Patau

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ESCS – Escola Superior de Ciências da

Saúde/Distrito Federal
Curso de Medicina

SÍNDROME

DE

PATAU
Brasília,
fevereiro/2003

Alunas: Caroline Chaves


Mariana Aires Vieira
Professores: Dra. MariaTerezinha Cardoso de Oliveira
Dr. Paulo Roberto Margotto
Índice

1 - Início do desenvolvimento humano


1.1 - Meiose
1.2 - Gametogênese anormal

2 - Defeitos congênitos humanos


2.1 - Anomalias causadas por fatores genéticos

3 - As aneuploidias autossômicas
4 - A Síndrome de Patau
4.1 - Definição
4.2 - Histórico
4.3 - Epidemiologia
4.4 - Patogênese
4.5 - Diagnóstico
5 - Aconselhamento médico
Bibliografia

1 - Início do desenvolvimento humano

O desenvolvimento humano começa com a fertilização, o processo


durante o qual um gameta masculino se une com um gameta feminino para
formar uma única célula – o zigoto.
O espermatozóide e o ovócito contêm a metade do número de
cromossomos presente nas células somáticas. Esta redução ocorre durante a
meiose.
1.1 - Meiose
A primeira divisão meiótica é uma divisão de redução, no qual, o
número de cromossomos é reduzido de diplóide para haplóide através do
pareamento dos cromossomos homólogos na prófase e sua segregação na
anáfase.
Na segunda divisão meiótica cada cromossomo se divide e cada
cromátide, é tracionada para um pólo diferente, o número haplóide de
cromossomos é mantido, com um representante de cromátide simples em cada
nova célula formada.

1.2 - Gametogênese anormal


Perturbações da meiose como a não-disjunção resultam na formação de
gametas cromossomicamente anormais. Quando envolvidos na fertilização,
estes gametas com anormalidades cromossômicas numéricas causam
desenvolvimento anormal tal como ocorre com as crianças portadoras da
síndrome de Patau.

2 - Defeitos congênitos humanos

Uma síndrome é um padrão de anomalias múltiplas tidas como


patogenicamente relacionadas.
As malformações congênitas são a principal causa de mortalidade
infantil.

2.1 - Anomalias causadas por fatores genéticos


Numericamente, os fatores genéticos são as causas mais importantes das
anomalias congênitas, causam aproximadamente um terço de todos os defeitos
de nascimento e quase 85% das anomalias com causas conhecidas.
São comuns as alterações cromossômicas e elas estão presentes em 6 a
7% dos zigotos. Muitos destes embriões iniciais não passam por uma clivagem
normal para se tornarem blastócitos. Estudos in vitro de zigotos em clivagem
com menos de cinco dias de idade revelaram uma alta incidência de
anormalidades. Verificou-se serem anormais mais de 60% de zigotos de dois
dias em clivagem. Muitos dos zigotos, blastócitos e embriões com três
semanas defeituosos abortam espontaneamente, e a freqüência geral de
anormalidades cromossômicas destes embriões é de pelo menos 50%.
As pessoas com anormalidades cromossômicas têm fenótipos
característicos. Elas se assemelham mais a outras pessoas com a mesma
anormalidade cromossômica do que a seus próprios irmãos.

