Arlete Ramos Dos Santos - Miolo - 16x23
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Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Inclui referências.
ISBN 978-65-250-3793-6
CDD – 370.1
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Arlete Ramos dos Santos
Cláudio Pinto Nunes
Júlia Maria da Silva Oliveira
Ricardo Alexandre Castro
(org.)
Introdução
Este capítulo tem a intenção de pensar o aprendizado com o outro,
presente no movimento estudantil secundarista. Para isso, retomamos as
ações coletivas que ocorreram em dois locais e, em momentos distintos,
primeiro no Chile em 2006 e depois no Brasil nos anos de 2015 e 2016,
quando as/os estudantes secundaristas ocuparam as suas escolas em res-
posta a um cenário de acentuamento de um projeto neoliberal internacional
que ameaçava a educação pública, assim como outros setores sociais. Ao
ponderar sobre esses dois momentos, buscamos pelas congruências do
movimento estudantil secundarista, e dos acúmulos políticos gerados por
ambas as ações, como construtoras de um formato de resistência frente
os ataques em curso.
As/os estudantes brasileiras/os, ao ocuparem suas escolas no ano
de 2016, não apenas assumiram a linha de frente da organização do
conjunto da sociedade, diante dos ataques que se impuseram naquele
período, mas também, colocaram-se em diálogo com outras lutas e inspi-
raram-se nas/os estudantes chilenos para construir um movimento com
coerência internacionalista: “Acabou a paz, isso aqui vai virar o Chile”,
gritaram aos quatro cantos do país. Ecoaram os atos dos Pinguins4 no
1
Mestra em Educação. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação
da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Brasil, [email protected].
2
Mestra em Educação. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação
da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Brasil, [email protected].
3
Doutora em Psicologia. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e da Faculdade de Educação
da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, Brasil, [email protected].
4
Denominação para os/as estudantes chilenos receberam durante os movimentos estudantis ocorridos em 2006.
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Considerações Finais
Com este trabalho, buscou-se aproximar os nexos simbólicos pre-
sentes entre as ações dos movimentos estudantis secundaristas, no sentido
de refletir sobre uma necessária superação do isolamento politicamente
arquitetado pela ordem dominante. Além disso, procurou-se refletir sobre
o aspecto conscientizador presente na luta, e os significados presentes na
referência política assumida pela ação secundarista.
Ressaltamos a necessidade de construção de uma unidade, não
homogeneizante, mas que constrói resistência apontando para um hori-
zonte de possível superação das amarras históricas que se mantém pre-
sentes aos sujeitos. Assim, os repertórios de ação coletiva não são criados
de maneira isolada, mas a partir do reconhecimento conflitivo do outro e
de si como agente de transformação, que pretende romper com a história
forjada a partir da opressão do capital.
Podemos perceber que, com as manifestações protagonizadas pelos/
as estudantes, de lá e de cá, existem nexos simbólicos de ação e redes de
organização social que criam uma unidade sem precisar homogeneizar
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Ensaios de um marxista sem repouso. (org.) Marcel Braz. São Paulo: Cortez, 2017.
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PROCURANDO PAULO FREIRE:
VIAGEM E ENCONTRO NAS UNIVERSIDADES
LATINO-AMERICANAS. CASO: ARGENTINA
Uma pessoa nunca sabe quando vai ter — e muito menos está
preparada — para um grande encontro. Aquele momento da vida em
que algo ou alguém muda significativamente a maneira como lemos o
mundo (FREIRE, 1985) e a nós mesmos dentro dele. Sobretudo no campo
acadêmico, em que cada passo nos depara tantos textos formidáveis (e
outros nem tanto) é difícil saber quando vai chegar em nossas mãos uma
história que vai deixar marcas inesquecíveis e vai também ajudar a curar
muitas de nossas feridas.
Nas próximas linhas vamos a contar apenas um dos encontros pos-
síveis com Paulo Freire, porque na verdade sobre uma figura tão universal
como ele são infinitas as possibilidades de nos identificar com sua vida
e legado. Sobre ele, por exemplo, se pode falar do Freire menino, do via-
jante, do intelectual, do pedagogo, do filósofo, do pai e esposo amoroso
(mas muito exigente), duma pessoa paciente e impaciente ao mesmo
tempo, do marxista e do cristão. Foi também um humano valente e um
cientista humilde. Mas fazendo um pouco de justiça aos seus desejos,
Freire gostaria de ser lembrado simplesmente como “um sujeito que
amou profundamente o mundo e as pessoas, os bichos, as árvores, águas,
a vida” (CAVALCANTI, 2020).
Além disso, nas aulas, muitas vezes temos escutado — vinculado à
educação freireana e até não referida a ela — sobre os “círculos de cultura”,
sobre a “dialogicidade”, sobre as “palavras geradoras” como uma forma
de começar o diálogo socrático tão essencial na filosofia freireana. Enfim,
durante toda a vida do menino de Jaboatão, tem sido bem comprovado
sua sensibilidade e seu compromisso com os oprimidos e as oprimidas,
8
Licenciada em Estudos Políticos e Governo (UBV). Magistra em Relações Internacionais (UCV). Especialista
em Estado, Governo e Democracia (Clacso). Professora e pesquisadora do Centro de Estudos em Economia
Política (CEEP-UBV). Membro do Grupo de Estudos sobre Movimentos Sociais e Educação do Campo e da
Cidade (GEPEMDECC-Uesb) e da Rede Latino-americana de Pesquisa em Educação do Campo, Cidade e
Movimentos Sociais (PECCS).
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Referências
FREIRE, P. (ed.). Reading the World and Reading the Word: An Interview with
Paulo Freire. Language Arts, v. 62, n. 1, p. 15–21, 1985.
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MOVIMENTOS SOCIAIS E CONJUNTURA
EDUCACIONAL BRASILEIRA:
CAMPO DE DISPUTAS ENTRE MOVIMENTOS
POPULARES E CONSERVADORES
Introdução
Este texto adveio da necessidade contextualizar as licenciaturas na
Universidade Federal de Goiás (UFG) no cenário das mudanças provo-
cadas pela política nacional de formação, cujo escopo foi a edição da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) proposta do governo federal em
2019 para esses cursos (de Licenciaturas). A referida mesa fez parte do
XXV Simpósio da Faculdade de Educação, (FE-UFG – 2019) cujo tema
foi Formação e Licenciaturas. Assomados a isso, com base nos projetos de
pesquisas intitulados “Processo social de trabalho do assistente social” e
“Trabalho e Educação nos níveis locais e regionais: processo de formação e
humanização dos sujeitos do campo”. Buscamos estabelecer um diálogo com
as categorias trabalho, capital e movimentos sociais, de modo a contribuir
com essa discussão. Cumpre-nos compreender como discutir essa relação
no contexto dos movimentos sociais conservadores, uma vez que foram
estes movimentos a proporem profundas mudanças na BNCC com claro
cunho ideológico a partir da centralidade hegemônica nas relações sociais.
Entendemos que refletir sobre os cursos de Licenciaturas e sua
proposta de formação é urgente, vez que se questiona nesse momento
(2020-2021) de intensos conflitos de interesses entre propostas de escolas
universais, plurais-laicas, humanistas e, principalmente públicas e de
qualidade, que vinham sendo construídas no decorrer das décadas de
1990 e 2000, até os anos de 2015, e entre outra vertente que se propõe a
construir escolas negacionistas da ciência, sacras-religiosas, negadora das
9
Doutorado em Educação pela UFG. Docente da Faculdade de Educação da UFG.
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Doutorado em Sociologia na UNB. Docente da Faculdade de Educação da UFG.
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então uma questão relevante para o campo das análises dos movimentos
sociais: Os movimentos conservadores, efetivamente pertence à categoria
de movimentos sociais no sentido analítico apresentado?
No decorrer dos anos de 1970 a 2010 analisou-se os Movimentos
Sociais ao se posicionarem como sujeitos de direitos nas ações, dando-lhes
as condições de construírem novos saberes e novas potencialidades de
organização social. Scherer-Warren (1987) ao analisar as movimentações
sociais no final dos anos de 1980, em seus aspectos gerais, e a categoria
Movimentos Sociais de forma específica, indicou que para os conflitos
na sociedade moderna pudessem serem considerados enfrentamentos e
disputas por hegemonias e contra hegemonias eram necessários que os
atores sociais (MS) elaborassem um conjunto de indicadores, dentre eles
ter “[...] a práxis, o projeto, a ideologia, e a organização diretiva”.
Além dos quatro elementos identificação pela autora, a categoria
“sujeito coletivo” foi uma constante nas reflexões sobre o tema Movimentos
Sociais, Pedon (2013, p. 11), entendeu que se tratava de:
[...] um tipo de mobilização coletiva de caráter perene,
organizada e que realiza, por meio de suas ações, uma
crítica aos fundamentos da sociedade atual, baseado nos
processos de acumulação de riquezas e concentração do
poder, manifestados na forma de território.
Este é, justamente, o processo humanizador dos movimentos sociais,
uma vez que as possíveis conquistas tiram setores da população de sua vivên-
cia da miséria, do desemprego, da violência e do êxodo rural (dentre um
conjunto de outras situações degradantes) que o capital as lançou. Mesmo
que os movimentos socais não tenham alterado a correlação das forças
hegemônicas nestes espaços, dão aos sujeitos as condições de produzirem
e reproduzirem suas condições com algum grau de autonomia. E, ainda,
quando conquistam direitos e trabalho, produzindo energia necessária à
sua reprodução física (os alimentos), ao mesmo tempo que politizam esses
sujeitos dando-lhes vozes na elaboração de novos projetos de sociedade,
possibilitando a construção de cultura, de espaço de educação e forma-
ção política (TORRES, 2008). Movimentam, mesmo que em proporções
pequenas, as forças sociais frente ao capital e seu aliado, o Estado burguês.
Os movimentos conservadores agem de modo político e ideológico
(legítimo do ponto de vista de seus interesses) reafirmam a racionali-
dade do capital e tem como objetivo a consolidação de projetos para sua
manutenção.
