Código de Pocesso de Trabalho

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Terca-feira, 19 de Marco de 2024 ISérie-N.253 <# DIARIO DA REPUBLICA ORGAO OFICIAL DA REPUBLICA DE ANGOLA Prego deste ntimero - Kz: 2.040,00 Assembleia Nacional Lein2 2/24.. eens 3622 Que aprova 0 Cédigo de Processo do Trabalho. — Revoga toda a legislacSo cue contrarie as cispo- siges da presente Lei, nomeadamente a Lei n.° 23/91, de 15 de Junho — Lei ca Greve, na parte ue contrarie o Presente Codigo, Lei n.® 22-6/92, de 9 ce Setembro — Lei que Extingue os Oresios de Justiga Laboral, Lei n.29/81, de 2 de Novembro — Lei da Justica Laboral, Resolucio n.2 12/81, de7 de Novembro — sobre Seguranca Social e Acidentes de Trabalho, Decreto Executive Conjunto 23/82, de 11 ce Janeiro — que aprova o Regulamento ca Lei a Justica Laboral, e 0 Decreto-Lei 1.245 497, de 30 de Dezembro de 1963 — que aprova 0 Cédigo de Processo do Trabalho, DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 | SERIE, N.253 | 3622 ASSEMBLEIA NACIONAL Lei n.22/24 de 19 de Margo A Constituigiio da Republica de Angola, de 2010, consagrou premissas para 0 fortalecimento do Estado Democratico de Direito, tendo ampliado os direitos, liberdades e garantias dos par- ticulares, quer dos cidados, quer das pessoas colectivas; Tendo em conta o dinamismo da actividade laboral e das relagdes entre os seus intervenien- tes, urge a necessidade de se reforcar a certeza e seguranea juridicas dos sujeitos processuais; Considerando 0 facto de no constituir técnica legislativa recomendavel agregar, num mesmo diploma, matéria substantiva e adjectiva, como tem sido seguido até a presente data, por serem de natureza distinta e prosseguirem finalidades diferentes; Evidenciando-se a necessidade de consagrar toda a tramitagio processual do trabalho num nico diploma a luz dos principios da unidade da ordem juridica e da especificidade dos seus diversos ramos; AAssembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termes daalinea b) do artigo 161.26 alinea b) do artigo 164.2, ambos da Constituigo da Republica de Angola, a seguinte: LEI QUE APROVA O CODIGO DE PROCESSO DO TRABALHO ARTIGO 12 {Aprovaclo) E aprovado o Cédigo de Processo do Trabalho que é parte integrante da presente Lei. ARTIGO 2.2 (Revogacao) E revogada toda a legislag3o que contrarie as disposicgées da presente Lei, nomeadamente: a) Lei n.2 23/91, de 15 de Junho — Lei da Greve, na parte que contrarie o presente Codigo; b) Lei n.® 22-B/92, de 9 de Setembro — Lei que Extingue os Orgdios de Justiga Laboral; ¢) Lein.® 9/81, de 2 de Novembro — Lei da Justiga Laboral; d) Resolugao n.° 12/81, de 7 de Novembro — sobre Seguranga Social ¢ Acidentes de Trabalho; e) Decreto Executive Conjunto n.° 3/82, de 11 de Janeiro — que aprova o Regulamento da Lei da Justia Laboral; f) Decreto-Lein.2 45 497, de 30 de Dezembro de 1963 — que aprova 0 Cédigo de Processo do Trabalho. ARTIGO 32 (Diividas e omisses) As dividas e as omissdes suscitadas da interpretagao e da aplicagao da presente Lei so resolvidas pela Assembleia Nacional. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SéRIg, N28 | 3623 ARTIGO 4.2 {Entrada em vigor) A presente Lei entra em vigor 30 dias apés a data da sua publicagio. Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos 22 de Junho de 2023. A Presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira. Promulgada aos 4 de Marco de 2024. Publique-se. Presidente da Reptiblica, JOAO MANUEL GONGALVES LOURENGO. CODIGO DE PROCESSO DO TRABALHO CAPITULO | Objecto, Principios e Ambito ARTIGO 12 (Objecto) O presente Cédigo regula © Processo do Trabalho. ARTIGO 2° {Principios do Processo do Trabalho) 0 Processo do Trabalho rege-se pelos seguintes principios: a) Hipervalorizagao do acto conciliatério; b) Obrigatoriedade de patrocinio judicidrio; ¢) Prevaléncia da justica material sobre a justiga formal; d) Simplicidade da tramitacao; ¢) Condenagao extra vel ultra petita; {f) Iniciativa oficiosa em matéria probatéria; g) Gratuitidade das acces laborais para os trabalhadores e seus familiares. ARTIGO 3.2 {Principio da hipervalorizacao do acto canciliatério) Sempre que possivel, a qualquer momento e em qualquer fase ou instancia do processo, 0 Juiz deve, de forma insistente, incentivar a solugao consensual do litigio, quer sugerindo solu- Bes de equidade, quer persuadindo as partes das vantagens da conciliagSo. ARTIGO 4.2 (Principio da obrigatoriedade de patrocinio judi io) Para melhor defesa dos interesses das partes e da boa administragdo da justica laboral, bem como assegurar a igualdade das partes, é obrigatério 0 patrocinio judiciério em todas as ins- tancias do processo de trabalho, nos termos da lei. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N253 | 9624 ARTIGO 52 {Principio da prevaléncia da justica material sobre a justica formal) Com base nos factos de que Ihe é licito conhecer, o Juiz deve realizar ou ordenar todas as diligéncias que considere necessdrias para o apuramento da verdade material, recusando o que for impertinente, inutil ou meramente dilat6r ARTIGO 6.2 {Principio da simplicidade da tramitacao) No Processo do Trabalho, os actos e formalidades processuais so simples, céleres e dota- dos de uma carga menor de requisitos de validade, havendo a possibilidade de convalidagao de actos defeituosos, contanto que nao prejudique as partes € os objectivos fixados sejam atingidos. ARTIGO 72 {Principio da condenagao extra vel ultra petita) Para a efectivacdo dos direitos e interesses envolvidos nos litigios laborais, 0 Juiz pode condenar o réu em quantidade superior ou em abjecto diverso do pedido, se disso resultar cla- ramente da aplicagao da lei aos factos apurados. ARTIGO 8° {Principio da iniciativa oficiosa em matéria probatéria) Iniciada a instancia e sem prejuizo do impulso das partes, compete ao Juiz providenciar pelo andamento regular ¢ célere do proceso, promovends, oficiosamente, diligéncias adicionais de prova, que podem incidir sobre factos nao articulades pelas partes, contanto que tenham sido objecto de discussdo, recusando o que for impertinente, inutil ou meramente dilatério. ARTIGO 9.2 {Principio da gratuitidade das acgdes laborais para as trabalhadares e seus familiares) Para assegurar 0 acesso a justiga, os trabalhadores e seus familiares esto isentos do paga- mento de custas e selos. ARTIGO 10° (Ambito de aplicagao) 1. 0 processo regulado no presente Cédigo aplica-se a todos os conflitos individuals de trabalho que resultem da constituigdo, manutenc&o, modificago, suspensdo ou extingdo da relagSo juridico-laboral, bern como aos recursos em matéria disciplinar, ¢ as questées emer- gentes de acidentes de trabalho e doengas profissionais. 2. 0 presente Cédigo aplica-se ainda aos conflitos colectivos de trabalho, que surjam no Ambito do direito a greve e das convencées ou acordos colectivos de trabalho, bem como as transgressdes resultantes da violago das normas laborais sobre seguranga social, aos recursos das decisées da Inspec¢4o Geral do Trabalho ¢ as execugdes de multas por esta aplicadas. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SERIE, N25 | 3625 CAPITULO I! Integracdo e Espécies de Accdes ARTIGO 11.2 (Regime supletiv) Nos casos omissos, recorre-se sucessivamente: a) A regulamentacao dos casos andlogos previstos no presente Cédigo; b) Aos Principios Gerais do Direito Processual do Trabalho; c) A legislagao processual comum que directamente os regula; d) Aos Principios Gerais do Direito Processual Comum. CAPITULO III Espécies e Formas de Processo ARTIGO 12.2 (Espécies de accbes} As ae¢ées laborais so declarativas ou executivas. ARTIGO 13.2 (Formas de processo) 1. O processo declarative pode ser comum ou especial. 2. O processo declarativo comum é 0 processo regra cujas disposigdes se aplicam directa- mente a todas as accées de conflito de trabalho que nao tenham forma prépria. 3. 0 processo declarative especial é regulado por disposicdes préprias e, supletivamente, pelas disposigdes gerais e comuns. 4. O processo declarative com forma especial siio: a) Processos emergentes de acidente de trabalho e doenca profissional; b) Processo de impugnagao de despedimento disciplinar e de outras medidas disciplina- res; ¢) Processo de impugnagio de despedimento colectivo; d) Processo de impugnac3o de deliberagdes de greve; e) Processo de protecco da seguranca, higiene e satide no trabalho. ARTIGO 14.° {Tipos de proceso executivo) O processo executive pode ser: @) Para pagamento de quantia certa; b) Para entrega de coisa certa; c) Para prestaco de facto. ARTIGO 15.2 (Forma sumaria) 0 Proceso do Trabalho, quer declarativo, ou executive, segue sempre a forma suméria. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 5 | 3626 CAPITULO IV Pressupostos Processuais SECCAGI Pressupostos Relativos as Partes ARTIGO 16.2 (Capacidade judicidria) 1.0 menor com 14 anos de idade, a quem tenha sido reconhecida capacidade para a cele- bracdo de contrato de trabalho, tem capacidade judiciaria activa. 2. O menor que tenha completado 14 anos de idade é representado pelo Ministério Publico, desde que o seu representante legal nao o faca. ARTIGO 17.2 (Legitimidade) Tém legitimidade para intentar acgdes de trabalho: a) Os trabalhadores e seus familiares em caso de morte ou invalidez, na defesa dos seus direitos; b) Aentidade ernpregadora, com interesse directo no conflito; ¢) As associagdes sindicais e representativas das entidades empregadoras, desde que devidamente autorizadas por escrito, respectivamente pelos trabalhadores e empre- gadores, respectivamente, por escrito. ARTIGO 18.2 {Legitimidade do Ministério Publico) O Ministério Publico tem legitimidade activa nas seguintes accées: a) Acces relativas 20 controlo da legalidade da constituigdo € dos estatutos de associa- Ges sindicais, associagdes de empregadores e comissdes de trabalhadores; b) Accdes de anulacéo ¢ interpretaco de cldusulas de conven ¢des colectivas de trabalho, nos termos da Lei sobre o Direito de Negociagao Colectiva. ARTIGO 19.2 (Legitimidade em caso de pluralidade de partes) 1. Quando 0 trabalho for prestado por um grupo de pessoas ou 0 conflito respeite a varios trabalhadores, pode qualquer deles fazer valer a sua quota-parte do interesse, embora este tenha sido colectivamente fixado. 2. Para 0 efeito do numero anterior, o requerente da accdo deve identificar os demais inte- ressados, que sdo notificados, antes da citagdo do réu, para, no prazo de 10 dias, intervirem no proceso. 3. Sendo a acco intentada por um ou alguns dos trabalhadores, compete ao Ministério Publico a defesa dos interesses daqueles que nao intervierem por si. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SERIE, N59 | 9627 ARTIGO 20.2 (Legitimidade das associagdes sindicais e patronais) 1. As associagSes sindicais e patronais so partes legitimas como requerentes nas acces respeitantes aos interesses colectivos que representam. 2. As associagdes sindicais podem exercer o direito de acco em representacao e substitui- 0 de trabalhadores que os autorizem, designadamente: a) Nas acces respeitantes a medidas tomadas pela entidade patronal contra trabalhado- res pertencentes aos corpos gerentes das associagdes sindicais ou que nela exergam qualquer cargo; b) Nas acgdes respeitantes a medidas tomadas pela entidade patronal contra os seus associados. 