3 - As aneuploidias autossômicas

As células que contêm cromossomos ausentes ou adicionais, ou seja,


que não contêm um múltiplo do número haplóide (23 cromossomos), são
chamadas de aneuplóides. Em geral, apenas um cromossomo é afetado, mas é
possível que mais de um cromossomo esteja faltando ou esteja duplicado. As
aneuploidias dos autossomos estão entre as anomalias cromossômicas
clinicamente importantes, mas existem também as aneuploidias dos
cromossomos sexuais (Síndrome de Turner e Síndrome de Klinefelter).
As aneuploidias autossômicas consistem principalmente em
monossomias (quando um cromossomo está presente em vez do par usual) e
em trissomias (quando três cromossomos estão presentes no lugar do par
usual).
As monossomias autossômicas são quase sempre incompatíveis com a
sobrevida a termo, de modo que apenas um pequeno número delas têm sido
observada em nativivos. Por outro lado, algumas trissomias são vistas com
certa freqüência entre os nativivos. O fato de que as trissomias produzem
conseqüências menos graves que as monossomias demonstra um princípio
importante: o corpo pode tolerar o excesso de material genético mais
prontamente do que uma deficiência de material genético.
A causa mais comum de aneuploidia é a não-disjunção que pode ocorrer
durante a meiose I ou na meiose II. O gameta resultante ou tem falta de um
cromossomo ou tem duas cópias dele, produzindo um zigoto monossômico ou
trissômico, respectivamente.
A trissomia dos autossomos está associada a três síndromes principais:
 Trissomia do 21, ou Síndrome de Down
 Trissomia do 18, ou Síndrome de Edwards
 Trissomia do 13, ou Síndrome de Patau

4 - A Síndrome de Patau

4.1 - Definição
É também conhecida como Trissomia do 13 e tem como definição uma
desordem cromossomal resultando em uma síndrome caracterizada
especificamente por anomalias morfológicas e malformações de órgãos
gerando, na maior parte, uma inviabilidade dos afetados. Ocorre quando
existem três cromossomos 13 em lugar do par normal no genótipo de um
recém-nascido. Tem como causa a não-disjunção dos cromossomos durante a
anáfase I, gerando gametas com 24 cromátides.

Fig 1.: Cariograma de um afetado pela Trissomia 13.

4.2 - Histórico
Foi observada pela primeira vez em 1657 por Bartholin, e descrita em
1960 por Patau e colaboradores, que a denominaram trissomia do cromossomo
D1. Logo em seguida, a síndrome determinada por essa aneuploidia foi
minuciosamente estudada por diversos autores, e, em pouco tempo, ela pôde
ser caracterizada clinicamente com bastante precisão. Estudos auto-
radiográficos e de fluorescência forneceram evidências de que o cromossomo
trissômico nesta síndrome era o 13.

4.3 - Epidemiologia
Ocorre na variação de 1/4.000-10.000 crianças que nascem, sendo letal
geralmente no primeiro mês da doença. Avalia-se que 95% ou mais dos
conceptos sejam espontaneamente perdidos durante a gestação e 90% dos
casos de nativivos morrem durante o primeiro ano de vida. As crianças que
sobrevivem a lactância têm significativo retardo do desenvolvimento, com as
habilidades raramente progredindo além das do que pode uma criança de dois
anos. No entanto, as crianças com esta síndrome progridem um pouco em seu
desenvolvimento e em geral são capazes de se comunicar com os seus
familiares.
Nesta trissomia como nas outras, a probabilidade de risco agrava-se por
uma possível gravidez tardia (>37 anos), devido ao fato de que as mulheres
acima dessa idade, estarem mais propícias à ocorrência da não-disjunção dos
cromossomos. Além disso, parece possuir ligeira preferência pelo sexo
feminino.

4.4 - Patogênese

A trissomia tem origem do óvulo feminino, pelo fato da fêmea maturar


geralmente apenas um ovócito, em antagonismo com o macho, que matura
milhões de espermatozóides. Gametas masculinos portadores de alterações
numéricas cromossômicas tem menor viabilidade que gametas normais, sendo
mínimas as possibilidades de um gameta masculino com 24 cromátides
fecundar um ovócito.
Fig 2.: Esquema da não-disjunção gerando ovócito

As tranlocações são responsáveis por 20% das ocorrências, sendo que ¾


das translocações são esporádicas, e ¼ são herdadas. As translocações
familiares balanceadas ou não envolvendo cromossomos do grupo D estão
entre as mais comuns, dentre as variações da síndrome. As pessoas normais
que tem essa translocação equilibrada estão sob o risco de 5% não apenas de
gerar uma criança com síndrome de Patau, mas também de ter em sua prole
crianças com síndrome de Down por um efeito intercromossômico.

