Estratégias de Enfrentamento, Difi Culdades
Estratégias de Enfrentamento, Difi Culdades
Estratégias de Enfrentamento, Difi Culdades
Abstract Introdução
1 Pontifícia Universidade
The aim of this study was to analyze the strategies De acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Católica de Porto Alegre,
Porto Alegre, Brasil. used by elderly people to cope with functional dif- Geografia e Estatística (IBGE) 1, a população de
ficulties, and to investigate a possible association idosos vem aumentando nos últimos anos. Estu-
Correspondência between such strategies and variables like depres- dos apontam uma queda da natalidade e um nú-
A. S. Vivan
Pontifícia Universidade sive symptoms, gender, schooling, marital status, mero crescente de idosos. No ano de 2000, 30%
Católica de Porto Alegre. and self-perceived health. 103 institutionalized da população estava situada na faixa etária de 0 a
Av. Protásio Alves 658,
elderly individuals participated in the study. 14 anos, enquanto os maiores de 65 anos repre-
apto. 03, Porto Alegre, RS
90410-004, Brasil. They required assistance for at least one activ- sentavam 5% dos brasileiros. A estimativa é de
[email protected] ity of daily living. The study was cross-sectional que, em 2050, esses dois grupos se igualem, re-
and used the following indicators: Personal Data presentando, cada um, 18% da população 2. Em
Chart, Activities of Daily Living Scale, Modified face disso, muitos pesquisadores têm se interes-
Mini International Neuropsychiatric Interview, sado pelo envelhecimento humano, estimulan-
Mini-Mental Examination, Coping Strategies do uma multiplicidade de estudos e avaliações
Inventory, and Geriatric Depression Scale. The sobre a velhice.
most widely used coping strategies in the sample Busse & Blazer 3 conceituam o termo enve-
were self-control and problem solving. Signifi- lhecer como as alterações físicas que se desenvol-
cant associations were found between schooling vem na idade adulta, resultando em um declínio
and depression. The findings suggest that as- na eficiência do funcionamento. O sentimento
sessing coping strategies for stressful events can de controle e a ausência de seqüelas ou incapa-
assist analysis of the situation and appropriate cidades associadas pode ser o que contribui para
adaptation of the chosen strategies, so as to foster os idosos expressarem satisfação em relação à
changes within the medical context. vida. Porém, quando eles deparam com a falta
de autonomia e a necessidade de assistência, ou
Health of Institutionalized Elderly; Depression; dependência nas atividades da vida diária, a qua-
Frail Elderly lidade de vida parece estar em risco 4.
Capacidade funcional vem sendo vista como
um novo paradigma de saúde para o idoso. A pre-
sença de uma doença, falta de autonomia, fato-
res culturais, sócio-econômicos e estilo de vida
podem comprometer a capacidade funcional de
Entrevista Internacional de Neuropsiquiatria Mo- 59), resolução de problemas (itens 01, 26, 46, 49)
dificada (MINI), Mini-Exame do Estado Mental e reavaliação positiva (itens 20, 23, 30, 36, 38, 39,
(MMSE), Inventário de Estratégias de Coping e 56, 60, 63).
Escala de Depressão Geriátrica (GDS), que serão A GDS, desenvolvida por Yesavage et al. 22, foi
descritos a seguir. utilizada para identificar os sintomas depressivos
A Ficha de Dados Pessoais continha itens re- dos idosos. O instrumento consiste em 15 ques-
ferentes ao idoso, incluindo idade, sexo, estado tões, com alternativas de resposta sim e não, em
civil, tempo de residência em instituição asilar, que escores inferiores a 5 são considerados nor-
anos de escolaridade, profissão, proveniência da mais, de 5 a 10 indicam depressão leve a modera-
renda, religião, atividades de lazer e informações da e acima de 10, depressão grave.
sobre saúde.
