TDC.2018.19. Caderno Prático
TDC.2018.19. Caderno Prático
TDC.2018.19. Caderno Prático
CADERNO PRÁTICO
V E R S Ã O I N C O M P L E TA – A C O M P L E TA R A O L O N G O D O S E M E S T R E
M A R I A H E LE N A DA MI ÃO
O seu uso é exclusivamente interno, não podendo ser divulgado, seja de que modo for, além
deste contexto.
FICHA TÉCNICA
Página
07 Programa
21 Ponto de partida
29 Tarefas práticas
31 1. Elaboração de um parecer
00 Teste formativo
00 Referências bibliográficas
Adquirir conhecimentos
Compreender conhecimentos
9
Helena
Damião
Assim, mais ou menos explicitamente, estes aspectos encontram-se patentes em planos
de estudos antigos, medievais, modernos e contemporâneos.
Quando analisamos esses planos, constatamos que tais decisões resultam de concepções
de Educação (e de como ela pode influenciar a Humanidade, a Sociedade e a Pessoa), que se
constituem como seus fundamentos. Além disso, elas são explicitadas e operacionalizadas se-
gundo preceitos metodológicos, decorrentes, claro está, dessas concepções.
No início do século XX entendeu-se reunir a problemática enunciada numa área especia-
lizada, que viria a tornar-se numa das mais prestigiadas e produtivas da Educação e da Pedago-
gia. A sua designação é Estudos curriculares.
São imputadas duas vertentes a tal área: teoria curricular, relativa aos fundamentos do
currículo, é eminentemente conjectural, especulativa e convoca uma abordagem analítica; e
desenvolvimento curricular, relativa a metodologias de organização do currículo escolar, é emi-
nentemente de realização, de aplicação e convoca uma abordagem prática. E, não obstante a
identidade de cada uma, encontram-se intimamente relacionadas: a primeira alicerçando a se-
gunda; a segunda regulando a primeira (cf. figura 1):
Fundamentos Metodologias
O programa, que se apresenta de seguida, foi elaborado de forma a concretizar esta dupla
finalidade1.
(a) Assembleia da República/Ministério da Educação: Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º 49/2005,
de 30 de Agosto, subsecção III, relativa ao ensino superior); Regime Jurídico dos Graus e Diplomas
Académicos do Ensino Superior (Decreto-lei n.º 115/2013, de 7 de Agosto, republicação do Decreto-
lei n.º 74/2006, de 24 de Março, alterado pelos Decreto-lei n.º 107/2008, de 25 de Junho, e Decreto-
lei nº 230/2009, de 16 de Setembro).
10
Helena
Damião
Conteúdos
Introdução
- Sentido(s) de currículo escolar
- Concepções de educação, concepções de currículo escolar
Síntese
- Uma definição de currículo escolar
- Um esquema de desenvolvimento curricular
- Função dos profissionais no campo curricular
Regulamento n.º 321/2013, de 23 de Agosto (acesso aqui); Regulamento Disciplinar dos Estudantes
da Universidade de Coimbra, Regulamento n.º 228/2012, de 24 de Julho (acesso aqui).
11
Helena
Damião
Objectivos
A unidade curricular orienta-se por cinco objectivos gerais (um de carácter afectivo e
cinco de carácter cognitivo), que são especificados segundo uma ordem taxonómica:
Articulação conteúdos/objectivos
A articulação dos conteúdos com os objectivos deve permitir que o estudante seja capaz
de: analisar documentos curriculares e organizar processos curriculares:
Introdução
Currículo
Concepções
1. 2.
TEORIA CURRICULAR DESENVOLVIMENTO CURRICULAR
Síntese
Definição e esquema
Papel
12
Helena
Damião
Metodologia
Essa exploração e essa redacção devem ser apoiadas nos seguintes eixos:
– De que ideia(s)/pressuposto(s)/dado(s)… se parte/pode partir?
– Que discussão/debate/apresentação/análise teórica e/ou empírica, se faz/pode fazer
da(s) ideia(s)/pressuposto(s)/dado(s)…?
– Que estratégias/metodologias/procedimentos/técnicas foram(podem ser usadas?
– Qual(ais) a(s) conclusão(ões) a retirar/síntese(s) que foram/podem ser feitas?
– Que recomendação(ões)/implicação(ões) foram/podem ser retiradas?
– Outros aspectos.
Ter um caderno para a unidade curricular, no qual, além de guardar anotações das sessões
presenciais e decorrentes do estudo autónomo, poderá incluir reflexões que os temas
abordados lhe sugerirem, textos, referências, etc.
13
Helena
Damião
Na redacção do relatório e de outros textos académicos, é importante seguir os passos:
– Reunir informação adequada e suficiente;
– Planificar a redacção;
– Escrever uma primeira versão;
Considerar que tais textos devem denotar racionalidade e formalização, sendo muito distin-
tos do modo conhecido por “escreve como fala” no quotidiano. De facto, dada a sua natureza,
têm de ser inequivocamente compreendidos, permitindo, eventualmente, uma discussão que
vá além do seu conteúdo. Assim, o discurso deve denotar:
Avaliação
14
Helena
Damião
Em todo o trabalho com fins de avaliação – diagnóstica, formativa ou sumativa – não deve
perder de vista os conteúdos e os objectivos definidos. Assim, além de se interrogar sobre a
atitude de valorização e de apropriação de conhecimento, deve interrogar-se sobre os proces-
sos cognitivos. O seguinte quadro permite-lhe regular a aprendizagem:
“1. A fraude ou tentativa de fraude cometida em sede de avaliação (…), ao violar o princípio
de base da honestidade académica, inviabiliza essa mesma avaliação e leva à reprovação li-
minar do/a estudante nessa inscrição na unidade curricular em causa.
