Guia Gesto Do Conhecimento
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Guia de Estudos
1 COMPETÊNCIAS
As discussões nas últimas duas décadas, acerca da competência, têm atraído um número
cada vez maior de estudiosos, pesquisadores […] bem como de profissionais ligados
diretamente à área de gestão de recursos humanos. […] A competência, hoje, diz
respeito tanto aos empregadores quanto aos empregados e, ainda os desempregados [...].
Os primeiros estão preocupados em aumentar seus níveis de produtividade e sobreviver
num mundo “globalizado” e cada vez mais competitivo, ao passo que os outros, em
manter ou conseguir um emprego (TOMASI, 2004).
Em tempos mais prósperos, as empresas relegavam a segundo plano algumas
questões como otimização de processos, qualificação, conhecimento, satisfação dos
clientes e busca incessante pela competitividade. Contudo, perante a nova dinâmica dos
mercados, incorporada, principalmente, a partir dos últimos 20 antes, novos fatores
responsáveis pelo sucesso organizacional são as competências. A fase em que ineficácia
e desperdícios eram rotinas ficaram no passado e, ainda, gestão eficiente, por si só, não
é suficiente. Resende (2004) discute que a eficiência é algo rotineiro, mecânico e
inflexível, contudo, a velocidade e as atribulações dos mercados exigem estruturas de
suporte para as atividades, contudo, com vistas a um modelo mais flexível, capaz de
aplicar conhecimento, habilidades e aptidões a qualquer momento, em qualquer
situação. Oliveira e Cassis (2009) explicam, em detalhes, no Quadro 1, o que são os
Conhecimentos, Habilidades e Aptidões.
Conhecimentos (saberes)
Trata-se do conjunto de informações que a pessoa armazena e utiliza quando precisa.
Os processos de decisão, planejamento, organização, comunicação, controle de resultados, negociação e
administração de conflitos, dentre outros, são afetados pelo nível de conhecimentos essenciais – aqueles
que fazem parte do rol que todo profissional deve saber para desempenhar com eficiência e eficácia suas
funções.
O conhecimento é um indicador de competências que ajuda a lidar com o paradoxo da fortaleza e da
flexibilidade. Quanto mais conhecimentos colocamos em nossa bagagem, mais nos tornamos fortes e
nos permitimos ser flexíveis para enfrentar as mudanças e rupturas que surgem em micro intervalos
nunca antes pensados.
Em outras palavras, o conhecimento corresponde a informações que, ao serem reconhecidas e integradas
pelo indivíduo em sua memória, causam impacto sobre seu julgamento ou comportamento. Refere-se ao
saber que a pessoa acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado à lembrança de conceitos, ideias ou
fenômenos (OLIVEIRA; CASSIS, 2009).
3
meramente a soma daquelas de caráter individual, pois existem mais fatores envolvidos
neste processo, como a sinergia existente na organização, ou seja, o engajamento de
todos em uma mesma causa, a cultura, o conhecimento organizacional, etc .
Uma competência individual pode, então, ser definida como habilidades para
fazer realizar certas atividades e, quando em âmbito organizacional, pode-se inferir
que a organização possui determinadas competências se puder superar os
concorrentes, ou que não possui a competência se o seu desempenho for pior do que os
concorrentes. Em uma indústria de panelas, por exemplo, pode-se ter bem desenvolvida
a competência referente a fundição e modelagem do metal em panela. Contudo, a
competência para manipulação dos plásticos componentes do cabo é baixa, ou seja, não
se tem domínio de conhecimento, habilidade e tecnologia para lidar com este material, o
que ocasiona um produto de baixa qualidade e com custos elevados. Desta forma, pode-
se dizer que a competência para produção de cabos está deixando a desejar.
É importante destacar também, que existem competências que não estão
diretamente ligadas ao foco da empresa, mas que são igualmente importantes. Neste
caso, o foco seriam as competências ligadas a produção de panelas, contudo,
competências da área de logística, como a distribuição efetiva de produtos no mercado,
é fundamental para o sucesso da organização, mas compõem um outro grupo de
competências, podendo assim, a empresa buscar a terceirização desta atividade.
Relevante, também, é atentar que não é comum denominar a organização como
competente ou incompetente, e sim detentora ou não da competência. Até porque não é
9
adequado afirmar que uma organização é ou deixa de ter a competência, e sim que ela a
apresenta em determinado nível. Discutiremos os níveis de desenvolvimento de
competências mais adiante, pois, por enquanto mostraremos os diferentes tipos de
competências que existem. No Quadro3, pode-se visualizar os principais tipos de
competências.
CATEGORIA DE DESCRIÇÃO
COMPETÊNCIAS
Recursos e competências ordinárias Recursos em igualdade aos dos concorrentes, sem proporcionar
nenhuma diferenciação
Recursos e competências Potencial fonte de vantagens ou desvantagens competitivas.
importantes
Competências essenciais Competências centrais para a sobrevivência da organização e para
sua estratégia
Competências distintivas Competências capazes de diferenciar a organização mediante os
concorrentes conferindo vantagem competitiva
Competências organizacionais Atividades chave de cada negócio
Competências de apoio Atividades que fornecem apoio ao desenvolvimento de outras
atividades organizacionais
Capacidade dinâmica Capacidade da organização adaptar constantemente suas
competências ou atividades sempre que necessário
Quadro 3: Tipos de competência.
Fonte: Mills, et al. (2002).
2009 Estimativa indica que o potencial produtivo da empresa será de 6,7 bilhões de barris de óleo/dia
Note-se que a empresa foi fundada em 2007, e só veio a produzir, e gerar caixa
em 2012. Contudo, neste tempo captou mais de 8 bilhões de dólares, seja em ações ou
títulos de dívida. Assim podemos nos perguntar, como uma empresa que nem ao menos
produz consegue captar capital? Quem iria investir nela e porque? A resposta são os
recursos.
Todo investidor analisa uma empresa pelo seu potencial de geração de lucros,
mas no que se baseia esta análise? Uma delas é nos recursos. Então vejamos, no caso da
OGX podemos listar alguns recursos que atraíram os investidores. O primeiro deles,
certamente são os direitos de compra de blocos exploratórios de petróleo, o que motivou
os primeiros acionistas adquirirem ações da empresa em 2007. A estimativa de
11
COMPETÊNCIA LIDERANÇA
Como visto acima, temos uma rica descrição de uma competência, desmembrada
nos três pilares básicos (conhecimentos, habilidades e atitudes). Desta forma, é possível
uma avaliação mais clara da mesma, e isto será muito útil na mensuração de
competências, que veremos nos capítulos seguintes.
Apresentamos a competência liderança, contudo, esta competência pode ser
suportada por uma série de outras competências, como veremos a seguir, o caso da
competência liderança, em um processo denominado arquitetura de competências.
-
Figura 2: Recursos da competência
'entregar produtos de qualidade'.
Fonte: Adaptado de Mills et al. (2002).
Uma competência não existente pode ser adquirida pela organização, através da
construção, aquisição ou desenvolvimento de recursos e a articulação destes. Contudo, o
processo inverso também é possível, ou seja, uma competência pode retroceder. Isto
pode acontecer devido a mudanças ambientais, novos competidores, mudança no perfil
dos clientes e uma série de variáveis que não são controladas pela organização.