A EAVD, proposta por Katz 18, foi utilizada pa- Procedimentos
ra a verificação do estado funcional. Na escala,
constam as tarefas de banho, vestuário, higiene Foi realizado contato com algumas instituições
pessoal, transferência, continência e alimenta- asilares de Porto Alegre para explicar os objetivos
ção, em que o participante informa se é indepen- da pesquisa e obter as autorizações necessárias.
dente, se necessita de assistência ou se é depen- Os instrumentos foram aplicados individual-
dente para a realização da tarefa. mente, em salas ou outro local reservado na pró-
A MINI, utilizada para verificar os critérios pria instituição. A coleta de dados foi realizada
de exclusão, consiste em uma breve entrevista pela pesquisadora e quatro alunos de graduação,
estruturada para a triagem dos principais qua- previamente treinados.
dros psicopatológicos. Permite a formulação de A análise quantitativa foi efetivada por meio
diagnósticos compatíveis com os critérios do de estatísticas descritivas, com o objetivo de tra-
DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico dos çar o perfil sócio-demográfico e fazer o levan-
Transtornos Mentais da American Psychological tamento das estratégias utilizadas. Foram cal-
Association) e da CID-10 (Classificação Interna- culadas as médias, desvio padrão, freqüências e
cional de Doenças, 10a revisão, da Organização percentuais.
Mundial da Saúde). A atual versão é utilizada em Para testar as hipóteses da pesquisa, foi utili-
mais de 30 idiomas, sendo validada no Brasil por zado o teste exato de Fisher. Os dados foram ta-
Amorim 19. bulados com base no programa SPSS 11.5 (SPSS
O MMSE foi utilizado para avaliar as condi- Inc., Chicago, Estados Unidos) com o nível de
ções intelectuais dos sujeitos e verificar eventu- significância de 5%.
ais prejuízos cognitivos. O MMSE, desenvolvido O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Co-
por Folstein et al. 20, é composto por questões mitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica
agrupadas em sete categorias, planejadas para do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Rio Grande
avaliar funções cognitivas específicas: orienta- do Sul, Brasil). Todos os participantes do estudo
ção para tempo (5 pontos), orientação para local receberam e assinaram o Termo de Consenti-
(5 pontos), registro de três palavras (3 pontos), mento Livre e Esclarecido.
atenção e cálculo (5 pontos), lembrança das três
palavras (3 pontos), linguagem (8 pontos) e ca-
pacidade construtiva visual (1 ponto). O escore Resultados
do MMSE pode variar de um mínimo de zero até
um total máximo de 30 pontos, com ponto de Dos 103 idosos que constituíram a amostra, a
corte de 24. idade variou entre 60 e 95 anos, tendo como mé-
O Inventário de Estratégias de Coping, pro- dia 79,66 anos (DP = 9,71). O tempo de residên-
posto por Lazarus & Folkman 14, é composto por cia mínimo em asilo foi de até 1 ano e o máximo
66 itens, incluindo pensamentos e ações utiliza- de 26 anos, tendo 4,34 anos como média (DP =
das para lidar com demandas internas ou exter- 4,84). A média de escolaridade manteve-se em
nas de determinado evento estressante. Os auto- 6,53 anos (DP = 4,34), variando de nenhum ano
res propõem oito fatores classificatórios, os quais de escolaridade até o máximo de 15 anos.
foram reorganizados e mantidos por Savóia et Quanto às freqüências relacionadas à amos-
al. 21 após a verificação da confiabilidade e va- tra, a maioria dos idosos é do sexo feminino
lidade à realidade brasileira. São eles: confronto (88,3%) e viúva (56,9%). Em relação à proveni-
(itens 07, 17, 28, 34, 40, 47), afastamento (itens ência da renda, 53,4% são aposentados. No que
06, 10, 13, 16, 21, 41, 44), autocontrole (itens 14, se refere à percepção da própria saúde, 11,7%
15, 35, 43, 54), suporte social (itens 08, 18, 22, 31, classificaram-na como má. A maioria da amostra
42, 45), aceitação de responsabilidade (itens 09, (83,5%) realiza exames de rotina periodicamen-
25, 29, 48, 51, 52, 62), fuga e esquiva (itens 58, te. A religião foi variada, com a maioria católica
(60,2%) e praticante (81,6%). A principal ativida- 0,027), indicando que quanto menos sintomas
de de lazer foi a de ver televisão (70,9%), seguida depressivos apresentados, mais os idosos utili-
de ouvir música (61,8%) e de praticar atividades zam a estratégia de suporte social. Para os idosos
manuais (50,5%). que apresentaram sintomas depressivos em ní-
A EAVD que mais obteve dependência por vel grave, a estratégia de fuga e esquiva aparece
parte dos sujeitos foi a atividade de vestuário como a mais utilizada (45,5%); no entanto, não
(24,3%). No entanto, quando analisada a neces- se verificou associação significativa (p = 0,801)
sidade de assistência juntamente com a depen- (Tabela 1).
