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Relatório do FMI n.

º 14/274P

ANGOLA
CONSULTAS DE 2014 AO ABRIGO DO ARTIGO IV – RELATÓRIO
Setembro de 2014 DO CORPO TÉCNICO, COMUNICADO DE IMPRENSA E
DECLARAÇÃO DO ADMINISTRADOR DO FMI PARA ANGOLA
Nos termos do Artigo IV do seu Convénio Constitutivo, o FMI mantém discussões bilaterais
com os países membros, normalmente uma vez por ano. No contexto das consultas de 2014
a Angola, os seguintes documentos foram liberados para publicação e estão incluídos neste
pacote:
 Relatório do Corpo Técnico elaborado por uma equipa de especialistas do FMI para a
consideração do Conselho de Administração em 29 de agosto de 2014, após as
discussões encerradas em 14 de julho de 2014 com as autoridades angolanas sobre a
evolução da economia e as políticas económicas. O relatório do corpo técnico foi
finalizado em 15 de agosto de 2014, com base na informação disponível à altura das
discussões.

 Análise de Sustentabilidade da Dívida, elaborada por especialistas do FMI.


 Anexo Informativo elaborado por especialistas do FMI.
 Comunicado de Imprensa, que resume as opiniões do Conselho de Administração
conforme expressas durante as deliberações de 29 de agosto de 2014 sobre o relatório
do corpo técnico que concluiu as consultas ao abrigo do Artigo IV a Angola.
 Declaração do Administrador do FMI para Angola.
O documento relacionado a seguir foi ou será publicado separadamente:

 Angola — Temas Selecionados

A política de publicação de relatórios do corpo técnico e outros documentos permite a


supressão de informações que possam influenciar os mercados.

Para adquirir exemplares deste relatório, entre em contacto com


International Monetary Fund  Publication Services
PO Box 92780  Washington, D.C. 20090
Telefone: 1 202 623-7430  Fax: 1 202 623-7201
E-mail: [email protected] Web: http://www.imf.org
Preço unitário: USD 18,00

Fundo Monetário Internacional


Washington, D.C.

©2014 Fundo Monetário Internacional


ANGOLA
RELATÓRIO DO CORPO TÉCNICO SOBRE AS CONSULTAS DE
14 de agosto de 2014 2014 AO ABRIGO DO ARTIGO IV

PRINCIPAIS TEMAS
Contexto e perspetivas: A evolução económica recente de Angola tem sido positiva, mas o
abrandamento das receitas do petróleo e a dimensão limitada das reservas petrolíferas
confirmadas salientam a necessidade de conter os défices orçamentais emergentes,
preservar as margens de manobra das políticas e continuar a diversificar a economia.
Foco das consultas: As discussões centraram-se na mitigação dos principais riscos ao
quadro macroeconómico e, entre outros aspetos, nas políticas visando o retorno aos
excedentes orçamentais estruturais a médio prazo, o apoio à diversificação económica e
ao crescimento inclusivo, a modernização do quadro da política monetária e a
estabilidade financeira.
Principais recomendações em matéria de políticas:
 Retornar aos excedentes orçamentais estruturais em linha com os objetivos
definidos no Fundo Soberano de Angola, através da mobilização de mais receitas
fiscais não petrolíferas, melhoria da eficiência do investimento público e redução dos
gastos correntes, inclusive com a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis
— que são regressivos e onerosos — e, em simultâneo, aliviando o impacto sobre os
pobres através da assistência social bem direcionada.
 Adotar um cenário fiscal de médio prazo aperfeiçoado, centrado no saldo
orçamental estrutural para limitar o impacto do sector petrolífero sobre a economia
não petrolífera.
 Desenvolver um quadro coeso de gestão de ativos e passivos, que incorpore um
fundo de estabilização bem formulado para proteger o orçamento das flutuações da
receita petrolífera.
 Continuar a aperfeiçoar os sistemas de gestão das finanças públicas para evitar,
entre outros problemas, a recorrência do problema dos atrasados de pagamentos
internos no futuro.
 Continuar a melhorar o ambiente de negócios para estimular o desenvolvimento
económico, a diversificação e a competitividade.
 Durante a transição a médio prazo para um regime de metas de inflação, reforçar a
capacidade do Banco Nacional de Angola de recolher e analisar dados económicos
de alta frequência e continuar a desdolarizar a economia.
 Avançar no fortalecimento do sistema financeiro, continuando a melhorar a
transparência e prestação de contas dos bancos e a reforçar a supervisão bancária.
 Gerir as garantias públicas de forma transparente e de forma a minimizar os custos
orçamentais, conforme previsto na lei de garantias públicas aprovada recentemente.
ANGOLA

Aprovado por As discussões decorreram em Luanda, entre os dias 1 e 14 de julho de


David Robinson e 2014. A equipa da missão foi composta pelos Srs. Velloso (chefe),
Bob Traa Fischer, García-Verdú, Staines (Representante Residente), Sra. Donnally
(todos do AFR), Sr. Kapsoli (FAD), Sr. Pedras (MCM) e Sr. João
(escritório do FMI em Luanda). O Sr. Tivane (OED) participou de todas
as discussões de política económica. A missão reuniu-se com o
Ministro das Finanças Armando Manuel, o Ministro da Economia
Abrahão Gourgel, a Ministra do Comércio Rosa Pacavira, o Ministro da
Agricultura Pedro Canga, o Ministro da Integração Social João
Baptista Kussumua, o Ministro da Construção Waldemar Pires
Alexandre, o Ministro do Petróleo Botelho Vasconcelos, o Governador
do Banco Nacional de Angola José Massano, bem como outras
autoridades do poder executivo. A missão manteve também
discussões com o Presidente e membros da Comissão Económica e
Financeira da Assembleia Nacional e representantes do setor
financeiro, do setor privado não financeiro, da estatal do petróleo
Sonangol, de organizações não governamentais e da comunidade
diplomática.

SUMÁRIO
CONTEXTO _______________________________________________________________________________________ 4

DESENVOLVIMENTOS ECONÓMICOS RECENTES, PERSPECTIVAS E RISCOS __________________ 4

DISCUSSÕES DE POLÍTICA ECONÓMICA _______________________________________________________ 10


A. Quadro Macroeconómico e Gestão de Ativos e Passivos _____________________________________ 10
B. Poupar a Riqueza do Petróleo para as Gerações Futuras ______________________________________ 11
C. Diversificação Económica e Crescimento Inclusivo ____________________________________________ 15
D. Modernização da Política Monetária e Fortalecimento da Estabilidade Financeira ____________ 16
E. Avaliação do Equilíbrio Externo ________________________________________________________________ 18
F. Questões Relativas aos Dados _________________________________________________________________ 20

AVALIAÇÃO DO CORPO TÉCNICO _____________________________________________________________ 20

CAIXAS
1. O Alastrar de Efeitos Externos sobre a Economia Angolana e o Recíproco ____________________ 10
2. Eficiência do Investimento Público em Angola ________________________________________________ 14
3. Subsídios aos Combustíveis em Angola _______________________________________________________ 15
4. Banco Espírito Santo Angola (BESA) ___________________________________________________________ 17

2 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

FIGURAS
1. Evolução Orçamental, 2003–15 ________________________________________________________________ 23
2. Evolução Monetária, 2007–15 _________________________________________________________________ 24
3. Evolução do Sector Externo, 2003–15 _________________________________________________________ 25
4. Matriz de Avaliação do Risco (Junho de 2014)_________________________________________________ 26
5. Principais Recomendações da Consulta de 2012 ao abrigo do Artigo IV e Ponto da Situação __ 27

TABELAS
1. Principais Indicadores Económicos, 2009–15 __________________________________________________ 29
2a. Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15 (Mil milhões de Kwanzas) _____ 30
2b. Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15 (Percentagem do PIB) ________ 31
2c. Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15 (Percentagem do PIB não
petrolífero) _______________________________________________________________________________________ 32
3. Contas Monetárias, 2009–15___________________________________________________________________ 33
4. Balança de Pagamentos, 2009–15 _____________________________________________________________ 34
5. Cenário Ilustrativo de Médio Prazo, 2009–19 __________________________________________________ 35
6. Indicadores de Estabilidade Financeira, dezembro de 2010–maio de 2014 ___________________ 36
7. Dívida Externa e Pública, 2009–19 _____________________________________________________________ 37

APÊNDICE
I. Melhoria do Ambiente de Negócios ___________________________________________________________ 38

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 3


ANGOLA

CONTEXTO
1. Angola foi duramente atingida pela crise mundial, mas conseguiu recobrar a
estabilidade macroeconómica no âmbito do Acordo Stand-By (2009-12) e da Monitorização
Pós-Programa (2012-14). O crescimento económico, em especial do setor não petrolífero, tem
sido vigoroso; a inflação foi reduzida a um dígito (um nível historicamente baixo) e as reservas
externas e orçamentais foram restauradas.

2. Pese embora a expressiva riqueza petrolífera de Angola, a desigualdade de


rendimento continua elevada e a redução da pobreza tem sido lenta. O inquérito aos agregados
familiares de 2008-09, divulgado em 2011, mostra que a distribuição de rendimentos em Angola é
uma das mais desiguais da África Subsariana, com um terço dos rendimentos a se concentrar nas
mãos dos 10% mais ricos e um índice de pobreza de 37%, chegando a 58% nas zonas rurais.

3. As últimas eleições gerais, realizadas em 2012, foram vencidas pelo partido do


governo MPLA por larga margem. Desde as eleições, as autoridades procuraram abordar a
pobreza persistente, com ações viradas para a melhoria dos serviços básicos, especialmente o
abastecimento de água e eletricidade, a diversificação da economia e a busca de um crescimento
mais inclusivo, através da implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) para o
período 2013-17. O PND prioriza a expansão significativa das despesas de capital para colmatar o
grande défice de infraestruturas do país e melhorar a diversificação económica e a competitividade
do sector não petrolífero.

DESENVOLVIMENTOS ECONÓMICOS RECENTES,


PERSPECTIVAS E RISCOS
Desenvolvimentos económicos recentes

4. Projeta-se que o crescimento económico recue de 5,9% em 2013 para 3,9% em 2014,
sobretudo por causa do declínio temporário na produção de petróleo e da desaceleração do
crescimento do sector agrícola (em relação ao crescimento extraordinariamente forte
verificado no ano passado após uma prolongada seca). O crescimento da economia não
petrolífera continua a ser robusto (7,3%), mormente impulsionado pelo setor agrícola e, em menor
medida, indústria e serviços. A produção de petróleo recuou 10% entre janeiro e maio de 2014,
devido a obras não programadas de manutenção e reparos nalguns campos petrolíferos, e a
expectativa é que sofra um declínio de 3,5% no ano inteiro à medida que a produção se recupera no
segundo semestre.1

1
Os cálculos se baseiam na série do PIB fornecida pelo Ministério do Planeamento e, por isso, não refletem ainda a
série revista conforme calculada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

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ANGOLA

5. A meta de inflação de 7– 9% fixada pelo Banco Nacional de Angola (BNA) para o ano
de 2014 pode ser cumprida com boa margem. O aumento da produção agrícola e o declínio dos
preços internacionais dos alimentos, aliados a uma taxa de câmbio estável, ajudaram a manter a
inflação em declínio constante, tendo-se alcançado o nível historicamente baixo de 6,9% (base
homóloga) em junho de 2014. Projeta-se um pequeno aumento da inflação de fim de período, para
7,5%, o que reflete o impacto sobre os preços da entrada em vigor, em 1 de março de 2014, da
nova pauta de direitos de importação (mais protecionista) sobre determinados produtos do sector
agrícola e da indústria ligeira, embora ainda não haja sinais inequívocos de tal impacto.

6. O saldo orçamental global, que nos últimos quatro anos era superavitário, deve se
deteriorar consideravelmente em 2014, passando a um défice próximo dos 4% do PIB. Espera-
se que uma recuperação da produção de petróleo no segundo semestre do ano contenha o declínio
das receitas petrolíferas em cerca de 2,75% do PIB. A despesa pública deve crescer 1% do PIB em
2014, principalmente em função da folha salarial mais elevada (o que reflete tanto os aumentos
salariais como as novas contratações), mas também do aumento dos gastos com bens e serviços.
O investimento público deverá manter-se basicamente constante em relação ao PIB, e a aprovação
atempada do orçamento de 2014 permitirá a execução mais uniforme do Programa de Investimento
Público (PIP) ao longo do ano.

7. O controlo sobre as despesas ainda está a evoluir, mas já foram registadas diversas
melhorias. Como resultado do exercício em curso de reconciliação, a estimativa dos atrasados de
despesas de 2012 foi revista em alta, de USD 1,5 mil milhões para USD 2,3 mil milhões, e as
autoridades relataram que os atrasados acumulados em 2013 são agora estimados em cerca de
USD 0,7 mil milhões. Duas medidas essenciais, formuladas com a assistência técnica do FMI, foram
implementadas com a aprovação do orçamento de 2014: uma definição clara dos atrasados,
coerente com as boas práticas internacionais,2 e um novo procedimento de controlo exigindo a
confirmação do Ministério das Finanças para todos os contratos de valor superior USD 1,5 milhões.
A aprovação dos projetos exige, entre outras coisas, a apresentação de uma nota de compromisso
do adjudicatário (assegurando que o projeto será custeado dentro do orçamento) e um cronograma
trimestral de pagamentos pelo prazo do contrato, coerente com o orçamento anual. O novo
procedimento de controlo já foi adotado pelo Ministério da Construção e o Ministério da Energia e
Águas, e deve ser gradualmente estendido a todos os órgãos do governo até ao final de 2015.

