao gênero feminino
e masculino.

Figura 7 - Atleta brasileiro de canoagem / Fonte: Flickr (2021e,


on-line).

Descrição da Imagem A fotografia mostra um atleta brasileiro


com deficiência motora praticando canoagem nos Jogos Paralím-
picos de 2021.

A canoagem é dividida em três categorias:

CLASSES ATLETAS
KL1 Deficiência motora. Classe em que o atleta usa somente os braços na remada.
KL2 Deficiência motora. Classe em que o atleta usa tronco e braços na remada.
KL3 Deficiência motora. O atleta usa tronco, braços e pernas.
Quadro 4 - Classificação Funcional da canoagem / Fonte: adaptado CPB (2021).

107


Ciclismo: apresenta provas para atletas com deficiência física, visual e paralisia cerebral, composta por pro-
vas de estrada e pista destinadas ao gênero feminino e masculino. Os atletas podem competir em quatro
tipos de bike, de acordo com a deficiência: convencional, triciclo, tandem e handbike (CPB, 2021).

Figura 8 - Atleta brasileiro de ciclismo /


Fonte: Flickr (2021f, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia


mostra um atleta brasileiro com de-
ficiência motora praticando ciclismo
nos Jogos Paralímpicos. Nesta classe,
o atleta impulsiona a bicicleta adap-
tada com os braços.

O ciclismo é dividido em quatro classes:

CLASSE ATLETA
H1 a H5 Deficiência motora. O atleta impulsiona a bicicleta adaptada com os braços (handbike).
T1 e T2 Deficiência motora. Para atletas paralisados cerebrais (utilizam um triciclo).
Deficiência motora. Para atletas com deficiência físico-motora e amputados (atletas competem
C1 a C5
em bicicletas convencionais).
Tandem Deficiência visual. Para atletas deficientes visuais (bicicleta apresenta dois lugares).

Quadro 5 - Classificação Funcional do Ciclismo / Fonte: adaptado CPB (2021).

Esgrima em Cadeira de Rodas: Apresenta a maior parte das regras da esgrima olímpica, a diferença mais
relevante é o posicionamento dos atletas, destinado apenas para usuários de cadeiras de rodas, onde é levado
em consideração a mobilidade e comprometimento dos membros superiores. A modalidade é designada
exclusivamente para pessoas com deficiência física, composta por provas destinadas ao gênero feminino e
masculino (CPB, 2021).

108
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 9 - Atletas brasileiros de esgrima /


Fonte: Flickr (2021g, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia


mostra dois atletas brasileiros com de-
ficiência motora praticando esgrima em
cadeira de rodas.

A esgrima exibe três categorias:

CLASSE ATLETA
Classe A Para atletas com mobilidade no tronco (amputados ou limitação nos movimentos).
Classe B Para atletas com menor mobilidade no tronco e equilíbrio.
Classe C Para atletas com tetraplegia com comprometimento de mãos, braços e tronco.
Quadro 6 - Classificação Funcional da Esgrima / Fonte: adaptado CPB (2021).

Futebol de Cinco: esporte exclusivamente para atletas cegos ou com baixa visão do gênero masculino. O
futebol de cinco apresenta três categorias, B1, B2 e B3, no entanto, nos jogos paraolímpicos, participam ape-
nas a categoria B1 composta por atletas cegos totais ou com percepção de luz, sendo no total cinco atletas em
campo. Todos os atletas precisam usar um tampão durante a partida, visto que nenhuma faixa de luz poderá
ser identificada (CPB, 2021).

Figura 10 - Atletas jogando Futebol de 5 / Fonte: Flickr


(2021h, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra quatro atletas


brasileiros com deficiência visual jogando futebol de 5 nos
Jogos Paralímpicos de 2021. Nota-se que todos os atletas
estão com os olhos vendados.

109


O esporte apresenta três categorias:


CLASSE ATLETA

B1 Deficiência visual. Para atletas cegos totais ou com percepção de luz.

