Renata Moura de Carvalho
Renata Moura de Carvalho
Renata Moura de Carvalho
Goiânia - Goiás
2016
i
Goiânia - Goiás
2016
ii
CDU 614.21(043)
iii
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai e Prof. Dr. Gélcio Sisteroli de Carvalho, que sempre cobrou o melhor de
mim e serviu de exemplo para buscar cada vez mais meu crescimento profissional.
A minha mãe e Profa. Dra. Iracema Gonzaga Moura de Carvalho, que sempre esteve
ao meu lado, compartilhando frustrações e conquistas que surgiram durante meu
trabalho. Agradeço também pela companhia nas visitas de campo as quais se
tornaram divertidas ao seu lado.
DEDICATÓRIA
“Ninguém se cura somente da dor física, tem de curar a dor espiritual também.
Passamos a pensar a funcionalidade como uma palavra mais abrangente: é funcional
criar ambientes em que o paciente esteja à vontade, que possibilitem sua cura
psíquica. Porque a beleza pode não alimentar a barriga, mas alimenta o espírito”.
RESUMO
Com o passar dos anos os hospitais foram se transformando em espaços com alta
tecnologia e infraestruturas para atender com mais eficiência uma maior parcela da
população. Esse processo gerou a despersonalização devido ao caráter tecnicista que
esses ambientes passaram a ter. Muitos ambientes se tornaram frios, assustadores e
desumanos repercutindo na qualidade de vida dentro desses espaços. Quando a
atenção em saúde é focada na criança ou no adolescente as questões de
humanização devem ser levantadas como pontos-chave para o bem-estar durante a
hospitalização sendo importante entender a percepção que os usuários e profissionais
têm quanto ao ambiente em que estão.
Este trabalho tem como objetivo explorar as perspectivas dos usuários e profissionais
de um hospital oncológico pediátrico em Goiânia e de arquitetos regionais quanto à
contribuição do ambiente físico arquitetônico para o processo de humanização. Teve
como metodologia a pesquisa qualitativa com o suporte teórico na Teoria
Fundamentada em Dados Construtivista de Kathy Charmaz (2009), onde os dados
foram obtidos a partir de experiências compartilhadas e das relações com os
participantes. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados, entrevistas
semiestruturadas com dez acompanhantes, sete pacientes, seis profissionais da
saúde e três arquitetos. Dos resultados emergiram seis categorias: Tentativas de
adaptação; Desgaste no hospital; Qualidade da estrutura funcional do hospital; Falhas
na qualidade do funcionamento do hospital; Qualidade da estrutura física do hospital
e Falhas na qualidade da estrutura física do hospital.
ABSTRACT
Over the years hospitals were turning into places with high technology and
infrastructure to serve more efficiently a greater share of the population. This process
generated depersonalization due to the technicistic nature that these environments
became to have. Many environments have become cold, frightening and ruthless
reflecting on the quality of life within these spaces. When health care is focused on a
child or teenager the patient centered care's issues should be raised as key points to
their well-being during hospital stay being important to understand the perception that
users and professionals have about the environment they are in.
This study aims to explore the perspectives of users and professionals at a Pediatric
Oncology Hospital in Goiânia and of regional architects about the contribution of the
architectural physical environment for the process of patient centered care. It had as
methodology the qualitative research with the theoretical support in Grounded Theory
in Constructivist Data by Kathy Charmaz (2009) where the data was obtained from
shared experiences and the relationships with participants. It was used as data
collection instrument, semi-structured interviews with ten companions, seven patients,
six healthcare professionals and three architects. The results highlight six categories:
Attempts to adapt; Wear in the hospital; Quality of the functional structure of the
hospital; Failures in quality of the hospital's operation; Quality of hospital's physical
structure and failures in the quality of the hospital's physical structure.
SUMÁRIO
1 INTRODUCÃO.................................................................................................1
2 OBJETIVOS.....................................................................................................2
3 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................3
4 MÉTODO ........................................................................................................23
4.5 Participantes....................................................................................................25
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................28
oncológico pediátrico..................................................................................................48
ÍNDICE DE TABELAS
SIGLAS E ABREVIAÇÕES
DF Distrito Federal
1. Introdução
2. Objetivos
3. Revisão de Literatura
3.1 Artigo 1
Resumo
Introdução
Ele passou a ser um ambiente com grande fluxo de pessoas, com diferentes
tipos de doença e de riscos de contaminações alarmantes. Percebeu-se então, a
importância de se estabelecer ordem nas questões funcionais e espaciais. Surgiram
assim, os primeiros projetos destinados a edificações hospitalares, uns mais eficientes
que outros, no que diz respeito a funcionalidade. Viu-se então a necessidade de
padronização desses espaços, com normas e resoluções rígidas, principalmente as
sanitárias (COSTEIRA, 2014).
Método
Esse estudo utilizou como método a revisão narrativa que permite buscar, avaliar,
sintetizar os múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de
uma particular área de estudo: humanização dos espaços hospitalares. Para a
elaboração dele foram desenvolvidas as devidas etapas: 1. Identificação do tema 2.
Seleção da questão de pesquisa 3. Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão
5
Para análise dos dados foram feitas codificações dos conteúdos em que foi
possível classificar os códigos, separá-los e agrupá-los em cinco categorias: 1. Os
problemas dos hospitais; 2. A figura do acompanhante; 3. Missão e dever do Hospital;
4. Papel da arquitetura e 5. Política Nacional de Humanização.
Resultados
Sampaio Mensurar os níveis de A maioria dos profissionais acha que a unidade de terapia
Neto et al. ruídos de uma uti e avaliar intensiva tem ruído de moderado a intenso, e sentem
(2010) a percepção pelos prejudicados pelo barulho acreditando ser possível
profissionais da unidade. reduzir o nível de ruídos.
Costa e Analisar de que forma vem Enfermeiros reconhecem o direito que acompanhantes
Padilha sendo instituído o saber têm de acompanhar seus filhos afirmando ser de extrema
(2011) em relação à presença da importância para a saúde da criança.
família na unidade de
terapia intensiva neonatal.