8. A orientação da política monetária tem sido coerente com o objetivo de redução


progressiva da inflação, proporcionando, em simultâneo, o espaço para o alargamento do
crédito ao setor privado. No primeiro semestre de 2014, o crédito ao setor privado cresceu cerca
de 15% em relação ao igual período de 2013, com um aumento da participação do crédito em
moeda nacional. A fim de estimular a intermediação financeira, as reservas obrigatórias sobre os
depósitos em moeda nacional foram reduzidas de 15% para 12,5% em fevereiro de 2014, após
terem sido reduzidas de 20% para 15% em junho de 2013. Acompanhando o declínio da inflação,

2
Define-se como atrasados as despesas que tenham sido incursas porém não pagas no prazo de 90 dias.

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a taxa interbancária de curto prazo (Luibor overnight) caiu de cerca de 6% no final de 2013 para
menos de 3% em julho de 2014, e o Comité de Política Monetária do BNA (CPM) cortou a sua taxa
de juro diretora de 9,25% para 8,75% em 28 de julho de 2014 (o segundo corte de 50 pontos base
em oito meses).

9. Os indicadores de solidez financeira revelam um sistema financeiro estável, mas um


dos maiores bancos comerciais de Angola recebeu uma garantia soberana significativa no
final de 2013. O crédito vencido como parcela do total do crédito aumentou de 6,1% para 9,8% no
último trimestre de 2013, mas esse aumento foi revertido no primeiro semestre de 2014, em parte
como reflexo da melhor execução do PIP. O BNA está em vias de emitir novos regulamentos acerca
da definição e classificação dos créditos vencidos para assegurar a uniformidade na classificação de
tais créditos. O Banco Espírito Santo Angola (BESA) — que representa cerca de 17% do total de
ativos do sistema bancário e cerca de 9% do seu total de depósitos — recebeu uma garantia
soberana de USD 5,7 mil milhões (4,25% do PIB) no final de 2013, cobrindo o equivalente a 70% da
sua carteira de empréstimos. A exposição dos outros bancos comerciais privados ao BESA através
do mercado interbancário é limitada.

10. A despeito de um menor excedente comercial externo no primeiro semestre de 2014, a


taxa de câmbio nominal permaneceu estável.3 Nos cinco primeiros meses de 2014, as
exportações declinaram 5% em relação ao igual período de 2013, sobretudo em razão do recuo nas
exportações de petróleo. O crescimento das importações abrandou em março e abril de 2014, um
período que coincidiu com uma disponibilidade mais reduzida de divisas no mercado, mas acelerou
em maio, de modo que ao final dos cinco primeiros meses de 2014 as importações cresceram quase
19%. As vendas de divisas pelo BNA declinaram em março e abril de 2014 face ao mesmo período
em 2013. As companhias petrolíferas e os seus fornecedores, que hoje têm de realizar todos os seus
pagamentos aos residentes no país em kwanzas, compensaram apenas parcialmente a redução das
vendas pelo BNA. Criou-se um atraso no atendimento aos pedidos de compra de moeda
estrangeira dos bancos comerciais em nome dos seus clientes, levando ao aumento do diferencial
entre as taxas de câmbio dos mercados paralelo e secundário. O BNA intensificou substancialmente
as vendas de divisas em maio e em junho de 2014, e grande parte do atraso foi eliminado, ainda
que o diferencial (que hoje ascende a cerca de 15%) ainda não retornou plenamente aos níveis
registados em 2013.4

11. As reservas internacional do BNA permanecem estáveis, após a transferência de


USD 5 mil milhões para o Fundo Soberano de Angola (FSDEA). Após atingir o nível histórico
máximo de USD 36,1 mil milhões em setembro de 2013, as reservas internacionais brutas
declinaram para USD 31,4 mil milhões (7¾ meses de importações) no final de junho de 2014, em

3
Angola continua a se valer do regime transitório previsto na Secção 2 do Artigo XIV e a manter duas medidas
cambiais, duas restrições cambiais e duas práticas de taxas de câmbio múltiplas.
4
É possível que o diferencial não tenha retornado aos níveis do final de 2013 devido à melhor fiscalização do BNA às
exigências de verificação de determinadas operações de transferência de numerário, de forma que as transações
ilícitas passaram a ser realizadas no mercado paralelo.

6 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

grande medida devido à transferência de USD 5 mil milhões do Fundo Petrolífero para
Infraestruturas para o FSDEA, dos quais USD 3,5 mil milhões foram transferidos no quarto trimestre
de 2013. A transferência dos restantes USD 1,5 mil milhões, originalmente programada para o
primeiro trimestre de 2014, foi adiada para o segundo trimestre em razão do recuo nas receitas
petrolíferas.

12. Em 4 de julho de 2014, a Assembleia Nacional aprovou a tão esperada reforma fiscal
do setor não petrolífero. O pacote legislativo abrange três códigos de suma importância,
nomeadamente: o Código Geral Tributário, o Código do Processo Tributário e o Código de
Execuções Fiscais. A taxa do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas foi reduzida de 35%
para 30%, enquanto o rendimento mínimo mensal isento do imposto sobre os rendimentos das
pessoas singulares foi elevado de 25.000 para 34.450 kwanzas. Em simultâneo, foram alargadas as
bases de tributação através da eliminação das brechas. Foi também aprovada uma anistia fiscal
parcial para algumas dívidas fiscais anteriores a dezembro de 2012,5 embora tanto os parlamentares
quanto as autoridades do Ministério das Finanças tenham explicado que, para resguardar o
cumprimento das obrigações fiscais no futuro, não há previsão de novas anistias fiscais.

13. As autoridades estão a tomar medidas para melhorar o ambiente de negócios e


promover a diversificação económica (Apêndice I). A chamada política da “Angolanização” tem
como objetivo, entre outros, acelerar a formação de capital humano ao dar preferência aos
trabalhadores angolanos em lugar dos expatriados. A Lei de Investimento do Setor Privado,
aprovada em 2012, busca atrair os investidores estrangeiros através de incentivos fiscais aos
investimentos acima de USD 1 milhão. O programa Angola Investe, também introduzido em 2012,
busca facilitar o acesso das pequenas e médias empresas ao financiamento, ao oferecer garantias
parciais de crédito e linhas de crédito bonificado.6 Foram simplificados os procedimentos
administrativos em diversas áreas, tais como abertura de empresas e processamento das
importações.

Perspetivas e riscos

14. As perspetivas de crescimento económico a médio prazo continuam favoráveis.


A expectativa é de recuperação do sector petrolífero, com crescimento médio de 2,25% nos
próximos cinco anos, à medida que o declínio na produção de alguns campos petrolíferos é mais do
que compensada pela entrada em operação de sete novos campos, inclusive a primeira etapa de um
campo petrolífero no pré-sal prevista para 2017. Os grandes investimentos no setor não petrolífero
devem conduzir à tão necessária diversificação económica e geração de empregos, especialmente
na agricultura, mas também no setor energético, na indústria transformadora e nos serviços. As

5
A anistia fiscal abrange principalmente dívidas do imposto sobre os rendimentos e não inclui dívidas dos impostos
de consumo e contribuições sociais.
6
O orçamento destina USD 1,5 mil milhões (cerca de 1% do PIB) ao financiamento de bonificações de juros ou
garantias para até 70% dos empréstimos concedidos através dos bancos em determinados setores.

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perspetivas de crescimento a mais longo prazo serão fortemente influenciadas pelos resultados da
prospeção em curso no pré-sal.

15. Contudo, as perspetivas orçamentais a médio prazo são complexas. As receitas do


petróleo (como parcela do PIB) devem declinar, ao mesmo tempo em que a procura de gastos mais
elevados em infraestruturas e alívio da pobreza está em alta. As projeções do corpo técnico
mostram défices orçamentais persistentes e relativamente elevados a médio prazo, conduzindo a
necessidades brutas de financiamento cada vez maiores e à elevação dos rácios dívida pública/PIB.
A dívida pública deverá manter-se sustentável e o risco de sobreendividamento é baixo,7 mas será
importante reverter a tendência projetada de crescimento da dívida pública, através do retorno aos
excedentes orçamentais e da constituição de ativos financeiros no FSDEA sem recurso à acumulação
de dívida, de modo a poupar parte da riqueza do petróleo para as gerações futuras. Os esforços
para melhorar a posição das contas públicas poderia ser iniciado já em 2014, com a moderação do
crescimento da massa salarial e das despesas com bens e serviços no segundo semestre para obter
economias de cerca de 1% do PIB no conjunto do ano.

16. Se a produção de petróleo não se recuperar no segundo semestre de 2014 conforme


esperado, será importante incorporar a flexibilidade cambial ao conjunto de políticas a curto
prazo. Na opinião do corpo técnico, incorporar alguma flexibilidade cambial protegeria as reservas
internacionais no BNA e seria compatível com a consecução do objetivo de inflação para o final de
2014, uma vez que a inflação situa-se hoje no limite inferior do intervalo definido pelo BNA,
enquanto as condições externas, caracterizadas pelo declínio dos preços internacionais dos
alimentos, devem ajudar a conter as pressões inflacionistas.

17. Os principais riscos a curto prazo são de declínio prolongado na produção de petróleo
e reversão dos ganhos recentes nos atrasados de despesas; a médio e longo prazo, os riscos
negativos abrangem as derrapagens na implementação das reformas estruturais, um declínio
sustentado dos preços do petróleo e a materialização das garantias soberanas, em contraste
aos riscos positivos de novas descobertas de petróleo. Os principais canais de transmissão dos
riscos negativos são através de receitas orçamentais mais baixas, despesas orçamentais mais
elevadas e recursos orçamentais reduzidos, o que poderia desencadear um ajustamento
desordenado das contas públicas. Caso a produção de petróleo fique temporariamente abaixo das
projeções, o corpo técnico recomendaria uma moderação no ritmo de implementação do programa
de investimento público (também aconselhável por razões de qualidade), o uso de parte dos
depósitos do Tesouro para financiar o orçamento, e flexibilidade cambial. Para mitigar os riscos a
médio e longo prazo, as autoridades devem continuar a implementar as reformas da gestão das

7
A dívida pública de Angola é sustentável no cenário de base, e os principais riscos decorrem de choques do PIB real
e das taxas de juro. O corpo técnico estima que o rácio dívida pública/PIB aumente para 45% em 2019 ante 33,5% do
PIB em 2013. Embora os níveis projetados permaneçam abaixo dos limiares de sustentabilidade, os riscos estão a
aumentar, como mostram os testes de esforço — uma redução no crescimento real teria um impacto adverso
significativo sobre a trajetória da dívida e, em vista das necessidades crescentes de financiamento e dos custos mais
elevados dos novos financiamentos, a trajetória da dívida é também sensível ao aumento das taxas de juro. Para mais
pormenores, consulte a Análise de Sustentabilidade da Dívida.

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ANGOLA

finanças públicas conforme o previsto, preservar as margens de manobra da política económica


como proteção contra a diminuição das receitas do petróleo e agilizar os esforços para diversificar a
economia. A fim de conter os riscos orçamentais possivelmente elevados das garantias
governamentais, o corpo técnico recomenda a gestão transparente de quaisquer garantias futuras,
em linha com a legislação aprovada recentemente. Existe o risco positivo de novas descobertas de
petróleo, uma vez que a costa oeste de Angola é geologicamente semelhante à costa leste do Brasil,
e está contém formações pré-sal que, segundo estimativas, abrigam grandes quantidades de
recursos em hidrocarbonetos.

Opinião das autoridades

18. As autoridades concordam com o teor geral da avaliação do corpo técnico sobre as
perspetivas e riscos. Contudo, preveem que o crescimento económico não petrolífero será um
pouco mais robusto, sobretudo na agricultura. As autoridades acreditam também que a flexibilidade
cambial seria prematura devido ao elevado nível de dolarização da economia e às suas repercussões
em termos de inflação. As autoridades reconhecem o risco de declínio do cumprimento das
obrigações fiscais como resultado da anistia fiscal concedida recentemente, mas salientaram que tal
medida era limitada e necessária para preparar o terreno para a implementação da reforma dos
impostos não petrolíferos pela autoridade tributária. Destacaram que não serão concedidas novas
anistias fiscais no futuro. No que respeita às garantias governamentais, observaram que a exposição
a tais garantias será objeto de gestão ativa para minimizar os custos orçamentais.

19. As autoridades concordaram com a análise de sustentabilidade da dívida do corpo


técnico. Consideram o aumento da dívida pública necessário para os seus esforços de reduzir o
défice de infraestruturas. Permanecem confiantes em que o retorno social do investimento é mais
elevado do que o seu custo financeiro e, assim sendo, acreditam que tais investimentos não terão
um impacto negativo sobre a sustentabilidade da dívida. As autoridades assinalaram também que o
recebimento dos principais fluxos orçamentais (receitas do petróleo) em moeda estrangeira protege
o orçamento do risco cambial. Referiram ainda que a quase totalidade da dívida das empresas
públicas não é garantida pelo governo (com a exceção da dívida da companhia aérea nacional
TAAG) e, por conseguinte, consideram que a dívida bruta do governo central situa-se num patamar
confortável, bem abaixo do seu limite legal (60% do PIB).

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Caixa 1. O Alastrar de Efeitos Externos sobre a Economia Angolana e o Recíproco

A forte dependência da economia angolana em relação ao petróleo constitui o maior elo do país com o
resto do mundo. O colapso dos preços internacionais do petróleo durante a crise financeira mundial de 2008-09
ilustrou a importância desse elo: o crescimento desacelerou de 13,8% em 2008 para 2,4% em 2009; com a forte
quebra das receitas orçamentais, e a despeito do corte profundo dos gastos públicos, o saldo orçamental global
sofreu uma deterioração acentuada, de um excedente de 8,9% do PIB em 2008 para um défice de 7,4% em
2009; as reservas internacionais caíram um quarto; e a taxa de câmbio depreciou 18%, o que conduziu à alta da
inflação.
Com reflexo da evolução dos mercados mundiais de energia, os principais mercados das exportações de
petróleo de Angola passaram a ser a China e a Índia, em lugar dos Estados Unidos. Hoje, a China é o destino
de cerca de metade das exportações de petróleo de Angola, com a Índia a receber 10% e os Estados Unidos
apenas 7%.
Os principais credores bilaterais de Angola são a China, a Grã-Bretanha e o Brasil. A China detém quase
41% do total da dívida pública de Angola, seguida da Grã-Bretanha com 27% e do Brasil com 8%.
Angola mantém importantes laços económicos com Portugal, mas a sua exposição parece ser limitada ao
setor bancário. Seis dos 24 bancos em atividade em Angola — representando cerca da metade do volume de
ativos do sistema bancário angolano — são detidos maioritariamente por bancos portugueses. Portugal é a
principal fonte das importações de Angola (15% do total), seguido por Singapura e China (13% e 11%,
respetivamente). Angola, por seu turno, é o principal mercado de exportação de Portugal fora da União Europeia
(7% do total das exportações, ou 2% do PIB português). As remessas de Portugal para Angola são mínimas (cerca
de 0,2% do PIB). O IDE de Portugal em Angola é significativo no setor bancário e também nos meios de
comunicação e telecomunicações, mas tem permanecido basicamente constante nos últimos anos (em cerca de
8% do total).

