Deslize Patins Serie Desliz Lana Silva
Deslize Patins Serie Desliz Lana Silva
Deslize Patins Serie Desliz Lana Silva
Capa: BK Designer
Revisão | Copydesk | Diagramação: Kreativ Editorial
Ilustração: Úrsula Gomes Vaz
1ª Edição
Criado no Brasil
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
Bônus – Aquele em que elas se despedem
Bônus 2
Agradecimentos
Sobre a autora
Livros da série
Outras obras
Meghan Foster, é uma das principais patinadoras da
equipe de patinação da faculdade, tem um lema em sua vida:
Pegar e não se apegar. Ela ama festas, garotos, bebidas e aos 21
anos ela sabe que está longe de encontrar um amor.
Conhecer um homem mais velho em um bar e aceitar se
render a ele por um fim de semana é a sua nova aventura. Ela só
não esperava ter uma conexão tão forte com ele, tão forte a ponto
de concordar ir a um segundo encontro.
Talvez seu lema esteja prestes a ser quebrado.
Peter James Callahan, ex-jogador de hóquei, milionário,
herdeiro e com 44 anos de idade, seu único objetivo é conquistar
o perdão da filha.
Sair com uma garota mais nova enquanto a filha está
viajando parece ser a distração perfeita, ele só não estava
preparado para ser invadido por uma avalanche de sentimentos.
Talvez seu objetivo esteja prestes a mudar.
Não há nada de errado em ter seu lema quebrado ou um
novo objetivo, porém nada é tão fácil quanto parece,
principalmente quando dois tracinhos rosa surgem em um bastão
e um segredo é revelado.
Peter é o pai da melhor amiga de Meghan!
Um deslize.
Um segredo.
Um amor proibido.
O que você acha de homens mais velhos? Eu,
particularmente, prefiro os mais novos.
Escândalos e fofocas de Dartmouth
Meghan
Meghan
Meghan
Meghan
Meghan
Meghan
Meghan
Meghan
Meghan
Meghan
Peter
Peter
Meghan
Meghan
Peter
Meghan
Meghan
Sua voz faz com que um arrepio percorra meu corpo. Por
que ele tem que causar essas sensações em mim? Meu corpo é
um maldito traidor!
Respiro fundo e me viro. Peter está a poucos centímetros da
porta, com os braços cruzados sobre o peito e me encarando com
uma expressão e pose de todo poderoso. Quem ele pensa que é?
— Não temos o que conversar.
Ele ergue suas sobrancelhas e sorri, mas não é um sorriso
amigável.
— Você mentiu para mim.
É a minha vez de rir.
— Você quer falar sobre mentiras? — Balanço minha cabeça,
incrédula. — Você não teve nem a capacidade de me falar seu
verdadeiro nome.
Raiva e ódio me dominam. Eu não consigo nem raciocinar
direito.
— Eu não menti, eu me chamo Peter, Peter James.
Ele soa como se isso não fosse nada de mais. Todas as suas
omissões ecoam em minha mente. Adrenalina reverberar pelo meu
sangue. Eu sinto meu corpo tremer, inclusive meus dedinhos do
pé.
— Você não me contou que já foi um jogador de hóquei e
nem que tinha uma filha estudando em Dartmouth.
— Era irrelevante você saber disso.
Muda de posição e passa os seus dedos pelos fios do seu
cabelo. Ele também está impaciente.
— Não era irrelevante, se eu soubesse disso teria
confessado minha real idade, teria admitido que era uma
estudante, provavelmente teria descoberto antes que é o pai de
uma das minhas melhores amigas.
A raiva está presente em minha voz, ela soa mais alta que o
normal e tenho que me controlar para não gritar. Como ele ousa
dizer que era irrelevante?
— Então eu deveria ter sido sincero para você também ser
sincera?
Uma ruga surge em sua testa. Eu fecho meus olhos por
alguns segundos, suspiro e volto a abri-los.
— Qual era o seu plano? — Minha raiva é substituída por
mágoa. — Por que me levou para um encontro se queria apenas
sexo, o papo de conquistas era só para o seu ego?
Eu me sinto usada, um objeto. Peter me encara em choque,
como se eu tivesse dado um tapa nele.
— Não é nada disso, Meghan. — Suspira e mais uma vez
toca em seu cabelo. — Eu só queria ser alguém com você, eu não
queria ser o pai que está tentando consertar seus erros, nem o ex-
jogador de hóquei famoso, queria ser só eu e por isso usei o Peter
e não o James.
O pior é que eu não queria acreditar nele, porém, eu
acredito.
— Você deveria ter me falado a sua idade, Meghan. — Ele
repete mais uma vez depois de ficarmos alguns segundos em
silêncio. — Eu jamais teria ficado com alguém que tem a mesma
idade da minha filha, deveria ter falado que estudava em
Dartmouth...
— Eu falei, só menti que era uma pós-graduação.
Interrompo-o.
— Você sabe do que estou falando, alguém da pós-
graduação em história da arte não teria contato com a minha filha,
que faz fisioterapia.
— Eu sei.
Sussurro por fim. Estou exausta, essa conversa está
acabando com o que resta das minhas forças, porque eu sei qual é
o final dela. Peter me encara e eu não desvio os meus olhos.
Aquela força que parece existir entre nós me puxa em sua direção,
rouba meu fôlego e faz com que esqueça onde estou.
Ele suspira, dá um passo em frente e lágrimas piscam em
meus olhos quando traz suas mãos até minha cintura.
— Porra, como vou esquecer? Como vou ficar perto de
você?
Fecho meus olhos e ele apoia sua testa na minha. Seu
perfume me cerca, seu toque faz com que um formigamento se
espalhe pelo meu corpo e eu deseje estar em qualquer outro lugar.
— Não podemos continuar com isso, Peter.
Espalmo minhas mãos em seu peito, mas não o empurro, e
quando sua boca cobre a minha, não o afasto, pelo contrário,
correspondo ao beijo. Seus lábios reivindicam os meus, ele me
marca pela última vez.
Ele toma tudo de mim. Ele me beija de uma forma como
nunca beijou, eu correspondo de uma forma que nunca
correspondi. Roubamos o fôlego um do outro.