B2 Deficiência visual. Para atletas com percepção de vultos.

B3 Deficiência visual. Para atletas que conseguem definir imagens.

Quadro 7 - Classificação Funcional do Futebol de 5 / Fonte: adaptado CPB (2021).

Goalball: o Goalball foi criado exclusivamente para atletas cegos ou com baixa visão, sendo até hoje a pri-
meira e única modalidade criada exclusivamente para atletas com deficiência. O Goalball é destinado ape-
nas para atletas com deficiência visual, composta por provas tanto para atletas do gênero feminino quanto
masculino. O esporte é composto pelas mesmas categorias do Futebol de 5 e do Judô (CPB, 2021).

Figura 11 - Atletas jogando goalball /


Flickr (2021i, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia


mostra três atletas brasileiros com
deficiência visual jogando goalball.
Nota-se que todos os atletas estão
com os olhos vendados.

Halterofilismo: é caracterizado pelo movimento cha- Os atletas competem em categorias de acor-


mado supino, deitados em um banco. Durante a dis- do com o peso corporal, assim como na versão
puta, as tentativas de levantamento de peso realizada olímpica. A modalidade é destinada apenas para
pelos atletas é avaliado por três árbitros. Cada atleta atletas com deficiência física, composta por pro-
apresenta três tentativas de movimento, na qual é con- vas destinadas ao gênero feminino e masculino.
siderado o maior peso levantado (CPB, 2021).

110
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 13 - Atleta de hipismo / Flickr (2021k, on-line).


Figura 12 - Atleta de halterofilismo / Flickr (2021j, on-line).
Descrição da Imagem a fotografia mostra um atleta brasileiro
com deficiência visual em cima de seu cavalo praticando hipismo
Descrição da Imagem a fotografia mostra um atleta brasileiro nos Jogos Paralímpicos de 2021.
com deficiência motora praticando halterofilismo. O atleta se
encontra deitado com as mãos na barra recebendo auxílio de
seu treinador.

Judô: o judô também se assemelha com as regras utili-


Hipismo: os atletas (cavaleiros) são subdividi- zadas pelo Judô olímpico, apresentando apenas peque-
dos em categoria de acordo com a sua deficiên- nas modificações. A principal diferença é que, no judô
cia e avaliados pela sua capacidade ou habilidade paralímpico, os atletas iniciam a luta já em contato com
com o cavalo. O hipismo apresenta cinco classes: o quimono do oponente. Vale destacar que sempre que
Grau IA, Grau IB, Grau II, Grau III e Grau IV. O os atletas perderem o contato, a luta é interrompida.
grau de deficiência varia de IA, mais severa, ao Os atletas são divididos em categorias de acordo com
IV, menos severa. O hipismo é designado para o peso corporal e gênero. Conforme destaca o CPB,
atletas com deficiência física, visual e intelectual, a modalidade apresenta as mesmas três categorias
composta por provas destinadas ao gênero femi- para deficientes visuais do futebol de 5 e do Goalball.
nino e masculino (CPB, 2021). O Judô é designado exclusivamente para atletas com
deficiência visual, composto por provas destinadas ao
gênero feminino e masculino.

111


A modalidade se diferencia também por apresentar


diversas categorias, sendo elas:

CLASSE ATLETA
1 a 10 Deficiência motora
11 a 13 Deficiência visual
14 Deficiência Intelectual

Quadro 8 - Classificação Funcional da Natação / Fonte: adaptado


CPB (2021).

Figura 14 - Atletas lutando judô / Flickr (2021l, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra dois atletas brasileiros


com deficiência visual praticando judô nos Jogos Paralímpicos de Em 2020, a modalidade Futebol de 7 foi retirada
2021. A atleta brasileira é representada pelo quimono azul e sua
adversária pelo quimono branco. da relação de esportes praticados nos Jogos
Paralímpicos, restando apenas, neste evento,
o futebol de 5 para deficientes visuais.
Natação: a natação, assim como o atletismo para- Fonte: Comitê Paralímpico brasileiro (2021)
límpico, é um dos esportes que o Brasil mais se des-
taca nas competições. É destinada para atletas com
deficiência visual, física e intelectual, para o gênero Remo: o remo paralímpico apresenta as principais
feminino e masculino (CPB, 2021). regras do remo olímpico, sendo destinada a pessoas
com deficiência física e visual para o gênero mascu-
lino e feminino (CPB, 2021).

