Parecer MTP Processo Rotatividadade 1000932-81.2017.5.02.0005-1
Parecer MTP Processo Rotatividadade 1000932-81.2017.5.02.0005-1
Parecer MTP Processo Rotatividadade 1000932-81.2017.5.02.0005-1
0005
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
Partes:
RECLAMANTE: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO HOTELEIRO E
SIMILARES DE SAO PAULO - CNPJ: 62.657.168/0001-21
ADVOGADO: FELIPE AUGUSTO MANCUSO ZUCHINI - OAB: SP252831
ADVOGADO: ALAN DE CARVALHO - OAB: SP296645
ADVOGADO: MARCOS COSTA CAMPOS - OAB: SP311248
ADVOGADO: ETHEL MARCHIORI REMORINI PANTUZO - OAB: SP149404
RECLAMANTE: SINDICATO DOS GARCONS COZINHEIROS SOMMELIERS E DEMAIS
EMPREGADOS EM REST E EMP DO COM E SERV DE ALIM PREP E BEB A VAREJO DE
SAO PAULO E REGIAO - CNPJ: 26.554.970/0001-22
ADVOGADO: FELIPE AUGUSTO MANCUSO ZUCHINI - OAB: SP252831
ADVOGADO: ETHEL MARCHIORI REMORINI PANTUZO - OAB: SP149404
RECLAMADO: ARCOS DOURADOS COMERCIO DE ALIMENTOS SA
- CNPJ: 42.591.651/0001-43
ADVOGADO: CARLA TERESA MARTINS ROMAR - OAB: SP106565
CUSTOS LEGIS: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO - CNPJ: 26.989.715/0001-02
Documento assinado pelo Shodo
I - SÍNTESE FÁTICA.
II – PRELIMINARES
II. 1 – DA TEMPESTIVIDADE
Art. 82. Para fins do artigo 81, parágra fo únic o, são legit imados
concorrentement e:
(...)
IV - as a ssoc iações lega lmente const ituí das há pelo menos um
ano e que incluam entre seus fin s inst itucio nais a defesa dos in-
teresses e direitos protegi dos por este códi go, d ispensa da a au-
torização ass emblea r.
1SABINO, João Filipe Moreira Lacerda. Convenção n. 158 da OIT: aspectos polêmicos e atuais. Revista
do Ministério Público do Trabalho, v. 1, p. 161-182, 2013.
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11
12
Não se pode ad mitir que o sind icato tenha leg itimidade para
postular os direitos trabalhistas em nome dos representados, mas que
isso implique um entrave à execução da sentença da maneira mais
producente e efetiva para os trabalhadores.
13
14
O sindi cat o, como substit uto processual, tem leg itim idade para
defender judicialme nte int eres ses co let ivos de toda a categor ia, e
não apenas de se us f iliados, sendo di spensável a j untada de
rel ação nominal do s filiados e de autorização expressa. ( STJ,
AgRg no Res p 119 5607/ RJ, Re l. Min. Castro Meira, Segunda
Turma, j ulgado em 1 0/04/2012, publica do em DJe 23/04/2012).
15
A Açã o Civ il Públ ica não conta com uma disc ipl ina específ ica em
matéria pre scric ional. Tudo con duz, ent retanto, à con clusã o de
que se ins ere ela no rol das ações imprescritíve is 2.
2 MILARÉ, Edis. A Ação Civil Pública na Nova Ordem Constitucional. São Paulo: Saraiva, 1990. p. 15.
16
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IV – DO MÉRITO
18
lho, t endo em vista que a mat ér ia, objet o da representação inic ial
já foi submet ida à apreciação da 1ª Vara do Traba lho de Três La-
goas. Ad uz também a inc idênc ia do Precedente nº 16 do CSMPT
, em face de exi stir procedimento inv estigativ o repet ido. (...) Em
sua anális e, o órgão ofic iante consignou que as açõ es j udi cia is
ajuizadas outrora pelas cha pas 01 e 03 quest ionam também a li-
sura do proce sso e leit oral d o s ind icato, destacando que no pro-
cesso aju izado pe la chapa 03 o MPT j á está atuand o na figura de
custus legis e no processo aju izado pe la chapa 01, resta penden-
te a int imação do Parquet. (. ..) Consid ero corr eto o indeferi-
mento da representação, tendo em vista que a questã o con-
trovertida já está s ubmetida ao criv o do Poder Judiciári o, em
ação proposta pelos intere ssados, res tando compr ovado que
o MPT intervém o u intervirá como fis cal da l ei nest es fe itos,
oportuni dad e em que promov erá a tutela do interesse públ i-
co, como pretende o rec orrente. Correto o entendimento im-
pugnado, nego pr ovimento ao recurso. À vista do exp osto,
conheço do recurso administrativo e nego-lhe provimento.