É o nosso beijo de despedida.
Infelizmente, não podemos ficar aqui para sempre. Peter
interrompe o beijo, volta a apoiar sua testa na minha, eu abro
meus olhos e encontro os seus.
— Sinto muito por essa confusão, Meghan. — Traz sua mão
até meu rosto e com as pontas dos seus dedos acaricia a minha
bochecha. — Se eu pudesse, desapareceria da sua vida, faria isso
por você.
Suas palavras ecoam em minha mente e entendo o que está
querendo dizer.
— Você ficará em Hanover cuidando de Liv.
— Sim, não vou deixar minha filha sozinha quando ela mais
precisa de mim e não vou forçá-la a ir embora comigo.
Seu olhar implora para que eu o entenda.
— Nunca pediria para você ir embora, Liv é minha amiga, eu
a amo e me importo com ela. — Minhas mãos caem ao lado do
meu corpo, sua testa se afasta da minha e dou um passo para
trás. — Ela precisa do pai aqui.
Nós dois sorrimos, sorrisos fracos e gentis.
— Eu vou me manter distante, Meghan.
Assinto, não porque é o que desejo, mas é o que precisa ser
feito.
— Ela nunca ficará sabendo, Peter.
— Obrigado.
Ele não precisa me agradecer, isso machucaria minha amiga
e prejudicaria nossa amizade. Olho para o lado e mordo meu lábio
inferior. Essa é a nossa despedida.
— Nunca vou esquecer o que compartilhamos.
Ele não me diz nada, evito olhar para ele e dou alguns
passos em frente, porém ele segura meu pulso e me para.
— Foi incrível, Meghan.
Eu preciso me conter para não olhar para trás, apenas
assinto e ele demora alguns segundos para soltar meu pulso e
assim que estou livre, caminho para longe dele. Cruzo a porta e
sigo sem rumo pelo corredor.
Nossa conversa ecoa em minha mente e meus lábios
continuam dormentes do beijo. Um misto de sentimentos ocupa
meu coração. Deveria continuar com raiva de Peter, mas ele
parecia tão sincero, tão… destruído.
Sigo as placas indicativas e encontro um banheiro, espalmo
minhas mãos no balcão da pia e encaro meu reflexo. Meus olhos
refletem o meu tormento.
Como eu fiquei assim por causa de um homem? É irônico eu
estar me sentindo assim, logo eu... O caralho de uma ironia.
Eu jogo água em meu rosto, levo uma mão molhada até
minha nuca e respiro fundo algumas vezes.
Saio do banheiro mentalizando que tudo que Peter e eu
vivemos chegou ao fim, foi bom enquanto durou, porém terminou
e bora seguir em frente. Foram somente duas semanas, não pode
ser assim tão difícil ignorar sua existência. Ou pode?
Tudo bem que eu me senti protegida em seus braços, o
sexo era maravilho e a nossa conexão parecia surreal, mas homem
é o que mais existe no mundo, não foi algo único.
Inclusive, eu estava mentindo e sendo emocionada quando
disse que nunca vou esquecer o que compartilhamos, é claro que
eu vou esquecer. Em algum momento ele se tornará apenas uma
lembrança distante, perdida em minha mente.
Assim que eu entro na sala de espera, sei que estou errada,
porque eu vejo Peter sentado ao lado de Luke e meu coração
dispara. Maldito traidor. Por que não posso ser imune a ele? Por
que um toque, ou simplesmente um olhar é capaz de fazer meu
corpo inteiro formigar?
É doloroso ter que desviar meu olhar do seu, não poder ir
até Peter e ser ignorada por ele. Respiro fundo e ajo como se ele
não estivesse aqui. Cruzo meus braços abaixo dos meus seios e
me sento nas cadeiras mais ao canto da sala e mais distante de
Peter.
Ava sai do lugar em que está sentada e ocupa a cadeira ao
meu lado.
— Você está bem?
Assinto, mas ela me encara com um olhar curioso, tentando
descobrir o que está acontecendo. Droga, por que ela tem que ser
tão perspicaz?
— Você está escondendo algo.
Sussurra para que apenas eu escute. Merda!
— Não estou.
Ava claramente não acredita em mim.
— James saiu e voltou um pouco antes de você, você estava
com ele?
Meu coração dispara, posso sentir um suor frio deixando
minhas mãos e um peso em meu estômago. Ava não podia ter
percebido!
— Lógico que não, por que estaria com ele?
Finjo uma incredulidade, Ava estreita seus olhos e angústia
vibra em meu peito. Ela está me analisando e odeio essa
sensação, principalmente porque estou fazendo algo que não
deveria fazer, aliás, eu fiz algo que não deveria ter feito.
— Eu espero estar errada, Meg.
Não sei qual é a sua suposição, mas ela suspeita de algo.
Sorrio, um sorriso falso, porém espero que seja convincente.
— É claro que você está.
Ava apenas olha em frente e ficamos em silêncio. Eu mordo
meu lábio inferior e sinto o olhar de Peter sobre mim, é uma
batalha, entretanto, consigo não me virar em sua direção.
O tempo passa devagar, é como se estivéssemos vivendo
uma eternidade a cada segundo. É um alívio quando um médico
entra na sala, Liv está bem e deve acordar nas próximas horas,
duas pessoas estão autorizadas a ficar com ela e Aaron e Peter
ficarão.
Nós permanecemos no hospital, Luke e Matteo descem para
comer, a mãe e o padrasto continuam aqui e Penny, Ava e eu
fazemos algumas orações, estamos preocupadas em como Liv irá
reagir, afinal, patinação é a sua vida.
Luke e Matteo voltam para a sala de espera, seguimos
ansiosos e assim que Aaron retorna, ficamos em pé. Ele não tem a
melhor das expressões.
— Tão ruim assim?
Assente e seu pomo de adão sobe e desce em sua garganta.
— Ela chorou bastante, recusa-se a conversar e agora está
dormindo.
Matteo abraça Ava, Luke abraça Penny e eu suspiro. Odeio
que isso esteja acontecendo com Liv. Eu amo as quatro, mas Liv e
eu temos mais coisas em comum; Ava e Penny são as mais
centradas, enquanto nós duas somos as mais encrenqueiras.