Taets et al. Analisar a percepção de Aspectos como o ambiente físico, o cuidado com o
(2012) pacientes sobre a paciente e seus familiares e a atenção dos profissionais
humanização da foram levantados por usuários como essenciais para a
assistência hospitalar em humanização.
uma UTI.
Carneiro et Entender a experiência de A experiência das mulheres foi marcada por sentimentos
al. (2013) mulheres internadas negativos, pela dor física e emocional, mas, também,
devido abortamento, a pelo alívio com o fim da gravidez e do risco de morte.
partir do percurso e das Sofrimento adicional atitudes de discriminação.
interações com outras
usuárias e profissionais.
Outros fatores de estresse foram expostos por Furtado et al. (2012) que
afirmaram que ficar longe dos outros filhos, ser a única cuidadora da criança, ou ter
que cuidar do filho doente e ainda da organização do lar, da família, da própria saúde
levam as mães a um intenso cansaço, desesperança e desgaste.
Outro problema exposto diz respeito a tecnicidade dos profissionais que são
acometidos pelas rotinas intensas de trabalho. Melo, Marcon e Uchimura (2010)
afirmaram que a formação acadêmica desses profissionais privilegia a tecnologia às
humanidades, não dando a necessária atenção à construção de habilidades
comunicativas, habilidades essas que foram levantadas pelos artigos como deficitária.
12
Por último, problemas físicos do hospital foram expostos nos artigos, sejam eles
relacionados a má iluminação, maus odores, ruídos ou falta de privacidades. A
iluminação, seja ela natural ou artificial, além de necessária para a realização de
atividades médicas, contribui para uma ambiência mais aconchegante quando
utilizada de forma correta. Quanto aos odores e ruídos, Fernandes e Göttems (2013)
afirmaram que são fatores que visualmente podem ser imperceptíveis, mas que
exercem forte influência sobre o estado de bem-estar do usuário no espaço hospitalar,
assim como as questões de privacidade. As autoras defenderam que a privacidade
diz respeito à proteção da intimidade do paciente e pode ser garantida com o uso de
divisórias, cortinas, elementos móveis que permitam ao mesmo tempo integração e
privacidade.
A figura do acompanhante
Para Taets et al. (2012), a unidade de saúde deve ter como objetivo o
atendimento de qualidade à população. Para isso é necessário pensar em um
conjunto de ações capazes de atender três dimensões: a humanização do
atendimento ao usuário; a humanização das condições de trabalho do profissional e
o atendimento da instituição em suas necessidades básicas administrativas, físicas e
humanas.
buscas por maiores articulações com os gestores para implantação de planos e metas
no sentido da efetivação da Política Nacional de Humanização.
Papel da Arquitetura
Brito (2013) defendeu que a arquitetura hospitalar deve ser adequada às novas
exigências e demandas hospitalares no que se refere às instalações, bem-estar do
paciente, acolhimento e respectiva humanização. Para ele, o projeto hospitalar que
engloba todos esses fatores é um desafio para os arquitetos, pois as normas são cada
vez mais inflexíveis dificultando ações de humanização do espaço.
Vedootto e Silva (2011) afirmaram que a política foi implantada como uma
possibilidade de qualificar o sistema de saúde vigente em que a humanização pode
ser entendida como a valorização dos diferentes sujeitos envolvidos no processo de
produção da saúde. De acordo com as autoras, humanizar é ofertar atendimento de
qualidade, articulando os avanços tecnológicos com o acolhimento.
Conclusão
Bibliografia
ABNT. Resolução – RDC n.º 50, de 21 de fevereiro de 2002 (BR). Dispõe sobre o
Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação
de projetos físicos.
COSTA, R.; PADILHA, M.I. Percepção da Equipe de Saúde Sobre a Família na Uti
Neonatal: Resistência aos Novos Saberes. Rev. enferm. UERJ. 2011 Abri-
Jun;19(2):231-5.
4. Método
O interesse pela área hospitalar iniciou-se a partir dos dois últimos períodos de
faculdade, quando projetou em seu trabalho de conclusão de curso um Centro
Integrado de Oncologia Pediátrica. A sensibilidade foi intensificada pelas diversas
visitas que a pesquisadora fez ao hospital oncológico pediátrico que seria o estudo de
caso para seu trabalho. O projeto ideal ensinado na universidade, contrastando com
a realidade percebida durante visitas ao hospital, despertou o interesse da
pesquisadora de entender o que realmente está ocorrendo no movimento de
humanização. Ela sentiu a necessidade de conhecer e assumir a diferença entre o
modelo teórico e a realidade desses espaços e apontar, onde são necessárias,
soluções arquitetônicas eficientes para uma humanização hospitalar que podem
incidir na realidade vivida da população. Sendo assim, após conclusão do seu curso,
24
4.5. Participantes
5. Resultados e Discussão
TENTATIVAS DE ADAPTAÇÃO
FLEXIBILIDADE DOS
PROFISSIONAIS COM AS Adaptação pessoal dos profissionais (T1 e T4)
LIMITAÇÕES DO HOSPITAL
DESGASTE NO HOSPITAL
Angústias dos usuários (A1, A5, A6, A8, P1, P2, P3, P4 e T4)
FALHAS DE HIGIENE Insatisfeita com a limpeza dos banheiros (A2, A6, A7, A8, A9,
A10 e P1)
IMPORTÂNCIA DE UM AMBIENTE
Importância da Limpeza (T1 e T3)
LIMPO
BENEFÍCIOS DA SALA LÚDICA Sentindo-se bem com a sala lúdica (A2, A10, P3, P6, P7, T2,
T3 e T4)
Ambiente Alegre (T2, T3 e T4)
Incômodo com luzes diretas nos quartos (A1, A8, A9, A10, P1
e P2)
32
Sentindo calor no quarto (A3, A4, A5, A7, A8, A9, A10, P1, P2,
P3, P4 e T1)
Importância de janelas (A1, A3, A4, A6, A8, A7, A8, A9, A10,
P6 e T2)
Muitas pessoas por banheiro (A1, A6, A7, A10, P1, T3 e T4)
5.1 Artigo 2
Resumo
Apesar do hospital ser um estabelecimento que presa pelo tratamento e cura, ele
também pode adoecer ou contribuir para a saúde, enquanto ambiente físico de seus
usuários, sejam eles pacientes, acompanhantes ou profissionais. O edifício hospitalar
é um ambiente frio que pode proporcionar estresse e agravos psíquicos caso a pessoa
não tenha uma boa capacidade de adaptação, ou uma boa resiliência. Objetivo
Materializar as perspectivas de pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde
de um hospital oncológico pediátrico em Goiânia, Goiás, quanto aos seus sentimentos
dentro do ambiente hospitalar. Método Trata-se de uma pesquisa qualitativa com o
suporte teórico da Teoria Fundamentada em Dados Construtivista de Kathy Charmaz
(2009), a qual vê tanto os dados como a análise como tendo sido gerados a partir de
experiências compartilhadas e das relações com os participantes. Foram utilizados
como instrumento de coleta de dados, as entrevistas semiestruturadas que permitiram
à pesquisadora elaborar suas interpretações cuidadosamente acerca das narrativas
dos participantes e das observações realizadas no processo da coleta de dados.