Assim, pode-se dizer que a obtenção da competência não é suficiente, pois é
preciso mantê-la gerando entregas ao longo do tempo. Assim, surge o conceito de
capacidades dinâmicas, que pode ser definida como:
Rotinas organizacionais e estratégicas antecedentes, em que os
gestores alteram sua base de recursos – aquisição e alteração de
recursos, integrando-os e recombinando-os - para gerar novas
estratégias de criação de valor, permitindo as empresas atingirem
novas configurações de recursos em novos mercados (EISENHARDT;
MARTIN, 2000).
Mas por onde começar? Como saber quais as competências que temos e quais
precisamos? Uma primeira análise pode ser feita na missão, visão e valores da
organização, o que nos dá um primeiro indicativo de que competências encontraremos.
Tomamos como exemplo a Ambev, tendo sua missão e visão expressas no Quadro 1 (
Missão e visão da Ambev).
Assistente Comercial Efetuar a conferencia dos Mapas de carregamento. Emitir - Vendas efetivas dentro da
Sênior Nota Fiscal e autorização de entrega, baixar os laudos de legalidade
garantia, arquivar documentos, controlar o fornecimento - Controle de materiais
às empresas parceiras, emitir carta de correção de - Controle de faturamento
faturamento. Emitir as guias de Substituição Tributária e - Atendimento a legislação
Antecipação Tributária. Cadastro e averbação de seguro. trabalhista
Zelar pelos programas da empresa (ISO, 5s, Excelência).
Assistente Financeiro Lançar informações no computador. Emitir cheques. - Controle financeiro
Júnior Cadastrar e fazer pagamentos de fornecedores. Fazer o
fechamento mensal de bancos e caixa, retirar extratos
bancários, fazer lançamentos de caixa e de documentos.
Técnico de Suporte Assegurar as informações através de sistemas de cópias de - Gestão da informação
segurança (backup). Efetuar a reindexação do sistema. - Atendimento a clientes
Fazer apuração do custo médio mensal dos produtos. Dar
suporte técnico para usuários.
Ajudante sênior do Setor Auxiliar os operadores na execução das tarefas diárias -Abastecimento e conexão elétrica
de como realizar a retirada da linha
Formação de das baterias das bancas de formação de acordo com a -Controle da produção
Baterias programação diária, -Programa 5S
realizar o abastecimento das bancadas com baterias cruas,
e realizar o enchimento.
Realizar conexão elétrica da linha de baterias e regular a
corrente de formação.
Registrar a produção e diário de bordo. Realizar a
regeneração do deionizador de água. Fazer manutenção do
programa 5s e participar das reuniões do setor e participar
da escala de final de semana de plantão.
Ajudante de produção Realizar a fabricação de peças, conectores e postes. -Fabricação de peças, conectores e
do Setor de fundição de Substituir os operadores das fundidoras no horário de peças
grades almoço e comunicar qualquer irregularidade encontrada -Controle de irregularidades
nas máquinas.
Ajudante de produção Realizar tarefas que auxiliem na produção de placas, -Controle da qualidade
do setor de fazendo revezamento nos postos de trabalho conforme
emplastamento de solicitado pelo superior imediato. Observar o
placas desenvolvimento da operação comunicando qualquer
irregularidade, agrupar e limpar o quadro fazendo a
paletização das placas.
Ajudante de produção Realizar a quebra, limpeza e seleção das placas, -Controle da qualidade
do setor de montagem e observando a qualidade da matéria prima utilizada e
acabamento encaminhando as placas nos cavaletes, abastecendo os
cavaletes no que se refere a postes, conectores e varinhas.
Quando estiver agrupando elementos, colocar os
separadores entre as placas positivas e negativas, seguindo
as Instruções de Processo do S.G.Q. Auxiliar nas
atividades setoriais de acordo com orientação do líder de
setor.
Quadro 2: Exemplos cargos e salários e suas respectivas competências.
Fonte: Adaptado de Cella-de-Oliveira (2012).
23
pesquisa.
Após a aplicação destes instrumentos, que se prestam para levantamento das
competências existentes, cabe o esforço do pesquisador em identificar e redigir as
competências que emergem dos dados. Na elaboração deste instrumento é importante
atentar para algumas orientações: “A descrição de uma competência, portanto, deve
representar um desempenho ou comportamento esperado, indicando aquilo que o
profissional deve ser capaz de fazer. Esse comportamento deve ser descrito utilizando-
se um verbo e um objetivo de ação. A ele pode ser acrescido, sempre que possível e
conveniente, uma condição na qual se espera que o desempenho ocorra” (OLIVEIRA et
al., 2005). Brandão e Bahry (2005) acrescentam ainda, para o caso individual, que a
descrição de uma competência, portanto, deve representar um desempenho ou
comportamento esperado, indicando o que o profissional deve ser capaz de fazer.
A fim de ilustrar esta atividade, alguns exemplos de competências e suas
respectivas entregas, de uma organização industrial, são expressas no Quadro 3
(Exemplos de competências organizacionais), e exemplos de competências de um gestor
(dimensão individual) são expressas no Quadro 4 (Exemplos de competências
individuais).
COMPETÊNCIA ENTREGA
Entregar produtos de qualidade Produzir e colocar no mercado os melhores produtos, com
menor preço e eficiência, superando os concorrentes.
Formação e operação em equipes Agrupar os colaboradores de acordo com as demandas de
trabalho visando a ampliação do conhecimento, maximizando
a produção e resolução de problemas.
Desenho e manufatura de produto Desenvolvimento e produção de produtos desejados pelo
mercado, com a melhor tecnologia disponível, utilizando os
melhores materiais, produzindo-os de forma eficiente e com
menor preço, no intuito de satisfazer o mercado.
Quadro 3: Exemplos de competências organizacionais.
Fonte: Autor.
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COMPETÊNCIA ENTREGA
Agilidade Cumprir de forma rápida e objetiva porém eficaz, as atividades
designadas. Atender o cliente interno e externo dentro do tempo
adequado para demanda do serviço.
Auto controle e autopercepção Manter controle das emoções e desejos sem exibi-los de forma
alterada, não agir de forma impulsiva, sabendo lidar com
serenidade em situações ou com pessoas adversas. Perceber o
próprio comportamento e adequá-lo a cada situação.
Busca de atualizações Estar em constante desenvolvimento, aberto para aprender e
trocar novas experiências. Estar disponível para o aprendizado
realizando novas tarefas, cursos, treinamentos e em constante
formação.
Buscar soluções Encontrar soluções criativas para diminuir conflitos e
problemas. Bem como, analisar problemas e todas as variáveis
envolvidas e tomar decisões assertivas e focadas em resultados.
Além de atender o que lhe foi foi solicitado, trazer melhorias de
forma contínua.
Quadro 4: Exemplos de competências individuais.
Fonte: Autor.
Em uma pesquisa real, uma lista muito maior de competências, certamente seria
levantada. As mesmas podem ser separadas por setor, produto, ou qualquer outra forma
que o pesquisador julgar que fiquem mais claras e organizadas. Após este passo, como
apontado anteriormente, é importante mensurar o grau de desenvolvimento destas
competências, para que possa planejar quais delas receberão maior ou menor atenção,
no sentido de desenvolvê-las.
É importante destacar que até o momento fizemos o esforço de identificar as
competências presentes na organização, ainda que em maior ou menor grau de
desenvolvimento, o que poderia também ter sido feito a nível individual. Contudo, estas
competências são suficientes para o adequado desenvolvimento das atividades desta
organização? Pode estar havendo um gap entre as competências que a organização de
fato precisa e as que dispõem.
