II CDAgua
II CDAgua
II CDAgua
Objetivos da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
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ʪ Material Teórico
Introdução
A palavra saneamento vem do latim Sanus; segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)
“Saneamento é o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos
nocivos ao homem, prejudicando seu bem-estar físico, mental e social.” (OMS, 2004 apud
FUNASA, 2015, p. 10).
Podemos dizer que essa definição é a que melhor traduz o conceito do saneamento, uma vez que
não nomeia os fatores físicos que possam oferecer riscos ao homem, variando de acordo com
fatores, como a época, a circunstância e a cultura.
A Revolução Industrial, iniciada em 1760, foi responsável por significativas mudanças culturais,
sociais, comportamentais e ambientais em todo o mundo.
O êxodo rural ocasionado pela intensa atividade migratória para os grandes centros, as novas
formas de desenvolvimento da atividade produtiva, com mais velocidade e maior volume de
produção, foram responsáveis pelo aumento da geração de resíduos e de efluentes (IGLÉSIAS,
1990).
O período após a segunda guerra mundial também se caracteriza por um grande aumento
populacional. Em 1950, a população era contabilizada em 2,5 bilhões de habitantes, chegando a
6 bilhões no ano 2000.
O desenvolvimento das ações de saneamento no Brasil ocorreu de forma muito lenta e quase
sempre com um caráter corretivo, ou seja, motivado pelo abrandamento de alguma
consequência.
Leitura
Cronologia Histórica da Saúde Pública
Esta Unidade se propõe a apresentar os sistemas de captação e
distribuição de água, que devem ser estudados conjuntamente com o
conhecimento da realidade que eles pretendem transformar. Acesse o
link e veja a cronologia histórica da saúde pública publicada pela
Funasa.
ACESSE
Saneamento Básico
As primeiras ações sanitárias que se tem registro na sociedade atual ocorreram na Europa, no
período da “urbanização industrial”, no qual aconteceu rápida disseminação de doenças
transmissíveis entre as pessoas e relacionadas às condições precárias de higiene.
A saída encontrada para resolver esses problemas foi o saneamento, visto nessa época também
como forma de melhorar o aspecto plástico das cidades. Dessa forma, as ações de saneamento
iniciaram como modo de melhorar as condições de saúde, passando também ao
desenvolvimento do planejamento urbano, de tal forma que, entre os anos de 1830 e 1875,
passaram a ser vistos de forma indissociável (GUIMAR, 2015).
“Art. 2º
- BRASIL, 2007, n. p.
- BRASIL, 2015, p. 18
Em junho de 2020, o senado aprovou o projeto de lei que define o chamado Novo Marco Legal do
Saneamento. A Lei 14.023/2020, que atualiza a Lei 11.445/2007, define a Agência Nacional de
Águas e Saneamento Básico (ANA) como órgão regulador do saneamento e propõe mudanças
com o objetivo de alcançar a universalização do saneamento no Brasil, fixando como prazo o
ano de 2033, e como metas de atendimento para a universalização o percentual de 99% da
população atendida com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgotos até 2033.
O Marco Legal do Saneamento, em seu artigo 3°, define os serviços públicos de abastecimento
de água:
“Seção II
II - captação;
IV - tratamento de água;
CAPÍTULO II
DAS DEFINIÇÕES
- BRASIL, 2007, n. p.
De acordo com BRASIL (2015), um sistema de abastecimento de água pode ser dimensionado e
projetado para o atendimento de uma pequena comunidade ou grandes centros, da mesma
forma, os seus ativos dependerão do tamanho da população a ser atendida, assim como de
características topográficas, topológicas e climáticas.
Na região de Anatólia – Turquia, entre 2000 e 200 a.C., foi desenvolvido um sistema
de abastecimento com tubulações, canais, túneis, sifões invertidos, aquedutos,
reservatórios, cisternas e barragens;
Na cidade de Ephesus foi construído um sistema de abastecimento de 4 a 14 d.C.,
constituído por uma barragem, uma adutora e uma rede primária, toda com material
cerâmico;
Até o ano 100 d.C., os romanos construíram vários aquedutos com finalidade de
trazer água de localidades mais distantes; alguns tinham escoamento livre em
canais;
Em 1652, uma adutora de ferro fundido foi construída em Boston e em 1664, uma
adutora de 22 km foi construída na França;
No Brasil, a primeira cidade a ter sistema de abastecimento foi o Rio de Janeiro que,
em 1561, teve o seu primeiro poço escavado por Estácio de Sá;
O processo de concepção de um sistema passa por várias etapas, como a identificação dos
fatores que interferem no sistema, o diagnóstico do sistema existente (quando houver), o
estabelecimento dos parâmetros básicos de projetos, o dimensionamento das unidades
componentes do sistema, conhecer as características da população a ser atendida, dentre outras
(BRASIL, 2015).
Devem ser definidos vários cenários e a escolha do mais indicado deve ponderar entre as
condições técnicas de execução, as variáveis econômicas e as variáveis ambientais (BRASIL,
2015; TSUTIYA, 2006).
Adutora: tubulação de grande porte, com relação ao sistema, que realiza o transporte
de água bruta ou tratada; nesse último caso, elas precedem as redes de distribuição;
Estação de Tratamento de Água (ETA): sistema desenvolvido para purificação da
água bruta, eliminando contaminantes e patógenos, adequando-a aos padrões de
potabilidade definidos pelas Portarias;
Diagnóstico
Para concepção do sistema de abastecimento de água, é imprescindível que se faça um
diagnóstico preciso e realístico, de forma a garantir o melhor atendimento ao cliente e a
operação do sistema.