3. Para efeito do numero anterior, presume-se autorizada pelo trabalhador a associacao sin- dical que Ihe tenha comunicado por escrito a intengao de exercer 0 direito de acco em sua Tepresentaco e substitui¢ao, com a indicac&o do respectivo objecto, se o trabalhador nada declarar em contrario, por escrito, no prazo de 10 dias, a contar da comunicagéo. 4. Quando se verificar 0 exercicio do direito de acgao nos termos do n.° 2, 0 trabalhador s6 pode intervir no processo como assistente, 5. Nas acces em que estejam em causa interesses individuals dos trabalhadores ou das entidades patronais, as respectivas associagdes podem intervir como assistentes dos seus associados, desde que exista da parte dos interessados declaragio escrita de aceitagaio da intervencéo, ARTIGO 21. (Representacao pelo Ministério Puiblico) O Estado e as demais pessoas designadas por lei sao representados pelo Ministério PUblico. ARTIGO 22: {Patrocinio judiciario) Sem prejuizo do regime da assisténcia judicidria ou da defesa publica, quando alei o deter- mine ou as partes o solicitem, 0 patroc{nio judicidrio dos trabalhadores e seus familiares pode ser exercido pelo Ministério Publico, por Defensor Publico ou por Advogado. ARTIGO 23.2 (Recusa de patrocinio) 1. 0 Ministério Pablico recusa o patrocinio quando verifique a possibilidade de o reque- rente recorrer 4 defesa pliblica ou aos servigos do contencioso da associagao sindical que o represente. 2. Quando 0 Ministério Publico recuse o patrocinio nos termos do numero anterior, notifica imediatamente o interessado de que pode reclamar, no prazo de 5 (cinco) dias. 3. Os prazos de propositura da acco e de prescricdio suspendem-se a partir do pedido de patrocinio ao Ministério Publico ou a defesa publica, até a notificago da decisdo. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 53 | 3628 ARTIGO 24.2 {Cessacao da representacao e do patrocinia oficioso}) Constituide mandatario judicial ou Defensor Publico, cessa a representagio ou o patroci- nio oficioso que estiver a ser exercido, sem prejuizo da intervengaio acesséria do Ministério Publico. SECCAO II Pressupostos Relatives ao Tribunal ARTIGO 25.2 {Competancia Internacional) 1. Na competéncia internacional da Sala do Trabalho do Tribunal da Comarca esto inclui- dos 0s casos em que a acco pode ser intentada em Angola, segundo as regras de competéncia territorial estabelecidas no presente Cédigo, ou de terem ocorrido em territério angolano, no todo ou em parte, os factos que integram a causa de pedir na acgao. 2. Ecompetente a Sala de Trabalho do Tribunal da Comarca do domicilio do trabalhador de nacionalidade angolana quando residente em territério nacional ou do trabalhador estran- geiro residente para conhecer de questées emergentes de trabalho prestado no estrangeiro. ARTIGO 26° {Competancia em razao da hierarquia) 1. © Tribunal de Comarca é © competente para conhecer os conflitos de trabalho em 1. instancia. 2.0 Tribunal da Relagiio funciona como instancia de recurso nos casos previstos no presente Cédigo. ARTIGO 27.2 {Competéncia em razio do territério) 1. Para conhecer das questées emergentes das relacdes juridico-laborais é, em principio, competente 0 Tribunal do domicllio do requerido, considerando-se a entidade empregadora, seguradora e as instituigdes de previdéncia domiciliadas no lugar onde tenham sucursal, agén- cia, filial, delegacdo ou qualquer outra forma de representacio. 2. Os trabalhadores podem, porém, submeter © conhecimento das questées de trabalho que queiram intentar contra o empregador, quer ao Tribunal do lugar onde prestaram o traba- Iho, quer ao da sua residéncia, 3. Tendo 0 trabalho sido prestado em mais de um lugar, é competente Tribunal de qual- quer dos lugares. ARTIGO 28.2 {Competéncia territorial nas acces emergentes de acidentes de trabalho ou de doengas profissionais) 1. Para conhecer das acces emergentes de acidentes de trabalho e de doencas profissio- nais é territorialmente competente a Sala do Trabalho do Tribunal da Comarca do lugar: a) Onde ocorreu o acidente; DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SéRIe, N25 | 3629 b) Onde o trabalhador presumivelmente contraiu a doenca; ¢) Da residéncia do sinistrado, doente ou beneficidrios legais, no caso de ali ter sido feita a participacao. 2. Se 0 acidente ocorrer ou a doenga se manifestar em viagem terrestre, aérea, fluvial ou maritima, é também competente o Tribunal da localidade do territério onde sejam prestados 98 primeiros socorros ao sinistrado ou doente, ou da primeira localidade do territério nacional a que chegar @ veiculo, barco ou aeronave, ou o do lugar da sua matricula. ARTIGO 29.2 (Competéncia territorial nas acces emergentes de despedimenta colectiva) 1. Em caso de despedimento colectivo, as acgdes de impugnagao ¢ os procedimentos caute- lares de suspens&o devem ser propostos no Tribunal do lugar onde se situa o estabelecimento de prestago de trabalho, 2. No caso de 0 despedimento abranger trabalhadores de diversos estabelecimentos, é competente o Tribunal do lugar onde se situa o estabelecimento com maior nimero de traba- Ihadores despedidos. ARTIGO 30.2 {Competéncia em razdo da matéria) 1. Compete a jurisdigdo do trabalho preparar e julgar: a) Todas as questées ou accées ¢ providéncias emergentes, em geral, do estabelecimento, execugdo ou extingao das relagdes de trabalho, bem como de relagdes estabelecidas com vista a celebragao de contratos de trabalho; b) As questdes emergentes de acidentes de trabalho e doengas profissionais; c) As questées relativas 4 anulagdo e interpretacio dos instrumentos de regulamentaciio. colectiva do trabalho que no revistam natureza administrativa; d) Os recursos interpostos pelos trabalhadores relativos a medidas disciplinares que Ihes forem aplicadas; e) As infracgdes previstas nas leis laborais, nomeadamente @ Lei da Greve e a Lei Sindical, quando nao haja disposi¢ao legal em contrario; f) As questdes entre sujeitos de uma relago juridica de trabalho ou entre um desses sujeitos e terceiros, quando emergentes de relagdes conexas com a relagao de traba- Iho, por acessoriedade, complementaridade ou dependéncia, e 0 pedido se cumule com outro para o qual o Tribunal seja directamente competente; g) As questdes reconvencionais que, com a acco, tenham as relacées de conexao referi- das na alinea anterior; h) As transgressdes ou contravencdes as normas legais ou reguladoras, em geral, das relagées laborais; 1) As transgressdes ou contravengdes as normas legais ou regulamentares sobre o horério, higiene, salubridade e seguranca no trabalho; DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 | SERIE, N.2 53 | 3620 {) As transgressdes ou contravengdes as normas que instituern e regulam o sistema de seguranga social; k) As demais questdes que a lei determinar. 2. A Sala do Trabalho dos Tribunais de Comarca tem competéncia em matéria de execucio. SECCAO II Pressupostos Processuais da Acco Executiva ARTIGO 31.2 (Legitimidade) 1. Tem legitimidade activa para promover a acco executiva a pessoa que consta no titulo como credor ¢ tem legitimidade passiva 2 pessoa que nele consta como devedor. 2. 0 Ministério Publico, no interesse do exequente que no tenha constituido mandatario, tem legitimidade para promover a execugaio nos casos em que o titulo executivo seja uma sen- tenga ou um acordo homologade ou confirmado. 3.0 Ministério Pablico tem ainda legitimidade para promover a execugao das multas aplica- das pela Inspecedo Geral do Trabalho. SUBSECGAO I Titulos Executivos ARTIGO 32.2 (Espécies) So titulos executives: ag) As sentencas condenatérias; b) As decisdes homologatérias de acordos; ¢) Os autos de mediacao e de conciliagao de que constem acordos confirmados; d) Os acordos extrajudiciais; ¢) As certides de despachos de multas aplicadas pela Inspeccdo Geral do Trabalho; f) Outros documentos a que a lei atribua forga executiva. CAPITULO V Valor da Acc3o ARTIGO 33.2 (Valor da causa) Atoda a acco é atribuida um valor certo, expresso em moeda com curso legal, o qual repre- senta a utilidade econémica do pedido. ARTIGO 34.2 {Critérios de fixagdo do valor da acco) O valor da ace é fixade com base nos critérios estabelecidos no Cédigo de Processo Civil. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SERIE, N59 | 9631 CAPITULO VI Disposigées Gerais e Procedimento ARTIGO 35.2 (Generalidades) Sao disposicdes gerais do processo de trabalho: a) Inadmissibilidade de repetigao da providéncia cautelar na pendéncia da mesma causa, quando tenha sido indeferida ou em caso de caducidade; b) Possibilidade de apresentacdo de trés testemunhas por cada facto, no devendo ultra- passar 10, no total; ¢) A nao dependéncia de distribuigo, devendo dar entrada directamente na Secretaria Judicial. ARTIGO 36.2 (Procedimento} 1. As providéncias cautelares aplica-se 0 regime estabelecido no Cédigo de Processo Civil com as seguintes especificidades: a) 0 Juiz profere despacho liminar no mesmo dia, salvo impossibilidade justificada; b) O despacho liminar pode consistir na designagdo do dia para a audiéncia final, devendo esta ter lugar nos 10 dias seguintes; ¢) Sempre que seja admissivel oposiciio do requerido, a citagio ¢ feita juntamente com ‘0 despacho que designar a audiéncia final, podendo a oposicao ser deduzida até ao inicio da audiéncia; d) Apresentada a oposicSo, o requerente € notificade da mesma na audiéncia final e o Juiz efectua preliminarmente tentativa de conciliagao; ¢) Quando houver oposicdo e, consequenternente, tentativa de conciliag3o, as partes so advertidas para comparecerern na audiéncia final pessoalmente ou representadas por advogado corn poderes para transigit, desistir ou confessar, sob pena de multa; f) A falta de qualquer das partes ou dos seus mandatdrios na audiéncia final, quando forem obrigadas a comparecer, no é causa do seu adiamento; g} Quando a falta do requerente for injustificada e n3o estiver representado por advogado com os poderes especiais referidos na alinea e), o requerimento é indeferido; h) Quando a falta injustificada for da requerida e a mesma nao estiver representada por advogado, decreta-se imediatamente a providéncia; i) A justificagao da falta deve ser feita no proprio acto. 2. No que se refere & producio da prova, aplica-se o seguinte procedimento: a) Quando forem requeridas diligéncias de prova que n&o possam ser realizadas na audiéncia final, hd lugar a tentativa de conciliag3o e produgao de prova; b) Quanto as demais diligéncias de prova so as mesmas realizadas no prazo de 5 (cinco) dias, findos os quais 0 Juiz decide. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 | SERIE, N.2 52 | 3632 3. Relativamente a decisio, sio atendiveis as seguintes especificidades: a) A decis&o, proferida na audiéncia final, é sucintamente fundamentada e ditada logo para a acta, sempre que possivel; b) Quando nao seja possivel decidir na prépria audiéncia, atendendo a complexidade do caso ou outro motivo ponderoso, a decisio é proferida no prazo maximo de 5 (cinco) dias. CAPITULO VII Providéncias Cautelares Especificadas SECGAOI Tipos de Providéncias Cautelares Especificadas ARTIGO 37.2 (Tipos de providéncias cautelares especificadas) As providéncias cautelares especificadas sao: a) A suspensio de despedimento disciplinar; b) A suspensdo de despedimento por causas objectivas; ¢) Asuspensio das deliberagdes de assembleias gerais de trabalhadores ou drgdos equi- valentes a sindicatos; d) Proteco da seguranga, higiene e satide no trabalho. SUBSECGAQ I Suspensdo de Despedimento Disciplinar ARTIGO 38.2 {Pressupostos) O trabalhador sancionado pode, no prazo de 10 dias, requerer a suspensao do seu despedi- mento, quando 0 considere nulo ou improcedente. ARTIGO 39.2 {Procedimento e decisao) 1. O requerimento inicial é instruido com a convocatéria para a entrevista e a comunicagio do despedimento. 