2. O docente deve comunicar o facto à Direção para efeitos de procedimento disciplinar.
3. Se, em momento posterior à concessão do grau, se verificar que um estudante cometeu
fraude ou plágio em prova ou trabalho essencial à obtenção do grau (…) é-lhe anulada a res-
petiva classificação e retirado o respetivo grau" (Normas de Avaliação da Faculdade, 2017).
15
Helena
Damião
Calendarização
Tendo em conta o calendário lectivo, o programa delineado, bem como o peso de seis
ETCS da unidade curricular, a organização do trabalho é a seguinte.
5ª 1.4. A teleologia na base do currículo Tarefa 1.4. Educar para quê? Elaboração de
1.5. Sentido ético do currículo Tarefa 1.5. Que valor(es) deve(m) guiar um parecer téc-
a educação? nico
6ª 1.6. Enquadramentos epistemológicos Tarefa 1.6. Que conhecimento(s) esco- e
do currículo lher? Construção de
um processo cur-
7ª 1.7. Implicações curriculares do saber Tarefa 1.7. Como se aprende? ricular
científico sobre a aprendizagem
13.ª 2.5. O currículo em interacção Tarefa 2.5. Há que trabalhar a/na rela-
ção interpessoal…
SÍNTESE
14.ª Uma definição de currículo escolar Função dos profissionais no campo cur- Relatório:
Um esquema de desenvolvimento curri- ricular Síntese
cular
Época de exames
- Realização de Prova de tipo A (Teste teórico)
- Apresentação de Prova de tipo C (Relatório)
Nota: A realização da componente prática requer a presença em pelo menos 7 sessões práticas
(das 14 previstas).
16
Helena
Damião
ANEXO “Programa. 1”
GRELHA PARA REDACÇÃO DE TEXTOS ACADÉMICOS
Aspectos Especificação
RELATIVOS AO TIPO DE TEXTO
Especificidade • Antes de iniciar a redacção, determinar o tipo de texto e os destinatários.
• Atender a normas da publicação, caso existam.
Ver, por exemplo, as normas dos trabalhos académicos na Universidade de Coimbra
(aqui e aqui) e da Revista Portuguesa de Pedagogia (aqui).
RELATIVOS AO PROCESSO
Fases de • Planificar, redigir e rever (em papel) o texto. Repetir este processo tantas vezes quan-
produção tas as necessárias para conseguir o texto pretendido.
RELATIVOS AO CONTEÚDO
Estrutura • Segmentar as unidades de discurso em que o texto se organiza (mais gerais e mais es-
pecíficas: texto, capítulo, tópicos, pontos…, parágrafos, frases…).
• Articular tais unidades de modo que a progressão seja evidente e consistente.
Coesão • Organizar, sintacticamente, as frases de modo que sejam inteligíveis.
• Articular, de maneira lógica, frases, parágrafos, pontos…
• Usar conectores adequados: de causa, explicação, inferência, oposição, condição…
• Pontuar de modo intencional e correcto.
• Harmonizar tempos verbais (passado/presente/futuro), género (feminino/masculino),
número (plural/singular), autoria (impessoal/ 1ª pessoa do singular/do plural).
Repertório • Escolher criteriosamente o vocabulário, em função do tipo de texto e destinatários
vocabular • Variar o vocabulário (sinonímia, adjectivação…) mantendo os termos técnicos.
Ortografia • Correcção ortográfica. Texto sem erros, por referência a uma norma ortográfica.
RELATIVOS À FORMA
Caracteres • Tipo e tamanho: De acordo com as normas previstas e com a sua funcionalidade.
Mancha • Designadamente: entrelinhamento, justificação à esquerda e direita, entradas de pa-
rágrafo, paginação, identificação de figuras, quadros, tabelas e gráficos…
Coerência • Designadamente quanto ao tipo e tamanho dos caracteres, caracteres maiúsculos/ mi-
formal núsculos; aspas, itálico, negrito e sublinhado…
Destaques • Usar, de modo adequado e coerente, aspas, itálico, negrito, sublinhado.
• Identificar os documentos e as suas partes (capa, título…).
Siglas • Não devem perturbar a leitura. Sempre que possível, dispensá-las ou usar apenas as
mais comuns. Explicitá-las quando surgem pela primeira vez e/ou em lista inicial.
Referenciação • Referir no corpo do texto toda a informação colhida nos documentos efectivamente
bibliográfica consultados. Referir esses documentos na lista de referências.
Atender às normas estabelecidas, por exemplo, pela Universidade de Coimbra (aqui).
e pela Revista Portuguesa de Pedagogia (aqui).
RELATIVOS AO ESTILO
Linguagem • Sóbria. A menos que se pretenda relatar algo, não se deve recorrer à ironia, a metáfo-
ras, à gíria…
• Acessível. Para que o texto seja lido fluente e compreensivelmente, as frases e os pa-
rágrafos devem ser curtos.
• Clara, de modo a não suscitar interpretações diversas por parte dos leitores.