Figura 16 - Atletas praticando remo / Flickr (2021n, on-line).


Figura 15 - Atleta praticando natação / Flickr (2021m, on-line).
Descrição da Imagem a fotografia mostra dois atletas brasileiros
com deficiência física praticando remo nos Jogos Paralímpicos
Descrição da Imagem a fotografia mostra dois atletas com defi- de 2021. Nota-se que a dupla é composta pela categoria mista,
ciência motora em uma competição de natação nos Jogos Para- sendo uma mulher e um homem competindo na mesma equipe.
límpicos de 2021.

112
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os atletas são divididos em classes conforme sua capacidade motora e apresenta três categorias:

CLASSE ATLETA
PR1 Remadores com função mínima ou nenhuma função de tronco.
Remadores que possuem uso funcional dos braços e tronco, mas apresentam fraqueza/ausência
PR2
da função das pernas.
Remadores com função residual nas pernas que lhes permite deslizar no assento. Esta classe
PR3
também inclui atletas com deficiência visual.

Quadro 9 - Classificação Funcional do Remo / Fonte: adaptado CPB (2021).

Rugby em Cadeira de Rodas: de acordo com o CPB, o rugby em cadeira de rodas é similar ao rugby olím-
pico, nesse caso o atleta precisa passar a linha do gol com as duas rodas da cadeira com a bola nas mãos,
sendo composta por quatro jogadores por equipe. O rugby é designado exclusivamente para atletas com
deficiência física, composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino.

Figura 17 - Atletas praticando rugby


Flickr (2020, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia


mostra três atletas brasileiros com
deficiência motora jogando rugby
em cadeira de rodas.

Taekwondo: o esporte é disputado por dois atletas, assim como nas demais lutas. Sendo utilizado coletes
azul e vermelho que possuem sensores capazes de medir a potência do chute quando em contato com a meia
do oponente. As lutas são realizadas em três rounds de dois minutos, com um minuto de intervalo. Ganha o
atleta que tiver mais pontos ao término do último round. Se acabar empatado, ocorre mais um round, cujo
vencedor é o lutador que fizer os dois primeiros pontos (CPB, 2021).

113


Figura 18 - Atletas lutando taekwondo / Flickr (2020a, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra duas atletas brasilei-


ras com deficiência motora praticando taekwondo. Nota-se que
uma atleta está com o uniforme amarelo e a outra atleta com o
uniforme azul, ambas da seleção brasileira.

Atualmente, nas Paralimpíadas, o Parataekwondo é destinado apenas para atletas com deficiência física e
possui duas classes: K43 e K44:

CLASSE ATLETA
K43 Atletas com amputação bilateral do cotovelo até a articulação da mão, dismelia bilateral.
Atletas com amputação unilateral do cotovelo até a articulação da mão, dismelia unilateral, mono-
K44
plegia, hemiplegia leve e diferença de tamanho nos membros inferiores.

Quadro 10 - Classificação Funcional Taekwondo / Fonte: adaptado CPB (2021).

Tênis de Mesa: assim como a maioria dos esportes já existentes e que tiveram suas formas de realização
adaptadas, o tênis de mesa se apropria dessas regras, na maioria das vezes sofrendo poucas alterações. O
Comitê salienta que o esporte consiste em partidas em uma melhor de cinco sets, sendo cada um deles dis-
putado até que um dos jogadores atinja 11 pontos. A modalidade é designada para atletas com deficiência
física e intelectual, composta por provas para o gênero feminino e masculino (CPB, 2021).