Em consequência, homologo a promo ção de arquivamen to”.
(grifos no ssos)
19
lho por Iniciativa do Empregador”. Tal tratado entrou em vigor, no plano internacional,
em 23.06.1985, doze meses após o registro de sua ratificação, junto ao Diretor-Geral da
OIT, por dois países-membros, em obediência ao parágrafo segundo de seu art. 16.
O Brasil, país integrante da OIT, com fundamento no art. 49, I, da CF/88, subme-
teu a referida Convenção à apreciação do Congresso Nacional, que a aprovou por meio
do Decreto Legislativo n. 68, de 16 de setembro de 1992. A Carta de Ratificação foi de-
positada junto ao Diretor-Geral da OIT em 05.01.1995, passando a Convenção, por for-
ça de seu art. 16, a viger, no plano interno, doze meses após essa data, isto é, em
05.06.1996. Em 10.04.1996, veio à luz o Decreto n. 1.855, que cuidou de promulgar a
Convenção, dando a ela publicidade no território nacional.
O Ministro Nélson Jobim, no entanto, pediu vista dos autos em 09.10.2003, re-
querendo a renovação da mesma em 28.04.2004, o que foi acatado pelo presidente da
Corte à época, Ministro Maurício Corrêa. Finalmente, em março de 2006, o então presi-
dente do Tribunal, Ministro Nélson Jobim, na iminência de se aposentar do cargo, profe-
riu sua decisão no sentido da improcedência da ação.
O Ministro Joaquim Barbosa, por sua vez, em 29.03.2006, requereu vista dos au-
tos e, na sessão plenária de 03.06.2009, proferiu o seu voto no sentido da procedência
total da ação. Na oportunidade, pediu vista dos autos a Ministra Ellen Gracie, a qual foi
substituída, em razão de sua aposentadoria, pela Ministra Rosa Maria Weber, que, na
sessão de 11.11.2015, proferiu voto também no sentido da procedência total da ação.
Na oportunidade, pediu vista dos autos o Ministro Teori Zavascki, o qual, em
14.09.2016, votou pela improcedência da ação. Na mesma ocasião pediu vista dos au-
tos o Ministro Dias Toffoli, sendo esta a situação existente no presente momento, de
modo que há mais de 24 anos se aguarda o julgamento definitivo da ADI n. 1.625.
20
O cerne da Convenção 158 da OIT encontra-se em seu art. 4º3, o qual condicio-
na a validade da dispensa do empregado à existência de um motivo juridicamente rele-
vante. Este pode estar relacionado à capacidade do trabalhador, isto é, à sua aptidão,
habilidade ou qualificação técnica necessária ao exercício de sua função. Pode também
se referir ao seu comportamento, o que nos remete ao conceito de justa causa, isto é,
às condutas culposas ou dolosas, tipificadas em lei, que autorizam a resolução do con-
trato de trabalho pelo empregador. Os motivos relacionados às necessidades empresa-
riais são referenciados pelos arts. 13 e 14 da Convenção, podendo ser econômicos,
tecnológicos, estruturais ou análogos.
3 Artigo 4. Não se dará término à relação de trabalho de um trabalhador a menos que exista para isso
uma causa justificada relacionada com sua capacidade ou seu comportamento ou baseada nas necessi-
dades de funcionamento da empresa, estabelecimento ou serviço.
4 Artigo XXIII. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas
de o direito de toda pessoa de ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente es-
colhido ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salvaguardar esse direito. 2. As medidas que ca-
da Estado Parte do presente Pacto tomará a fim de assegurar o pleno exercício desse direito deverão
incluir a orientação e a formação técnica e profissional, a elaboração de programas, normas e técnicas
apropriadas para assegurar um desenvolvimento econômico, social e cultural constante e o pleno empre-
go produtivo em condições que salvaguardem aos indivíduos o gozo das liberdades políticas e econômi-
cas fundamentais.
