Alegacoes Finais

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DA INFÂNCIA E DA


JUVENTUDE DA COMARCA DE ________ .

Processo n° ________

________ já qualificada nos autos do processo em epígrafe, que lhe


move o Ministério Público, por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve,
vem à presença de Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS, pelas razões a
seguir aduzidas.

Servem estes memoriais para chamar a atenção ao arcabouço legal e


probatório conclusivo ao direito pleiteado.

BREVE SÍNTESE

O mérito da Representação trata-se de suposta prática do ato infracional


análogo a ________ enquadrado no Art. ________ .

Segundo consta da inicial, o menor teria ________ .

Ocorre que ________ , que deve ser reconhecido ao final do processo.

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


DO DIREITO

DO DIREITO

DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Em razão do advento da Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012 (que


instituiu o Sistema Nacional Socioeducativo - SINASE), a execução das penas a
menores infratores, bem como a adoção de medidas socioeducativas devem observar
uma série de princípios, em especial a finalidade educativa sobre a punitiva.

Cabe destacar que a medida de internação sem atividades externas vai


contra o objetivo entabulado nas MSE, pois retira totalmente do jovem educando a
possibilidade de ter contato com atividades de qualificação e ressocialização.

Especializada doutrina ao lecionar sobre o tema, destaca:

"Princípios regentes da internação: tratando-se da mais rigorosa


medida socioeducativa, deve ser aplicada pelo juiz em casos
extremos, em particular nos atos infracionais cometidos com
violência contra a pessoa. (...) A excepcionalidade determina
que o magistrado somente opte pela internação como ultima
ratio (última alternativa), passando por outras medidas
socioeducativas antes, se viável. (...) Se o objetivo da medida
socioeducativa é, primeiramente, educar, o mais certeiro método
para isso é alheio ao claustro, pois os efeitos desse isolamento
forçado é nefasto." (NUCCI, Guilherme de Sousa. Estatuto da
Criança e do Adolescente Comentado. Ed. Forense, 2014. 88)

Ademais, aplicação de qualquer medida socioeducativa, notadamente a


internação, está condicionada aos preceitos legais insertos no artigo 227, §3º, inciso V,
da Constituição Federal, reiterado pelo artigo 121 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, os quais consagram expressamente:

"A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita

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aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento." (Art. 121
ECA)

Ou seja, a internação é medida excepcional que deve vir minuciosamente


motivada por circunstâncias fáticas e pessoais do educando e deve observar:

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça


ou violência a pessoa;

II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;

III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida


anteriormente imposta.

O STJ ao se posicionar sobre o tema, destaca a necessidade de


enquadramento às hipóteses do referido artigo a justificar a internação:

PENAL. HABEAS CORPUS. ECA. ATO INFRACIONAL


EQUIPARADO AO DELITO DE TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO.GRAVIDADE ABSTRATA. ART. 122 DO
ECA. ROL TAXATIVO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO.1. Dispõe o art. 122 do Estatuto da Criança e
do Adolescente que a aplicação de medida socioeducativa de
internação é possível nas seguintes hipóteses: por ato infracional
praticado mediante grave ameaça ou violência contra a pessoa;
pela reiteração no cometimento de outras infrações graves; ou
pelo descumprimento reiterado e injustificado de medida
anteriormente imposta.2. O ato infracional análogo ao tráfico de
drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de
medida socioeducativa de internação do adolescente, conforme
consignado no enunciado da Súmula n. 492 do STJ.3. A medida

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socioeducativa extrema está autorizada nas hipóteses
taxativamente elencadas no art. 122 do Estatuto da Criança
e do Adolescente, o que denota a ilegalidade da constrição
determinada em desfavor da ora paciente, com base na
gravidade abstrata do ato infracional.4. Na espécie, embora
não seja pequena a quantidade de entorpecentes apreendida em
poder da adolescente - 1,224kg (um quilo e duzentos e vinte e
quatro gramas) de maconha, 88g (oitenta e oito gramas) de
cocaína e 76g (setenta e seis gramas) de crack -, não há, nos
autos, nenhuma notícia acerca da existência de outros processos
nos quais se impute à menor a prática de atos infracionais,
tampouco de descumprimento injustificado de medida
socioeducativa imposta anteriormente, evidenciando a
possibilidade de aplicação de medida socioeducativa de
semiliberdade.5. Habeas corpus parcialmente concedido para
determinar a aplicação da medida socioeducativa de
semiliberdade à paciente. (STJ, HC 503.589/SP, Rel. Ministro
ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 11/06/2019, DJe 21/06/2019)

Portanto, ausente motivos suficientes para manutenção da internação, a


progressão da medida socioeducativa para outra mais brande é medida que se impõe.