2. No despacho de citagdo, ordena-se a jungao do procedimento disciplinar. 3. Se, no prazo para contestar e sem qualquer justificagdo, a requerida nao juntar aos autos © procedimento disciplinar, pode dispensar-se a realizagao da audiéncia ea providéncia é ime- diatamente decretada. 4. Quando houver justificago da falta de jungdo e esta for atendida, realiza-se a audiéncia @ a decisdo é proferida com base na prova produzida. 5. 0 empregador tem a obrigago de juntar aos autos 0 comprovative do pagamento de todas as remuneragées devidas, quando decretada a providéncia. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, Na |a62a 6. Quando no proceder de acordo com a numero anterior, empregador sujeita-se a uma sangSo pecunidria compulséria, nos termos do disposto no artigo 89.2, sem prejulzo da exe- cugdo a que houver lugar. ARTIGO 40.2 (Representantes sindicais) ‘Quando 0 trabalhador for representante sindical ou membro do érgio de representagao dos trabalhadores, a providéncia é imediatamente decretada, salvo se 0 Juiz constatar a existéncia de probabilidade séria de justa causa disciplinar para o despedimento e a observancia do pro- cedimento disciplinar. SUBSECCAO II Suspenso de Despedimento por Causas Objectivas ARTIGO 41.2 (Requisitos) 1. Se houver razées para impugnar o despedimento por causas objectivas, pode o interes- sado, no prazo de 10 dias, a contar da recepeo do aviso prévio, requerer que o Tribunal proiba a entidade empregadora de consumar o despedimento, 2. Consumado 0 despedimento, caso 0 trabalhador entenda que o mesmo ¢ ilicito, pode, no prazo referido no numero anterior, a contar da data do despedimento requerer a respectiva suspensio. ARTIGO 42.2 {Procedimento e decisao) 0 presente procedimento cautelar segue a tramitagiio da providéncia de suspensio de des- pedimento disciplinar, previsto nos artigos 38.° a 40.2, com as seguintes alteragdes: a) O requerimento inicial ¢ instruido com 0 aviso prévio, sempre que possivel; b) No despacho de citagao, ordena-se a jungao de toda a documentac&o que comprove as causas objectivas da comunicago enviada a Inspeccaio Geral do Trabalho, bem como © quadro de pessoal do centro de trabalho discriminado por sectores ou servigos. SUBSECCAO III Suspensdo das Deliberacdes de Assembleias Gerais de Trabalhadores ou Orgaas Equivalentes a Sindicatos ARTIGO 43.2 {Pressupastos e requerimento) 1. Qualquer empregador pode, no prazo de 48 horas, depois da deliberago da Assembleia Geral dos Trabalhadores ou de érgio equivalente a sindicatos requerer a suspensao da exe- cugo da deliberacao em causa, desde que a mesma seja decidida com violag3o a lei ou 0 seu cumprimento possa causar prejuizos considerdveis. 2.0 requerimento é instruide com a cépia da acta da reunido, que é fornecida ao emprega- dor, tio logo a solicite. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 5 | 3034 ARTIGO 44.2 {Oposigo e decisio) 1. Quando a cépia no é entregue ao empregador nos termos do artigo anterior, a providén- cia é imediatamente decretada. 2. Quando, da andlise da documentacao junta com 0 requerimento inicial, resultar, de forma clara, que hd violacao da lei ou que os prejuizos decorrentes da execugo da deliberaciio so evidentes, também é decretada a providéncia, sem qualquer oposicdo. SUBSECGAO IV Proteccao da Seguranga, Higiene e Satide no Trabalho ARTIGO 45.2 {Pressupostos) Qualquer trabalhador, individualmente, em conjunto ou por intermédio dos seus represen- tantes sindicais, pode requerer ao Tribunal todas as providéncias necessarias para prevenir ou eliminar o perigo, quando a instalacao, locais ou processos de trabalho coloquem em perigo, de forma iminente, a vida, 2 satide e a integridade fisica dos trabalhadores, bem como a segu- ranga, higiene e satide no trabalho. ARTIGO 46.2 (Exame) 1. Recebido o requerimento inicial, 0 Juiz determina que a Inspecedo Geral do Trabalho efec- tue exame sumiério as instalages, para se comprovar as alegacdes dos trabalhadores. 2. O relatério do exame é apresentado ao Juiz no prazo nao superior a 10 dias. 3. Quando 0 Juiz 0 considere conveniente, pode realizar inspec¢ao judicial, no prazo referido no numero anterior. ARTIGO 47.2 {Deciso) 1. Realizadas as diligéncias de prova necessdrias, 0 Juiz decreta ou indefere a providéncia. 2. Conforme as circunsténcias do caso concreto e o seu prudente arbitrio, dentre outras medidas, 0 Juiz pode decretar: a) Asuspensao da actividade; b) O encerramento total das instalacdes. ARTIGO 48.2 (Caducidade) A providéncia nao caduca enquanto permanecerem as razdes do seu decretamento, ARTIGO 49.2 (Levantamento da pravidéncia) A requerida pode requerer novo exame e o levantamento da medida decretada, quando entender estarem ultrapassadas as causas que levaram ao decretamento da providéncia. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, Na | 9625 CAPITULO VIII Prazos de Caducidade do Direito de Acgao ARTIGO 50.2 (Caducidade do direito de acco em caso de despedimento) 1. 0 direito de impugnar judicialmente o despedimento individual ou colective caduca no prazo de 120 dias, contados do dia seguinte aquele em que o facto se verificou. 2. O prazo fixado no ntimero anterior é aplicdvel as demais formas de exting3o do contrato de trabalho. ARTIGO 51.2 (Caducidade do direito de acco de medidas disciplinares diversas do despedimento) © recurso contra medidas disciplinares que no seja o despedimento caduca no prazo de 45 dias a contar da data da notificagao da respectiva medida. ARTIGO 52.2 (Caducidade do direita de acco na caso de direitos pecunidrios) ‘A acco judicial destinada a exigir os créditos salariais, outras prestacdes, complementos salariais ou indemnizagdes vencidas no decurso da execu¢’o do contrato, caduca no prazo de 2 (dois) anos, contados da data em que o respectivo direito se tornou exigivel, mas nunca depois de decorrido um ano contado do dia seguinte ao da cessag3o do contrato. ARTIGO 53.2 (Caducidade do direito de acgio no caso de direitos n&o pecuniario) C direito de exigir o cumprimento de obrigacées no pecunidrias ou de prestagdes de facto que nao possam ser satisfeitas apds a cessacao do contrato, caduca no prazo de um ano, con- tado do momento em que se tornam exigiveis. CAPITULO IX Resolucdo Judicial de Conflitos Emergentes da Relagao Juridico-Laboral SECGAOI Fase de Conciliagso ARTIGO 54.2 {Conciliago) Antes da propositura da ac¢Ao judicial, ointeressado pode requereraconciliagdo.ao Ministério Public, a qual compete junto da jurisdi¢ao do trabalho presidir a reuni&o de conciliagao. ARTIGO 55.2 {Requisitos do pedido de conciliagao) 1. © pedido de conciliagdo é apresentado em triplicado pelo interessado, seja este o traba- Ihador ou © empregador, contendo: a) Aidentificacso das partes e indicacdo completa dos respectivos enderecos; DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 53 | 2636 b) As reclamacdes apresentadas e os respectivos fundamentos deseritos de forma suma- ria e bastante; ¢) Aindicag&o dos montantes reclammados quando os pedidos forem de natureza pecunid- ria. 2. O pedido de conciliacdo pode ser apresentado oralmente, sendo reduzido a escrito, em triplicado, pela Secretaria do Ministério Publico. 3. No pedido de conciliagao deve o requerente incluir todas as reclamagdes que tenha con- tra a requerida até a data da sua apresentacao. ARTIGO 562 (Rejeicao do pedido de conciliagao} 0 Magistrado do Ministério Publico, no prazo de 5 (cinco) dias e mediante despacho funda- mentado, rejeita 0 pedido de conciliagao quando: 4g) For territorialmente incompetente; b) For evidente que é invidvel; ¢) For desprovido de fundamento legal. ARTIGO 57.2 {Convocatéria) 1. Quando nao houver despacho de rejei¢ao dentro do prazo estabelecido no artigo 56.2, 6 Magistrado do Ministério Publico competente marca a data e a hora para a reunidio de conci- liagdo, a realizar-se entre o 10.° ¢ 0 15.° dia posteriores. 2. A Secretaria do Ministério Publico notifica as partes, no prazo de 48 horas, seguindo, para © efeito, o regime previsto no Codigo de Processo Civil sobre as citagdes e notificacbes. 3. Anotificago indica 0 dia, a hora, 0 local e 0 objecto da reunio e é entregue a requerida com 0 duplicado do requerimento de conciliagao. ARTIGO 58.2 (Local da reunio) ‘A reunido realiza-se no local onde funciona o Magistrado do Ministério Publico competente, podendo ser realizada, excepcionalmente, fora daquele, tendo em atengao os interesses das partes ou qualquer outro interesse especialmente atendivel. ARTIGO 59.2 {Comparéncia) 1. A conciliago comparecem pessoalmente as partes, salvo justo impedimento, caso em que 0 trabalhador pode fazer-se representar por advogado devidamente mandatado ou por membro do sindicato a que pertenca devidamente eredenciado pela respectiva direccao. 2. 0 trabalhador menor faz-se acompanhar pelo seu representante legal, em conformidade com 0 disposto no artigo 16.2 3.0 trabalhador pode ainda fazer-se acompanhar de um representante do sindicato ou de qualquer pessoa de sua confianca. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, N23 | 2697 4. O empregador pode fazer-se representar por um director ou trabalhador hierarquica- mente superior ao requerente, munido de declaragao escrita, que contenha poderes expressos de representacio ¢ o compromisso de que fica vinculado pelo que o representante confessar ouaceitar 5. As partes podem ainda fazer-se acompanhar por advogado com procuragao nos autos, que é eficaz para a fase judicial, no caso de nao haver acordo ou este for parcial. 6. Havendo condigées, a reunidio pode ser realizada com recurso as tecnologias de informa- ¢30 € telematicas disponiveis. ARTIGO 60.2 {Composicao) Para além do Magistrado do Ministério PUblico competente s6 podem estar presentes na reuniao de conciliago as partes, seus representantes ou acompanhantes e um funcionério. ARTIGO 61.2 (Falta de comparéncia) 1. Quando falte alguma das partes, no dia e hora designado para a reunido de coneiliac’o, observa-se 0 seguinte procedimento: a) Designa-se nova data, dentro dos 10 dias seguintes, no caso de a falta ser justificada no prazo de 5 (cinco) dias; b) O pedido é imediatamente arquivado, quando a falta nao for justificada e 0 faltoso for © requerente da conciliagao; c) Entrega-se ao requerente declaracao de impossibilidade de realizacao da conciliacao, quando a falta nao for justificada ¢ © faltoso for a requerida. 2. Quando a falta se verifica na segunda reunido, observa-se o seguinte procedimento: a) Se for qualquer das partes e no for justificada, é 2 faltosa condenada em multa eo pedido ¢ arquivado; b) Se for justificada pelo requerente, o processo é arquivado, entregando-se-Ihe declara- 20 de impossibilidade; ¢) Quando a falta for da requerida ¢ justificada, arquiva-se 0 processo, entregando-se ao requerente declaracao de impossibilidade. ARTIGO 62.2 {Declaracao de impossibilidade) 1. A declaracao de impossibilidade referida na alinea c) do n.° 2 do artigo 61.