Figura 19 - Atleta jogando tênis de mesa / Flickr (2021o, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra uma atleta brasileira


com deficiência motora jogando tênis de mesa nos Jogos Para-
límpicos de 2021.

114
EDUCAÇÃO FÍSICA

O tênis de mesa apresenta 11 categorias sendo elas:

CLASSE ATLETA
1, 2, 3, 4 e 5 Deficiência motora. Cadeirantes.
6, 7, 8, 9 e 10 Deficiência motora. Andantes.
11 Deficiência motora. Andantes com deficiência intelectual.

Quadro 11 - Classificação Funcional do Tênis de Mesa / Fonte: adaptado CPB (2021)

Tênis de Cadeira de Rodas: as regras do tênis convencional são muito semelhantes com o tênis de cadeira
de rodas, contudo, a principal diferença é que a bola pode quicar duas vezes no chão antes de ser rebatida.
O tênis de cadeira de rodas é exclusivamente praticado por atletas com deficiência física e paralisia cerebral,
composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino.

Figura 20 - Atleta jogando tênis


de quadra / Flickr (2019, on-line).

Descrição da Imagem a foto-


grafia mostra um atleta brasi-
leiro com deficiência motora em
sua cadeira de rodas jogando
tênis de quadra nos Jogos Pan-
-Americanos de 2019.

Segundo o Comitê Paralímpico, o tênis de cadeira de rodas apresenta duas classes:

CLASSE ATLETA
Deficiência motora. Para atletas com alguma deficiência nos membros inferio-
Open ou Aberta
res.
Deficiência motora. Para atletas com deficiência em três ou mais extremida-
Quad ou Tetra
des no corpo.

Quadro 12 - Classificação Funcional do Tênis de Quadra / Fonte: adaptado CPB (2021).

115


Tiro com Arco: os atletas são divididos em classes, Tiro Esportivo: o tiro esportivo é exclusivamente
que se diferenciam pelas capacidades do atleta de praticado por atletas com deficiência física para o
ficar em pé e/ou de locomoção nos braços e tron- gênero masculino e feminino. O atleta poderá atirar
co. O Tiro com arco é exclusivamente praticado por em pé, deitado, sentado ou ajoelhado.
atletas com deficiência física e paralisia cerebral,
composta por provas destinadas ao gênero femini-
no e masculino (CPB, 2021).

Figura 22 - Atletas praticando Tiro Esportivo / Flickr (2021q,


on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra quatro atletas com


deficiência motora praticando Tiro Esportivo, nos Jogos Paralím-
Figura 21 - Atleta praticando Tiro com Arco / Flickr (2021p, on-li- picos de 2021. Nota-se que três desses atletas estão sentados
ne). praticando a modalidade e apenas um atleta com deficiência no
braço esquerdo está de pé.

Descrição da Imagem a fotografia mostra uma atleta brasileira


com deficiência motora em sua cadeira de rodas praticando Tiro
com Arco nos Jogos Paralímpicos de 2021.

O tiro esportivo apresenta duas categorias:

A modalidade apresenta duas classes, sendo elas: CLASSE ATLETA


Atiradores de pistola e de carabina que
SH1
CLASSE ATLETA conseguem segurar suas armas.

Para atletas com deficiência grave, em Atiradores de carabina que precisam


W1 SH2
três ou quatro membros de suporte para a arma.

Para atletas com deficiência em um Quadro 14 - Classificação Funcional do Tiro Esportivo / Fonte:
adaptado CPB (2021).
membro (superior ou inferior) ou dois
Open
membros (inferiores ou superior e infe-
rior do mesmo lado). Triatlo: de acordo com o CPB, o triatlo é composto
Quadro 13 - Classificação Funcional do Tiro com Arco / Fonte: por 750 m de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de
adaptado CPB (2021).
corrida. Suas categorias são subdivididas de acordo

116
EDUCAÇÃO FÍSICA

com a capacidade motora dos atletas. O Triatlo é designado para atletas com deficiência física e deficiência
visual, composta por provas destinadas para o gênero feminino e masculino.