Mas então como identificar as competências necessárias para o bom
desenvolvimento das atividades organizacionais, e para que esta se mantenha
competitiva? Esta é uma pergunta difícil, pois não há onde encontrar sua resposta.
Como proceder então? Primeiramente devemos partir de uma boa revisão bibliográfica,
buscado leituras sobre a atividade da empresa. Por exemplo, se a empresa for do ramo
metalúrgico, deve-se buscar na literatura os processos produtivos da indústria
26
Como apontado, há uma série de competências que sempre podem ser adquiridas
e desenvolvidas pelas organizações visando melhores resultados, assim, não podemos
ser alienados e acreditar que a situação é sempre ótima e sempre a melhor possível. Em
mercados dinâmicos, é preciso muito esforço para manter-se estagnado e apenas manter
o status, quem dirá então para crescer.
Até o momento tratamos de identificar competências, contudo, apenas ter uma
série de competências não é suficiente, ou não é um grande indicativo para julgar-se
uma organização. Mas por que não? As competências, como já visto, de forma simples,
são um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes. Mas esta é uma indicação
sem precisão, uma vez que duas pessoas, ou duas organizações, podem ter as mesmas
competências. Ainda que com as mesmas competências uma organização pode ter mais
conhecimentos do que a outra, mas ainda assim, ambas tem a competência. A Figura 1
(Diferentes desempenhos para uma mesma competência), ajuda a ilustrar esta situação.
COMPETÊNCIA VENDAS
Conhecimento das características técnicas e operações do produto; busca de clientes; colocação do
produto no mercado; promoção de campanhas de venda; e colocação do produto no mercado.
Desempenho organização A Desempenho organização B
feita, geralmente por líderes ou outros colaboradores que tenham esta visão ampla da
organização e seus processos. Este avaliador deve buscar sempre uma visão imparcial
entre colaboradores, setores, processos, etc., o que pode tornar relevante a contratação
de um profissional externo, sem vínculo com a organização para proceder com esta
tarefa.
Como visto, a competência é abstrata e difícil de ser visualizada, assim, o uso do
conceito de entrega é a forma mais viável de avaliação das competências, uma vez que
trabalha com suas ações resultantes. No Quadro 5 (Modelo de formulário para
mensuração do grau de desenvolvimento das entregas e recursos), é apresentado um
exemplo de instrumento a ser utilizado neste processo. É importante destacar que a
avaliação deve ser feitas por grupos de competências, por exemplo, competências
inerentes a produção, como as apresentadas, ou aquelas relativas a vendas, etc.
AVALIAÇÃO
A A competência A A competência
ENTREGA ESPERADA competência está em estágio competência está em estágio
COMPETÊNCIA
não está de está de superação
presente desenvolvimento desenvolvida (D = 3 pontos)
(A = 0 ponto) (B = 1 ponto) (C = 2 pontos)
Produzir e colocar no
1 mercado os melhores
Entregar produtos de produtos, com menor
qualidade preço e eficiência,
superando os
concorrentes.
Agrupar os colaboradores
2 de acordo com as
demandas de trabalho
Formação e operação
visando a ampliação do
em equipes
conhecimento,
maximizando a produção
e resolução de problemas.
Desenho e Desenvolvimento e
3 manufatura de produção de produtos
produto desejados pelo mercado,
com a melhor tecnologia
disponível, utilizando os
melhores materiais,
produzindo-os de forma
eficiente e com menor
preço, no intuito de
satisfazer o mercado.
ΣA ΣB ΣC ΣD
30
TOTAIS 0 20 38 36
TOTAL GERAL 98
A escala, previamente criada, é resgatada e o valor do total geral (neste caso, 98)
é inserido nesta escala, como mostra o Quadro 11 (Localização da escala obtida).
A competência A competência A competência A competência
não está está em estágio está está em estágio
presente de desenvolvida de superação
(A = 0 ponto) desenvolvimen (C = 2 pontos) (D = 3 pontos)
to
(B = 1 ponto)
Escala 0 a 54 55 a 108 109 a 138
X (98 pontos)
Quadro 11: Localização da pontuação obtida na escala.
Fonte: Autor.
A fim de deixar a escala mais didática realizamos a simplificação da mesma para
uma escala de 0 a 10 pontos. Primeiramente utiliza-se a seguinte fórmula:
Fator de simplificação = 10
--------------------------------
---
Fator de simplificação = 10
--------------------------------
---
138
Agora multiplicado por todos os valores da escala pelo fator de , onde teremos:
7,1
Após alguns cálculos simples, chegamos a medida de 7,1 pontos, mas o que este
valor significa? Representa que o conjunto de competências avaliadas, lá do Quadro 5
(Modelo de formulário para mensuração do grau de desenvolvimento das entregas e
recursos), obteve 7,1 pontos que, na escala representa que a competência está
desenvolvida, ou seja, está em um estágio satisfatório. Neste ponto, podemos resgatar o
porque da importância de avaliar grupos de competências, como aquelas relativas a área
35
1 2 3 4 5
- Mantém postura - Apresenta - Diferencia-se por - Demonstra - Previne as
coerente; relações ser responsável, segurança na situações de
- Identifica a harmoniosas confiável e condução das estresse;
importância das e satisfatórias; fidedigno; atividades que lhe - Inspira as pessoas
relações - Apresenta - Age de forma são atribuídas; pelo exemplo
harmoniosas comprometimento honesta e direta - Atua com pessoal;
e satisfatórias. em relação aos com as pessoas; equilíbrio, - Cria um ambiente
objetivos traçados; - Modela e expressando de
-Reconhece entusiasma o opiniões e satisfação e
os subsídios e comportamento sentimentos de
a experiência na desejado de maneira desenvolvimento
equipe. madura, mesmo geral.
havendo
divergências;
- Estabelece
relações
de parceria,
influenciando
o aumento
dos conhecimentos
dentro
da equipe;
Quadro 12: Comportamentos de entrega da 'competência liderança.
Fonte: Oliveira e Cassis (2009).
------------------------------------------------------------
retrógradas.
A partir desta triste revelação, cabe a nós gestores apropriarmo-nos dos novos
conceitos de gestão e levarmos para as organizações onde atuaremos, com objetivo de
melhorar a produção, conferindo vantagem competitiva ao mesmo tempo que
desenvolvemos o lado social, humanizando o processo e dando visibilidade a qualidade
de vida das pessoas.
A organização tem um conjunto de competências, como já vimos, que permite
que sejam desempenhadas, de forma competitiva, suas tarefas. Estas competências
organizacionais, por sua vez, são suportadas por uma série de competências individuais,
articuladas como ilustra a Figura 1 (Base da competência organizacional). É
fundamental que as competências dos colaboradores estejam alinhadas com as
competências organizacionais, a fim de gerarem as entregas demandadas. Neste modelo,
observa-se a necessidade do alinhamento entre as competências dos indivíduos e as
organizacionais. Ou seja, ambos devem desenvolver as mesmas competências, pois não
traz resultados para uma indústria de confecções, por exemplo, um colaborador ter,
ainda que muito desenvolvidas, competências do setor metalúrgico. Embora alguns
aspectos de atitude podem ser aproveitadas, isto, por si só, não se trata de uma
competência.
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no entanto, devemos nos perguntar quais competências o nosso contratado precisa ter?