dência, temos a atividade de continência com Em relação ao sexo (Tabela 2), os homens
maior percentual (49,5%), seguida de vestuário apresentaram maior uso da estratégia de reso-
(47,6%) e banho (43,7%). A única atividade que lução de problemas (66,7%), seguida de fuga e
não manifestou dependência de nenhum sujeito esquiva (50%), enquanto as mulheres demons-
foi a de alimentação (Figura 1). traram tendência à utilização da estratégia de
Para a análise das estratégias de coping mais autocontrole (45,1%), seguida de resolução de
utilizadas pelos participantes, foi adotado o cri- problemas e suporte social (41,8%). Não foi evi-
tério de avaliação que determina a utilização da denciada, contudo, associação significativa entre
estratégia em seus pontos altos (utiliza grande os sexos e as diferentes estratégias de enfrenta-
parte das vezes e utiliza quase sempre), conside- mento.
rado na Figura 2 como “utiliza”. Para os pontos Quanto à escolaridade (Tabela 3), os idosos
mais baixos (não utiliza ou utiliza pouco e utiliza foram classificados em três diferentes grupos:
algumas vezes), adotou-se a indicação “não uti- analfabetos, de 1 a 4 anos de escolaridade e 5
liza”. Dessa forma, as estratégias mais utilizadas anos ou mais de escolaridade. A única das estra-
em face de situações de dificuldade funcional, tégias de enfrentamento que apresentou associa-
com 44,7% cada, foram a de autocontrole e a de ção significativa foi o confronto, da qual idosos
resolução de problemas, seguidas pela de supor- com 1 a 4 anos de escolaridade apresentaram
te social, com 39,8%. maior uso (p = 0,001).
Quanto à relação entre as estratégias de cop- Para a análise estatística da relação entre ida-
ing e as demais variáveis, os resultados obtidos de e estratégias de coping, foram traçadas faixas
mediante o teste exato de Fisher mostraram que etárias, compreendendo as idades de 60 a 69
houve associação significativa entre a estratégia anos, de 70 a 79 anos, de 80 a 89 anos e acima
de suporte social e os sintomas depressivos (p = de 90 anos. Não foram obtidos resultados signi-
Figura 1
Figura 2
Tabela 1
Confronto
Não utiliza 92,2 95,1 90,9 0,742
Utiliza 7,8 4,9 9,1
Afastamento
Não utiliza 78,4 90,2 81,8 0,299
Utiliza 21,6 9,8 18,2
Autocontrole
Não utiliza 52,9 53,7 72,7 0,511
Utiliza 47,1 46,3 27,3
Suporte Social
Não utiliza 47,1 73,2 72,7 0,027
Utiliza 52,9 26,8 27,3
Aceitação de responsabilidade
Não utiliza 72,5 75,6 81,8 0,850
Utiliza 27,5 24,4 18,2
Fuga e esquiva
Não utiliza 64,7 65,9 54,5 0,801
Utiliza 35,3 34,1 45,5
Resolução de problemas
Não utiliza 52,9 56,1 63,6 0,847
Utiliza 47,1 43,9 36,4
Reavaliação positiva
Não utiliza 66,7 68,3 81,8 0,682
Utiliza 33,3 31,7 18,2
Tabela 2
Sexo Valor de p
Masculino Feminino
Confronto
Não utiliza 83,3 94,5 0,188
Utiliza 16,7 5,5
Afastamento
Não utiliza 83,3 83,5 1,000
Utiliza 16,7 16,5
Autocontrole
Não utiliza 58,3 54,9 1,000
Utiliza 41,7 45,1
Suporte social
Não utiliza 75,0 58,2 0,354
Utiliza 25,0 41,8
Aceitação de responsabilidade
Não utiliza 66,7 75,8 0,493
Utiliza 33,3 24,2
Fuga e esquiva
Não utiliza 50,0 65,9 0,342
Utiliza 50,0 34,1
Resolução de problemas
Não utiliza 33,3 58,2 0,129
Utiliza 66,7 41,8
Reavaliação positiva
Não utiliza 58,3 70,3 0,508
Utiliza 41,7 29,7
ficativos na associação entre idade e estratégias intermédio do índice de Katz, as tarefas de banho
utilizadas. Além disso, também não se verificou e vestuário como as que mais exigem assistência
associação entre as estratégias e o estado civil, ou dependência por parte dos idosos institucio-
nem na relação com a percepção dos idosos so- nalizados, com 48,6% e 35,9% respectivamente.