Resultado Emergiram duas categorias: “Tentativas de adaptação”, onde foram
levantadas a resiliência e tentativas de adaptação ao ambiente hospitalar e
“Desgastes no hospital” com os respectivos sentimentos de angústia, medo e cansaço
que são acometidos durante a permanência no hospital.
Introdução
Método
Resultados
Tentativas de adaptação
Olha, eu sei que um ambiente frio faz mal para meu menino. Então eu
tenho que acostumar com esse calor, né. Eu diminuo minhas roupas
e pronto. Uso roupas fresquinhas. No frio minha mãe me mandou uma
roupa de frio e eu logo disse que podia levar de volta. Aqui é quente
sempre, mas eu sei que é o melhor para meu menino. (A8)
espaço. Além disso, entendem que mesmo algumas mães atrapalhando com
perguntas constantes, sabem que devem lidar com as abordagens pois afirmam que
os esclarecimentos fazem parte de suas missões.
Eu não gosto de ficar parada, nem minha filha. Ela adora mexer no
tablete e eu no celular. (A7)
Desgastes no hospital
É muito difícil manter ele aqui. Ele me pede para sair e eu levo ele para
a salinha. Mas ele aponta para fora. Ele quer ir é para a rua. (A6)
Acaba que você não tem com quem compartilhar o cuidado. Fica tudo
nas minhas costas. (A9)
38
Além disso, deixaram claro que sempre estão se esforçando para fazer suas
vontades e o acompanhando, dedicando o seu tempo integralmente a ele.
Eu fico o tempo todo com ele. Eu amamento né. Então sou só eu.
Quando interna sou eu, quando vem fazer só quimio eu venho
também. Passo o dia todo aqui com ele. (A8)
Além disso, reivindicaram maior conforto uma vez que sentem incomodadas
com as acomodações e os espaços destinados a elas.
Eu acho que deveria ter mais coisas para as mãezinhas. Alguma coisa
adaptada a elas. De distração, por exemplo. (A10)
Eu acho aqui meio aterrorizante. Eu não tenho mais veia né, então as
enfermeiras demoram um século para pegar minha veia. Dói muito [...]
39
Tem mães que ficam tanto tempo aqui. Eu fico triste por elas. Imagino
que não seja legal. As vezes pego algumas olhando a janela. Você
percebe que elas querem ir embora. (T3)
Por mais que as mães aparentam estar bem elas não estão sempre
ansiosas. Se eu cuidar da ansiedade delas eu acabo cuidando da dos
filhos também. (T4)
Eu acho que aqui deveria ter mais espaço. Ia ser melhor porque eles
têm a imunidade baixa. Então já é meio tumultuado, por isso tinha que
ser maior. Tem muita criança. (A7)
A minha filha tem imunidade baixa e vem a outra mãe e joga o xixi do
menino na pia. Tem gente muito sem consciência. (A1)
Minha filha fica muito nervosa aqui. É muito tempo né. Não tem como
não ficar. (A7)
Eu não gosto dessa correria dos médicos. Quando uma criança passa
mal por exemplo, é um corre corre. Dá agonia. (A6)
Eu não sei, por exemplo, porque vem aquele tanto de gente e ficam
falando aqui o que meu menino tem. (A6)
Discussão
O hospital deve entender que esses cuidadores precisam estar fortes frente às
adversidades e, por isso, carecem de ações de humanização, preocupadas com o
bem-estar, sejam elas relacionadas a um maior conforto, maior privacidade ou o
simples apoio com rodas de conversas e religiosidade, assim como sugeridos pelas
acompanhantes. O viver digno dentro do hospital proporciona força para o
enfrentamento da doença, aumento da capacidade de resiliência repercutindo
diretamente na qualidade do cuidado dispensado ao filho.
O hospital deve diante disso, prestar uma assistência humanizada não somente
para pacientes e acompanhantes, mas também para esses profissionais. Atividades
de relaxamento, ambientes para descanso, materiais básicos para desempenho do
trabalho e ambientes que os proporcione privacidade são essenciais para a qualidade
de vida dessas pessoas.
Gomes et al. (2012) expuseram que os hospitais que recebem crianças devem
dispor de um local e de profissionais capacitados para promover um atendimento com
ludicidade que desperte sensações de alegria. Para Veodootto e Silva (2011), o
hospital deve compartilhar calor humano nas relações com seus clientes. Ele deve
45
Conclusão
Referências
BUENO, C. Pessoas resilientes têm a capacidade de dar a volta por cima; você
é uma delas?. UOL. São Paulo, 2012. Acesso em 20 de janeiro de 2015.
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/09/07/pessoas-
resilientes-tem-a-capacidade-de-dar-a-volta-por-cima-voce-e-uma-delas.htm
5.2 Artigo 3
Resumo
Introdução
Método
P5), 2 crianças internadas (P6 e P7), 2 enfermeiras (T3 e T5), 1 pediatra (T4), 1
recepcionista (T1), 1 professora (T6), 1 assistente de administração (T2) e 3 arquitetos
(Arquiteto 1, Arquiteto 2 e Arquiteto 3).
