Introdução À Epidemiologia

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Introdução à Epidemiologia

Profª. Cheryl Gouveia Almada

Descrição

História da Epidemiologia; coeficientes e índices epidemiológicos;


indicadores epidemiológicos.

Propósito

Conhecer a história da Epidemiologia e sua aplicação no campo da


saúde é fundamental para a análise crítica de dados e a geração de
informações, uma vez que os indicadores epidemiológicos permitem
investigar o estado de saúde das populações para propor medidas de
prevenção, promoção e recuperação da saúde adequadas à realidade
local.

Preparação

Tenha em mãos uma calculadora.

Objetivos
Módulo 1

Conceitos básicos em Epidemiologia

Reconhecer os objetivos e a importância da Epidemiologia e a sua


construção histórica.

Módulo 2

Coeficientes e índices em Epidemiologia

Relacionar a construção e a análise de coeficientes e índices com


sua aplicação nas políticas públicas de saúde.

Módulo 3

Indicadores epidemiológicos

Listar os indicadores epidemiológicos mais utilizados e suas


contribuições para a análise da situação de saúde.

Introdução
O termo epidemiologia deriva de epi (sobre) + demo (população) +
logos (estudo). Quando aplicamos os conceitos de epidemiologia à
área da saúde, temos um campo do saber voltado para o estudo
dos fatores que afetam a saúde das coletividades. Assim, a
Epidemiologia pode ser definida como a ciência que estuda o
processo saúde-doença das populações, por meio da análise de
dados para a produção de indicadores, taxas e índices que
contribuem para a geração de informações. Essas informações são
aplicadas tanto para o entendimento da situação de saúde de
determinada população quanto para o delineamento de medidas de
prevenção, promoção e recuperação da saúde.

Veremos em nosso estudo que o processo saúde-doença ocorre da


interação entre determinantes biológicos, socioeconômicos,
culturais e ambientais. A Epidemiologia integra diversos saberes
com o objetivo de delinear os aspectos relacionados ao bem-estar
de um grupo social.

Você já percebeu como o conhecimento da Epidemiologia é


importante para os profissionais da saúde, não é mesmo? Então
vamos aprofundar nossos estudos nesse incrível mundo de dados
e informações!

AVISO: orientações sobre unidades de medida.

Orientações sobre unidades de medida


Em nosso material, unidades de medida e números são escritos
juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No
entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o
número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e
demais materiais escritos por você devem seguir o padrão
internacional de separação dos números e das unidades.

1 - Conceitos básicos em Epidemiologia


Ao final desse módulo você será capaz de reconhecer os objetivos e a importância da
Epidemiologia e a sua construção histórica.
Epidemiologia
Doença não ocorre por acaso, pode ser compreendida como uma
desordem e, como toda desordem, precisa adquirir significação para o
ser humano. Assim, ao longo da história, a humanidade buscou
compreender a doença usando desde teorias sobrenaturais até
científicas.

Epidemiologia é a ciência que busca compreender como os


agravos à saúde não se distribuem ao acaso entre as
populações.

Isto é, a Epidemiologia estuda como e por que os agravos ocorrem em


uma população em determinado tempo e específica área geográfica.

A área de atuação da Epidemiologia inclui o ensino e a pesquisa em


saúde, a avaliação de políticas e serviços de saúde, a vigilância
epidemiológica e o diagnóstico da situação de saúde das populações.
Para tanto, reúne conhecimentos e métodos de outros campos do
conhecimento, principalmente da Estatística e das Ciências Biológicas e
Sociais.

A história da Epidemiologia mostra como a percepção de saúde é


moldada por diversos fatores, incluindo os de ordem filosófica, política e
religiosa, e como essa percepção influencia os métodos científicos ao
longo do tempo.

Vamos conhecê-la?

Evolução histórica da Epidemiologia


Na Antiguidade, a doença era vista como punição, um castigo advindo
dos deuses. Portanto, não fazia sentido estudar outras causas para sua
ocorrência, já que o sobrenatural respondia à indagação dos homens.

Algumas sociedades acreditavam na teoria Metafísica, que considerava


que os corpos celestes, como os planetas, a lua e as estrelas,
influenciavam na saúde da população — teoria conhecida atualmente
como Astrologia.
A seguir, vamos conhecer a evolução histórica da Epidemiologia.

coronavirus Há cerca de 2.500 anos

(460-370 a.C.)

Foi quando Hipócrates, conhecido como o pai da


Medicina, estruturou os conceitos epidemiológicos
básicos em sua obra Dos ares, águas e lugares, que
relacionava o ambiente à ocorrência de doenças.
Foi o primeiro a associar o modo de vida das
populações à ocorrência de doenças, conferindo
um sentido coletivo ao fato de adoecer ou estar
sadio. O termo “epidêmico” foi empregado por
Hipócrates, que introduziu também a ideia de
população e ocorrência de doenças, pois a palavra
grega epidemeion, da qual o termo deriva, significa
“visitar” e era referida às doenças que chegavam às
comunidades.

Na época, predominava a “teoria do miasma”, que


considerava a doença decorrente de um
desequilíbrio entre os humores do corpo (sangue-
coração, fleuma-cérebro, bile amarela-fígado, bile
negra-baço), relacionados às propriedades do ar
(temperatura e umidade) e aos quatro elementos:
ar, terra, água e fogo.

coronavirus Na era Romana

(199-217 a.C.)

Galeno era um médico grego que reforçava as


ideias de Hipócrates em suas obras, contribuindo
para o avanço da Medicina científica em Roma.
Nessa época, os nascimentos e óbitos eram
obrigatoriamente registrados. Foi a primeira
sociedade a manter dados atualmente
conceituados como epidemiológicos.
coronavirus A partir da Idade Média

(séculos V-XV)

Houve uma dicotomização entre as ideias do


Ocidente e do Oriente. No Ocidente, com a
hegemonia da Igreja Católica, houve retorno à
percepção religiosa de que a doença era resultado
do pecado, prevalecendo a Medicina individual
curativa, baseada em crenças e valores, e o
negacionismo da Medicina científica. Enquanto no
Oriente, considerado o berço da saúde pública, a
valorização dos estudos de Hipócrates reforçava a
importância da Medicina coletiva preventiva e
científica.

coronavirus No século X

(98-1037)

O médico persa Avicena trouxe novamente à tona


as ideias hipocráticas e galênicas para a Medicina
ocidental, um avanço da ciência em desfavor da
hegemonia religiosa.

coronavirus Na Idade Moderna

(1453-1789)

A investigação acerca de uma doença que causava


a morte de ovinos colocou a Medicina Veterinária
como precursora desse movimento — iniciava-se a
contagem dos indivíduos doentes para o controle
de tal doença.

Thomas Sydenham (1624-1689), médico inglês, publicou a obra


intitulada História natural das doenças, que estabelece a relação
temporal da evolução do processo de adoecimento de um indivíduo até
sua cura ou morte, apontando momentos e mecanismos nos quais a
prevenção e o controle das doenças deviam ser empregados.

Essa publicação levou Sydenham a ser considerado um dos principais


nomes da ciência epidemiológica.

Retrato de Thomas Sydenham.

Paralelo a isso, o capitalismo trouxe a necessidade de contabilizar o


exército e os cidadãos. William Petty (1623-1687), economista inglês,
propôs a utilização de métodos estatísticos para quantificar a riqueza
do país, conhecido como Aritmética Política. Para isso, eram
necessários dados que seriam subsídios da análise.

Retrato de William Petty.

Um dos precursores da coleta de dados sobre óbitos e considerado o


pai das estatísticas vitais, foi John Graunt (1620-1674), demógrafo
inglês que publicou a obra Observações naturais e políticas sobre as
contas de mortalidade.

Na obra, Graunt coleta, organiza e analisa dados de mortalidade,


estabelecendo hipóteses sobre o tamanho da população da Inglaterra,
as taxas de natalidade e mortalidade por sexo e a propagação de
doenças.

Em suas análises, notou maior número de óbitos entre homens, alta taxa
de mortalidade entre lactentes, variação estacional nas taxas de
mortalidade, entre outros aspectos.

Publicação do inglês John Graunt no ano de 1662.

Curiosidade

O termo epidemiologia foi utilizado pela primeira vez por Quinto Tiberio
Angelerio (1532-1617) em seu trabalho sobre a prevenção da peste
bubônica, no século XVI, na Espanha.

Ainda na Idade Moderna, Daniel Bernoulli (1700-1782), físico,


matemático e médico suíço, utilizou a teoria das probabilidades advinda
de estudos matemáticos para estimar anos de vida ganhos com a
vacinação contra varíola.

Retrato de Daniel Bernoulli.


Outra contribuição importante para a história da Epidemiologia foi
realizada por William Farr (1807-1883), médico inglês responsável pelas
estatísticas médicas no país. Em seus estudos, analisou dados de
mortalidade em diferentes ambientes de trabalho e prisões.

Na imagem a seguir, vemos uma tabela de contagem de mortalidade


presente na publicação de William Farr intitulada Carta ao registrador
geral sobre a mortalidade nos distritos de registro da Inglaterra durante
os anos de 1861-1870 e datada de 1875.

Publicação do médico inglês William Farr em 1875.

Também em meados do século XIX, Louis René Villermé (1782-1863),


médico francês, desenvolveu estudos sobre a relação da ocorrência de
doenças e as desigualdades sociais, relacionando taxas de mortalidade
e nível de renda da população de Paris.