As repercussões externas da economia de Angola são limitadas. O comércio na região subsariana ainda é
mínimo, embora as ligações financeiras — através do sistema bancário e dos empréstimos bilaterais a entidades
soberanas — estejam a crescer.

DISCUSSÕES DE POLÍTICA ECONÓMICA


A. Quadro Macroeconómico e Gestão de Ativos e Passivos
20. O quadro de gestão de ativos e passivos de Angola precisa de ser reformulado para
melhor alinhar os objetivos de poupança e estabilização com os resultados fiscais. O FSDEA foi
instituído com uma dotação inicial de USD 5 mil milhões, e estão previstas transferências anuais
adicionais equivalentes a 50 mil barris por dia, quaisquer que sejam os resultados fiscais. Para além
disso, a receita do petróleo resultante da diferença entre os preços do petróleo efetivos e
orçamentados é depositada numa conta de reserva do Tesouro gerida pelo BNA,
independentemente do desempenho da receita fiscal não petrolífera. Segundo as atuais políticas,
estima-se que o governo registe défices orçamentais no futuro previsível, vindo a incorrer
obrigações da dívida enquanto acumula ativos no BNA e no FSDEA. Limitar as transferências
adicionais para o FSDEA e o BNA para as situações em que sejam registados excedentes
orçamentais globais evitaria a incidência de dívida pública maior do que o necessário.

21. Deve-se criar um fundo de estabilização fiscal com regras claras sobre depósitos e
levantamentos para suavizar a volatilidade da receita do petróleo, em apoio ao objetivo de
excedente orçamental estrutural a médio prazo. Embora as receitas excedentes sejam hoje

10 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

depositadas em contas administradas pelo BNA, não há regras claras sobre em quais circunstâncias
específicas os recursos dessas contas podem ser usados pelo governo para cobrir os défices
orçamentais maiores do que o esperado. Outras economias ricas em recursos naturais instituíram
fundos de estabilização fiscal com regras bem definidas sobre as transferências do e para o
orçamento de acordo com o ciclo económico e o ciclo dos preços das matérias-primas. Tal quadro
contribuiu para que diversos países exportadores de matérias-primas conseguissem reagir à crise
financeira internacional de 2008-09, com uma exposição limitada das contas públicas e um impacto
negativo moderado sobre o crescimento.

22. O FSDEA já instituiu a maioria das melhores práticas internacionalmente na área de


fundos soberanos, mas os elementos de transparência e governação ainda poderiam ser
fortalecidos. Destaca-se a emissão de relatórios frequentes (trimestrais) e atempados sobre as
atividades e o desempenho do FSDEA, a publicação atempada dos relatórios de auditoria e regras
claras para a seleção de administradores e gestores externos de ativos.

23. A formulação de uma estratégia de endividamento a médio prazo será fundamental


para o desenvolvimento dos mercados financeiros domésticos. Os progressos na gestão da
dívida são encorajadores, mas o Ministério das Finanças deveria continuar a ajustar as suas práticas
de gestão da dívida, inclusive através da emissão de títulos de referência e do aumento da
previsibilidade dos leilões. Tal serviria para aumentar a capacidade de financiamento interno,
possibilitando um aumento gradual da participação dos instrumentos emitidos em moeda nacional,
em linha com os objetivos de desdolarização e desenvolvimento do mercado de capitais local.

Opinião das autoridades

24. As autoridades reconheceram a importância de transferir os recursos para o FSDEA


apenas em períodos de excedentes orçamentais e referiram que os atuais regulamentos
permitem tal flexibilidade. Concordaram também com a necessidade de aumentar a transparência
na gestão do FSDEA, salientando porém que já foram feitos progressos significativos para o efeito.
As autoridades relataram que será iniciado em breve o trabalho de formulação de uma estratégia da
dívida a médio prazo, com a assistência técnica do Banco Mundial.

B. Poupar a Riqueza do Petróleo para as Gerações Futuras


25. Uma consolidação orçamental gradual, começando já em 2014, de modo a registar
excedentes estruturais anuais de cerca de 1,5% do PIB a médio prazo, seria coerente com o
mandato de poupança intergeracional do FSDEA e com a busca do equilíbrio entre a
necessidade de continuar a modernizar as infraestruturas do país e de reduzir a pobreza. Entre
as opções possíveis figuram:

 Maior priorização dos investimentos públicos para garantir elevados retornos sociais e
económicos, apoiada pelo desenvolvimento e implementação de um sistema moderno de
seleção e gestão do investimento público. O corpo técnico avaliou a qualidade do
investimento público em Angola utilizando diferentes critérios, e constatou que ela é baixa de

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 11


ANGOLA

modo geral (Caixa 2). Para além disso, a baixa qualidade do investimento tende a gerar custos
de manutenção e reparos mais elevados ao longo do tempo.

 Redução dos subsídios aos combustíveis. Os subsídios aos combustíveis, que tendem a
beneficiar desproporcionalmente as camadas mais abastadas, devem ser revistos e
progressivamente reduzidos (Caixa 3) — instituir um mecanismo de transferência social
condicional bem direcionado para proteger os menos favorecidos, com um subsídio equivalente
a 50% da linha de pobreza, implicaria um custo anual de cerca de 0,5% do PIB, ou um oitavo do
atual nível de gastos com os subsídios aos combustíveis.8 Como mostra a experiência
internacional, uma campanha pública e consultas abertas com os principais interessados (para
expor os motivos que fundamentam a eliminação dos subsídios aos combustíveis) pode ajudar a
garantir a fluidez do processo.

 Melhoria das práticas orçamentais. Duas áreas para melhorias são: uma maior racionalização
das operações parafiscais, e o aprimoramento das políticas de emprego e remuneração do setor
público. As despesas orçamentais com os subsídios aos combustíveis são atualmente calculadas
com base no preço orçado do petróleo, que em geral é inferior ao preço de mercado, o que
gera operações parafiscais. Essa operações poderiam ser eliminadas utilizando-se a reserva do
orçamento para cobrir os custos maiores do que o esperado com os subsídios aos combustíveis.
O orçamento prevê a indexação dos salários públicos à inflação e novas contratações. Embora
comum nalguns países, a política de indexação não é a melhor prática, pois introduz inércia
inflacionista e rigidez desnecessária na gestão do orçamento. Alinhar os aumentos salariais aos
ganhos de produtividade e indicadores de desempenho evitaria tal rigidez e proporcionaria
incentivos ao bom desempenho.

 Maior desenvolvimento da tributação não petrolífera. O corpo técnico enalteceu a


aprovação recente dos principais diplomas que compõem a reforma da tributação não
petrolífera. A aprovação desses diplomas deve ser seguida por melhorias nas administrações
fiscal e aduaneira para realizar plenamente o potencial de aumento da receita não petrolífera.
No devido tempo, poderia também ser introduzido um imposto sobre o valor acrescentado
(IVA). Se implementado corretamente, tal imposto proporcionaria receitas mais estáveis para o
orçamento, reduzindo assim a dependência da receita do petróleo e protegendo mais o
orçamento da volatilidade dessas receitas.

Opinião das autoridades

26. As autoridades concordaram com as recomendações do corpo técnico sobre as


melhorias na tributação não petrolífera, reforma da gestão financeira pública e redução dos
subsídios aos combustíveis. Salientaram o seu compromisso com a racionalização das operações

8
As transferências sociais condicionais em geral exigem uma rede bem desenvolvida de serviços sociais, capaz de
atestar o cumprimento das condições exigidas para receber o benefício. Por este motivo, a maioria dos países
introduziu inicialmente esse tipo de programa em pequena escala, como programa-piloto.

12 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

parafiscais, que foram reduzidas de USD 9,3 mil milhões em 2011 para USD 3,5 mil milhões em
2013, e referiram que a autorização da Sonangol para a realização de gastos fora do orçamento no
âmbito do programa de habitação já havia sido revogada. As autoridades destacaram também o seu
compromisso com o fortalecimento da tributação não petrolífera, para o qual contavam com a
assistência técnica do FMI na área de administração tributária. Concordaram com a necessidade de
aumentar a eficiência do investimento público, mas argumentaram que as necessidades urgentes de
reconstrução após o fim da guerra civil explicariam em parte a pontuação muito baixa de Angola no
quesito da eficiência. De todo modo, as autoridades expressaram interesse em implementar um
sistema aperfeiçoado de gestão do investimento público, para o qual necessitariam de assistência
técnica. Concordaram igualmente com a necessidade de reduzir gradativamente os subsídios aos
combustíveis, mas observaram que tal reforma precisaria de ser muito bem formulada e
comunicada ao público. As autoridades questionaram se a introdução de um mecanismo de
transferência social condicional seria uma opção válida para Angola nas atuais circunstâncias (ver a
seguir).

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 13


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Caixa 2. Eficiência do Investimento Público em Angola


O quadro que mede a eficiência das unidades de produção tem sido amplamente utilizado para avaliar a eficiência
dos gastos públicos (ver Herrera e Pang, 2005). Tal quadro assenta na abordagem da função de produção, em que os
fatores de produção são combinados para produzir resultados dada uma certa tecnologia. Uma forma comum de
operacionalizar tal quadro é utilizando métodos não-paramétricos, tais como a análise por envoltória de dados, que
estima as fronteiras de eficiência com referência às unidades de produção mais eficientes. Uma vez estimada a
fronteira, pode-se calcular uma pontuação de eficiência para cada unidade, ao medir a distância desta em relação à
fronteira.

Esse método tem, porém, diversas limitações, inclusive a sua sensibilidade a valores extremos (quando há valores
extremos, a ineficiência pode ser sobrestimada). Para superar essa limitação, pode-se utilizar métodos de fronteiras
parciais, que utilizam uma amostra aleatória com substituições do conjunto de dados para calcular as pontuações de
pseudo-eficiência. Tal procedimento é repetido diversas vezes, e a pontuação final utiliza a média de todas as
pontuações parciais de pseudo-eficiência (ver Felder e Tauchmann, 2013).
Essa metodologia foi empregada para avaliar a eficiência do investimento público em Angola e noutros 103 países
entre 2000 e 2010, considerando como fator de entrada o stock de capital público real per capita e como fator de
saída um índice composto das infraestruturas. O índice composto procura capturar a multidimensionalidade das
infraestruturas utilizando indicadores de três setores: telecomunicações, energia e transporte rodoviário. Os
indicadores de cada setor são então padronizados, expressos em termos per capita, e combinados através de um
procedimento de componentes principais.
Segundo os cálculos, a eficiência do investimento público angolano ocupa o último lugar entre os 104 países da
amostra. A curto prazo, esses resultados aconselham uma abordagem prudente por parte das autoridades em
relação ao aumento do investimento público, sobretudo em vista da ambiciosa agenda de despesas prevista no PND.
Aconselham também melhorias na coordenação institucional para aumentar a integração dos orçamentos de
investimento e de despesas correntes. A médio prazo, as autoridades deveriam desenvolver e implementar um
sistema de gestão do investimento público.

África subsariana: Classificação da eficiência do investimento publico

Senegal
Índice de Infraestructura Sintético

Quénia
Camarões
Etiópia
Togo
Africa do Sul
Nigéria
Tanzânia
Mozambique
Namíbia
Botswana
Gana
Gabão
Zâmbia
Eritreia
República de Congo
Angola

Estoque de capital público per capita (2005 US$ PPC) 0 .2 .4 .6 .8 1

Fonte: Penn World Tables, Banco Mundial, Estimativas do corpo técnico do FMI. Fonte: Penn World Tables, Banco Mundial, Estimativas do corpo técnico do FMI.

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Caixa 3. Subsídios aos Combustíveis em Angola

Angola é um dos países que concedem os maiores subsídios aos combustíveis em todo o mundo. O preço da
gasolina (na bomba) em Angola, de USD 0,62 por litro (USD 2,35 por galão), situa-se no decil inferior da
distribuição dos preços mundiais do produto.
O custo orçamental dos subsídios aos combustíveis em Angola tem estado a subir nos últimos anos devido à
elevação dos preços internacionais dos combustíveis. A despesa com os subsídios aos combustíveis equivale hoje
a 4% do PIB, o que representa a metade dos gastos com educação e saúde, um terço dos gastos com
investimentos públicos, ou 16 vezes a soma de todos os gastos do país com programas de redes de proteção
social.
A racionalização dos subsídios aos combustíveis não apenas geraria recursos para a ampliação da rede de
segurança social, mas poderia também fortalecer a posição fiscal a médio prazo. Assim como se verifica noutros
países, parte dos recursos poderia ser utilizada para financiar um programa de transferência social condicional
para reduzir a pobreza e gerar oportunidade para os menos favorecidos. No caso de Angola, um programa de
transferência social para os pobres equivalente a 50% da linha de pobreza (ou seja, USD 40,5 por mês para uma
família de 5 pessoas) custaria apenas 0,5% do PIB, ou um oitavo do custo atual dos subsídios aos combustíveis.