Detesto saber que ela está sofrendo.
Nós somos liberadas para vê-la, então vamos até seu
quarto. Liv está dormindo e tudo que podemos fazer é deixar um
beijo em sua testa e desejar melhoras.
Como Liv está fora de risco, não podemos ficar no hospital,
poderíamos ir para um hotel, mas Luke e Penny precisam voltar
para Maddy, e os horários de visitas para quem não é parente é
restrito. Optamos por voltar para Hanover.
É estranho estar em casa sem uma de nós e sentimos a sua
falta. Aaron nos mantém informadas e até tentamos conversar
com Liv por chamada de vídeo, mas ela simplesmente se recusa a
falar com a gente e fica em silêncio durante toda a ligação. Nossa
amiga está mais magra, há olheiras abaixo dos seus olhos e a
expressão em seu rosto é distante, como se ela estivesse perdida.
Estamos as três na sala, Ava no sofá, Penny e eu sentadas
no tapete e assim que desligamos a chamada, choramos. É
horrível, principalmente porque não podemos fazer nada.
No terceiro dia da nossa volta, Aaron nos informa que Liv
ficará na casa do pai e pede para que levemos as coisas dela até o
apartamento de James e organizemos o quarto que irá ocupar. O
porteiro abrirá o apartamento com a chave extra, é claro que
concordamos, então ele nos envia o endereço e eu preciso fingir
que nunca fui até lá.
Nós arrumamos as malas de nossa amiga e é um pouco
triste. Não é uma despedida, nem algo definitivo, mesmo assim
somos nostálgicas e conversamos sobre todos os momentos que já
compartilhamos. Também nos damos conta de que nunca mais
seremos nós quatro juntas em uma competição, sempre foi algo
que sonhamos e não irá acontecer.
Era para ser nós quatro no nacional e Liv não estará lá.
Organizamos tudo e vamos até o prédio de Peter, vamos no
meu carro por ser o maior e preciso fingir que não conheço o
caminho. É uma tortura ter que esperar pelas coordenadas do
GPS.
Eu estaciono em frente ao prédio, deixamos o carro e
pegamos as malas, travesseiros e cobertas de Liv. Penny e Ava
ficam impressionadas com o prédio luxuoso e preciso fingir a
mesma reação.
— Sempre esqueço o quanto o pai da Liv é rico.
Penny declara enquanto caminhamos até a entrada.
— Ele é solteiro, será que está precisando de uma sugar
baby?
A frase de Ava me incomoda e não pelos motivos certos, eu
estou incomodada, porque estou com ciúmes, porque odeio
imaginá-lo com outra garota. Minha amiga está apenas brincando
e aperto o travesseiro ainda mais contra o meu corpo porque
estou com ciúmes. Deplorável!
— Vou contar para o Matteo.
Esforço-me para parecer debochada e descontraída, não
preocupada e ciumenta. Ava apenas ri com a minha colocação e
Penny nos encara com malícia.
— Ele é bonito, né? Nem parece ter a idade que tem.
Ah, meu Deus, por que elas estão prestando atenção nele?
Não quero desejar furar os olhos das minhas amigas.
— Vocês têm namorados, suas piranhas.
— Isso não me deixou cega. — Ava dá de ombros enquanto
me responde. — Você não o acha bonito?
Penny e ela me encaram curiosas. Merda! Engulo em seco e
forço um sorriso, o mesmo sorriso debochado que minhas amigas
têm no rosto.
— Ele é bonito.
Confesso. Lindo, gostoso, incrível, minha obsessão atual.
Nós continuamos rindo, eu controlo meu ciúme e seguimos
até a portaria, mas, para meu azar, o porteiro me reconhece, é
uma sorte ele não mencionar meu nome, porque assim que nos
afastamos eu digo as meninas que ele deve ter me confundido
com alguém, mesmo assim as duas me encaram desconfiadas.
Ignoro-as e vamos até o elevador. Elas voltam a falar do
quanto James tem dinheiro, elas falam sobre o banco da família e
sua carreira como jogador de hóquei.
— Como vocês sabem disso?
Eu tenho interesse sobre o assunto e lá no fundo sinto um
pouco de inveja, porque elas sabem mais de Peter do que eu.
— Aaron contou para Matteo, que me contou.
Ava me responde.
— E Luke me contou.
Penny também responde. O elevador para, saímos e vamos
até o seu apartamento. Ava está com a chave e abre a porta. Eu
sou a última a entrar e preciso fingir, mais uma vez, estar tão
empolgada e perdida quanto minhas amigas. É péssimo, porque
tudo que consigo pensar é no que eu vivi com Peter nesse lugar,
em cada canto há uma lembrança diferente e sei que não
voltaremos a viver nada disso.
Ava e Penny fazem questão de bisbilhotar cada cômodo do
apartamento e é uma tortura. E quando entramos no quarto de
Peter, meu coração dispara. Sigo fingindo não estar sentindo nada
quando, na verdade, sou um turbilhão de sentimentos, depois
disso com certeza mereço ser indicada ao Oscar pela melhor
atuação.
É ainda mais desafiador quando Penny e Ava enxergam um
sutiã sobre a cômoda. Eu sei a quem esse sutiã pertence, preciso
virar minha cabeça para o lado para que minhas amigas não
percebam que estou vermelha.
— Vamos sair logo daqui.
Penny grita como se fosse uma criança e corre do quarto.
Ava se aproxima e toca meu braço, eu olho para ela e encontro
uma expressão de preocupação em seu rosto.
— Esse sutiã é seu, não é?
Encaro minha amiga sem reação nenhuma.
Merda, merda, merda!
Pior do que um amor não correspondido, é um amor
impossível, e sim, eu estou falando por experiência própria.
Escândalos e fofocas de Dartmouth
Meghan
Meghan
Minha semana é uma merda, os treinos para o nacional
iniciaram, Luke está ainda mais exigente, nossa carga horária
aumentou, além de estarmos gastando mais tempo na academia.
Liv segue sem nos responder, não fala e passa o dia inteiro deitada
na cama, ela só toma banho e come porque a obrigam. E Peter
está me evitando.