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O Movimento Passe Livre (MPL) que ensejou as jornadas de junho, se posicionou contra os reajustes das
tarifas nos transportes públicos. Em seguida, vários grupos se assomaram às passeatas estendendo-se por
outros Estados da Federação, com grande abrangência de municípios. Caracterizou-se por ser um movimento
que se pretendia apartidário, sendo violentos com partidos e sindicatos.
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O FECHAMENTO DAS ESCOLAS DO CAMPO:
NEGAÇÃO DE DIREITOS E CORTES DE
ORÇAMENTOS PUBLICOS
Introdução
As pesquisas em torno da nucleação e do fechamento de escolas
do campo no Brasil têm sido importantes para o fortalecimento das lutas
contra as contradições impostas pela sociedade capitalista. Nucleação
corresponde à desativação de escolas, configura-se pelo deslocamento de
crianças e jovens das redes municipais ou estaduais de ensino das escolas
14
Mestranda em educação – PPGEd/UESB. Pós-Graduada em Gestão Pública - UNEB; Pós-Graduada
em Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar - EEA (Escola de Engenharia e de Agricultura da
EEMBA). Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB; Gestora escolar da Rede
Municipal de Educação de Bom Jesus da Lapa - Ba; Membra do Grupo de Estudos e Pesquisas em Movimentos
Sociais, Diversidade e Educação do Campo e da Cidade - GEPEMDECC. E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected].
15
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia - PPGEd/UESB; Especialista em Agroecologia pelo IF/Baiano; Graduado em Pedagogia;
Coordenador Pedagógico pela Secretaria de Educação de Ibotirama/Ba; Membro do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Momentos Sociais, Diversidade e Educação do Campo e da Cidade - GEPEMDECC. Email:
[email protected].
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Pós-doutorado em Educação e Movimentos sociais (UNESP), Doutorado e Mestrado em Educação (FAE/
UFMG), Professora do Departamento de Ciências Humanas, Educação e Linguagem (DCHEL), Professora
do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e
do Programa de Pós-graduação em Educação Mestrado Profissional em Educação Básica (PPGE) da Uni-
versidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Movimentos
Sociais, Diversidade e Educação do Campo e Cidade (GEPEMDECC/CNPq), Coordenadora da Rede Latino
Americana de Educação do Campo - Movimentos Sociais (REDE PECC-MS) e Coordenadora do Programa
Formacampo. E-mail: [email protected].
17
Mestre em Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Licenciada em Pedagogia
pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Professora da Educação Básica no Município de Guanambi/
BA. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Movimentos Sociais, Diversidade e Educação do Campo e
da Cidade -GEPEMDECC; Coordenadora territorial do Programa de Formação de educadores/as do Campo
(FORMACAMPO). E-mail: [email protected].
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mas definidas pelos donos dos meios de produção. Para Ritser (2019, p.
366), fica evidente que as “instituições do Estado agem ou deixam de agir
conforme os interesses de classe”.
Em 2016, Michel Temer assume a presidência, os donos do capital
se veem novamente representados na Presidência da República. Começa
então uma série de retrocessos sociais do governo Temer, entre elas a
aprovação da Proposta de Emenda Constitucional apelidada de PEC do
teto dos gastos públicos (PEC 241 na Câmara dos Deputados e PEC 55
no Senado Federal), reforma trabalhista, desmonte da educação pública
iniciada pela revogação das nomeações do Conselho Nacional de Educação
(CNE), órgão colegiado ao Ministério da Educação (MEC), que auxilia
na formulação de políticas públicas e diretrizes de ensino. A anulação da
nomeação dos membros foi uma medida unilateral, antidemocrática que
vetou a participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e
consolidação da educação nacional de qualidade, enfraquecendo o forta-
lecimento da educação pública, gratuita, laica e socialmente referenciada.
A reforma do Ensino Médio, aprovada em 2017 por medida pro-
visória, promoveu uma série de mudanças na educação básica brasileira.
Uma das mais polêmicas é a que tange à retirada da obrigatoriedade de
disciplinas, tais como: Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia.
Ainda no governo Temer, foram cortados da educação R$ 4,3
bilhões em 2017, em 2018 foi anunciado cortes de R$ 16,2 bilhões nos
ministérios (sem especificar quais pastas perderiam verbas). No mesmo
ano, alegando urgência da garantia de meta fiscal, corta-se mais 2,3 bilhões
do MEC. Outra medida deste governo que foi de encontro ao avanço
educacional, principalmente da educação do campo, foi Resolução n.º
3, de 21 de novembro de 2018 que atualizou as Diretrizes Curriculares,
liberar até 40% da carga horária total do Ensino Médio para que esta
pudesse ser realizada à distância, e que a Educação de Jovens e Adultos
pudesse ser feita 100% à distância. Essa liberação afetou diretamente
a educação do campo, pois a maioria dos estudantes camponeses tem
aulas presenciais, e não são todos que possuem acesso à internet, desta
forma, essa mudança resultaria em retrocessos no processo educacional
no campo, afirma Aureliano et al. (2020).
O Governo Temer durou dois anos e sete meses e ficou marcado
como o mais impopular desde o fim do Regime Militar (1964-1985),
foi um governo que veio da elite, trabalhou para interesses das classes
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Aspectos Legais:
Escolas do campo e sua permanência
É lícito observar, que qualquer medida unilateral que prive o direito
à educação, como o fechamento de escolas do campo, desrespeita os
aspectos legais como: A Constituição Federal 1988, estabelece em seu
artigo 205 que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da
família, bem como preconiza em seu artigo 206, no inciso I o princípio
da igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
A LDB 9394/1996, define as linhas gerais da educação brasileira e
foi criada para fomentar o direito a toda população de ter acesso à edu-
cação gratuita e de qualidade, determinando legalmente como deve ser
a metodologia, o currículo, a organização das escolas situadas no campo,
para essa modalidade organização escolar própria incluindo adequação
do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas.
A Lei n.º12.960/2014 proíbe o fechamento de escolas do campo,
indígenas e quilombolas sem que haja consulta aos órgãos normativos
como o Conselho Municipal da educação e a comunidade escolar, anali-
sando o impacto da ação e os prejuízos à população camponesa. Essa lei
foi sancionada pela presidenta Dilma, a partir das pressões e articulações
dos movimentos do campo.
Lei n.º 8.069/1990, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adoles-
cente (ECA), em seu artigo 53 determina que a criança e ao adolescente
tenham o direito ao acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
residência. Tal preceito também deve ser assegurado aos alunos do campo.
As leis mencionadas constituem um arcabouço jurídico consistente
e significativo para a garantia de direito a uma educação de qualidade para
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todos e para o povo do campo, que precisa de aparatos legais para que
seus direitos sejam garantidos e não facialmente retirados, violentando
a identidade e a dignidade do povo camponês.
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Considerações Finais
De acordo os dados da pesquisa, os desafios que permeiam a edu-
cação do campo, tanto na esfera federal, como nos dados apresentados no
município de Bom Jesus da Lapa, Bahia. Os dados atrelados na educação
do campo, não somente na eliminação do analfabetismo, perpassam
também no resgate da autoestima do camponês, desenvolvimento da
sustentabilidade local. No que tange a agenda pública pelo intermédio
das lutas dos movimentos sociais, que cobram e articulam por meio de
pautas político-sociais, projetos de emancipação humana e direito absoluto
a escola de qualidade. A educação do campo é direito e não esmola. Que
nos leva a reafirmarmos a importância da luta de movimentos sociais
pelo projeto de educação das populações camponesas no Brasil.
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Referências
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO E
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FORMAÇÃO DE PROFESSORES NAS ESCOLAS
DO CAMPO DA REGIÃO METROPOLITANA
DE CURITIBA: LUTA E RESISTÊNCIA POR
POLÍTICAS PÚBLICAS
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Doutora e mestre em Educação. Especialista em Psicopedagogia. Graduada em Pedagogia, especialista em
Psicopedagogia. Pedagoga da SEMED de Tijucas do Sul - PR. a qual coordena as escolas do Campo. Repre-
sentante do Nupecamp (Núcleo de Pesquisa em Educação do Campo, Práticas Pedagógicas e Movimentos
Sociais). Integrante do FONEC (Fórum Nacional da Educação do Campo) e APEC (Articulação Paranaense
da Educação do Campo). E-mail: [email protected].
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Professora Adjunta do Programa de Pós-graduação em Educação e pesquisadora do Nupecamp - Univer-
sidade Tuiuti do Paraná, Filiação, Brasil. E-mail: [email protected]. Orcid: 0000-0001-6891-0834.
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NUPECAMP é coordenado pela Professora Doutora Maria Antônia de Souza e orientadora de Rosana
Aparecida da Cruz.
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Fonte: Rosana Cruz, Escolas localizadas no Campo em Tijucas do Sul- PR, 2013
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mente, foi difícil, mas aos poucos foram aprendendo mutuamente, sendo
possível dar continuidade aos debates da Educação do Campo.
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Fonte: Rita de Cássia Gonçalves, Secretaria Municipal de Educação de Tijucas do Sul, 2021
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Considerações Finais
Consideramos o objetivo colocado para o artigo no sentido de
problematizar aspectos sobre a Formação de professores no processo
educacional. Assim, destacou-se a estratégica metodológica como ele-
mento articulador de formação o trabalho coletivo e as experiências
entre os próprios sujeitos em formação, para ver, julgar e agir sobre sua
própria realidade.
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Referências
BRASIL. Universidade Federal da Fronteira Sul. Programa Escola da Terra
promove evento de apresentação da 4ª edição. 26 abr. 2021. Disponível em:
https://www.uffs.edu.br/campi/laranjeiras-do-sul/noticias/programa-escola-da-
-terra-promove-evento-de-apresentacao-da-4a-edicao. Acesso em: 12 jun. 2021.
CALDART, Roseli Salete. Agroecologia nas Escolas de Educação Básica: forta-
lecendo a resistência ativa! In: ENCONTRO ESTADUAL DE EDUCADORAS
E EDUCADORES DE ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA DO
MST-RS, 8., 2019, Nova Santa Rita. [Exposição]. Nova Santa Rita, 30 e 31 de
outubro 2019. Mesa: “Reforma Agrária Popular, Agroecologia e Educação”,
compartilhada com Adalberto Martins.