° entregue ao requerente no dia designado para a reuniao de conciliagdo, contend: a) Aidentificagao completa das partes; b) A declaragao de que nao foi possivel realizar-se a reuniao de conciliagao; ¢) A mengo expressa de que o requerente pode propor a acedo judicial, no prazo de 30 dias a contar da data da sua recepco; d) A data em que a mesma Ihe foi efectivamente entregue; e) Aassinatura do Magistrado do Ministério Publico. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 ISERIE, N.2 53 | 3638 2.0 que no estiver especialmente regulado no presente Cédigo, aplica-se 0 disposto no Cédigo de Processo Civil. ARTIGO 63° {Suspensao da reunidio) 1. Iniciada a reunido de coneiliagao, pode o Magistrado do Ministério Publico suspendé-la, se qualquer das partes o solicitar ou se 0 Magistrado competente assim o entender, reto- mando-a no prazo maximo de 15 (quinze) dias. 2. No caso de 0 pedido de suspensio da reunio ter sido feito pelas partes e, decorrido prazo fixado no numero anterior, ndo tiverem chegado a acordo, emite-se a favor do reque- rente, no primeiro dia Util seguinte, a declaracao de impossibilidade referida no artigo 62.°, arquivando-se o proceso. ARTIGO 64.2 (Acto conciliatério) 1. Na reuniao de coneiliacio, estando presentes as partes, 0 Magistrado do Ministério Publico ouve-as, fazendo de seguida, resumo dos fundamentos do pedido e da defesa, apés 0 que verifica se esto dispostas a coneiliar. 2. Quando nao haja conciliag3o, 0 Magistrado do Ministério PUblico, tendo em conta os ele- mentos existentes nos autos e a lei aplicdvel aos respectivos factos, da a conhecer os termos de um acordo baseado na equidade, oportunidade, necessidade ou conveniéncia, bem como as vantagens e desvantagens do prosseguimento dos autos e, de seguida, verifica novamente s@ as partes esto dispostas a coneiliar. 3. Obtide o acordo, o Magistrado do Ministério Publico faz constar da acta o seguinte: a) Identificagao dos presentes e suas qualidades; b) O enunciado dos diferentes pedides com a indicagao do valor de cada um; ¢) 0 prazo para o cumprimento voluntario do acordo; d) Os pedidos de que houve desisténcia, 4. Em caso de conciliagdo parcial, deve constar da acta os pedidos sobre os quais ndo houve acordo e a declaragao expressa do requerente de que deles nao desiste, bem como os respec- tivos motivos. 5. Sendo houver acordo, para além da indicagao dos presentes e suas qualidades e do enun- clado dos diferentes pedides e a indicagao do valor de cada, deve constar da acta os motives da falta de acordo ¢ a declaragao do requerente de que deles nao prescinde. 6. Lavrada e assinada @ acta por todos os presentes, é entregue o duplicado & parte que o requerer, ARTIGO 65.2 {Canfirmagao e homologagao da acordo) 1. Caso haja acordo, total ou parcial, o Magistrado de Ministério Publico profere despacho de confirmacio, conferindo-Ihe natureza de titulo executive. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, Na | 9629 2. Se 0 Magistrado competente considerar que o acordo lesa os prineipios da boa-fé e da equidade, nomeadamente por afectar, de forma grave, direitos do trabalhador, em situagao que estes podem ser satisfeitos, declara-o na acta de forma fundamentada e rejeita 2 sua confirmagao. 3. Verificando-se a falta de despacho de confirmagao pelas razées referidas no numero ante- rior, qualquer das partes pode requerer, em termo que Ihe é tomado de imediato, a remessa do processo ao Tribunal para a homologagio do acordo pelo Juiz. 4. A Secretaria do Ministério Publico remete 0 processo a Secretaria Judicial, no prazo de 5 (cinco) dias. 5. A Secretaria Judicial faz os autos conclusos no prazo de 48 horas para ser proferida deci- sd pelo Juiz, 6. O acordo homologado pelo Juiz constitui titulo executive. ARTIGO 66.2 {Propositura da acco) Coma declaragdio de impossibilidade ou com 0 duplicado da acta da reuniao de conciliagao em que nao houve acordo ou houve acordo parcial pode o requerente, no prazo de 30 dias, intentar a respectiva acgao judicial. SECGAO II Fase Contenciosa SUBSECGAO | Articulados ARTIGO 672 (Requisitos do requerimento inicial) 1. No requerimento com que se propée a acgdo, deve o requerente: a) Designar o Tribunal em que a acgao é proposta; b) Identificar as partes, indicando os seus nomes ou denominagbes, estado civil, domictlio ou sede e, sempre que possivel, o numero do Bilhete de Identidade, o numero de identificago fiscal, profisséo e local de trabalho, bem como quaisquer outras referén- cias que possam ajudar na localizagao das partes; ¢) Indicar 0 domiclio profissional, o numero de telefone € 0 correio electrénico, do seu mandatério, caso o tenha constituido; d) Indicar a forma do proceso; e) Expor os factos e as razdes de direito que servem de fundamento a accdo; f) Formular 0 pedido; g) Declarar 0 valor da causa; fh) Assinar. 2. Com o requerimento, deve ainda o requerente: a) Apresentar o rol de testemunhas; b) Juntar os documentos de que disponha; DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 53 | 3640 c) Requerer outros meios de prova; d) Juntar os recibos dos saladrios auferidos, se os tiver. ARTIGO 68.2 {Recebimento do requerimento e despacho liminar) 1. Quando nao ocorra nenhum motivo para o aperfeigoamento ou para a sua recusa pela Secretaria, recebido 0 requerimento inicial 0 Juiz profere despacho lirinar. 2. Do acto de recusa de recebimento pela Secretaria cabe reclamagao para 0 Juiz, e do des- pacho de confirmagdo do nao recebimento cabe recurso até a Relagdo. ARTIGO 69.2 {Contestacaa) 1.0 Juiz profere despacho a ordenar a citagdo da requerida, para contestar, no prazo de 8 (cito) dias, quando a accao esteja em condigdes de prosseguir. 2. Ao Ministério PUblico ¢ concedida prorrogagao do prazo quando carega de informagdes que n&o possa obter dentro dele ou quando tenha de aguardar resposta a consulta feita a instancia superior. O pedido é fundamentado e a prorrogacao nao pode, em caso algum, ultra- passar o limite de 20 dias. 3. Quando 0 Ministério Publico ndo apresente contestagao nos prazos estabelecidos nos ter~ mos dos n.* 1 e 2, por causa exclusivamente imputdvel ao Titular do Grgdo da Administragao Publica ou de outra pessoa colectiva publica regularmente citada, € este responsabilizado nos termos da Constituicdo e da Lei. 4. No que respeita aos requisitos da contestagiio observa-se, com as devidas adaptagées, 0 previsto no artigo 67.2 ARTIGO 70.2 (Falta de contestagao) Quando a requerida nao conteste, tendo sido ou devendo considerar-se regularmente citada na sua prépria pessoa ou tendo juntado procuracao no prazo da contestagdo, conside- ram-se confessados os factos articulados pelo requerente, julgando-se a causa conforme for de direito. ARTIGO 71.2 (Notificagao da contestacao) Apresentada a contestaco, é notificada a parte contraria. ARTIGO 72.2 {Resposta a cantestacaa) requerente pode responder 2 contestagdo quando for suscitada alguma excepeao ou deduzido pedido reconvencional, assistindo-lhe, para o efeito, 0 prazo de 8 (oito) dias. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 ISERIE, M253 | 2641 ARTIGO 73.2 {Articulados supervenientes) 1. As partes podem apresentar articulado superveniente, nos termos regulados no Cédigo de Proceso Civil. 2. Oarticulado superveniente deve ser oferecido no prazo de 5 (cinco) dias, a contar da data em que os factos ocorreram ou em que a parte teve conhecimento, SUBSECCAO II Audiéncia Preparatéria e Despacho Saneador ARTIGO 74.2 (Audiéncia preparatéria) 1. O Juiz pode designar data para audiéncia preparatéria com vista a conciliacdo das partes €, caso seja obtide acordo, homologa-o, por despacho, que passa a ter forca de sentenga. 2. Quando se pretenda a discussdo das excepeBes que tenham sido levantadas ou dos pedi- dos formulados, a audiéncia é obrigatéria e é realizada no prazo de 10 dias. 3. Aberta a audiéncia, o Juiz concede a palavra 8s partes pela ordem em que as excepgbes foram suscitadas e os pedidos formulados. ARTIGO 75.2 {Despacho saneador) 1. Realizada a audiéncia preparatéria, ndo havendo acordo, o Juiz profere despacho sanea- dor no prazo de 10 dias. 2. 0 Juiz pode julgar logo as excepgdes que tenham sido levantadas ou decidir do mérito da causa, se 0 processo jé contiver os elementos necessarios. 3. Se o processo tiver que prosseguir, por ndo haver elementos necessarios para decidir, no despacho referido no n.° 1, 0 Juiz elabora a especificacao e o questionario, observando-se 0 disposto no Cédigo de Processo Civil. 4. Do despacho saneador com especificagio e questiondrio, cabe agravo, SECGAO III Instrugao ARTIGO 76.2 (indicag3o das provas) Proferido despacho saneador com especificagao e questionario, a Secretaria Judicial notifica as partes para, no prazo de 10 dias, requererem outras diligéncias de prova. ARTIGO 77.2 {Alteracdo do rol de testemunhas) 1. O rol de testemunhas sé pode ser alterado ou aditado até 5 (cinco) dias antes da data da realizagdio da audiéncia de discussdo e julgamento. 2. 0 Tribunal notifica a parte contréria da alteragdo ou aditamento do rol de testemunhas para se pronunciar no prazo de 3 (trés) dias. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N253 | 9642 ARTIGO 78.2 (Limite do ntimero de testemunhas} 1. As partes s podem apresentar até 5 (cinco) testemunhas por cada facto, ndo exce- dendo 15 no total. 2. Havendo pedido reconvencional, as partes podem oferecer mais 5 (cinco) testemunhas. ARTIGO 79.2 {Notificagao das testemunhas) ‘As testemunhas sao notificadas pessoalmente ou por intermédio da parte que as arrolou para comparecerem na audiéncia de discussdo e julgamento. ARTIGO 80. {Inquirig8o das testemunhas) As testemunhas so inquiridas nos termos do Codigo de Processo Civil. SECCAQ IV Discusso e Julgamento da Causa ARTIGO 81.2 {Designacdo da audiéncia) 1. Realizadas as diligéncias prévias de prova ou ndo tendo havido lugar a elas, ¢ decorrido © prazo referido no artigo 76.°, 0 Juiz designa dia para a audiéncia de discussdo ¢ julgamento, que tem lugar nos 10 dias seguintes. 2. O despacho que designa data para a audiéncia de julgamento ¢ notificado as partes. ARTIGO 82.2 {Causas de adiamento da audiancia) 1. Feita a chamada das pessoas que tenham sido notificadas, a audiéncia é aberta e sé pode ser adiada nas seguintes situagdes: a) Se houver acordo das partes; b) Se faltar alguma pessoa notificada cuja presenga se mostre indispensavel ao prossegui- mento da audiéneia; ¢)Se tiver sido oferecide documento que a parte contréria nao possa examinar no préprio acto, mesmo com a suspensdo tempordria dos trabalhos eo Tribunal entenda haver grave inconveniente 20 prosseguimento da audiéncia sem resposta sobre o documento oferecido; d) Se, por motivo ponderoso e Inesperado, faltar algum dos advogados, quando as partes se tenham feito representar por estes. 2. Aaudiéncia nao pode ser adiada por mais de uma vez. ARTIGO 83.2 {Consequéncias da nao comparéncia) 1. Quando alguma das partes no compareca na audiéncia de discussio e julgamento, por si ou por intermédio de advogado e nao justifique a falta, no prazo de 5 (cinco) dias, ¢ conde- nada em multa, DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 ISERIE, Nasa | 64a 2.0 Juiz ordena a produgao das provas que tenham sido requeridas e que se mostrem pos- siveis, bem como as que considere indispensdveis, decidindo a causa conforme for de direito. ARTIGO 84.2 {Audiéncia de discussdo e julgamento) 1. Aaudiéncia segue o regime previsto no Cédigo de Processo Civil. 