• Uso preciso de termos técnicos (que se devem manter estáveis ao longo do texto). Os
termos mais equívocos devem ser explicados quando surgem pela primeira vez.
Informação • Pertinente para o tipo de texto e tema, bem como para os destinatários.
• Concreta, baseada em factos, teorias, dados… colhidos em trabalhos reconhecidos.
• Económica, explicitando o fundamental, mas sem deturpações.
• Lógica, seguindo uma organização racional, para uma leitura eficaz e substancial.
RELATIVOS À ÉTICA
Honestidade • Respeitar e declarar a autoria de trabalhos consultados, não inventar informação...
intelectual • Manter a confidencialidade de dados pessoais e institucionais (reservados).
• Considerar os diversos tipos de responsabilidade inerentes à publicação.
• Considerar a dignidade que assiste a pessoas e instituições.
(Atender às normas estabelecidas pela Universidade de Coimbra: aqui e aqui).
e pela Revista Portuguesa de Pedagogia (aqui)
Grelha realizada com base em normas vigentes para redacção de trabalhos académicos e na identificação de erros cometidos nesse tipo de trabalhos.
17
Helena
Damião
ANEXO “Programa. 2”
ESCREVER BEM EM 7 PASSOS
Sandra Duarte Tavares | VISÃO | 2017
18
Helena
Damião
porém, contudo, todavia…”. E para concluir: propósito atribuir um sentido figurado às pa-
“em suma, concluindo, finalmente...”. lavras. Eis um exemplo elucidativo:
Estes são alguns dos conectores que per- Sentido literal: Escrever bem é uma tarefa
mitem um encadeamento lógico entre as fra- muito difícil hoje em dia.
ses e os parágrafos, facilitando a compreen- Sentido metafórico: Escrever bem é, hoje
são do texto ao seu leitor. em dia, uma autêntica prova de esforço.
Mecanismos estilísticos como este são,
5. PONTUE BEM O SEU TEXTO sem dúvida, a maquilhagem do texto, que se
quer bela, mas muito suave! Adornar o texto
Outro mecanismo que assegura a coesão
de forma equilibrada é, portanto, o sexto
textual é a pontuação. A pontuação é o tem-
passo para o seu sucesso.
pero do texto, mas mal usada pode ser um au-
têntico dissabor. Quando o leitor tropeça num
7. ELIMINE OS ERROS QUE MANCHAM O SEU
sem-número de vírgulas, parênteses e traves-
TEXTO (E A SUA IMAGEM!)
sões, acaba por perder o fio condutor da lei-
tura. Escrever sem erros ortográficos ou grama-
E vírgulas a menos podem também ser um ticais é um dos maiores desafios para quem
grande problema: podem alterar de forma escreve. Palavras mal escritas podem ser um
drástica o sentido de uma frase. Se não colo- autêntico atropelo à comunicação: podem
carmos vírgulas na frase “O marido da Ana causar equívocos, ambiguidades e trazer al-
que trabalha no Porto chega hoje”, ficamos a guns dissabores.
pensar que a Ana tem mais do que um ma- Se, por exemplo, escrever “Pedi ao banco
rido! E atenção à regra proibida mais impor- o meu extrato descriminado”, em vez de “dis-
tante: nunca separe por vírgula o sujeito do criminado”, o que estará a dizer é que o ex-
predicado, nem o verbo dos seus complemen- trato foi absolvido de um crime, pois descrimi-
tos! Nunca! nar é o oposto de incriminar!
Memorize este princípio: os elementos Nódoas linguísticas como “à pouco, à anos
centrais da comunicação nunca se separam atrás, tu faltas-te à reunião, trás o guarda-
por vírgula. E a máxima less is more funciona chuva, eles vêm TV, ele interviu, houveram
muito bem quando falamos de pontuação. pessoas, aderência à greve, ir de encontro às
expectativas, perca de tempo” são não só um
6. CAUSE IMPACTO COM O SEU TEXTO embaraço a uma comunicação eficaz, como
podem comprometer o seu sucesso profissio-
Um texto pode estar irrepreensivelmente
nal, arruinar a sua imagem e fazê-lo perder,
bem escrito, respeitando todas as regras orto-
em poucos segundos, a sua reputação e credi-
gráficas, sintáticas, de pontuação e ainda as-
bilidade.
sim não causar qualquer impacto no leitor.
Qualquer tipo de texto tem uma intenção:
E agora?
um texto didático ensina; uma notícia in-
forma; um romance emociona, etc., etc. Para Guarde estas dicas num “estojo de primei-
que cada um destes objetivos seja alcançado, ros-socorros linguísticos” e nunca se esqueça:
o texto deve conter marcas estilísticas que to- Escrever bem é uma tarefa difícil, mas possí-
quem e inspirem o leitor e, em certos casos, o vel!
levem a realizar uma determinada ação. A escolha certeira das palavras e a sua boa
A língua dispõe de vários mecanismos que articulação contribuirão seguramente para
contribuem para o embelezamento e impacto que possa elevar a sua comunicação escrita a
de um texto. Objetivo? Tão-somente embele- um nível de excelência, projetando uma ima-
zar e valorizar! gem pessoal e profissional credível
Um dos recursos estilísticos mais eficazes
na comunicação é a metáfora, que tem como
19
Helena
Damião
20
Helena
Damião
PONTO DE PARTIDA
(Elementos reais). O Ministério da Educação procedeu, mais uma vez, nos últimos dois
anos (2016-2018), a alterações no currículo do ensino básico e secundário, no âmbito do
denominado “Projecto de Autonomia e Flexibilidade Curricular”. Essas alterações abran-
gem a área de “Educação para a Cidadania”, agora enquadrada na “Estratégia Nacional
de Educação para a Cidadania” (ENEC) e designada por “Cidadania e Desenvolvimento”.
