Cinoterapia - Uma Alternativa de Terapia para Pessoas Com Necessidades Especiais

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CINOTERAPIA: UMA ALTERNATIVA DE TERAPIA PARA PESSOAS

COM NECESSIDADES ESPECIAIS

SILVA, Carine Nascimento1; COSTA, Lia Da Porciúncula Dias2; PERANZONI, Vaneza


Cauduro3; VIDAL, Laura da Rosa4; ARRUDA, Aimê Cunha4; HOFFMEISTER. Jeferson
Maciel5.

Palavras-chave: Crianças. Reabilitação. Terapêutica. Pedagógica.

INTRODUÇÃO

A Cinoterapia utiliza um método de terapia auxiliada por cães, tendo o cão como co-
terapeuta durante as sessões, acompanhados por profissionais de diversas áreas, onde há uma
equipe multidisciplinar composta por profissionais da área da educação e saúde, possuindo
uma prática educacional e social, utilizando através do contato com o cão, um instrumento
reforçador, estimulador e facilitador da reabilitação global de pessoas com necessidade
especiais.
O termo Cinoterapia tem formação da união do prefixo grego “cino” (cão) ao radical
terapia (tratamento), na qual define a Terapia Facilitada por Cães, esta técnica teve origem
aproximadamente no século XVIII na Inglaterra, em York Retreat um centro de tratamento
para pacientes com doenças mentais no qual utilizavam animais domésticos (cães) para
reforços eficazes aos pacientes, descobrindo-se que o convívio com cães trazia benefícios
psicológicos, pedagógica e social. (BERGAMO, Guiliana. O doutor é animal. Veja, São
Paulo- 30 nov. Saúde, pg. 66 – 68, 2005.)
Agindo de modo coadjuvante, promove uma melhora na sociabilização entre pacientes
e o meio em que vivem, podendo ser aplicada em crianças assim como também em idosos. A
técnica é indicada para o tratamento de comportamentos indesejados, como medos, fobias,
traumas ou vítimas de abuso sexual. Neste caso, a criança tende a acanhar-se, podendo o cão
auxiliar na expressão de sentimentos e emoções contidas, oferecendo muito bom apoio

1
Acadêmica do curso de Fisioterapia e Bolsista PIBEX-UNICRUZ. [email protected];
2
Mestre em Educação nas ciências – Prof. da Universidade de Cruz Alta. [email protected];
3
Doutora em Educação – UNICRUZ – Prof. do Curso de Mestrado em Praticas Socioculturais e
Desenvolvimento social - Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e Pedagógicos.
[email protected];
4
Acadêmicas do Curso de Fisioterapia e Bolsistas PIBEX- UNICRUZ.
5
Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária.
emocional, e proporcionando momentos de tranquilidade e alegria. Pois, nestes momentos
com os cães os praticantes deixam seus problemas de lado, dores, insatisfações, solidão e
tristeza sentindo- se mais seguras a falarem com os animais, retornando-lhes segurança, com
um olhar não julgador e não crítico. (VENTUROLI, Thereza. Por que amamos os animais:
Dez mil anos de amizade. Veja, 24 nov. 2004 - São Paulo.)
Além disso, segundo os profissionais da saúde, o contato com os animais liberam no
corpo a endorfina e serotonina, substâncias que funcionam como analgésico (relaxante
natural) reforçando as defesas do organismo e proporcionando sensação de prazer, ajudando
também a diminuir a pressão sanguínea e o estresse. Venturoli (2004) cita em artigos, que os
animais de estimação satisfazem várias necessidades humanas, da saúde física e emocional ao
aprendizado intelectual e motor.
Crianças que possuem um “bixinho” desenvolvem mais rapidamente suas habilidades
cognitivas e sócio-emocionais, explica que os mascotes incentivam a comunicação,
responsabilidade e facilitam sua convivência com a comunidade, ajudam a fazer amizades e a
encarar a vida com otimismo. (ALVES, A.C.M. et al. Projeto Cinoterapia - 2007.)
Esse método terapêutico e educacional utiliza o cão, a partir de uma abordagem
interdisciplinar entre as áreas da saúde e educação. Possuindo uma medida adjuvante que
oferece benefícios emocionais e espirituais aos praticantes, familiares e a própria equipe,
reduzindo o impacto e estresse gerados pela doença e hospitalização.