2. Adecisdo da matéria de facto ¢ feita por despacho, em caso de impossibilidade de recla- macdo contra a deficiéncia, obscuridade ou contradicao das respostas 20s quesitos ou contra a falta de fundamentacao. 3. Quando surjam factos novos e determinantes para a boa e justa decistio da causa, mesmo nao alegados, 0 Juiz amplia a base instrutéria. 4. Ampliada a base instrutéria, o Juiz concede prazo de 5 (cinco) dias para as partes reque- rerem provas. 5. Terminada a produco da prova no dia designado ou nos 5 (cinco) dias seguintes, no caso de ampliagao da base instrutéria, concede-se a palavra a cada uma das partes para apresen- tarem as suas alegagSes sobre a matéria de facto e de direito de uma sé vez € por um periodo nao superior a 30 minutos. 6. O luiz decide a matéria de facto, apés as alegacdes. ARTIGO 85.2 (Fiscalizagao exercida pelo Ministério Publico) 1. Quando ndo seja parte, finda a discussdo da matéria de facto ¢ de direito, vaio processo com vista 20 Ministério PUblico, para, no prazo de 10 dias se pronunciar sobre: a) As diligéncias instrutérias; b) Aconduta das partes, incluindo a litigancia de ma-fé; ¢) 0. comportamento dos funciondrios; d) O mérito da causa, em defesa de direitos fundamentals dos cidadaos, do interesse pliblico ou de interesses colectivos e difusos; €) Quaisquer causas de invalidade juridica de actos processuais; #) Aexisténcia de qualquer infracgao a lei. 2. Caso 0 Ministério Publico pratique qualquer acto em representagao de uma das partes, a fiscalizagaio tem apenas por objecto os actos descritos nas alineasc), d) ¢ f) do n.2 4. SUBSECCAO | Sentenga ARTIGO 86.2 {Deciséo) 1. Exercida a fisealiza¢do pelo Ministério Publico, nos termos do artigo &5.°, é proferida sen- tenga, no prazo de 10 dias. 2. Decidida a matéria de facto, se 0 Ministério Publico se pronunciar imediatamente e a sim- plicidade da causa o permitir, o Juiz profere sentenga, ditando-a para a acta. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 5 | 3644 ARTIGO 87.2 {Condenasao extra vel ultra petita) O Juiz pode condenar em quantidade superior ao pedido formulado ou em objecte diverso, desde que estejam em causa: a) Direitos indisponiveis, b) Normas legais imperativas; ¢) Instrumentos de regulamentacao colectiva de trabalho. ARTIGO 88.2 {Sango pecunidria compulséria) 1. Aimposico de sangSo pecuniaria compulséria consiste na condenagao da parte faltosa no pagamento de uma quantia em dinheiro por cada dia de atraso em que incorra para além do prazo limite estabelecido para o efeito, 2. A decisao de imposicao de sanco pecunidria compulséria fixa o respective montante did- rio em 50 UCF e indica a data a partir da qual produz efeitos. 3. A sangao pecuniéria compulséria cessa quando se mostre ter sido integralmente cum- prida a decisio, quando o interessado desista do pedido ou quando o cumprimento ja no possa ser realizado. ARTIGO 89.2 {Prazo para o cumprimento da sentenca) A sentenca deve ser cumprida no prazo de 30 dias, sob pena de execugao e de aplicacao de san¢do pecuniaria compulséria. SUBSECCAO II Recursos ARTIGO 90.2 {Decisées que admitem recurso) Sem prejuizo do disposto no Cédigo de Processo Civil, independentemente do valor da acco, é sempre admissivel recurso nas seguintes situacées: a) Nos processos emergentes de acidentes de trabalho e doengas profissionais, salva~ guardando-se 0 disposto no artigo 128.°; b) Nos processos de declaracao de ilicitude de greve; c) Nos processos de proteccio da seguranga, higiene e sade no trabalho. ARTIGO 91.2 {Prazo de interposi¢ao, modo de subida, efeitos, fiscalizagao pelo Ministério Publico e julgamento do recurso} 0 prazo de interposicao, modo de subida, efeitos, fiscalizacdo pelo Ministério Publico e jul- gamento do recurso seguem o regime estabelecido no Cédigo de Processo Civil. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, N23 | 64s CAPITULO X Processo Executivo SECGAGI Execugdo para Pagamento de Quantia Certa ARTIGO 92.2 (Execugdo baseada em sentenca ou acordo) 1. Quando a acgao tenha por base sentenca de condenag’o ou acordo, decorrido © prazo legal ou convencional para o seu cumprimento, e a parte condenada nio tiver cumprido, a lesada pode requerer a execugao para pagamento de quantia certa. 2. Verificada a hipétese do numero anterior, o executado é notificada para, no prazo de 8 (oito) dias, nomear bens a penhora para o pagamento da divida exequenda e das custas jugiciais. 3. No caso de 0 exequente nao constituir advogado, a Secretaria do Tribunal remete a certi- do da decis&o ou do acordo ao Magistrado do Ministério Puiblico junto do Tribunal competente, que promove, oficiosamente, a execugao com prioridade sobre qualquer outro servigo. ARTIGO 93.2 (Nomeagao de bens a penhora) 0 exequente tem a faculdade de indicar os bens sobre os quais a penhora ha de recair, fornecendo, se possivel, todos os elementos que definam a situacao juridica dos bens, identi- ficando, designadamente, os énus e encargos que sobre eles incidarn e serem penhoraveis ¢ suficientes para 0 pagamento do crédito e das custas. ARTIGO 94.2 {Impossibilidade de nomeagao dos bens a penhora) 1.0 exequente, quando no consiga identificar os bens do executado que sejam suficientes para 0 pagamento da divida exequenda e das custas judiciais, pode requerer que o Tribunal proceda as averiguacdes que se mostrem necessérias. 2. O Tribunal procede, oficiosamente, ds averiguagdes a que se refere o numero anterior, ordenando-se o arquivamento dos autos, se nenhum bem for encontrado. 3. Os autos seguem os seus termos normais, t&o logo sejam localizados bens. ARTIGO 95.2 (Oposigao 4 execugao) 1. Ordenada a penhora, é 0 executado notificado, simultaneamente, do requerimento de nomeagiio dos bens ¢ do despacho que a ordena, para, no prazo de 5 (cinco) dias, se opor a execugao. 2. O executado pode alegar quaisquer circunsténcias que impegam a realizacéio da penhora ©U qualquer um dos fundamentos da oposigao 8 execugdo nos termos previstos no Cédigo de Proceso Civil, com as devidas adaptacées. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 53 | 3048 3. A oposigdo nao suspende a execusio, salvo se for prestada caugdo no valor igual a divida exequenda e as custas provaveis. ARTIGO 96.2 {Tramitagao dos embargos) 1. Quando 0 executado se oponha por meio de embargos, é a oposicac autuada por apenso € 0 exequente notificado para, no prazo de 5 (cinco) dias, responder. 2. Com a oposigdo ¢ a resposta, so oferecidos os meios de prova ¢ o Tribunal pode pro- ceder oficiosamente as diligéncias necessarias, seguindo-se os demais termos dos embargos previstos no Codigo de Processo Civil, ARTIGO 97.2 (Reclamagao de créditos) A reclamagao de créditos $6 ¢ admitida quando: a) Ao credor assista 0 direito de retengao sobre os bens penhoradas, desde que o titular © Invoque no acto da penhora ou nos § (cinco) dias subsequentes; b) Se trate de eréditos que sobre os bens penhorados gozem de garantia real registada. ARTIGO 98.2 {Diversas penhoras sobre os mesmos bens) 1. Os bens penhorados numa execugdo podem ser objecto de penhora noutra, quando © exequente nao conhega outros bens de valor suficiente para o pagamento da divida exequenda € das custas judiciais. 2. Quando as penhoras concorrentes forem ordenadas em processos distintos, 0 Juiz que ordenar a Ultima comunica o facto ao outro e suspende a execuco em relac&o aos bens penhorados. 3. 0 Juiz que receber a comunicacao, apés proceder a venda dos bens penhorados e, uma vez paga a divida exequenda, comunica ao Juiz do Processo cuja execugdo esté suspensa, dando a conhecer a extingdo da execugio a existéncia de valor remanescente. 4. O valor remanescente é colocado a ordem do Juiz da Execugao suspensa. 5. Quando as penhoras concorrentes forem ordenadas em processos de natureza diversa, 0 credor da ultima reclama os seus créditos no processo da mais antiga, nos termos do Cédigo de Proceso Civil. ARTIGO 99.2 {Penhora de depésitos bancarios) 1. Quando so indicados 8 penhora valores depositados numa conta bancéria, o Trlounal ordena o respectivo banco a fornecer o saldo cativar 0 valor suficiente para o pagamento da divida exequenda e as custas judiciais provaveis, sob pena de multa, nos termos do Cédigo de Proceso Civil e da Lei das Instituigdes Financeiras, sem prejulzo da responsabilidade criminal. 2. Apés o cumprimento da ordem do Tribunal, o banco comuniea o facto no prazo fixado. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SéRIg, N25 | 3647 ARTIGO 100.2 {Fiel depositaria) 1. Quando 0 banco confirmar a existéncia de saldo suficiente para o pagamento da divida exequenda, das custas judiciais provaveis e uma vez cativado o respective valor, é o mesmo constituido fie! depositario com todos os direitos e deveres inerentes. 2. Se 0 banco permitir a movimentagao do saldo penhorade, sio-Ihe imediatamente penho- rados bens préprios pare garantir o pagamento da divida exequenda. 3. Sem prejulzo do disposto no numero anterior, é dada vista ao Ministério PUblico para requerer certiddo das pecas processuais que entenda necessarias para a instauracao de proce- dimento criminal contra 0 responsavel pela violaco da penhora, por crime de desobediéncia ou de abuso de confianga, nos termos da legislagao penal. ARTIGO 101.2 {Pagamento} 1. Se no houver oposico, @ o banco ordenado a efectuar o pagamento pelo meio que se mostre mais ajustado a situago, deduzindo-se os possiveis encargos da conta penhorada. 2. Quando houver oposicio, 0 Tribunal decide pelos meios mais céleres possiveis. 3. Decididas as reclamagdes, cumpre-se como disposto no n.2 1. CAPITULO XI Processos Emergentes de Acidentes de Trabalho e de Doencas Profissionais SECCACI Fase Conciliatéria ARTIGO 102.2 {Inicio do proceso) 1. 0 processo inicia-se por uma fase conciliatéria dirigida pelo Ministério Publico ¢ tem por base a participago do acidente ou da doenga, que dé entrada na Secretaria Judicial. 2. Da participago devemn constar os seguintes elementos: a) Identificagdo do sinistrade ou doente e das entidades responsaveis pela reparacdo; b) Anatureza do acidente ou da doenca e do agente causador, as lesdes, 0 local, o dia a hora em que ocorreu 0 acidente ou o local de trabalho onde presumivelmente se tenha originado ou agravado a doenca. 3. Quando a participaciio é feita por uma entidade seguradora: a) € acompanhada de toda a documentagao clinica e nosolégica disponivel, designada- mente; b) Copia da apdlice de seguro e seus adicionais em vigor; ¢) Folha de salérios dos 12 meses anteriores ao do acidente ou ao do diagnéstico presun- tivo ou inequivoco da doenga; d) Nota discriminativa das incapacidades e internamentos; DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.253 | 2048 e} Cépia dos documentos comprovativos das indemnizagdes ou pensdes pagas ao sinis- trado ou doente. ARTIGO 103.2 {Processamento no caso de morte) 1. No caso de morte, 0 Ministério Publico, depois de receber a participagao, ordena, con- forme as cireunstaneias: a) A realizado da autépsia ou a jungao aos autos do respectivo relatério, salvo se for desnecesséria; b) As diligéncias indispensdvels a0 conhecimento dos beneficiarios legals dos direitos do falecido e a obtengao das provas de parentesco. 