21
tros direitos humanos e constitui uma parte inseparável e inerente da dignidade huma-
na”6.
6 ECOSOC. Aplicación del Pacto Internacional de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales,
Observación general 18, El derecho al Trabajo (35º período de sesiones, 1999), U.N. Doc.
E/C.12/GC/18 (2006).
7 Artigo 7. Condições justas, equitativas e satisfatórias de trabalho. Os Estados Partes neste Protocolo
reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere o artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze
do mesmo em condições justas, equitativas e satisfatórias, para o que esses Estados garantirão em suas
legislações, de maneira particular: (...) d. Estabilidade dos trabalhadores em seus empregos, de acordo
com as características das indústrias e profissões e com as causas de justa separação. Nos casos de
demissão injustificada, o trabalhador terá direito a uma indenização ou à readmissão no emprego ou a
quaisquer outras prestações previstas pela legislação nacional”.
8 “A Convenção n. 158 da OIT, sobre o término da relação de trabalho (1982), estabelece a legalidade da
dispensa em seu artigo 4 e impõe, em particular, a necessidade de oferecer motivos válidos para a dis-
pensa, bem como o direito a recursos jurídicos e de outro tipo em caso de dispensa improcedente”. In
ECOSOC. Aplicación del Pacto Internacional de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales,
22
Na Observação Geral n. 18, salienta-se que “assim como todos os direitos hu-
manos, o direito ao trabalho impõe três tipos ou níveis de obrigações aos Estados Par-
tes: as obrigações de respeitar, proteger e aplicar”. A obrigação de proteger exige que
os Estados Partes adotem medidas que impeçam a interferência de terceiros no exercí-
cio do direito ao trabalho. A obrigação de aplicar inclui as obrigações de proporcionar,
facilitar e promover tal direito, de modo que os Estados Partes devem adotar medidas
legislativas, administrativas, orçamentárias, judiciais e de qualquer tipo adequadas para
garantir a sua plena realização. A obrigação de proteger o direito ao trabalho abrange,
entre outros, os deveres dos Estados Partes de “garantir que as medidas de privatiza-
ção não comprometam os direitos dos trabalhadores”. O descumprimento da obrigação
de proteger ocorre quando os Estados Partes adotam posturas omissivas, como “o fato
de não proteger os trabalhadores frente à dispensa improcedente”9.
Observación general 18, El derecho al Trabajo (35º período de sesiones, 1999), U.N. Doc.
E/C.12/GC/18 (2006).
9 ECOSOC. Aplicación del Pacto Internacional de los Derechos Económicos, Sociales y Culturales,
Observación general 18, El derecho al Trabajo (35º período de sesiones, 1999), U.N. Doc.
E/C.12/GC/18 (2006).
10 ECOSOC. Aplicación del Pacto Internacional de los Derechos Económicos, Sociales y Cultura-
les, Observación general 18, El derecho al Trabajo (35º período de sesiones, 1999), U.N. Doc.
E/C.12/GC/18 (2006).
23
Nessa sentença, a Corte afirmou que o direito à estabilidade laboral está protegi-
do pelo artigo 26 da CADH (parágrafo 140), tendo afirmado que não houve uma neces-
sidade imperativa que justificasse a dispensa da vítima (Senhor Lagos del Campo) (pa-
rágrafo 132). A Corte asseverou que os direitos trabalhistas específicos protegidos pelo
artigo 26 da CADH são aqueles que derivam das normas econômicas, sociais e sobre
educação, ciência e cultura contidas na Carta da OEA, a qual, em seus artigos 45 “b” e
34, prevê que o “trabalho é um direito e um dever social” e que deve ser prestado com
“salários justos, oportunidades de emprego e condições de trabalho aceitáveis para to-
dos”. A Carta da OEA assegura, ainda, o direito dos trabalhadores de “se associarem
livremente para a defesa e promoção de seus interesses” (art. 45, “c”). Ademais, indica
11 ECOSOC. Aplicación del Pacto Internacional de los Derechos Económicos, Sociales y Cultura-
les, Observación general 18, El derecho al Trabajo (35º período de sesiones, 1999), U.N. Doc.
E/C.12/GC/18 (2006).