Por isto é importante, que antes, ainda, do recrutamento, seja elaborado um perfil de
competências desejadas para os novos colaboradores. Tais competências esperadas do
colaborador devem garantir que o mesmo desempenhe de forma satisfatória suas
atividades, contribuindo para um alto grau de desenvolvimento das competências
organizacionais.
O primeiro passo, sugerido por Rabaglio (2001) é levantar algumas informações:
Requisitos técnicos e culturais do cargo: trata do conhecimento e
capacitação necessária para o cargo; pode incluir também características
físicas ideais, como pessoa alta, baixa, magra, deficiente físico ou não, etc.;
Descrição do cargo: o que o colaborador precisa fazer, quais suas funções,
detalhadamente;
Principais desafios do cargo: como contribuir para aumento da produção,
por exemplo;
Projetos a serem desenvolvidos pelo cargo: elaborar parcerias, desenhar
novo processo produtivo, etc.;
Maiores erros cometidos no cargo: se é comum o colaborador que ocupa
este cargo fazer medições imprecisas, deve-se buscar um novo colaborador
com acurácia para isto, como calma, paciência, habilidade e coordenação
motora fina;
Situações críticas administradas pelo cargo: caso o cargo envolva a
liderança de equipes, é preciso buscar uma pessoa com carisma e habilidade
para tal;
Características dos principais clientes internos do cargo: verificar com
quem o novo colaborador irá trabalhar, e qual o perfil demandado. Se a
função exija a elaboração de relatórios para o diretor da organização é
preciso identificar uma pessoa com boa comunicação e escrita;
Características dos fornecedores internos do cargo: caso o fornecedor
interno do posto onde estará o novo colaborador sofra atrasos constantes,
devido a características do processo, não se pode alocar nesta função uma
pessoa intransigente e inflexível;
52
Cultura da equipe: é sempre mais fácil inserir uma pessoa que compartilhe
dos mesmos valores;
Missão, visão, valores: é importante que, em um grupo, como no caso de
uma organização e seus colaboradores, todos tenham os mesmos objetivos e
possam caminhar com sincronismo;
Exigências legais: algumas funções exigem profissionais com determinados
cursos, como por exemplo, no setor contábil, onde é exigido, por lei, um
contabilista devidamente formado e registrado no seu órgão de classe;
Outras informações relevantes a respeito do cargo.
De posse de tais informações é possível identificar as competências necessárias
para o cargo, e após isto identificar seus conhecimentos, habilidades e atitudes, o que
será de suma importância para a seleção dos novos colaboradores. O Quadro 2
(Exemplo de desmembramento de competência para seleção de colaboradores)
apresenta um exemplo desta atividade.
3.2 Remuneração
Apesar desta série de decisões a serem tomadas destaca-se que não há respostas
certas e erradas, mas sim, a opção mais adequada ao conjunto de necessidades da
organização, as suas características, cultura, momento histórico, dentre outros fatores.
55
Tais diferenças, observadas no Quadro acima, são explicadas por Dutra (2001),
quando este comenta que ao assumir atribuições e responsabilidades de maior
complexidade, ou conceder entregas acima do esperado, o indivíduo agrega mais valor a
organização, condição necessária para que possam ser sustentadas remunerações
diferenciadas.
Para remunerar os colaboradores pelo sistema de competências uma dificuldade
é a observação da competência, problemática esta que já vem sendo debatida. Devido ao
caráter abstrato das competências, é preciso utilizar o conceito de entrega para
visualizá-las. Sistemas de mensuração das entregas, como aqueles já apresentados,
também devem ser resgatados. Assim, o sistema de remuneração pode ser considerado
uma continuidade, ou um complemento, do sistema de avaliação.
56
Um ponto que deve ser atentado é que, não apenas deve-se remunerar os
colaboradores que contribuam com maiores entregas, mas sim, usar a avaliação para
proporcionar oportunidades de desenvolvimento para aqueles com menores entregas.
Se, por um lado, o sistema de remuneração pode servir como um motivador, pode, por
outro lado, desmotivar. Assim, algumas diferenças entre o modelo de remuneração
tradicional e aquele baseado em competências são (PLOHOW; HIPÓLITO, 2012):
Possibilidade de sinalizar o que a empresa espera das pessoas, a partir de
sua estratégia e intento, de forma muito mais evidente do que aquela
presente no sistema funcional;
Foco direto na contribuição/responsabilidade e não em atividades; a
lógica de complexidade, que no modelo funcional é de conhecimento de
poucos (fica muitas vezes restrita aos profissionais de cargos e salários),
passa para “a linha de frente” do sistema, tornando mais clara para as
pessoas a dinâmica a partir da qual o desenvolvimento – e,
consequentemente, a progressão salarial – ocorre;
Maior estabilidade nos critérios que balizam a relação da pessoa com a
empresa, uma vez que a atuação em padrões de responsabilidade não sofre
alterações na mesma intensidade que o foco em atividades.
Para estabelecer os salários a partir do modelo de competências podem ser
elaborados gabaritos com faixas salariais. Tais gabaritos nada mais são do que os
próprios instrumentos de avaliação, onde são ponderadas porcentagens de ganho
adicional conforme o resultado. Adaptando a matriz de endereçamento, vista
anteriormente, para este fim, temos a Figura 2 (Níveis de recompensa).
57
De acordo com a escala acima, fica mais claro entender como funciona a
remuneração baseada em competências, a qual privilegia e gratifica colaboradores de
acordo com suas competências. É importante que os critérios sejam sempre muito
claramente definidos, e também é importante atendar para aqueles que apresentem
entregas abaixo das esperadas. Neste caso, não devem haver punições através da
remuneração, mas sim, oferecer oportunidades para que estes colaboradores se
desenvolvam.
Ao final deste debate, é preciso ficar clara a importância de dar foco, também, ao
desenvolvimento profissional e não apenas a remuneração como principal contribuição
esperada nos modelo baseados em competência. Conforme destacam Plothow e Hipólito
(2012), a escolha do modelo de remuneração também deve considerar o momento e o
processo de evolução pelos quais estão passando as organizações, não existindo aquele
mais apropriado a qualquer situação.
demandados requisitos mínimos para que os indivíduos possam entregar o que lhes é
exigido. No Quadro 5 (Graus de complexidade de uma carreira) é apresentado um
exemplo de como avaliar os graus de complexidade.