Em concreto, o Agrupamento de Escolas começa por lhe pedir que colabore na mencio-
nada tarefa, que, logo, prevê não ser propriamente fácil. Para se preparar o melhor possível,
faz o que se indica de seguida.
23
Helena
Damião
- a sua função profissional neste processo: tenta perceber o que se espera de si, com
quem pode trabalhar, como o pode fazer, etc.
3. Considerando que trabalhar na área do currículo escolar implica uma constante refle-
xão sobre o(s) seu(s) sentido(s) e a(s) sua(s) finalidade(s) última(s), mas também sobre
as decisões que implica, os seus efeitos e responsabilidade que acarreta, sem descui-
dar os dissensos e dilemas que desencadeia,
- vê o filme “A educação de Rita”, com estes aspectos em mente, sem excluir outros
que se lhe afigurarem relevantes, procurando apreender informação que contribua
para uma discussão aprofundada.
4. Por fim, estando consciente de que precisa saber fazer documentos curriculares, ten-
ta:
- construir um plano para orientar a “Educação para a cidadania” num dos ciclos do
ensino básico/ano de escolaridade/tema/aula/actividade…
- explicitar as decisões que tomou ao longo dessa tarefa. Para tanto, usa o Anexo
“Ponto de partida. 2”. Este exercício ganha em ser realizado com um ou vários colegas.
NOTAS:
24
Helena
Damião
ANEXO “Ponto de partida. 1”
ARTIGOS DE RESPONSÁVEIS POLÍTICOS PELO CURRÍCULO ESCOLAR
Educação para um mundo melhor: um debate do? Como podem os sistemas educativos de-
em curso a uma escala global senvolver esse conjunto de competências?
Público, 16 de Fevereiro de 2018 O projeto não procura estabelecer uma
abordagem uniforme para os sistemas educa-
Estamos todos convidados a perguntar
tivos, porque isso não ajudaria a responder a
qual o melhor modelo de aprendizagem
que ajudará os alunos a ter sucesso no de- estas questões. Pelo contrário, fornece uma
senho do mundo sobre o qual agirão. plataforma para o desenvolvimento de uma
compreensão partilhada sobre desenho curri-
Enfrentamos hoje desafios sem prece-
cular.
dentes — sociais, económicos e ambientais —
Estudantes preparados para o futuro
provocados por uma globalização em acelera-
precisam de ser agentes ativos quer na sua
ção e por um muito mais rápido desenvolvi-
própria educação, quer na sua própria vida.
mento tecnológico. Paralelamente, estas for-
Ser agente implica um sentido de responsabi-
ças conferem uma miríade de novas oportuni-
lidade para participar no mundo e, assim, in-
dades para o desenvolvimento humano. O fu-
fluenciar pessoas, eventos e circunstâncias
turo é incerto e não o conseguimos predizer;
para o que é melhor. Ser agente assenta no
mas é preciso estar disponível e preparado
poder de modelar um propósito e identificar
para esse futuro.
ações para o conseguir.
As crianças que entram nos sistemas
Uma educação de sucesso prepara jo-
educativos em 2018 serão jovens adultos em
vens que pensam por si só e trabalham e vi-
2030. As escolas têm de os preparar para em-
vem com os outros. Isto implica desenvolver a
pregos que ainda não foram criados, para tec-
capacidade de resolver problemas complexos,
nologias que não foram ainda inventadas,
de questionar a sabedoria estabelecida, inte-
para resolver problemas que ainda não foram
grando conhecimento emergente, de comuni-
antecipados. Aproveitar oportunidades e en-
car eficientemente e de promover o bem-es-
contrar soluções será uma responsabilidade
tar.
partilhada.
Os jovens precisam do conhecimento
Temos a responsabilidade de educar es-
que é adquirido sem o recurso único a rotinas
tas crianças, tornando-as competentes, equi-
de memorização. Formas múltiplas de avalia-
padas com o conhecimento, as capacidades,
ção, metodologias ativas de ensino e aprendi-
as atitudes e os valores que os tornam capazes
zagem, trabalho interdisciplinar, trazendo o
de ser os construtores de um futuro melhor.
mundo real para dentro da sala de aula — es-
Estamos todos convidados a perguntar
tes são ingredientes nucleares para este obje-
qual o melhor modelo de aprendizagem que
tivo de promover uma aprendizagem melhor
ajudará os alunos a ter sucesso no desenho do
e mais profunda.
mundo sobre o qual agirão.