12 ECOSOC. Aplicación del Pacto Internacional de los Derechos Económicos, Sociales y Cultura-
les, Observación general 18, El derecho al Trabajo (35º período de sesiones, 1999), U.N. Doc.
E/C.12/GC/18 (2006).
13 Artigo 26. Desenvolvimento progressivo. Os Estados Partes comprometem-se a adotar providências,
tanto no âmbito interno como mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a
fim de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas econômi-
cas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Ame-
ricanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via legislati-
va ou por outros meios apropriados.
14 CORTE IDH. Caso Lagos del Campo Vs. Perú. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y
24
que os Estados devem “harmonizar a legislação social” para a proteção de tais direitos
(art. 46).
Por outro lado, o artigo XIV da Declaração Americana dispõe que “toda pessoa
tem direito ao trabalho em condições dignas e a seguir livremente sua vocação”. Tal
dispositivo é relevante para definir o alcance do artigo 26 da CADH, pois “a Declaração
Americana constitui, no que é pertinente e em relação à Carta da Organização, uma
fonte de obrigações internacionais”. Ademais, o artigo 29 “d” da CADH dispõe expres-
samente que “nenhuma disposição da presente Convenção pode ser interpretada no
sentido de (...) d) excluir ou limitar o efeito que possa produzir a Declaração Americana
de Direitos e Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza” (pa-
rágrafos 143 e 144).
A Corte Interamericna afirma, assim, que o direito ao trabalho resulta de uma in-
terpretação do artigo 26 da CADH em conjunto com a Carta da OEA e a Declaração
Americana, estando reconhecido explicitamente em diversas leis internas dos Estados
americanos, bem como em um vasto corpus iuris internacional, a saber: artigo 6º do
PIDESC; artigo 23 da DUDH; artigos 7 e 8 da Carta Social das Américas; artigos 6 e 7
do “Protocolo de San Salvador”; artigo 11 da Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra a Mulher, artigo 32.1 da Convenção sobre os Direi-
tos da Criança; artigo 1º da Carta Social Europeia; e artigo 15 da Carta Africana sobre
os Direitos Humanos e dos Povos (parágrafo 145).
25
Ainda na sentença proferida no Caso Lagos del Campo vs. Peru, a Corte preci-
sou, ainda, que a estabilidade laboral não consiste em uma permanência irrestrita no
emprego, mas no respeito a esse direito, entre outras medidas, concedendo-se garanti-
as devidas de proteção ao trabalhador, para que, em caso de dispensa, seja realizada
por causas justificadas, o que implica que o empregador comprove os motivos suficien-
tes para impor essa sanção com as devidas garantias e, frente a isso, o trabalhador
possa recorrer dessa decisão junto às autoridades internas, que verificam se as causas
alegadas não são arbitrárias ou contrárias ao direito (parágrafo 150).
15 CORTE IDH. Caso Baena Ricardo y otros Vs. Panamá. Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de
26
so à justiça e a tutela judicial efetiva, tanto no âmbito público, como no âmbito privado
das relações de trabalho” (parágrafo 193)16.
16 CORTE IDH. Caso Trabajadores Cesados de Petroperú y otros Vs. Perú. Excepciones Prelimina-
res, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 23 de noviembre 2017. Serie C No. 344.
17 CORTE IDH. Caso San Miguel Sosa y otras vs. Venezuela. Excepciones Preliminares, Fondo, Repa-
27
18Vide NETO, Silvio Beltramelli. Direitos humanos. 4ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017.
19CORTE IDH. Opinión Consultiva OC-27/21 de 5 de mayo de 2021 solicitada por la Comisión Inte-
ramericana de Derechos Humanos. Derechos a la Libertad Sindical, Negociación Colectiva y Huelga, y
su relación con otros Derechos, con perspectiva de Género. Disponível em:
<https://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_27_esp.pdf>. Acesso em 09 nov. 2021.
28
20GARCÍA, Fernando Silva. Jurisprudencia interamericana sobre derechos humanos: criterios es-
senciales. México: Dirección General de Comunicación del Consejo de la Judicatura, 2011, p. 13-14.
Tradução livre do original. In PORTO, Lorena Vasconcelos; NETO, Silvio Beltramelli; RIBEIRO, Thiago
Gurjão Alves. Manual do Grupo de Trabalho de Controle de Convencionalidade do Ministério Públi-
co do Trabalho: “Temas da Lei n. 13.467/2017 (“reforma trabalhista”) à luz das normas internacionais.