GRAU DE COMPLEXIDADE 1
AVALIAÇÃO
COMPETÊNCIA Não atende Atende Supera
(0 pontos) (10 pontos) (20 pontos)
Entrega da competência 1 X
Entrega da competência 2 X
Entrega da competência 3 X
Entrega da competência 4 X
Entrega da competência 5 X
Entrega da competência 6 X
Entrega da competência 7 X
SUB TOTAIS 0 40 20
PONTUAÇÃO TOTAL 60
GRAU DE COMPLEXIDADE 1
AVALIAÇÃO
RECURSO
Não atende Atende Supera
(0 pontos) (10 pontos) (20 pontos)
Recurso 1 X
Recurso 2 X
Recurso 3 X
SUB TOTAIS 0 20 20
PONTUAÇÃO TOTAL 40
Após termos falado em níveis, e pelo exposto, já podemos inferir a QVT como
uma competência organizacional. Em que nível de desenvolvimento será que está a
competência em nossas organizações? Não podemos fazer afirmações sem termos dados
empíricos, mas é certo que ainda existem muitas organizações no estágio inicial, senão
em uma situação em que a competência seja totalmente inexistente. Ainda Limongi-
França e Kanikadan (2012) complementam que o desenvolvimento da competência
QVT está ainda mais atrelada a questões culturais da organização do que outras
competências, por ter íntima relação com a sinergia dos colaboradores e dos grupos, da
66
possível e viável. Assim, uma metodologia para sua avaliação, com base em
competências é sugerida a partir dos seguintes indicadores (Quadro 10 - Indicadores das
competências QVT):
COMPETÊNCIA ENTREGA
Compensação justa e equidade salarial interna, equidade salarial externa e benefícios
adequada
Condições de trabalho condições físicas seguras e salutares e jornada de trabalho
Oportunidade de uso e autonomia e possibilidades de autocontrole, aplicação de habilidades variadas
desenvolvimento das e perspectivas sobre o processo total do trabalho
capacidades
Oportunidade de oportunidade de desenvolver carreira e segurança no emprego
crescimento contínuo e
segurança
Integração social no apoio dos grupos primários, igualitarismo e ausência de preconceitos
trabalho
Constitucionalismo normas e regras, respeito à privacidade pessoal e adesão a padrões de
igualdade
Trabalho e o espaço total relação do papel do trabalho dentro dos outros níveis de vida do empregado
da vida
Relevância social da relevância do papel da organização em face do ambiente
vida no trabalho
Quadro 10: Indicadores das competências QVT.
Fonte: Walton (1973).
O ser humano está em constante avaliação, seja no seu trabalho, pela família,
pela sociedade, etc., e nas organizações não é diferente. Os sistemas de avaliação
sempre existiram, sejam eles para fins de promoção, remuneração ou outros propósitos.
69
AVALIAÇÃO
O colaborador O colaborador O colaborador O colaborador
ENTREGA não apresenta está detêm a apresenta a
COMPETÊNCIA ESPERADA esta desenvolvendo a competência (C competencia em
competência competência = 2 pontos) estágio de
(A = 0 ponto) (B = 1 ponto) superação
(D = 3 pontos)
- Conhecimento técnico
1 para operação dos
equipamentos utilizados
na produção
- Conhecimento técnico
para manutenção dos
equipamentos – Saber
desmontar, analisar,
identificar problemas,
substituir peças, etc.
-Conhecimento para
operação de ferramentas,
Manutenção de como furadeiras, serras,
equipamentos tornos, etc.
- Lidar com ferramentas
- Trabalhar em
condições de segurança
- Manter a calma e
desempenhar os serviços
com calma e precisão
- Proatividade
- Agilidade e disposição
no deslocamento quando
chamado a atender um
equipamento
- Trabalhar em equipe
ΣA ΣB ΣC ΣD
Quadro 13: Modelo de formulário para mensuração do grau de desenvolvimento das
competências individuais.
Fonte: Autor.
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pena, mas não havia mais uma única pessoa na organização que soubesse algo daquele
antigo projeto. Depois de cometer dispendiosos erros por ignorar a importância do
conhecimento, muitas empresas estão, agora, lutando para entender melhor o que
sabem, o que precisam saber e o que fazer a este respeito.”
Nesta situação relatada, fica evidente a importância em manter o conhecimento
já obtido e que a tecnologia não é suficiente para tal. Outra situação, apontada por
Davenport e Prusak (1999) é o caso ocorrido na Ford “onde criadores de novos carros
queriam repetir o sucesso da equipe original do Taurus. Mas ninguém se lembrou, ou
não se deu conta, de resgatar a experiência do antigo projeto. A Ford, certamente,
poderia desenvolver o novo projeto sem este know hall reconstruindo o conhecimento
necessário, contudo o tempo e o custo seriam imensamente maiores, além de
desnecessários. Por isso torna-se vital o registro do conhecimento, como já apontado,
assim como a transferência do mesmo.
Como o grande repositório de conhecimento são as pessoas, é necessário estudar
formas de retenção deste conhecimento mesmo com a perda de colaboradores.
Retomando o debate das competências, é importante o desenvolvimento das mesmas,
em âmbito organizacional, a fim de que mediante a perda de alguns elementos, como
colaboradores, a organização tenha a capacidade de recompor estes elementos.
Para iniciar o debate mais aprofundado sobre a gestão do conhecimento, são
apresentados exemplos de resultados do que a gestão do conhecimento pode conferir.
Assim, o Quadro 1 (Exemplos de empresas que utilizaram a gestão do conhecimento )
mostra algumas organizações que tiveram iniciativas nesta área e seus resultados
obtidos.
Outro benefício é que, ainda que todos tenham acesso aos processos da
organização, este serão difíceis de serem imitados. Portanto, as organizações que
investem na gestão do conhecimento, estão preparando-se para o futuro, enquanto
colhem os investimentos passados.
Ao falar de conhecimento há outros conceitos aliados, conforme apontam
Davenport & Prusak (1999): Experiência, verdade, discernimento e normas. A
experiência pode levar ao conhecimento. O que é absorvido ao longo das experiências
profissionais, e os momentos de capacitação, como cursos e livros que o indivíduo teve
acesso podem resultar em conhecimento.
O indivíduo que trabalhou em uma indústria gráfica pode ter obtido
conhecimento sobre os maquinários utilizados nesta atividade. Caso este passe a atuar
como representante comercial, por exemplo, vendendo uma determinada marca de
maquinários gráficos, sua experiência anterior será revertida em conhecimento útil para
sua ocupação atual. A leitura ou participação em cursos também podem fornecer
subsídios para os indivíduos quando estes demandarem certos conhecimentos. Estes são
ditos conhecimentos informais, ou seja, aqueles que são adquiridos sem que a pessoa
possua um diploma universitário. Neste caso o conhecimento depende mais do interesse
do indivíduo em estar buscando-o.
Os modelos mecanicistas e burocratizados desprezam e impedem o
desenvolvimento e disseminação do conhecimento. Como tem se percebido a
importância da gestão do conhecimento, as organizações precisam e estão revendo seus
modelos de gestão, adotando estruturas mais flexíveis. Não apenas as organizações, mas
os indivíduos que desejam permanecer competitivos no mercado de trabalho também
devem passar por um processo em que revejam seus conceitos. Não é mais suficiente
saber elaborar um demonstrativo de balanço patrimonial, por exemplo, é preciso criar
balanços de conhecimento. Ao invés de simplesmente aprender tarefas mecanicistas, é
preciso aprender a pensar, gerando ideias e soluções criativas e inovadoras.
O conhecimento a que mais estamos expostos é o informal, e neste tipo de
conhecimento precisamos estar atentos a sua validade. Com o advento da internet a
facilidade de acesso ao conhecimento tem permitido o alcance a um vasto conteúdo,
contudo, estes meios apenas reproduzem, sem passar por filtros críticos, técnicos e
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Antes de gerir alguma coisa, qualquer que seja, precisamos identificá-la, e saber
com o que e o quanto estamos lhe dando. Embora o conhecimento seja um conceito
abstrato, não é diferente. Desta forma, o primeiro passo é o mapeamento do
conhecimento.
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hierarquicamente superior. Mas isto não é uma regra, uma vez que, como no caso do
mestre cervejeiro, este estará atuando diretamente no chão de fábrica, mas sua
remuneração justifica seu grande conhecimento. A ocupação de altos cargos
hierárquicos depende da função desempenhada e cabe mais a alguns profissionais, como
administradores e engenheiros. É importante, neste ponto, atentar que assim como na
gestão por competências, cargo e remuneração são status, mas o conhecimento, por
vezes, pode estar acumulado em profissionais hierarquicamente inferiores e tidos como
secundários, com pouca visibilidade.