Desde domingo ele nunca está em casa quando vamos
visitar Liv. Eu deveria me sentir aliviada por não encontrar com ele,
afinal, não era isso que eu queria? Mas não me sinto aliviada, pelo
contrário, estou com raiva! Racionalmente, sei que não deveria
cultivar o sentimento, sequer tenho motivos, porém não consigo
evitar. O que eu queria? Queria vê-lo, queria gritar com ele, queria
que ele me acusasse...
São cinco dias sem vê-lo e mesmo assim ele segue sendo
constante em minha mente. Eu durmo e acordo com ele em meus
pensamentos e há uma parte de mim que tem medo de esquecê-
lo, medo de que as nossas lembranças sejam apagadas com o
tempo.
Deveria desejar esquecê-lo, mas não consigo. Sou um caso
perdido!
Como nada está tão ruim que não possa piorar, Ava e Penny
estão ocupadas e sou a única a ir visitar Liv.
Mesmo sabendo que não encontrarei com Peter, eu estou
nervosa, seguro a direção com força enquanto dirijo e mordo meu
lábio inferior a ponto de sentir o gosto de sangue em minha boca.
Acho que, lá no fundo, eu tenho esperança de vê-lo.
Sou mesmo uma idiota!
Estaciono em frente ao prédio, deixo meu carro, fecho a
porta, aciono o alarme e sigo até a entrada com meu coração
disparado. É como se estivesse no automático. Respiro fundo
algumas vezes e tento não surtar.
Cumprimento o porteiro com um aceno e vou até o elevador.
Assim que estou dentro da caixa metálica, apoio-me contra a
parede e mentalizo que Peter é só mais um cara, eu tenho tentado
me convencer disso a semana inteira e tenho falhado
miseravelmente.
Minha mente e meu coração estão em uma batalha. Minha
mente sabe que tenho que esquecê-lo e meu coração se recusa,
além disso, ele nem quer esquecê-lo. É o racional contra o
emocional.
O elevador para, caminho até seu apartamento, aperto a
campainha e meu coração segue batendo rápido. Minha respiração
está alterada e ansiedade vibra em meu peito, causando uma
sensação de pressão e aperto.
A porta é aberta, mas não é Peter. Sorrio e empurro minha
frustração para o fundo da minha alma. Foda-se o Peter!
— Hey, Eve.
Ela sorri gentilmente.
— Hey, querida.
A mãe de Liv fica de lado para que eu passe, eu entro no
apartamento, mas ela segue em sua posição e seu marido surge
vindo da sala, ele me cumprimenta e passa por mim, então os dois
seguem até o corredor e ficam à minha frente. Encaro-os sem
entender.
— Malcom e eu estamos de saída, eu preciso de um tempo
— Eve me explica. — James não deve demorar, mesmo assim
deixei meu número anotado em uma folha que está sobre o
aparador.
Aponta para o móvel que fica na parede ao lado.
— Qualquer coisa me ligue. — Eve sorri e acena. — Tchau,
querida.
Aceno de volta para o casal que fica de costas para mim e
caminha na direção do elevador. Não tenho muitas opções, então
fecho a porta e adentro o apartamento. O lugar está vazio,
silencioso e há um clima sombrio no ar. Um arrepio percorre meu
corpo como acontece quando estou com frio, eu cruzo meus
braços abaixo dos meus seios e sigo para o quarto de Liv.
Eu entro no cômodo e as cortinas estão abertas, permitindo
que a luz do sol entre no espaço, mesmo assim Liv está enrolada
nas cobertas e parece estar dormindo.
— Olá, Liv.
Ela não me responde e me sento na cama ao seu lado. Eu
apoio minhas costas na cabeceira e estico minhas pernas sobre o
colchão.
— Sua mãe saiu, somos só nós duas, deveríamos aproveitar
para tomar um dos uísques caros do seu pai.
Eu me dou conta tarde demais que falei o que não deveria.
— Ele deve ter algum, não é?
Tento consertar o meu erro, mas Liv continua em silêncio e
suspiro.
— Nós sentimos sua falta. — Eu preciso me controlar para
não chorar. — Até Maddy resmungou seu nome essa semana.
Menciono a garotinha para tentar obter alguma reação de
Liv, mas minha tática não funciona.
— Você imaginaria que uma de nós teria uma garotinha tão
nova?
Encosto minha cabeça na cabeceira e encaro o teto. É muito
difícil não ter respostas e continuar falando. É um monólogo e eu
amo conversar, porém, não sozinha.
— Sei que Maddy não é da Penny, mas ela vai ser, não há
dúvidas que Penny a ama o suficiente para ser sua mãe.
Penny já é melhor que muita mãe por aí, inclusive a minha.
— Nunca imaginei, quando nos conhecemos há dois anos,
que uma de nós seria mãe. — Faço uma pausa, porque um novo
pensamento cruza minha mente. — Aliás, nunca imaginaria que
estaríamos apaixonadas.
Uma parte de mim ainda espera ouvir a sua voz, mas nada
acontece e preciso continuar falando sozinha.
— Ava se apaixonou pelo patinador que odiava, Penny pelo
nosso treinador e pai da garotinha que era babá e você está
apaixonada pelo jogador de hóquei tímido que estava fingindo ser
seu namorado.
Anseio por escutá-la dizer que não está apaixonada por
Aaron, porém Liv segue sem pronunciar nenhuma palavra, nem
um suspiro escapa dela.
— É um pouco irônico, você não acha?
Omito a maior ironia de todas, que é eu estar apaixonada
pelo seu pai. Talvez se confessasse isso a Liv, ela reagisse de
alguma forma, mas é claro que não o faço, não tenho coragem e
também não quero causar ainda mais danos à minha amiga. Com
certeza não seria uma reação positiva.
Eu não consigo mais continuar conversando sozinha e fico
em silêncio. É tão triste não ter Liv aqui, vê-la tão deprimida e não
poder fazer nada. Viro-me para o lado e cubro sua mão com a
minha.
— Espero que você fique bem logo.