Deve se levar em consideração os parâmetros definidos pelo art. 112, §


1º, do ECA, o qual dispõe:

Art. 112 (...) § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em


conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
gravidade da infração.

Assim, considerando que o principal objetivo do processo de apuração de


ato infracional, com a aplicação de medida socioeducativa, é proporcionar que o
adolescente, como pessoa em desenvolvimento, reflita sobre suas atitudes e compreenda
a necessidade de adequar seu comportamento, deve-se buscar a medida que mais se
aproxime deste objetivo, a fim de viabilizar que o educando não se envolva novamente

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com condutas ilícitas.

No presente caso, importante que sejam considerados:

ANTECEDENTES DO MENOR: Evidenciando que esta é a


primeira passagem do educando pelo Juízo Menorista;

SUPORTE FAMILIAR: Deve ser levado em consideração o


suporte familiar que o educando possui, evidenciando a
necessidade de manutenção deste convívio para a efetiva
reeducação do menor;

SUPERLOTAÇÃO das unidades de detenção, evidenciando


que a restrição total de liberdade num ambiente como este serve
mais para degenerar a personalidade do jovem do que o
conduzir à reflexão almejada pelas MSE.

Dessa forma, requer seja aplicada a medida socioeducativa de Liberdade


assistida, nos termos dispostos do Art. 118 do ECA:

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se


afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente.

Portanto, de forma a melhor conduzir o julgamento do presente pedido,


requer sejam analisadas a atual condição do jovem infrator, os seus antecedentes as
medidas já aplicadas e a sua real finalidade, a fim de que seja concedida a medida
socioeducativa mais branda ao presente caso. Nesse sentido, são os precedentes sobre o
tema:

APELAÇÃO CÍVEL. ATO INFRACIONAL. ECA. TRÁFICO


DE DROGAS. 1. PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE LAUDO
INTERDISCIPLINAR. NÃO CABIMENTO. 2. MÉRITO.
AUTORIA E MATERIALIDADE EVIDENCIADAS. 3.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA POSSE DE DROGAS. NÃO

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CABIMENTO. 4. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA
APLICADA.PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE. ADEQUAÇÃO. 1. A ausência de laudo
técnico interdisciplinar não gera nulidade, pois sua produção
constitui faculdade do juízo, que é destinatário das provas.
Conclusão nº 43 do Centro de Estudos do TJRS. 2. A quantidade
de droga apreendida em posse do adolescente e as circunstâncias
em houve a apreensão, autorizam o enquadramento do fato
como tráfico. 3. Deve ser rechaçada a pretensão de
desclassificação para o ato infracional de posse de substância
entorpecente para uso pessoal, ponderando a significativa
quantidade de entorpecente apreendida e que a apreensão do
adolescente se deu em conhecido ponto de tráfico. 4. Merece
parcial acolhida a pretensão recursal defensiva, no que diz
com a dosimetria da MSE. Isto porque, embora se trate de
ato infracional grave, o representado tecnicamente não
possui antecedentes formais (certidão de fl. 122), e além
disso, se faz necessária a observância da progressividade na
aplicação das medidas socioeducativas. Aplicada MSE de
liberdade assistida, cumulada com PSC, esta por 6 meses
durante 4 horas semanais. NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO DO MP E DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO
DA DEFESA. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70081240053,
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz
Felipe Brasil Santos, Julgado em 12/06/2019, #26461408)

APELAÇÃO CÍVEL. ECA. ATO INFRACIONAL. ESTUPRO


DE VULNERÁVEL. PRELIMINAR. NULIDADE DA
SENTENÇA PELO CERCEAMENTO DE DEFESA.
REJEIÇÃO. MÉRITO. APLICAÇÃO DE MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Á
COMUNIDADE, CUMULADA COM LIBERDADE
ASSISTIDA PELO PRAZO DE UM ANO.DESCABIMENTO.
REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA PARA
REDIMENSIONAR AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