Resultados e Discussão
Qualidade da estrutura funcional do hospital
Não é fácil vir para cá. A gente sabe que aqui é hospital que trata
câncer. Mas aqui nós temos segurança. Temos o acompanhamento
de todos os funcionários. (A10)
Aqui eu fui muito bem recebida. No outro eles não deixavam eu entrar
nem com mochila. Agora nesse? Aqui não. Você pode entrar com
mochila, pode trazer roupa de cama. (A5)
Gomes et al. (2012) defendem que os hospitais que recebem crianças devem
dispor de um local e de profissionais capacitados para promover um atendimento com
ludicidade que desperte sensações de alegria. Além disso, deve estar preocupado em
ofertar conforto e bem-estar para seus usuários. Para Veodootto e Silva (2011), o
hospital deve compartilhar calor humano nas relações com seus clientes. Ele deve
ofertar atenção individualizada e permitir que essas pessoas se sintam confortáveis
dentro do espaço hospitalar, como evidenciado nas vozes e discursos dos
participantes da pesquisa.
Além disso, eles se sentem bem com as atividades que são feitas para
distrações deles e com o treinamento para o máximo de humanização do atendimento,
pois sabem da importância do treinamento de conduta.
O hospital tem algumas atividades para nós. Uma vez uma psicóloga
fez umas atividades relacionadas ao estresse profissional. Foi bom.
(T5)
Aqui a gente não tem espaço. A gente vai para lá e para cá.... Tem o
corredor, mas acaba que fico mais sentada. Aí você incha, engorda.
Aqui a gente retém muito líquido [...] Gases também. Porque você
sabe que todo mundo escuta, né? Para quem tem intestino preso é
uma tortura. (A8)
Uma vez por semana podia ter uma aula de aeróbica para as mães,
porque é uma atividade mais fácil de fazer, né? Porque para você
montar uma academia ia ter que construir um espaço grande, com
aqueles aparelhos e sairia bem caro. (A9)
Outra deficiência muito comentada do hospital, diz respeito às falhas que ele
tem quanto às ações fornecidas para distração e entretenimento de pacientes e
acompanhantes. Segundo os entrevistados, não há atividades ou elementos
suficientes para distração, que para eles são de extrema importância. Os usuários
sentem necessidade desse tipo de ação, pois precisam de atividades que o faça
esquecer os problemas que estão vivendo, tanto relacionados à doença, quanto
aqueles relacionados ao desconforto que o ambiente hospitalar proporciona.
Para as mães que gostam de bordado, até que tem atividade. Mas
quem não gosta, fica esquentando o colchão no quarto, assistindo tv
[...] Podiam trabalhar mais com a gente. Voltar a ter aula de violão.
Têm muitas mães que gostam. (A9)
Antigamente tinha mais coisa para fazer. Eles estão tirando um pouco
dos desenhos e dos lanches comunitários. (A8)
Eu acho que aqui deveria ter alguma coisa para dar uma sacudida,
uma animada. A criança fica toda entediada. A mãe já não dorme
direito. Deveria ter alguma coisa para incentivar ela. Só olhar o
remédio dos meninos não é legal. [...] A gente tem que ter alguma
atividade de noite também. Não tem nada. (A1)
Eu acho que deveria ter uma televisão para cada paciente. Porque tem
mãe que gosta de alguma coisa e tem outra que gosta de ver outra
coisa. As vezes quero jogar vídeo game e não posso porque a mãe
está vendo novela. (P3)
Eu gosto muito de ficar no quarto, na internet, mas ela não é boa não.
Eu até desisto. Não dá para entrar no facebook, só no whatsapp. Para
os meninos até que tem vídeo game, mas não sobra para as meninas
[...] Eu até podia trazer meu vídeo game de casa, mas a outra mão
não gosta. Tinha que ter mais tv [...] A gente precisa de diversão. A
gente tem um monte de passeio, mas aqui no hospital mesmo a gente
não tem. (P2)
Meu menino não aguenta mais ver palhaço. Ele fala: Mãe, eu tenho
trauma de palhaço [...] Quando o palhaço vem, ele entra para dentro
do banheiro. (A2)
vezes eu tenho que ir em casa buscar roupa, aí meu marido fica com
ela. Seria legal uma lavanderia, porque tem vezes que não dá para
buscar roupa na minha cidade [...] Você tem que ficar ligando para os
outros. (A5)
Eu acho que aqui deveria ter uma lavanderia. Muitas mães são de
outras cidades e não têm como buscar sempre. (A4)
Aqui você se alimenta muito mal. Eu não sei explicar, mas quando eu
passo muito tempo aqui, toda vez que eu saio, eu fico gripada. (A9)
A comida aqui deveria ser diferenciada. Não sei se cabe, mas o próprio
hospital poderia ter uma lanchonete. (A2)
Eu acho que tem que ter uma pessoa orientando as pessoas dentro
do hospital. Sabe aquela pessoa “Posso ajudar?” [...] Pelo menos para
ficar de manhã no elevador [...] Tem muitas pessoas que têm medo de
elevador, então fica perdido. (T1)
Os lençóis aqui não vêm empacotados. Eu não moro aqui [...] Eu vou
passar sete dias aqui e não tenho sete toalhas. Eu acho que o hospital
deveria fornecer para a gente. (A9)
Outro ponto criticado pela maioria dos pacientes, fez referência à má conduta
de alguns profissionais. Segundo eles:
A equipe médica em muitas vezes preza pelo atendimento técnico. Souza et al.
(2010) expõem que esses cuidados estão mais relacionados a atividades específicas,
como verificação de sinais vitais, administração de medicamentos, curativos, deixando
de lado às práticas de cuidado, na perspectiva de integridade e especificidade de cada
usuário do serviço.
Qualquer coisa que a gente tenha que fazer dentro do leito causa
desconforto [...] A gente não tem onde apoiar nossos materiais. Temos
63
que trazer outras mesinhas. E quando não tem, temos que colocar no
leito do paciente. (T5)
Teve um dia que a gente teve que passar álcool em tudo aqui, porque
estava dando barata. As enfermeiras disseram que as paredes são
ocas e que infelizmente elas estavam passando pelos buracos. Um
absurdo. (A1)
Aqui é cheio de barata. A limpeza não está assim muito boa [...] Tem
muito tempo que não dedetiza. Maior perigo para os meninos. (A8)
Nossa, tem banheiro que é uma bagunça. Tem mães que deixam tudo
sujo e não rapam. (A7)
Nas falas dos profissionais T5 e T1, foi possível identificar a importância que
eles dão para a limpeza do hospital. Sentem que ela pode contribuir para a qualidade
de vida tanto de profissionais quanto de acompanhantes e pacientes. E afirmaram que
o controle constante não deve ser ignorado.