Brasília: Procuradoria-Geral do Trabalho, 2018.
21GARCÍA, Fernando Silva. Jurisprudencia interamericana sobre derechos humanos: criterios es-
senciales. México: Dirección General de Comunicación del Consejo de la Judicatura, 2011, p. 13-14.
Tradução livre do original. In PORTO, Lorena Vasconcelos; NETO, Silvio Beltramelli; RIBEIRO, Thiago
Gurjão Alves. Manual do Grupo de Trabalho de Controle de Convencionalidade do Ministério Públi-
co do Trabalho: “Temas da Lei n. 13.467/2017 (“reforma trabalhista”) à luz das normas internacionais.
Brasília: Procuradoria-Geral do Trabalho, 2018.
22MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Integração das Convenções e Recomendações Internacionais da OIT
no Brasil e sua aplicação sob a perspectiva do princípio pro homine. Revista do Tribunal Regional do
Trabalho da 15ª Região, n. 43, p. 71-94, 2013, p. 92 e 93.
29
pautas de interpretación en su artículo 29, entre las que alberga el principio pro perso-
na” (parágrafo 44)23.
Desse modo, deve ser aferida a compatibilidade das normas de Direito interno -,
que possibilitam a dispensa imotivada do trabalhador, sendo necessário apenas o pa-
gamento de uma indenização correspondente a 40% (quarenta por cento) incidente so-
bre os depósitos do FGTS -, com os tratados internacionais de direitos humanos ratifi-
cados pelo Brasil e a jurisprudência internacional.
Por outro lado, o PIDESC, também ratificado pelo Brasil, em seu artigo 6º, garan-
te o direito ao trabalho, o qual, conforme a interpretação autêntica do Comitê de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, do Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC),
consubstanciada na Observação Geral n. 18, assegura o direito a não ser privado injus-
tamente do emprego, mencionando expressamente a Convenção n. 158 da OIT como
standard mínimo de proteção.
23 CORTE IDH. Opinión Consultiva OC-27/21 de 5 de mayo de 2021 solicitada por la Comisión Inte-
ramericana de Derechos Humanos. Derechos a la Libertad Sindical, Negociación Colectiva y Huelga, y
su relación con otros Derechos, con perspectiva de Género. Disponível em:
<https://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_27_esp.pdf>. Acesso em 09 nov. 2021.
24 O entendimento de que a Convenção 158 da OIT não foi validamente retirada da ordem jurídica brasi-
leira foi adotado pelo Procurador-Geral da República no parecer no Recurso Extraordinário com Agravo
647.651 (caso Embraer), o qual se encontra pendente de julgamento pelo STF.
30
Art. 187. Também comete ato ilícito o titu lar d e um d ire ito q ue , ao
exercê- lo, excede m anife stamente os limit es impost os pelo seu
fim econômico ou so cia l, pela boa-fé ou pel os bo ns costume s
31
Art. 477-A. As dispensas imot iva das individ uais, plúr imas ou co-
let ivas equipar am-se para todos os fin s, não haven do necess ida-
de de autor iza ção prévia de ent idad e si ndica l ou de ce lebr ação
de convenção colet iva ou acordo colet ivo de trabalho para sua
efetivação.
32
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onais ratif icados (Convenções OIT n. 11, 87, 98, 135, 141 e 151,
il ustrativamente), n ão permite o m anej o merament e unilat eral
e potestativista das di spensas trabal histas coletivas, por de
tratar de ato/fato coletivo, iner ente ao Direito Col etivo do
Trabalho, e não Direito Indivi dual, exigindo, por con seq üên-
cia, a partici pação do(s) respectivo(s) sindicat o(s) profis sio-
nal(is) obreiro(s). Regras e princípios constituciona is que de-
terminam o respeito à dignid ade da pes soa human a (art. 1º, III,
CF), a valor iz ação d o trabalho e especial mente do emprego (arts.