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APLICADAS. PRELIMINARES (...) . MÉRITO Medida
Socioeducativa Certa a autoria e a materialidade, inexistindo
causa ou fatores para a improcedência da representação, a
aplicação da medida socioeducativa é de rigor. Caso em que a
aplicação de medida ssocioeducativas em meio aberto
apresenta grande potencialidade de atender razoavelmente
os objetivos do ECA, tendo em vista as circunstâncias do fato
(praticado há mais de 04 (quatro) anos), bem como as condições
pessoais do representado que já atingiu a maioridade e não
possui nenhum outro envolvimento em ato infracional de
qualquer natureza. Precedentes jurisprudenciais. Parcial
provimento ao apelo para redimensionar a medida de prestação
de serviços à comunidade, cumulada com liberdade assistida
aplicada ao adolescente, pelo fato tipificado no art. 217 - A,
caput , do Código Penal. REJEITARAM A PRELIMINAR. NO
MÉRITO, DERAM PARCIAL PROVIMENTO. (Apelação
Cível Nº 70081186199, Oitava Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 30/05/2019,
#76461408)

Dessa forma, requer seja aplicada a medida socioeducativa de


Semiliberdade, nos termos dispostos do Art. 120 do ECA:

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado


desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto,
possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial.

Cabe destacar precioso posicionamento do STJ acerca da possibilidade


da aplicação da semiliberdade mesmo nos casos de descumprimento de outras MSE:

"Inexiste impedimento legal à fixação da medida


socioeducativa de semiliberdade quando houve
descumprimento de medidas socioeducativas anteriormente
impostas." (HC 207.840/MG, Rel. Ministra ALDERITA

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


RAMOS DE OLIVEIRA)

Portanto, de forma a melhor conduzir o julgamento do presente pedido,


requer sejam analisadas a atual condição do jovem infrator, os seus antecedentes, as
medidas já aplicadas e a sua real finalidade, a fim de que seja concedida a medida
socioeducativa mais branda ao presente caso. Nesse sentido, são os precedentes sobre o
tema:

APELAÇÃO CÍVEL. ECA. ATO INFRACIONAL. ROUBO. 1.


AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. 2.
MEDIDA SOCIOEDUCATIVA. INTERNAÇÃO. REFORMA
NO PONTO. APLICADA MSE DE SEMILIBERDADE, ANTE
A AUSÊNCIA DE ANTECEDENTES. A autoria e a
materialidade do ato infracional análogo ao crime de roubo
encontram-se devidamente comprovadas pelos elementos
probatórios carreados aos autos. De acordo com o art. 112, § 1º,
do ECA, a medida socioeducativa deve levar em conta a
capacidade do adolescente de cumpri-la, as circunstâncias e a
gravidade da infração. Portanto, analisando as peculiaridades do
caso, e em respeito à progressividade das medidas
socioeducativas, tem-se que deve ser aplicada ao apelante a
medida de semiliberdade, prevista no art. 120 do ECA. DERAM
PARCIAL PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº
70081284945, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 12/06/2019,
#66461408)

Diante destas circunstâncias, tendo em vista as condições pessoais do


representado, é inequívoca a necessidade de alteração da medida socioeducativa
aplicada.

Afinal, caso a medida aplicada seja mantida, o presente feito deixa de


atender ao caráter pedagógico e educacional das medidas previstas no ECA, assumindo
um caráter exclusivamente punitivo, e ausente o efeito re-educador.

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


Cabe por fim destacar, que em caso de não cumprimento adequado da
medida, sempre haverá a possibilidade de regredir a medida.

DOS BONS ANTECEDENTES, ENDEREÇO CERTO E EMPREGO FIXO

Não obstante a preliminar arguida, importa destacar que o Réu é


________ , trata-se de pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu a
qualquer processo crime conforme certidão negativa que junta em anexo.

Possui ainda endereço certo na ________ , onde reside com sua família
nesta Comarca, trabalha na condição de ________ na empresa ________ conforme
comprovantes em anexo.

DOS PROCESSOS CRIMINAIS SEM TRÂNSITO EM JULGADO

O princípio da presunção da inocência faz com que o réu não possa sofrer
consequências penais ou extrapenais em decorrência de processos criminais em curso.