Preços da gasolina ao redor do mundo Angola: Despesas em saúde e educação e subsídios a gasolina
US$ dólares por litro (Percentagem do PIB)
9

6
Densidade

0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: www.globalpetrolprices.com Preço


Saúde e educação Subsídios a gasolina

C. Diversificação Económica e Crescimento Inclusivo


27. A despeito da expressiva riqueza em recursos naturais de Angola, e das suas altas
taxas de crescimento ao longo da última década, a pobreza ainda é elevada e tem declinado a
um ritmo mais lento do que em países comparáveis. Não obstante o seu contributo substancial
para o produto, o setor petrolífero emprega uma parcela relativamente pequena da população em
idade ativa, e a elasticidade-rendimento da redução da pobreza é baixa. Uma economia mais
diversificada, impulsionada, por exemplo, pela agricultura ou pelos serviços, poderia ter um impacto
maior sobre a redução da pobreza, especialmente se amparada por programas mais robustos de
redes de proteção social.

28. Alcançar a diversificação económica é, porém, um desafio. As exportações, receitas


orçamentais e, em menor medida, o produto de Angola, continuam a ser dominados pelo setor
petrolífero. Aos atuais preços elevados do petróleo no mercado internacional, o custo médio de
produção de Angola implica que a cada barril de petróleo corresponde uma renda superior aos

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 15


ANGOLA

USD 60. Embora grande parte dessa renda seja capturada pelo governo através de impostos e
royalties, o setor petrolífero ainda é muito lucrativo, o que lhe permite atrair os trabalhadores
angolanos mais qualificados.9 Por conseguinte, é preciso continuar a melhorar o ambiente de
negócios e desenvolver o setor privado não petrolífero, nomeadamente através da reforma do quadro
institucional e jurídico e do fomento à diversificação económica, alargando o acesso dos
empreendedores ao crédito e proporcionando formação aos trabalhados do setor não petrolífero,
entre outras medidas. A proteção na forma de direitos de importação, porém, deveria desempenhar
uma papel limitado e temporário no desenvolvimento da produção não petrolífera, em vista dos riscos
de cristalizar interesses instalados e perpetuar ineficiências e preços elevados para os consumidores.

Opinião das autoridades

29. As autoridades estão confiantes em que as medidas que estão a ser tomadas para
modernizar a infraestrutura do país e melhorar o ambiente de negócios conduzirão à
diversificação da economia angolana, tornando o crescimento mais inclusivo. Embora
concordassem que a eliminação gradativa dos subsídios aos combustíveis e o uso de parte dos
proveitos no fortalecimento da rede de proteção social do país seria uma opção apropriada para
tornar o crescimento mais inclusivo, revelaram dúvidas acerca da utilidade dos mecanismos de
transferência social condicional em Angola nas atuais circunstâncias. Observaram que o governo
ainda precisa de investir pesadamente nas infraestruturas para eliminar os estrangulamentos e
apoiar a diversificação económica, e expressaram a sua preferência pela exploração de opções de
redes de proteção social que não desestimulem os trabalhadores a ingressar no mercado de
trabalho. As autoridades concordaram com a necessidade de rever periodicamente a estrutura dos
direitos de importação para impedir a cristalização de interesses instalados.

D. Modernização da Política Monetária e Fortalecimento da Estabilidade


Financeira
30. A transição progressiva para um quadro de metas de inflação exige avanços em três
frentes. Primeiro, é preciso que o processo de desdolarização da economia siga o seu curso. Isso
ajudará a eliminar o desfasamento de moedas nos balanços dos bancos e, com o tempo, permitirá
uma maior flexibilidade cambial, o que por sua vez reforçará a desdolarização. Segundo, a taxa de
juro dos títulos públicos deve ser determinada pelo mercado através da apresentação de ofertas em
leilões primários. A desdolarização contínua e a definição de taxas de juro de mercado contribuirão
para o maior desenvolvimento do setor financeiro e o aumento da oferta de ativos expressos em
kwanzas e, assim, para o fortalecimento do canal de transmissão da taxa de juro da política
monetária. Terceiro, o BNA e o Instituto Nacional de Estatística (INE) terão de continuar a

9
A escassez de mão-de-obra qualificada é um dos principais entraves à diversificação económica de Angola.
A prolongada guerra civil do país provocou graves constrangimentos no domínio do capital humano. A camada da
população de onde normalmente provêm os gestores de nível médio e superior, por exemplo, apresenta um dos
menores índices de formação universitária de toda África Subsariana.

16 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

desenvolver indicadores económicos de alta frequência para munir as autoridades de dados


melhores e mais atempados para a tomada de decisões.

31. O sistema financeiro de Angola tem grande potencial para aumentar a sua
contribuição à intermediação financeira e, assim, ao crescimento económico, mas é preciso
reforçar a supervisão. O aumento no número de bancos levou a uma concorrência acrescida, com
uma descida das margens das taxas de juro. O BNA deve se manter vigilante à tomada excessiva de
riscos pelos bancos, limitar a extensão em que os bancos possam compensar a perda de receitas
com aumentos indevidos nas tarifas e comissões, e evitar a complacência regulamentar — inclusive
através da aplicação uniforme dos novos regulamentos que impõem mais rigor à classificação dos
créditos vencidos. Nesse contexto, e de modo a conter os possíveis riscos orçamentais da garantia
pública ao BESA, as autoridades devem monitorizar atentamente o cumprimento das medidas
acordadas com a administração do BESA, inclusive no que respeita às práticas de concessão de
empréstimos e classificação dos créditos vencidos, fiscalização rigorosa do plano acordado de
provisões mensais e redução da alta dependência do banco em relação ao financiamento de curto
prazo, buscando, no momento oportuno, aumentar o capital do BESA. Os setores de seguros e
fundos de pensões, bem como o mercado de capitais interno, têm também o potencial de aumentar
o seu contributo, ao disponibilizar opções de poupança e financiamento a mais longo prazo. Para
garantir a estabilidade financeira, é importante que o BNA, a Comissão do Mercados de Capitais
(CMC) e a Agência de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) disponham dos recursos
humanos e financeiros adequados para o bom exercício das suas funções de regulamentação e
supervisão.

Caixa 4. Banco Espírito Santo Angola (BESA)

O Banco Espírito Santo Angola (BESA) é um banco comercial — constituído segundo as leis angolanas — de
propriedade conjunta do BES Portugal (55%) e investidores angolanos (45%). No final de 2012, o BESA era o
segundo maior banco de Angola por valor dos ativos, respondendo por 17% do total de ativos do sistema
bancário, porém apenas 8,75% do total de depósitos. Como resultado dessa estrutura do balanço, o banco era
mais dependente do mercado de financiamento por grosso do que outros bancos angolanos.

O BESA passou a ser alvo de pressões à medida que cresciam as dificuldades do seu acionista maioritário, o
Banco Espírito Santo (BES) Portugal. O BNA reconheceu, em 17 de julho de 2014, que o BESA estava a enfrentar
dificuldades com a sua carteira de empréstimos e indicou que solicitaria aos acionistas do BESA que aumentassem
a sua contribuição de capital.

Na ausência de uma nova infusão de capital, o BNA anunciou, em 4 de agosto de 2014, medidas
extraordinárias para lidar com a situação do BESA, entre elas a nomeação de administradores provisórios para
levar a cabo uma reestruturação do banco. O BNA salientou também que os interesses dos depositantes do BESA
seriam protegidos e que as relações comerciais com os atuais clientes seriam mantidas, observando que a garantia
soberana de USD 5,7 mil milhões concedida em dezembro de 2013 acabaria por ser revogada.
Não se espera que as dificuldades financeiras do BESA desestabilizem o sistema bancário angolano. A
exposição de outros bancos ao BESA no mercado interbancário é limitada, uma vez que os empréstimos são
garantidos por títulos públicos. Para além disso, a intervenção do BNA, ao nomear novos gestores e tranquilizar os
depositantes, conteve os riscos para o restante do sistema bancário. Até à semana finda em 31 de julho de 2014,
não havia sinais de tensão no mercado interbancário.

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ANGOLA

32. Continuam a ser feitos progressos no aperfeiçoamento do quadro de combate ao


branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo (CBCFT) de Angola. A lei de
CBCFT foi alterada em janeiro de 2014, para solucionar algumas das questões mais prementes
identificadas pelo Grupo de Ação Financeira (GAFI), e a Unidade de Informação Financeira de
Angola foi admitida recentemente como novo membro do Grupo de Egmont. Em junho de 2014, o
GAFI incentivou as autoridades a introduzirem novas melhorias, por exemplo, ao abordar as
questões remanescentes sobre a criminalização do branqueamento de capitais e a garantia de que
Angola disponha de um enquadramento jurídico apropriado para a apreensão de fundos
relacionados ao branqueamento de capitais.

Opinião das autoridades

33. As autoridades concordaram que uma das primeiras medidas na transição para um
regime de metas de inflação é permitir que as taxas de juro dos títulos do Tesouro sejam
determinadas pelo mercado. Salientaram que seria preciso proceder com cautela no aumento da
flexibilidade cambial, considerando a impossibilidade de alterações significativas na taxa de câmbio
nominal dado o alto nível de transmissão aos preços na atualidade. Em relação aos indicadores de
alta frequência, as autoridades mencionaram diversas áreas em que estavam a ser realizados
progressos, com destaque para as contas nacionais trimestrais, que deverão ser divulgadas
em 2015.

34. As autoridades observaram que os novos regulamentos sobre os créditos vencidos


ajudariam a fortalecer a supervisão bancária, e assinalaram o seu compromisso e as medidas
em curso para melhorar o quadro de CBCFT e estimular o desenvolvimento do mercado de
capitais interno. Este último é tido como prioritário para aprofundar o mercado, facilitar o
financiamento das empresas privadas, fortalecer o canal de transmissão da política monetária e
contribuir para a desdolarização. As autoridades observaram também que, a curto prazo, esse
processo poderia implicar custos financeiros mais elevados para o Tesouro, mas isso seria
compensado pelos ganhos a longo prazo em termos de crescimento e competitividade.

E. Avaliação do Equilíbrio Externo


35. Os modelos empíricos sugerem que a taxa de câmbio real poderia estar
sobrevalorizada em 10% a 25%. A magnitude estimada da sobrevalorização depende da
abordagem específica empregada. Os intervalos de confiança são em geral grandes e, num dos
casos, não se pode descartar a possibilidade de subvalorização. Ainda assim, as estimativas pontuais
das três abordagens indicam a sobrevalorização.

36. O atual nível das reservas internacionais no BNA parece ser adequado. Os resultados da
avaliação da adequação das reservas indicam que o nível de reservas internacionais de Angola é
apropriado para fins preventivos. A avaliação incorpora a estabilidade da taxa de câmbio nos
últimos anos, mas não considera o alto nível de dolarização do sistema financeiro, o que confere
uma função adicional às reservas.

18 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Angola. Resultados estimados da avaliação da taxa de Angola. Reservas como percentagem da métrica
câmbio real de equilíbrio segundo três abordagens
(Percentagem) 250%
100
Limite inferior Média Limite superior
80 83,5 200%
Suggested Adequacy Range

60
150%
40 Faixa sugerida de adequação
30,4
25,8 100%
20
10,9 14,8
0 -0,8
50%
-20
-31,9 0%
-40

2011
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

2012
2013
2014
Sustentabilidade externa TCER de equilíbrio Equilíbrio
macroeconómico
Fonte: Estimativas do corpo técnico do FMI com dados do WEO e IFS.
Fonte: Cálculos do corpo técnico do FMI com base em Fundo Monetário
Internacional (2011).

37. Os indicadores de competitividade não relacionada aos preços apoiam a conclusão de


sobrevalorização. Angola situou-se na 179ª colocação entre 189 economias na edição de 2014 do
índice Doing Business do Banco Mundial. Outros indicadores de competitividade, tais como o Índice
de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial, apontam basicamente o mesmo
resultado. Dentre as várias dimensões do índice do Banco Mundial, o desempenho de Angola é
especialmente ruim em quatro indicadores: i) Solução de insolvências (188º de 189); ii) Execução de
contratos (188º de 189); iii) Abertura de empresa (178º de 189); e iv) Comércio entre fronteiras (169º
de 189). Os programas liderados pelo Ministério da Economia estão a abordar alguns desses
elevados custos de fazer negócios.

38. Para restaurar a competitividade é preciso abordar uma vasta gama de


constrangimentos estruturais. Devido ao alto conteúdo de importações e consequente
transmissão elevada para a inflação, qualquer depreciação significativa da taxa de câmbio nominal
resultaria na subida da inflação e, assim, não teria um efeito expressivo sobre a taxa de câmbio real.
Embora o corpo técnico apoie a flexibilização gradual do câmbio, as políticas mais eficazes para
abordar a sobrevalorização da moeda são as que buscam melhorar a infraestrutura do país e atacar
os problemas estruturais que afetam a competitividade, como deficiências no estado de direito,
fragilidades no cumprimento dos contratos e dificuldades na abertura de empresas.

Opinião das autoridades

39. As autoridades concordaram com a necessidade de acelerar e aprofundar as reformas


para melhorar o ambiente de negócios com vistas a aumentar a competitividade. Houve
algumas divergências de opinião no que respeita à adequação das reservas internacionais, que
alguns consideravam mais do que apropriadas, podendo vir a constituir também uma fonte de
financiamento do orçamento. Embora o corpo técnico concorde que tal faria sentido de uma
perspetiva de gestão de ativos e passivos, recomendou claramente a definição e delimitação das
funções das reservas internacionais, entre aquelas consignadas à estabilização da receita e aquelas
que serviriam a outros propósitos.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 19


ANGOLA

F. Questões Relativas aos Dados

40. A compilação e disseminação de dados em Angola melhoraram desde o fim da guerra


civil, mas ainda há muita margem para melhorias. A disponibilidade de dados sobre o setor
petrolífero é desigual, mas basicamente adequada em termos agregados — são publicados dados
orçamentais mensais sobre as exportações e as receitas, mas não dados mensais sobre a produção.
Os dados sobre o setor de diamantes estão disponíveis apenas em base anual. O INE publica
informações mensais sobre os preços no consumidor e do comércio por grosso referentes a Luanda,
e está a alargar os índices para cobrir o restante do país; lançou recentemente a primeira edição das
Contas Nacionais, contendo dados anuais sobre o produto, a despesa e os rendimentos no período
2002-12 e tem planos de começar a publicar estimativas trimestrais do PIB em 2015. O Ministério
das Finanças fez grandes avanços na melhoria da qualidade das contas públicas, para o qual
contribuiu a incorporação de todos os gastos públicos no orçamento a partir de 2013. Contudo, a
atualidade e disponibilidade de um conjunto completo de contas públicas ainda é insuficiente, o
que reflete, em grande medida, os desafios na reconciliação dos fluxos de receitas do petróleo e as
despesas de capital financiadas através de linhas de crédito externas. O BNA realizou melhorias
substanciais na recolha e disseminação de dados dos setores monetário e financeiro, mas a
reconciliação dos dados financeiros e orçamentais ainda é problemática. Os dados sobre o setor
externo são desiguais e são publicados apenas com grande desfasamento. Os dados sobre as
transações da conta de capital privado ainda apresentam deficiências e precisam de ser mais
desenvolvidos.