A partir das Competências Chave (desen-
Através do projeto da OCDE O futuro da
volvidas no projeto OCDE DeSeCO – Definição
educação e competências 2030, 29 países e
e Seleção de Competências), o projeto Educa-
economias estão a colaborar para encontrar
ção 2030 identificou três categorias adicio-
perguntas para duas perguntas prementes:
nais, conhecidas como Competências Trans-
De que tipo de conhecimentos, capacidades,
formadoras:
atitudes e valores vão necessitar os estudan-
(1) Criar novos valores: é necessário pen-
tes para ter sucesso e modelar o seu mun-
sar criativamente, desenvolver novos produ-
25
Helena
Damião
tos e serviços, novos empregos, novos proces- com os seus professores, os seus colegas, fa-
sos e métodos, novas formas de pensar e vi- mílias e comunidades.
ver, novas empresas, novos setores, novos Um conceito fundamental que subjaz a
modelos de negócio e novos modelos sociais. este modelo de aprendizagem é, portanto, o
Cada vez mais, a inovação não emerge de in- de “co-construção” — as relações interativas
divíduos que pensam e trabalham sozinhos, de suporte mútuo que ajudam os alunos a
mas da cooperação e colaboração que permi- progredir em direção aos seus objetivos.
tem criar novo conhecimento a partir do co- Neste contexto, todos devemos considerar-
nhecimento existente; nos aprendentes, não apenas os alunos, mas
(2) Reconciliar tensões e dilemas: é hoje também os professores, as escolas, os deciso-
necessário pensar de forma mais integrada res políticos, as famílias e as comunidades. Se
para impedir conclusões prematuras e reco- a aprendizagem está no centro, é crítico o de-
nhecer interconexões. Num mundo de inter- senvolvimento de comunidades de aprendiza-
dependência e conflito, os indivíduos assegu- gem."
rarão com sucesso o seu bem-estar, o das suas O grupo de consultores do Projeto da OCDE Future of
famílias e das suas comunidades, somente Education and Skills 2030:
através do desenvolvimento desta segunda João Costa, Secretário de Estado da Educação, Portu-
gal
competência transformadora: a capacidade Suzanne Dillon, Subinspectora-geral, Departamento
de reconciliar os seus próprios objetivos com de Educação e Competências, Irlanda
Kan Hiroshi Suzuki, Consultor Executivo do Ministério
as perspetivas dos outros; da Educação, Desporto, Cultura, Ciência e Tecnologia,
(3) Assumir responsabilidade: lidar com a Japão
novidade, a mudança, a diversidade e a ambi- Moonhee Kim, Ministra, Delegação Permanente da
República da Coreia na OCDE, Coreia do Sul
guidade assume que os indivíduos podem Jørn Skovsgaard, Conselheiro Sénior de Educação,
pensar autonomamente e trabalhar com os Ministério da Educação, Dinamarca
Em colaboração com a OCDE:
outros. De igual modo, a criatividade e a reso- Andreas Schleicher, Director de Educação, OCDE
lução de problemas requer a capacidade para
considerar as consequências futuras das
ações de cada um, para avaliar risco e recom-
pensa, e para aceitar a responsabilização pe- Aprendizagens Essenciais vs. “Eu dei isso”
los produtos do trabalho desenvolvido. Isto Público, 1 de Agosto de 2018
sugere um sentido de responsabilidade, e ma-
É frequente, em diálogo com alunos, fa-
turidade moral e intelectual, com a qual uma
lar-se de algum tema ou facto e ter-se como
pessoa pode refletir sobre as suas ações e ava-
liá-las à luz das suas experiências e dos objeti- resposta: “Eu dei isso.” Porque apenas deu,
não ficou com nada e alguns conhecimentos
vos pessoais e da sociedade, à luz do que lhes
fundamentais voaram com o vento. Baseou a
foi ensinado e dito, e à luz do que está certo
sua aprendizagem num “toca e foge” sobre
ou errado.
vários conteúdos, numa tarefa que se terá es-
Muitos atores são chamados a desempe-
gotado em rotinas de memorização, “maté-
nhar um papel para que estas competências
possam ser desenvolvidas. Para ajudar a de- ria” despejada no dia do teste e esquecida
pouco tempo depois.
senvolver o compromisso e a capacidade de
O Ministério da Educação entendeu ou-
ser agente naqueles que aprendem, precisa-
vir os professores, peritos, famílias e alunos
mos não só de reconhecer a sua diversidade
sobre o estado do currículo. A opinião é prati-
individual e o seu potencial, mas também de
camente unânime: os programas são exten-
reconhecer que o conjunto mais largo de rela-
ções que influenciam a sua aprendizagem — sos.
26
Helena
Damião
A extensão dos programas tem várias aprendizagens significativas e, sobretudo, in-
consequências: os alunos não têm tempo para cluir mais alunos.
consolidar aprendizagens; não têm tempo (…) Numa análise recente aos resultados
para treinar, falhar e aplicar o conhecimento dos exames nacionais dos últimos anos, veri-
em novas situações; não há oportunidade de fica-se que os maus resultados não estão as-
aprofundamento de temas; não há tempo sociados a itens de memorização de conteú-
para o desenvolvimento de competências es- dos, mas sim aos que requerem aplicação de
senciais, como a leitura crítica, a pesquisa au- conhecimento em novas situações, raciocínio,
tónoma de informação ou a aprendizagem ba- análise, interpretação e escrita. Estas são
seada em problemas; não sobra tempo para a competências identificadas como essenciais
relação dos temas e conteúdos disciplinares no Perfil dos Alunos e que a flexibilidade cur-
com outros temas. De forma particularmente ricular permite desenvolver melhor.
grave, não sobra tempo para a inclusão dos Quisemos que este trabalho tivesse na
alunos com mais dificuldades. Se não acompa- sua origem professores que conhecem o ter-
nham o ritmo a que os programas extensos reno, as salas de aula reais e os alunos de
obrigam, a única solução é encaminhá-los carne e osso de todos os contextos. Estes pro-
para outras ofertas ou para outros espaços. fissionais são quem nos sabe dizer o que é
Os professores reportam que vivem na exequível, o que nenhum aluno pode deixar
angústia de ter de “dar o programa”, ainda de aprender para poder progredir com su-
que conscientes de que muitos alunos não es- cesso e o grau de autonomia de que precisam
tão a aprender. As aprendizagens tornam-se para garantir que todos acedem ao currículo.
superficiais e facilmente descartáveis. Desprezar o seu conhecimento tem sido um
Foi neste contexto que se decidiu iniciar erro crasso nalguma tradição de construção
o trabalho conducente à identificação de de documentos curriculares.