Conclusão
Referências
THIBAUD, J.P. (2004). O ambiente sensorial das cidades: para uma abordagem
de ambiências urbanas. In E.T. Tassara; E.P. Rabinovich; M.C. Guedes (Orgs.).
Psicologia e ambiente. SP: EDUC.347-361.
5.3 Artigo 4
Resumo
Introdução
O que se percebe, por outro lado, é a falta de algumas ações pontuais que
qualifiquem o espaço hospitalar. De acordo com Martins (2004), esses ambientes
muitas vezes são despersonalizados, frios, mal distribuídos, com inexistência de
preocupações relacionadas à humanização dos espaços, que prejudicam a qualidade
de vida e bem-estar durante a permanência.
Método
Resultados
não. Eu tenho uma cama para dormir. Assim, sofá-cama né. Fui muito
bem recebida aqui. (A5)
Eu gosto do bebedor que tem na recepção. A água é fria todo dia. (A4)
Outro ponto levantado como bom diz respeito à distribuição dos espaços. As
acompanhantes, por exemplo, elogiaram a localização do posto de enfermagem uma
vez que está centralizado, próximo dos leitos, contribuindo para a sensação de
segurança caso haja algum problema com seus filhos nos leitos. Já os profissionais
reconheceram que algumas divisões de ambientes foram benéficas para a otimização
de fluxos e assim para a qualidade dos seus serviços e perceberam a qualidade no
ambiente pela não segregação total dos pacientes graves.
73
A gente percebe que aqui não tem aquela segregação total dos
pacientes graves e dos ativos. É importante ter essa relação com
outros pacientes. As vezes aquele paciente que está muito grave é
muito amigo daquele outro que está bem. Não podemos separar
totalmente porque eles infelizmente têm que vivenciar aquilo. (T4)
Onde eu estava antes eram três pessoas por quarto. Aqui são quatro,
mas mesmo assim é mais espaçoso. O meu filho, por exemplo, até
agora não reclamou. Aqui é bom. (A6)
Aqui é bom porque a gente não escuta o barulho do outro quarto. (A4)
Nossa eu acho aquela pia boa demais. A gente cuida dela para ficar
limpinha sempre. Só usamos ela porque aquela no banheiro todos
usam e nem sempre têm a mesma preocupação com limpeza. (A1)
Antes ela ficava no berço, agora ela está no quarto com cama. Nossa
é bem melhor. Lá era muito pequeno. (A5)
Aqui no hospital nós vemos coisas que os outros não têm. As camas
para acompanhantes por exemplo. (T3)
Aqui teve uma ação assertiva para criar uma atmosfera lúdica voltada
realmente para ser uma ala infantil. É bonito de estar olhando. (T1)
ambiente em que o paciente fica mais tempo. Tem que ser confortável.
(Arquiteto 3)
Tinha um paciente que falava que aqui era a casa dele. Ele achava
que o leito era a casa dele. Então assim, a gente vê que tem uma certa
humanização aqui porque eles se identificam com o local. Sentem
necessidade de delimitar seu cantinho. (T6)
e profissionais levantaram uma série de problemas no ambiente físico dos leitos que
prejudicam o conforto físico e psicológico. A falta de privacidade foi algo bastante
abordada nos discursos.
Nossa, eu sinto falta de casa. Não sei, na casa da gente nós não temos
o costume de dividir as coisas. Aqui é tudo dividido. Todo mundo
junto...é diferente. Na casa da gente temos privacidade. Aqui não. Isso
incomoda (A10)
Eu acho a luz aqui do quarto muito forte [...] o pouquinho de tempo que
você deixa ela acessa já começa a suar. É bem quente. (A8)
Eu tenho muita dificuldade para dormir. Meu sono é leve [...] Toda hora
as enfermeiras entram aqui e deixam a luz ligada. Atrapalha muito.
(P1)
Outro problema exposto que provoca desconforto durante a noite foi exposto
pela acompanhante A7, diz respeito às camas velhas e rasgadas.
Eu acho aqui bom, só essas caminhas que podiam melhorar [...] Essa
caminha aqui é muito velhinha. Meio rasgada. O colchão está horrível.
Eu durmo muito mal. (A7)
Aqui deveria ter no máximo dois leitos por enfermaria, pois têm mães
com educação diferente. Tem mães que são cuidadosas, que são
extremamente higiênicas, mas também têm aquelas que nem sempre
têm as mesmas preocupações. Uma mãe acaba reclamando que a
outra deixou o banheiro molhado...essas coisas. (T3)
Eu acho assim, se não tem espaço, por que eles recebem essa
quantidade de pacientes? Mas eu também entendo o lado como se
fosse mais humano de todos ter direito a se tratar, mas acaba que fica
difícil para as pessoas que ficam aqui. (A9)
Esse quarto é muito ruim. Não tem janela. Aqui é fechado, não dá para
ver o mundo lá fora, não dá para ver nada. Muitas vezes falam que
está chovendo e você não vê. Só vê depois que você desce lá
embaixo. (A6)
A questão foi percebida também por uma criança de seis anos, que deixou bem
claro sua preferência por ambientes com janelas amplas dentro do hospital.
84
O quarto é quente. Não tem janela... eu gosto de ficar aqui (sala lúdica)
porque a janela é grandona e eu vejo a rua. (P6)
Hoje eu não estou inchada porque não está tão quente, mas quando
está... fico muito inchada. A gente retém muito liquido. (A8)
Outro ponto do hospital criticado pelos entrevistados diz respeito aos banheiros.
Segundo eles são pequenos, sem ventilação e sem privacidade.
