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No processo C-373/00,
que tem por objecto um pedido dirigido ao Tribunal de Justiça, nos termos do
artigo 234.° CE, pelo Vergabekontrollsenat des Landes Wien (Áustria), destinado
a obter, no litígio pendente neste órgão jurisdicional entre
uma decisão a título prejudicial sobre a interpretação do artigo 1.°, alínea b), da
Directiva 93/36/CEE do Conselho, de 14 de Junho de 1993, relativa à
coordenação dos processos de adjudicação dos contratos públicos de forneci-
mento (JO L 199, p. 1),
I - 1968
ADOLF TRULEY
advogado-geral: S. Alber,
profere o presente
Acórdão
Enquadramento jurídico
Regulamentação comunitária
[...]
Legislação nacional
3. [...]
4. [...]»
1. ao conselho municipal:
[...]
[...]»
I -1975
ACÓRDÃO DE 27. 2. 2003 — PROCESSO C-373/00
[...]
I - 1976
ADOLF TRULEY
[...]»
10 Embora o GewO não contenha, por outro lado, qualquer outra disposição que
limite a uma determinada zona geográfica o exercício da actividade autorizada, o
Landeshauptmann (governador do Land) tem, contudo, competência, nos termos
do § 132, n.° 1, do GewO, para fixar as tarifas máximas dos serviços funerários,
quer para a totalidade do Land quer por circunscrição administrativa ou por
autarquia.
«Se, decorridos cinco dias sobre a emissão da certidão de óbito, não tiver sido
realizado o funeral, o Magistrat [der Stadt Wien] procederá à inumação ou à
incineração num cemitério da cidade de Viena. Esta última apenas suportará os
respectivos custos se e na medida em que os mesmos não devam ser suportados
por terceiros ou cobertos pela herança.»
13 Até 1999, estas actividades eram exercidas pela Wiener Bestattung (serviços
funerários de Viena), um estabelecimento dos Wiener Stadtwerke (serviços
municipais de Viena), os quais constituíam uma empresa da cidade de Viena, na
acepção do § 71 do WStV. Nesta qualidade, a Wiener Bestattung — tal como os
Wiener Stadtwerke — carecia de personalidade jurídica própria e fazia parte do
Magistrat der Stadt Wien. No quadro das suas actividades, a Wiener Bestattung
organizou, por várias vezes, processos de concurso nos quais a Truley, uma
empresa concessionária de serviços funerários, participou, ao que parece, com
êxito.
15 Pouco após a sua criação, a Bestattung Wien deu início a um processo, que levou
à publicação do anúncio de um concurso no Amtlicher Lieferanzeiger (boletim
oficial de concursos públicos de fornecimento) e no Amstblatt der Stadt Wien
(jornal oficial da cidade de Viena), para fornecimento de guarnições para urnas.
A Truley apresentou uma proposta no âmbito deste concurso, mas, por carta de
6 de Junho de 2000, foi informada de que o contrato não lhe fora atribuído pelo
facto de ser demasiado elevado o preço que pedia.
16 Considerando, por sua parte, que a proposta que tinha apresentado era a única
que correspondia às especificações contidas no anúncio de concurso, a Truley
intentou no Vergabekontrollsenat des Landes Wien um procedimento de
fiscalização da adjudicação.