Figura 23 - Atleta praticando


Triatlo / Flickr (2016a, on-line).

Descrição da Imagem a
fotografia mostra duas
Atletas do gênero femini-
no com deficiência motora
praticando o Triatlo. Ambas
usando roupa justa de gi-
nástica.

A modalidade apresenta três classes:

CLASSE ATLETA
PTWC Deficiência motora. Para triatletas usuário de cadeiras de rodas.
Atletas com deficiências físico-motoras e paralisia cerebral andantes competem
PTS2, PTS3, PTS4 e PTS5 nestas classes, sendo a PTS2 para deficiências mais severas e PTS5 para deficiên-
cias mais moderadas.
PTVI Deficiência visual.

Quadro 15 - Classificação Funcional do Triatlo / Fonte: adaptado CPB (2021).

Vela: a modalidade exige domínio sobre correntes aquáticas, habilidade e estratégia, acima de tudo de mu-
danças de vento. As categorias não apresentam divisão por gênero, ou seja, homens e mulheres velejam
juntos, todos divididos de acordo com o comprometimento motor. A vela é destinada exclusivamente para
pessoas com deficiência física composta por provas mistas, feminina e masculina (CPB, 2021).

117


acentuados. A classe MD, por sua vez, é composta


por atletas com deficiências quase imperceptíveis,
como problemas de articulações leves ou pequenas
amputações nos membros. Cada equipe só pode
contar com dois jogadores da classe MD no time. E
os dois não podem estar em quadra ao mesmo tem-
po. O voleibol sentado é destinado exclusivamente
para pessoas com deficiência física.

Figura 24 - Atletas praticando a Vela / Flickr (2016b, on-line).

Descrição da Imagem a fotografia mostra dois atletas com defi-


ciência motora participando de uma competição de vela nos Jogos
Paralímpicos de 2016. Estão em uma barco branco, no meio do
mar, ambos usando blusas de manga longa. Ao redor tem mais
dois barcos com outros atletas.

A vela é disputada em três categorias, sendo elas:

CLASSE ATLETA Figura 25 - Atletas jogando voleibol sentado / Flickr (2021r,


on-line).
Deficiência motora. Um atleta pouco
2.4mR
comprometido fisicamente.
Descrição da Imagem a fotografia mostra várias Atletas da sele-
Deficiência motora. Dois atletas com
SKUD18 ção brasileira com deficiência motora jogando voleibol sentado
paraplegia (mista). em uma quadra, com uma bola. Todos os atletas estão usando
calça, tênis e camiseta de manga curta.
SONAR Deficiência motora. Três atletas.

Quadro 16 - Classificação Funcional da Vela / Fonte: adaptado


CPB (2021).
JOGOS PARALÍMPICOS DE INVERNO
Voleibol Sentado: inspirando no voleibol conven-
cional, o voleibol sentado apresenta uma única ca- Os Jogos Paralímpicos de Inverno apresentam
tegoria, em que todos os jogadores ficam sentados uma quantidade inferior de modalidades quando
na quadra. A quadra e a rede possuem tamanhos comparada aos jogos paralímpicos de verão, sen-
menores. O Comitê Paralímpico brasileiro aponta do compostas por 5 diferentes modalidades: Esqui
que os jogadores são classificados de acordo com o cross-country, Curling em cadeira de rodas, Esqui
grau de limitação física. Na classe D, estão os atle- alpino (que engloba o snowboard), Biathlon e Hó-
tas amputados e com problemas locomotores mais quei no gelo.