Sussurro. Pela forma como Liv está respirando, ela
realmente está dormindo. Eu olho ao redor do seu quarto à
procura de algo para fazer e o cesto de roupas sujas está cheio.
Eu me levanto e vou até o cesto, pego-o e deixo seu quarto.
Ninguém irá se incomodar se eu colocá-las para lavar. Vou para a
lavanderia, o cômodo é grande, quase maior que meu quarto, tem
duas máquinas, duas secadoras, um armário e espaço para
guardar roupas, tanto sujas quanto limpas. Tudo nesse
apartamento é extremamente exagerado.
Coloco o cesto sobre as secadoras e procuro o sabão no
armário, encontro-o e então me aproximo da máquina. É diferente
da que costumo usar, não há uma lavanderia individual em nosso
apartamento e ocupamos a disponível no subsolo do prédio.
Logo consigo entender como usá-la e coloco as roupas
dentro dela, abro o compartimento para despejar o sabão e estou
concentrada na tarefa quando uma voz ecoa pelo espaço e me
assusta.
— O que você está fazendo aqui?
Meu coração dispara e um grito escapa entre meus lábios.
— Caralho! — O sabão escorrega da minha mão e cai no
chão. — Merda.
— O que você está fazendo aqui?
Peter volta a me perguntar. Eu nem preciso olhar para ele
para saber que está com raiva, porque seu tom de voz deixa óbvio
que não está feliz em me ver em sua lavanderia.
Raiva vibra em meu peito e sinto meu rosto ardendo por
conta da vermelhidão que tomou conta dele. Quem ele pensa que
é para falar assim comigo?
— Estou colocando a roupa para lavar.
Eu respondo enquanto me viro em sua direção. Peter está
parado na porta, ele está apenas com uma toalha ao redor da
cintura e os fios do seu cabelo estão molhados. Eu posso sentir
seu cheiro mesmo daqui e sinto uma vontade imensa de ir até ele
e tocá-lo.
Por que ele precisa ser tão bonito? E esses gominhos são
uma tentação... Eu o odeio e me odeio por sentir todo meu corpo
em alerta, implorando por ele.
— Não estou falando sobre isso.
É claro que ele não está, sorrio debochada.
— Qual seu maldito problema?
Ele entra na lavanderia e caminha em minha direção.
— Meu maldito problema?
Ele soa tão bravo, tudo nele exala raiva, como se uma besta
estivesse o possuindo. Seus olhos estão escuros, seu rosto
marcado pela expressão de indignação e deveria ser um pecado,
porque ele está ainda mais bonito. Meu corpo é um traidor, porque
gosta do que vê. Vibra e anseia por tê-lo descontrolado.
— Você na minha casa é o meu maldito problema.
Suas palavras me machucam e minha vontade é socá-lo.
Idiota, babaca, filho da puta.
— Eu estou aqui pela sua filha, se eu pudesse, nunca mais
cruzaria com você. — Minha voz soa mais alto que o normal. —
Não estou aqui por você.
Satisfação ecoa em meu peito ao ver seu olhar vacilar, eu
posso machucá-lo tanto quanto ele pode me machucar. Peter
caminha em minha direção e dou alguns passos para trás até
bater com minha bunda na máquina de lavar.
Peter não para até estar à minha frente. Apoio minhas mãos
na máquina ao lado e minha respiração está totalmente irregular.
O perfume do seu sabonete me cerca e meu peito infla de
saudade.
Como posso sentir tanta saudade de alguém? Como posso
sentir como se meu coração estivesse doendo.
— O que você pensou que estava fazendo me enviando
aquelas malditas mensagens?
Peter soa como se tivesse algum direito sobre mim. Ele
mantém os olhos sobre os meus como se estivesse prestes a me
possuir. Eu sou uma trouxa, porque gosto, porque um calor sobe
pelo meu corpo e se aloja no meio das minhas pernas.
— Eu não estava pensando. — Sorrio debochada. — Eu
estava bêbada.
Seu olhar fica ainda mais intenso e se inclina em minha
direção.
— Você foi uma criança, Meghan, eu fiquei preocupado.
Não gosto da acusação, o meu sorriso se desfaz.
— Não me chame de criança.
— Então, não aja como uma.
Volto a sorrir, mas dessa vez é um sorriso sem humor.
— Quem agiu como uma criança me evitando a semana
inteira foi você.
Acuso-o e é como se estivéssemos prestes a entrar em
combustão.
— Você disse que queria que eu fosse embora, eu só agi
como você desejou.
Balanço a cabeça negando, perco-me na escuridão do seu
olhar. Esqueço-me dos meus sentimentos, do que deveria ou não
sentir, não importa que tenha me ignorado, nem que tenha me
feito chorar.
— Eu menti, Peter — sussurro enquanto levo minhas mãos
até seu peito. — Eu menti.
Todas as nossas barreiras são desfeitas. Não resta
nenhuma, ele suspira, apoia sua testa na minha e nada mais
importa.
— Queria ter sido capaz de rastrear o seu telefone.
Confessa enquanto sua mão encontra a minha cintura.
— Você tentou?
Sussurro e é a sua vez de rir sem nenhum humor.
— Tentei, eu fiquei maluco em pensar em você bêbada com
outro cara. — Sua voz volta a refletir raiva, mas dessa vez não é
destinada a mim. — Eu queria socá-lo, mesmo sem o conhecer.
Sua mão sobe pela minha cintura e suspiro quando toca
minha barriga. Peter rouba meu fôlego, faz com que perca minhas
forças e minha razão.
— Você me deixou desesperado, Meghan. — Seus dedos
seguem me tocando, até ele enrolar os fios do meu cabelo ao seu
redor. — Eu nunca senti tanta raiva na vida.
— Desculpe, eu não queria te deixar com raiva, aliás, eu
queria, mas não daquele jeito. — Mordo meu lábio inferior, respiro
fundo e reorganizo os meus pensamentos. — Na verdade, eu só
queria que você se sentisse tão atormentado quanto eu.
Peter dá mais um passo em frente e torna o espaço entre
nós o menor possível. Seu nariz encosta em minha bochecha e
ofego.
— Você conseguiu, pequena. — Puxa meu cabelo e me força
a inclinar a cabeça para o lado. — Quem está com Liv?