As vezes aqui é muito cheio. Tinha que ser um pouco maior. Tinham
que ter mais leitos, porque quando não tem lugar para ficar colocam a
gente naquela salinha lúdica. Eu não gosto. (A7)
Além dos leitos, a falta de quarto de isolamento e de uma sala de espera para
a internação também foram criticadas dentro do hospital por uma profissional.
Segundo ela:
Infelizmente aqui não temos aquele lugar para os pacientes que estão
aguardando internação esperarem. Eles ficam aqui fora junto com os
pacientes que vão apenas fazer consulta. (T3)
Aqui teria que ter um refeitório. Não tem frigobar, não tem armário.
Acaba que começa a aparecer baratinhas. Eles falam para a gente
não trazer comida, mas como que faz, se tivesse pelo menos lugar
próprio para colocar as comidas né. (A9)
Ah, eu acho que deveria ser tudo separadinho aqui. A gente come nos
quartos, que é do lado do banheiro. Muitas vezes o banheiro fede, e
você acaba não querendo comer. Tinha que ter um refeitório
separado. Isolado do quarto. (P1)
Eu não gosto de passar com meu filho pela recepção para fazer
exame. É desconfortável. Ela fica cheia. E assim, a imunidade do meu
filho já é baixa, né. Abre o portão e todo mundo te olha daquele jeito.
Isso me incomoda. (A2)
Eu gosto da sala lúdica, mas eu acho que deveria ser afastada desse
quarto. É importante sair um pouco desse ambiente hospitalar, mas
também é importante o descanso. E aqui faz muito barulho. (A2)
Eu acho que deveria ter ala dos quartos, ala de comer e a ala dos
banheiros. Tudo dentro do quarto não é legal. E é nojento né. (P1)
Aqui tem quarto que é muito pequeno e tem quarto que é grande. (P3)
Nossa, aqui tem que melhorar muito. Por exemplo, aqui tem falta de
conexão de uma ala para uma outra parte do ambulatório. Quando
chove é um tormento, porque a gente molha. As vezes até o paciente
molha. (T1)
Lá embaixo a gente não tem lugar para ficar esperando dar o horário
para bater o ponto. O refeitório é muito pequeno. Não tem lugar nem
para a gente sentar. A gente acaba comendo aqui mesmo, batendo o
ponto e subindo. Sem descanso. O tempo também não ajuda. É muito
curto! (T1)
89
Eu sei que não tem como mudar, mas me chama muita atenção
quando nós temos pacientes que vão a óbito e não temos saída deles.
Temos que passar com esse paciente na frente das enfermarias.
Acaba que não conseguimos colocar todas as mães dentro dos
quartos para fechar a porta. É bem ruim. (T3)
Nossa, para dar aula é uma dificuldade. Atrapalha muito o barulho aqui
na sala lúdica. Se vem outra pessoa, com a maior boa vontade, e traz
brinquedo, presentes, desconcentra meu aluno. (T6)
e pacientes, nas larguras reduzidas das portas, na iluminação insuficiente dentro dos
ambientes e na inexistência de um estacionamento para o ambulatório.
Toda hora é muita gente que fica lá. Eu acho aquela sala muito
pequena para o tanto de gente. Como o quarto é muito abafado, todos
querem ir para lá para brincar. Tem hora que você vai e não dá para
ficar, então você tem que voltar, esperar alguns saírem para depois
levar seu filho. (A9)
Além disso, o hospedar-se na sala, devido à falta de leito, foi alvo de grandes
reclamações pela falta de banheiro, falta de acomodações, barulho e falta de
privacidade.
Teve uma vez que não tinha leito e eu tive eu dormir na sala lúdica.
Na questão de calor até que ela é mais fresca que os quartos, mas lá
não tem banheiro. A gente tem que usar das outras enfermarias.
91
Eu já internei na sala lúdica. Nossa, é ruim demais. Não tem lugar para
você ficar, muito menos para você dormir. São só aquelas cadeiras
duras mesmo para você sentar. (A6)
Tem muitas crianças que choram durante a noite. As mães para não
incomodarem as outras pessoas no quarto, levam para a salinha. Tem
sempre alguém dormindo lá porque não tem leito. Elas não tomam
atitude. Tem gente que fala: Não vamos lá, vamos evitar..., mas muitas
vão, ligam a TV. Você até que não consegue dormir mesmo, mas a
criança acabou de dormir. Você não quer que ela acorde. É muito
barulho. (A7)
Eu acho que a sala lúdica podia ser maior, porque é um espaço onde
a maioria das crianças ficam. Acho que traria maior conforto, mais
qualidade de estar ali. (T1)
Como aqui são crianças, eu acho que deveria ser um ambiente mais
alegre né? Sei lá, colocar alguma coisa para incentivar, tipo o alfabeto
na parede, uma historinha que você vai explicando, porque para ficar
92
aqui é tudo muito fechado, tudo preso.... É bem difícil manter a criança
aqui dentro. (A6)
As necessidades dessas áreas abertas vão desde a vontade de ver o céu, ver
o verde, tomar sol até o simples lembrar de suas casas.
Eu queria um jardim para a gente distrair e tomar sol. Aqui não tem
sol, é muito abafado e quente. Meu menino sempre pede: Mãe, me
leva lá fora. (A2)
Eu queria uma área aberta para eu lembrar a minha casa. Lá tem uma
plantação. Eu sinto muita falta desse verde que eu tinha em casa. (A5)
Eu acho que aqui deveria ter tipo uma praça. Eu acho que deveriam
ter alguns brinquedos, alguma coisa para alegrar. Me dá agonia ver a
mãe olhando pela janela. Elas ficam olhando parecendo que não tem
fim os pensamentos. (T2)
Deveria ter uma área aberta com parquinho, mas sem deixar de
estabelecer horários, senão eles todos vão ficar só lá fora. E assim,
para as crianças essa área. Não é para a mãe ir fumar não. (T1)
Podia ter uma área aberta para todo mundo dar uma voltinha. Podia
até ser elaborada uma pistinha de cooper, porque as vezes você vê
os fisioterapeutas fazendo caminhada com o paciente lá embaixo
adulto... por que não? (T1)
Eu acho que uma área aberta seria muito boa aqui para a gente. Meu
filho fica muito preso aqui. É muito fechado. Quando eu estou em casa,
coloco ele no quintal... Nossa ele acha bom, brinca, diverte até. (A8)
mais tranquilos [...] Sem falar que esses espaço podem trazer
iluminação e ventilação natural, que é essencial para o conforto dos
usuários. (Arquiteto 3)
Outro ponto levantado nas entrevistas foi quanto a inequação do espaço físico
para adolescentes. Segundo os entrevistados, não há espaço físico próprio para eles.