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

Esqui cross-country: a modalidade é destina- Curling em cadeira de rodas: o curling em cadeira


da para atletas com deficiências físicas e visuais. de rodas é uma versão adaptada do curling, um espor-
Dependendo da limitação física, o esquiador pode te popular de inverno. As equipes, formadas por ho-
usar um sit-ski (uma cadeira equipada com um par mens e mulheres, precisam elaborar estratégias, que
de esquis). Atletas com deficiência visual compe- envolvam empurrar ou bloquear as pedras da outra
tem com um atleta-guia (classes B2 e B3 podem es- equipe. Para isso, o atleta deve calcular o peso, a volta
colher se competem com um guia ou não). Tanto as e o caminho que a pedra deve ser jogada (CPB, 2021).
mulheres quanto os homens participam de provas
de distâncias curtas (provas de velocidade), médias
(5 km a 20 km) e longas (variando de 10 km a 20
km), ou então no revezamento por equipe. A mo-
dalidade é dividida entre as categorias sitting (sen-
tado), standing (de pé) e visually impaired (para
deficientes visuais) (CPB, 2021).

Figura 27 - Atletas de Curling em cadeira de rodas

Descrição da Imagem a fotografia mostra dois atletas com defi-


ciência motora praticando Curling em cadeira de rodas. Uma atleta
é uma mulher com os cabelos loiros e o outro é um homem com
os cabelos pretos. Ambos usam roupa de manga comprida preta.

Esqui alpino: a modalidade compreende duas


provas técnicas, sendo: Slalom e Slalom Gigante.
Slalom possui um percurso que exige curvas curtas
e abruptas, uma vez que os gates possuem menor
Figura 26 - Atleta de Esqui cross-country distância entre eles, enquanto o Giant Slalom apre-
senta maior distância entre os gates. A modalidade
Descrição da Imagem a fotografia mostra um Atleta com defi-
ciência motora praticando Esqui cross-country. Está usando calça compreende também o Snowboard. O snowboard
preta, blusa de manga comprida branca e azul, luvas nas mãos e
uma touca preta na cabeça.
paralímpico é uma versão adaptada do snowboard
para atletas com deficiências (CPB, 2021).

119


Os atletas são divididos nas categorias sentado, em


pé e com deficiência visual (CPB, 2021).

Figura 28 - Atleta de Esqui Alpino

Descrição da Imagem a fotografia mostra uma Atleta com de-


ficiência motora praticando Esqui Alpino. Usando somente uma
das pernas, trajando uma roupa vermelha, sobre o gelo branco. Figura 29 - Atleta de Biathlon

Descrição da Imagem a fotografia mostra um Atleta com defi-


ciência motora praticando Biathlon deitado sobre o chão que é
O Esqui Alpino é disputado em duas categorias, um asfalto, trajando blusa de manga longa azul.
sendo elas:

CLASSE ATLETA Hóquei no gelo: é um esporte rápido, altamente


Deficiência motora. Comprometi- físico e jogado por homens e mulheres com defi-
SB-UL
mento dos membros superiores.
ciência física nos membros inferiores do corpo. A
Deficiência motora. comprometi-
SBLL-1, SBLL-2 modalidade sofre apenas algumas modificações das
mento dos membros inferiores
regras oficiais do Hóquei no Gelo olímpico. Em vez
Quadro 17 - Classificação Funcional Esqui Alpino / Fonte: adapta-
do CPB (2021). de patins, os atletas usam trenós com duas lâminas,
duas varas, uma com ponta para empurrar e outra
Biathlon: o esporte combina esqui cross-country para o tiro. A disputa é entre duas equipes de 13 jo-
com tiro esportivo, duas disciplinas muito distintas. gadores e dois goleiros (CPB, 2021).