John Snow (1813 - 1858), médico inglês, é considerado o pai da


Epidemiologia em razão de seus estudos sobre a transmissão do cólera
em Londres (Inglaterra). Na imagem a seguir, vemos o mapa presente na
publicação de Snow intitulada Relatório sobre o surto de cólera na
paróquia de St. James, Westminster, durante o outono de 1854, datada de
1855.

Mapa do surto de cólera em 1855.

video_library
Os trabalhos de John Snow sobre a
cólera
Assista ao vídeo e perceba como o pensamento de John Snow
contribuiu para o desenvolvimento da Epidemiologia como instrumento
das políticas de saúde.

Apesar de John Snow ser considerado por muitos o pai da


Epidemiologia, vários estudiosos conferem o título ao médico francês
Pierre Charles Alexandre Louis (1787-1872). Isso porque Pierre Louis
publicou, no ano de 1825, um estudo sobre a eficácia do tratamento
clínico da tuberculose analisando 1.960 casos por meio de métodos
estatísticos.

Retrato de John Snow.

Retrato de Pierre Charles Alexandre Louis.

Saiba mais
Outros estudos importantes para a afirmação da Epidemiologia como
ciência foram desenvolvidos ao longo do século XIX, como o realizado
pelo médico húngaro Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865), que
observou que havia uma grande diferença de mortalidade entre as
mulheres puérperas atendidas em duas diferentes maternidades.
Semmelweis identificou que, na clínica com maior concentração de
óbitos, as mulheres eram atendidas por alunos de Medicina logo após a
aula de dissecção de cadáveres. O médico solicitou que os estudantes
lavassem as mãos antes do atendimento, e esse procedimento diminuiu
consideravelmente a taxa de mortalidade entre as mulheres no período
pós-parto.

Lembre-se de que à época ainda não se sabia sobre a transmissibilidade


dos microrganismos, logo, suas ideias não foram aceitas pela sociedade
científica.

O médico inglês James Lind (1716-1794), outro estudioso que


contribuiu para o avanço da Epidemiologia, percebeu que os marinheiros
que não se alimentavam de frutas cítricas durante as expedições
marítimas sofriam mais de escorbuto do que aqueles que recebiam
esse alimento durante a viagem.

Na época, o médico então recomendou o consumo de limões e, assim, o


número de casos e óbitos pela doença reduziu. Logo, o consumo de
limões reduziu o número de casos e óbitos pela doença.

Depois, a ausência de vitamina C (presente em alimentos, como couve,


brócolis, pimentão amarelo e frutas cítricas) foi identificada como a
causadora do escorbuto.

Retrato de James Lind.

Seguindo o nosso histórico, o médico japonês Kanehiro Takaki (1849-


1915) analisou a dieta de marinheiros que sofriam de beribéri. À época,
esses marinheiros comiam apenas arroz branco durante as expedições.
Takaki sugeriu a inclusão de outros alimentos nas refeições, como maçã
e cereais integrais, reduzindo a zero o número de casos da doença.
Assim como no escorbuto, apenas anos mais tarde a ausência de
vitamina B1 (presente na carne de porco, maçã, espinafre, feijão, nozes e
cereais integrais) foi identificada como a causadora do distúrbio.

Exemplo
Um caso que ilustra a importância do estudo das epidemias é o da
pleuropneumonia contagiosa dos bovinos que acometeu os Estados
Unidos da América em 1843. Nessa época, o médico veterinário
estadunidense Daniel Elmer Salmon (1850-1914) e seus colaboradores
investigaram os casos e perceberam que os bovinos importados da
Europa possivelmente seriam a fonte da doença. Sugeriram, entre outras
medidas, o abate dos animais doentes e a quarentena dos recém-
chegados. A medida reduziu o número de casos e os óbitos causados
pela doença.

Perceba que a evolução do pensamento do contágio, a despeito da ideia


da causalidade sobrenatural das enfermidades, aconteceu antes da
confirmação dos microrganismos como agentes etiológicos de
doenças.

Somente em 1876, a teoria microbiana das doenças, a que considera os


microrganismos como os agentes causadores de diversas doenças, foi
confirmada por Robert Koch (1843-1910), médico alemão que
comprovou a transmissibilidade do Bacillus anthracis e sua atividade
como agente etiológico do antraz, garantindo o avanço da compreensão
da epidemiologia das doenças transmissíveis.

Bacillus anthracis.

Foi no início do século XX, com a crise econômica de 1929, a qual


tornou os custos dos cuidados com a saúde individual muito altos, que
a importância da Epidemiologia se firmou, baseando-se nos conceitos
de risco e prevenção associados, majoritariamente, à transmissão de
doenças infecciosas.

Durante e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a


preocupação com a saúde física e mental das tropas militares
reforçaram a relevância dos estudos epidemiológicos também para os
casos de doenças não transmissíveis.

Saiba mais

Na Grécia Antiga, o culto aos deuses e às deusas fazia parte da cultura


helênica. Havia duas deusas que nos interessam: Panaceia e Higeia. A
deusa Panaceia era adorada por aqueles que acreditavam na Medicina
individual curativa, enquanto Higeia era adorada pelos que acreditavam
na Medicina do coletivo, no equilíbrio entre o ser humano e o ambiente
que o cerca. O conflito entre a Medicina individual e a coletiva parece ser
mais antiga do que imaginamos!

Vamos conhecer agora a evolução epidemiológica no Brasil.

flag Início do século XX

Foi marcado pela ocorrência das epidemias de


febre amarela, peste bubônica e varíola no Rio de
Janeiro. A adoção de medidas preventivas
planejadas pelo médico paulista Oswaldo
Gonçalves Cruz (1872-1917) e impostas pelo
governo de modo autoritário culminou com a
conhecida Revolta da Vacina no Rio de Janeiro (10
a 16 de novembro de 1904).

flag 1878-1934

Paralelamente aos estudos de Oswaldo Cruz, o


biólogo e médico mineiro Carlos Ribeiro Justiniano
das Chagas também se destacou na descrição
epidemiológica da transmissão de doenças
infecciosas, especialmente a malária e a doença de
Chagas.

No início do século XX, a disciplina de Epidemiologia foi incluída nos


currículos das faculdades de Medicina e diversas associações
científicas de epidemiologistas surgiram em todo o mundo. Os estudos
epidemiológicos dividiam-se em duas vertentes: a Epidemiologia clínica
e a Epidemiologia social. A seguir, vamos entender a diferença.

biotech biotech
Epidemiologia clínica Epidemiologia social

Ocupava-se em Analisava os
investigar os melhores determinantes sociais
métodos diagnósticos e
close associados à
terapêuticos para as
doenças com base na ocorrência das doenças
análise de grupo de em nível coletivo.
indivíduos.

A partir da segunda metade do século XX, os métodos da análise


epidemiológica foram sistematizados e o advento da computação
incrementou suas técnicas e análises. Desde então, a Epidemiologia
vem ampliando suas aplicações e, assim, novos subcampos de
pesquisa surgiram, como:

Epidemiologia molecular
Estuda como os fatores genéticos interagem com os fatores ambientais
e influenciam em ocorrência e distribuição de doenças em populações.

Farmacoepidemiologia
Estuda os efeitos benéficos, colaterais e adversos relacionados ao uso
de fármacos em populações.

Definição, conceitos, objetivos e


importância da Epidemiologia
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a Epidemiologia como:

o estudo dos fatores que


determinam a frequência e a
distribuição das doenças nas
coletividades.

(OMS, 1973)

Em 2003, o termo Epidemiologia também foi definido por Rouquayrol e


Goldbaum como:
“a ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades
humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das
enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva,
propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação
de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao
planejamento, administração e avaliação das ações de saúde”.

Assim, para iniciarmos nossa viagem ao mundo da Epidemiologia, é


importante conhecer os conceitos mais aplicados no estudo da
ocorrência das doenças em nível coletivo. São eles:

1. Agravo: dano.

2. Caso: indivíduo acometido por determinado agravo à saúde


comprovado por meios diagnósticos aceitáveis pela comunidade
científica.

3. Caso índice: primeiro caso registrado de um agravo à saúde em


determinada localidade.

4. Caso primário: primeiro caso de um agravo à saúde em


determinada localidade.

5. Caso suspeito: indivíduo que apresenta história clínica, sintomas e


possível exposição a uma fonte de infecção, sugerindo que seja
um caso do agravo à saúde, porém sem diagnóstico confirmado.

6. Dado: representação quantitativa de determinado evento.

7. Doença: alteração do estado de saúde de um indivíduo.

8. Eliminação: redução a zero da incidência de um agravo, com


manutenção indefinidamente no tempo das medidas de controle.

9. Erradicação: redução a zero da transmissão de um agente


patogênico provocada por sua extinção artificial em determinado
local, não necessitando manter medidas de controle.

10. Endemia: agravo à saúde habitualmente presente em determinada


população, ocorrendo nos limites esperados para a localidade.

11. Epidemia: elevação brusca, inesperada e temporária da incidência


de determinado agravo à saúde, que ultrapassa os valores
esperados para a população no período avaliado;
12. Fator de risco: toda característica ou circunstância que
acompanhe aumento de probabilidade de ocorrência do fato
indesejado.

13. Frequência: número de casos em um período em determinada área


geográfica.

14. Incidência: número de novos casos em um período em


determinada área geográfica.

15. Indicador: instrumento utilizado como parâmetro de planejamento,


monitoramento e avaliação de ações.

16. Informação: ideia obtida por meio da análise de dados e


indicadores.

17. Pandemia: epidemia de larga distribuição espacial, atingindo


várias nações.

18. Período de incubação: intervalo entre a infecção e o aparecimento


dos primeiros sintomas e sinais da doença.