2. Instruido © processo com a certid’o de dbito, 0 relatério da autépsia, se esta tiver sido realizada, e certidées comprovativas do parentesco dos beneficidrios, 0 Ministério Public designa data para a conciliagdo, se nao tiver sido junto 0 acordo extrajudicial em relacao as prestacdes legais. 3.0 Ministério Publico, quando os interessados tenham junto oacordo extrajudicial, designa data para declaragées dos beneficidrios e, se estes confirmarem as bases do acordo, submete-o a homologagdo do Juiz, sem prejufzo do disposto no artigo 117. 4. Caso nao se determine quaisquer titulares de direitos, procede-se a citacio edital e, se nenhum comparecer, o processo 6 arquivado. 5. O arquivamento é provisério pelo periodo de um ano e seis meses, sendo 0 processo rea- berto, se comparecer algum titular. 6. Findo 0 prazo estabelecido no ntimero anterior ¢ n3o tendo comparecide qualquer titular, realizam-se as diligéncias necessdrias ao apuramento das prestagdes, que revertem a favor do Fundo de Actualizagio de Pensées de Acidentes de Trabalho e de Doengas Profissionais, nos termos da lei. ARTIGO 104.2 {Processamento no caso de incapacidade permanente) 1.0 Ministério Publico designa data para o exame médico, seguido de coneiliagdo, quando do acidente ou da doenga resulte incapacidade permanente, 2. Se a participago for acompanhada de acordo extrajudicial ou sendo este apresentado até a data designada para a concilia¢3o, 0 Ministério Publico dispensa-a, salvo se o exame, as declaragées do sinistrado, que nesta ocasiao deve tomar, bern como as diligéncias a que pro- ceder nao confirmarem as bases do acordo. ARTIGO 105.2 (Processamento noutros casos) 1. Se, & data do recebimento da participagao, o sinistrado ou doente ainda nao estiver curado € carecer de tratamento adequado ou nao estiver a receber a Indemnizacao devida por inca- pacidade temporaria, o Ministério Publico ordena imediatamente o exame médico, seguido de conciliagao, tendo em vista o acordo, ainda que provisério, nos termos do artigo 113.° DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, Nasa | 649 2. 0 disposto no nimero anterior é aplicdvel caso o sinistrado ou doente nao se conforme com a alta, a natureza da incapacidade ou o grau de desvalorizacao por incapacidade tempori- ria que Ihe tenha sido atribuido, ou ainda se esta se prolongar por mais de 12 meses. 3. Quando 0 sinistrado ou doente vier a juizo, declarar-se curado sem desvalorizacaio e ape- nas reclamar as prestagdes indemnizatérias devidas por incapacidade temporaria ou qualquer outra quantia a que acessoriamente tiver direito, 6 dispensado o exame médico, designando- -se logo data para a conciliagao. ARTIGO 106.2 (Entrega de cépia da participag3o aos nao participantes} Coma notificagao para a conciliagao, é entregue cépia da participacio as entidades convo- cadas que nao sejam participantes. ARTIGO 107.2 (Instrugdo do processa) 1. 0 Ministério Publico certifica-se da veracidade dos elementos constantes do processo e das declaragdes das partes, com vista a efectivagdo do disposto nos artigos 112.° e 113.2 2. 0 Ministério Publico pode requisitar aos servicos da Inspecgdio Geral do Trabalho, sem prejuizo da competéncia legalmente atribuida a outras entidades, a realizago de inquérito urgente e sumério sobre as circunstancias em que ocorreu o acidente ou fol contraida a doenga, quando: a) Do acidente ou deenga tenha resultado morte ou incapacidade grave; b) O sinistrado ou doente nao esteja a ser tratado; ¢) Presumir que 0 acidente, a doenca ou suas consequéncias resultaram da falta de obser- vancia das condigdes de seguranga, higiene e sade no trabalho; d) Presumir que o acidente foi dolosamente ocasionado. SUBSECGAO | Exame Médico ARTIGO 108.2 {Exame médico) 1.0 exame médico, quando efectuado no Tribunal, é presidido pelo Magistrado do Ministério Publico € realizado pela Comissdo Nacional de Avaliagdo das Incapacidades Laborais, nos ter- mos definidos em legislaco propria. 2. 0 exame que, por razdes técnicas, tenha de ser realizado em instalagdes apropriadas, 6 requisitado directamente a entidade referida no nuimero anterior, dispensando-se a presenca do Magistrado do Ministério Publico. 3. Quando o exame exigir elementos auxiliares de diagnéstico ou conhecimento de alguma especialidade clinica no acessivel a quem deva realiz4-lo, s80 os mesmos requisitados a esta- belecimentos ou servigos adequados ou a médicos especialistas. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 53 | 2650 4.0 Magistrado do Ministério Publico pode solicitar a outro Tribunal a obtencdo dos elemen- tos referidos no ntimero anterior, quando na rea do Tribunal da causa nao houver condiges para 0 efeito. 5.0 exame é secreto, podendo 0 Magistrado do Ministério Publico, em qualquer caso, for mular quesitos sempre que o seu resultado Ihe ofereca dividas. 6.0 resultado do exame é imediatamente notificado ao sinistrado ou doente ¢ &s pessoas convocadas para a tentativa de conciliagao. ARTIGO 109.2 (Formalismo do exame médico) 1. No auto de exame médico, o perito indica 0 resultado da sua observagao e do interro- gatério do sinistrado ou doente e, em face destes elementos e dos constantes do processo, descreve a lestio ou doenca, a natureza da incapacidade e o grau de desvalorizagio correspon dente, ainda que sob reserva de confirmago ou alteragao do seu parecer e diagnéstico apés obtencio de outros elementos clinicos, laboratoriais au radiolégicos. 2. Quando o perito no se considere habilitado a completar 0 exame com laudo conclu- dente, fixa provisoriamente o grau de incapacidade do sinistrado ou doente. 3. 0 Magistrado do Ministério Publico tenta, com base no laudo referido no numero ante- rior, 2 conciliagdo para efeitos de homologacao do acordo, quando exame ndo se efectue dentro de 30 dias. 4.0 Magistrado do Ministério PUblico ouve em declaragdes o sinistrado ou doente sobre as circunstancias em que ocorreu 0 acidente ou foi contraida a doenca e mais elementos neces- sarios a realizago daquela tentativa ou a confirmagao do acorde extrajudicial que tiver sido apresentado, quando o exame nao for imediatamente seguido de conciliagao. ARTIGO 110.2 {Exame aos beneficiarios legais) O disposto nos artigos anteriores ¢ aplicavel, com as necessarias adaptacdes, 8 apreciaco da existéncia de doenca fisica ou mental dos beneficidrios legais susceptiveis de afectar subs- tancialmente a sua capacidade de trabalho. SUBSECCAO II Audigncia de Conciliagao ARTIGO 111.2 {Intervenientes) 1. A audiéncia de conciliag3o so chamadas, além do sinistrado, doente ou beneficidrios legais, a entidade patronal ou seguradora, conforme os elementos constantes da participagao. 2.0 Magistrado do Ministério Publico designa data para nova audiéncia conciliatoria, a reali- zar-se nos 15 (quinze) dias seguintes quando, das declaracdes prestadas, resulte a necessidade de convocacao de outras entidades. 3. A presenga do sinistrado, doente ou beneficiério pode ser dispensada em casos justifica- dos de manifesta dificuldade de comparéncia ou de auséneia em parte incerta. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SERIE, N2 59 | 9651 4. No caso referido no numero anterior, © sinistrado, doente ou beneficiario é represen- tado pelo substitute legal de quem, no exercicio de fungdes do Ministério Publica, presidir a audiéncia. 5. Quando a entidade responsével no compareca, tomam-se declaragées ao sinistrado, doente ou beneficidrio sobre as circunstancias em que ocorreu 0 acidente ou foi contraida a doenca e mais elementos necessarios a determinagio do seu direito. 6. Se a falta for justificada no prazo de 5 (cinco) dias, designa-se nova data. 7. Aaudiéncia de conciliacao é dispensada, quando a entidade responsavel nao justifique a falta, presumindo-se verdadeiros, até prova em contrario, os factos declarados nos termos do ngs. 8.0 disposto no numero anterior é aplicavel quando a entidade responsavel nao compareca 8 segunda audiéncia ou tendo sido notificada para a primeira, mudar o domicilio ¢ no comu- nicar 20 Tribunal. ARTIGO 112.2 (Acordo de harmonia com as disposiges legais) 0 Ministério Pablico promove, na tentativa de conciliagio, 0 acordo de harmonia com os direitos consignados na lei, tomando por base os elementos fomecidos pelo proceso, desig- nadamente o resultado do exame médico e as circunstdncias que possam influir na capacidade geral de ganho do sinistrado ou doente. ARTIGO 113.2 (Acordo provisério ou temporaria) 1. Quando 0 grau de incapacidade fixado tenha cardcter provisério ou temporario, 0 acordo tem validade proviséria ou temporaria, na parte que se Ihe refere, competindo ao Magistrado do Ministério PUblico rectificar as indemnizagdes ou pensdes segundo o resultado dos exames ulteriores. 2. As rectificacSes efectuadas nos termos do numero anterior consideram-se parte inte- grante do acordo, devendo-se notificar as entidades responsaveis. 3. Quando no Ultimo exame vier a ser atribuida a incapacidade natureza permanente e fixado um grau definitivo ou se o sinistrado ou doente for dado como curado sem desvaloriza- 40, realiza-se nova audiéncia de conciliago, seguindo-se os demais termos do proceso. ARTIGO 114.2 (Contetido do auta de acordo) 1. Com vista a habilitar 0 Juiz a apreciar 0 acordo, do auto consta: a) Aidentificagao completa dos intervenientes e suas qualidades; b) A detalhada do acidente ou da doenga; ¢) Aexisténcia e caracterizagiio do acidente ou da doenga; d) O nexo causal entre as lesdes e 0 acidente ou a doenca; ¢) A remuneracao do sinistrado ou doente; f) Aentidade responsavel pelo pagamento das prestacdes; DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 52 | 3652 g) Anatureza e 0 grau de incapacidade; h) Demais direitos reconhecidos; i) Assinatura dos intervenientes. 2. Tratando-se de doenga profissional, de auto consta ainda: a) A data certa ou aproximada do primeiro diagnéstico clinico da doenga; b) Aindicagao dos servicos em que o doente trabalhou durante o perfodo de imputabill- dade previsto na lei; ¢) 0 tempo de trabalho 2o servico de cada entidade. ARTIGO 115.2 (Contetido do auto na falta de acordo e fixago dos elementos de facto} 1. Frustrada a conciliagao, faz-se constar do auto, além das indicagdes do artigo anterior, os motivos da faita de acordo. 2. Sern prejuizo do disposto no numero anterior, de modo a evitar nova discussdo na fase contenciosa, do auto consta ainda: a) Os factos definitivamente assentes, acerca da existéncia e caracterizagao do acidente ou da doenga; b) O nexo de causalidade; ¢) 0 salério do sinistrado ou do doente; d) Aentidade responsavel pelo pagamento das prestagdes; e) O grau de incapacidade. 3. 0 interessado que se recuse a tomar posigdo sobre cada um destes factos, estando ja habilitado a fazé-lo, é, a final, condenado come litigante de mé-fé. ARTIGO 116.2 (Recolha de elementos para a elaboragao da peticaa inicial) ‘Quando nao se obtenha o acordo, 0 Magistrado do Ministério PUblico recolhe os elementos necessarios & apresentagdo do requerimento inicial, salvo seo sinistrado, o doente ou os bene- ficidrios legais tiverem constituido advogado. SUBSECCAO III Acordo Acerca das Prestacées ARTIGO 117.2 {Homologagao do acordo} 1. Celebrado 0 acordo, é este submetido ao Juiz, que o homologa por simples despacho, se verificar a sua conformidade com os elementos fomecidos pelo processo e com as normas legais ou convencionais. 