CRUZ, Rosana Aparecida da. Educação e contradição: disputas político-pe-
dagógicas em torno da escola pública do campo. 2018. 217 f. Tese (Doutorado
em Educação) - Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2018.
CURITIBA. Guia Geográfico Paraná. Mapa Político da Região Metropolitana
de Curitiba. Curitiba, 2021.
GATTI, Bernadete. Formação de Professores no Brasil: Características e Proble-
mas. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 113, p. 1355-1379, out./dez. 2010. Disponível
em: http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 22 out. 2021.
MOLINA, M. C.; JESUS, S. M. S. A. de. Por uma educação do campo: con-
tribuições para a construção de um projeto de Educação do Campo. Brasília,
2004. (Coleção Por Uma Educação do Campo, nº 5).
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Edu-
cação do Campo. Curitiba: SEED, 2006.
SAVIANI, Dermeval. Formação de Professores no Brasil: Dilemas e Perspectivas.
Poíesis Pedagógica, v. 9, n. 1, p. 7-19, jan./jun. 2011.
SOUZA, Maria Antonia de. Educação do Campo: Políticas, Práticas Pedagógicas
e Produção Científica. Educ. Soc., Campinas, v. 29, n. 105, p. 1089-1111, set./
dez. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v29n105/v29n105a08.
pdf. Acesso em: 20 out. 2021.
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SOUZA, Maria Antonia de. Educação do campo: desafios para as escolas públicas
In: WIZNIEWSKY, C.R.F.; MOURAD, L. A. de. F. A. (org.). Educação, memória
e resistência popular na formação social da América Latina. Porto Alegre:
Evangraf, 2016. p. 111-136.
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da práxis. 1.ed. São Paulo: Expressão
Popular, 2007.
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ENSINO MÉDIO COM INTERMEDIAÇÃO
TECNOLÓGICA-EMITEC NA ESCOLA DO
CAMPO: UMA PERCEPÇÃO DOS JOVENS
CAMPESINOS
Introdução
A Educação a Distância – EaD constitui-se uma modalidade de
ensino que existe há muito tempo no Brasil e vem crescendo de maneira
expressiva nas últimas décadas. De acordo com Moore (2008), a evolução
da Educação a Distância ao longo do tempo pode ser caracterizada em
cinco gerações: a primeira se caracterizou pela comunicação textual, por
meio de correspondências: a segunda se constituiu pelo ensino por meio
do rádio e televisão; a terceira foi marcada pela criação das Universida-
des Abertas; a quarta caracterizou-se pela distância em tempo real, com
cursos em áudio e videoconferência; e a quinta configura-se pelo ensino
e aprendizado online, em que o aluno frequenta classes e universidades
virtuais, com base em recursos midiáticos http://www.
No campo a tecnologia atua, então, como meio para ampliar a
educação em comunidades periféricas, de difícil acesso, como é o caso
de muitas comunidades rurais, quilombolas, indígenas, dentre outras,
operando como promotora do desenvolvimento humano e social, assim
como, viabilizadora da formação estudantil de sujeitos que não puderam
concluir seus estudos. Desse modo, projetos educacionais EaD devem
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Universidade Estadual de Santa Cruz – Uesc. Mestranda do Mestrado Profissional em Educação do
Campo na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB. Coordenação de Educação do Campo no
município de Serra do Ramalho/BA. E-mail: [email protected].
24
Doutorado e Mestrado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista – Unesp/Araraquara. Graduada
em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista – Unesp/Araraquara. Professora do Ensino Superior
na Universidade Estadual de Santa Cruz – Uesc, atuando na graduação nos cursos de Pedagogia, História e
Matemática e no Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação – PPGE e no Programa
de Pós-graduação em História – PPGH.
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Percurso metodológico
A pesquisa foi de abordagem qualitativa, na perspectiva do método
dialético, pois objetivou compreender a relação entre a juventude cam-
pesina e a escola no contexto do Ensino Médio com Intermediação Tec-
nológica levando em conta o universo simbólico e a conjuntura socioe-
conômica na qual os jovens estão inseridos.
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As aulas são muito boas, mas nós não temos muito foco
nelas. Falta muita interação, eu prefiro os professores
“puxando minhas orelhas” (Aluno 1).
Sim. Com estudo a gente pode ter uma vida melhor e aju-
dar a família. O estudo nos ajuda a ter um futuro melhor
(Aluno 4).
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Considerações finais
Diante do exposto, falar sobre a percepção dos jovens sobre o
EMITec e da influência deste na vida estudantil do jovem do campo não
se limita apenas à discussão sobre certificação acadêmica, mas analisar,
também, como a formação estudantil do jovem do campo pode contri-
buir para sua atuação social. E nesse contexto, é necessário que o EMITec
reconheça que os jovens estão inseridos em outros espaços educativos e
que chegam à escola com uma diversidade cultural que precisa ser levada
em conta no contexto escolar. Entretanto, observamos que o projeto de
ensino do EMITec vai na contramão da Educação do Campo demandada
pelos movimentos sociais. O modelo educacional reivindicado por esses
movimentos, com destaque para o MST, abrange a luta pela valorização da
cultura e da identidade do povo campesino, a defesa da educação como
espaço de formação de militância para defender a terra como espaço de
produção da vida e contemplando todas as vivências dos atores dessa
história, o respeito à realidade histórica dos sujeitos do campo como cen-
tro do processo educacional e uma educação construída dentro de uma
complexa e significativa rede de saberes passados de geração para geração.
Nessa perspectiva, os resultados da pesquisa revelaram que, no que
diz respeito à juventude do campo, observa-se que as políticas públicas
ainda é um assunto pouco discutido e que não chega a muitas comunidades;
marcada por influências diversas, as políticas públicas para a juventude
campesina ainda carecem de maior atenção do poder público quanto à
sua efetivação e garantia de direitos dessa categoria social. No setor edu-
cacional observa-se que a criação do EMITec denuncia a necessidade de
investimento em infraestrutura das escolas do campo, capacitação dos
professores mediadores e elaboração de uma proposta condizente com
as especificidades de cada comunidade. Isso com vistas à valorização
e emancipação política da juventude desse espaço. Assim, o programa
não dialoga com as políticas de Educação do Campo reivindicadas pelos
movimentos sociais. Vale ressaltar que as considerações apresentadas não
visam depreciar o programa, mas discutir que a iniciativa governamental,
embora seja válida, carece de ponderações e de reorganização curricular
com a participação da comunidade e que leve em conta as expectativas
de futuro dos jovens.
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Referências
ALVES, Maria Zenaide; HERMONT, Catherine. Estratégias metodológicas
de trabalho com jovens. In: CORREA, Maria Licinia; ALVES, Maria Zenaide;
LINHARES, Carla. (org.). Cadernos temáticos: juventude brasileira e ensino
médio. Belo Horizonte: UFMG, 2014. 33p.
BAHIA. Portaria n.º 424, 21 de jan. de 2011. Implanta o Programa Ensino
Médio com Intermediação Tecnológica (EMITEC). Salvador: EGBA, 2011.
BRASIL. Diretrizes Operacionais para o Ensino Médio. In: BRASIL, Ministério
da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais da Educação Básica, 2013.
CALDART, R. Por uma educação do campo: traços de uma identidade em
construção. In: ARROYO, Miguel, CALDART, Roseli, MOLINA, Mônica C.
(org.). Por uma educação do campo. Vozes: Petrópolis/RJ, 2009.
CORTI, A. P.; SOUZA, R. Diálogos com o mundo juvenil: subsídios para
educadores. 2ª ed. São Paulo: Ação Educativa, 2012.
DAYRELL, J. A escola ‘faz’ as juventudes? Reflexões em torno da socialização
juvenil. Educação e Sociedade. v. 28, n. 100, especial, p. 1105-1128, out. 2007.
Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 12 set. 2021.
DAYRELL, J. A escola como espaço sócio-cultural. In: DAYRELL, J. (org.)
Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1996.
GODOY, N. A Era Digital Chega aos Assentamentos. Revista Fatos da Terra,
n. 19, 2007. Disponível em: http://www.itesp.sp.gov.br/br/info/publicacoes/
arquivos/FatosTerra19.pdf. Acesso em: 22 dez. 2019.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia cien-
tífica. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LEÃO, G.; CARMO, H. C. do. Os jovens e a escola. In: CORREA,L. M.;ALVES,
M. Z.; MAIA, C. L. (0rgs.) Cadernos Temáticos: Juventude Brasileira e Ensino
Médio. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
MOORE, M. G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Cengage
Learning, 2008.
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INFORMATIZAÇÃO DOCENTE: DESAFIOS E
POSSIBILIDADES NO ENSINO REMOTO
Introdução
O ser humano, traz no bojo de sua evolução epistemológica, nuances
que lhes são peculiares e que corroboram para que este modifique o meio
em que vive, bem como a si próprio. Nuances estas, que estão envoltas
das necessidades e interesses diários em conhecer-se e compreender as
relações que se estabelecem com outros seres e elementos da natureza,
naturalmente ou culturalmente construídos.
Neste pressuposto, destaca-se a ciência e a tecnologia, como instru-
mentos de sistematização de conhecimentos socialmente estabelecidos
diante das demandas existentes, bem como das necessidades que emergem
no cotidiano.
Estes dois elementos, têm seu marco estabelecido na revolução
industrial, na qual, identificou-se concepções e ideologias para o mundo
mercadológico e de trabalho, que desencadeou os interesses neoliberais
de lucro e ao mesmo tempo de um processo irreversível de facilidade e
conforto a quem tem acesso a ela (SILVEIRA; BAZZO, 2006).
Com isto, todos os departamentos públicos, privados e autônomos/
independentes, renderam-se a integralização da ciência e tecnologia,
como ocorre no setor da Educação. Vale ressaltar que no atual período
pandêmico na qual encontra-se o mundo, em decorrência do Novo Coro-
navírus (Covid-19), a ciência e a tecnologia têm sido importantes aliados,
a partir de estudos e pesquisas emergentes para orientação e criação de
recursos de prevenção e tratamento.
E, para continuidade do processo de ensino aprendizagem, a ciência
e a tecnologia, mais uma vez assumem o papel de grande relevância, pois
por meio de diferentes recursos, estes têm contribuído para a dinamização
e fomento dos diferentes saberes.