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

meira olimpíada destinada exclusivamente a atletas


surdos, nomeada como, “Jogos Internacionais Silen-
ciosos”. Atualmente conhecida como Surdolimpíadas
que ocorrem a cada quatro anos, assim como as para-
limpíadas (CPB, 2021).
Para Sarmento (2013), o esporte surdo é um ar-
tefato cultural de grande importância para as pes-
soas com deficiência auditiva. As práticas de espor-
tes por pessoas surdas datam desde o século XIX
com o primeiro clube de futebol surdo do mundo,
Figura 30 - Atletas de Hóquei no gelo
o Glasgow DF no Reino Unido, a associação Sports
Club for the Deaf de 1888, em Berlim e o primeiro
Descrição da Imagem a fotografia mostra cinco Atletas com defi- clube desportivo para surdos na França, o Club Cy-
ciência motora praticando Hóquei no gelo. Todos usam capacete
e roupas de manga longa. cliste des sourds-muets de 1899.
No Brasil, de acordo com Monteiro (2006),
as associações desportivas tiveram sua origem no
Neste momento, você deve estar se perguntando: Grêmio Esportivo fundado em 1930, no Instituto
por que os deficientes auditivos não participam das Nacional de Educação de Surdos (INES). Após esse
Paralimpíadas? O atleta surdo não é compreendi- período, é possível observar o surgimento de ou-
do como um indivíduo que apresenta grandes di- tras associações e que perduram até os dias atuais.
ficuldades de praticar qualquer desporto quando A Confederação Brasileira de Desporto de Surdos
comparados às demais deficiências. Sabendo que participou pela primeira vez das Surdolimpíadas,
o atleta surdo não apresenta nenhuma limitação em 1993, em Sofia, Bulgária. Já em 2013, houve a
motora, intelectual ou visual, sua participação nas maior participação da Delegação Surdolímpica
Paralimpíadas não é permitida. Brasileira, em que participaram 19 surdoatletas.
Além disso, seria preciso organizar uma nova for- Nesta edição, o Brasil conquistou quatro meda-
ma de aplicação dos esportes que não fosse sonora. lhas, sendo três na natação, pelo surdoatleta santis-
Dentro desse contexto, todas as informações e notifi- ta Guilherme Maia e uma medalha de bronze no
cações seriam estritamente visuais, e não mais sonoras, Karatê, conquistada pelo surdoatleta Heron Rodri-
como a largado no atletismo, na natação, a arbitragem gues. No entanto, atualmente, o maior entrave para
do futebol, dentre tantas outras modalidades. Por esse que os Jogos para surdos se estendam é a falta de
motivo, desde o ano de 1924, na França, ocorreu a pri- apoio financeiro.

121


Título: Paratodos
Ano: 2016
Sinopse: “Paratodos” foi pensado para mobilizar. Traz material de apoio para
educadores ampliarem reflexões sobre a inclusão da pessoa com deficiência.
O objetivo da iniciativa é ampliar a visibilidade das Paralimpíadas, dos atletas
com deficiência e estimular o debate sobre inclusão, esporte e acessibilidade
entre os estudantes.

Neste vídeo, você poderá acompanhar uma breve explicação sobre a história
das Paralimpíadas e do Esporte Paralímpico
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

A partir do conteúdo apresentado nesta unidade, assim como todas as modalidades adaptadas presentes nas
paralimpíadas, você sentiu vontade de trabalhar com o esporte adaptado? Sabendo que além desses conhe-
cimentos prévios, é importante também compreender conteúdos acerca da iniciação esportiva, com qual
modalidade você gostaria de trabalhar? Que tipo de atividades você desenvolveria? Vamos tentar?

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nesta unidade, realizamos uma imersão muito importante acerca dos esportes paralímpicos adaptados, porém não
podemos esquecer de todo o contexto histórico que possibilitou a criação deste memorável evento esportivo. Para
sintetizar esses conhecimentos, complete o Mapa Mental que aborda desde a origem dos jogos paraolímpicos até
sua estrutura nos dias atuais!

A origem dos jogos


Paralímpicos está
relacionada a:

Ao encontrar esses
soldados no hospital
em processo de
reabilitação, o médico Essas modalidades
Ludwig começou a apresentam diversas
organizar jogos categorias para a
adaptados internos. participação de atletas
As primeiras com variadas
modalidades foram: deficiências como:

Composta por 22
A partir dessa grande modalidades
iniciativa de Ludwig esportivas
hoje existe o grande
evento chamado
“Paraolimpíadas” que Composta por 5
ocorrem a cada modalidades
quatro anos em dois esportivas
momentos:

Espaço em branco

Texto Texto Texto Texto


123
Espaço em branco
Texto
referências

UNIDADE 1

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