Aula 1

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A Psicometria constitui um ponto de partida da autonomia da psicologia, pela

objetividade e neutralidade, ampliou a área de atuação da clínica para a área escolar e


profissional - ênfase nas diferenças individuais e orientações específicas, sendo menos
importante detetar e classificar os distúrbios psicopatológicos.

O HUMANISMO defende a impossibilidade de separação entre o sujeito e o objeto de


estudo, pelo que a subjetividade é essencial já que o indivíduo faz parte em si do objeto
de estudo. Psicologia Humanista procura uma compreensão global do homem, na
apreensão do mundo e dos seus significados.

Fenomenologia e Psicanálise influenciam esta vertente teórica, enfatizando a


subjetividade, intencionalidade, o sentido e o significado das experiências (e sintomas),
o inconsciente e a relação entre sujeito e objeto de estudo.

Psicodiagnóstico:

 Prática de diagnóstico mais identificadas à Psicanálise e Fenomenologia,


distancia-se da preocupação com a neutralidade e a objetividade, passando a
enfatizar a importância da subjetividade e dos aspetos transferenciais e
contratransferenciais presentes na relação.
 Uso de testes passa a ser complementado com outros procedimentos clínicos,
com o objetivo de integrar os dados recolhidos nos testes e na história clínica,
para obter uma compreensão global do sujeito

Abandona a necessidade de obter resultados objetivos (descartar a ênfase nos sintomas,


uso da classificação nosológica e emprego de testes - exames, para identificar
determinadas características patológicas) dos sujeitos e indicar um tratamento eficaz

Escolha de estratégias e/ou instrumentos para a Avaliação Psicológica depende:

 Referencial Teórico
 Objetivo (clínico, profissional, educacional, forense...)
 Finalidade (diagnóstico, indicações de tratamento e/ou prevenção

Procedimento Clínico que envolve um corpo organizado de princípios teóricos, métodos


e técnicas de investigação, tanto da personalidade como de outras funções cognitivas:

 Entrevista e observação clínica


 Testes Psicológicos * Técnicas Projetivas
 Outros procedimentos de investigação clínica: jogo, desenhos, contar histórias,
brincar.

Estes dados são integrados na produção e confirmação de hipóteses acerca de um


indivíduo e do seu problema.

A avaliação passa por, mas não se reduz, a simples instrumentos de medida ou técnicas
de avaliação.  Constituem elementos que ajudam na compreensão do indivíduo.

Nem sempre as escalas são necessárias dependendo se já conseguimos deduzir ou não,


através da anamnese, a problemática da pessoa. As provas projetivas diferem do resto
porque a maneira se colhe informação subjetiva, mas tem cotação e interpretação
objetiva.

É importante, na interpretação dos resultados, enquadrar e interpretar de acordo com o


contexto e verificar se faz sentido!!

Objetivos da Avaliação Psicológica:

1. Despistagem
2. Descrição (identificação de atributos)
3. Compreensão (comunicar esta compreensão na avaliação – perspetiva
humanista)
4. Verificação das hipóteses (descartar e despistar hipóteses que vão aparecendo ao
longo do processo.)
5. Explicação (Não é uma explicação causa efeito, é mais uma compreensão
“análise compreensiva” enquadrando o desenvolvimento da pessoa com os
resultados da avaliação)
6. Diagnóstico (classificação psicopatológica com vista à intervenção e
encaminhamento. Não é necessário que existe um quadro nosológico nem um
disgnóstico do DSM)
7. Prognóstico do comportamento futuro
8. Execução e medida da eficácia da intervenção (aconselhamento, psicoterapia)
9. Investigação
Fases do Psicodiagnóstico