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Especializando em Gestão e Políticas Públicas para a Educação Básica (Uneb). Integrante do grupo de
Pesquisa GEPEMDECC (Uesb). E-mail: [email protected].
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Percurso metodológico
Este Estudo de Caso caracteriza-se como estudo misto (quantita-
tivo/qualitativo), que por sua vez, utilizou-se como recurso para a coleta
de dados, um questionário semiestruturado, que devido ao período de
pandemia na qual o isolamento social é uma das principais medidas de
contenção do Coronavírus (Covid-19), foi disponibilizado aos partici-
pantes via plataforma google forms26.
Tendo como amostra seis docentes que trabalham numa escola
de porte médio, no território da cidade do município de Bom Jesus da
Lapa-BA e que trabalham com turmas do Ensino Fundamental I (Anos
Iniciais).
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Haja vista que alguns docentes têm-se desdobrado para incluir nas
mediações, o uso das tecnologias, entretanto, não tem conseguido atender
a todos/as os/as alunos/as, merecendo, assim, olhar compassivo e atento
para este tipo de intervenção que não inclusiva, como pode ser revelado no
gráfico a baixo:
Gráfico 5: Porcentagem de educandos atendidos via tecnologia, com base na turma
de cada docente
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Considerações finais
A partir dos dados e discussões mencionadas, pode-se perceber que
o processo de informatização docente tem sido consolidado de forma lenta
e inadequada, distanciando-se então, do que seria ideal para o processo
de formação docente para melhor atendimento aos educandos, neste
período de pandemia, na qual o setor da Educação tem perpassado com
grandes dificuldades.
Sugere-se assim, uma ampliação das políticas públicas educacionais,
que viabilizem a eficácia das propostas e das práxis docentes, oferecendo
recursos tecnológicos de informações e comunicação e formação conti-
nuada para que os docentes, em grande parte ou quem sabe totalidade,
possam manusear estes instrumentos.
Para além desta sugestão, também é preciso pensar na comuni-
dade escolar, que também sofrem, em muitos casos, pela falta de acesso
e conhecimentos sobre as TICs.
Diante disto, fazendo refletir sobre o desenho abismal na qual
encontra-se a educação, distanciando ainda mais a classe trabalhadora
do acesso à Educação, conduzindo os docentes a um trabalho ineficiente
e abusivo. O termo abusivo condiz a sobrecarga de atividades sem apoio
direto da Gestão Municipal, pois quando a(o) professor(a) utiliza de
recursos próprios para manter o funcionamento da Educação, este assume
uma responsabilidade que é prioritariamente dos Fundos de investimento
da educação.
Outrossim, é preciso que a comunidade escolar e os gestores muni-
cipais e de outras esferas, reflitam sobre os desdobramentos realizados até
o momento e pensem nos impactos que estes estão causando e podem
causar no processo de ensino-aprendizagem dos/as educandos/as atendi-
dos, não só na Unidade Escolar em estudo, mas em toda rede municipal.
Referências
BRASIL, Constituição Federal. Art. 205. 1988. Disponível em: https://www.
senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_205_.asp#:~:-
text=A%20educa%C3%A7%C3%A3o%2C%20direito%20de%20todos,sua%20
qualifica%C3%A7%C3%A3o%20para%20o%20trabalho. Acesso em: 3 maio 2021.
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A EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA PARA
ALÉM DO CAPITAL27
Primeiras palavras
Damos início ao texto expondo que a ideia, que aqui propomos,
constituir-se-á de maneira muito singular e muito específica em relação
à temática abordada, visto que os encadeamentos lógicos e as reflexões,
que visamos construir, têm como ideal ensaiar possibilidades de uma
educação quilombola que esteja para além do capital. Com isso, é válido
dizer que nos abstemos, aqui, da necessidade de afirmar “coisas últimas”,
ou seja, dispensamos a obrigação de dizer, neste texto, “verdades que não
possam ser confrontadas”. Ao contrário disso, esse ensaio deve funcionar
como ferramenta para reflexão, desconstrução, reconstrução e construção
de ideias e diálogos.
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O ensaio “A educação escolar quilombola para além do capital” começa a surgir e é construído a partir
das discussões realizadas na disciplina “Educação, Movimentos Sociais, Trabalho e Formação” do Programa
de Pós-graduação em Educação, PPGED, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Uesb, ministrada
pela Professora Dra. Arlete Ramos dos Santos.
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Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia - PPGED/UESB, Especialista em Atendimento Educacional Especializado e Educação
Inclusiva pela Faculdade Venda Nova do Imigrante - ES e Licenciado em Pedagogia pela Faculdade Uninassau
de Vitória da Conquista.
29
Doutora e Mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), graduada em
Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e Pesquisadora das áreas de educação
do campo, políticas educacionais, educação de jovens e adultos, movimentos sociais do campo e Plano de
Ações Articuladas (PAR).
30
Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia - PPGED/Uesb. Especialista em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar
pela Universidade de Brasília (UNB). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Movimentos Sociais e
Educação do Campo e da Cidade (GEPEMDECC).
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Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia - PPGED/UESB. Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (Uesb). Membro do Grupo de Estudos Pesquisa e Políticas Públicas para Educação Superior (GEPPES).
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A formulação terminológica “população campesina” refere-se ao conceito de Campesinato, que por sua
vez, segundo Costa e Carvalho (2012, p. 115), diz respeito ao “conjunto de famílias camponesas existentes em
um território. As famílias camponesas existem em territórios, isto é, no contexto de relações sociais que se
expressam em regras de uso (instituições) das disponibilidades naturais (biomas e ecossistemas) e culturais
(capacidades difusas internalizadas nas pessoas e aparatos infraestruturais tangíveis e intangíveis) de um
dado espaço geográfico politicamente delimitado”.
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dos interesses das classes dominantes: para que essa validação aconteça
é necessário que os conhecimentos tidos como importantes sejam, tam-
bém, validados por essas classes dominantes, de forma que elas tenham
domínio não só dos meios de produção, mas de igual forma sobre os
conhecimentos historicamente produzidos. Assim, surge a ideia de que
quem detém o domínio sobre tais conhecimentos determinam quais
conhecimentos sejam válidos e quem pode ou não ter acesso a eles e o
motivo de terem ou não acesso.
E para que esse empreendimento de fato funcionasse, Mészaros
(2008) relata que “A própria História teve de ser totalmente adulterada”.
Ao passo que ele explica que a ideia de deturpar a história parte exata-
mente quando se há riscos muito altos envolvendo a racionalização e a
validação da ordem social que vai se estabelecendo nesse sistema como
“natural e inalterável”.
Quando o status quo corre o risco de ser tocado, mexido, alte-
rado... segundo essa lógica, a história precisa, então, ser escrita nova-
mente e difundida de maneira distorcida, ou mais distorcida ainda do
que quando reescrita, tudo isso para que a ordem social defendida pelo
sistema permaneça do mesmo modo. Isso pois, “Aqui a questão crucial,
sob o domínio do capital, é assegurar que cada indivíduo adote como
suas próprias as metas de reprodução objetivamente possíveis do sistema
[...]” (MÉSZÁROS, 2008, p. 44).
E nesse sentido é válido trazer para nossas reflexões a ideia e o
conceito de quilombo para que possamos dar prosseguimento com as
considerações e para visualizarmos melhor como poderia a educação
quilombola representar uma educação anticapitalista e como ela se cons-
tituiria como essa educação.
Assim, convidamos para o nosso diálogo Munanga e Gomes (2016)
que dizem que contrariamente ao pensamento reducionista e simplista
de que os quilombos seriam somente onde os negros escravizados se
refugiavam, a ideia de quilombo alude à uma espécie de instituição/asso-
ciação sociopolítica e militar muito conhecida na África Central em que,
de acordo com antropólogos, estava aberta a todos. Segundo os autores,
os quilombos brasileiros possuem muitas similaridades com os quilom-
bos de África, isso pois os quilombos africanos meio que inspiraram os
quilombos que se constituíram no Brasil de forma que sua constituição
se dá basicamente por meio dos negros, trazidos do continente africano
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Referências
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica.
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos
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BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.
In: Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Ministério
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MOVIMENTOS SOCIOTERRITORIAIS
DO CAMPO E A PARTICIPAÇÃO NAS
MANIFESTAÇÕES EM UBERABA E
UBERLÂNDIA (MG)
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Discente da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Departamento de Geografia. Pes-
quisadora do Núcleo de Estudos Territoriais e Agrários – NaTERRA. Uberaba (MG), Brasil. E-mail: bia.
[email protected].
35
Docente da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Departamento de Geografia. Coorde-
nadora do Núcleo de Estudos Territoriais e Agrários – NaTERRA. Uberaba (MG), Brasil. E-mail: janaina.
[email protected].
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Considerações finais
Este trabalho refletiu as manifestações do campo nas cidades, com
ênfase para as manifestações, reivindicações e principais movimentos
socioterritoriais em Uberaba e Uberlândia (MG). Uberlândia, com 55 atos,
destaca-se, fato atrelado à expansão do seu centro urbano e da criação de
inúmeros assentamentos rurais. Uberaba, com 17 manifestações, reflete
um processo sócio-histórico em que o agronegócio e o latifúndio são
muito presentes, o que fragiliza a articulação política na luta camponesa.
O MLST e MST são os movimentos que mais atuaram em manifes-
tações, cujas reivindicações têm como demanda central a terra, políticas
agrícolas, questões trabalhistas, contra injustiça/violência, por direitos
humanos e acesso a créditos.
Mesmo diante da pujança do capital no campo, compreende-se
que as manifestações são formas de luta que evidenciam o movimento
contraditório do capitalismo no campo. Elas atualizam o debate sobre a
questão agrária, sinalizando para lutas que buscam a reprodução social
do campesinato por meio de ações nos centros urbanos.
Por fim, pode-se dizer que esse trabalho parte de uma visão iné-
dita, de escala local, que versa sobre as lutas do campo em Uberaba e
Uberlândia. A partir dele, foi possível apresentar uma perspectiva sobre
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Referências
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movimentos socioespaciais e contentious politics: produção do espaço, redes
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dente: [s. n.], 2016.