AVALIAÇÃO DO CORPO TÉCNICO


41. Angola conquistou resultados notáveis em termos de crescimento e estabilidade
económica desde o fim da guerra civil. A inflação atingiu mínimos históricos, as reservas
internacionais são adequadas e o país começou a poupar parte da riqueza do petróleo para as
gerações futuras. Esta gestão macroeconómica exitosa pode ser mantida com o desenvolvimento de
um quadro coerente de gestão de ativos e passivos que satisfaça necessidades diferentes porém
importantes, que inclua um fundo de estabilização fiscal para proteger o orçamento anual da
volatilidade das receitas do petróleo, um fundo soberano de poupança para as gerações futuras
quando forem gerados excedentes orçamentais e uma política de endividamento a médio prazo
que contribua para a gestão dos défices orçamentais e o desenvolvimento do mercado de capitais
interno.

42. Os défices orçamentais emergentes devem ser abordados para preservar o espaço para
a consecução dos objetivos das autoridades de reconstrução das infraestruturas e redução da
pobreza e da desigualdade. Não obstante a possibilidade de descobertas comercialmente viáveis
de petróleo no pré-sal, o corpo técnico urge as autoridades a esperar pelo melhor e preparar-se
para o pior. Os défices orçamentais projetados para os próximos cinco anos devem ser reduzidos, e
Angola deveria retornar aos excedentes orçamentais a médio prazo, o que pode ser atingido com
esforços concertados para reformar a administração dos impostos não petrolíferos, modernizar a
política salarial do setor público e reduzir e, por fim, eliminar os subsídios aos combustíveis, que são

20 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

onerosos e regressivos, alargando a rede de proteção social para as camadas mais pobres da
população. No futuro, as obrigações fiscais devem ser fiscalizadas com rigor, para evitar o risco
moral na sequência da anistia fiscal parcial concedida recentemente.

43. A baixa eficiência do investimento público precisa de ser abordada. Uma opção para
limitar o custo do aumento das despesas de capital e melhorar a eficiência seria o desenvolvimento
e a implementação de um sistema de gestão do investimento público, que poderia reduzir
consideravelmente o custo do investimento público, otimizar o uso dos recursos, facilitar a
necessária modernização das infraestruturas de Angola e, em simultâneo, conter os custos futuros
com manutenção e reparos.

44. Eliminar os atrasados de pagamentos internos é uma necessidade que exige


empenhamento e vigilância constantes. As medidas recentes para fortalecer a gestão das finanças
públicas — inclusive através do reforço da função do Ministério das Finanças na aprovação dos
contratos, e do estabelecimento de um vínculo claro entre os cronogramas de execução e
pagamento dos projetos e os recursos orçamentais disponíveis — são um passo importante nesse
sentido. Contudo, a melhor gestão das finanças públicas numa base duradoura requer o apoio
constante nos mais altos níveis à implementação do plano de ação das autoridades.

45. O atual nível das reservas internacionais proporciona uma margem de proteção
apropriada, e uma certa dose de flexibilidade cambial poderia aliviar as pressões sobre o BNA
para a provisão de divisas ao mercado. A concentração das exportações angolanas numa
matéria-prima de comportamento volátil, bem como o nível atualmente elevado (ainda que em
declínio) de dolarização da economia e do sistema financeiro, exigem que o nível de reservas
internacionais seja superior ao que em geral se considera apropriado noutros países. O atual nível
das reservas internacionais parece suficiente e a margem para reduções é pequena ou inexistente.
A inflação abaixo do esperado proporciona uma oportunidade para a introdução de alguma
flexibilidade cambial. Dispor de mais flexibilidade cambial reduziria a expectativa do público acerca
de uma taxa de câmbio fixa e o sensibilizaria quanto às duas faces do risco cambial. Isso, por sua
vez, conteria a assunção de riscos e, em última análise, tornaria a economia mais resistente a
flutuações na taxa de câmbio. O corpo técnico incentiva a maior liberalização do regime cambial,
uma vez que a atual conjuntura angolana parece apoiar um avanço no sentido da aceitação das
obrigações previstas nas Secções 2(a), 3 e 4 do Artigo VIII do Convénio Constitutivo.

46. A diversificação económica é um imperativo não apenas para reduzir a dependência


do petróleo mas também para aumentar o emprego e reduzir a pobreza. A redução sustentável
da pobreza terá de ser alcançada através da criação de emprego, principalmente por meio do
desenvolvimento das pequenas e médias empresas do setor não petrolífero, que são responsáveis
pelo maior número de postos de trabalho. A agenda de reformas das autoridades aborda uma série
de constrangimentos profundos à realização de negócios em Angola, tratando de temas como a
melhoria do acesso ao crédito e à formação, e a racionalização dos procedimentos para a abertura
de empresas e a redução dos seus custos. A implementação dessas iniciativas, juntamente com a
modernização das infraestruturas, é fundamental para aumentar a competitividade. Mas a
majoração recente dos direitos de importação para fomentar a produção no setor não petrolífero

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 21


ANGOLA

deve ser objeto de análise periódica, com vista à sua eliminação dentro de um prazo específico,
antes que os interesses pessoais se cristalizem.

47. A intermediação financeira continua a crescer com vigor acompanhando o processo de


desdolarização, e a estabilidade financeira deve ser apoiada por novos aperfeiçoamentos na
supervisão. O abrandamento recente da política monetária foi apropriado dado que a inflação
encontra-se abaixo da meta do BNA. Contudo, o BNA deve manter-se vigilante acerca das pressões
inflacionistas. A implementação eficaz e equilibrada das normas prudenciais, nomeadamente os
novos regulamentos para a avaliação mais uniforme dos créditos vencidos, ajudará a estimular a
confiança no sistema bancário. O acompanhamento rigoroso do cumprimento das medidas
acordadas com a administração do BESA deve ajudar a conter o possível custo fiscal da garantia
pública concedida a esse banco no final de 2013. A legislação aprovada recentemente proporciona
um grau apropriado de transparência na concessão de garantias governamentais no futuro. Acelerar
a implementação do plano de ação para superar as deficiências remanescentes no quadro de CBCFT
de Angola também contribuiria para o fortalecimento do sistema financeiro.

48. Os dados macroeconómicos de Angola são basicamente apropriados para fins de


monitoramento. Foram feitos avanços na melhoria da compilação e disseminação de estatísticas,
mas ainda é preciso colmatar algumas lacunas, sobretudo na produção de contas públicas mais
detalhadas e atempadas e na cobertura da balança de pagamentos.

49. O corpo técnico recomenda que a próxima consulta a Angola ao abrigo do Artigo IV
seja realizada no ciclo normal de doze meses.

22 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Figura 1. Angola: Evolução Orçamental, 2003–15

A produção de petróleo caiu nos últimos dois anos As exportações e receitas do petróleo registaram uma
mas espera-se que volte a subir. queda acentuada em 2014...
80 80
Produção de petróleo Exportações e receitas do petróleo
(Milhões de barris por dia) (Mil milhões de USD)
2,0 2,0 70 70

60 60

50 50
1,5 1,5
40 40

30 30

1,0 1,0
20 20

10 10

0,5 0,5 0 0

Receita do petróleo Exportações de petróleo

... enquanto as despesas fiscais como percentagem Por conseguinte, espera-se que o excedente fiscal se
do PIB continuaram a aumentar. transforme em défice e que o SPNP se deteriore.
70 70 20 20
Despesa Saldo primário global e não petrolífero
(Percentagem do PIB) (% do PIB e % do PIB não petrolífero, respectivamente)
60 60 0
15

50 50 -20
10

40 40 -40
5
30 30 -60

0
20 20 -80

-5
10 10 -100

0 0 -10 -120

Despesas de capital Despesas correntes Saldo global Saldo primário não petrolífero (dir.)

Fontes: Autoridades angolanas e estimativas do corpo técnico do FMI.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 23


ANGOLA

Figura 2. Angola: Evolução Monetária, 2007–15


O crescimento do crédito desacelerou em 2013, mas a massa monetária aumentou.
90
Crescimento do crédito e de M2
80
(Percentagem)
70
60
50
40
30
20
10
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 P. 2015 P.

Crescimento do crédito Crescimento de M2

A tendência de desdolarização continuou, com o crédito e os depósitos em ME abaixo dos 50%.


80
Depósitos e empréstimos em moeda estrangeira
(Percentagem do total de depósitos e empréstimos)
60

40

20

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 P. 2015 P.
Depósitos em moeda estrangeira Empréstimos em moeda estrangeira

E a desaceleração constante do crescimento da base monetária precedeu a descida da inflação.


20
Inflação e crescimento da base monetária 9
18 (Percentagem)
16 7
14
5
12
10 3
8
1
6
4 -
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 P. 2015 P.

Inflação pelo IPC (t) Crescimento da base monetária (t-1) (dir.)

Fontes: Autoridades angolanas e cálculos do corpo técnico do FMI.

24 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Figura 3. Angola: Evolução do Sector Externo, 2003–15


Segundo as medidas tradicionais, a acumulação de reservas abrandou em 2013.

35 35 9 9
Percentagem do PIB Meses de importações do ano seguinte
30 30 8 8
7 7
25 25
6 6
20 20 5 5
15 15 4 4
3 3
10 10
2 2
5 5 1 1
0 0 0 0
2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 P. 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 P.

O nível das reservas em relação ao PIB ou às importações do ano seguinte ainda são inferiores aos
dos países comparáveis...
100 100 40 40
Reservas/PIB, percentagem,(2013) Reservas/import. ano seguinte, meses (2013)
80 80
30 30

60 60
20 20
40 40

10 10
20 20

0 0 0 0
ALG BOL TTO IRQ URYAGOMAURUS QATNGAYEM ALG TTO BOL URY RUS IRQ QAT AGONGA YEMMAU

...especialmente em relação à reserva do serviço da dívida externa do ano seguinte,


a acumulação tem sido modesta ou declinante.
120 120 8 8
Percentagem de M2
Rácio com o serviço da dívida do ano seguinte
100 100
6 6
80 80

60 60 4 4

40 40
2 2
20 20

0 0 0 0
2003 2005 2007 2009 2011 2013 2003 2005 2007 2009 2011 2013

Fontes: Autoridades angolanas e cálculos do corpo técnico do FMI.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 25


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Figura 4. Angola: Matriz de Avaliação do Risco (Junho de 2014)1


Possíveis desvios em relação ao cenário de base
Probabili- Impacto em
Fonte de Risco Reação de Política
dade relativa Angola

Permitir alguma flexibilidade cambial e reduzir o


défice orçamental através da moderação no ritmo de
Declínio prolongado da produção de petróleo Média Médio implementação do programa de investimento
público, financiando o défice restante com o uso dos
depósitos do governo no banco central.

Reforçar o grupo de trabalho interministerial que


Riscos de curto prazo

Deterioração na governança (abandono do processo de


Média Alto presta aconselhamento técnico ao processo de
reconciliação dos fluxos de receitas do petróleo)
reconciliação.

Efeitos colaterais das condições financeiras mundiais:


a) Aumento acentuado da volatilidade no mercado financeiro
mundial desencadeado por tensões geopolíticas ou por
expectativas de mercado revistas sobre o abandono das políticas Alta Adiar a primeira emissão de obrigações (prevista
monetárias não convencionais/os fundamentos dos mercados para o outono de 2014) até que os mercados
Baixo
emergentes. internacionais estabilizem; e continuar a desenvolver
(b) Acumulação contínua de distorções causadas pelo período fontes internas de financiamento.
prolongado de baixas taxas de juro: excesso de alavancagem,
Baixa
sobretudo nas empresas; atrasos nas reformas orçamentais e
estruturais
Estimular a receita interna não petrolífera e a GFP
Declínio sustentado dos preços das matérias-primas, desencadeado para criar a margem de manobra orçamental e
pelo abrandamento da procura mundial e início de excesso de Média Alto aumentar a eficiência dos gastos orçamentais no
capacidade (médio prazo) contexto de um envelope global de recursos em
declínio.
Desaceleração do crescimento na China:
(a) a) Acumulação contínua e futura correção do excesso de
capacidade, o que poderia resultar numa forte desaceleração do
Média Alto Introduzir uma função de estabilização orçamental na
crescimento e em grandes perdas financeiras e orçamentais
(médio prazo) gestão das reservas e do FSDEA e buscar fontes
alternativas de financiamento externo para alargar as
b) b) Desaceleração acentuada do crescimento em 2014. O opções de financiamento e assegurar a
crescimento poderia ser muito inferior à meta das autoridades, implementação sustentada dos projetos de capital.
Baixa
tendo como causa uma amplitude de motivos e na ausência de
medidas compensatórias de estímulo.
Período prolongado de crescimento mais brando nas economias
avançadas e emergentes:

a) Economias avançadas: Crescimento potencial inferior ao


previsto e inflação persistentemente baixa devido à incapacidade Acelerar a implementação de reformas estruturais
de solucionar todos os problemas causados pela crise financeira, para aumentar a competitividade da produção
Alta Médio
o que levaria à estagnação secular. interna frente às importações das economias
avançadas e emergentes.
b) Mercados emergentes: Amadurecimento do ciclo, má afetação
do investimento e reformas estruturais incompletas, conduzido a
um período prolongado de crescimento mais lento.