- Perspetiva Psicodinâmica

1. Consentimento informado para a avaliação (Quais os recursos disponíveis para


conduzir a avaliação)
2. Primeiro contacto (entrevista inicial dá origem às 1ªs Hipóteses) – a primeira
sessão é muito catártica
a. Identificar e explicitar a natureza do PEDIDO
b. Conhecer o tipo de queixa
c. Conhecer o motivo/sintoma (manifesto ou latente)
d. Contexto onde o corre o problema (familiar, social…)
e. Identificar expectativas e/ou fantasias acerca da doença e da cura
f. Perceber como é a interação do cliente com o terapeuta (a palavra
“dificuldade” com as crianças pode ser má)
g. Identificar resistências, capacidade de insight (elaboração) e
predisposição para a mudança
h. Hipótese diagnóstica (atenção aos diagnósticos irrealistas e à rotulagem)
(Qual o significado e relevância do sintoma/ Dá ideia se o cliente
pretende desenrolar o processo)
3. Planificação da Avaliação
a. Entrevista Clínica (feita na 1ª e 2ª sessão, ao cliente se for adulto, aos
pais se for criança. No adolescente pode variar o facto de estar só com os
pais)
b. Valorização da entrevista clínica (mais além da anamnese descritiva) e
preocupação com a relação transferencial e contra transferencial.
c. Determina: Objetivos (compreensão profunda do indivíduo, da
personalidade, elementos patológicos e adaptativos), Setting (tempo:
sessões de cerca de 50 minutos, local, dia e hora acordada, honorários e
forma de pagamento) e uma definição clara de papéis (terapeuta-
paciente, pais e/ou família).
d. Usar instrumentos? Quais? Para quê? Geralmente há uma recorrência
a testes e técnicas projetivas – no caso das crianças quase sempre faz
sentido nem que seja para criar relação terapêutica.
e. Dimensões a avaliar? (Funcionamento/dinâmica familiar, aspetos
clínicos, inteligência, organização grafo-percetiva, personalidade,
demência…)
4. Recolha da Informação
a. Embora esta questão já tenha vindo a ser realizada desde a 1ª sessão -
Pertinência da entrevista clínica
b. Uso de técnicas e testes projetivos - Dados relevantes para a
compreensão do sujeito (tudo o que seja necessário perceber em função
das hipóteses traçadas)
c. Pode ter em conta 2 a 4/5 sessões dependendo dos casos
5. Análise da Informação
a. Reduzir a linha de base do problema (qualitativa e quantitativa)
b. Analisar e integrar os dados recolhidos na entrevista clínica
c. Complementar a análise anterior com os resultados obtidos nos testes
psicológicos
d. Diagnóstico atual e futuros (prognóstico) – depois de ter a info. Faz-se
uma análise compreensiva do caso (compilar a psicometria com a
história da pessoa e a anamnese)
6. Validação da formulação do caso
a. Continua formulação de hipóteses, diagnóstico e prognóstico (perceber
toda a natureza da patologia) – Avaliar os riscos
7. Entrevista Devolutiva – muito importante não passar à frente
a. Com base na organização e compreensão da informação recolhida e na
conceptualização do caso
b. Discutida a pertinência do seguimento do processo ou encaminhamento
c. Intervenção mais adequada à problemática e características do sujeito
d. Elaboração de um relatório de avaliação psicológica se for pertinente
(atenção à informação que é dada e como é colocado o diagnóstico (?), o
parecer e indicações.

- Perspetiva Fenomenológica - vertente Humanista


Acresce alguma diferenças em relação à perspetiva Psicodinâmica:

1. O psicodiagnóstico é em si uma intervenção


2. A devolução vai sendo introduzida ao longo do processo e não apenas no final
3. Valoriza a experiência (vivência no processo) do terapeuta e cliente
4. Percebe a relação terapeuta-cliente de forma distinta em termos de poder (não há
superioridade), papéis (deixa de ser técnico detentor de conhecimento,
estabelecendo ma relação de cooperação com o cliente).

Observação Psicológica

“Começa e termina na sala de espera”

Primeiro contacto

- O que podemos perceber na aparência geral do cliente? (extravagância, desleixo,


bizarria, …)?

 Concordância da forma de vestir, cabelo, linguagem….


 Postura (retraída, defensiva, submissa, dominadora…)
 Morfologia corporal (pícnico, atlético, leptossómico) (Kretshmer)
 Expressão verbal (tom de voz, fluência do discurso, ritmo, clareza, cuidado na
linguagem, verborreia, mutismo seletivo, ecolalia, gaguez...)
 Contacto ocular (permanente, ausente, evitante...)
 Expressão facial
 Movimento (harmonia movimentos, tiques, maneirismos, estereotipias,
tremores…)
 Estado de consciência (de si, orientação espacio-temporal, atenção, crítica)
 Estado emocional (manifestações vegetativas como o rubor, suor, palidez,
descargas motoras - agitação, taquicardia, tremor, estereotipias, tiques, ritmias.
Como se relaciona?
 (Aperto de mão, como se senta, colaboração, disponibilidade…) –

Como termina a sessão?