I -1979
ACÓRDÃO DE 27. 2. 2003 — PROCESSO C-373/00
18 Considerando, nestas condições, que a solução do litígio que lhe foi submetido
depende da interpretação do conceito de «entidade adjudicante» que figura no
artigo 1.°, alínea b), da Directiva 93/36, designadamente à luz dos acórdãos de
15 de Janeiro de 1998, Mannesmann Anlagenbau Austria e o. (C-44/96, Colect.,
p. I-73), e de 10 de Novembro de 1998, BFI Holding (C-360/96, Colect.,
p. I-6821), o Vergabekontrollsenat des Landes Wien decidiu suspender a
instância e submeter ao Tribunal de Justiça as seguintes questões prejudiciais:
«1) A noção de 'necessidades de interesse geral', que figura no artigo 1.°, alínea
b), da Directiva 93/36/CEE do Conselho, de 14 de Junho de 1993, relativa à
coordenação dos processos de adjudicação dos contratos públicos de
fornecimento, deve ser entendida
I-1981
ACÓRDÃO DE 27. 2. 2003 — PROCESSO C-373/00
22 Por outro lado, o Tribunal de Justiça tem decidido, de modo constante, que a
recusa de decisão quanto a uma questão prejudicial submetida por um órgão
jurisdicional nacional só é possível quando é manifesto que a interpretação do
direito comunitário solicitada não tem qualquer relação com a realidade ou com
o objecto do litígio no processo principal, quando o problema é hipotético ou
ainda quando o Tribunal não dispõe dos elementos de facto e de direito
necessários para responder utilmente às questões que lhe são colocadas (v.,
designadamente, acórdãos de 13 de Março de 2001, PreussenElektra, C-379/98,
Colect., p. I-2099, n.° 39, e de 22 de Janeiro de 2002, Canal Satélite Digital,
C-390/99, Colect., p. I-607, n.° 19).
24 Por urn lado, efectivamente, não se pode afirmar que a interpretação do direito
comunitario requerida não tem qualquer relação com a realidade ou com o
objecto do litígio no processo principal ou é de natureza hipotética, uma vez que
a apreciação da legalidade da decisão de adjudicação do contrato em causa no
processo principal depende designadamente da questão de saber se a demandada
no processo principal pode ser considerada entidade adjudicante na acepção do
artigo 1.°, alínea b), da Directiva 93/36.
33 A título liminar, deve salientar-se que a Directiva 93/36 não contém qualquer
definição de «necessidades de interesse geral».
36 No presente processo, é pacífico que o artigo 1.°, alínea b), segundo parágrafo, da
Directiva 93/36 não contém qualquer remissão expressa para o direito dos
Estados-Membros, pelo que há que dar à redacção acima mencionada uma
interpretação autónoma e uniforme em toda a Comunidade.
37 Esta conclusão não é prejudicada pelo facto de o artigo 1.°, alínea b), terceiro
parágrafo, da Directiva 93/36 conter uma remissão para o anexo I da Directiva
93/37, no qual figura a lista dos organismos e das categorias de organismos de
direito público que, em cada Estado-Membro, satisfazem os critérios enumerados
no segundo parágrafo da mesma alínea b).
38 Efectivamente, há que concluir, por um lado, que o anexo em causa não contém
qualquer definição da noção de «necessidades de interesse geral» que consta,
designadamente, do artigo 1.°, alínea b), da Directiva 93/36 e do artigo 1.°, alínea
b), da Directiva 93/37.
39 Por outro lado, embora resulte claramente do teor do artigo 1.°, alínea b), da
Directiva 93/36 que a lista constante do anexo I da Directiva 93/37 pretende ser
tão completa quanto possível e pode, nesta perspectiva, ser revista segundo o
procedimento previsto no artigo 35.° da Directiva 93/37, não é menos verdade
que a mesma de modo algum assume carácter exaustivo (v., designadamente,
acórdãos, já referidos, BFI Holding, n.° 50, e Agorà e Excelsior, n.° 36), dado que
o grau de precisão da lista em causa varia consideravelmente de um Estado-
-Membro para outro.