Tensão nos mercados de títulos devido à reavaliação do risco


soberano:
Riscos de médio prazo

Japão: Abenomics vacila; procura interna deprimida e deflação


Média
conduzem a tensões no mercado de obrigações (médio prazo)
Ajustar a estratégia de gestão de ativos e passivos a
Área do euro: A tensão soberana ressurge devido às reformas médio prazo à função de estabilização orçamental;
incompletas, resultados inesperados do exame da qualidade dos passar a utilizar de preferência fontes de
Baixa Baixo
ativos e testes de esforço na ausência de um mecanismo de apoio financiamento interno.
orçamental
Estados Unidos: insucesso prolongado em chegar a um plano
fiável para garantir a sustentabilidade orçamental (médio Baixa
prazo)
Riscos regional geopolíticos (fluxos financeiros, preços das matérias-
primas e cadeias de abastecimento)
a) Um forte aumento nas tensões geopolíticas envolvendo a
Adiar os gastos de investimento não-críticos e
Rússia e a Ucrânia que acarrete transtornos significativos ao nível
Média Alto financiar o défice orçamental mais elevado com os
mundial nos mercados financeiros, comerciais e de matérias-
depósitos do governos.
primas.
b) Elevados riscos geopolíticos no Médio Oriente, que Manter inalteradas as despesas públicas e destinar
provoque um forte aumento dos preços do petróleo, com Alta Alto as receitas extraordinárias às reservas internacionais
repercussões negativas para a economia mundial. e ao FSDEA.
Priorizar os projetos de investimento, minimizar os
Atraso na implementação do CFMP (que conduza ao financiamento
Alta Médio gastos de baixa prioridade e manter os gastos
imprudente da dívida soberana)
sociais.
Administrar as garantias públicas com transparência
e de modo a minimizar os custos orçamentais.
Garantias governamentais aos bancos em dificuldades resultem em
Implementar a resolução bancária com a
custos orçamentais expressivos e crie o risco moral no sistema Média Médio
responsabilização dos acionistas. Fortalecer a
bancário
supervisão bancária e fiscalizar a aplicação dos
regulamentos prudenciais.
1
A Matriz de Avaliação do Risco (MAR) lista os eventos que podem alterar de forma material o cenário de base (o cenário mais provável de se concretizar na perspetiva do corpo
técnico do FMI). A classificação da probabilidade relativa dos riscos aqui descritos é fruto da avaliação subjetiva do corpo técnico do FMI acerca dos riscos ao cenário de base
("baixa" indica uma probabilidade abaixo dos 10%; "média" indica uma probabilidade situada entre os 10 e 30% e "alta" indica uma probabilidade igual ou superior aos 30%). A MAR
reflete a opinião do corpo técnico sobre a fonte de risco e o nível geral das preocupações à altura das discussões com as autoridades. Os riscos não mutuamente exclusivos podem
interagir e se concretizar em simultâneo.

26 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Figura 5. Angola: Principais Recomendações da Consulta de 2012 ao abrigo do Artigo IV e


Ponto da Situação

Área Recomendação Ponto da situação


Orçamental Formular a política Em curso. Em 2013 foi introduzido um processo de cabimentação
orçamental com base plurianual para o investimento público. A assistência técnica ora
num cenário fiscal de prestada pelo FMI está a ajudar as autoridades a desenvolver as
médio prazo (CFMP), capacidades visando a utilização efetiva do CFMP para formular
ancorado no saldo uma lei de responsabilidade fiscal nos próximos anos.
primário não petrolífero
Impedir a recorrência de Em curso. As reformas da gestão das finanças públicas (GFP)
atrasados internos também avançaram, com a introdução de duas medidas cruciais
volumosos para controlar a proliferação de atrasados de pagamentos internos:
i) a lei-quadro do OGE inclui agora uma definição clara de
atrasados que é compatível com as boas práticas internacionais; e
ii) um novo procedimento de controlo exige a confirmação, pelo
Ministério das Finanças, de todos os contratos de valor superior a
USD 1,5 milhões.
Avançar com a agenda Em curso. Os principais códigos da reforma da tributação não
de reforma fiscal do petrolífera foram aprovados pela Assembleia Nacional em 4 de
sector não petrolífero julho de 2014, abrindo caminho para as próximas etapas.
Conter os custos dos Não cumprida.
subsídios energéticos

Aumentar a Parcialmente cumprida. Desde 2011 a Conta Geral do Estado inclui


transparência fiscal e uma reconciliação completa dos stocks e fluxos das receitas do
melhorar a governação, petróleo. Não são publicadas regularmente dados sobre a dívida
sobretudo em relação ao fiscal ou pública.
fluxo de recursos do
petróleo
Eliminar gradualmente as Parcialmente cumprida. A única operação parafiscal que ainda resta
operações parafiscais é a parcela dos subsídios do petróleo não autorizada na lei do
orçamento. A autorização para que a Sonangol realize despesas
extraorçamentais com os programas de habitação foi revogada.
Reduzir a comissão paga Parcialmente cumprida. Desde 2013, as receitas da Sonangol como
pelo Tesouro à Sonangol concessionária foram reduzidas de 10% para 7%, mas a fórmula
como concessionária ainda não utiliza um sistema de reembolsos das despesas da
nacional concessionária com base nos custos incorridos, de forma a reduzir
a perda de recursos orçamentais.
Implementar uma Não cumprida.
contabilidade e relatórios
separados relativos às
receitas e balanços da
função de concessionária

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 27


ANGOLA

Figura 5. Angola: Principais Recomendações da Consulta de 2012 ao abrigo do Artigo IV e


Ponto da Situação (conclusão)

Monetária e Melhorar a supervisão Em curso. O Comité de Estabilidade Financeira foi criado e o BNA
financeira financeira publicou três Relatórios de Estabilidade Financeira. É preciso
intensificar a fiscalização das regras e regulamentos existentes, e
reforçar os regulamentos sobre créditos vencidos e provisões.
Melhorar a governação Parcialmente cumprida. Em 2013 o BNA emitiu uma série de novos
societária do sistema regulamentos relativos à governança corporativa para o sistema
financeiro financeiro, elaborados com base nas recomendações do FSAP de
2011. O BNA emitiu também uma série de regulamentos exigindo
aos bancos e outras instituições financeiras a divulgação da sua
estrutura de propriedade e organização interna, incluindo os
sistemas de controlo interno.
Prosseguir no processo Em curso. O BNA removeu acertadamente e reverteu os
de desdolarização desincentivos aos instrumentos de poupança em moeda nacional,
uniformizando os requisitos de reservas dos depósitos em moeda
nacional e em moeda estrangeira. A nova lei cambial do setor
petrolífero deu novo ímpeto à desdolarização.
Continuar a acumular Cumprida. As reservas internacionais aumentaram cerca de
reservas internacionais USD 5 mil milhões desde o final de 2011.
Reduzir o excesso de Cumprida. O BNA mostrou-se propenso a reduzir o crónico excesso
liquidez de reservas, bem como as reservas mantidas na facilidade de
depósito.
Alinhar o nível das Cumprida. As reservas obrigatórias sobre os depósitos em moeda
reservas obrigatórias nacional foram reduzidas.
sobre depósitos em
moeda estrangeira ao
dos depósitos em moeda
nacional
Reforçar as reservas de Cumprida na generalidade. Os requisitos mínimos de capital foram
capital do sistema elevados em 2013.
bancário
Abordar as deficiências Em curso. A legislação aprovada no final de 2013 aborda a questão
no regime de combate mais premente identificada pelo Grupo de Ação Financeira (GAFI).
ao branqueamento de A Unidade de Informação Financeira de Angola foi recentemente
capitais e financiamento admitida como novo membro do Grupo Egmont.
do terrorismo (CBC/FT)
Aceitar as obrigações Não cumprida.
previstas nas Secções
2(a), 3 e 4 do Artigo VIII
Estatísticas Alargar a cobertura das Não cumprida.
estatísticas da dívida para
que inclua as empresas
públicas

28 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


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Tabela 1. Angola: Principais Indicadores Económicos, 2009–151


2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Prel. Proj.

Economia real (variação percentual, salvo indicação em contrário)


Produto interno bruto real 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 3,9 5,9
Setor petrolífero -5,1 -3,0 -5,4 4,5 -1,1 -3,5 2,6
Setor não petrolífero 8,1 7,6 9,5 5,5 10,8 7,3 7,3

Produto interno bruto nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 8,8 7,8 9,7
Setor petrolífero -25,4 27,6 36,7 8,4 -3,3 -1,1 2,6
Setor não petrolífero 21,1 25,7 22,8 16,4 19,0 13,9 13,9

Deflator do PIB -7,4 22,4 24,2 7,1 1,9 3,7 3,5


Deflator do PIB não petrolífero 12,1 16,8 12,2 10,3 7,4 6,1 6,2

Preços no consumidor (média anual) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 7,3
Preços no consumidor (fim de período) 14,0 15,3 11,4 9,0 7,7 7,4 7,2

Produto interno bruto (mil milhões de kwanzas) 5.989 7.580 9.780 11.011 11.984 12.917 14.167
Produto interno bruto petrolífero (mil milhões de kwanzas) 2.662 3.396 4.641 5.030 4.864 4.808 4.933
Produto interno bruto não petrolífero (mil milhões de kwanzas) 3.327 4.184 5.139 5.982 7.120 8.109 9.234
Produto interno bruto (mil milhões de USD) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,2 131,4 141,8

Produto interno bruto per capita (USD) 4.081 4.329 5.305 5.706 5.964 6.128 6.418

Governo central (percentagem do PIB)


Total da receita 34,5 43,5 48,8 45,9 41,0 37,5 37,0
D/q: Petrolífera 24,2 33,0 39,0 37,3 30,0 27,2 26,5
D/q: Não petrolífera 9,0 7,8 7,3 6,6 8,1 8,2 8,6
Total da despesa 41,9 40,0 40,2 41,3 40,7 41,6 41,2
Despesas correntes 29,5 28,6 30,0 29,0 28,7 29,6 29,3
Despesas de capital 12,4 11,4 10,2 12,3 12,0 12,0 11,9
Saldo orçamental global -7,4 3,4 8,7 4,6 0,3 -4,1 -4,2
Saldo orçamental primário não petrolífero -29,8 -26,2 -26,9 -29,2 -27,5 -28,9 -27,9
Saldo orçamental primário não petrolífero (% do PIB não petrolífero) -53,7 -47,4 -51,1 -53,7 -46,2 -46,0 -42,8

Moeda e crédito (fim de período, variação percentual)


Massa monetária (M2) 62,6 14,0 33,5 8,4 15,3 21,4 19,8
Percentagem do PIB 38,5 34,6 35,9 34,5 36,5 41,1 44,9
Velocidade (PIB/M2) 2,6 2,9 2,8 2,9 2,7 2,4 2,2
Velocidade (PIB não petrolífero/M2) 1,4 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5 1,5
Crédito ao setor privado (variação percentual em 12 meses) 59,5 25,0 30,4 24,2 10,9 15,2 17,7

Balança de pagamentos
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0
Exportações de bens, FOB (percentagem do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2
D/q: Exportações de petróleo e gás (percentagem do PIB) 52,8 58,8 62,3 60,1 53,7 49,4 46,1
Importações de bens, FOB (percentagem do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5
Saldo da conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0

Reservas internacionais brutas (fim de período, milhões de USD) 13.238 19.339 28.396 33.035 33.179 33.898 35.113
Reservas internacionais brutas (meses de import. do ano seguinte) 4,5 5,3 7,4 7,8 7,7 7,5 7,4
Reservas internacionais líquidas (fim de período, milhões de USD) 12.514 16.848 26.083 30.632 30.987 32.464 34.064

Taxa de câmbio
Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 96,5 … …
Taxa de câmbio oficial (fim de período, kwanzas por USD) 89,4 92,6 95,3 95,8 97,5 … …

Dívida (percentagem do PIB)


Total da dívida (bruta) do setor público 49,9 39,8 32,2 29,6 34,6 36,6 38,8

Petróleo
Produção de petróleo (milhões de barris por dia) 1,809 1,758 1,660 1,735 1,716 1,656 1,700
Exportações de petróleo e gás (mil milhões de USD) 39,9 48,5 64,8 69,3 66,7 64,9 65,4
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 110,3 110,9 107,3 107,9 106,1
Preço do petróleo Brent (média, USD por barril) 61,9 79,6 111,0 112,0 109,1 108,2 106,1
Preço do petróleo segundo o WEO (média, USD por barril) 61,8 79,0 104,0 105,0 104,1 106,1 102,8
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Incorpora o impacto da nova lei cambial a partir de 2013.

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Tabela 2a. Angola: Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15


(Mil milhões de Kwanzas)
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Prel. Proj.