O moisacismo representa 5% das ocorrências da síndrome, sendo


verificado pelo fato do afetado não possuir a anomalia cromossômica de
forma detectável. São representados da seguinte maneira: 46, XX ou XY/ 47,
XX ou XY, + 13. Esta alteração pode propiciar que o afetado chegue até a
idade adulta, mesmo manifestando o fenótipo.

4.5 – Diagnóstico

O diagnóstico clínico da síndrome de Patau, a ser confirmado pelo


exame cromossômico é fácil, pois dentre os seus sinais mais comuns estão:

 Baixo peso corporal (>2.600Kg);

 Microcefalia e testa achatada;

 Largas suturas sagitais e fontanelas;

 Hipertelorismo ocular e microftalmia bilateral podendo chegar a


anoftalmia;

 Lábio leporino acompanhado ou não de palatosquise ou palato alto;

 Queixo pequeno;

 Defeitos na face média e cérebro anterior;

 Orelhas dismórficas de implantação baixa e surdez aparente;

 Fronte inclinada;

 Hemangiomas planos na cabeça;


 Pescoço curto;

 Distância intermamilar grande;

 Apnéias prolongadas;

 Cardiopatias congênitas, que representam comunicação interventricular


e persistência do conduto arterial;

 Apêndice pré-sacral e fóvea coccigiana;

 Hérnia inguinal ou umbilical;

 Genitais externos anômalos (criptorquidia, genitália ambígua e pênis


encurvado entre os meninos, e cliteromegalia e vagina dupla entre as
meninas);

 Mãos com hexadactilia uni ou bilateral, geralmente com o polegar e os


dois últimos dedos sobrepostos aos outros, unhas estreitas e
hiperconvexas;

 Prega de flexão palmar única, trirrádio axial em posição bastante distal


e arco na região tênar;

 Pés com hexadactilia uni ou bilateral e com região plantar convexa (pés
em cadeira de balanço);

 Arco retorcido em S na região halucal;

 Arrinencefalia (ausência de bulbo e trato olfativo);

 Deficiência mental;

 Útero bicorne;
 Rim policístico, hidronefrose, hidroureter e ureteres duplos,
relacionados a oligúria e anúria em afetados;

 Atrofia ou ausência das últimas costelas e de vértebras, e hiperplasia


sacral;

 Presença de Hemoglobina Gower 2, que é uma hemoglobina


embrionária que desaparece no terceiro mês de gestação;

 Neutrófilos com núcleo mostrando muitas saliências pedunculadas ou


sésseis;

Fig. 3.: Crianças afetadas pela síndrome de Patau.


5 - Aconselhamento médico

Os genitores devem ser informados de que a trissomia do 13 tem a taxa


de ocorrência de 1/4.000 – 10.000. É necessário explicar também qual o tipo
de doença genética presente na criança.

Há necessidade de avaliar o cariótipo dos genitores para saber a


probabilidade de ocorrer à gestação de um afetado.No caso de uma gravidez
com ocorrência da síndrome, é necessário acompanhamento com
amniocentese nas gestações subseqüentes.

Bibliografia

MOORE, Keith L; PERSAUD, T. V. N Embriologia Clínica. 6a. edição. Rio


de Janeiro – RJ: Editora Guanabara Koogan S.A, 2000

BEIGUELMAN, Bernardo. Citogenética Humana. 1a. edição. Rio de Janeiro


– RJ: Editora Guanabara Koogan S.A,1982

JORDE et al. Genética Médica. 2ª. edição. Rio de Janeiro – RJ: Editora
Guanabara Koogan S.A, 2000

THOMPSON et al. Genética Médica. 5ª. edição. Rio de Janeiro – RJ: Editora
Guanabara Koogan S.A,1993

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