Além disso, as decorações coloridas das paredes influenciam positivamente apenas
crianças, necessitando de um espaço mais dinâmico para os pacientes adolescentes
ativos.
Uma coisa que o pessoal da psicologia tenta fazer são atividades com
adolescentes, porque aqui tem muitas coisas para crianças. Por mais
que não tenham espaços próprios para adolescentes, elas tentam
96
fazer atividades com eles. Seria muito importante uma estrutura física
mais direcionada para eles, alguma coisa que façam eles saírem
dessa coisa infantil. (T4)
Por outro lado, sentem dificuldade em humanizar, por exemplo, salas de exame
por imagens devido especificações da ANVISA. Quando sugerem a compra de
equipamentos humanizados, seus clientes não compram a ideia pelo custo alto que
possuem.
Discussão
Não somente a sala lúdica foi alvo de elogios. O ambiente colorido da pediatria
também foi levantado como positivo para o bem-estar no hospital. Os participantes da
pesquisa reconheceram a decoração existente na ala pediátrica como parte da
humanização e atentaram para a importância de um ambiente diferenciado para a
fuga ao medo, à adaptabilidade ao tratamento e a possível cura.
Além disso, Fernandes e Göttems (2013) afirmaram que as cores podem ser
um recurso útil, pois estimulam os sentidos e podem encorajar ao relaxamento, ao
trabalho, ao divertimento ou ao movimento. Além disso, podem fazer o usuário sentir
mais calor ou frio, alegria ou tristeza. Sendo assim, ações de humanização são
eficientes quando utilizadas de forma correta.
A crítica, por outro lado, que houve desse ambiente pelos entrevistados diz
respeito a localização, demanda e respectivo barulho que essa sala causa na ala de
internação localizada próxima. Sampaio Neto et al. (2010), em seu trabalho, alertaram
quanto aos problemas que os elevados níveis de ruído causam. Segundo eles,
interferem na comunicação, perda da atenção, irritabilidade, fadiga arterial, além da
piora na qualidade do sono, tanto na equipe profissional quanto nos pacientes e
acompanhantes.
A organização foi citada também em relação aos leitos, uma vez que possuem
locais próprios para guardar seus pertences. Além disso, os acompanhantes sentem-
se bem com os cuidados que são direcionados a eles. Diferentemente de muitos
hospitais expostos por eles, esse em estudo possui acomodações justas, alvo de
elogios quanto ao conforto na hora de dormir.
O problema aparece, por outro lado, pela falta de espaço entre um leito e outro.
Pacientes e acompanhantes sentiram necessidade de quartos maiores para conforto
e os profissionais defenderam que esses ambientes devem promover a saúde. Para
isso, é de extrema importância que haja distancias consideráveis entre um leito e outro
para minimizar a probabilidade de contaminações entre pacientes ou acompanhantes.
101
problema seja sanado. Segundo os entrevistados, elas tornam o ambiente mais fresco
além de permitir enxergar o ambiente externo, tão valorizado nesses períodos de
internação.
A questão das mortes na pediatria foi um ponto crítico exposto nos discursos.
Segundo um profissional, quando há morte na pediatria não tem um lugar isolado para
103
Lago et al. (2013) afirmaram que o que é notado nesses ambientes é que a
maioria é anterior à norma base para projetos hospitalares, sendo assim muitas
reformas não conseguem se adaptar a ela. No hospital abordado na pesquisa alguns
pontos básicos foram levantados como deficientes. A inclinação da rampa e a largura
das portas foram criticadas pelos profissionais que afirmaram ser dificultadores dos
seus trabalhos.
Por fim, a questão dos espaços destinados aos adolescentes foi levantada
como ponto de deficiência no hospital. Segundo os entrevistados, não há espaço
próprio para adolescentes nem decoração que acolha seus sentimentos e
sensibilidades. Segundo alguns pacientes, o colorido das paredes agrada somente as
crianças, pois para eles não faz diferença.
O problema está, por outro lado, nas limitações que muitos arquitetos possuem
quanto a ações de humanização pontuais. Eles expuseram, que há uma inflexibilidade
normativa que prejudica o processo de humanização. Ainda afirmaram que ela deve
ser um ponto imposto em norma, mas reconheceram a dificuldade de estabelecer uma
vez que é uma questão subjetiva. A palavra “humanização”, por exemplo, não foi
encontrada na RDC 50, resolução base para os projetos hospitalares comprovando
assim a deficiência que há nesse setor.
Conclusão
Referências
ULRICH, R. The Role of the Physical Environment in the Hospital of the 21st
Century: A Once-in-a-Lifetime Opportunity. Environment and Behavior. 2004;
40(3):355-381.
6. Considerações Finais
Diante das falhas do hospital citadas foi possível fazer uma separação entre
aquelas oriundas de problemas de fluxograma e de programação. Os problemas de
fluxograma englobam a localização da recepção, dos atendimentos médicos, a
necessidade dos acompanhantes e dos pacientes se sentindo expostos a caminho de
procedimentos no restante do hospital, com risco de contaminação e vergonha por
serem vistos no estado deles, por pessoas esperando consultas, a proximidade da
sala lúdica, sempre muito barulhenta, com a ala dos quartos, a necessidade de
passagem das crianças falecidas pela enfermaria, e outros problemas de fluxograma.
Quanto aos leitos, esses devem ser de cores suaves, ter um bom conforto termo
acústico, permitir a individualidade de cada família através da utilização de divisórias
ou cortinas e possuir espaços e mobiliários aceitáveis para a valorização do indivíduo.
O estudo bem pensado de fluxos é fator fundamental para um bom projeto hospitalar.