Receitas 2.070 3.295 4.776 5.054 4.920 4.841 5.245


Impostos 1.988 3.094 4.528 4.826 4.571 4.574 4.970
Petrolíferos 1.449 2.500 3.817 4.103 3.599 3.516 3.749
Não petrolíferos 539 594 711 723 972 1.058 1.222
Contribuições sociais 16 76 90 107 206 165 153
Donativos 2 2 2 2 2 1 0
Outras receitas 63 123 156 120 141 101 122

Despesas 2.510 3.034 3.928 4.549 4.880 5.371 5.835


D/q: Despesas com atrasados internos ... 140 154 220 72 ... ...
Despesas 1.767 2.166 2.935 3.193 3.443 3.818 4.147
Remuneração dos empregados 665 714 877 1.031 1.155 1.300 1.423
Uso de bens e serviços 383 625 1.037 1.305 1.231 1.412 1.548
Petrolíferos 0 166 246 280 169 162 173
Não petrolíferos 383 459 790 1.025 1.062 1.249 1.375
Juros 103 90 95 105 99 152 212
Internos 24 27 56 68 59 75 93
Externos 79 63 38 37 40 76 119
Subsídios 308 507 766 548 670 744 751
Outras despesas 307 232 159 203 287 210 212
Aquisição líquida de ativos não financeiros 743 868 993 1.356 1.437 1.553 1.688
Com financiamento interno 518 714 659 972 1.005 753 788
Com financiamento externo 226 154 186 384 432 800 900

Capacidade (+)/necessidade (-) líquida de financiamento -440 261 855 505 40 -530 -590

Discrepância estatística 47 -22 56 -100 141 0 0

Aquisição líquida de ativos financeiros (+: aumento) -144 14 805 604 300 106 118
Internos -160 1 660 244 -155 -94 118
Numerário e depósitos -535 298 780 489 -29 -66 118
D/q: Pagamento de atrasados internos … -164 -59 -84 -195 -73 0
Ações e quotas de fundos de investimento 0 -1 0 8 0 -28 0
Outras contas a receber 376 -297 -120 -253 -126 0 0
Externos 16 13 145 361 455 200 0
Numerário e depósitos 16 13 145 361 455 200 0

Aumento líquido de passivos 343 -270 6 0 574 635 708


Internos 269 -286 -44 -218 340 96 171
Títulos da dívida -89 -78 -187 -415 58 133 121
D/q: Títulos de regularização dos atrasados internos … 366 131 187 -195 -1 0
Empréstimos 20 -49 -42 -59 0 130 50
Outras contas a pagar 337 -158 184 256 282 -168 0
D/q: Atrasados internos incorridos ... 140 154 220 72 ... ...
D/q: Pagamento de atrasados internos (-: redução) … -530 -190 -271 -308 -72 0
Externos 74 16 51 218 234 539 536
Títulos da dívida 111 16 51 218 234 539 536
Desembolsos 380 154 186 384 432 950 1.050
Amortizações -269 -138 -135 -166 -199 -411 -514
Outras contas a pagar -36 0 0 0 0 0 0

Por memória:
Saldo orçamental primário não petrolífero -1.787 -1.984 -2.627 -3.212 -3.291 -3.731 -3.953
Percentagem do PIB não petrolífero -53,7 -47,4 -51,1 -53,7 -46,2 -46,0 -42,8
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 108,7 110,9 107,3 107,9 106,1
Gastos sociais 0 0 0 1.410 1.635 1.799 1.955
Stock de atrasados internos 786 396 359 307 72 … …
Dívida (bruta) do sector público, valor facial 2.987 3.017 3.149 3.260 4.143 4.731 5.500
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.

30 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Tabela 2b. Angola: Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15


(Percentagem do PIB)
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Prel. Proj.

Receitas 34,6 43,5 48,8 45,9 41,1 37,5 37,0


Impostos 33,2 40,8 46,3 43,8 38,1 35,4 35,1
Petrolíferos 24,2 33,0 39,0 37,3 30,0 27,2 26,5
Não petrolíferos 9,0 7,8 7,3 6,6 8,1 8,2 8,6
Contribuições sociais 0,3 1,0 0,9 1,0 1,7 1,3 1,1
Donativos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Outras receitas 1,1 1,6 1,6 1,1 1,2 0,8 0,9

Despesas 41,9 40,0 40,2 41,3 40,7 41,6 41,2


D/q: Despesas com atrasados internos … 1,8 1,6 2,0 0,6 … …
Despesas 29,5 28,6 30,0 29,0 28,7 29,6 29,3
Remuneração dos empregados 11,1 9,4 9,0 9,4 9,6 10,1 10,0
Uso de bens e serviços 6,4 8,2 10,6 11,9 10,3 10,9 10,9
Petrolíferos 0,0 2,2 2,5 2,5 1,4 1,3 1,2
Não petrolíferos 6,4 6,1 8,1 9,3 8,9 9,7 9,7
Juros 1,7 1,2 1,0 1,0 0,8 1,2 1,5
Internos 0,4 0,4 0,6 0,6 0,5 0,6 0,7
Externos 1,3 0,8 0,4 0,3 0,3 0,6 0,8
Subsídios 5,2 6,7 7,8 5,0 5,6 5,8 5,3
Outras despesas 5,1 3,1 1,6 1,8 2,4 1,6 1,5
Aquisição líquida de ativos não financeiros 12,4 11,4 10,2 12,3 12,0 12,0 11,9
Com financiamento interno 8,6 9,4 6,7 8,8 8,4 5,8 5,6
Com financiamento externo 3,8 2,0 1,9 3,5 3,6 6,2 6,4

Capacidade (+)/necessidade (-) líquida de financiamento -7,4 3,4 8,7 4,6 0,3 -4,1 -4,2

Discrepância estatística 0,8 -0,3 0,6 -0,9 1,2 0,0 0,0

Aquisição líquida de ativos financeiros (+: aumento) -2,4 0,2 8,2 5,5 2,5 0,8 0,8
Internos -2,7 0,0 6,7 2,2 -1,3 -0,7 0,8
Numerário e depósitos -8,9 3,9 8,0 4,4 -0,2 -0,5 0,8
D/q: Pagamento de atrasados internos … -2,2 -0,6 -0,8 -1,6 -0,6 …
Ações e quotas de fundos de investimento 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 -0,2 0,0
Outras contas a receber 6,3 -3,9 -1,2 -2,3 -1,1 0,0 0,0
Externos 0,3 0,2 1,5 3,3 3,8 1,5 0,0
Numerário e depósitos 0,3 0,2 1,5 3,3 3,8 1,5 0,0

Aumento líquido de passivos 5,7 -3,6 0,1 0,0 4,8 4,9 5,0
Internos 4,5 -3,8 -0,5 -2,0 2,8 0,7 1,2
Títulos da dívida -1,5 -1,0 -1,9 -3,8 0,5 1,0 0,9
D/q: Títulos de regularização dos atrasados internos … 4,8 1,3 1,7 -1,6 0,0 0,0
Empréstimos 0,3 -0,6 -0,4 -0,5 0,0 1,0 0,4
Outras contas a pagar 5,6 -2,1 1,9 2,3 2,3 -1,3 0,0
D/q: Atrasados internos incorridos … 1,8 1,6 2,0 0,6 … …
D/q: Pagamento de atrasados internos (-: redução) … -7,0 -1,9 -2,5 -2,6 -0,6 0,0
Externos 1,2 0,2 0,5 2,0 2,0 4,2 3,8
Títulos da dívida 1,9 0,2 0,5 2,0 1,9 4,2 3,8
Outras contas a pagar -0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Por memória:
Saldo orçamental primário não petrolífero -29,8 -26,2 -26,9 -29,2 -27,5 -28,9 -27,9
Receita não petrolífera 10,3 10,5 9,8 8,6 11,0 10,2 10,6
Gastos sociais 0,0 0,0 0,0 12,8 13,6 13,9 13,8
Stock de atrasados internos 13,1 5,2 3,7 2,8 0,6 … …
Dívida (bruta) do sector público, valor facial 49,9 39,8 32,2 29,6 34,6 36,6 38,8
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 31


ANGOLA

Tabela 2c. Angola: Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15


(Percentagem do PIB não petrolífero)
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Prel. Proj.

Receitas 62,2 78,8 92,9 84,5 69,1 59,7 56,8


Impostos 59,8 74,0 88,1 80,7 64,2 56,4 53,8
Petrolíferos 43,6 59,8 74,3 68,6 50,5 43,4 40,6
Não petrolíferos 16,2 14,2 13,8 12,1 13,7 13,0 13,2
Contribuições sociais 0,5 1,8 1,7 1,8 2,9 2,0 1,7
Donativos 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Outras receitas 1,9 3,0 3,0 2,0 2,0 1,2 1,3

Despesas 75,4 72,5 76,4 76,0 68,5 66,2 63,2


D/q: Despesas com atrasados internos … 3,3 3,0 3,7 1,0 … …
Despesas 53,1 51,8 57,1 53,4 48,4 47,1 44,9
Remuneração dos empregados 20,0 17,1 17,1 17,2 16,2 16,0 15,4
Uso de bens e serviços 11,5 14,9 20,2 21,8 17,3 17,4 16,8
Petrolíferos 0,0 4,0 4,8 4,7 2,4 2,0 1,9
Não petrolíferos 11,5 11,0 15,4 17,1 14,9 15,4 14,9
Juros 3,1 2,1 1,8 1,8 1,4 1,9 2,3
Internos 0,7 0,6 1,1 1,1 0,8 0,9 1,0
Externos 2,4 1,5 0,7 0,6 0,6 0,9 1,3
Subsídios 9,3 12,1 14,9 9,2 9,4 9,2 8,1
Outras despesas 9,2 5,5 3,1 3,4 4,0 2,6 2,3
Aquisição líquida de ativos não financeiros 22,3 20,7 19,3 22,7 20,2 19,2 18,3
Com financiamento interno 15,6 17,1 12,8 16,2 14,1 9,3 8,5
Com financiamento externo 6,8 3,7 3,6 6,4 6,1 9,9 9,7

Capacidade (+)/necessidade (-) líquida de financiamento -13,2 6,2 16,6 8,4 0,6 -6,5 -6,4

Discrepância estatística 1,4 -0,5 1,1 -1,7 2,0 0,0 0,0

Aquisição líquida de ativos financeiros (+: aumento) -4,3 0,3 15,7 10,1 4,2 1,3 1,3
Internos -4,8 0,0 12,8 4,1 -2,2 -1,2 1,3
Numerário e depósitos -16,1 7,1 15,2 8,2 -0,4 -0,8 1,3
D/q: Pagamento de atrasados internos … -3,9 -1,1 -1,4 -2,7 -0,9 …
Ações e quotas de fundos de investimento 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 -0,3 0,0
Outras contas a receber 11,3 -7,1 -2,3 -4,2 -1,8 0,0 0,0
Externos 0,5 0,3 2,8 6,0 6,4 2,5 0,0
Numerário e depósitos 0,5 0,3 2,8 6,0 6,4 2,5 0,0

Aumento líquido de passivos 10,3 -6,4 0,1 0,0 8,1 7,8 7,7
Internos 8,1 -6,8 -0,9 -3,6 4,8 1,2 1,9
Títulos da dívida -2,7 -1,9 -3,6 -6,9 0,8 1,6 1,3
D/q: Títulos de regularização dos atrasados internos … 8,7 2,6 3,1 -2,7 0,0 0,0
Empréstimos 0,6 -1,2 -0,8 -1,0 0,0 1,6 0,5
Outras contas a pagar 10,1 -3,8 3,6 4,3 4,0 -2,1 0,0
D/q: Atrasados internos incorridos … 3,3 3,0 3,7 1,0 … …
D/q: Pagamento de atrasados internos (-: redução) … -12,7 -3,7 -4,5 -4,3 -0,9 …
Externos 2,2 0,4 1,0 3,6 3,3 6,7 5,8
Títulos da dívida 3,3 0,4 1,0 3,6 3,3 6,7 5,8
Outras contas a pagar -1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Por memória:
Saldo orçamental primário não petrolífero -53,7 -47,4 -51,1 -53,7 -46,2 -46,0 -42,8
Receita não petrolífera 18,6 19,0 18,6 15,9 18,5 16,3 16,2
Gastos sociais 0,0 0,0 0,0 23,6 23,0 22,2 21,2
Stock de atrasados internos 23,6 9,5 7,0 5,1 1,0 … …
Dívida (bruta) do sector público, valor facial 89,8 72,1 61,3 54,5 58,2 58,3 59,6
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.

32 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Tabela 3. Angola: Contas Monetárias, 2009–151


(Mil milhões de kwanzas, salvo indicação em contrário)
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Prel. Proj.

I. Síntese Monetária

Ativos externos líquidos 1.289 1.948 3.046 3.250 3.141 3.402 3.722

Ativos internos líquidos 1.259 780 611 626 1.290 1.965 2.694
Crédito (líquido) ao governo central 417 97 -409 -933 -653 -340 -114
Crédito a outras unidades do sector público 66 95 92 102 86 98 111
Crédito ao setor privado 1.267 1.583 2.064 2.563 2.842 3.275 3.855
Outras rubricas (líquido)2 -594 -1.136 -1.300 -1.443 -1.361 -1.497 -1.647

Massa monetária (M3) 2.548 2.728 3.657 3.876 4.432 5.367 6.417
Moeda e quase-moeda (M2) 2.304 2.626 3.506 3.799 4.379 5.315 6.365
Moeda 779 905 1.165 1.286 1.739 2.180 2.670
Moeda em circulação 170 172 209 245 276 346 414
Depósitos à ordem em moeda nacional 609 733 956 1.041 1.463 1.835 2.256
Quase-moeda 260 409 596 724 899 1.127 1.386
Depósitos a prazo e de poupança em moeda nacional 260 409 596 724 899 1.127 1.386
Depósitos em moeda estrangeira 1.265 1.312 1.745 1.790 1.742 2.007 2.308
Instrumentos do mercado monetário e outros passivos 244 102 151 77 52 52 52

II. Autoridades Monetárias

Ativos externos líquidos 1.287 1.934 2.711 3.101 3.123 3.294 3.513
Reservas internacionais líquidas 1.119 1.561 2.485 2.935 3.022 3.216 3.434
Outros ativos externos (líquidos) 168 373 226 166 100 77 79

Ativos internos líquidos -583 -1.092 -1.743 -2.090 -1.959 -1.881 -1.821
Crédito a outras sociedades de depósitos 85 38 85 54 0 0 0
Crédito (líquido) ao governo central -272 -543 -971 -1.357 -1.218 -1.152 -1.268
Crédito a outras unidades do setor público 3 1 0 0 0 0 0 0
Crédito ao setor privado 2 2 0 0 0 0 0
Outras rubricas (líquido)2 -253 -306 -685 -699 -732 -781 -839
Títulos do BNA detidos pelos bancos comerciais -146 -281 -172 -88 -9 51 285

Base monetária 704 843 968 1.011 1.164 1.413 1.692


Moeda em circulação 214 229 288 336 410 514 615
Depósitos dos bancos comerciais 490 613 681 676 754 899 1.077

Por memória:
Base monetária (variação percentual) 75,2 19,6 14,9 4,4 15,1 21,4 19,8
Massa monetária (M3) (variação percentual) 21,5 7,1 34,0 6,0 14,3 21,1 19,6
Moeda e quase-moeda (M2) (variação percentual) 62,6 14,0 33,5 8,4 15,3 21,4 19,8
Crédito ao setor privado (variação percentual) 59,5 25,0 30,4 24,2 10,9 15,2 17,7
Rácio M2/PIB (em percentagem) 42,5 36,0 35,9 34,5 36,5 41,1 44,9
Rácio M2/PIB não petrolífero (em percentagem) 69,2 62,8 68,2 63,5 61,5 65,5 68,9
Multiplicador monetário (M2/base monetária) 3,3 3,1 3,6 3,8 3,8 3,8 3,8
Velocidade (PIB/M2) 2,6 2,9 2,8 2,9 2,7 2,4 2,2
Velocidade (PIB não petrolífero/M2) 1,4 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5 1,5
Crédito ao setor privado (em percentagem do PIB) 21,2 20,9 21,1 23,3 23,7 25,4 27,2
Crédito real ao setor privado (variação percentual) 39,9 8,4 17,1 13,9 3,0 7,3 9,8
Depósitos em moeda estrangeira (parcela do total de depósitos) 59,3 53,4 52,9 50,4 42,4 40,4 38,8
Crédito em ME ao setor priv. (parcela do crédito total ao set. priv.) 63,8 64,4 50,5 44,4 37,3 34,3 32,3
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Fim de período.
2
Inclui a valorização.
3
Inclui o crédito às empresas públicas e às administrações locais.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 33


ANGOLA

Tabela 4. Angola: Balança de Pagamentos, 2009–15


(Milhões de USD, salvo indicação em contrário)
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Prel. Proj.