1º, I V, 6º e 170, VIII, CF), a subord ina ção da propr ied ade à sua
função socio ambi ent al (arts. 5º, XXIII e 170, II I, CF) e a inter ven-
ção sindical nas questões colet ivas traba lh istas (art. 8o, III e VI ,
CF), tudo impõe que se reconhe ça d istinção normativa ent re as
dispensas merament e t ópicas e individuais e a s dispen sas mas-
sivas, co leti vas, a s qua is são so ci al, econômi ca, familiar e comu-
nitar iamente impact antes. Nesta l inha, seria i nválida a disp ensa
coletiv a enqu anto não negociada com o sindicato de t raba lhado-
res, espontaneamen te ou no plano do processo judic ia l co letivo.
A d. Maioria, contudo, decidiu ape nas fixar a premissa, para ca-
sos futuros, de que "a negociação colet iva é imprescindív el para
a dispensa em massa de trabalh ador es ", observados os funda-
mentos supra. Recur so ordinár io a q ue se dá provimento par cia l.
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“Ainda que a litera lidade do refer ido arti go 477-A fal e em dispen-
sa de autorização prévia do sin dicat o ou ce lebração de no rma
coletiv a, o caráter colet ivo d a dis pens a não pode s er afastado,
por se trat ar de fato da ordem instit ucio nal e do car áter suprapo-
sitivist a do ordenam ento juríd ico. Tendo caráter coletivo a dis-
pens a, deverá ela ser procedida dentro dos limi tes da função
social da empresa e com participação do sindi cato, como
bem salie ntou a r. decisão de ori gem, pois a ssim o exige a
Constituição Feder al em seu art. 8º, VI. Porém, sequer as re-
gras b asilar es que r egem as d ispensa s - mesmo as indivi du ais -
foram seguidas pela empresa, que s implesme nte recus ou-se a
pagar as verbas rescisór ias dos empregados por ela dis pens ados
na forma prevista pela CLT. Vej o, portanto, que a dispens a co-
letiva levada a cabo pel a ré, por qualquer ângulo que se a en-
foque, é clarament e ilegal e contrári a aos ditam es c onstit uci-
onais. (TRT- 2, processo n. 100044 6-88 .2018.5.0 2.0061 SP, Re-
lator: WILSON RI CARDO BUQUETTI PIROTTA, 6ª Turma - Cadei-
ra 2, Data de Publ icação: 21/0 8/2019)
IV.4 – DA ROTATIVIDADE
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justa causa, por justa causa e nos pedidos de demissão dos empregados.
Em 23.07.2021 (Id. 332c9c6, fls. 1552/1554), a ré apresentou os motivos
das rescisões contratuais no pe ríodo de 01.01.2016 até 30.06.2021.
mento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - São Paulo, SP: DIEESE, 2017. p. 85.
Online. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/livro/2017/rotatividade.html>. Acesso em 18.11.2021.
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30Quanto à “Pizza Hut”, o seu índice de B-91 (3,03%) não a coloca em pé de igualdade com a ré, pois,
considerando os baixos números absolutos de concessão de benefícios previdenciários, a existência de
apenas um auxílio B-91 já a colocou nesse percentual.
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31CORTE IDH. Opinión Consultiva OC-27/21 de 5 de mayo de 2021 solicitada por la Comisión Inte-
ramericana de Derechos Humanos. Derechos a la Libertad Sindical, Negociación Colectiva y Huelga, y
su relación con otros Derechos, con perspectiva de Género. Disponível em:
<https://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_27_esp.pdf>. Acesso em 09 nov. 2021.
52
IV – CONCLUSÃO
Pelo exposto, opina o Ministério Público do Trabalho pelo
afastamento das preliminares suscitadas pela ré e, no mérito, pela
procedência dos pedidos formulados pelo sindicato autor, com a
condenação da ré na obrigação de motivar as dispensas de seus
empregados, apre sentando as causas e os fatos que ensejaram a
dispensa ou o pedido de demissão, bem como no pagamento de
indenização pelos danos causados n os âmbitos individual e coletivo. Po r
fim, requer-se a intimação pessoal do Ministério Púb lico do Traba lho de
todos os atos processuais, com fundamento nos arts. 18, II, “h”, e 84, IV,
da Lei Complementar n. 75/93, e nos arts. 179 e 180, do CPC.
53
Documentos
Id. Data de Documento Tipo
Juntada
7887161 22/11/2021 Parecer do Ministério Público do Trabalho (MPT) Parecer do Ministério Público do
10:13 Trabalho (MPT)