 Com as crianças combina-se a própria sessão e diz 3 regras: “não nos podemos
magoar aqui dentro”, “não podemos levar as coisas para casa” e “temos que
entrar e sair a horas.”. Relembrar também o sigilo, dizer que nós não vamos
contar nada mas que a criança pode contar se quiser; aos adolescentes temos que
avisar que se eles se magoarem a eles mesmos ou aos outros temos que quebrar
o sigilo!

Entrevista Clínica – Instrumento privilegiado de Observação

Entrevista Clínica  Exame Psicológico (com ou sem Psicometria)  Intervenção


Psicoterapêutica

Entrevista Clínica

 Relação intersubjetiva
 Rege-se por um quadro teórico de referência (compreensão do sujeito e da sua
problemática)
 Objetivo de avaliação do sujeito no sentido de propor um trabalho terapêutico.
 Saber escutar
 Perceber o real subjetivo do indivíduo
 Evitar deformações profissionais (juízos de valor e confusão de papéis)
 Especial ênfase à atenção (significado de expressões diretas e indiretas, atitudes,
palavras, postura)
 Observação de si mesmo, abertura e descentração de si - Descartar as projeções -
manter a congruência
 Transmitir empatia, neutralidade, aceitação positiva incondicional

“... as atitudes do próprio entrevistador e suas palavras no decorrer da entrevista criam,


pela significação que tomam, uma situação particular, determinando a reação do
entrevistado”(Mucchielli, 1994, pág. 39)

A DINÂMICA DA ENTREVISTA

– As interações inerentes- movimentos espontâneos que ocorrem no decorrer da


entrevista, não faz sentido a preparação do que vai ocorrer, faz sim sentido elaborar uma
ideia de aspetos relevantes a ter em conta na interação com o cliente.

– A Indução - orientação do cliente para uma resposta X ou Y. Leva a que haja uma
sugestão do terapeuta (mesmo que não consciente). Pode estar inerente na forma como
se faz a pergunta, tom de voz, olhar, gestos, atitudes. Perguntas tendenciosas, atitudes
implícitas.
– Um Bom entrevistador é aquele que sabe observar-se e observar as reações do cliente,
sabendo compreender o que se passa na relação da entrevista e na situação de “aqui e
agora”, saiba também controlar as suas atitudes... ´

Portanto... dirigir a entrevista é possível, mas sem criar outras reações induzidas, a não
ser o aumento ou a facilitação da expressão espontânea do cliente.

Atitudes do entrevistador e intervenções verbais que não facilitam a expressão do


cliente

 Resposta de avaliação ou julgamento - tudo o que contraria a empatia, aceitação


incondicional e neutralidade, potencia sentimentos/necessidade de aprovação,
desigualdade moral, inferiorização.
 Resposta Interpretativa - sentimento de incompreensão e espanto, não
preparação do cliente para a confrontação, perigo de distorção pessoal e
orientação tendenciosa.
 Resposta de suporte (apoio-consolação) - consolar ou minimizar a situação,
potencia atitude de dependência (terapeuta maternalista/paternalista), desejo de
manter uma amizade.
 Resposta Investigadora (pesquisa, apelo a informações complementares) -
implícita certa hostilidade, intrusão, defensividade.
 Resposta Solução-problema (propor uma ideia para sair da situação; indução no
cliente de uma maneira de agir - pode conduzir o cliente a uma maior confusão,
obrigatoriedade e sensação de recusa)

Atitudes do entrevistador que facilitam a expressão do cliente

 Trabalhar dificuldades Pessoais - medo da entrevista, medo dos silêncios, medo


do vazio, medo da impressão de perda de tempo e ineficácia pessoal, medo de
ser julgado, dificuldade de manter a atenção sem tomar a iniciativa
 Envolvimento do terapeuta na entrevista - A implicação pessoal, afetiva e
emocional condiciona a observação do cliente, havendo uma centração pessoal.
O envolvimento por sua vez é desejável sob a forma de empatia e autenticidade.

5 Condições Básicas na Atitude do Entrevistador (Carl Rogers)

1- Acolhida e não iniciativa


2- Centração no que é vivido pelo cliente e não nos factos concretos que o cliente
relata
3- Interessar-se pelo sujeito e não pelo problema em si mesmo (ponto de vista do
sujeito)
4- Respeitar o cliente e manifestar consideração por si (ao invés da dominância)
5- Facilitar a comunicação

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