KAUTSKY, K. A questão agrária. São Paulo: Nova Cultural, (1899) 1986.
PACHECO, R. A. A influência das elites e das políticas públicas na configura-
ção do espaço urbano: uma crítica a partir do setor leste de Uberlândia (MG).
2015. 149 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2015.
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REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO DURANTE
A PANDEMIA DO COVID-19: 2020 – 2021
NORMATIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS
DIGITAIS NA EDUCAÇÂO BÁSICA
Introdução
Os anos de 2020 e 2021 ficarão marcados na história pelo enfren-
tamento da pandemia da Covid-19, sobretudo no que diz respeito à
história do Brasil, visto que as marcas da potencialização dos problemas
sociais já existentes que serão impulsionadas pela ausência de políticas
públicas capazes de suprir minimamente os direitos básicos para uma vida
humana digna. Essa doença infecciosa causada pelo novo Coronavírus
(SARS-CoV-2)38 teve o primeiro caso oficial registrado num paciente
hospitalizado em dezembro de 2019 em Wuhan, China, mas estudos
retrospectivos detectaram um caso clínico com sintomas da doença em
01/12/2019 (GRUBER, 2020). No dia 5 de janeiro de 2020, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) publicou o primeiro comunicado a respeito do
assunto, com relatado de 44 casos de “pneumonia de causa desconhecida”
em Wuhan/China. No dia 25 do mesmo mês, a OMS admite que o risco
de epidemia no mundo é “alto” a partir desta data.
As advertências em relação à periculosidade desse vírus provocaram
mudanças no comportamento de grande parte da população mundial.
Desde a intensificação dos hábitos de higienização das mãos e calçados,
até mesmo a restrição da locomoção das pessoas, medidas muitas vezes
desconfortáveis como o uso obrigatório de máscaras, mas estritamente
36
Geysa Novais Viana Matias, mestranda em Educação, Uesb, [email protected].
37
Arlete Ramos dos Santos. Doutora em Educação (UFMG), professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação (PPGEd/Uesb).
38
Causado pelo novo patógeno viral do tipo de coronavírus, da família Coronaviridae, é um dos mais letais.
A Covid-19 é causada por um vírus muito agressivo e atingiu o mundo inteiro, devido sua rápida replicação
e letalidade (Estellita, Mendes, Pascoal, Lima e Queiroz, 2020).
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O quadro com os documentos analisados está em Anexo.
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ensino presencial, com tempo escola e carga horária definida40, e esta moda-
lidade não poderia ocorrer devido ao riso de proliferação da Covid-19.
A alternativa para manutenção e ou suporte de aprendizagem ini-
cia-se com o processo de normatização do uso das tecnologias digitais. O
Ministério da Educação publicou no Diário Oficial da União a portaria n.º
343, de 17 de março de 2020, na qual em seu Art. 1º “autoriza, em caráter
excepcional, a substituição das disciplinas presenciais, em andamento,
por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação”,
essa portaria era direcionada exclusivamente ao ensino superior.
Subsequente, em 18 de março de 2020, o Conselho Nacional de
Educação (CNE) considera a necessidade de reorganizar as atividades
acadêmicas em todas as redes de ensino, de todos os níveis, etapas e
modalidades, por conta de ações preventivas à propagação da Covid-19.
Isso porque o CNE identifica que a educação precisará de mudanças para
a manutenção das aulas. E em 1º de abril de 2020 foi publicada a Medida
Provisória n.º 934, na qual estabelece normas excepcionais sobre o ano
letivo da educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas
para enfrentamento da emergência de saúde pública.
A pergunta que surge nesse contexto é educação para quem? Essa
flexibilização na organização das atividades em todas as redes de ensino,
ocorrerá para quais alunos, de quais instituições e quais estudantes serão
excluídos nesse processo?
Ao analisarmos de forma crítica essa realidade da educação brasi-
leira, fica evidente que os decretos e medidas provisórias publicadas em
2020, respaldam de forma genérica a implementação do ensino remoto
de forma emergencial, no entanto, o Ministério da Educação fica em
silêncio diante das necessidades educacionais de um país heterogêneo e
pandêmico, carente de um direcionamento para efetivar o direito edu-
cacional definido pela constituição de 1988.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado
e da família, será promovida e incentivada com a colabo-
40
Art. 24.
I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio,
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos
exames finais, quando houver; (LDB, 2021).
A Lei n.º 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança
na estrutura do ensino médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000
horas anuais (até 2022).
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Alagoas Sim
Bahia Não
Ceará Não
Maranhão Não
NORDESTE Paraíba Não
Pernambuco Não
Piauí Sim
Rio Grande do Norte Não
Sergipe Sim
Acre Sim
Amapá: Sim
Amazonas Sim
NORTE Pará Sim
Rondônia: Sim
Roraima Não
Tocantins: Não
Fonte: OLIVEIRA, Elida. et al. 2020
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41
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/08/12/datasenado-quase-20-mi-
lhoes-de-alunos-deixaram-de-ter-aulas-durantepandemia. Acesso em: 10 nov. 2022.
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Quadro 2 – Pareceres e resoluções 2020
Documentos Data Pauta
Parecer CNE/CP nº 5/2020, aprovado em28 de abril de 2020 Reorganização do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo
de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga
horária mínima anual, em razão da Pandemia da COVID-19.
Parecer CNE/CP nº 6/2020, aprovado em 19 de maio de 2020 Guarda religiosa do sábado na pandemia da COVID-19.
Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de junho de 2020 Reexame do Parecer CNE/CP nº 5/2020, que tratou da reorganização
do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades
não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima
anual, em razão da Pandemia da COVID-19.
Parecer CNE/CP nº 10/2020, aprovado em 16 de junho de 2020 Prorrogação do prazo a que se refere o artigo 60 do Decreto nº 9.235,
de 15 de dezembro de 2017, para implantação de instituições creden-
ciadas e de cursos autorizados, em razão das circunstâncias restritivas
decorrentes da pandemia da COVID-19.
Parecer CNE/CP nº 11/2020, aprovado em 7 de julho de 2020 Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades
Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia.
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Parecer CNE/CES nº 498/2020, aprovado em 6 de agosto de 2020 Prorrogação do prazo de implantação das novas Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs).
Parecer CNE/CP nº 15/2020, aprovado em 6 de outubro de 2020 Diretrizes Nacionais para a implementação dos dispositivos da Lei nº
14.040, de 18 de agosto de 2020, que estabelece normas educacionais
excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública
reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
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Documentos Data Pauta
Parecer CNE/CP nº 16/2020, aprovado em 9 de outubro de 2020 Reexame do item 8 (orientações para o atendimento ao público da
educação especial) do Parecer CNE/CP nº 11, de 7 de julho de 2020,
que trata de Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e
Atividades Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto
da pandemia.
Parecer CNE/CP nº 19/2020, aprovado em 8 de dezembro de Reexame do Parecer CNE/CP nº 15, de 6 de outubro de 2020, que
2020 tratou das Diretrizes Nacionais para a implementação dos dispositi-
vos da Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020, que estabelece normas
educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de
calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de
20 de março de 2020.
Resolução CNE/CP nº 2, de 10 de dezembro de 2020 Institui Diretrizes Nacionais orientadoras para a implementação dos
dispositivos da Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020, que estabelece
normas educacionais excepcionais a serem adotadas pelos sistemas de
ensino, instituições e redes escolares, públicas, privadas, comunitárias
e confessionais, durante o estado de calamidade reconhecido pelo
Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
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Resolução CNE/CES nº 1, de 29 de dezembro de 2020 Dispõe sobre prazo de implantação das novas Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs) durante a calamidade pública provocada pela
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pandemia da COVID-19
Fonte: Ministério da Educação, 2020
Já o quadro seguir, contém informações sobre a situação em cada unidade da Federação de acordo com a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. Todos os dados foram atua-
lizados em 31/05/2021.
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parcial, reabertura gradual das escolas com aulas
presenciais entrou em nova fase dia 24 de maio,
em modelo híbrido, em cerca de 600 escolas
sim, calendário gradual de retomada das
Paraná da rede estadual. 200 escolas já tinham sido sim.
aulas.
reabertas há 14 dias. O retorno se dá de forma
SUL escalonada e todas as instituições de ensino
seguem um protocolo de segurança.
sim, as aulas presenciais já estão sendo
Rio Grande do Sul sim, calendário gradual de retomada das aulas. sim.
retomadas.
não, aulas presenciais com modelo híbrido,
Santa Catarina sim. sim.
ensino presencial e remoto
sim, aulas presenciais devem retornar após sim, o Secretário pede que os professores não
DF a vacinação de professores e profissionais da sim. sejam obrigados a voltar a dar aulas presen-
educação. ciais antes de serem vacinados.
sim. as aulas presenciais serão totalmente sim, expectativa com vacinação de profes-
Goiás retomadas até agosto, após vacinação de todos sim. sores e do retorno às aulas presenciais a partir
os profissionais da educação. do mês de julho
CENTRO-OESTE parcial, a Portaria autoriza a realização de
sim, foi elaborado Plano de retomada das
plantões pedagógicos nas escolas com, no
aulas na rede estadual de ensino na modali-
Mato Grosso máximo, cinco alunos por sala. Entretanto, os sim.
dade híbrida, que deve ser iniciado no dia 7
plantões são opcionais, e fica a critério de cada
de junho, de forma escalonada
unidade escolar a realização desses plantões.
Mato Grosso do a Secretaria de Educação vai planejar o
sim, aulas seguem em regime remoto sim.
Sul retorno das aulas presenciais
ARLETE RAMOS DOS SANTOS • CLÁUDIO PINTO NUNES
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sim, aulas presenciais devem ser retomadas
Alagoas sim. sim
no segundo semestre.
parcial, as unidades de ensino públicas e par-
ticulares podem manter as atividades de forma
semipresencial. Para que isso ocorra, é necessário
que a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid
sim, plano de retorno gradativo às aulas
Bahia esteja abaixo de 75%, por cinco dias consecuti- sim.
presenciais.
vos. Além disso, as atividades letivas devem ficar
condicionadas à ocupação máxima de 50% da
capacidade de cada sala de aula e ao atendimento
dos protocolos sanitários estabelecidos.
sim, a Justiça derrubou liminar que permitia o sim, plano de retorno gradativo às aulas
Ceará retorno às aulas presenciais para estudantes do sim. presenciais.
ensino médio.
sim, aulas híbridas devem começar no segundo sim, vacinação de profissionais da educação
Maranhão semestre após a vacinação de todos os profis- sim. deve acelerar retorno gradativo às aulas pres-
NORDESTE
sionais da educação. enciais.
sistema remoto.