19. Período prodrômico: intervalo entre o aparecimento dos primeiros


sintomas e sinais da doença até que surjam aqueles que os são
característicos.

20. População: grupo de indivíduos que compartilham características


socioeconômicas, culturais, históricas e geográficas comuns.

21. Processo saúde-doença: todas as variáveis envolvidas no


processo de adoecimento e de recuperação da saúde ou morte.

22. Saúde: estado de completo bem-estar físico, mental e social e não


apenas a ausência de doença.

23. Saúde pública: práticas e medidas de responsabilidade do Estado


que tem por objetivo a promoção, proteção e recuperação da
saúde por meio de ações de caráter coletivo.

24. Surto: aumento inesperado do número de casos de determinado


agravo em uma região específica, como escolas, maternidades e
bairros.

Com base nesses conceitos básicos, o método epidemiológico busca as


características próprias presentes no grupo de indivíduos acometidos
por determinado agravo à saúde que auxiliem na investigação da sua
ocorrência e, assim, contribuam para o planejamento, o monitoramento
e a avaliação das medidas preventivas e de controle.

Perspectivas metodológicas da Epidemiologia

A investigação epidemiológica pode se dar por meio de diferentes


perspectivas metodológicas:

Descritiva

Ocupa-se do estudo da distribuição do agravo na população;


observa, coleta dados e organiza as variáveis relacionadas. Seu
objetivo principal é informar sobre a distribuição e a frequência
dos casos na população.

Epidemiologia Descritiva.

Analítica

Ocupa-se da análise das informações obtidas pela Epidemiologia


Descritiva, com o objetivo de formular hipóteses que expliquem a
ocorrência do agravo e de identificar fatores de risco associados
a ele.

Epidemiologia Analítica.

Experimental
Chamado também de Intervenção, ocupa-se da investigação de
determinadas ações sobre a ocorrência do agravo, por meio de
experimentos controlados, com o objetivo de determinar métodos
preventivos e de controle, além de fatores prognósticos.

Epidemiologia Experimental.

Teórica

Ocupa-se de simular padrões de ocorrência do agravo por meio


de modelos matemáticos com objetivo de predizer cenários.

Epidemiologia Teórica.

Objetivos da Epidemiologia

Como vimos, a Epidemiologia estuda o processo saúde-doença das


populações para colaborar com o trabalho de definição de estratégias,
prevenção e controle. Os objetivos da Epidemiologia são:

coronavirus Descrever a história natural das doenças.


coronavirus Investigar os padrões de distribuição das doenças
no tempo e no espaço.

coronavirus Determinar os fatores associados à ocorrência de


determinada condição de enfermidade.

coronavirus Estimar a frequência das doenças na população.

coronavirus Identificar os efeitos econômicos e sociais


negativos de determinado agravo à saúde para a
população.

coronavirus Contribuir para o bem-estar e a melhoria da


qualidade de vida da população.

coronavirus Oferecer suporte para o planejamento, o


monitoramento e a análise das ações de prevenção
e controle de doenças.

Os estudos epidemiológicos buscam identificar:

Atenção

O quê?
O agravo à saúde que afeta determinada população.
Quem?
Como os casos da doença se apresentam distribuídos na população,
segundo sexo, faixa etária e renda, por exemplo.

Onde?
Como os casos da doença se apresentam distribuídos em determinado
espaço geográfico.

Quando?
Como os casos da doença se apresentam distribuídos ao longo do
tempo em determinado lugar.

Por quê?
Fatores de risco associados à ocorrência da doença.

Quanto?
Os recursos necessários e os custos que envolvem o controle e a
prevenção da doença.

Respondendo a essas questões, é possível descrever as condições de


saúde de uma população e investigar os fatores determinantes da
situação de saúde, produzindo informações suficientes para propor
intervenções que busquem minimizar a ocorrência da doença ou os
seus impactos negativos.

Assim, reside a importância da Epidemiologia!

Aplicações da Epidemiologia

Vamos conhecer a seguir as principais aplicações da Epidemiologia.

Diagnóstico da situação de saúde de determinada


população expand_more

É necessário estabelecer uma rotina de coleta de dados de


determinado agravo à saúde. Como a Epidemiologia está
intrinsecamente relacionada com outros campos de saber, é
também imprescindível a coleta rotineira de dados demográficos,
socioeconômicos, ambientais, culturais, entre outros. Todos
esses dados são trabalhados estatisticamente para compor
indicadores de saúde que fomentarão a construção de
informações úteis para o estabelecimento de ações de
prevenção e controle de determinado agravo à saúde.

Dessa forma, para diagnosticar a situação de saúde de uma


população, é preciso estar atento aos possíveis erros
metodológicos desde a fase de planejamento até a análise dos
dados, incluindo a fase de execução da coleta.

Possíveis erros, na fase de planejamento, estão relacionados


com a definição da amostra, por exemplo, devendo ser capaz de
representar toda a população, para que seja possível considerar
que os resultados encontrados nas amostras possam ser
extrapolados para a população. Durante a execução da coleta de
dados, erros comuns estão relacionados com a coleta de dados
incompletos ou de dados que não auxiliam nas análises. Já
durante a fase de análise dos dados são comuns os erros nos
cálculos dos indicadores.

Todos esses erros geram vieses ao estudo e comprometem a


validade de seus resultados, o que pode prejudicar a efetividade
de todas as ações de prevenção e controle neles pautadas.

Investigação dos fatores etiológicos de um agravo à


saúde em determinada população expand_more

É fundamental a determinação dos fatores que causam as


doenças, para que seja possível estabelecer medidas preventivas
e de controle. A teoria da multicausalidade determina que vários
fatores combinados entre si são responsáveis pela ocorrência de
determinada doença. Isso ocorre mesmo no caso de doenças
infecciosas.

Pense na dengue, por exemplo, não basta que tenhamos o vírus


circulando no ambiente, é necessária a presença do mosquito
vetor (Aedes aegypti) em uma densidade suficiente para
transmitir o vírus. Essa densidade de mosquitos está relacionada
com fatores ambientais (coleção de águas na qual o vetor possa
desenvolver seu ciclo de vida), socioeconômicos (necessidade
de estocar água para as necessidades individuais e domésticas
em locais com abastecimento de água precário), culturais
(despejo de lixo em vias públicas e terrenos baldios) etc.

Determinação do risco de ocorrência de um agravo à


saúde em determinada população expand_more

O conceito de risco foi definido pela Organização Pan-Americana


de Saúde (OPAS) em associação com a Organização Mundial de
Saúde (OMS) no ano de 1988 como “a probabilidade de
ocorrência de um resultado desfavorável, um dano ou um
fenômeno indesejado. Deste modo, estima-se o risco ou a
probabilidade de que uma doença exista por meio dos
coeficientes de incidência e prevalência”.

Tomando a teoria da causalidade explicada anteriormente, os


estudos epidemiológicos precisam ser capazes de não somente
identificar os fatores de risco associados, mas também de
estabelecer relação entre eles.

Determinação de prognósticos acerca da situação de


saúde expand_more

Com base nas informações sobre a situação da saúde de


determinada população, sobre os fatores etiológicos de um
agravo à saúde e sobre os fatores de risco associados, torna-se
possível estabelecer previsões acerca da capacidade de
recuperação da saúde dos indivíduos acometidos.

Planejamento das políticas públicas e organização dos


serviços de saúde expand_more

Os indicadores epidemiológicos são úteis para o planejamento


das políticas públicas de saúde que envolvem determinado
agravo, tanto para minimizar ou erradicar o agravo quanto para
diminuir seus efeitos negativos sobre a qualidade de vida da
população. Além disso, os serviços de saúde são organizados
com base nesses indicadores, também usados para identificar
áreas e ações prioritárias a fim de atender às demandas de
saúde da população.

Saiba mais

Segundo o epidemiologista escocês Jeremiah Noah Morris (1975), a


Epidemiologia apresenta diferentes usos: a realização de estudos
históricos da doença, o diagnóstico de saúde da comunidade, a
avaliação do funcionamento dos serviços de saúde, o estabelecimento
de riscos e probabilidades individuais de sofrer agravos à saúde, a
identificação de síndromes, a complementação do quadro clínico e a
busca das causas da doença. Até hoje, os usos da Epidemiologia
propostos por Morris são utilizados didática e operacionalmente pelos
epidemiologistas.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Vimos que a Epidemiologia busca estudar o processo saúde-


doença das populações para colaborar no trabalho de definição de
estratégias de prevenção e controle. Diante disso, analise as
afirmativas sobre a Epidemiologia:

I - Ela investiga os padrões de distribuição dos agravos à saúde no


tempo e no espaço.

II - Ela reúne conhecimentos e métodos da Estatística e das


Ciências Biológicas e Sociais.

III - Sua área de atuação inclui apenas a pesquisa na situação de


saúde das populações.

Considera-se correto o que está descrito em:

A I, apenas.

B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E II e III, apenas.

Parabéns! A alternativa D está correta.

A Epidemiologia é a ciência que se ocupa da coleta, organização e


interpretação de dados relacionados à ocorrência de determinado
agravo à saúde para propor, monitorar e avaliar medidas de
controle. Sua área de atuação inclui o ensino e a pesquisa em
saúde, a avaliação de políticas e serviços de saúde, a vigilância
epidemiológica e o diagnóstico da situação de saúde das
populações. A Epidemiologia reúne os conhecimentos e métodos
de outros campos de conhecimento, principalmente da Estatística e
das Ciências Biológicas e Sociais.