bre sua saúde. Guedes & Silveira 11, utilizando a escala de Bar-
thel, encontraram, na atividade de banho, o mais
elevado número de dependência. Outros altos
Discussão índices de dependência, parcial ou total, apre-
sentados pela pesquisa, referem-se a atividades
No que diz respeito à amostra de idosos institu- de vestuário, higiene pessoal e micção. Embora o
cionalizados, os resultados desta pesquisa com- presente estudo tenha mostrado resultados simi-
provam a tendência de estudos nesta área, em lares ao evidenciar elevado nível de dependência
que a participação masculina raramente ultra- ou assistência nas atividades de vestuário e ba-
passa os 20% 23. Quanto à percepção da própria nho, a tarefa de continência apresentou-se como
saúde, o resultado evidenciado pela população a de maior necessidade de auxílio.
de residentes em asilos demonstrou pequena di- As estratégias de enfrentamento mais uti-
ferença em relação à população idosa geral bra- lizadas pela amostra deste estudo foram a de
sileira. Em estudo desenvolvido por Lima-Costa autocontrole e resolução de problemas. A es-
et al. 24, 10,5% dos idosos percebiam sua saúde tratégia de autocontrole refere-se à tentativa
como ruim. No presente estudo, 11,7% classifica- de regulação de sentimentos e ações, enquanto
ram-na como tal . a estratégia de resolução de problemas indica
Em relação às atividade de vida diária, estudo o esforço para a administração ou solução do
desenvolvido por Lucena et al. 12 demonstra, por problema 25. No entanto, para analisar a ade-
Tabela 3
Confronto
Não utiliza 91,7 76,0 100,0 0,001
Utiliza 8,3 24,0 0
Afastamento
Não utiliza 66,7 84,0 86,4 0,298
Utiliza 33,3 16,0 13,6
Autocontrole
Não utiliza 33,3 56,0 59,0 0,200
Utiliza 66,7 44,0 41,00
Suporte social
Não utiliza 58,3 68,0 57,6 0,965
Utiliza 41,7 32,0 42,4
Aceitação de responsabilidade
Não utiliza 83,3 76,0 72,7 0,893
Utiliza 16,7 24,0 27,3
Fuga e esquiva
Não utiliza 58,3 80,0 59,0 0,443
Utiliza 41,7 20,0 41,0
Resolução de problemas
Não utiliza 66,7 60,0 51,5 0,229
Utiliza 33,3 40,0 48,5
Reavaliação positiva
Não utiliza 66,7 72,0 68,2 0,282
Utiliza 33,3 28,0 31,8
quação da estratégia escolhida pelos idosos que Segundo Ryan-Wenger 29, alguns autores
apresentam dificuldade funcional, é importante sustentam que as estratégias de coping centra-
considerar o contexto em que o evento estressor das no problema são mais adaptativas do que as
ocorre, tendo em vista que determinada estraté- centradas na emoção, uma vez que permitiriam
gia pode ser eficaz para algumas situações, mas a mudança da situação. Porém, o autor defende
não para outras 26. que as estratégias são inerentemente neutras,
Não obstante isso, os oito fatores propostos só podendo ser avaliadas como positivas ou ne-
por Lazarus & Folkman 14 foram evidenciados na gativas conforme a situação e os resultados ob-
amostra deste estudo, o que corrobora resultados tidos. Logo, levando-se em consideração a im-
de pesquisas anteriores que revelam associação portância da dimensão situacional no processo
entre os diferentes estilos de coping, podendo de coping, instrumentos de medidas desenvol-
apresentar ou não o predomínio de uma deter- vidos para situações específicas poderiam ser
minada estratégia 27. mais efetivos na avaliação das estratégias de en-
Pinheiro et al. 28 enfatizam que, apesar de as frentamento 30,31.