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sim, o MPRN e Defensoria Pública pedem na
Rio Grande do Justiça que Estado autorize retomada imediata de
sim. sim.
Norte aulas presenciais de forma híbrida e facultativa
na rede estadual de ensino.
não, estão autorizadas a serem retomadas as
NORDESTE
aulas presenciais para os 1º e 2º ano do ensino
Plano de reabertura: sim, vacinação de pro-
fundamental da rede estadual e para os últimos
Sergipe sim. fessores e profissionais da educação já está
períodos letivos do ensino superior, além de
planejada.
turmas das redes municipais, a depender da
decisão de cada prefeitura.
sim, ano letivo começou dia 10 de maio, com
Acre sim. sem informação.
aulas remotas.
Amapá sim, suspensão por período indeterminado sim. sem informação
parcial, aulas presenciais estão sendo retomadas
sim, alguns municípios já estão abrindo suas
Amazonas no formato híbrido, gradativamente, apenas no sim.
escolas.
interior do estado.
sim, o estado planeja vacinação de professores
Pará sim, suspensão por período indeterminado sim. e profissionais da educação para retomar as
aulas presenciais.
NORTE sim, o retorno às aulas nas escolas municipais
Rondônia: sim. sem informação
fica a critério de cada gestor municipal.
sim, o ano letivo iniciou na rede estadual de
Roraima ensino no dia 3 de maio e segue com a oferta sim. sem informação
de aulas remotas
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Considerações finais
A educação brasileira que historicamente é marcada por avanços
e retrocessos em relação a conquista do direito de aprender, apresentou
nos anos de 2020 e 2021 a sua face amarga, pois o poder político foi usado
para exclusão em várias frentes: ao minar as relações entre professores e
estudantes na qual substitui-se as interações humanas pelo cumprimento
de atividades impressas ou online; ao reduzir os saberes a partir da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), e ao apartar milhões de
estudantes dos processos de aprendizagem ao não disponibilizar recur-
sos que permitam o acesso e a permanência desses sujeitos nos moldes
educacionais disponibilizados.
Neste estudo, evidencia-se que a flexibilização na organização das
atividades educacionais em todas as redes de ensino, propicia o privilégio
de estudar para os alunos que fazem parte do ensino privado, residem em
centros urbanos, possuem acesso à internet de qualidade, contam com
o apoio familiar com tempo e conhecimento que propicie um suporte
doméstico. Aos estudantes que não se encaixam nesse perfil resta o acesso
a uma educação limitada, diferenciada ou excludente, até que a pandemia
seja controlada e talvez possam retornar aos espaços de aprendizagem.
A educação é um direito de todos, previsto tanto na constituição
federal, quanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB-9394/1996
e por meio de portarias e leis complementares. Frente a grave situação
em que nos encontramos, com exclusões e negligências, por meio “dos
retrocessos estabelecidos e das consequências que teremos que enfrentar,
precisamos mais do que nunca nos comprometer com a luta pela qualidade
da educação e resistir coletivamente aos ataques que sofremos, sem con-
cessões e “puxadinhos pedagógicos” (SAVIANI; GALVÃO, 2021, p. 45).
Como demonstrado nas análises realizadas no corpo desse artigo,
a “seleção legal” dos sujeitos que têm acesso à educação de qualidade
tem sido uma realidade brasileira nos anos de 2020 e 2021, porque as
medidas emergenciais para manutenção dos processos educativos e/ou
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Referências
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O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E
FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS (SCFV)
COMO ESPAÇO DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
E O EDUCADOR SOCIAL
Introdução
Este artigo aborda a temática da educação não formal tomando
como objeto de análise o Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos (SCFV). Serviço ofertado pela assistência social (referenciado
pelo CRAS) que muito pode nos revelar acerca da educação social. Tendo
como questão de pesquisa a seguinte pergunta: O Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos é um espaço que oferta educação social?
Objetivamos depreender o SCFV como espaço que oferta educação
social; analisar a educação não formal e o perfil do SCFV; discutir de que
forma SCFV oferta educação social; além de apreciar a prática educativa
do educador social dentro do SCFV no município de Vitória da Conquista.
Para tanto, este artigo também tem como base o trabalho de conclusão
de curso de especialização em educação social, intitulado A formação do
educador social que trabalha no Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos da zona urbana do município de Vitória da Conquista-Bahia,
escrito por uma das autoras deste artigo (RODRIGUES, P. S., 2019), a
qual tinha como proposta analisar a formação do educador social que
trabalha no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV),
da zona urbana de Vitória da Conquista- Bahia.
42
Mestre em Educação pela Uesb (PPGED); especialista em Educação Social (UNILEYA); pedagoga (Uesb);
pesquisadora no Grupo de Estudos Movimentos Sociais, Diversidade e Educação do Campo e Cidade
(GEPEMDECC/UESB); pesquisadora no grupo de Grupo de Estudos em Linguagem, Formação de Professores
e Práticas Educativas (GELFORPE/Uesb). Educadora social pela PMVC- Bahia.
43
Especialista em Direito Previdenciário pela Universidade Norte do Paraná - Unopar; Assistente Social no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia IFBA/Brasil; aluna Especial do Programa de Pós-
-graduação em Educação – PPGED/Uesb; membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Movimentos Sociais,
Diversidade e Educação do Campo e Cidade – GEPEMDECC/Uesb; E-mail: [email protected].
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não tem seu reconhecimento legal. A luta pela educação social no Brasil
visa à formulação e implementação de políticas públicas que garantam o
fortalecimento e a qualidade da ação educativa oferecida fora da escola.
Para tanto, a formação dos educadores sociais é essencial, assim como
a legalização dessa profissão, protegendo os educadores sociais com
direitos trabalhistas.
Considerações Finais
A educação não formal é valiosa para a aprendizagem coletiva
da política dos direitos e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos (SCFV) tem papel fundamental na construção dessa educação
social. Portanto, é imprescindível refletir acerca das contribuições deste
serviço para a educação não formal, entendendo sua singularidade e
importância, dando maior visibilidade e fortalecendo o diálogo entre
educação e assistência social, que embora distintas, compartilham uma
educação cidadã.
É urgente que se teçam mais reflexões a respeito deste tema para
que haja maior valorização do SCFV para a educação não formal, e para
que se chegue ao maior aprofundamento do diálogo e do fortalecimento
da intersetorialidade entre as esferas públicas, diminuindo divergências
quanto ao seu perfil e atuação.
Com relação ao educador social que atua dentro do SCFV, não
tem como enxergar a educação social, sem a figura deste profissional,
que é o principal mediador na construção de uma educação de direitos
nos espaços voltados a educação não formal, por isso a necessidade de
refletirmos acerca da sua formação, que afeta diretamente o trabalho
com os grupos e com esses usuários em vulnerabilidade e risco pessoal
e social, para exercer trabalho de excelência, de caráter emancipatório,
de empoderamento e garantia de direitos.
Faz-se necessário que os profissionais sejam habilitados inicialmente
e com uma formação continuada que abranja conteúdos e métodos espe-
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V; descrição dos cargos efetivos; (alterado pelas Leis n.º 1.875, de 03 de janeiro
de 20 13 e 1.902 de 28 de maio de 2013).
193
EDUCAÇÃO NA PANDEMIA:
UM OLHAR SOBRE AS CONDIÇÕES REAIS
DE ACESSO À INTERNET NAS REDES
PÚBLICAS BAIANAS
Introdução
O presente texto se dispõe a discutir, ainda que amplamente, a
educação no país no contexto pandêmico. Para isso, apresentamos, a
priori, uma contextualização das ações federais, buscando situar em que
conjunto se situa o que estamos vivendo atualmente, sobretudo na esfera
pública. Argumentamos e compreendemos que a falta de direcionamento
específicos por parte do Governo Federal, impulsiona o movimento
privatista da educação pública, uma vez que as empresas se apresentam,
com seus pacotes e “soluções” como única alternativa para a organização
do ensino neste período de isolamento social.
Posteriormente, avançamos na discussão das condições estruturais
das escolas públicas antes da pandemia, essa discussão serve para a com-
preensão de que poucas escolas tinham condições efetivas de trabalhar
com recursos tecnológicos e que essas dificuldades só se expandiram
44
Bolsista Fapesb. Doutorando em Educação pela Universidade Federal da Bahia/UFBA. Mestre em Edu-
cação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB. Integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa
em Movimentos Sociais e Diversidade Educação do Campo e Cidade (GEPEMDECC-CNPq). Integrante
do Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias (GEC). E-mail: ramosdossantosigortairone@
gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1796-2401.
45 *
Mestra em Educação - Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Ilhéus, Bahia, Brasil. Membro
do Grupo de Estudos e Pesquisas Movimentos Sociais, Diversidade e Educação do Campo e da Cidade
(GEPEMDECC) e da Rede Latino-americana de Pesquisa em Educação do Campo, Cidade e Movimentos
Sociais - RedePECC-MS. Email: [email protected].
46
Mestrando em Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Uesb, Vitória da Conquista
- Bahia. Membro do Grupo de Estudos em Linguagem, Formação de Professores e Práticas Educativas –
GELFORPE/UESB. Membro do Grupo de Pesquisa em Memória, Espaço e Culturas – MESCLAS/UFRB.
E-mail: [email protected].
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47
Senado Notícias: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/03/19/vetado-projeto-que-dava-
-acesso-a-internet-a-alunos-e-professores-da-rede-publica. Veto de Bolsonaro derrubado: lei de internet
gratuita a alunos e professores tenta aliviar defasagem da escola pública no mundo digital: https://g1.globo.
com/educacao/noticia/2021/06/07/veto-de-bolsonaro-derrubado-lei-de-internet-gratuita-a-alunos-e-pro-
fessores-tenta-aliviar-defasagem-da-escola-publica-no-mundo-digital.ghtml.