I -1987
ACÓRDÃO DE 27. 2. 2003 — PROCESSO C-373/00
41 A este respeito, deve recordar-se que o Tribunal de Justiça já por varias vezes
decidiu que a coordenação, a nível comunitário, dos processos de adjudicação
dos contratos públicos visa suprimir os entraves à livre circulação de serviços e de
mercadorias e, assim, proteger os interesses dos operadores económicos
estabelecidos num Estado-Membro, que desejem propor bens ou serviços às
entidades adjudicantes estabelecidas noutro Estado-Membro (v., designada-
mente, acórdãos de 3 de Outubro de 2000, University of Cambridge, C-380/98,
Colect., p. I-8035, n.° 16; Comissão/França, já referido, n.° 41; de 18 de Junho
de 2002, Hl, C-92/00, Colect., p. I-5553, n.° 43; e de 12 de Dezembro de 2002,
Universale Bau e o., C-470/99, Colect., p. I-11617, n.° 51).
42 Por outro lado, resulta também de jurisprudência assente que o objectivo das
directivas comunitárias relativas à coordenação dos processos de adjudicação dos
contratos públicos é excluir simultaneamente o risco de preferência dos
proponentes ou candidatos nacionais em toda e qualquer adjudicação de
contratos públicos por entidades adjudicantes e a possibilidade de um organismo
financiado ou controlado pelo Estado, pelas autarquias locais ou por outros
organismos de direito público se deixar levar por considerações não económicas
(v., designadamente, acórdãos, já referidos, University of Cambridge, n.° 17,
Comissão/França, n.° 42, e Universale-Bau e o., n.° 52).
I -1989
ACÓRDÃO DE 27. 2. 2003 — PROCESSO C-373/00
que uma obrigação como a referida no § 10, n.° 1, da WLBG não tem relevância
para a questão de saber se se está ou não perante uma necessidade de interesse
geral, na medida em que o critério decisivo de apreciação desta noção depende,
em seu entender, do direito comunitário e não do direito nacional, afirmam, em
contrapartida, que não há qualquer dúvida de que os serviços mortuários
satisfazem efectivamente uma necessidade de interesse geral. A este respeito,
baseiam-se, por um lado, no anexo I da Directiva 93/37, o qual, no que respeita à
República Federal da Alemanha, contém uma referência expressa a cemitérios e
serviços de inumação, e, por outro, no acórdão BFI Holding, já referido, no qual
o Tribunal de Justiça declarou, a respeito da recolha e do tratamento de lixos
domésticos, que esta actividade faz parte daquelas que o Estado pode decidir que
devem ser exercidas por autoridades públicas, ou em relação às quais pretende
manter uma influência determinante. No entender da Truley, os serviços
mortuários e funerários fazem igualmente parte do «núcleo duro» das prestações
de base que o Estado realiza no interesse comum.
I - 1990
ADOLF TRULEY
I -1991
ACÓRDÃO DE 27. 2. 2003 — PROCESSO C-373/00
53 Por outro lado, razões evidentes de higiene e de saúde pública podem justificar
que o Estado mantenha uma influência determinante sobre estas actividades e
adopte medidas como as previstas no § 10, n.° 1, da WLBG, no caso de o funeral
não ter sido organizado dentro de um determinado período de tempo após a
emissão da certidão de óbito. A própria existência de uma disposição deste tipo
constitui, por isso, efectivamente, um indício de que as actividades em causa são
susceptíveis de satisfazer uma necessidade de interesse geral.
61 Resulta, por isso, dos próprios termos utilizados no acórdão BFI Holding, já
referido, que, sem ser destituída de qualquer relevância, a existência de
concorrência desenvolvida não permite, por si só, concluir pela ausência de
uma necessidade de interesse geral sem carácter industrial ou comercial.
64 Além disso, resulta do § 10, n.° 1, da WLBG que a cidade de Viena é obrigada a
assumir os custos do funeral, na hipótese de estes não estarem a cargo de terceiros
nem estarem cobertos pela herança.
controlo a posteriori, urna vez que, por definição, um controlo deste tipo não
permite aos poderes públicos influenciarem as decisões do organismo em causa
em matéria de contratos públicos.
I - 1997
ACÓRDÃO DE 27. 2. 2003 — PROCESSO C-373/00
Quanto às despesas
I -1998
ADOLF TRULEY
R. Grass M. Wathelet
I - 2000