O posicionamento adequado dos ambientes proporciona privacidade e discrição. O
posto de enfermagem deve ser centralizado para maior controle dos pacientes
internados e maior segurança pelos usuários. A recepção deve ser localizada em
ponto estratégico para que não haja conflito de fluxos entre pacientes graves e
estáveis. Os consultórios devem dispor de banheiros privativos para melhor conforto
de médicos que possuem grande carga de trabalho, assim como as salas de descanso
devem ser próximas devido a necessidade de otimizar a utilização do tempo.
110
Que esta pesquisa sirva como base para trabalhos futuros, que possam desenvolver
mais ações, mais sugestões e mais descobertas para a melhoria do ambiente físico
hospitalar, principalmente no que diz respeito às ações de humanização e que ela
alerte quanto a importância do ouvir, entender e buscar sempre sanar as
necessidades de todos os envolvidos em um ambiente de assistência à saúde.
Referências
ABNT. Resolução – RDC n.º 50, de 21 de fevereiro de 2002 (BR). Dispõe sobre o
Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação
de projetos físicos.
BUENO, C. Pessoas resilientes têm a capacidade de dar a volta por cima; você
é uma delas?. UOL. São Paulo, 2012. Acesso em 20 de janeiro de 2015.
COSTA, R.; PADILHA, M.I. Percepção da Equipe de Saúde Sobre a Família na Uti
Neonatal: Resistência aos Novos Saberes. Rev. enferm. UERJ. 2011 Abri-
Jun;19(2):231-5.
112
THIBAUD, J.P. (2004). O ambiente sensorial das cidades: para uma abordagem
de ambiências urbanas. In E.T. Tassara; E.P. Rabinovich; M.C. Guedes (Orgs.).
Psicologia e ambiente. SP: EDUC.347-361.
ULRICH, R. The Role of the Physical Environment in the Hospital of the 21st
Century: A Once-in-a-Lifetime Opportunity. Environment and Behavior. 2004;
40(3):355-381.
ANEXO I
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), do Projeto de
Pesquisa sob o título A Humanização de Ambientes Hospitalares Oncológicos
Pediátricos: Vozes e Discursos. Meu nome é Renata Moura de Carvalho, sou
arquiteta, pesquisadora responsável por esse estudo e mestranda em Ciências
Ambientais e Saúde pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Após receber os
esclarecimentos e as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo,
este documento deverá ser assinado em duas vias, sendo a primeira de guarda e
confidencialidade da pesquisadora responsável e a segunda ficará sob sua
responsabilidade para quaisquer fins. Em caso de recusa, você não será penalizado
(a) de forma alguma. Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em
contato com a pesquisadora responsável Renata Moura de Carvalho no telefone (62)
8244-225 ou através do email [email protected], ou com o orientador da
pesquisa Professor Dr. Luc Vandenberghe no telefone (62) 9619-3751 ou através do
email [email protected]. Em caso de dúvida sobre a ética aplicada a
pesquisa, você poderá entrar em contato com o Comitê de ética em Pesquisa da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás, telefone (62)3946-1512 ou com o Comitê
de Ética em Pesquisa da Associação de Combate ao Câncer em Goiás, nos telefones:
3243 70 50 ou no endereço: Rua 239 nº 206 2º andar – Edifício Albergue Filhinha
Nogueira – Setor Leste Universitário. Horário de atendimento: 8:00 às 17:00 horas, de
segunda à sexta.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A
PESQUISA:
sponsável Renata Moura de
Carvalho. As informações coletadas irão compor a tese de mestrado em Ciências
Ambientais e Saúde da pesquisadora, sob orientação do Professor Dr. Luc
Vandenberghe.
zação dos espaços
físicos do ambiente hospitalar oncológico pediátrico.
apagadas.
financeira.
uízos tidos
durante a entrevista, devidamente comprovados, perante a justiça comum.
sobre esse tema, além de poder contribuir na melhoria de projetos futuros de hospitais
que irão o entender.
ngressos e poderá
também colaborar com novos estudos para instituições acadêmicas, de pesquisas e
instituições relacionadas à formação multidisciplinar e arquitetônica. Porém em
nenhum caso será revelado o seu nome, sendo expostos apenas os resultados.
Você está sendo convidado (a) para participar de uma pesquisa. Esta pesquisa chama
“A Humanização de Ambientes Hospitalares Oncológicos Pediátricos: Vozes e
Discursos”. Meu nome é Renata Moura de Carvalho, sou arquiteta e pesquisadora
responsável desse trabalho. Sou aluna do Mestrado em Ciências Ambientais e Saúde
da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Nessa pesquisa eu gostaria de saber o
que você acha das características dos lugares que você frequenta neste hospital,
como por exemplo, as cores, os desenhos nas paredes, as janelas, brinquedos... Para
isso eu vou conversar com você e durante nossa conversa irei fazer algumas
perguntas como: o que você acha dessa sala que estamos? A seguir eu vou falar para
você um pouco mais sobre a pesquisa que estou fazendo. Se você não entender
alguma coisa, pode me perguntar. Meu telefone é (62)8244-2225 e meu email é
[email protected]. Após isso, se você quiser participar dessa pesquisa,
você deverá assinar seu nome no lugar que estiver escrito “Assinatura do Participante”
no final desse documento. Você vai assinar duas vezes, porque um papel desses é
meu e o outro é seu. Mas vale lembrar que seus pais ou responsáveis também devem
assinar se eles concordarem. Se você ou eles não concordarem não haverá problema
algum. Se você tiver alguma dúvida e preferir entrar em contato com meu professor,
o nome dele é Professor Dr. Luc Vandenberghe, (62) 9619-3751 e o email é
[email protected]. Se seus pais tiverem dúvida sobre a ética aplicada
a pesquisa, eles poderão entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás, telefone (62)3946-1512 ou com o Comitê
de Ética em Pesquisa da Associação de Combate ao Câncer em Goiás, nos telefones:
3243 70 50 ou no endereço: Rua 239 nº 206 2º andar – Edifício Albergue Filhinha
Nogueira – Setor Leste Universitário. Horário de atendimento: 8:00 às 17:00 horas, de
segunda à sexta.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A
PESQUISA:
pais ou responsáveis.
do elas serão apagadas.
colaborar com novos estudos. Porém em nenhum caso será revelado o seu nome,
sendo apresentados apenas os resultados.