Questão 2

Para o estudo epidemiológico, são muito importantes a definição e


a identificação dos casos do agravo em saúde a ser analisado.
Depois dessa etapa, torna-se possível investigar fatores
relacionados à ocorrência da doença para propor medidas e ações
preventivas e de controle. Nesse contexto, analise as assertivas a
seguir.

I - Caso: corresponde a todo indivíduo acometido pelo agravo à


saúde.

II - Caso índice: primeiro caso do agravo à saúde ocorrido em


determinada localidade.

III - Caso primário: primeiro caso do agravo à saúde registrado em


determinada localidade.

Considera-se correto o que está descrito em:

A I, apenas.

B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E II e III, apenas.

Parabéns! A alternativa A está correta.


O caso primário corresponde ao primeiro caso de agravo à saúde
ocorrido em determinada localidade, não significa que esse caso
tenha sido o primeiro a ser registrado. Ele pode ter sido identificado
por meio de investigações realizadas após o primeiro caso
registrado da doença, que é definido como caso índice.

2 - Coeficientes e índices em Epidemiologia


Ao final desse módulo você será capaz de relacionar a construção e a análise de coeficientes
e índices com sua aplicação nas políticas públicas de saúde.

Estatística aplicada à Epidemiologia


Como vimos, a Epidemiologia busca compreender os eventos
relacionados ao processo saúde-doença, a fim de apontar ações de
intervenção. Para isso, a ciência epidemiológica usa os saberes da
ciência estatística.

Podemos dizer que a estatística é o campo do saber que


apresenta as ferramentas básicas para o entendimento de
situações de saúde que exigem tomada de decisão.

Em Epidemiologia, a estatística é a chave para o levantamento, a


descrição e a representação de dados (estatística descritiva ou
dedutiva) para posterior geração de informações úteis à definição de
práticas a partir da análise, interpretação e extrapolação dos resultados
(estatística inferencial ou indutiva).

Vamos conhecer a seguir a importância dos dados para a construção de


coeficientes e índices que contribuem para as ações em saúde!

Séries estatísticas: dados absolutos e relativos

Os dados são ferramentas fundamentais em um estudo epidemiológico,


pois as informações resultam da coleta, da organização e da análise. É
com base nos dados que se constrói uma série estatística para
interpretar o evento que se deseja investigar.

Mas o que é uma série estatística?

Uma série estatística nada mais é do que uma tabela que apresenta a
distribuição de um conjunto de dados em função de diferentes fatores,
como: local, tempo, sexo etc. Existem vários tipos de séries estatísticas,
dependendo de como os dados são apresentados nas tabelas. Vejamos
a seguir.

Série estatística temporal, cronológica, evolutiva ou histórica

Os dados são apresentados de acordo com a época de ocorrência.


Exemplo: casos de AIDS identificados no Brasil, segundo o ano de
diagnóstico (período: 2000-2010).

Ano de diagnóstico Frequência (nº de casos)

2000 36.483

2001 34.942

2002 39.398

2003 38.185

2004 38.355

2005 38.230

2006 37.643
Ano de diagnóstico Frequência (nº de casos)

2007 38.712

2008 41.225

2009 41.192

2010 40.775

Tabela: Casos de AIDS identificados no Brasil.


Adaptado de Ministério da Saúde/Datasus, 2021.

Série geográfica, espacial, territorial ou de localização

Os dados são apresentados segundo o local de ocorrência. Exemplo:


casos de tuberculose identificados na região Sudeste em 2018, segundo
UF de notificação.

UF de notificação Frequência (nº de casos)

Espírito Santo 1.484

Minas Gerais 4.218

Rio de Janeiro 14.814

São Paulo 22.257

Tabela: Casos de tuberculose identificados na região Sudeste.


Adaptado de: Ministério da Saúde/Datasus, 2021.

Série específica ou categórica

Os dados são apresentados segundo o evento ou a espécie, com tempo


e local fixos. Exemplo: cobertura vacinal no Brasil em 2019, segundo o
tipo de vacina.

Tipo de vacina Cobertura vacinal (%)

BCG 86,67

Hepatite B em crianças até 30 dias 78,57


Tipo de vacina Cobertura vacinal (%)

Rotavírus humano 85,40

Meningococo C 87,41

Hepatite B 70,77

Penta 70,76

Tabela: Cobertura vacinal no Brasil.


Adaptado de Ministério da Saúde/Datasus, 2021.

Séries conjugadas

Os dados são apresentados segundo duas ou mais séries


concomitantemente. Exemplo: casos de acidentes com animais
peçonhentos no Brasil, na região Norte, no período de 2015 a 2020.

UF de notificação 2015 2016

Acre 1.071 937

Pará 7.727 7.349

Rondônia 1.033 873

Roraima 520 588

Tocantins 2.593 2.760

Tabela: Casos de acidentes com animais peçonhentos no Brasil.


Adaptado de Ministério da Saúde/Datasus, 2021.

Os dados para a análise epidemiológica podem ser naturais ou


experimentais. Veja as diferenças:

Dados naturais Dados experimentais

São aqueles que São aqueles produzidos


existem sem a em condições
intervenção do controladas, como a
pesquisador, como o eficácia de um
peso de um indivíduo ou medicamento ou a
a incidência de uma close efetividade de um
doença. tratamento clínico. Os
dados podem ser
expressos com base em
números (quantidade)
ou categorias
(qualidade).

Atenção
No momento da coleta de dados, é necessário utilizar um instrumento
calibrado e/ou um método validado, para evitar a ocorrência de erros
que possam comprometer os resultados do estudo epidemiológico.
Desse modo, a coleta de dados deve ser cuidadosa e baseada no tipo de
variável de interesse ao estudo. Variável pode ser compreendida como
uma característica quantitativa ou qualitativa que varia entre os
indivíduos, enquanto o dado é a expressão numérica ou categórica
dessa variação. Por exemplo, o peso do indivíduo ao nascer é uma
variável cujos dados são coletados em quilogramas.

Os dados podem ser coletados continuamente (nascimentos e óbitos,


por exemplo), periodicamente (censo populacional, por exemplo) ou
ocasionalmente (para fins específicos de pesquisa de determinada
situação de saúde).

Em Epidemiologia, costumamos utilizar:


people_alt
Dados populacionais
Número de habitantes, idade e sexo.

monetization_on
Socioeconômicos
Renda, escolaridade e ocupação.

local_drink
Ambientais
Uso do solo e saneamento básico.

fitness_center
Oferta de serviços de saúde
Unidades de saúde presentes na região.

coronavirus
Morbidade
Doenças.

baby_changing_station
Eventos vitais
Nascimentos e óbitos.

Agora que você conhece um pouco mais sobre os dados


epidemiológicos, retorne às séries estatísticas apresentadas nos
exemplos anteriores e perceba que as séries sobre AIDS, tuberculose e
acidentes com animais peçonhentos apresentam o número de casos, ou
seja, a frequência desses eventos. Já a série sobre cobertura vacinal
apresenta um percentual de indivíduos vacinados, ou seja, o número de
vacinados em relação ao total de indivíduos.

Os dados podem ser expressos de maneira absoluta ou relativa. Os


dados absolutos referem-se à contagem dos dados brutos, enquanto os
dados relativos, à relação entre dados absolutos.

Exemplo
O número de casos de determinada doença em dado local é expresso
em número absoluto. Se relacionarmos matematicamente esse número
de casos ao número total de habitantes do local, teremos um dado
relativo.

A seguir, vamos entender melhor com um caso prático.

Segundo o Datasus, em 2010, foram registrados 40.202 casos de


hanseníase no Brasil. Segundo o IBGE, o número de habitantes no país
nesse ano era de 190.755.799. Temos, portanto, dois dados absolutos
do país: o número de casos da doença e o número de habitantes. Ao
relacionarmos esses dois dados, podemos dizer que, no ano de 2010,
ocorreram no Brasil 2,1 casos a cada 10 mil habitantes. Temos,
portanto, um dado relativo.

O Brasil hoje conta com cinco grandes bancos de dados coletados de


forma contínua, organizados e disponibilizados pelo Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), tais quais:

1. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM);

2. Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC);

3. Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação (SINAN);

4. Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde


(SIA/SUS);

5. Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde


(SIH/SUS).

Esses bancos de dados têm como vantagem ofertar séries estatísticas


de interesse em saúde coletiva sobre as quais as ações de prevenção e
controle podem ser planejadas. No entanto, devemos ter em mente que
esses dados correspondem apenas ao que foi possível ser coletado, ou
seja, aos eventos contabilizados.
Para que você entenda melhor, imagine o exemplo:

Uma gestante residente em uma localidade afastada do centro urbano e


sem acesso aos serviços de saúde teve seu parto realizado em casa e
seu bebê veio a óbito logo após o nascimento. Esse óbito não será
registrado, portanto, não fará parte do banco de dados nacional sobre
mortalidade.

Temos sempre que pensar que existe uma provável subnotificação de


dados nesses sistemas.

video_library
Importância da análise estatística
para a epidemiologia
Assista ao vídeo a seguir, em que o especialista explica como os
conhecimentos estatísticos contribuem para a ciência epidemiológica,
dando respaldo às políticas públicas de saúde.

Coeficientes e índices

Depois de coletados, os dados devem ser utilizados para a construção


de indicadores epidemiológicos, também conhecidos como indicadores
de saúde. Para isso, os coeficientes e os índices são utilizados para
cálculo.