Aprendizagens Essenciais a partir dos docu- Pela primeira vez, todas as disciplinas e
mentos curriculares em vigor. Este trabalho anos foram trabalhados em paralelo, garan-
foi desenvolvido pelas associações de profes- tindo-se que a Filosofia comunica com a Ma-
sores, em conjunto com a Direção Geral da temática, que o Português sabe o que se
Educação e com peritos das áreas disciplina- aprende em Inglês ou História, assegurando-
res e especialistas em educação. Estiveram se coerência conceptual entre os diferentes
também envolvidos psicólogos e especialistas documentos e identificando problemas de se-
em neurociências, porque não basta definir o quencialidade ou de repetição dos mesmos
que se aprende, se não se conhecer como se conteúdos em várias disciplinas. Este foi um
aprende. Pretendeu-se elencar o conjunto de trabalho muito difícil (…).
conhecimentos, capacidades e atitudes a de- Pela sua dificuldade, quisemos que este
senvolver em cada disciplina e em cada ano, trabalho fosse monitorizado, avaliado por es-
em articulação com as áreas de competência colas, sujeito a consulta pública e validado por
inscritas no Perfil dos Alunos, chegando-se, vários especialistas em currículo.
assim, a uma clara perceção de qual o contri- Tudo isto, porque aprender melhor e
buto de cada área disciplinar para se atin- com significado é crucial para termos jovens
girem competências como a resolução de pro- que exercem a sua cidadania de forma plena,
blemas, o pensamento crítico ou o raciocínio alicerçada em conhecimento consolidado e
científico. Liberta-se, assim, tempo para o que não em vagas memórias de coisas que “se de-
não tem sido possível fazer: aprofundar al- ram” e não permaneceram.
guns temas, selecionar outros tópicos ade-
João Costa, Secretário de Estado da Educação.
quados aos contextos específicos, potenciar
27
Helena
Damião
ANEXO “Ponto de partida. 2”
EXPLICITAÇÃO DE DECISÕES CURRICULARES PRÉ-ACTIVAS
(Maria Helena Damião, última revisão: 2018)
Volte ao momento em que elaborou o documento curricular e explicite as decisões que tomou. Re-
giste o que explica à/ao seu/sua colega e o que ele/ela lhe explica.
28
Helena
Damião
TAREFAS PRÁTICAS
“QUERO
Que deixes de fumar
Que uses o cinto de segurança
Que comas legumes
Que não te ponhas ao Sol
Que emagreças
Que garantas a segurança aos
teus filhos no banco traseiro
Que fales de questões raciais
Que uses preservativo
Que te ofereças como voluntário
Que comas menos carne vermelha”
“Os alunos ouviram repetir todos os dias e em todos os tons (…) de-
semprego e sida para todos, é o que vos espera. Sim, foi o que andá-
mos a dizer-lhes, pais ou professores (…) para os motivar mais.”
29
Helena
Damião
30
Helena
Damião
1
ELABORAÇÃO DE UM PARECER
31
Helena
Damião
Retomando o cenário fictício antes apresentado, suponha que o Agrupamento de Escolas, em
- Educação financeira;
- Educação para o empreendedorismo.
O primeiro passo que sabe que tem de dar é recolher e explorar os documentos que, no
presente, orientam a componente de “Educação para a cidadania” em Portugal e que as enqua-
dram, bem como os que lhe são específicos.
DOCUMENTOS LEGAIS
Constituição da República Portuguesa (revisão de 2005)
Lei de Bases do Sistema Educativo (revisão de 2005: Lei n.º 49/2005, de 30 de Agosto)
Despacho n.º 6173/2016, de 10 de maio - Grupo de trabalho que concebe uma estratégia de Edu-
cação para a Cidadania
Despacho 6478/2017, de 26 de julho – Homologa Perfil dos alunos à saída da escolaridade obri-
gatória;
Despacho 5907/2017, de 5 de Julho - Regime de Autonomia e Flexibilidade Curricular;
Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho - Currículo dos ensinos básico e secundário e os princípios
orientadores da avaliação das aprendizagens
Despacho n.º 6944-A/2018, de 19 de julho. Aprendizagens Essenciais do ensino básico
32
Helena
Damião
O segundo passo é fixar um entendimento de parecer:
Num parecer explicita-se, de modo sintético, sóbrio, objectivo e claro, o essencial de uma
análise especializada e, com base nela, apresenta-se a posição do autor (o parecer propria-
mente dito) que esclarecerá outrem, em princípio não especialista, com vista a uma eventual
deliberação.
A sua estrutura é a seguinte: (1) introdução, (2) corpo e (3) parecer.
O título deve ser esclarecedor.