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Dependência
R48 U R U R U R U R U
física e serviços
Laboratório de
13% 51% 22% 58% 24% 56% 23% 52% 19% 47%
informática
Laboratório de
1% 16% 1% 17% 1% 17% 2% 17% 2% 15%
ciências
Internet 8% 75% 12% 83% 16% 86% 30% 88% 34% 91%
48
A letra R refere-se a Rural e a letra U refere-se a Urbano.
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Considerações finais
As problemáticas que envolve o ensino público nesse contexto
pandêmico são inúmeras, neste texto, procuramos apresentar e debater
algumas delas e destacamos, os aspectos que dizem respeito aos interes-
ses privatistas, à venda de pacotes de formação prontos aos professores,
à falta de políticas públicas de formação e de programas para melhoria
da qualidade de internet de professores e alunos, e, principalmente à
alarmante desigualdade no acesso e na continuidade dos estudos pelas
quais estão passando parcela significativa dos alunos das escolas públicas.
Neste sentido, gostaríamos de ressaltar que para além dos “jeitinhos”
que vêm sendo dados, é necessário denunciar o abandono do Estado
de suas obrigações para com o provimento de educação de qualidade
a todos, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988 e resistir,
buscando formas coletivas de construção e enfrentamento em defesa da
escola pública, gerida e cuidada para atender com dignidade os filhos da
classe trabalhadora.
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Referências
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meio do ensino remoto nas atividades escolares nos municípios localizados
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A EXPERIÊNCIA DO PROJETO “EDUCA LAPA:
EDUCAÇÃO CONECTADA COM VOCÊ”,
CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA
Introdução
Atualmente a sociedade mundial perpassa pelo segundo ano de
enfrentamento da pandemia de Covid-19. No Brasil, esse dilema tem
se tornado cada vez mais agravado pela falta de controle da atual crise
sanitária53, ainda enfrentando muitos entraves de natureza política e de
gestão da saúde pública.
A educação tem sido um dos setores sociais mais afetados por esse
problema, sobretudo no campo da EJA, onde os profissionais da educação
junto aos gestores tiveram que reinventar novas práticas no sentido de
amenizar os impactos causados pela pandemia que infere diretamente
na vida escolar dos alunos.
Nesse contexto, a Secretaria de Educação (Semed) do município
de Bom Jesus da Lapa (BA), elaborou uma proposta para auxiliar o
enfrentamento da pandemia por meio do projeto Educa Lapa: Educação
Conectada com você, considerando a especificidade do município que
49
Mestre em Educação pelo PPGED/UESB, professora da rede municipal de Bom Jesus da Lapa.
50
Mestre em Educação pelo PPGED/UESB, professora da rede municipal de Bom Jesus da Lapa.
51
Mestre em Educação pelo PPGED/UESB, professora da rede municipal de Bom Jesus da Lapa.
52
Doutor em Educação pela FAE/UFMG, professor do DCHEL/UESB e do PPGED/UESB.
53
Essa crise se deu em virtude do discurso contra a ciência, por parte do governo federal, que levou ao
atraso da compra de vacinas, tornando o processo de imunização da população muito mais lento, ainda em
desenvolvimento.
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Aspectos metodológicos
Neste processo de ecossistemas criativos que prevê a implementa-
ção de ações contextualizadas baseadas na interação dialógica entre os
sujeitos, nasce o projeto Educa Lapa: Educação conectada com você, cuja
metodologia se efetiva no Rádio Escola que vai ao ar numa emissora de
rádio local de frequência FM, três vezes por semana em horário nobre
(das 18 às19h) com duração de 60 minutos e composto por conteúdos
educativos e públicos diferenciados de modo atender todos os níveis e
modalidades de ensino.
As ações para a efetivação desse projeto iniciaram com a elaboração
da proposta pela equipe da secretaria de educação apresentado ao setor
administrativo (jurídico e financeiro) do município para aprovação desta.
Após a aceitação pelo órgão gestor, iniciaram os processos de divulgação
e busca de parcerias com a comunidade local.
A implementação dessa proposta se justificou pela necessidade de
uma ação conjunta que colabore para o desenvolvimento educacional dos
alunos da rede municipal que nesse momento da pandemia apresentam
dificuldades para acompanhar as atividades educativas, em especial os
estudantes da EJA, com limitações no uso das mídias. Conforme Costa
(2012) a EJA tem como objetivo primordial diminuir o distanciamento que
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alguma forma, transmitir algo que venha somar nesse novo mecanismo
de construção do saber.
É característica da EJA a diversidade do perfil dos educandos, com
relação à idade, ao nível de escolarização em que se encontram, à situação
socioeconômica e cultural, às ocupações e a motivação pela qual procuram
a escola. Dessa forma, o projeto Educa Lapa traz amplas possibilidades
de valorização da cultura que na EJA é tão importante por se tratar de
sujeitos com largas trajetórias de vida. Segundo Arroyo (2019, p. 159),
“o conhecimento é fruto da cultura”. Por isso, nos programas de rádio os
alunos têm a oportunidade de apresentar suas variadas manifestações
culturais, seja por meio da música, dos causos, poemas, relatos de expe-
riências, entre outras formas de expressão numa aprendizagem contínua
e prazerosa como no lembra Freire (1996), ensinar e aprender não pode
dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.
Resultados preliminares
O projeto Educa Lapa foi criado na atual gestão municipal (2020-
2024), mais precisamente no início do ano letivo de 2021, como uma das
alternativas para auxiliar no ensino remoto. Logo, o programa de rádio
iniciou-se em 5 de abril e, portanto, celebra três meses de existência no
momento que este texto é produzido. Com apenas 38 programas mate-
rializados e executados, sendo 14 destes destinados ao público da EJA, já
podemos mencionar alguns resultados positivos os quais destacaremos
na sequência.
À medida que os programas foram ao ar (ao vivo), a audiência foi
aumentando e o Educa Lapa foi ganhando uma ampla dimensão. Para isso
foram criados e/ou utilizados canais de comunicação, tais como: plata-
formas digitais da Emissora (aplicativo, YouTube, Facebook), WhatsApp,
Instagram, card, outdoor, panfletos e folders. Esses instrumentos, além de
divulgar a proposta, proporciona a participação e a interação do público
neste veículo de comunicação. Por meio das mensagens que chegam no
chat no momento da transmissão ao vivo pelo YouTube e no WhatsApp
da emissora, verificamos a repercussão da proposta e a sua abrangência.
O Educa Lapa tornou-se o nosso Patrimônio Educacional!
Gratidão a secretaria de educação pela importante inicia-
tiva. (Alessandra Vaz, Professora de Bom J. da Lapa/BA)
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Considerações finais
A experiência do projeto Educa Lapa possibilitou-nos uma refle-
xão acerca do ensino da EJA no contexto da pandemia. Vimos que são
inúmeras as dificuldades agora em virtude da pandemia de Covid-19
que tornou o acesso à escola bem limitado. Nesse sentido os sujeitos da
EJA são os mais prejudicados pelo seu contexto histórico por se tratar de
um público diferenciado com condições mais precárias e com carência
extrema de políticas públicas.
Deste modo, a estratégia de utilizar o Rádio Escola pelo município de
Bom Jesus da Lapa tem trazido excelentes resultados para a EJA por se tratar
de um recurso acessível a toda população e por possibilitar a integração
entre os sujeitos com a socialização de conteúdos educativos e provocar o
desenvolvimento de habilidades por meio da educomunicação. Já se nota
nas primeiras avalições, segundo a secretaria municipal de educação, a
motivação dos estudantes em participar dos programas (como protagonistas
e como ouvinte), e consequentemente no aproveitamento das atividades
remotas. Isso demonstra o comprometimento dos envolvidos nesta proposta
e a relevância para o atendimento educacional nesse momento pandêmico.
Sabemos que o Rádio Escola por si só não traria resultados satisfa-
tórios. Toda proposta impregnada no conteúdo tratado em cada programa
de rádio deve estar associada ao currículo estabelecido pela rede municipal
de ensino às etapas da EJA. Essa vinculação estabelece o sentido entre o
que ensina na escola e a experiência vivenciada pelos alunos, demons-
tradas em sua participação efetiva.
Ademais, a proposta é recente e de acordo com as participações e
colaborações de alunos e comunidade escolar o programa será adaptado,
caso haja necessidade, para atender as necessidades educacionais de nossos
estudantes. É importante mencionar que temos ciência que a estratégia
de aproximação e apoio aos nossos estudantes via educomunicação não é
suficiente para sanar com as dificuldades encontradas pelo ensino remoto,
estamos encontrando caminhos de amenizar as carências que o ensino
não presencial impõe.
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224
O ENSINO DE ARTES COMO INSTRUMENTO
DE MEDIAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO NO ENSINO-
APRENDIZAGEM
Introdução
O intuito da observação aqui descrita foi entender como o ensino
de Artes poderia contribuir para a aprendizagem, bem como para a
socialização dos educandos da Escola Municipal Euclides da Cunha,
situada no povoado de São Sebastião, área rural do município de Vitória
da Conquista, ao longo das atividades do Projeto Escola Mais, hoje com o
nome de Educarte. Assim como Peixoto (2001), acreditamos que a Arte
humaniza, logo cremos que sua inserção no espaço educativo colabora
com a humanização da aprendizagem. Ousamos afirmar que a junção dos
campos Educação e Arte, pode assegurar o que postula a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional de Base (LDBEN), n.o 9394/1996, artigo 206:
“liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensa-
mento, a arte e o saber” (BRASIL, 1996). Para a autora supramencionada,
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Mestre em Educação pelo PPGED/Uesb. Professor da Educação Básica na rede municipal de Vitória da
Conquista – BA. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Movimentos Sociais e Educação do Campo
e da cidade (GEPEMDECC)/UESB.
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Doutora em Educação pela Univeristé de Montréal. Professora Titular no Departamento de Ciências
Educação, da Universidade Estadual de Santa Cruz-Ilhéus-Bahia. Doutora em Educação pela Université
de Montréal – Québec-Canadá. Coordenadora do Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Ciências
Humanas (CEPECH)/DCIE/UESC. Membro do Grupo de Pesquisa Cyberxire: Redes Educativas, Juventudes
e Diversidade na Cibercultura e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Movimentos Sociais e Educação do
Campo e da cidade (GEPEMDECC)/UESB..