Engulo em seco e respiro fundo.
— Ela está dormindo.
— Eve e Malcom devem demorar.
É tudo que ele diz antes da sua boca encontrar a minha.
Nos esquecemos de tudo, nada mais importa. Seus lábios devoram
os meus. É tão perfeito, é como respirar depois de um longo
tempo embaixo da água. Minhas mãos percorrem seu peito e sinto
o calor da sua pele.
Tudo em mim anseia por tudo dele.
Seus lábios deixam minha boca, descem pela minha
clavícula até meu pescoço.
— Por que você não prosseguiu com o garoto, Meghan? —
Ele me morde e não consigo me concentrar o suficiente para
respondê-lo. — Vamos, me responda.
Ele dá um tapa na lateral da minha perna, ofego e dou a
resposta que ele tanto quer.
— Porque ele não era você.
É a resposta que ele precisa para perder o controle total.
Peter volta a me beijar e suas mãos se infiltram por baixo do meu
suéter. Desejo percorre meu corpo, resultando em fisgadas no
meio das minhas pernas e uma luxúria incontrolável toma conta de
mim.
Foda-se!
Levo minhas mãos até seu cabelo e puxo sua cabeça para
trás, o forçando a afastar a sua boca da minha.
— Eu preciso de você, Peter.
Seus olhos escuros brilham e refletem o mesmo desejo que
corre em mim. Peter não perde tempo e me deixa nua. Ele é
rápido, então me coloca sentada sobre a máquina enquanto eu
puxo a sua toalha e a jogo no chão, junto com as minhas peças de
roupa.
Nós temos pressa!
Seus dedos encontram o meu clitóris, abro minhas pernas o
máximo que consigo, espalmo minhas mãos na máquina e me
curvo para trás.
— Ninguém será capaz de te tocar como eu faço, Meghan.
— Ele me penetra com seus dedos e choramingo. — Ninguém.
Ele tira seus dedos, mas não tenho tempo para reclamar,
porque ele me traz para a ponta da máquina, eu enrolo meus
braços ao redor do seu pescoço e ele guia seu pau até minha
entrada. Ele me penetra e nos perdemos um no outro.
Nossos gemidos e o som dos nossos corpos se encontrando
ecoam pela lavanderia. Entregamos tudo o que temos e somos.
Nossos beijos são urgentes, arranho suas costas e ele deixa a
marca dos seus dentes em minha pele.
É insano, é carnal, mas ao mesmo tempo é muito mais. É
uma conexão inexplicável, é como se todo sentimento preso em
meu peito explodisse, se transformasse em algo concreto.
É muito mais que sexo!
Nós dois chegamos ao orgasmo juntos e é tão incrível
quanto das outras vezes, talvez ainda melhor, porque eu
necessitava tanto disso. Eu preciso me controlar para não chorar.
O sentimento que me preenche é tão bom, tão leve e puro.
Eu me mantenho de olhos fechados até Peter se afastar. Abro
meus olhos enquanto ele apoia as mãos na máquina ao lado e se
curva para a frente. Não me encara e fita o chão.
— Você sabe, isso foi apenas mais um deslize.
Tudo que estava sentindo evapora, suas palavras me
machucam, mas sorrio e assinto. Recuso-me a chorar na sua
frente.
— Claro, só mais um deslize.
E aquele casal não foi mais visto junto… Será que o motivo
da relação não ter ido para frente é o fato de ele ser o pai da melhor
amiga da garota?
Escândalos e fofocas de Dartmouth
Peter
Meghan
Meghan
Meghan
Peter
Meghan
Meghan
Peter
Peter
Meghan
Meghan
— Liv.
Peter se afasta de mim depressa e se vira para a filha. Eu a
encaro sem reação. O que eu faço? O que eu digo? Merda, não era
para ela descobrir assim.
— Por que minha melhor amiga está só de top na sua
cozinha? — Liv dá um passo em frente e continua me encarando
com um olhar de desprezo, embora sua pergunta tenha sido
destinada a Peter. — E ele estava falando com sua barriga? Ele te
chamou de mãe?
Dessa vez, ela está falando comigo.
— Eu posso explicar, Liv.
Pulo do banco enquanto minha amiga ri, uma risada sem
humor nenhum.
— Explicar o quê? — Apoia-se na muleta e permanece em
pé. — Vamos, eu estou esperando uma explicação.
Abro a boca, mas nenhum som sai de mim. Peter me encara
e enruga sua testa.
— Você não precisa explicar nada, pequena.
— Oh, meu Deus, vocês inclusive têm apelidos fofos?
Desvio os meus olhos de Peter e olho para Liv.
— Liv...
Sussurro, mas ela balança a cabeça e me interrompe antes
que possa continuar.
— Não fale comigo como se eu fosse uma criança, pois
embora você esteja transando com meu pai, temos a mesma
idade. — A forma como soa magoada me machuca. Sabia que
seria difícil, achava que estava preparada, mas não estou. — Vocês
estão transando, não é?
A forma como a pergunta deixa seus lábios faz com que me
encolha, ela está nos acusando e agindo como se fosse algo sujo.
— Liv, nós precisamos conversar.
Peter dá um passo em frente e Liv balança a cabeça para
ele não se aproximar.
— Eu quero que me responda. — Mantém o olhar magoado
sobre o Peter. — Pai, você está transado com a minha melhor
amiga?
Ela sabe a resposta e apenas quer uma confirmação.
— Olívia.
Peter a chama com um tom de repreensão.
— Agora eu sou a Olívia.
Liv ri e o encara com ressentimento.
— Meghan e eu estamos juntos.
Uma ruga surge em sua testa.
— Desde quando? — Ela não espera Peter responde e volta
a me encarar. — Ele é o cara mais velho do bar? Aquele que você
passou o fim de semana inteiro transando?
Odeio como as palavras soam ao deixar sua boca. Eu me
sinto péssima com suas acusações, não consigo nem elaborar
argumentos, nem explicar que eu não sabia que ele era seu pai.
— Eu conheci Peter lá, mas eu não sabia quem ele era, eu
não sabia que ele era seu pai.