Nessa etapa, segundo BRASIL (2015) e TSUTIYA (2006), devem ser considerados os seguintes
parâmetros:
Aspectos socioeconômicos;
Parâmetros de projeto: consumo per capita, coeficiente de variação das vazões K1,
k2 e k3, coeficiente de demanda industrial, níveis de atendimento no período do
projeto, horizonte de projeto;
Captação e Adução
A captação pode ser realizada em águas superficiais (rios, lagos, represas) que possuam
capacidade de atendimento à vazão requerida, sem prejuízo do manancial, assim como da fauna
e da flora da região. Pode também ser realizada em águas subterrâneas, normalmente por meio
de furação de poços.
A captação e o transporte da água bruta podem ser feitos por gravidade ou por linha de recalque,
podendo o sistema ser misto. Os diâmetros e os materiais das tubulações devem ser definidos
considerando as principais caraterísticas do sistema, a vazão de adução e a população a ser
atendida.
A resolução CONAMA 357, de 2005, define parâmetros para enquadramento dos corpos hídricos
de águas doces, salobras e salinas, ou seja, define classes com características específicas quanto
ao uso possível e ao tipo de tratamento necessário (SIGRHSP, [20--]).
Pesca amadora;
Dessedentação de animais.
Navegação;
Harmonia paisagística.
Para definição do tratamento que será feito na ETA, é necessário o conhecimento da classe do
manancial que se vai tratar (FINKELMAN; SILVA-JR; CARMARCIO, 2004). A ETA para o
tratamento convencional é dimensionada considerando as etapas descritas na Figura 2:
Vídeo
Como é Feito o Tratamento de Água
Embora apresente várias vantagens, os reservatórios têm alto custo de implantação e dependem
de disponibilidade de área em cota adequada, o que nem sempre é fácil de encontrar nos grandes
centros e nos locais muito adensados.
O reservatório de jusante (Figura 3) pode ser de passagem, trabalhando como sobra nos
momentos no menor consumo, ou também pode estar localizado a jusante da área abastecida.
Quanto à localização no terreno (Figura 5), o reservatório pode ser enterrado – quando fica
localizado em cota inferior à do terreno; semienterrado – tem no mínimo um terço de sua cota
total abaixo da cota do terreno; apoiado – cota de base é a mesma do terreno; elevado (Figura 4)
– cota do terreno é menor que a cota de base do reservatório.
Distribuição
O sistema de distribuição é composto por adutoras de água tratada, redes primárias e redes de
distribuição, além de elementos, como válvulas, Boosters e VRPs, que ajudam a regular as
pressões nas redes e a garantir o atendimento com os parâmetros de pressão definidos pela
Norma.
Tipos de Rede
Redes secundárias: têm diâmetros menores; delas derivam os ramais prediais, que
abastecem diretamente os pontos de consumo (TSUTIYA, 2006).
O ideal é evitar as pontas secas (redes em que a água não circula), pois pode acontecer a
coloração da água (água suja) devido à deposição de materiais particulados.
Os diâmetros e os materiais das redes serão definidos de acordo com a vazão requerida e as
características do local a ser atendido.
Quando o setor tem cotas muito mais baixas que a cota do reservatório, há necessidade de
implantação de uma Válvula Redutora de Pressão, como forma de reduzir e equalizar as pressões
de abastecimento.
É comum, em áreas com grande variação altimétrica, a implantação de áreas de booster dentro
de área de VRP, quebrando as pressões gerais do setor e pressurizando somente nos locais de
cotas mais altas, com cotas inferiores a 10 mca, após a implantação da VRP. Considerando que a
pressão mínima que deve chegar no ponto de ligação é de 10 mca, deverá ser implantado um
booster se as pressões nos sistemas ou em partes deles ficarem inferiores a esse valor.
Importante!
De acordo com a NBR 12218, de julho de 1994, as pressões mínimas e
máximas nas redes de distribuição devem ficar entre 100 kPa e 500 kPa,
que correspondem, respectivamente, a 10 mca e 50 mca.
Abastecimento em Marcha
O abastecimento em marcha ocorre quando o setor é abastecido diretamente pela adutora, ou
seja, as redes primárias do setor derivam diretamente da adutora, sem passar por reservatório.
Esse método deve ser evitado sempre que possível, porque a falta de reservação deixa o sistema
muito frágil, interrompendo totalmente o abastecimento sempre que ocorrer algum problema
na linha de adução.
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ʪ Material Complementar
Vídeos
Leituras
ACESSE
ʪ Referências
FINKELMAN, J.; SILVA-JR, J. B. DA; CARMARCIO, V. Avaliação de impacto na saúde das ações de
saneamento: Marco conceitual e estratégia metodológica. 1. ed. Brasília: 2004].
IGLÉSIAS, F. A Revolucao industrial - parte 2. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.
MIGUELES, C.; ZANINI, M. T.; GUIMARÃES, R. Capítulo 4 – Líder, cultura de marca e valor de
mercado. In: Liderança Baseada em Valores. p. 91-106, 2010.
MEJIA, A. et al. Série Água Brasil: água, redução da pobreza e desenvolvimento sustentável. 1. ed.
Brasília: Banco Mundial, 2003. (Série Água 4). Disponível em:
<https://documents1.worldbank.org/curated/en/193981468015548351/pdf/multi0page.pdf>.
Acesso em: 27/11/2022.