Logo, a ausência de trânsito em julgado de eventuais ações penais passa a


ser um argumento na defesa do reconhecimento de bons antecedentes do réu, para fins
de dosimetria da pena, conforme expressamente previsto no CPP:

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário


à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem


solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito
contra os requerentes.

Portanto, a simples existência de inquéritos policiais ou processos


criminais sem trânsito em julgado, não podem ser considerados como antecedentes
criminais para qualquer fim, conforme já sumulado pelo STJ:

Súmula STJ 444 - É vedada a utilização de inquéritos

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

Sobre o tema, o STF já se pronunciou em Recurso Extraordinário com


repercussão geral declarada, ao afirmar que "A existência de inquéritos policiais ou de
ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus
antecedentes para fins de dosimetria da pena". (RE 591054)

O Art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal traz expressamente a


garantia de que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de
sentença condenatória.

Desta forma, para efeito de aumento da pena somente podem ser


valoradas como maus antecedentes decisões condenatórias irrecorríveis, sendo
impossível considerar, para tanto, investigações preliminares ou processos criminais em
andamento, mesmo que estejam em fase recursal.

Sobre o tema, cabe destacar os precedentes do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. DOSIMETRIA DA PENA.
ANTECEDENTES CRIMINAIS. INQUÉRITOS E
PROCESSOS EM CURSO. TEMA 129/STF. 1. As ações e
inquéritos penais em andamento não são hábeis a validar a
fixação da pena-base além do piso legal, por intermédio da
valoração prejudicial das circunstâncias judiciais elencadas no
art. 59 do CP, em respeito ao princípio da inocência. 2. "Ante o
princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e
processos criminais em curso são neutros na definição dos
antecedentes criminais" (RE-RG 591.054, Rel. Min. Marco
Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2014, publicado em
26/2/2015 - Tema 129/STF). Agravo regimental improvido.
(AgRg no RE no AgRg no HC 392.214/RS, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em
07/03/2018, DJe 23/03/2018, #06461408)

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


Sobre o tema, a jurisprudência acompanha este entendimento:

PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃO. ROUBO


"SIMPLES". CONDENAÇÃO. RECURSO DA DEFESA.
Recurso visando, em preliminar, ao reconhecimento de
nulidades, e, no mérito, à absolvição por falta de provas ou à
mitigação da pena (fixação da base no mínimo e alteração do
regime inicial para o semiaberto), com pedido, ainda, de
concessão de liberdade provisória. Parcial pertinência. 1.
Prejudicado pedido de concessão de liberdade provisória com o
julgamento do presente recurso. Legitimidade, de todo o modo,
de execução definitiva da pena em face da concretização do
duplo grau de jurisdição na esteira de recente jurisprudência do
C. STF (HC 126.292/SP, de 17/02/2016 e MC nas ADCs 43 e
44, de 05/10/2016). 2. Nulidades inexistentes. A) Ilicitude na
prova de autoria não detectada. A despeito de ilegal condução
coercitiva, a elucidação de autoria partiu de denúncia anônima,
confirmada a suspeita depois de efetuado reconhecimento
(fotográfico e de pessoa, ambos "Positivo"), surgindo, portanto,
de fonte independente. Art. 157, do CPP. B) Inexistente violação
ao princípio da judicialização das provas. Policiais que
descreveram com precisão a dinâmica da investigação, não se
limitando, ao reverso do colocado, a ratificar o que fora
afirmado na fase inquisitiva. Existência, ademais, de outras
provas incriminadoras (confissão e relatos da vítima)
regularmente produzidas em juízo. Nulidades inexistentes. 3.
Condenação legítima. Acusado que, simulando estar armado,
subtraiu bens da vítima que caminhava em via pública. Integral
admissão em juízo. Confirmação da confissão pela prova
judicializada. Inviável absolvição. Idoneidade das provas, quais
sejam, da confissão judicial (comprovando, no caso, a prática da
infração), bem como das declarações da vítima e dos
testemunhos dos policiais (confirmando aquela). Precedentes. 3.
Imperiosa fixação da base no mínimo. Na sentença, foram
valorados, sob a pecha de "maus antecedentes", processos