No final, é datado e assinado (e identificadas das credenciais académicas e/ou profissionais
do seu autor ou autores).
O terceiro passo é realizar a análise do documento específico que escolheu, a qual incide
O último passo é redigir o parecer, tendo em conta os quatro mencionados itens e seguir
uma estrutura do tipo daquela que se apresenta no Anexo “Tarefas práticas - Elaboração de um
parecer. 4”. Deve, ainda, ter em conta os preceitos de escrita académica (cf. Anexo “Programa.
1 - Grelha para redacção de textos académicos).
Não obstante, estas indicações, a redacção deve ser entendida de modo flexível, ade-
quada ao documento em análise.
Para se inteirar melhor do que se pretende, poderá ler, a título de exemplo, o parecer
que se apresenta como exemplo no Anexo “Tarefas práticas - Elaboração de um parecer. 5”.
NOTAS:
33
Helena
Damião
ANEXO “Tarefas práticas – Elaboração de um parecer. 1”
GRELHA PARA ANÁLISE DE DOCUMENTO CURRICULAR: IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GERAL
(Maria Helena Damião, última revisão: 2015)
Título _______________________________________________________________________________
Tipo: Currículo I Programa I Metas I Planificação I Projecto I Orientações I Outro ___________________
Contexto de educação/formação a que se destina ___________________________________________
Sujeitos a que se destina ________________________________________________________________
Autores ______________________________________________________________________________
Entidade que o publica __________________________________ Data de publicação ______________
Outros elementos identificadores ________________________________________________________
Outro
Especificação Vertente enfatizada (aluno, contexto social, mercado de trabalho, funcionamento da socie-
dade, crescimento económico…)?
Outros aspec-
tos
34
Helena
Damião
ANEXO “Tarefas práticas – Elaboração de um parecer. 2”
GRELHA PARA ANÁLISE DE DOCUMENTO CURRICULAR: ASPECTOS TÉCNICOS
(Maria Helena Damião, última revisão: 2015)
Título _______________________________________________________________________________
Tipo: Currículo I Programa I Metas I Planificação I Projecto I Orientações I Outro ___________________
Contexto de educação/formação a que se destina ___________________________________________
Sujeitos a que se destina ________________________________________________________________
Autores ______________________________________________________________________________
Entidade que o publica __________________________________ Data de publicação ______________
Outros elementos identificadores ________________________________________________________
Metodologias
Instituições
Tempo
Espaço
Avaliação
Bibliografia
Outra(s)
Correcção
Economia
Clareza e precisão
CARACTERÍSTICAS
Organização
Coerência
Equilíbrio
Adequação
Funcionalidade
Maleabilidade
Outra(s)
Grelha
Descritiva
FORMA
Esquema
Misto
Outra(s)
Comentário geral respeitante às técnicas de construção do documento curricular:
35
Helena
Damião
ANEXO “Tarefas práticas – Elaboração de um parecer. 3”
GRELHA PARA ANÁLISE DE DOCUMENTO CURRICULAR: FUNDAMENTOS TEÓRICOS
(Maria Helena Damião, última revisão: 2015)
Título _______________________________________________________________________________
Tipo: Currículo I Programa I Metas I Planificação I Projecto I Orientações I Outro ___________________
Contexto de educação/formação a que se destina ___________________________________________
Sujeitos a que se destina ________________________________________________________________
Autores ______________________________________________________________________________
Entidade que o publica __________________________________ Data de publicação ______________
Outros elementos identificadores ________________________________________________________
2. Éticos
3. Epistemo-
lógicos
4. Históricos
5. Sociais
6. Políticos
7. Aprendiza-
gem
8. Ensino
36
Helena
Damião
ANEXO “Tarefas práticas – Elaboração de um parecer. 4”
ESTRUTURA DO PARECER RELATIVO A UM DOCUMENTO CURRICULAR
(Maria Helena Damião, última revisão: 2015)
TÍTULO
INTRODUÇÃO
IDENTIFICAÇÃO [Dados que identifiquem o documento que é objecto de parecer; quem solicitou
o parecer, o seu autor e qualidade em que o redige]
Por solicitação de [PESSOA OU ENTIDADE QUE SOLICITOU O PARECER], [NOME COMPLETO DO(S)
AUTOR(ES) DO PARECER], estudante do 2.º ano do Curso de Licenciatura em Ciências da Educação
da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, vem apresentar
parecer de carácter pedagógico relativo ao(s) documento(s) curricular(es) intitulado(s) [IDENTIFI-
CAÇÃO DO(S) DOCUMENTO(S)] elaborado por [IDENTIFICAÇÃO DO(S) AUTOR(ES)/ ENTIDADE(S)] e
publicado(s) em [DATA DE PUBLICAÇÃO].
CONTEXTUALIZAÇÃO (caso se considere pertinente) [O que está em causa nesse documento que
é objecto de atenção no parecer/razões da sua redacção].
CORPO
DESCRIÇÃO [Dos fundamentos que o sustentam e das técnicas de construção - componentes que
integra, características que denota e forma que apresenta] [esta ordem pode ser alterada].
APRECIAÇÃO [Dos fundamentos que o sustentam e das técnicas de construção - componentes que
integra, características que denota e forma que apresenta] [esta ordem pode ser alterada].
SÍNTESE
Em suma, o documento em causa ………………………………………………….