pesquisas na área de coping terem crescido na O estudo das estratégias de coping tem mos-
última década, questões conceituais e metodo- trado relações significativas com algumas vari-
lógicas sobre o constructo permanecem em dis- áveis sócio-demográficas, como gênero 30. Em
cussão. Um fator que ainda apresenta divergên- estudo desenvolvido por Folkman & Lazarus 32,
cias em diferentes estudos é quanto às categorias que investigou as estratégias de coping diante
de estratégias de coping. Algumas estratégias po- de eventos ocupacionais, os homens utilizaram
dem ser consideradas efetivas em determinado mais estratégias focadas no problema do que as
ambiente, mas não se mostrarem adequadas em mulheres. Em pesquisa desenvolvida com ado-
outra situação. lescentes, essa tendência também foi evidencia-
da, com jovens do sexo feminino utilizando mais Os resultados deste estudo demonstraram
intensamente as estratégias de coping focadas na associação entre nível mínimo de sintomas de-
emoção 33. Todavia, no presente estudo, apesar pressivos e uso da estratégia de suporte social.
de os homens terem utilizado em maior grau a Por sua vez, a estratégia de suporte social pode
estratégia de resolução de problemas e as mulhe- apresentar-se como uma estratégia focada tanto
res a estratégia de autocontrole, não foi eviden- no problema, na busca por suporte informati-
ciada associação significativa. vo, quanto na emoção, em caso de suporte emo-
Em pesquisa cujo objetivo era identificar os cional. Para poder categorizar a estratégia de
estilos de coping utilizados por 60 idosos, sen- suporte emocional entre os dois subtipos, seria
do 30 de um grupo-controle e 30 com doença de necessário avaliar o intuito do uso da estratégia.
Alzheimer, observou-se que a escolaridade pode Para Sharrer & Ryan-Wenger 35, a categorização
ter exercido influência positiva no enfrentamen- em estratégias focadas no problema e focadas
to de situação de estresse, auxiliando o indivíduo na emoção implica um conhecimento prévio da
a eleger o foco do problema 26. No presente estu- intenção ou motivação no uso da estratégia.
do, evidenciou-se que idosos com menor escola- Portanto, a avaliação das estratégias de en-
ridade utilizaram em maior grau a estratégia de frentamento utilizadas pode trazer benefícios
confronto, representando esforços agressivos de num contexto clínico, tanto para os idosos insti-
alteração da situação, podendo envolver caracte- tucionalizados, quanto para a população geral.
rísticas de hostilidade e risco, o que pode acarre- O presente estudo verificou estratégias de
tar prejuízo no manejo do problema. coping utilizadas para lidar com dificuldades
Endler & Parker 34 sugerem que as estratégias funcionais, no entanto, em face de qualquer si-
de coping também podem ser influenciadas pela tuação estressante, lança-se mão de diferentes
depressão. Em pesquisa desenvolvida por Galdi- estratégias. Assim, investigar as estratégias uti-
no 27, os idosos com sintomas depressivos apre- lizadas diante de diferente contextos e eventos
sentaram maior tendência a utilizar estratégias de vida pode auxiliar profissionais de saúde na
de coping focadas na emoção em situações de análise de situações, no entendimento da manei-
estresse. ra de enfrentamento e em possível intervenção
para a adequação da estratégia escolhida.
Resumo Colaboradores
O objetivo deste estudo é verificar as estratégias de en- A. S. Vivan contribuiu na elaboração e delineamento do
frentamento utilizadas pelos idosos em face das difi- projeto, pesquisa de campo, análise de dados e redação
culdades funcionais e a existência de associação entre do artigo. I. I. L. Argimon participou de todas as etapas.
o uso das estratégias e variáveis como sintomas de-
pressivos, sexo, escolaridade, idade, estado civil e per-
cepção da saúde. Participaram do estudo 103 idosos Agradecimentos
institucionalizados, que apresentavam necessidade de
assistência em no mínimo uma atividade de vida diá- À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
ria. O delineamento foi transversal, com a utilização Superior (CAPES) pelo financiamento.
dos seguintes instrumentos: Ficha de Dados Pessoais,
Escala de Atividades da Vida Diária, Breve Entrevista
Internacional de Neuropsiquiatria Modificada, Mini-
Exame do Estado Mental, Inventário de Estratégias de
Coping e Escala de Depressão Geriátrica. As estraté-
gias de enfrentamento mais utilizadas pela amostra
foram a de autocontrole e resolução de problemas. En-
contraram-se associações significativas entre as variá-
veis escolaridade e depressão. Os resultados da pesqui-
sa sugerem que a avaliação das estratégias utilizadas
em face de eventos estressores pode auxiliar na análise
da situação e na adequação das estratégias escolhidas,
ajudando também em processos de mudança no con-
texto clínico.
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