Atividade Eja Texto Narrativo
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Atividade
Leia o texto a seguir, de Inácio de Loyola Brandão:
"O verde"
Estranha é a cabeça das pessoas.Uma vez, em São Paulo, morei numa rua que era dominada por uma árvore
incrível. Na época da floração, ela enchia a calçada de cores. Para usar um lugar-comum, ficava sobre o
passeio um verdadeiro tapete de flores; esquecíamos o cinza que nos envolvia e vinha do asfalto, do
concreto, do cimento, os elementos característicos desta cidade. Percebi certo dia que a árvore começava a
morrer. Secava lentamente, até que amanheceu inerte, sem folha. É um ciclo, ela renascerá, comentávamos
no bar ou na padaria. Não voltou. Pedi ao Instituto Botânico que analisasse a árvore, e o técnico concluiu:
fora envenenada. Surpresos, nós, os moradores da rua, que tínhamos na árvore um verdadeiro símbolo,
começamos a nos lembrar de uma vizinha de meia-idade que todas as manhãs estava ao pé da árvore com
um regador. Cheios de suspeitas, fomos até ela, indagamos, e ela respondeu com calma, os olhos brilhando,
agressivos e irritados:
— Matei mesmo essa maldita árvore.
— Por quê?
— Porque na época da flor ela sujava minha calçada, eu vivia varrendo essas flores desgraçadas.
QUESTÃO 01 Por que, no começo do texto, o narrador afirma que "Estranha é a cabeça das pessoas.".
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QUESTÃO 02 Observe a frase: "Na época da floração, ela enchia a calçada de cores." (2º parágrafo).
a) Qual é a época da floração?__________________________________
b) O que significa a expressão "enchia a calçada de cores"?
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QUESTÃO 03 Observe a frase: [...] esquecíamos o cinza que nos envolvia [...]" (2º parágrafo). Que cinza
era esse ao qual o autor se
referia?______________________________________________________________________________
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QUESTÃO 04 Identifique, no texto , os elementos da narrativa abaixo:
a) Narrador:
b) Espaço:
c) Enredo:
d) Clímax:
e) Desfecho:
Leia o conto de Clarice Lispector e responda as questões propostas a seguir, de Inácio de Loyola Brandão:
O primeiro beijo ( Clarice Lispector)
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos,
era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a
verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra,
deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso
como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A
concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir,
gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente
engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede
enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz
secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas
logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos
saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz
de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu
ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O
primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta
encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma
mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole
sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado
dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido
vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo
estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia.
Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma
tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado,
sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto.
Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de
susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
QUESTÃO 05
(A)Injutivo
(B) Descritivo
(C) Dissertativo
(D) Narrativo
QUESTÃO 06No trecho: Os dois mais murmuravam que conversavam”. Qual o motivo desse
comportamento?
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QUESTÃO 07O narrador do conto é personagem, observador ou onisciente? Justifique sua resposta com
um trecho do texto.
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QUESTÃO 08 Qual a razão para a afirmação “A era inteiramente nova, era outra, descoberta com
sobressalto"___________________________________________________________________________
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QUESTÃO 10Pode-se, de fato, considerar que houve o primeiro beijo na situação vivida pelo
personagem? Por quê?
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