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Cópias no mimeógrafo, aparelho com o qual se reproduzem réplicas a partir de originais escritos ou
desenhados em estêncil, um papel fino especial com pequenas perfurações, hoje substituído pelas impressoras.
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Algumas ponderações
Não podemos ignorar que nas últimas décadas, a situação do ensino
de Arte vem passando por mudanças significativas, sobretudo quando
foi inserida como obrigatória no currículo escolar. Mas como pudemos
constatar, muito ainda se tem por fazer para que ela tenha a devida valo-
rização e reconhecimento como um ramo do conhecimento importante
de ser trabalhado em sala de aula.
Partimos do princípio de que conhecimento nos faculta, além de
desvelar o mundo a nosso redor, iterarmo-nos a respeito de nossa história.
E a Arte acompanha o homem em todo seu percurso histórico, podendo
tornar-se um forte contributo nesse processo, inclusive quando associada
a outras disciplinas, como matemática, história, português, entre outras
que compõem o currículo.
Entendemos que é de suma importância que as crianças tenham
acesso a obras de arte, de origem global ou regional, bem como a sua con-
textualização histórica e a sua influência para o momento presente. Com
esses dados, a partir da realidade do educando, é possível promover um
diálogo sobre o artista, a relação que ele tem com espaço a seu redor e o
modo como sua obra pode influenciar o público que a contempla, valori-
zando a capacidade que ela tem de comunicar, ainda que não use palavras.
Sabemos que o fazer plástico ou a atividade artística, como a pin-
tura a dramatização, a música, a modelagem e a dança, ou qualquer outra
manifestação que se vale de elementos considerados sensíveis, expressam
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Referências
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tivas. 3. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2003.
ALMEIDA, A. Ludicidade como instrumento pedagógico. In: ALMEIDA, Ane.
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www.cdof.com.br/recrea22.htm. Acesso em: 17 out. 2021.
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o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência
da República, [20--]. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html.
Acesso em: 13 nov. 2021.
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mental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997.
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MOVIMENTOS SOCIAIS POPULARES
URBANOS NO BRASIL: LUTAS, CONQUISTAS E
CONTRIBUIÇÕES
Introdução
Entre as décadas de 1970 a 1990, os movimentos sociais populares,
tiveram significativas contribuições para a história das lutas urbanas no
Brasil. Uma história que se consolidou por intermédio da representati-
vidade de lideranças comunitárias forjadas na prática da convivência em
suas comunidades periféricas, em situação de vulnerabilidade econômica
e social, nos grandes centros urbanos.
Nessas circunstâncias, inferimos, que foram essas lideranças que
elaboraram estratégias e ações no âmbito das mobilizações e reivindica-
ções pela redemocratização do país, no período que marcou a transição
do regime da ditadura militar, (sob o domínio das Forças Armadas, que
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Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação-PPGED, pela Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia. Uesb. Bacharelado em Psicologia, pela Faculdade Juvêncio Terra. Especialização em Educação e
Diversidade Étnico Cultural, pela Uesb). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Movimentos
Sociais, Diversidade, Educação do Campo e da Cidade - GEPEMDECC/Uesb. Pesquisadora do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Educação do Campo - GEPEC/Uesb. Integrante da Rede Latino-americana de Pesquisa
em Educação do Campo, Cidade e Movimentos Sociais - RedePECC-MS Correio eletrônico: rosysantana007@
hotmail.com.
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Mestra em Educação, pela UESB. Licenciada em Ciências Exatas com Habilitação em Matemática pela Uesb.
Professora do Ensino Fundamental na rede Municipal de Vitória da Conquista-Bahia. Atualmente, professora
do Ensino Médio na Rede Estadual do estado da Bahia. Membro do Grupo de Estudos Movimentos Sociais,
Diversidade Cultural e Educação (GEPEMDEC/Uesb). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em
Educação do Campo (GEPEC/Uesb). Correio eletrônico: [email protected].
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Mestrando do Programa de Pós-graduação em Educação-PPGED, pela Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia. Uesb Licenciado em Biologia pela Universidade do Vale do Sapucaí - Univás. Membro do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Movimentos Sociais, Diversidade, Educação do Campo e da Cidade - GEPEMDECC/
uesb. Integrante da Rede Latino-americana de Pesquisa em Educação do Campo, Cidade e Movimentos
Sociais - RedePECC-MS. Correio eletrônico: [email protected].
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nacionais entre 2003 e 2014, nas diversas áreas de políticas públicas, além
de ouvidorias públicas no poder executivo, legislativo e judiciário tanto
em nível federal e estadual, quando municipal.
Alencar e Ribeiro (2014) traçam um demonstrativo sobre o avanço
nas consolidações da participação social popular na gestão do Partido dos
Trabalhadores (PT), quando existia um Departamento de Participação
Social69, com a finalidade de possibilitar uma relação dialógica entre gestão
governamental e os movimentos sociais em suas diversas representações.
Não obstante, nessa seção do manuscrito, faz-se pertinente registrar o
lamentável cenário do retrocesso com implicações na luta, tal como nas
conquistas dos movimentos sociais.
Um fato evidenciado por Alencar e Ribeiro (2014) que precisa ser
destacado, diz respeito ao Decreto Federal n. 8.243, de 23, de maio de
2014, que instituiu a Política Nacional de Participação Social (PNPS) o
Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). Como o próprio nome
sugere, trata de um espaço governamental com objetivo de fomentar
políticas participação social na gestão do governo do Partido do Traba-
lhadores, como podemos verificar no Art. 1º “Fica instituída a Política
Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer
e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a
atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade
civil” (BRASIL, 2014). Entretanto, em abril de 2019, o governo Bolsonaro
editou o Decreto n.º 9759, de 11 de abril de 2019, que, em seu Artigo n.º
10, trata da destituição da Política Nacional Participação Social, ou seja,
mais um espaço de diálogo e interação popular destruído pelo governo
Bolsonaro, marcado pelo retrocesso.
Outros aspectos relacionados à política do retrocesso foi a medida
do governo Bolsonaro que destituiu o Ministério das Cidades70, enquanto
pasta exclusiva que ancorava o Conselho Nacional das Cidades, as Con-
ferências das Cidades, tal como políticas e programas direcionados ao
desenvolvimento urbano no país, instituído da gestão do Partido dos
Trabalhadores. Em 1º de janeiro de 2019, o governo Bolsonaro editou a
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Em âmbito nacional, o governo destacou a Secretaria Nacional de Ação Social (SNAS) que tem por
competência garantir o diálogo entre os diversos órgãos da administração pública federal e a sociedade
civil. Ela tem como responsabilidade, entre outras, prestar apoio ao trabalho dos conselhos, na realização de
conferências, na promoção do diálogo entre ouvidorias públicas, na produção de estudos que contribuam
para o aperfeiçoamento desses espaços e na articulação entre eles (IPEA, 2014).
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O Ministério das Cidades foi instituído em 2003 pela Lei n.º 10.683 de 28 de maio de 2003.
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Lei n.º 13.844, de 18 de junho de 2019, que extingue o Órgão e suas fun-
ções, de modo que as funções do antigo Ministério foram atribuídas ao
Ministério do Desenvolvimento Regional pela junção ao Ministério das
Cidades. Por intermédio da atuação da participação popular, foi criada
uma pasta pelo governo Bolsonaro, que está abrigada no então Ministério
de Desenvolvimento Regional.
Diante de um processo marcado pelas medidas de retrocesso, marca-
-se o desinteresse do governo em dialogar com as organizações sociais, bem
como pelo retrocesso acerca das políticas públicas constitucionalizadas.
Enquanto sociedade civil, na condição de pesquisadores e pesquisadoras,
precisamos também nos posicionar acerca das medidas adotadas pelo
governo marcado por ataques à democracia no país.
Nesse sentido, inferimos que tanto no governo Lula quanto o governo
da Dilma Rousseff tiveram o compromisso com a criação e a consolida-
ção de vários espaços de participação popular, a exemplo do Estatuto
das Cidades, como um documento próprio, que serve de diretrizes para
se pensar o desenvolvimento urbano das unidades federativas, junto ao
Ministério das Cidades, com pasta específica para atender as necessidades
das cidades, de um país tão diverso, como o Brasil. Dentro do Ministério
das Cidades, consolidou-se a Secretaria Nacional de Habitação, atrelada
à Secretaria de mobilidade urbana e saneamento ambiental. Os governos
posteriores à gestão do PT, com ações antidemocráticas, destituíram
direitos, por meio de revogação da legislação constituída, o que se confi-
gura como “um retrocesso sem precedentes” que tem “contribuído para a
destruição de forças produtivas, destruindo o trabalhador, suas condições
de existência” de forma expressiva a classe trabalhadora (TAFFAREL,
2019, p. 88).
À luz das discussões, constatamos que o posicionamento dos movi-
mentos sociais, em suas lutas cotidianas, foi de fundamental importância
para que o governo adotasse medidas frente às demandas da população.
O Programa Minha Casa Minha Vida, de fomento a políticas habitacio-
nais, assim como o Programa de Aceleração do Crescimento71 (PAC),
com objetivo de garantir melhorias nas condições de infraestrutura e
mobilidade em todo país, o que é um exemplo do resultado da luta das
organizações sociais. O governo Lula e a gestão de Dilma Rousseff deram
continuidade ao incentivo à participação social popular, ao instituir o
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Sob a gestão do Ministério do Planejamento.
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Considerações finais
O levantamento bibliográfico, bem como a pesquisa documen-
tal nos permitiram realizar as seguintes considerações: nem a história,
nem os tempos contemporâneos têm como negar as contribuições dos
movimentos sociais populares na conquista dos direitos no contexto das
políticas urbanas na sociedade brasileira. Nessa perspectiva, compreen-
demos que as ações dos movimentos sociais, as lutas reivindicatórias de
interesse coletivo e os enfrentamentos corroboram a consolidação das
políticas públicas de responsabilidade do Estado no país, principalmente
as políticas públicas habitacionais, a exemplo do Programa Minha Casa
Minha Vida.
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