Coeficientes ou taxas Índices ou proporções

Têm por objetivo Não mensuram a


mensurar uma probabilidade de um
probabilidade, ou seja, o close evento ocorrer, apenas
risco de um indivíduo indicam a importância
ser acometido pelo de um evento em
evento estudado. relação ao todo.
Agora, vamos conhecer cada um separadamente.

Índices

Já vimos que os índices refletem a importância de um evento em


relação ao todo. Mas o que isso significa?

Se quisermos saber quantas pessoas vivem em determinado local,


precisamos construir um índice demográfico que expresse o número de
pessoas que vive na região de interesse em relação ao tamanho da área
geográfica, também conhecido como densidade populacional. Vejamos:

n úmero de habitantes
Densidade populacional =
área geográf ica

Exemplo
Sabendo-se que, segundo o IBGE, a população do Acre, em 2021, é de
906.876 habitantes e que a área total do estado é de 152.581km², o
índice demográfico que expressa a densidade populacional seria
calculado da seguinte maneira:

906786
Densidade populacional (Acre) = = 5, 94 habitantes
152581

Os índices também podem ser expressos proporcionalmente, ou seja, de


acordo com uma característica específica. Seguindo o mesmo exemplo
da densidade populacional, caso precisássemos do número de
habitantes mulheres em relação à localidade, calcularíamos a densidade
populacional do seguinte modo:
n úmero de habitant
Densidade populacional proporcional =
área geo

Seguindo o exemplo do Acre, que tem 451.579 mulheres, teríamos:

451579
Densidade populacional proporcional ( Acre ) = = 2,
152581

Segundo o IBGE, a população do Acre, em 2021


O site do IBGE atualiza seus dados a cada 40 minutos aproximadamente.
Isso significa que os números estarão discrepantes quando forem
checados. Dia 6 de outubro, às 16h51, o estado do Acre tinha 910.183
habitantes.

Fonte: IBGE, 2021.

Um outro exemplo: para calcularmos o índice de médicos por


habitantes, precisamos ter conhecimento do número de médicos
existentes em determinada localidade e do seu número de habitantes.

Atenção
Os índices oferecem uma visão de alguma situação em relação ao todo.

Coeficientes

Os coeficientes indicam uma probabilidade, portanto, correspondem à


frequência de um evento em determinado período na população total ou
em parte específica dela no período estudado (mulheres, homens ou
crianças, por exemplo).

Como as populações de determinada localidade são dinâmicas


(aumentam ou diminuem com o tempo) e influenciadas por migrações,
nascimentos e óbitos, é necessário ter uma estratégia para poder
comparar a frequência do evento ao longo do tempo. Além disso, essa
estratégia permite comparar a frequência do evento em localidades
distintas, que apresentam, portanto, número de habitantes diferentes
entre si.

Atenção
A estratégia utilizada para isso é a expressão do tamanho da população
em potência de 10, que é chamada de base do coeficiente. Portanto,
podemos expressar o evento para cada mil habitantes ou dez mil
habitantes ou cem mil habitantes, por exemplo.

Um bom coeficiente deve incluir, no numerador, o número de indivíduos


afetados pelo evento e, no denominador, o número de habitantes,
obtendo-se um resultado expresso em potência de 10.

número de individuos af etad


Coef iciente ou Taxa =
úmero de habita
n

Exemplo
Segundo o Datasus, no ano de 2018, foram notificados 35.403 óbitos
provocados por violência interpessoal e autoprovocada no estado do Rio
de Janeiro. Sabendo-se que a população estimada, segundo o IBGE,
para o estado do Rio de Janeiro nesse ano, era de 17,2 milhões de
habitantes, o coeficiente de óbitos por violência em 2018 pode ser
calculado do seguinte modo:

35403
ê
Mortalidade por viol ncia (RJ ) =
3
⋅ 10
17200000

Mortalidade por violência (RJ) = 2 mortes por violência/1000 habitantes

Esse coeficiente é classificado como um coeficiente geral, no qual


existe a especificação apenas de tempo e de espaço, o que permite uma
visão global do fato analisado, ou seja, da violência no estado em 2018.
Se o nosso interesse fosse investigar as mortes por violência ocorridas
contra mulheres e homens nesse local no ano de 2018, precisaríamos
calcular um coeficiente específico. Nesse caso, a especificação feita no
numerador (casos de óbito por violência em mulheres ou homens no
ano determinado) também deveria estar no denominador (número de
habitantes do sexo feminino ou masculino do estado no ano
determinado).

Por exemplo, considerando que, no estado do Rio de Janeiro, temos


25.201 óbitos de mulheres provocados por violência em um total de
9.356.800 mulheres, temos:

25201
ê
Mortalidade por viol ncia − Mulheres (RJ ) = ⋅ 10
3

9356800

Mortalidade por violência - Mulheres (RJ) = 2,7 mortes por


violência/1000 habitantes

Agora, considerando que, no estado do Rio de Janeiro, temos 10.178


óbitos de homens provocados por violência em um total de 7.843.200
homens, temos:

10178
ê
Mortalidade por viol ncia − Homens (RJ ) =
3
⋅ 10
7843200

Mortalidade por violência - Homens (RJ) = 1,3 mortes por violência/1000


habitantes

2 mortes por violência/1000 habitantes


É importante mencionar que 10³ na fórmula indica que são 1000 habitantes,
por isso que o resultado foi dado a cada 1000 habitantes.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Uma série estatística corresponde a uma tabela que apresenta a


distribuição de um conjunto de dados em função de diferentes
fatores, tornando possível construir coeficientes e índices que darão
subsídios para interpretar o evento que se deseja investigar. Assim,
observe a série estatística mostrada a seguir.

Tipo de parto 2019

Vaginal 1.243.104

Cesário 1.604.189
Tipo de parto 2019

Ignorado 1.853

Tabela: Nascidos vivos segundo tipo de parto, no Brasil, em 2019.


Extraída de MS/SVS/Dasis/Sinasc, Datasus, 2021.

Com base nos tipos de séries estatísticas existentes, a apresentada


anteriormente pode ser classificada como uma:

A Série estatística temporal

B Série estatística geográfica

C Série estatística específica

D Série estatística conjugada

E Série estatística histórica

Parabéns! A alternativa C está correta.

As séries estatísticas do tipo específicas, também chamadas de


categóricas, apresentam os dados segundo o evento ou a espécie
que se deseja investigar (no caso, nascidos vivos segundo o tipo de
parto) com tempo (no caso, o ano de 2019) e local fixos (no caso, o
Brasil).

Questão 2

Os dados permitem o cálculo de índices e coeficientes úteis para a


construção de indicadores a serem analisados a fim de interpretar
determinada situação de saúde e propor medidas preventivas e de
controle. Sobre os índices e as taxas, avalie as assertivas a seguir.

I - Índices: indicam a importância do evento em relação ao todo.

II - Coeficientes: mensuram a probabilidade de um evento ocorrer.


III - Apenas os índices podem ser calculados de maneira
proporcional, os coeficientes são sempre gerais.

Considera-se correto o que está descrito em:

A I, apenas.

B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E II e III, apenas.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Tanto os índices quanto os coeficientes podem ser calculados de


modo geral ou específico. Quando os índices são calculados
especificamente, são chamados proporcionais; e quando os
coeficientes são calculados especificamente, são chamados
específicos.
3 - Indicadores epidemiológicos
Ao final desse módulo você será capaz de listar os indicadores epidemiológicos mais
utilizados e suas contribuições para a análise da situação de saúde.

Introdução aos indicadores


epidemiológicos
Os indicadores epidemiológicos ou indicadores de saúde são medidas
síntese que revelam um determinado aspecto epidemiológico da
situação de saúde de uma população. Esses indicadores são
construídos com base em observações, principalmente, quantitativas.

Os indicadores epidemiológicos contribuem para:

check_circle
Compreender a dinâmica da doença.

check_circle
Identificar a presença do agente.

check_circle
Estabelecer comparações com outras
populações.

check_circle
Avaliar mudanças ao longo do tempo.

check_circle
Direcionar medidas preventivas e de controle.

check_circle
Estimar o impacto socioeconômico.
Atenção

Para isso, um bom indicador deve apresentar:

Integridade (ser construído a partir de dados completos).


Consistência interna (possuir valores coerentes).
Mensurabilidade (estar disponível ou ser fácil de se conseguir).
Validade (ser adequado para medir ou representar o evento
estudado).
Confiabilidade (refletir a característica e apresentar resultados
semelhantes quando aplicados).
Representatividade (ser capaz de refletir o que ocorre na
população).
Relevância e boa relação custo-efetividade (ser simples, flexível, de
fácil obtenção e de baixo custo operacional).
Respeito aos critérios éticos quanto à coleta de dados.

Os indicadores precisam ser organizados e haver constante atualização.


Podem ser classificados como negativos (taxa de mortalidade, por
exemplo) ou positivos (expectativa de vida, por exemplo). Os mais
utilizados na área da saúde são as Estatísticas Vitais, os Indicadores de
Saúde e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Vamos agora estudar cada um deles!

Estatísticas Vitais
No Brasil, existem dois grandes sistemas de indicadores sobre
Estatísticas Vitais, tais quais: IBGE e Ministério da Saúde. Vamos
entender melhor a seguir.

Logo do IBGE.

Os indicadores do IBGE estão relacionados às estatísticas do registro


civil, que contemplam informações sobre número de nascidos vivos,
casamentos, óbitos e óbitos fetais. Os dados para construção desses
indicadores são coletados e repassados ao IBGE pelos Cartórios de
Registro Civil de Pessoas Naturais. Com base nesses indicadores, é
possível acompanhar a evolução da população brasileira.