2. Quando tiver sido junto acordo extrajudicial eo Magistrado do Ministério Publico 0 con- sidere em conformidade com o resultado dos exames, os restantes elementos fornecidos pelo proceso e as informacdes complementares que repute necessarias, promove a sua homolo- gacdo pelo Juiz. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 IséRIE, Na |a6sa ARTIGO 118.2 {Nao homologa¢o do acordo) 1. Quando 0 acordo no for homologado € o Magistrado do Ministério Publico considerar possivel a remogdo dos obstéculos, tenta a celebrac&o de novo acordo para substituir aquele cuja homologaciio foi recusada. 2. A falta de homologagao do acordo & notificada aos interessados, mas aquele continua a produzir efeitos até a homologagdo do que o vier a substituir ou, na falta deste, até a decisdo final. ARTIGO 119.2 (Eficacia retroactiva do acordo) O acordo produz efeitos desde a data da sua celebracao. ARTIGO 120.2 {Julgamento apés a conciliacao) Se as entidades responsdveis reconhecerem as obrigagdes legais correspondentes aos elementos de facto verificados através do proceso € 0 sinistrado, doente ou os respectivos beneficidrios legais se limitarem a recusa do que Ihes 6 devide, o Magistrado do Ministério Pablico, fixado o valor da causa, promove a proferig¢ao da sentenca pelo Juiz que pode limitar- -se a parte deciséria, SECCAO II Fase Contenciosa SUBSECGAO | Disposigies Gerais ARTIGO 121.2 {Inicio da fase contenciosa) 1A fase contenciosa tem por base o requerimento inicial, em que 0 sinistrado, doente ou beneficidrios legais expdem os fundamentos e formulam o pedido. 2. Quando 0 interessado nao se conforme com o resultado do exame meédico realizado na fase conciliatéria, 0 requerimento contém ainda os fundamentos e os quesitos necessdrios para efeitos de fixacio de incapacidade para o trabalho. 3. A fase contenciosa corre nos autos em que se processou a fase conciliatéria. ARTIGO 122.2 (Desdobramento do pracesso) Na fase contenciosa 0 processo desdobra-se, se for caso disso, em: a) Processo principal; b) Apenso pata fixagao da incapacidade pare o trabalho. ARTIGO 123.2 {Apresentagdo do requerimento inicial) 1. Quando niio se obtenha acordo ou nao seja homologado, nem se verifique a hipstese prevista no artigo 120.2, o Magistrado do Ministério PUblico, sem prejuizo do disposto nos DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 53 | 3054 artigos 23.2 © 24.2, assume o patrocinio do sinistrado, do doente ou dos beneficidrios legais, apresentando, no prazo de 15 (quinze) dias, requerimento inicial nos termos do disposto no artigo 121.° 2.0 Magistrado do Ministério Publico, quando careca de elementos de facto necessdrios & elaboragao do requerimento inicial, pode requerer a prorrogaco do prazo previsto no numero anterior, por igual perfodo de tempo, e diligencia a sua obtencao. 3. Quando 0 sinistrado, o doente ou os beneficidrios legais se recusem a fornecer esses ele- mentos ¢ em diligéncias posteriores se verifique que a recusa derivou do facto de ter havido acordo particular sobre a reparagdo do acidente ou doenga, o Magistrado do Ministério Publico promove que seja condenada como litigante de m4-fé a entidade com quem tenha sido feito 0 acordo. 4. Findo 0 prazo referido no n.° 1 ou a sua prorrogagao nos termos do n.® 2, 0 processo é con¢luso ao Juiz, que declara suspensa a instancia, sem prejuizo de o Magistrade do Ministério Publico apresentar 0 requerimento logo que tenha reunido os elementos necessarios. ARTIGO 124.2 (Valor da causa) 1. Nos processos de acidentes de trabalho ou de doencas profissionais, tratando-se de pen- ses, 0 valor da causa é igual ao da soma das reservas matematicas correspondentes a cada uma delas, acrescido das demais prestacdes. 2. Quando se trate de indemnizacdes por incapacidade temporéria, o valor é igual a cinco vezes 0 valor anual da indemnizacao. 3. O Juiz pode alterar o valor fixado em conformidade com os elementos que o processo for- necer, em qualquer altura. SUBSECCAO II Fixagdio da Pensao ou Indemnizacao Proviséria ARTIGO 125.2 (Pens&o ou indemnizagéo em caso de acordo) 1. Quando houver acordo acerca da existéncia ¢ caracterizagao da ocorréncia como acidente de trabalho ou da doenca come profissional, o Juiz, se o autor o requerer ou se assim resultar directamente da lei aplicdvel, fixa provisoriamente a pensSo ou indemnizacao que for devida pela morte ou pela incapacidade atribuida pelo exame médico, com base na ultima remune- ragao auferida pelo sinistrado ou doente, se outra nao tiver sido reconhecida na conciliagao. 2. Caso 0 grau de incapacidade fixado tenha cardcter provisério ou temporério, o Juiz arbitra a pensdo ou indemnizaco logo que seja conhecido o resultado final do exame mésico. 3. Na falta de acordo sobre a transferéncia da responsabilidade, a pensdo ou indemnizacao fica a cargo da seguradora cuja apdlice abranja a data do acidente ou do diagnéstico clinico da doenga. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, Na | 965s 4. A pensio ou indemnizacao ¢ paga pela entidade patronal, quando nao se junte a apélice, salvo se esta ainda no estiver determinada, aplicando-se 0 disposto nos n.” 2 ¢ 3 do artigo seguinte. 5. 0 Juiz toma por base uma remuneragao que nao ultrapasse o minimo que presumivel- mente deva ser reconhecido como base para o célculo da pense ou indemnizagdo, quando nao seja possivel determinar a ultima remuneragao auferida pelo sinistrado ou doente. 6. 0 Juiz determina que o tratamento seja custeado pela entidade a cargo de quem ficar a pensio ou indemnizagio proviséria, no caso de o sinistrado ou doente ainda o necessitar. ARTIGO 126.2 {Pensa ou indemnizacao proviséria na falta de acordo) 1. Na falta de acordo sobre a existéncia ou caracterizacao do acidente como de trabalho ou da doenga como profissional, o Juiz, a requerimento da parte interessada ou se assim resultar directamente da lei aplicdvel, fixa, com base nos elementos fornecidos pelo proceso, pensao ou indemnizagao proviséria nos termos do artigo anterior, se: a) Considerar que as prestagées sdo necessérlas para o sinistrado, doente ou beneficidrios legai b) Do acidente ou doenga resultar morte ou uma incapacidade grave; ¢) Verificar a situaco prevista na primeira parte do n.2 1 do artigo 105.° 2. A pensdo ou indemnizagao provisdria e os encargos com o tratamento do sinistrado ou doente sdo adiantados e garantidos pelo Fundo de Actualizacao de Pensdes, nos termos da legislacao aplicavel, se ndo forem suportados por outra entidade. 3.0 Juiz pode condenar imediatamente na pensao ou indemnizagao provisoria a entidade que considere responsdvel, se os autos fornecerem elementos bastantes para se convencer de que a falta de acordo na conciliagao teve por fim eximir-se da condenagao proviséria. 4. O Juiz condena o réu como litigante de mé-fé, quando, no julgamento, se confirmar essa conviegao. 5. Na sentenca final, se for condenatéria, o Juiz transfere para a entidade responsavel a obri- gacdo de pagamento da pensao ou indemnizagio e demais encargos, ordenando © reembolso de todas as importancias adiantadas. ARTIGO 127.2 {Fixagao da pensdo ou indemnizaso proviséria depois de apurada a entidade responsavel) 1. Julgadas as questdes suscitadas no processo principal, se ainda nao for possivel a con- denagdo definitiva da entidade responsdvel, o Juiz fixa a pensdo ou indemnizagao proviséria a pagar por aquela. 2. Sea pensdo ou indemnizagao jé fixada estiver a cargo de outra entidade, o Juiz determina que a entidade responsavel indemnize aquela que até ai suportou as pensées, indemnizagées e demais encargos, com juros de mora. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 SERIE, N.2 53 | 2656 ARTIGO 128.2 idade e imediata exequibilidade da decisio que fixar a pensao ou indemnizacao proviséria) (Irrecorri 1. Da decisdo que fixar pensio ou indemnizago proviséria nao hd recurso, mas a respon- savel pode reclamar com 0 fundamento de nao se verificarem as condigdes da sua atribuicio. 2. Da pensdo ou indemnizagao fixada nos termos do artigo 126.2 pode, igualmente, o Fundo de Actualizagio de Pensées reclamar, invocando que o sinistrado, o doente ou os beneficiarios legais dela nao tém necessidade. 3. A decisiio que fixe a pensio ou indemnizacao proviséria é imediatamente exequivel, dis- pensando-se a prestagdo de caugio. ARTIGO 129.2 (Encargos cam o tratamento} 1. 0 Juiz pode determinar, em qualquer altura do proceso, que a entidade que anterior- mente tenha custeado o tratamento do sinistrado ou doente continue a suportar o encargo, quando solicitado e entenda que © pedide é fundado, sem prejuizo do disposto no n.° 6 do artigo 125.° 2. A Decisao referida no numero anterior ndo prejudica as demais questdes por apreciar. SUBSECCAO III Processo Principal ARTIGO 130.2 {Questées a decidir no proceso principal) No processo principal decidem-se todas as questdes, salvo a da fixagio de incapacidade para o trabalho, quando esta deva correr por apenso. ARTIGO 131.2 {Pluralidade de entidades responsdveis) 1. Até ao encerramento da audiéncia, 0 Juiz pode mandar intervir na ac¢do qualquer enti- dade que julgue ser responsavel, para o que ¢ citada, sendo-Ihe entregue cépia dos articulados. 2. Os actos processuais praticados por uma das entidades requeridas aproveitam as outras na medida em que derem origem a quaisquer obrigagdes ou as reconhecerern. 3.0s acordos pelos quais a entidade patronal ea entidade seguradora atribuam a uma delas a intervengio no processo a partir da citagao da Ultima so licitos, sem prejuizo da questo da transferéncia da responsabilidade. 4. O acordo 6 eficaz tanto no que beneficie como no que prejudique as partes. 5. As sentengas e despachos proferidos constituem caso julgado contra todos os requeridos, independentemente da falta de interveng3o de algum deles. ARTIGO 132.2 {Citagao) 1. Arequerida é citada para contestar no prazo de 15 (quinze) dias. DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, N23 2657 2. Quando haja varias requeridas, 0 prazo referide no numero anterior conta-se a partir da Liltima citagao. ARTIGO 133.2 {Contestacao) 1. Na contestagdo, além de invocar os fundamentos da sua defesa, pode a requerida a) Requerer a fixagao de incapacidade nos mesmos termas que o requerente; b) Indicar outra entidade como responsavel, que ¢ citada para contestar. 2. Acontestacdo de uma das requeridas aproveita a todas. 3. Se estiver em discussao a determinac&o da entidade responsdvel, ao requerente e a cada uma das requeridas é entregue cépia da contestacao das demais, podendo cada uma respon- der no prazo de 5 (cinco) dias, mas apenas sobre aquela questao. ARTIGO 134.2 (Falta de contestacao) A falta de contestagéo de todos os requeridos tem como consequéncia a sua condenagao solidaria no pedido, sem prejuizo do estabelecido no artigo 87.2 ARTIGO 135.2 {Despacho saneador) 1. Findos os articulados, o Juiz profere despacho saneador no prazo de 10 dias. 2. No despacho referido no numero anterior, para além dos objectivos estabelecidos no Cédigo de Processo Civil, o Juiz considera assentes os factos sobre que tenha havido acordo na conciliago ¢ ordena o desdobramento do proceso, se for caso disso. 3. Seguidamente observam-se os termos do proceso comum, salvo o disposto nos artigos subsequentes. ARTIGO 136.2 (Objecto do proceso principal e apenso) 1. fixago da incapacidade para o trabalho corre por apenso, se houver outras questées a decidir no processo principal. 