Quase imploro para que ela entenda, mas Liv não se
importa. No momento, ela nem liga com o tipo de sentimento que
está despertando em nós dois, ela só quer nos machucar.
— Por que ela está te chamando de Peter?
Volta a sua atenção para o pai.
— Foi como eu me apresentei a Meghan, Liv, eu também
escondi o motivo de estar na cidade, nós não sabíamos quem
éramos, não sabíamos sobre você.
Peter tenta explicar, mas pela expressão de nojo no rosto de
Liv, ela segue nos julgando.
— Meu Deus, encontrei o seu sutiã perdido na sala.
Desvia seu olhar para mim e odeio a forma como me
encara.
— Liv, não foi proposital.
Ela balança a cabeça negando, ela não quer me escutar.
— Por que meu pai estava falando com a sua barriga? —
Abaixa sua cabeça e encara a minha barriga, no mesmo instante a
cubro com minhas mãos como se isso fosse a proteger do seu
olhar de reprovação. — Além de estar transando com ele, você
está grávida?
— O bebê não tem culpa de nada, Liv.
Defendo o meu bebê, Liv baixa a guarda um pouco e
suspira, como se estivesse chateada.
— Eu nem sabia que você estava grávida.
Ela está magoada por que eu não contei para ela?
— Eu quis te poupar, porque você não estava bem.
Sorri com desdém.
— Essa é a desculpa então? Usaram minha doença como
desculpa para não me contar que estavam transando pelas minhas
costas... vocês são dois cínicos.
Ela consegue me atingir, lágrimas nublam minha visão e dou
um passo em sua direção.
— Liv, você não sabe do que está falando, nós tentamos nos
afastar, só que...
— Só que o quê? Não conseguiu manter a porra das suas
pernas fechadas?
Volto a dar um passo para trás.
— Liv, você está sendo injusta.
Sussurro enquanto suas palavras ecoam em minha mente.
Droga, isso é tudo que queria evitar!
— Você transa com meu pai, esconde isso de mim, finge
que está tudo bem, e não vamos esquecer o fato que vou ser
promovida a irmã mais velha e eu estou sendo injusta? — Ela grita
e seu rosto fica vermelho, tamanha é a sua raiva. — O que mais
vocês estão escondendo de mim? Vão casar e se mudar para o
Alasca?
— Caralho, chega, Olívia.
Peter grita, o que surpreende nós duas. Liv recua e seu
olhar é tomado por mágoa.
— Você está gritando comigo?
Viro-me para Peter e ele está passando a mão pelos fios do
seu cabelo.
— Eu sou seu pai e você está agindo como uma criança.
— Você nunca gritou comigo.
Lágrimas se acumulam em seus olhos.
— Você nunca passou dos limites.
A raiva some dos seus olhos e eles são preenchidos
completamente por uma sombra de ressentimento. Eu me
aproximo de Peter e toco seu braço.
— Peter, está tudo bem.
Ele não precisa brigar com ela por minha causa, não quero
isso. Peter me encara, seu olhar suaviza e o que eu vejo faz com
queira me jogar em seus braços. Nunca alguém me protegeu
assim!
— Não, Meghan, ela não pode falar assim com você, nós
não fizemos nada de errado e precisamos conversar como adultos,
Liv não pode agir como uma criança mimada.
— Eu preciso sair daqui.
Liv sussurra e nós voltamos nosso olhar para ela.
— Liv, eu não queria que você soubesse dessa forma, nós
iríamos contar para você assim que voltasse da viagem com Aaron.
Eu tento mais uma vez me explicar e ela faz um gesto com a
cabeça, afirmando que não quer me ouvir. Liv pega o celular em
seu bolso, seus dedos se movem sobre a tela e leva o aparelho até
sua orelha.
Peter entrelaça minha mão com a sua e aperta meus dedos
contra os seus. Nós dois observamos sua filha falar ao telefone
com alguém, não demoramos a perceber que é com Aaron.
— Você pode voltar e me buscar?... Sim, algo aconteceu...
Obrigada.
Ela dá meia volta e deixa a cozinha. Desvencilho minha mão
de Peter e vou atrás dela.
— Liv.
Ela olha para trás e suspira.
— Meghan, eu preciso de um tempo.
Assinto.
— Só quero que saiba que nunca foi proposital, mas a gente
não sabe por quem vai se apaixonar.
Ela me encara por alguns segundos e eu acho que vai falar
algo, mas por fim apenas se vira e caminha para longe. Meus
olhos se enchem de lágrimas enquanto a assisto sair pela porta da
frente.
Liv sai, bate a porta, eu sinto os braços de Peter me
cercarem, então viro-me e deixo que ele me abrace enquanto
rompo em lágrimas. Eu nem queria estar chorando, mas é mais
forte do que eu, acho que são os hormônios.
Peter nos guia até o sofá, senta-se e ele me segura como se
fosse um bebê. Eu apoio a lateral do meu rosto em seu peito e
traço círculos invisíveis em seu braço.
— Você acha que ela irá nos perdoar?
Minhas lágrimas seguem manchando sua camisa.
— Acho que sim.
— Sinto muito, sei que vocês acabaram de se entender.
Meu choro se intensifica e Peter beija o topo da minha
cabeça.
— Ela irá entender, pequena, só precisa de um tempo.
Eu espero que ele esteja certo.
— Ela é minha melhor amiga, minha família, e vou odiar se
ela nunca mais me perdoar e não quero que ela odeie você ou o
nosso bebê.
Choramingo. Deus, eu pareço uma chorona dramática, mas
não consigo me controlar.
— Ela não nos odeia, Meghan, só é uma situação difícil.
— Você realmente acredita nisso, ou está tentando ser
positivo?
Seus dedos sobem e descem pelas minhas costas em uma
carícia delicada.
— Eu realmente acredito nisso.
Nós ficamos nessa posição por um tempo, Peter envia uma
mensagem para Aaron, Liv está com ele e está bem.
— Você precisa comer, pequena.
As lágrimas já não caem mais pelo meu rosto e faço um
beicinho dramático com meus lábios.
— Eu não quero comer.
— Mas você precisa.