Saiba mais
Outros indicadores construídos pelo IBGE são os que utilizam dados
censitários. O censo demográfico corresponde à contagem de toda a
população brasileira e à identificação de suas características. Ele ocorre
a cada dez anos, aproximadamente, e reúne informações sobre
domicílios (iluminação, abastecimento de água, coleta de lixo, coleta e
tratamento de esgoto, saneamento básico, existência de computador
com acesso à internet etc.) e moradores (escolaridade, trabalho, renda,
idade, cor/raça, deficiência etc.).

Todos os indicadores construídos com base nos dados coletados pelo


censo demográfico e pelos Cartórios de Registro Civil são
imprescindíveis para estudos demográficos e para relacionar a situação
socioeconômica de determinada população com a ocorrência de
agravos à saúde.

Atenção

Os indicadores socioeconômicos podem ser considerados como


indicadores de saúde indiretos, pois são imprescindíveis para refletir
sobre os fatores de risco a determinado agravo à saúde.

Logo do Ministério da Saúde.

Os indicadores do Ministério da Saúde contam com registros


administrativos do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
(SINASC) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM),
produzindo indicadores de nascimentos (geral e proporcionais) e
mortalidade (geral e proporcionais).

Atenção
Os indicadores que veremos são multiplicados por uma potência de 10,
em geral 1.000, para que tenhamos os resultados referente a 1.000
habitantes.

Abaixo, apresentamos os principais coeficientes de mortalidade:

Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM)

Representa o risco de óbito na comunidade. É expresso por uma


razão, na qual o número de óbitos ocorridos em determinado
local é expresso no numerador e o número de habitantes desse
local é expresso no denominador.
úmero de óbitos
n
CGM = ⋅ 1000
úmero de habitantes
n

Os indicadores de mortalidade permitem observar e comparar as


condições de vida e saúde das populações, ajudam a definir
prioridades de estudos epidemiológicos e a avaliar a efetividade
das políticas de saúde. Para minimizar os efeitos de outras
variáveis sobre os óbitos em geral, como os efeitos do sexo e da
idade, podem ser construídos indicadores de mortalidade
específicos, vide o Coeficiente de Mortalidade Específico por
Gênero e o Coeficiente de Mortalidade Específico por Idadeprot.

Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI)

Outro indicador proporcional de mortalidade que representa o


risco de óbito para crianças menores de um ano de idade. Esse
indicador ajuda a refletir sobre as condições de vida e saúde de
determinado local. Assim como o CGM, também é expresso por
uma razão, porém, o número de óbitos em menores de um ano de
idade em determinado local é expresso no numerador e o número
de nascidos vivos nesse local é expresso no denominador.

n úmero de óbitos em menores de 1 ano


CM I = .1000
n úmero de nascidos vivos

O CMI sofre as seguintes subdivisões:

Subdivisões do Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI).


Essas subdivisões são importantes, pois permitem perceber a
diferença entre os óbitos relacionados a problemas da gestação
e do parto, que, geralmente, ocorrem na primeira semana de vida,
e os óbitos relacionados ao ambiente, condições de vida e
acesso aos serviços de saúde, que, geralmente, ocorrem após
uma semana do nascimento.

Vejamos outros indicadores de mortalidade:

Coeficiente de Mortalidade Perinatal (CMP) expand_more

Fornece informações sobre óbitos fetais ocorridos a partir da


22ª semana de gestação até os óbitos que ocorrem na primeira
semana de vida.

Coeficiente de Mortalidade Materna (CMM) expand_more

Indicador negativo que informa sobre o risco de óbito


relacionado à gestação, ao parto ou ao puerpério. Contribui para
o conhecimento sobre as medidas pré e perinatais de
assistência à gestante. É obtido por uma razão, na qual o número
de óbitos relacionados a causas ligadas à gestação, parto e
puerpério (até 42 dias após o parto) ocorridos em determinado
local é expresso no numerador e o número de nascidos vivos
desse local é expresso no denominador.

Razão de Mortalidade Proporcional (RMP) ou Indicador de


Swaroop-Uemura expand_more

Expressa o número de óbitos em pessoas maiores de 50 anos


em relação ao número de habitantes. Quanto menor o valor do
RMP, piores devem ser as condições de vida e acesso aos
serviços de saúde. Isso significa que as pessoas estão morrendo
antes dos 50 anos. Esse indicador permite a classificação das
localidades em quatro níveis de desenvolvimento:

- Nível 1 (RMP ≥75%): locais desenvolvidos, nos quais a maior


parte da população tem óbito a partir dos 50 anos de vida.
- Nível 2 (RMP entre 50% e 74%): locais com certo grau de
desenvolvimento econômico e regular na organização dos
serviços de saúde.

- Nível 3 (RMP entre 25% e 49%): locais em estágio atrasado de


desenvolvimento econômico e sanitário.

- Nível 4 (RMP < 25%): locais com características de


subdesenvolvimento, pois mais de 75% dos habitantes morrem
antes dos 50 anos.

Coeficiente de Mortalidade por Doenças Transmissíveis


(CMDT) expand_more

Informa sobre o risco de óbito relacionado a doenças infecciosas


e parasitárias (DIP). É obtido por uma razão, na qual o número de
óbitos relacionados a enfermidades infecciosas e parasitárias
ocorridos em determinado local é expresso no numerador e o
número de habitantes desse local é expresso no denominador.

n úmero de óbitos por DIP x


CMDT = ⋅ 10
número de habitantes

Outros indicadores proporcionais de mortalidade podem ser construídos


considerando, no numerador, o número de óbitos por determinada
causa, como o câncer de mama ou as doenças cardiovasculares.

Um indicador interessante para avaliar a mortalidade em uma população


é a Curva de Mortalidade Proporcional ou Curva de Nelson Moraes.
Para construir esse indicador, é necessário calcular os percentuais de
óbito ocorridos em cada faixa etária (menor de 1 ano, de 1 a 4 anos, de
5 a 19 anos, de 20 a 49 anos e de 50 anos e mais) e construir um gráfico
com esses valores. A informação visual do gráfico permite uma
percepção sobre os serviços de saúde e as condições de vida de
determinada população, como mostra a imagem a seguir.

Curvas de mortalidade proporcional por idades em diferentes situações de saúde.

Ao contrário desses indicadores de mortalidade classificados como


negativos, há indicadores positivos: o Coeficiente de Natalidade (CN) e
o Coeficiente de Fecundidade (CF), expressos segundo as equações a
seguir.
n úmero de nascidos vivos x
CN = ⋅ 10
número de habitantes

n úmero de nascidos vivos x


CF = ⋅ 10
número de mulheres (15 − 49 anos )

Também podem ser construídos indicadores proporcionais de


natalidade, como:

pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos com Baixo


Peso ao Nascer

Nascidos vivos com peso ao nascer inferior a 2,5kg


em relação ao total de nascidos vivos em
determinado período e local.

pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos com Mães


Adolescentes

Nascidos vivos de mães com idade inferior a 19


anos de idade em relação ao total de nascidos
vivos em determinado período e local.
pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos por Cesárea

Nascidos vivos por cesárea em relação ao total de


nascidos vivos em determinado período e local.

pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos Prematuros

Nascidos vivos com tempo gestacional inferior a 37


semanas ao total de nascidos vivos em
determinado período e local.

Indicadores de saúde
Os indicadores de saúde estão relacionados com a esperança de vida
ao nascer, com a ocorrência de agravos à saúde, com os anos de vida
perdidos em função desses agravos e com os ganhos em função de
estratégias preventivas.

O indicador Esperança de Vida ao Nascer (Expectativa de Vida)


corresponde ao número médio de anos de vida esperados para um
indivíduo recém-nascido em determinada localidade e período. Ele
expressa a longevidade da população e indica as condições de vida,
dados úteis para avaliar a situação de saúde e para o planejamento, a
gestão e a avaliação das políticas de saúde. Esse indicador é construído
com o número de nascidos vivos de uma geração e do tempo
cumulativo vivido por ela.

Saiba mais
No Brasil, por exemplo, em 2020, o IBGE estimou a esperança de vida ao
nascer em 74,8 anos. Apesar de ser inferior à estimada de 2019, a
esperança de vida ao nascer do brasileiro vem crescendo desde 1940,
quando era de 45,5 anos. A queda de 76,7 anos estimados em 2019 para
os 74,8 anos estimados em 2020, provavelmente, está relacionada à
pandemia da covid-19.

Indicadores de morbidade
Os indicadores de morbidade são construídos com o objetivo de
mensurar a ocorrência de doenças na população. São eles: incidência,
prevalência, letalidade, anos potenciais de vida perdidos,
morbimortalidade.

Vamos conhecê-los a seguir.

Coeficiente de Incidência

Corresponde ao número de casos novos de determinada doença em


dado período em determinada população. A incidência reflete o risco de
ocorrência de uma doença na população.

número de casos novos


ê
Incid ncia =
x
⋅ 10
n úmero de habitantes

Exemplo

Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos de dengue


registrados no Brasil em 2019 foi de 1.544.987, quando a população
estimada para o país era de 210.147.125 habitantes. Dessa forma, a
incidência de dengue no Brasil no ano de 2019 foi de:

1.544.987
ê
Incid ncia = ⋅ 1000 = 7, 352 casos /1.000 habita
210.147.125

Como a incidência está relacionada com novos casos de um agravo à


saúde, ela considera o período em que os indivíduos estão sob o risco
de adoecer. Portanto, o modo mais indicado para calcular esse
coeficiente é pelo cálculo da densidade de incidência, que considera o
tempo que cada indivíduo esteve sob o risco de desenvolver o agravo
até o momento no qual adoeceu e passou a contar como um novo caso.