Neste ponto, retomamos a questão da escolaridade, já mencionada. Não
necessariamente a obtenção de títulos seja sinônimo de conhecimento, pois é muito
particular a trajetória que cada um traça ao frequentar uma instituição de ensino. Mas
temos também a questão da ampla especialização em uma área que não seja foco da
organização. Em cursos de mestrado e doutorado, por exemplo, os alunos fazem estudos
aprofundados em alguma área, o que o qualifica para tal, mas pode não ser um
conhecimento aplicável a dada organização. Este profissional pode ter o know hall da
pesquisa e sua experiência, mas não é um profissional de tanto valor para a organização.
Discutimos até aqui o quanto é importante que o conhecimento não seja estático,
e esteja em constante movimento dentro das organizações, então, agora precisamos
debater como fazer isto. É preciso desenvolver estratégias de conhecimento, ou seja,
abordagens para operacionalização da disseminação do conhecimento. A forma mais
simples para isso é a realização de reuniões, debates, e momentos de interação entre os
colaboradores.
Uma parte significativa da disseminação do conhecimento, nas organizações,
ocorre de forma informal. Por informal compreendemos um colaborador solicitando
ajuda para outro, ou até mesmo os bate papos em horários de intervalo. Uma vantagem
deste sistema é a agilidade, mas como desvantagens tem-se que nem sempre o
conhecimento é acessado de forma completa, ou em alguns casos nem mesmo acessado
é, como no exemplo do conserto da máquina de embalagens, no exemplo já citado.
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Sendo o sistema informal de grande importância, não seria hora, então, de criar um
sistema formal para gestão do conhecimento? Para demonstrar a necessidade de um
sistema formal de gestão do conhecimento apresentaremos algumas questões:
No sistema informal pode haver monopólio de informações, em que um
determinado grupo ou pessoa não repassa o conhecimento para o restante da
organização. Pode haver questões de afinidade que impeçam uma pessoa de buscar o
conhecimento com outra. Alguns indivíduos podem ter interesse em manter o
conhecimento exclusivo visando posições de poder. Em fim, não há como controlar o
conhecimento quando este é gerido apenas de maneira informal.
Pode-se, então, dizer que a conversa é a forma mais eficaz de transferir o
conhecimento, mas comumente as organizações contratam colaboradores com grande
conhecimento e lhes atarefam com grandes cargas de trabalho. As organizações mais
alinhadas com a gestão do conhecimento devem dar espaço para conversa. Se o
colaborador tem uma rotina de trabalho de 40 horas semanais, é interessante programar,
para ele, atividades que lhe tomem no máximo 35 horas semanais. As horas restantes
são destinadas a debates e reuniões que possam ser capazes de proporcionar a
transferência e interação do conhecimento. Este colaborador não só deve repassar seu
conhecimento como também absorver o que está disponível na organização, pois a
interação destes conhecimentos pode trazer ótimos resultados em termos de ideias e
expertise. É importante que os momentos de reflexão sejam documentadas e mapeadas a
fim de que possa ser disponibilizada para toda a organização.
O conhecimento pode se tornar caro devido a falta de acesso. Em reformulações
do quadro de pessoal, aplicação de técnicas de enxugamento do quadro funcional e
terceirizações pode-se perceber que alguns conhecimentos importantes foram perdidos.
Neste caso, a solução pode ser contratar consultorias a preços exorbitantes para fazerem
o que a organização já tinha a um preço irrisório, ou buscar captar novos talentos
detentores destes conhecimentos, o que nem sempre é fácil. Em alguns casos
profissionais detentores de certos conhecimentos podem ser raros, o que, de acordo com
a “lei” de oferta e demanda fará com que estes solicitem maiores salários.
Em resposta a estas situações, a gestão formal do conhecimento tende a torná-lo
disponível quando e aonde se desejar. Como resultados disto têm-se o ganho de
91
4.1.2.2 A observação
Não basta deter o conhecimento se este estiver em poder de apenas uma pessoa,
apenas um setor, ou se estiver guardado a sete chaves. O conhecimento deve fluir pela
organização. Para tanto passa por um processo, o qual Davenport e Prusak (1999)
denominam por codificação do conhecimento, que assegura sua difusão.
A codificação, ou difusão, também assegura que toda a organização possa
acessar a informação a medida de sua necessidade. Um conhecimento extremamente
técnico precisa ser traduzido de forma simples para poder atingir os colaboradores do
chão de fábrica, por exemplo. Colaboradores da área de marketing, por exemplo, podem
não compreender as informações do setor de P&D. Um setor também pode não
demandar todo o conhecimento, assim é necessário haver uma categorização das
informações que cada um precisa. Fenômeno este também denominado por modelagem
do conhecimento, conforme Davenport e Prusak (1999). Mas não se deve confundir
isto com omissão de informações e monopólio, como já abordado. O setor de
almoxarifado, por exemplo, precisa saber o que está sendo produzido, o que irá
produzir, as quantidades, etc., para que possa programar suas atividades, mas não
precisa informações de cunho estratégico de como a organização pretende conquistar
novos mercados.
O mapeamento do conhecimento é fundamental para sua difusão. Assim como,
quando viajamos, consultamos um mapa para saber como chegar a uma determinada
cidade, precisamos saber onde o conhecimento está para que possamos acessá-lo.
Identificar os diferentes tipos de conhecimento também é fundamental para acessá-lo.
Se quisermos encontrar um livro, procuramos em uma biblioteca, mas se quisermos
localizar um vídeo, procuramos em uma videoteca. Da mesma forma ocorre com o
conhecimento.
Ao mapear o conhecimento deparamo-nos com três modalidades de
conhecimento, a saber:
Conhecimento tácito: está inerente ao conhecedor, ou seja, está de posse
dos colaboradores. Estes detêm um conhecimento que não está
sistematizado, escrito ou estruturado. Na construção deste conhecimento o
indivíduo utilizou suas experiências e outros conhecimentos implícitos. A
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fluxo. Uma forma de criar tal mapa pode ser entrevistando os profissionais. Pode-se
escolher os entrevistados solicitando que o primeiro indique outras pessoas a serem
entrevistadas. A utilização da técnica bola de neve ou saturação, como sugerido por
Terra (2005), pode ser empregada nesta coleta de dados. Deve-se atentar, nesta fase,
para que o mapa não se torne político e exclua ou destaque mais do que o necessário
alguns colaboradores em relação a outros.
A partir dos mapas de conhecimento se identificam os conhecimentos que estão
sendo demandados. Se certo conhecimento só é dominado por um colaborador, pode ser
relevante ter outro colaborador com alta expertise neste conhecimento. Não só por
questões de desfalque, caso este colaborador deixe a organização, ou simplesmente tire
férias, mas também porque a partir da interação e socialização o conhecimento pode ser
potencializado.