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


em trâmite, sem sentença e um com trânsito em julgado
posterior, mas em que fora declarada a extinção da
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva. A
existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem
trânsito em julgado não pode ser considerada como maus
antecedentes para fins de dosimetria da pena. Entendimento
firmado, pelo C. STF, no RE 591054 SC, com repercussão
geral reconhecida. Súmula nº 444, do C. STJ. Retorno ao
mínimo. 4. Inviável alteração do regime determinado para início
de expiação da aflitiva. Apesar de se cuidar de roubo "simples",
em tese, inicialmente, possível de determinação de cumprimento
da pena mais brando, a escolha pelo fechado se mostra mais
adequada, para que a pena surta suas devidas finalidades,
quando o crime é cometido mediante simulação de porte de
arma, aspecto este que demonstra maior ousadia e
periculosidade do agente, extraíveis, também pelo fato de a
subtração ter ocorrido em via pública, local não ermo, portanto,
Reincidência específica que, ademais, impõe, de todo o modo,
determinação de início de cumprimento em regime fechado (não
incidência da Súmula de nº 269, do C. STJ). Inteligência do art.
33, §§ 2º e 3º, do CP. Situação que tornou inaplicável, no caso, o
disposto no artigo 387, §2º, do CPP, porque irrelevante, para
aquele objetivo, quantum imposto e, por consequência, eventual
tempo de prisão provisória. Parcial provimento, na parte não
prejudicada e afastadas as nulidades. (TJSP; Apelação Criminal
0011724-21.2018.8.26.0050; Relator (a): Alcides Malossi
Junior; Órgão Julgador: 8ª Câmara de Direito Criminal; Foro
Central Criminal Barra Funda - 28ª Vara Criminal; Data do
Julgamento: 25/04/2019; Data de Registro: 29/04/2019,
#66461408)

REVISÃO CRIMINAL. SENTENÇA CONTRÁRIA À PROVA


DOS AUTOS. ABSOLVIÇÃO. AFASTADA. ROUBO.
PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL VALOR PROBANTE.
CONTINUIDADE DELITIVA. IMPOSSIBILIDADE.

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


CONTUMÁCIA. DESPROVIMENTO. UNÂNIME. 1. Tese
absolutória rejeitada em virtude do arcabouço processual
fundado nos depoimentos prestados pelas vítimas dos delitos de
roubo, pois em crimes deste jaez a palavra da vítima têm
especial valor probante.Precedentes.2. Conquanto os delitos
praticados pelo réu sejam da mesma espécie, praticados contra
distintas vítimas, mas com idêntico modus operandi, em curto
espaço de tempo e dentro da mesma comarca, não há como
aplicar o favor legal quando se constata que não se tratam de
crimes continuados e sim de inegável e deslavada contumácia
delituosa. 3. Ao reconhecimento da continuidade delitiva não
basta que se façam presentes os requisitos objetivos (mesmas
circunstâncias de tempo, lugar e modo de execução) é imperioso
que se demonstre a unicidade de desígnios, que se estabeleçam
liames entre os crimes praticados em sequência tal que permita
admitir a ficção de que os demais delitos são a continuação do
primeiro.4. O requerente, entre os meses de abril e julho do ano
de 2005, praticou isoladamente vários crimes de roubo na
localidade, de forma que os excertos demonstram que o Réu faz
do crime de roubo à mão armada um meio de vida, um modo de
auferir dinheiro.5. Constata-se que o réu trata-se de delinquente
habitual, de modo que sua contumácia impede que seja
amparado pela benesse da continuidade delitiva, pois verifica-se
que as condutas perpetradas são independentes, com desígnios
autônomos em condições de tempo distintas e isoladas, de forma
que caberia à espécie o concurso material e não a continuidade
pretendida. Precedentes.6. Continuidade delitiva afastada. À
unanimidade de votos.PENA. ART. 59, CP.
REDIMENSIONAMENTO. VETORES DO MOTIVO E
CIRCUNSTÂNCIAS. VALOR NEGATIVO AFASTADO.
UNÂNIME. MAUS ANTECEDENTES. MANTIDOS. STF: RE
591054/SC REPERCUSSÃO GERAL AFASTADA E
INTELIGÊNCIA DA SÚM. 444 DO STJ AFASTADA. POR
MAIORIA DA TURMA. 7. Pena reduzida, à unanimidade, ante
o reconhecimento da ausência de fundamentação legal na