O nome desse componente é pessoa-tempo (mesmo em estudos


epidemiológicos voltados para animais não humanos) e corresponde à
soma dos períodos nos quais os indivíduos estão livres do agravo à
saúde, porém sob risco de desenvolvê-lo.
úmero de casos novos
n
ê
x
Densidade de Incid ncia = .10
pessoa − tempo

Vejamos um exemplo:

Suponha um estudo epidemiológico hipotético, com duração de cinco


anos, no qual dez indivíduos foram acompanhados para avaliar a
incidência de determinada doença, conforme a imagem a seguir.

Estudo epidemiológico hipotético.

No exemplo, D corresponde ao momento de ocorrência da doença e P


corresponde ao momento no qual os indivíduos deixaram de ser
acompanhados, ou seja, foram perdidos por causa não relacionada à
doença.

Assim, qual a densidade de incidência da doença no período estudado?

Inicialmente, precisamos saber o número de novos casos da doença


para compor o numerador do nosso cálculo. Esse número é facilmente
identificado, pois, pela observação da imagem, percebemos que
ocorreram quatro casos da doença durante os cinco anos de
acompanhamento dos dez indivíduos.

Agora, é preciso saber o número pessoa-tempo para incluir no


denominador e, assim, calcularmos a densidade de incidência para o
período proposto. A fim de calcular pessoa-tempo, precisamos somar o
tempo que cada indivíduo contribuiu para o estudo. Dessa forma, temos:

1: 3,5 anos e depois deixou de ser acompanhado.


2: 5 anos.
3: 4,5 e depois deixou de ser acompanhado.
4: 3,5 anos até adoecer.
5: 4 anos.
6: 1,5 anos até adoecer.
7: 3 anos.
8: 2,5 anos até adoecer.
9: 0,5 ano até adoecer.
10: 3 anos.

Realizando o somatório do tempo que cada indivíduo contribuiu para o


estudo (3,5 + 5,0 + 4,5 + 3,5 + 4,0 + 1,5 + 3,0 + 2,5 + 0,5 + 3,0), temos que
a pessoa-tempo total é de 31.
Densidade de Incidência = 12,9 casos por 100
4
.100 =
31

pessoas_ano de seguimento

Coeficiente de Prevalência

Corresponde ao número total de casos da doença em uma população


em dado período, refletindo o total de doentes no momento estudado.

úmero de casos (novos e antigos)


n
ê
Preval ncia = .1
número de habitantes

O Coeficiente de Prevalência é influenciado pelo tempo de duração da


doença, ou seja, quanto mais longa a doença, maior será a prevalência.
Isso também está muito relacionado ao acesso aos serviços de saúde e
à qualidade dos serviços prestados e das políticas públicas de
prevenção e controle.

Nessas situações, se os casos novos não são resolvidos e continuam


por todo o tempo do estudo, eles tornam-se casos prevalentes. Então,
temos que:

ê ê
P reval ncia = I ncid ncia. tempo
Mas essa aproximação entre prevalência e incidência só é válida se o
período de estudo for curto. Nesse sentido, imagine que a incidência
para uma doença qualquer seja 0,6 casos novos em um ano, o risco de
ocorrer um novo caso em uma semana seria:

0, 6 novos casos
ê
Preval ncia = .7 dias = 0, 0016.7 =
365 dias

Além disso, a prevalência é influenciada pelos óbitos, pelas curas e pela


migração que ocorre na população. Assim, a prevalência não reflete o
risco de adoecer, mas pode ser utilizada para o planejamento e o
direcionamento de estratégias e políticas de saúde.

Existem três tipos de medidas de prevalência:

Prevalência pontual ou instantânea


Casos existentes em determinado período curto, como um dia do ano,
por exemplo.

Prevalência de período
Casos existentes em determinado período longo, como em um ano, por
exemplo.

Prevalência na vida
Indivíduos que apresentaram pelo menos um episódio da doença ao
longo da vida.

Exemplo

Um posto de saúde está realizando triagem laboratorial para dosagem


de glicose em 180 indivíduos idosos a fim de identificar casos de
diabetes mellitus. Desses indivíduos, 20 foram diagnosticados com a
doença. Com a fórmula, calculamos:
20
ê
Preval ncia = ⋅ 100 = 11, 1%
180

Assim, a prevalência de diabetes nesse grupo de idosos é de 11,1%.


Note que falamos de prevalência e não de incidência, pois não sabemos
quando esses indivíduos iniciaram o quadro de diabetes e nem se esses
casos diagnosticados na triagem são novos ou antigos.

Agora, suponha que, em determinada cidade, em 31/12/2007, havia 470


casos de uma doença específica. Nessa localidade, durante o ano de
2008, foram diagnosticados 60 novos casos dessa doença entre seus
habitantes. Ainda em 2008, oito indivíduos, já com a doença, mudaram-
se para a cidade e 55 faleceram pela doença. O número de habitantes
estimado da cidade era de 300.000 habitantes.

A partir desses dados, para calcular a incidência da doença em 2008,


devemos apenas considerar os casos ocorridos no ano de referência e
não os casos já existentes no ano anterior:

60
ê
Incid ncia = ⋅ 1000 = 0, 2 casos / mil habit
300.000

Mas a prevalência da doença ao final do ano de 2008 deve considerar


todos os casos (antigos e novos) e os imigrantes, além de descontar os
óbitos. Dessa forma, temos que:

470+60+8−55
Prevalência = casos
483
⋅ 1000 = = 1, 61
300.000 300.000

/ mil habitantes
O quadro a seguir apresenta um resumo comparativo entre prevalência
e incidência.

Incidência Prevalência

Casos (novos e
Casos novos de um
antigos) de um
agravo à saúde
agravo à saúde
ocorridos em
Definição ocorridos em
determinado local e
determinado loc
em período
em período
específico.
específico.

Mensurar a
Mensurar a
proporção da
velocidade na qual
Objetivo população que
indivíduos estão
apresenta a
adoecendo.
doença.

População em
Denominador População total
risco

Necessário para
Acompanhamento
identificar novos Não necessário
da população
casos.

Quadro: Comparativo entre prevalência e incidência.


Elaborado por: Cheryl Gouveia Almada.

Coeficiente de Letalidade

Reflete a proporção de óbitos ocorridos entre os casos da doença em


determinado local e período.

Este indicador reflete a gravidade da doença em determinada


população. A letalidade não é apenas um fator relacionado à
capacidade da própria doença causar a morte, mas pode estar
relacionada também às condições de vida da população, por exemplo, a
dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
número de óbitos pela doença
Letalidade = .100
n úmero de doentes

Exemplo

A raiva é uma doença de alta letalidade. De acordo com o Ministério da


Saúde, entre 2016 e 2018, ocorreram 19 casos de raiva humana no país,
entre os quais 15 pacientes faleceram. Nesse caso, a taxa de letalidade
da raiva no Brasil entre os anos de 2015 e 2019 chegou a quase 79%.

15
Letalidade = ⋅ 100 = 78, 95%
19

Coeficiente de Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP)

É um importante indicador de saúde que expressa o quanto a pessoa


poderia ter vivido se não morresse prematuramente por determinada
causa. Este coeficiente auxilia, portanto, na redefinição das prioridades
em saúde.

Para o cálculo do APVP, deve-se considerar a diferença entre a idade do


óbito de cada indivíduo de uma população em determinado tempo por
uma causa específica e sua esperança de vida ao nascer. A partir daí,
deve-se somar todos os resultados obtidos para cada indivíduo
estudado a fim de obter o APVP.

Lucena e Souza (2019) estimaram o APVP para a AIDS no estado de


Pernambuco no ano de 2005.

No estudo, os pesquisadores realizaram a distribuição dos óbitos por


agrupamentos de idade entre 1 e menos de 70 anos e multiplicaram o
número de óbitos em cada intervalo de idade pelo número de anos
restantes para atingir a idade limite (esperança de vida ao nascer para o
período). Assim, concluíram que, em 1996, os anos potenciais de vida
perdidos pela AIDS chegavam a 33,9.

Você já ouviu falar em morbimortalidade? expand_more


Morbimortalidade é um conceito que combina a morbidade e a
mortalidade. Refere-se às mortes causadas por uma doença em
determinada população, espaço e tempo. Por exemplo, para
calcular a morbimortalidade da infecção pelo novo coronavírus,
no Rio de Janeiro, durante o ano de 2020, utilizaremos a
quantidade de óbitos pela doença, em relação à quantidade de
habitantes do estado do Rio de Janeiro no ano de 2020.

Índice de Desenvolvimento Humano


A situação de saúde deve considerar que ela é produzida nas relações
com o meio físico, social e cultural no qual vivemos. Como vimos, os
indicadores socioeconômicos e ambientais ajudam a relacionar as
informações do meio no qual uma população vive com suas condições
de saúde.

Para medir a qualidade de vida e desenvolvimento social e econômico


dos países, estados e municípios, a Organização das Nações Unidas
(ONU), por meio do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), construiu um indicador denominado Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH).