Ele tem razão e é por esse motivo que o deixo me levar para
a cozinha. Peter termina de preparar a sopa enquanto eu me sento
de frente para a ilha que ocupa parte do cômodo.
— Eu me sinto culpada por você ter ficado comigo —
confesso. — Você deveria ter ido atrás da sua filha.
Peter se vira, espalma as mãos no mármore e seu olhar
encontra o meu.
— Não fui atrás de Liv porque ela realmente precisa de um
tempo, essa situação não é convencional, mesmo a pessoa mais
de boa com o universo reagiria mal, pelo menos até assimilar.
Peter tem razão, suspiro e assinto.
— Você tem razão, eu só não queria que fosse assim.
— Tudo ficará bem, eu prometo.
Mesmo que não seja algo que dependa exclusivamente dele,
eu acredito em Peter.
Ele termina a sopa, jantamos na cozinha, limpamos e
finalizamos a noite sentados no sofá que fica na sacada da sala.
Há uma coberta sobre nós dois e trocamos histórias sobre nossa
infância.
E quando vamos para o quarto, Peter faz as mais diversas
promessas enquanto me beija, toca e me possui.
Apesar de querer ficar com Peter pela manhã, volto para
meu apartamento, não vou me mudar enquanto não nos
acertarmos com Liv. Ela não volta nem para o nosso apartamento
e nem para o apartamento do pai, ela segue com Aaron.
É difícil me manter longe dele e continuar sem conversar
com minha melhor amiga. Peter e eu nos encontramos para correr,
almoçar e jantar durante a semana, mas não volto com ele para
sua casa e Liv continua se mantendo distante, e embora tenhamos
enviado mensagens, ela não responde para nenhum de nós dois.
Na quinta-feira, eu não vou de carro para a faculdade,
porque Peter e eu marcamos de nos encontrar para patinar. Eu
vou com Penny para o Campus e após minha última aula, no meio
da tarde, vou até o estacionamento e encontro Peter apoiado
contra seu carro. Ele está usando apenas uma camisa xadrez,
calças jeans e coturnos, já que não está tão frio, e óculos escuros.
Gostoso demais e as garotas que deixam o prédio praticamente
babam quando o enxergam.
Eu vou até ele, paro à sua frente, levo minhas mãos até seu
pescoço e o puxo em minha direção. Peter não hesita e sua boca
cobre a minha. Beijo e mostro que ele é gostoso, mas tem dona.
Peter sorri assim que nos afastamos.
— O que foi isso?
Dou de ombros e limpo o meu batom borrado.
— Você não pode aparecer assim aqui.
— Assim como?
Pergunta enquanto se afasta do carro e abre a porta para
que eu possa entrar.
— Gostoso, todas as garotas estão te olhando.
Ele sorri, toca minha cintura e aproxima seu rosto do meu.
— A única garota que eu quero está bem aqui.
Beija meus lábios rapidamente e quando dá um passo para
trás, seguro sua camisa.
— Ótima resposta e só para você saber, se uma delas
encostasse em você, eu a destruiria.
Ele ri, eu o largo e entro no carro. Peter ainda está rindo
quando ocupa o lugar atrás da direção.
— Não sabia que era ciumenta.
— Nem eu, mas descobri que eu sou.
Suspiro e ele segue rindo. Peter dirige e assim que para de
rir, pergunta como foi meu dia, eu respondo e faço a mesma
pergunta, nós vamos conversando durante o trajeto.
Ao chegarmos, deixamos o carro no estacionamento, Peter
pega nossos patins e de mãos dadas entramos na arena e
seguimos até a pista de patinação.
Patinar é algo que Peter e eu amamos e ainda não fizemos
juntos. É irônico como foi algo que omitimos, ele me escondeu que
é um ex-jogador de hóquei e eu escondi que fazia parte de uma
equipe de patinação.
Não há muitas pessoas na pista, para nossa sorte, então
trocamos nossos tênis por patins e pisamos no gelo. Não posso
fazer nada muito elaborado por conta da gravidez, mas posso
deslizar.
— Eu amo estar aqui.
Confesso enquanto patinamos um ao lado do outro.
— Eu também.
Eu olho para ele e sorrio.
— Você acha que teremos um filho apaixonado por
patinação?
Ele ri e assente.
— Eu diria que tem uma chance de noventa por cento, uma
mãe e uma irmã apaixonadas por patinação e um pai ex-jogador
de hóquei, estará em seu DNA.
Peter está certo e eu consigo imaginar uma garotinha
deslizando pelo gelo.
— Não podemos esquecer do cunhado jogador de hóquei.
Peter faz uma careta.
— Aaron.
— Sim, nossa garotinha nem nasceu e tem um cunhado.
Nós dois tentamos não rir, mas é impossível.
É estranho pensar que os filhos de Liv chamarão meus filhos
de tios, mas é como nossa família irá funcionar e não há
problema nenhum nisso, o importante é o amor. Eu tive uma
família tradicional e foi um desastre.
Peter e eu seguimos patinando, ele é tão natural e o
imagino como um jogador de hóquei, talvez tenha que assistir
algum dos seus jogos.
— Como era ser um jogador?
Ele se vira para mim e soa nostálgico enquanto me
responde.
— Foi a realização de um sonho, sempre sonhei em ser um
jogador, eu fiz a faculdade que meus pais queriam, mas meu foco
era o hóquei e ser um jogador profissional.
Há paixão na forma como fala do esporte. Eu me posiciono
à sua frente e deslizo para trás.
— Você se arrepende de alguma coisa?
A intensidade com que me encara faz com que meu coração
acelere. Ele sempre fez meu coração bater diferente, desde a
primeira vez!
— Antes eu voltaria no passado, mas não faria mais isso,
porque foram meus erros e acertos que me trouxeram até você.
Suspiro apaixonada. Sempre foi impossível me manter
imune a Peter.
— E eu pensando que fui só um deslize.
Segura minha cintura e me puxa em sua direção.
— Você foi o meu melhor deslize, pequena.
E tudo terminou bem!
Meghan
Peter
Meghan
Meghan
❤️
por terem me permitido compartilhar mais uma história com vocês.
Vocês são incríveis e sem vocês jamais estaria aqui