METODOLOGIA

O presente trabalho visa realizar através da Cinoterapia um meio de socialização com


bases pedagógicas e terapêuticas, através de interação entre o cão e a criança aperfeiçoando o
processo inclusivo. Aplicando- se estudos de adaptação indireta e diretamente ao praticante
com o reconhecimento do cão, reconhecimento do local onde será realizada a terapia e assim
adquirir uma aproximação ao cão, após são motivados a desenvolver atividades junto ao
animal com orientação do terapeuta.
Os praticantes são atendidos pelo Centro de Equoterapia da Escola de
Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas- EASA em parceria com a Universidade de Cruz
Alta- UNICRUZ, no município de Cruz Alta- RS. Os praticantes são encaminhados por
escola, após, selecionados de acordo com a ordem de inscrição e disponibilidade de horário.
Onde participam de 10 sessões, de trinta minutos, em manipulação com o cão, realizando as
atividades de acordo com as necessidades apresentadas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Baseando-se nos relatórios de observação dos praticantes do Projeto de


Cinoterapia, observam-se resultados positivos e eficazes promovendo mudanças nos quadros
funcionais e consequentemente melhora da autoestima, estimulando a responsabilidade, onde
o cão induz as relações sociais à medida que facilita o contato físico e verbal e proporciona
uma melhora na qualidade de vida e seu desenvolvimento biopsicossocial.
A Cinoterapia tem inúmeros benefícios, sendo válida para todas as idades e
circunstâncias, porém em pessoas com transtorno global do desenvolvimento (autismo,
Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger, Síndrome de Heller...), Síndrome de Down,
deficiência mental e disfunção neuromotora, os resultados são mais satisfatórios oferecendo-
os benefícios no processo terapêutico agindo de modo coadjuvante e promovendo uma melhor
socialização entre os pacientes e o meio em que vivem.
Deste modo, o cão é um ótimo co-terapeuta, pois não dá atenção aos problemas e
habilidade física dos praticantes, aceitando as pessoas com suas características, oferecendo
relevante apoio emocional, com um comportamento dócil e adestrado, proporciona momentos
de tranquilidade, alegria e segurança, não trazendo um olhar critico ao caso do praticante.
Além disso, a presença do animal poderá diminuir a pressão sanguínea e o estresse, cativando
o praticante e estimulando o psicológico e emocional.
Segundo Grandin e Johnson (2006) os animais se tornam seguros para as pessoas
porque não são ambivalentes, os cães não sentem duas emoções diferentes ao mesmo tempo.
Portanto através da Cinoterapia é possível solucionar dificuldades quanto à assimilação, a
memorização ou processo cognitivo do praticante tais como: a psicomotricidade, ludicidade,
disciplina, raciocínio lógico e perspectivas motoras sensoriais.
O ato de conduzir, escovar, brincar e o manuseio final, desenvolvem novas formas de
socialização, ganhos importantes para a inclusão na comunidade, acrescentando qualidade de
vida a muitas pessoas, com necessidades especiais, quanto para estimular a educação e o
conhecimento, estimulando os aspectos físicos, afetivos e sociais dos praticantes. Pois, tem
possibilitado diversas conquistas implicadas no desenvolvimento integral dos praticantes, as
quais têm sido mediadas por uma equipe multidisciplinar.
Quando o ser humano e os animais estão juntos, são encontrados benefícios
significativos, facilitando a relação terapêutica, de modo a aprender novas tarefas para
auxiliar, onde as possibilidades se mostram infinitas, num projeto que está em permanente
construção, na qual trás diversos benefícios a humanidade e a comunidade em que vive.

CONCLUSÃO

A Cinoterapia pode não promover a cura do paciente, porem trás tranquilidade, alegria
e segurança, reduzindo o impacto e estresse gerados pela doença. Assim, percebe-se então
uma necessidade em aprofundar pesquisas sobre o assunto, visto que proporciona resultados
positivos e eficazes, tornando-se acessível à melhora do indivíduo em diferentes quadros
funcionais e 4consequente melhora da auto-estima e a qualidade de vida de seus assistidos e
do meio em que vive.
Através do projeto de extensão, buscamos oferecer aos acadêmicos uma formação
diferenciada, demonstrando a preocupação da Universidade de Cruz Alta na qualificação dos
profissionais que está formando e na qualidade de vida da comunidade visando assim
desenvolver um trabalho em equipe interdisciplinar, proporcionando uma técnica diferenciada
aos praticantes da Cinoterapia e assim uma reabilitação global.

REFERÊNCIAS

ABREU et al, Hélio L. (2005) Demência de Alzheimer: correlação entre memória e


autonomia. Revista Psiquiátrica Clínica, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 131-136.

BECKER, Marty; MORTON, Danelle. O Poder Curativo dos Bichos. 1a ed. São Paulo:
Bertrand Brasil, 2003.

BECKER, Marty, MORTON, Danelle. O poder curativo dos bichos: como aproveitar a
incrível capacidade dos bichos de manter as pessoas felizes e saudáveis. R.J: Bertrand
Brasil, 2003

BUSSOTI, Edna A. et al. (2005) Assistência individualizada: “posso trazer meu


cachorro?”. Revista da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo, v.39, n.2, p. 21-27.

DOTTI, Jerson. (2005) Animais & Terapia. São Paulo: Editora Noética. FORLENZA,
Orestes V. (2007) Psiquiatria Geriátrica do Diagnostico Precoce À Reabilitação. São
Paulo: Editora Atheneu.

GRANDIN, Temple; JOHNSON, Catherine. Na Língua dos Bichos: Usando os mistérios do


autismo para decodificar o comportamento animal. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

SILVA, Marcella Cristina Pestana do Nascimento. O uso da cinoterapia no âmbito


educacional. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. São Gonçalo – Brasil, 2014.

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