2. O Juiz pode ordenar que corra em separado, se o entender conveniente, qualquer inci- dente, mas, se no 0 fizer, este corre nos autos a que respeitar. 3. O Iuiz pode determinar a desapensagdo, quando a simultaneidade na movimentago do processo principal e seu apenso seja incompativel.. ARTIGO 137.2 {Indicagao das testemunhas) O rol de testemunhas pode ser apresentado no prazo de 10 dias a contar da notificagao do despacho saneador, ARTIGO 138.2 {Comparéncia dos peritos na audiéncia de discussao e julgamento) Os peritos médicos comparecem na audiéncia de discussao ¢ julgamento, quando 0 Juiz 0 determinar. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 ISERIE, N.2 53 | 3658 ARTIGO 139.2 (Sentenga final) Na sentenca final, o Juiz: a) Considera definitivamente assentes as questdes que nao tenham sido discutidas na fase contenciosa; b) Integra as decisdes proferidas no processo principal e no apenso, cuja parte deciséria reproduz; ¢) Fixa, se forem devidos, juros de mora pelas prestagdes pecunidrias em atraso. ARTIGO 140.2 {Falta de comparéncia e incumprimento) ‘Ano comparéncia de qualquer pessoa a diligéncia para que tenha sido convocada ea falta de cumprimento de qualquer determinagao do Tribunal ¢ punida com multa, salvo se a infrac- 30 corresponder outra sangao. SUBSECGAO IV Apenso para a Fixaco de Incapacidade para o Trabalho ARTIGO 141.2 (Requerimento de Junta Médica) A parte que nao se conforme com o resultado do exame realizado na fase conciliatéria pode pedir, no requerimento inicial ou na contestago, exame por Junta Médica. ARTIGO 142.2 (Exame por Junta Médica) 1.0 exame por Junta Médica, constitulda por trés peritos, tem cardcter urgente e secreto, sendo presidido pelo Juiz. 2. Se, na fase coneiliatéria, 0 exame exigir pareceres especializados, intervém na Junta Médica, pelo menos, 2 (dois) médicos da mesma especialidade. 3. exame é deprecado ao Tribunal com competéncia em matéria de trabalho, onde a junta possa constituir-se, quando na drea do Tribunal da causa ndo seja possivel constitui-la nos ter mos dos numeros anteriores. 4. Os peritos das partes sdo apresentados até aoi © Juiz nomeia oficiosamente. 5. E facultativa a formulag3o de quesitos para o exame médico, mas, sempre que a difi- culdade ou complexidade o justificar, o Juiz formula-os, ainda que as partes 0 nao tenham requeride. 6. O Juiz, se o considerar necessdrio, pode determinar a realizaczio de exames complemen- tares ou requisitar pareceres técnicos. ARTIGO 143.9 {Deciséo) 1. Realizado o exame referido no artigo anterior, 0 Juiz profere decisdo sobre o mérito, fixando a natureza e 0 grau de incapacidade, bem como o valor da acgdo, quando a fixaco da incapacidade tiver lugar no processo principal. io da diligéncia, mas, se nao o fizerem, DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 I SERIE, N22 |a6s0 2.0 Juiz profere decisdo nos termos do nimero anterior, quando a fixago da incapacidade tiver lugar no apenso. 3. A decisdo a que se refere 0 nlimero anterior sé pode ser impugnada no recurso que se interpuser da decisdo final. 4. A fixaco da incapacidade n&o obsta a sua modificacdo, nos termos do que se dispde para © incidente de revisio. SUBSECGAO V Suspensio da Instancia e Reforma do Pedido em Caso de Falecimenta do Requerente ARTIGO 144.2 (Suspensao da instancia e habilitagao) Em caso de falecimento do sinistrado ou do doente, 0 incidente de habilitagio de herdeiros segue os termos previstos no Cédigo de Processo Civil. ARTIGO 145.2 {Investigagao das causas da morte e audiéncia de conciliago) 1. O Magistrado do Ministério PUblico averigua se a morte resultou directa ou indirecta- mente do acidente ou da doenga. 2. O Magistrado do Ministério PUblico organiza © processo regulado no artigo 103.2, por apenso ao proceso principal, quando houver elementos para presumir a relagéio de causali- dade referida no numero anterior. 3. O Magistrado do Ministério PUblico deduz, nos termos do n.? 1 do artigo 123.2 e sem necessidade de habilitag3o, 0 pedido que corresponder aos direitos dos beneficiarios legais do sinistrado ou do doente. 4. Arequerida 6 notitficada para responder no prazo de 10 dias, seguindo-se os demais ter- mos do proceso, se no houver conciliagao ou o acordo née for homologado. 5. Os beneficidrios legais dos direitos do falecido tém de aceitar os articulados da parte que substituem, mantendo-se os actos e termos jé processados, salvo se em manifesta oposi¢ao com as novas circunstancias. ARTIGO 146.2 (Interrupgaa da instancia) Quando a suspensio durar mais de um ano, interrompe-se a instancia. ARTIGO 147.2 (Renovacao da instancia) Se 0 falecimento do sinistrado ou do doente ocorrer depois do julgamento da causa ou da sua extingdo por outro motivo, esta renova-se nos mesmos autos para os efeitos dos artigos anteriores. DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 I SERIE, N.2 53 | 2660 SECCAO III Revisdo da Incapacidade ou da Penso ARTIGO 148.2 (Revisdo da incapacidade) 1. Quando for requerida a revistio da incapacidade, 0 Juiz manda submeter o sinistrado ou doente a exame médieo. 2. 0 pedido de revisio é deduzido em simples requerimento fundamentado e, se necess4- rio, formulam-se quesitos. 3. Terminado 0 exame, o seu resultado ¢ notificado ao sinistrado ou doente e a entidade res- ponsdvel pela reparacaio dos danos resultantes do acidente ou da doenga. 4. Quando alguma das partes nao se conforme com o resultado do exame, pode requerer, no prazo de 5 (cinco) dias, exame por Junta Médica nos termos previstos no n.2 2. 5. Se 0 Juiz considerar 0 exame indispensavel para a boa decisio do incidente, ordena-o oficiosamente. 6. Quando nao for realizado exame por Junta Médica, ou tendo este sido feito, e efectua- das quaisquer diligéncias que se mostrem necessérias, o Juiz decide por despacho, mantendo, aumentando ou reduzindo a pensdo ou declarando extinta a obrigacao de a pagar. 7. Qincidente corre no apenso previsto na alinea b) do artigo 122.2, sobre o desdobramento do processo, quando o houver. 8.0 disposto nos nUimeros anteriores é aplicével, com as necessarias adaptagdes, aos casos em que, sendo responsavel uma seguradora, 0 acidente ou doenga nao tenha sido participado a0 Tribunal por 0 sinistrado ou doente ter sido considerado curado sem incapacidade. ARTIGO 149.2 {Responsabilidade pelo agravamento) 1. Quando a entidade responsdvel pretenda discutir a responsabilidade total ou parcial pelo agravamento da incapacidade e a questo $6 puder ser decidida com recurso a outros meios de prova ou a produgao de outros meios de prova, requere-o no prazo fixado para exame por Junta Médica. 2. O prazo referido no numero anterior conta-se a partir do conhecimento do resultado do exame, se este for requerido. 3. Osinistrado ou 0 doente pode responder, no prazo de 5 (cinco) dias, a contar da data da notificaco do requerimento da entidade responsavel. 4. Posteriormente, seguem-se, com as necessarias adaptacées, os termos do processo sumério, com ressalva ao disposto no artigo 138.9 sobre a comparéncia dos peritos na audién- cla de discussdo e julgamento. ARTIGO 150.2 (Revisdo da pensdo dos beneficiarios legais) 1. Quando o beneficidrio legal requeira a revisdo da respectiva penséo com fundamento em agravamento ou superveniéncia da doenca fisica ou mental que afecte a sua capacidade de ganho, o incidente corre por apenso ao processo a que disser respeito, observando-se 0 dis- posto no artigo 148.2 DIARIO DA REPOBLICA DE 19 DE MARCO DE 2024 1 SERIE, N2 59 | 9661 2. Se o aumento da pensdo depender de facto que s6 possa ser provado decumentalmente, © Juiz ouve a parte contréria, 3. 0 processo é remetide ao Magistrado do Ministério PUblico, para no prazo de 5 (cinco) dias exercer a fiscalizago. 4. Seguidamente, o Juiz decide sem mais formalidades. SECCAO IV Remigdo de Pensdes ARTIGO 151.2 {Remigao facultativa) 1. Requerida a remigao, o Juiz, ouvida a entidade responsdvel, efectua diligéncias sumarias, se necessério, e decide, por despacho fundamentado, admitindo-a ou recusando. 2. Aremigio, se recusada, s6 pode ser pedida de novo passado um ano. 3. Quando a remicao é admitida, a Secretaria procede ao calculo do valor devido. 4. Em seguida, 0 processo é remetido ao Magistrado do Ministério PUblico que, apés verifi- car 0 cAlculo, ordena, por termo lavrado nos préprios autos, 2 entrega do valor ao pensionista ou beneficidrios legais. ARTIGO 152.2 (Remigao obrigatéria) Fixada a pensio, se esta for obrigatoriamente remivel, abserva-se o disposto nos n° 3. e 4 do artigo anterior. SECCAO V Processo para a Declaracaa de Extingo de Direitos Resultantes de Acidentes de Trabalho ou de Doenga Profissional ARTIGO 153.2 (Proceso aplicavel) 1. As acgdes para a declaragao de preserigao ou de suspensdo de direito a pensdes e para a declaraco de perda de direito a indemnizagdes concedidas em processos findos seguem, com as necessdrias adaptagdes, os termos do processo sumario. 2. 0 Juiz, porém, pode, oficiosamente, ordenar exames ou outras diligéncias que considere necessarias. 3. As acedes referidas no n.2 1 correm por apense ao processo principal. ARTIGO 154.2 (Caducidade do direito a pensdo} 1. Quando o direito a pens3o caducar nos termos estabelecidos no Regime Juridico dos Acidentes de Trabalho e Doencas Profissionais, a entidade responsavel requer que seja decla- rada a caducidade, apresentando os respectivos meios de prova. 2. Em caso de morte, 0 processo vai com vista a0 Magistrado do Ministério Publico para efei- tos do disposto nos artigos 145.° e 147.° DIARIO DA REPUBLICA DE 18 DE MARCO DE 2024 I SERIE, N.2 52 | 3662 3. Nos demais casos, o Juiz ouve a parte contraria e remete o processo a fiscalizagaio do Magistrado do Ministério Public. 4, Produzida a prova, se se verificar que no hd pensdes, indemnizacBes ou quaisquer outras prestagdes a satisfazer, o Juiz decide o incidente sem mais formalidades. 5. O incidente corre por apenso ao processo a que disser respeito. SECCAO VI Pracesso para a Efectivacao de Direitas de Terceiros Conexos com Acidente de Trabalho e Doenga Profissional ARTIGO 155.2 (Processo) 1. 0 proceso destinado & efectivacao de direitos conexos com acidente de trabalho ou doenga profissional segue os termos do proceso comum, correndo por apenso ao respectivo proceso, 2. As decis6es transitadas em julgado que tenham por objecto a qualificagdo do sinistro como acidente de trabalho ou da doenga como profissional, bem como a determinacao da entidade responsavel tém valor de caso julgado para estes processos. CAPITULO XI Processo de Impugnacdo de Despedimento e de Outras Medidas Disciplinares SECCAGI Impugnao de Despedimenta ARTIGO 156.2 {Requerimento) 1. 0 requerimento inicial da entrada na Secretaria do Tribunal e, para além de outros ele- mentos, deve conter: a) Aidentificagao das partes; b) A descrigdo dos factos e vicios formais do procedimento disciplinar; ¢) Os factos que fundamentam a falta ou insuficléncia de justa causa disciplinar; 4d) O pedido de nulidade ou de improcedéncia do despedimento. 2. O requerimento inicial é instruido com a convacatéria e a comunieaco do despedimento. ARTIGO 157.2 {Citagdo e contestacao) 1. Arecorrida € citada para contestar, no prazo de 8 dias. 2. Aremessa do processo disciplinar ao Tribunal é obrigatéria e equivale a contestacao. 3. A falta de contestacdo implica decisdo do mérito da causa nos termos do Codigo de Processo Civil.

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