Pode-se utilizar estas informações, também, em contratações, buscando-se
profissionais que já detenham os conhecimentos demandados pela organização. Assim,
se o conhecimento está retido apenas em uma pessoa, é um indicativo da necessidade de
difusão do mesmo, demandando estratégias para tal. A partir de então, destaca-se
algumas modalidades de conhecimento, a saber:
Conhecimento implícito: é aquela modalidade de conhecimento que já
transcendeu o indivíduo e está no dia a dia da organização, em sua cultura e
seus valores. Um processo produtivo dominado pela organização, o qual não
depende de apenas uma pessoa é um conhecimento implícito. Colaboradores
podem sair da linha de produção, por exemplo, e novos podem entrar, mas
tal processo não sofrerá alteração, pois o conhecimento está implícito ao
ambiente organizacional. O conhecimento implícito já foi um conhecimento
tácito, mas passou a ser implícito, assim, a grande barreira, portanto, é
conseguir que o conhecimento tácito se torne implícito, por ser um
conhecimento que atua em toda a organização e mais dificilmente perdido.
Uma dificuldade é identificar uma linha tênue de onde termina o
conhecimento tácito e começa o implícito, ou vice versa.
Conhecimento explícito: é aquele que transcende a organização. Se o
conhecimento tácito e implícito originam um livro, este passa a ser um
102
conhecimento como uma competência organizacional, por sua vez, suportada por
diversas outras competências menores. O mapa de conhecimento, apresentado na Figura
5 do capítulo 4 (Exemplo de mapa de conhecimento para um segmento, a produção. Um
mapa completo deve envolver toda a organização) pode ser compreendido como uma
arquitetura de competências. É também uma forma mais concisa para os gestores
visualizarem o conhecimento. Terra (2005) sugere, também, a integração da estratégia
do conhecimento com as competências, pois, segundo o mesmo, é apenas a partir de um
trabalho detalhado de compreensão das características e da natureza dos conhecimentos
que sustentam as estratégias competitivas que as organizações irão, de fato, construir
competências centrais.
URBAN, 2012). Assim, a cultura é tão relevante, pois influencia nas relações
interpessoais interiores e exteriores da organização, nas redes sociais, nos julgamentos
de valor e nas experiências. Assim sendo, um determinado conhecimento pode ser
aceito ou não de acordo com os julgamentos de valor dos colaboradores. Pode ser
socializado e disseminado, pode ser desenvolvido ou não, de acordo com a cultura
organizacional. João e Fischmann (2004) ao estudarem o caso da Embraer, concluíram
que o desenvolvimento de uma cultura possibilita criar estratégias baseadas no
conhecimento criando condições para a obtenção de uma vantagem competitiva e de
adição de valor.
Balceiro e Guimarães (2007) apresentam o caso da Petrobrás, onde a atuação da
gerência de Gestão do Conhecimento foi facilitada pelo fato de que a maioria dos
empregados da organização compreende que a Petrobras faz gestão do conhecimento
desde que foi criada, em 1953, ou seja, pode-se dizer que está arraigado na cultura da
empresa. Os autores explicam ainda que a maior parte das atividades relacionadas ao
processo chave da organização, de exploração, produção, refino e distribuição de
petróleo, é composta de atividades baseadas em conhecimento.
Em grandes organizações, todos os dias, diversas decisões são tomadas, por
diversos colaboradores, com maior ou menor poder de decisão. Ao falar em decisões
não falamos apenas de grandes transações comerciais, por exemplo, mas sobre carregar
uma empilhadeira com 2 ou com 3 caixas por vez. Para que a organizações caminhe de
forma uniforme, todos os colaboradores devem empregar seus conhecimentos em suas
decisões, contudo, um mesmo conhecimento pode resultar em várias ações. Assim, a
cultura organizacional age como balizadora deste processo de tomada de decisões. A
empilhadeira por suportar três caixas com algum risco, mas todos sabem que a cultura
da organização preza pela segurança. Em contra partida, se a cultura da organização
visasse a agilidade e o incremento dos resultados a qualquer custo, certamente, seriam
transportadas 3 caixas simultaneamente.
Outro fator importante da cultura está nos relacionamentos inter e intra-
organizacionais. As atitudes humanas são muito influenciadas pelo ambiente, assim,
havendo uma cultura que instaure um bom relacionamento e incentive a criatividade
pode propiciar o surgimento de novas ideias e qualquer conhecimento gerado, ampliado
108
Sendo o conhecimento algo que está na mente das pessoas, nada mais importante do que
as próprias pessoas, e a gestão deste recurso. Os pesquisadores que se dedicam a este
tema já quebraram o mito de que somente a remuneração atua como motivador. Fatores
como condições de trabalho e oportunidades de desenvolvimento também passaram a
ser fatores observados pelas organizações, uma vez que é o que os colaboradores
demandam.
A partir de então, outros sistemas da gestão de pessoas tem passado por
transformações. Já nos processos de recrutamento e seleção, são buscados indivíduos
com estes anseios, a fim de que se desenvolvam dentro da organização incrementando
conhecimento. Pode-se utilizar uma seleção baseada em competências, como já vimos
no capítulo 3, onde as competências chave para a função são elencadas e então é
verificado se os candidatos as possuem. São mecanismos relativamente simples, mas
que podem conferir importantes resultados.
A busca de profissionais com diferentes perfis e diferentes formações também é
importante, a fim de compor equipes interdisciplinares, como já comentado
anteriormente. Ainda, através do sistema baseado em competências, pode ser instalado
um sistema de promoções, de acordo com as entregas de cada indivíduo, ou das equipes,
conforme apontado no capítulo 3.
110
conhecimento, que permita não apenas o trâmite de informações, mas sim a codificação
destas em conhecimentos demanda algumas características que veremos a seguir.
As pessoas precisam de informações em tempo real, o que não é difícil, mas é
preciso que estas informações sejam filtradas e organizadas. Fazendo uma analogia ao
formato tradicional dos jornais, não adianta colocar jornais de todo o país, incluindo
cadernos de esporte, de moda, política, etc., na mesa de um corretor imobiliário. Este
profissional precisa apenas dos cadernos e classificados, e mais especificamente ainda,
dos classificados imobiliários, assim é vital que as informações, mesmo eletrônicas
sejam pré- selecionadas. Contudo, deve-se atentar que este corretor imobiliário possa ter
interesse em notícias do caderno de economia, onde pode haver informações úteis sobre
políticas de crédito imobiliário. Todas as informações certamente reduziriam a
produtividade deste profissional, assim destaca-se o primeiro papel de um sistema de
informações.
Os sistemas eletrônicos permitem, com muito mais facilidade, pesquisar, separar
e catalogar informações, mas nem sempre é utilizado ou desenvolvidas estas funções.
Ou seja, o benefício dos meio eletrônicos é potencial, não estando prontamente
disponível, o que requer coordenação de competências para sua gestão. Em relação ao
volume de informações disse Umberto Eco que “O excesso de informação provoca a
amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos,
ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar“.
O sistema de informações pode ter caráter interno ou externo. Interno é onde
circulam as informações da própria organização. É vital, por exemplo, que todos os
setores tenham acesso as informações necessárias ao seu funcionamento, ou ao
aprimoramento de seus serviços, tais como a adaptação e criação de novas rotinas para
novos produtos e serviços. Informações muito resumidas ou muito extensas podem não
atender as necessidades do receptor desta informação. Para o setor de produção, por
exemplo, pode ser relevante saber detalhes sobre um novo produto, tais como,
características de montagem, acabamento, funcionamento, etc. No entanto, o setor de
armazenagem, apenas precisa saber o tamanho que este novo produto ocupará nos
depósitos e nos caminhões de transporte. Para tanto, a fim de atender com qualidade
todos os setores é necessário adequar as informações para os objetivos que cada
113
receptor tenha.