PARECER
- Posição/opinião do(s) autor(es) do parecer (sustentada no que antes foi aduzido)
- Eventuais recomendações
Com base na análise acima exposta/apresentada, é-se/somos de parecer que o documento curri-
cular em causa ………………………………………………….
ASSINATURA
_________________________________________________
[NOME COMPLETO DO ESPECIALISTA QUE EMITE O PARECER]
[QUALIFICAÇÃO ACADÉMICA E/OU FUNÇÃO PROFISSIONAL
37
Helena
Damião
ANEXO “Tarefas práticas – Elaboração de um parecer. 5”
PARECER
ANOTAÇÕES
Por solicitação de [ENTIDADE QUE SOLICITA O PARECER], [NOME COMPLETO DO ESPECIALISTA QUE EMITE O PA-
RECER], [QUALIFICAÇÃO ACADÉMICA E, SE FOR CASO DISSO, QUALIFIUCAÇÃO ACADÉMICA/FUNÇÃO PROFISSIONAL
QUE DESEMPENHA], vem apresentar parecer de teor pedagógico relativo ao documento: Educação
para a Cidadania: Proposta Curricular para os Ensinos Básico e Secundário, elaborado por uma
equipa coordenada por Maria Emília Brederode Santos e apresentado publicamente em Junho
de 2011.
Considerandos
Partindo do enquadramento curricular vigente à altura, a referida equipa, mandatada pela Mi-
nistra da Educação Isabel Alçada, redigiu uma proposta de Educação para a Cidadania que pre-
tendeu traduzir as tendências internacionais e as medidas avulsas a ela respeitantes no sistema
de ensino português, para orientação do ensino Básico e Secundário nas diversas áreas curri-
culares e disciplinares/disciplinas que os constituíam, com especial destaque para a Formação
Cívica.
(a) Em termos de Pressupostos, a equipa assumiu a orientação consagrada na lei e reconhece
a existência de compromissos assumidos entre a tutela e instâncias exteriores com vista à con-
cretização da matéria em causa. De salientar a conceptualização que imediatamente se segue:
é definida a noção de Cidadania por referência a três dimensões – princípio de legitimidade
política, construção identitária, e conjunto de valores –, cada uma das quais é devidamente
explicada e concretizada. Mais se esclarece que todos os temas convocados para debate, serão
tratados nesta tripla dimensão. Complementarmente, apresentam-se quatro linhas orientado-
ras do trabalho didáctico – vivência de cidadania, processo de definição de um currículo, a cri-
ança como cidadão, o papel das escolas no desenvolvimento curricular.
(b) A esta primeira parte, de ordem categorial, segue-se uma outra designada por Proposta
curricular de educação para a cidadania, onde são organizados em três alíneas os objectivos e
as temáticas – Processos-chave; Áreas nucleares; e Perfis de saída – também definidas de modo
conciso.
Os Processos-chave, “orientadores da organização da escola”, reportam-se a quatro competên-
cias – Descentração e empatia, Pensamento crítico e criativo, Comunicação e argumentação, e
Participação – que são especificadas em descritores compreensíveis e em número razoável
(cinco para as três primeiras e seis para a quarta). Seguem-se as Áreas nucleares, organizadas
em quatro tópicos – Direitos e responsabilidades, Democracia, processos e instituições, Identi-
dades e diversidades, e Interdependência e mundialização – que são igualmente especificadas
em descritores compreensíveis e em número razoável (entre cinco e nove por área). O cruza-
mento dos Processos-chave com as Áreas nucleares sustenta a definição dos Perfis de saída dos
alunos no final de cada ciclo de escolaridade – 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e Ensino
Secundário –, traduzidos em descritores que se organizam por ordem de aprendizagem. Estes
perfis encontram-se sistematizados num quadro que permite uma leitura vertical (por ciclo) e
horizontal (por área).
Num outro tópico – Temas transversais – é apresentada uma lista de temas susceptíveis de
serem tratados no quadro da Educação para os direitos humanos: Educação ambiental/ desen-
volvimento sustentável, Educação para a igualdade de género, Educação para a saúde e sexua-
lidade, Educação para os media, Educação para o consumidor, Educação intercultural, Educa-
ção para a Paz, Rodoviária, Educação para o Mundo do trabalho, Educação para o Empreende-
dorismo, Educação financeira, Dimensão Europeia da Educação…
(c) Na terceira e última parte, designada por Implicações organizacionais e curriculares, reto-
mam-se princípios estabelecidos na primeira parte para se reafirmar a necessidade de a escola
38
Helena
Damião
encontrar modos de funcionamento capazes de dar cumprimento às intenções antes definidas,
nomeadamente de permitir a vivência da cidadania. Facultam-se indicações acerca do trabalho
dos professores numa dupla perspectiva: mais e menos estruturado, consoante se trate de ga-
rantir aquisições estabelecidas ou de acompanhar a socialização dos alunos no quadro escolar.
De salientar que as “pedagogias centradas na aprendizagem com enfoque na qualidade do de-
sempenho dos alunos” indicadas são concretizadas nas “condições e situações” em que devem
ser entendidas: “de estimulação do ponto de vista intelectual”.
Parecer
Coimbra, [DATA]
[ASSINATURA]
_________________________________________________
[NOME COMPLETO DO ESPECIALISTA QUE EMITE O PARECER]
[QUALIFICAÇÃO ACADÉMICA E/OUFUNÇÃO PROFISSIONAL],
39
Helena
Damião