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


análise das circunstâncias do art. 59 do CP, dos motivos e das
circunstâncias do crime, todavia, por maioria, a Turma afastou a
incidência do entendimento sufragado pelo pleno do STF
quando do julgamento realizado no RE 591054/SC, com
repercussão geral reconhecida, em foi assentada a tese de que "A
existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito
em julgado não podem ser considerados como maus
antecedentes para fins de dosimetria da pena", afastando,
consequentemente, o escólio já sedimentado pelo STJ na Súm.
444, vencido o Relator. 8. Habeas corpus concedido ex officio, à
unanimidade de votos, para estender a ação n. 661/2006 a
redução aqui procedida, resultando em cada uma delas a pena de
06 (seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão. (Revisão Criminal
499848-10001228-35.2018.8.17.0000, Rel. Fausto de Castro
Campos, Seção Criminal, julgado em 28/03/2019, DJe
11/06/2019, #86461408)

A doutrina ao lecionar sobre a matéria, esclarece:

"no âmbito penal, em particular, por conta da edição da Súmula


444 do STJ. ("É vedada a utilização de inquéritos policiais e
ações penais em curso para agravar a pena-base"), somente se
podem considerar as condenações, com trânsito em julgado,
existentes antes da prática do delito" (NUCCI, Guilherme de
Souza. Curso de Direito Penal - Vol. 1 - Parte Geral - Arts. 1ª a
120 do Código Penal, 3ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2019.)

Portanto, quaisquer inquéritos ou processos criminais sem trânsito em


julgado, não podem ser considerados para fins de antecedentes.

As razões do fato em si serão analisadas oportunamente, no devido


processo legal, não cabendo, neste momento, um julgamento prévio que comprometa
sua inocência, conforme precedentes sobre o tema:

EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO E

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


FURTO QUALIFICADO TENTADO. PRISÃO
PREVENTIVA. SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS
CAUTELARES ALTERNATIVAS MENOS GRAVOSAS.
POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA. PACIENTE PRIMÁRIO, DE BONS
ANTECEDENTES E COM RESIDÊNCIA FIXA. ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. - A prisão preventiva é
medida excepcional que deve ser decretada somente quando não
for possível sua substituição por cautelares alternativas menos
gravosas, desde que presentes os seus requisitos autorizadores e
mediante decisão judicial fundamentada (§ 6º, artigo 282, CPP)-
No caso, considerando a ausência de violência ou grave
ameaça e, ainda, as condições pessoais favoráveis do
paciente (primariedade, bons antecedentes e residência fixa),
a substituição da prisão por medidas diversas mais brandas
revela-se suficiente para os fins acautelatórios almejados.
(TJ-MG - HC: 10000180115032000 MG, Relator: Renato
Martins Jacob, Data de Julgamento: 15/03/2018, Data de
Publicação: 26/03/2018, #86461408)

Neste sentido, Julio Fabbrini Mirabete em sua obra, leciona:

"Como, em princípio, ninguém deve ser recolhido à prisão


senão após a sentença condenatória transitada em julgado,
procura-se estabelecer institutos e medidas que assegurem o
desenvolvimento regular do processo com a presença do
acusado sem sacrifício de sua liberdade, deixando a custódia
provisória apenas para as hipóteses de absoluta necessidade."
(Código De Processo Penal Interpretado, 8ª edição, pág. 670)

À vista do exposto, requer-se a consideração de todos os argumentos


acima com o deferimento do presente pedido.

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022


DAS DILIGÊNCIAS NECESSÁRIAS

Para o devido julgamento do presente processo, REITERA a


necessidade das seguintes diligências:

________

Tais diligências visam confirmar a tese apresentada, segunda a qual


________ , o que só será possível com a realização da referida diligência.

ISTO POSTO, requer:

a) A absolvição do menor, pela sua inconteste inocência;

b) A absolvição do representado, pela ausência de provas;

c) Caso assim não entenda, pelo princípio da eventualidade, que seja


desclassificada a conduta para a prática de ________ , ou, subsidiariamente que a pena
seja fixada no mínimo legal.

Nestes termos, pede deferimento.

________ , ________ .

________

1. Prova do endereço fixo

2. Prova dos bons antecedentes

#6461408 Tue Aug 30 12:09:59 2022

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