As informações podem ser extra organizacionais, trocadas entre parceiros,
fornecedores, etc. Podem, ainda, ser de origem externa, o que pode requerer um filtro e
uma criticidade maior, a fim de atestar a confiabilidade das fontes. É importante que
cada setor estabeleça rotinas de busca de informações, incluindo suas fontes habituais e
confiáveis e sempre buscando novas formas de atualização.
Um sistema de informações pode ser configurado das formas mais simples até as
mais elaboradas. Um sistema de memorandos é um sistema de informações, uma vez
que cumpre seu papel, contudo, pode não ser o sistema mais eficiente e nem o mais
eficaz. Os sistemas informatizados certamente tem dominado este segmento e podem
ser desenvolvidos de acordo com as particularidades de cada organização. Em uma loja
de materiais de construção, por exemplo, ao comprar uma carga de tijolos,
automaticamente o sistema consulta a disponibilidade no estoque e quando haverá
disponibilidade para entrega.
Para o desenvolvimento de sistemas eficientes profissionais especializados da
área de informática e de gestão da informação devem ser contratados para o
desenvolvimento destes sistemas. Muitas vezes a organização não tem e nem deve ter
capacidade para isto, sob o risco de perder o foco em suas competências essenciais
como já discutimos. Uma construção participativa, ouvindo os futuros usuários pode
evitar problemas futuros. Para assessorar na alimentação de informações a este sistema,
outros profissionais como jornalistas podem ajudar.
Como visto, ao desenvolver o sistema de informações é importante responder
alguns questionamentos, tais como: Que informação este usuário demanda? qual o seu
grau de conhecimento prévio? como este irá acessar o sistema? O mais importante é que
desde o desenvolvimento e instalação destes sistemas haja a participação de todos,
assim, ter-se-á a garantia de um sistema eficiente e eficaz.
Vimos que o sistema de informações pode ser do mais simples ao mais
complexo, exigindo a presença de novos profissionais na organização, sejam
contratados ou terceirizados, assim como o desenvolvimento de novas competências
para tal. Uma tendência destes sistemas, como já apontado, é a integração de
fornecedores e clientes e outros atores da cadeia produtiva na mesma plataforma. Um
114
exemplo disto ocorre nas plataformas de pregões eletrônicos dos órgãos públicos, onde
comprador e fornecedor operam uma mesma plataforma.
Os portais corporativos são ambientes virtuais onde são disponibilizadas
informações entre empresa, colaboradores, fornecedores, clientes, parceiros e demais
elos da cadeia. Esta solução permite a troca de informações de forma padronizada,
estando pronta a entrar nos sistemas dos diferentes agentes da cadeia, conferindo
agilidade e economia. Como resultado tem-se uma gestão do conhecimento mais
efetiva, a qual também subsidia os processos de tomada de decisão.
Por fim, deve-se estruturar um instrumento de avaliação do sistema de
informações, visando sempre a melhoria do mesmo, haja vista, sua relevância na gestão
do conhecimento.
deixam de ter valor. Assim, a partir desta definição, o Quadro 1 (Principais diferenças
entre os sistemas de mensuração de ativos) demonstra as características dos ativos
tangíveis e intangíveis.
Pelo que vimos é possível entender que o valor dos ativos intangíveis é a
diferença entre o valor de mercado e o valor dos ativos tangíveis de uma empresa.
Conhecimentos
Competências
Marcas
Patentes
Cultura
Processos
A partir deste exemplo da Apple, pode-se inferir que grandes empresas não são
detentoras de todo conhecimento relativo a um produto, mas sim, que estas empresas
estão no centro de uma rede onde existem diversos outros parceiros. Um parceiro, como
a Samsung no caso do iPhone 4, pode, por sua vez, ter outros parceiros de onde advém
parte de seu conhecimento, caracterizando assim uma imensa rede (Figura 5 - Rede de
relacionamentos). Neste cenário, o estabelecimento de parcerias é uma competência
importante que tem sido desenvolvida nas empresas.
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Faz-se importante, após esta ilustração, relembrar que informações não são
sinônimos de conhecimento. Mas é claro que neste processo a empresa se deparará com
informações importantes, que podem, posteriormente, serem transformadas em
conhecimentos. Estas informações podem e devem ser captadas, mas o foco desta
atividade não pode ser perdido, que é a captação de conhecimentos para serem
internalizados pela organização, ajudando em seus processos.
123
Como visto, este primeiro grupo de indicadores coloca grande ênfase sobre
pesquisa e desenvolvimento (P&D) e recursos humanos e a partir de então passaremos a
visualizar estes itens como sub-indicadores da grande categoria Entradas/fontes de
conhecimento.
Os temas relativos a P&D (Indicador 6.1.1) mostram esforços para ampliar os
repertórios de conhecimento e de insumos para a busca deste objetivo. Contudo, apenas
uma fração de todos os insumos utilizados na criação de conhecimento são derivados de
metodologias formais de P&D, pois os esforços se baseiam em ideias de muitas fontes
diferentes, dentre os quais, fontes informais, intercâmbios profissionais, experiências de
usuários, alianças, etc.
Aquisição de tecnologias (Indicador 6.1.2) representa os avanços em termos de
produto/serviço. A aquisição de tecnologias, surge como demanda dos resultados em
P&D. Para tanto, desencadeia mais um elo desta cadeia, que é o desenvolvimento de
competências individuais (Indicador 6.1.3). O desenvolvimento destas competências
também é uma demanda de outros processos, e por outro lado o que origina os esforços
em P&D, por exemplo, e outras atividades intensivas em conhecimento.
As Patentes e marcas (Indicador 6.1.4), como derivam de ideias e representam
resultados de processos intensivos em conhecimento não poderiam deixar de compor
este hall de indicadores. Segundo a OCDE (1996) as patentes são os indicadores mais
próximos de permitir uma efetiva medição dos resultados do conhecimento. Embora as
patentes e marcas sejam ativos intangíveis, compõem um grupo que consta nos balanços
contábeis, e desta forma, não só o seu valor já declarado, mas a organização dos dados
facilitam o processo de sua mensuração. O estoque de patentes pode ser aproximado
utilizando dados sobre o uso e expiração dos prazos de direitos exclusivos.
O balanço de pagamentos tecnológicos (Indicador 6.1.5) visa mensurar o
conhecimento existente entre empresas parceiras ou concorrentes e, ainda, entre os elos
de toda cadeia produtiva. A OCDE explica que estes relacionamentos inter-empresas
incluem pagamentos de taxas de licenciamento e direitos de “compra” de
conhecimentos. Abarca, neste ponto, também as transferências internacionais de
conhecimento através do emprego de pessoal estrangeiro, serviços de consultoria,
investimento direto estrangeiro ou transferências intra-firma, que constituem avenidas
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utilizadas para que os serviços possam ser mensurados, como análise dos retornos
financeiros, de clientes, agregação de valor ao serviço, etc.
REFERÊNCIAS
EISENHARDT, K.M.; MARTIN, J.A. Dynamic capabilities: what are they? Strategic
Management Journal, 21, p. 1105-1121, 2000.
HAMEL. Competindo pelo Futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu
setor e criar os mercados de amanhã. 10 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
MILLS, J.; PLATTS, K.; BOURNE, M.; RICHARDS, H. Strategy and performance:
competing through competences. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
WALTON, R. Quality of working life: what is it? Slow Management Review. USA,
v.15, n.1, 1973: 11-21.