O IDH incorpora três dimensões:

Saúde

Ter uma vida longa e saudável reflete a qualidade do acesso


aos serviços de saúde e a qualidade dos próprios serviços de
saúde. Portanto, essa dimensão não poderia deixar de ser um
dos componentes de um indicador de desenvolvimento, já que
saúde e desenvolvimento estão interligados. Não existe
nenhum processo de desenvolvimento sem a consolidação do
direito à saúde, que é um direito fundamental do ser humano.
Essa dimensão é calculada a partir do indicador denominado
Esperança de Vida ao Nascer.
Educação

O acesso ao conhecimento é fundamental para o exercício da


liberdade, autonomia e autoestima. A educação amplia a
capacidade de analisar criticamente a realidade na qual se vive.
Portanto, essa dimensão é fundamental para medir o
progresso social de uma população. Ela é calculada a partir de
dois indicadores com pesos diferentes:

Coeficiente de Adultos Alfabetizados: percentual de indivíduos


com idade superior a 15 anos capazes de ler e escrever em
relação ao número de habitantes na mesma faixa etária. Este
coeficiente tem peso 2.

Coeficiente Bruto de Frequência à Escola: percentual de


indivíduos que frequentam o ensino fundamental, médio e
superior relacionado com o número de habitantes com idade
entre 7 e 22 anos da localidade. Este coeficiente tem peso 1.

Renda

Ter uma renda mensal é determinante para que os indivíduos


consigam atender suas necessidades básicas, como acesso à
água, à moradia, ao alimento e ao vestuário. A pouca renda ou
a ausência dela limita as oportunidades e impede o exercício
da liberdade. Portanto, essa dimensão é fundamental para
medir o progresso econômico de uma localidade e tem como
parâmetro o dólar estadunidense. A renda é calculada a partir
de dois indicadores:
- Produto Interno Bruto (PIB) Per Capita: é a soma de todos os
bens e serviços finais produzidos em um ano por um país,
estado ou município em relação ao número de habitantes do
local.

- Paridade do Poder de Compra: indicador que compara o


quanto determinada moeda pode comprar em termos
internacionais (dólar estadunidense).

Calculados os valores para as três dimensões do IDH, é preciso realizar


uma ponderação média entre eles, pois todos devem apresentar o
mesmo peso, já que saúde, educação e renda são elementos igualmente
importantes para o desenvolvimento de uma população. O resultado a
ser obtido varia de 0 a 1. Quanto mais próximo do zero, menor é o
desenvolvimento humano de determinada localidade.

Para facilitar a comparação entre localidades, os valores do IDH são


agrupados em quatro categorias:

1. De 0,8000 a 1: local de muito alto desenvolvimento humano;

2. De 0,700 a 0,799: local de alto desenvolvimento humano;

3. De 0,557 a 0,699: local de médio desenvolvimento humano;

4. De 0,549 a 0: local de baixo desenvolvimento humano.

O mapa a seguir mostra o IDH calculado para os países, com dados de


2019.

IDH dos países com base no Relatório de Desenvolvimento Humano da OMS.

Além do IDH dos países, também são calculados o IDH de estados e


municípios, o que auxilia na priorização de estratégias e políticas
públicas para o desenvolvimento. O mapa a seguir mostra o IDH de cada
estado brasileiro no ano de 2000.

Mapa indicativo do IDH dos estados brasileiros.

Apesar de o IDH ser amplamente utilizado na comparação do estado de


desenvolvimento entre localidades, esse indicador apresenta limitações
por não considerar aspectos como a distribuição de renda e a
sustentabilidade, entre outros. Porém, ele ajuda a refletir sobre as
condições de vida das populações e a perceber que o desenvolvimento
deve incorporar variáveis sociais, econômicas e ambientais, com vistas
a melhorar as condições de vida da população.
video_library
Reflexões sobre o IDH no mundo e no
Brasil
Assista ao vídeo a seguir, em que o especialista explicará os últimos
resultados do IDH, sua importância e seu significado em saúde e
desenvolvimento.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Sobre os conceitos de prevalência e incidência, analise as


afirmativas a seguir:

I. A incidência considera casos novos de um agravo à saúde


ocorridos em determinado local e em período específico.

II. A prevalência mensura a proporção da população que apresenta


a doença.

III. No cálculo da incidência de um agravo à saúde, considera-se


toda a população de determinada região.

Assinale a opção que traz as afirmativas verdadeiras:

A I, apenas.

B II, apenas.
C III, apenas.

D I e II, apenas.

E I e III, apenas.

Parabéns! A alternativa D está correta.

A afirmativa I reflete corretamente a definição da análise de


incidência e a II o objetivo da análise de prevalência. No entanto, no
cálculo da incidência de um agravo à saúde, considera-se apenas a
população de risco.

Questão 2

Algumas características são essenciais para que se tenha um bom


indicador epidemiológico. Assinale a alternativa que traz
corretamente essas características:

Integridade, consistência externa e


A
mensurabilidade.

B Validade, confiabilidade e previsibilidade.

C Previsibilidade, confiabilidade e integridade.

Respeitar critérios éticos, consistência externa e


D
relevância.

E Representatividade, integridade e confiabilidade.

Parabéns! A alternativa E está correta.


Para que um indicador seja considerado bom, ele deve ser
construído a partir de dados completos (integridade), possuir
valores coerentes (consistência interna), ter dados disponíveis ou
fáceis de conseguir (mensurabilidade), ser adequado para medir ou
representar o evento estudado (validade), refletir a característica e
apresentar resultados semelhantes quando aplicados
(confiabilidade), ser capaz de refletir o que ocorre na população
(representatividade), ser simples, flexível e de baixo custo
operacional (relevância e boa relação custo-efetividade), além de
respeitar critérios éticos em relação à coleta de dados.

Considerações finais
Vimos que a história da Epidemiologia está muito ligada à evolução do
próprio conceito de saúde. A percepção de saúde depende da época, do
lugar, da classe social, de valores individuais, concepções científicas,
políticas, religiosas e filosóficas — da mesma maneira, a percepção de
doença também depende desses fatores, que influenciam na
valorização do método científico, no planejamento e na adoção das
ações de prevenção e controle de agravos à saúde.

A Epidemiologia utiliza dados (absolutos ou relativos) para produzir as


informações da área de saúde. Esses dados são utilizados para a
construção de taxas e coeficientes que, por sua vez, compõem os
indicadores e os índices interpretados, com os quais é possível planejar,
organizar, aplicar, monitorar e avaliar as ações, as medidas e as políticas
de prevenção e controle dos agravos.

Diante do exposto, podemos afirmar que, sem os estudos


epidemiológicos, as políticas públicas de saúde não teriam a efetividade
esperada sobre a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

headset
Podcast
Está na hora do nosso bate-papo, com o intuito de correlacionar os
indicadores epidemiológicos aplicados a doenças específicas para a
criação e formação de políticas públicas para melhoria da qualidade de
vida da população.

Explore +
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo:

Consulte o portal Datasus, para ter acesso à tabulação TabNet com


dados diversos: estatísticas epidemiológicas e morbidade, rede
assistencial, estatísticas vitais, entre outros.

Visite o site do Sistema de Informação em Saúde Animal do


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento — Coordenação
de Informação e Epidemiologia — Saúde Animal, lá você vai
encontrar dados sobre a ocorrência de doenças em animais não
humanos de notificação obrigatória, separados por espécie, local e
ano.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde/SVS. Boletim epidemiológico. v. 51, jan.
2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições


Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI). Datasus,
2021. Consultado na internet em: 22 set. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Informações de Saúde. Ministério da


Saúde, 2010. Consultado na internet em: 27 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Rede Interagencial de Informações para a
Saúde (RIPSA). Indicadores de morbidade. Ministério da Saúde, 2010.
Consultado na internet em: 27 out. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Agravos de


Notificação - Sinan Net. Datasus, 2021. Consultado na internet em: 22
set. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação do Programa


Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS). Datasus,
2021. Consultado na internet em: 22 set. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. DASIS. Sistema de Informações sobre


Nascidos Vivos - SINASC. Datasus, 2021. Consultado na internet em: 27
out. 2021.

CENTRO LATINO-AMERICANO DE PERINATOLOGIA-ORGANIZAÇÃO PAN-


AMERICANA DE SAÚDE. CLAP-OPAS/OMS. Saúde perinatal.
Montevidéu: OPAS/OMS, 1988.

GOMES, E. C. de S. Conceitos e ferramentas da epidemiologia. Recife:


UFPE, 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE.


Estimativas da população residente no brasil e Unidades da Federação.
Consultado na internet em: 1 jul. 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Projeção


da população do brasil e das Unidades da Federação. Consultado na
internet em: 1 jul. 2018.

LAURENTI, R. et al. Estatísticas de saúde. São Paulo: EPU/Edusp, 1987.

LUCENA, R. M. de; SOUSA, J. L. de. Anos potenciais de vida perdidos


(APVP) por AIDS: Pernambuco, 1996 e 2005. DST, Jornal Brasileiro de
Doenças Sexualmente Transmissíveis, v. 21, n. 3, p. 136-142, 2009.

MEDRONHO, R. de A.; BLOCH, K. V.; LUIZ, R. R.; WERNECK, G. L.


Epidemiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.

MORRIS, J. N. Uses of epidemiology. London: Churchill Livingstone,


1975.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. OMS. Epidemiologia: guia de


métodos de ensino. Washington, 1973.

ROUQUAYROL, M. Z.; GOLDBAUM, M. Epidemiologia, história natural e


prevenção de doenças. In: ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. de.
Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.

SILVA, M. G. C. da. 500 questões comentadas para provas e concursos


em saúde pública. Salvador: Sanar, 2016.
SOARES, D. A.; ANDRADE, S. M.; CAMPOS, J. J. B. de. Epidemiologia e
indicadores de saúde. In: ANDRADE, S. M. de A.; CORDNI JR., L.;
CARVALHO, B. G. et al. (org.). Bases da Saúde Coletiva. 2. ed. Londrina:
EDUEL, 2017.

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