Conta corrente -7.497 6.683 13.085 13.441 6.812 5.387 2.850


Balança comercial 18.243 33.105 47.082 46.946 41.669 38.912 36.916
Exportações, FOB 40.903 49.772 67.310 70.663 68.013 66.294 66.906
Petróleo bruto 39.346 47.806 63.765 68.441 65.378 63.452 64.031
Produtos petrolíferos refinados e gás 532 722 1.052 845 1.291 1.410 1.348
Diamantes 814 976 1.205 1.160 1.167 1.249 1.337
Outros 212 267 1.288 217 177 183 190
Importações, FOB -22.660 -16.667 -20.228 -23.717 -26.344 -27.382 -29.989
Setor petrolífero -4.326 -3.158 -3.371 -3.571 -3.527 -3.405 -3.495
Setor não petrolífero -18.334 -13.508 -16.858 -20.146 -22.817 -23.977 -26.495
Serviços (líquido) -18.546 -17.897 -22.938 -21.339 -22.967 -22.646 -22.935
Recebimentos 623 857 732 780 1.250 1.346 1.424
Pagamentos -19.169 -18.754 -23.670 -22.119 -24.217 -23.992 -24.359
D/q: Setor petrolífero -12.345 -11.000 -16.442 -18.024 -18.564 -19.017 -19.191
Rendimento (líquido) -6.823 -8.087 -9.697 -10.404 -10.199 -9.001 -9.169
Recebimentos 131 134 210 278 296 374 410
Pagamentos -6.954 -8.221 -9.907 -10.682 -10.495 -9.376 -9.579
D/q: Setor petrolífero -6.263 -7.521 -9.112 -8.963 -8.562 -8.310 -8.386
Transferências (líquidas) -370 -438 -1.362 -1.762 -1.691 -1.878 -1.962
Transferências oficiais 27 -43 -64 -109 21 21 21
Outras transferências -397 -395 -1.298 -1.736 -1.830 -1.899 -1.983
D/q: Remessas dos trabalhadores -395 -393 -231 -297 -318 -308 -311

Conta de capital e financeira 2.542 -871 -3.597 -8.892 -9.269 -4.159 -1.250
Conta de capital 11 1 5 0 3 2 4
Conta financeira 2.531 -872 -3.602 -8.892 -9.272 -4.161 -1.254
Investimento direto estrangeiro 2.199 -4.568 -5.116 -9.639 -8.039 -6.012 -3.245
No país 1 2.205 -3.227 -3.024 -6.222 -5.189 -3.881 -4.812
No estrangeiro -7 -1.340 -2.093 -3.417 -2.850 -2.131 1.567
Investimento de carteira -490 -271 -52 -1.009 -944 -1.230 -1.067
Outros investimentos 822 3.967 1.567 1.756 -289 3.081 3.058
Créditos comerciais -2.063 -2.089 -1.061 -1.146 -1.264 -1.284 -1.208
Numerário e depósitos -544 2.439 2.039 -1.092 -955 -879 -736
Empréstimos 2.632 1.992 2.463 1.366 2.408 5.685 5.371
Empréstimos de médio e longo prazo 813 3.348 3.274 1.707 2.420 5.486 5.367
D/q: Governo central (líquido) 1.398 173 541 2.283 2.420 5.486 5.367
D/q: Outros setores (líquido)2 -751 2.107 2.152 -575 0 0 0
Empréstimos de curto prazo 1.818 -1.356 -811 -341 -11 198 4
Outros 798 1.625 -1.874 2.627 -478 -440 -368

Erros e omissões -405 -970 -220 0 0 0 0

Saldo global -5.359 4.842 9.268 4.549 -2.457 1.228 1.600

Financiamento 5.359 -4.842 -9.268 -4.549 2.457 -1.228 -1.600


Reservas internacionais líquidas das 4.950 -4.334 -9.234 -4.549 2.457 -1.228 -1.600
autoridades monetárias (aumento -)
D/q: Uso do crédito do FMI 367 530 318 137 -261 -509 -385
Financiamento excepcional 409 -508 -34 0 0 0 0

Por memória:
Conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0
Balança de bens e serviços (percentagem do PIB) -0,4 18,4 23,2 22,2 15,1 12,4 9,9
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0
Conta de capital e financeira (percentagem do PIB) 3,4 -1,1 -3,5 -7,7 -7,5 -3,2 -0,9
Saldo global (percentagem do PIB) -7,1 5,9 8,9 3,9 -2,0 0,9 1,1
Donativos oficiais (percentagem do PIB) 0,0 -0,1 -0,1 -0,1 0,0 0,0 0,0

Exportações de bens, FOB (variação percentual) -37,5 21,7 35,2 5,0 -3,8 -2,5 0,9
D/q: Exportações de petróleo e gás (variação percentual -37,6 21,7 33,6 6,9 -3,8 -2,7 0,8
Importações de bens, FOB (variação percentual) 8,0 -26,4 21,4 17,2 11,1 3,9 9,5
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5

Exportações de bens, FOB (parcela do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2
Importações de bens, FOB (parcela do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2

Reservas internacionais brutas


Milhões de USD 13.238 19.339 28.396 33.035 33.179 33.898 35.113
Meses das importações do ano seguinte 4,5 5,3 7,4 7,8 7,7 7,5 7,4

Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 … … …
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Reflecte na sua maioria a recuperação de investimentos no sector de petróleo.
2
Reflecte na sua maioria as empresas públicas.

34 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Tabela 5. Angola: Cenário Ilustrativo de Médio Prazo, 2009–191


2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Prel. Projeções

Economia real (variação percentual, salvo indicação em contrário)


Produto interno bruto real 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2
Setor petrolífero -5,1 -3,0 -5,4 4,5 -1,1 -3,5 2,6 3,2 2,6 2,8 0,0
Setor não petrolífero 8,1 7,6 9,5 5,5 10,8 7,3 7,3 7,3 8,0 8,2 8,3

Produto interno bruto nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 8,8 7,8 9,7 9,2 10,2 10,8 10,7
Setor petrolífero -25,4 27,6 36,7 8,4 -3,3 -1,1 2,6 0,8 1,9 3,3 1,9
Setor não petrolífero 21,1 25,7 22,8 16,4 19,0 13,9 13,9 13,7 14,1 14,0 14,1

Deflator do PIB -7,4 22,4 24,2 7,1 1,9 3,7 3,5 2,9 3,5 3,8 4,3
Deflator do PIB não petrolífero 12,1 16,8 12,2 10,3 7,4 6,1 6,2 5,9 5,7 5,4 5,3

Preços no consumidor (média anual) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 7,3 7,0 6,7 6,4 6,3
Preços no consumidor (fim de período) 14,0 15,3 11,4 9,0 7,7 7,4 7,2 6,9 6,6 6,3 6,3

Produto interno bruto (mil milhões de kwanzas) 5.989 7.580 9.780 11.011 11.984 12.917 14.167 15.471 17.049 18.899 20.929
Produto interno bruto petrolífero (mil milhões de kwanzas) 2.662 3.396 4.641 5.030 4.864 4.808 4.933 4.973 5.068 5.235 5.336
Produto interno bruto não petrolífero (mil milhões de kwanzas) 3.327 4.184 5.139 5.982 7.120 8.109 9.234 10.498 11.981 13.664 15.593
Produto interno bruto (mil milhões de USD) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,2 131,4 141,8 152,0 164,4 178,8 194,2

Produto interno bruto per capita (USD) 4.081 4.329 5.305 5.706 5.964 6.128 6.418 6.682 6.921 7.223 7.543

Governo central (percentagem do PIB)


Total da receita 34,5 43,5 48,8 45,9 41,0 37,5 37,0 36,0 34,3 33,2 32,3
D/q: Petrolífera 24,2 33,0 39,0 37,3 30,0 27,2 26,5 24,9 22,6 21,1 19,4
D/q: Não petrolífera 9,0 7,8 7,3 6,6 8,1 8,2 8,6 9,1 9,5 9,8 10,4
Total da despesa 41,9 40,0 40,2 41,3 40,7 41,6 41,2 40,1 38,4 36,9 35,9
Despesas correntes 29,5 28,6 30,0 29,0 28,7 29,6 29,3 28,8 27,9 26,5 25,9
Despesas de capital 12,4 11,4 10,2 12,3 12,0 12,0 11,9 11,3 10,5 10,4 10,0
Saldo orçamental global -7,4 3,4 8,7 4,6 0,3 -4,1 -4,2 -4,1 -4,1 -3,7 -3,6
Saldo orçamental primário não petrolífero -29,8 -26,2 -26,9 -29,2 -27,5 -28,9 -27,9 -25,9 -23,4 -21,5 -19,7
Saldo primário não petrolífero/PIB não petrolífero -53,7 -47,4 -51,1 -53,7 -46,2 -46,0 -42,8 -38,2 -33,3 -29,7 -26,5

Moeda e crédito (fim de período, variação percentual)


Massa monetária (M2) 62,6 14,0 33,5 8,4 15,3 21,4 19,8 15,7 11,8 10,3 14,1
Percentagem do PIB 38,5 34,6 35,9 34,5 36,5 41,1 44,9 47,6 48,3 48,0 49,5
Velocidade (PIB/M2) 2,6 2,9 2,8 2,9 2,7 2,4 2,2 2,1 2,1 2,1 2,0
Velocidade (PIB não petrolífero/M2) 1,4 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5 1,5 1,4 1,5 1,5 1,5
Crédito ao setor privado
Variação percentual em 12 meses 59,5 25,0 30,4 24,2 10,9 15,2 17,7 24,4 27,2 16,0 19,1
Percentagem do PIB 21,2 20,9 21,1 23,3 23,7 25,4 27,2 31,0 35,8 37,4 40,3
Percentagem do PIB não petrolífero 38,1 37,8 40,2 42,8 39,9 40,4 41,7 45,7 50,9 51,8 54,1

Balança de pagamentos
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0 22,2 20,0 17,3 16,7
Exportações, FOB (percentagem do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2 43,6 40,6 37,9 35,9
D/q: Exportações de petróleo e gás (percentagem do PIB) 52,8 58,8 62,3 60,1 53,7 49,4 46,1 42,5 39,5 36,9 34,9
Importações, FOB (percentagem do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2 21,3 20,6 20,6 19,3
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5 -3,8 -2,8 -2,0 -0,5
Saldo da conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0 -0,1 0,2 -0,6 -0,3

Reservas internacionais brutas (fim do p., mil milhões de USD) 13,2 19,3 28,4 33,0 33,2 33,9 35,1 32,3 32,5 32,1 32,3
Reservas internacionais brutas (meses de import. do ano seguinte) 4,5 5,3 7,4 7,8 7,7 7,5 7,4 6,9 6,6 6,4 6,5

Taxa de câmbio
Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 96,5 … … … … … …
Taxa de câmbio oficial (fim de período, kwanzas por USD) 89,4 92,6 95,3 95,8 97,5 … … … … … …

Dívida (percentagem do PIB)


Total da dívida (bruta) do setor público 49,9 39,8 32,2 29,6 34,6 36,6 38,8 40,3 43,0 43,6 45,6

Petróleo
Produção de petróleo (milhões de barris por dia) 1,809 1,758 1,660 1,735 1,716 1,656 1,700 1,755 1,800 1,850 1,850
Exportações de petróleo e gás (mil milhões de USD) 39,9 48,5 64,8 69,3 66,7 64,9 65,4 64,6 64,9 65,9 67,9
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 110,3 110,9 107,3 107,9 106,1 101,7 99,1 97,8 97,8
Preço do petróleo Brent (média, USD por barril) 61,9 79,6 111,0 112,0 109,1 108,2 106,1 101,7 99,1 97,8 97,8
Preço do petróleo segundo o WEO (média, USD por barril) 61,8 79,0 104,0 105,0 104,1 106,1 102,8 98,5 95,9 94,5 93,6
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Incorpora o impacto da nova lei cambial a partir de 2013.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 35


36

ANGOLA
Tabela 6. Angola: Indicadores de Estabilidade Financeira, dezembro de 2010–maio de 2014
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL

(Percentagem)
Dez-10 Mar-11 Jun-11 Set-11 Dez-11 Mar-12 Jun-12 Set-12 Dez-12 Mar-13 Jun-13 Set-13 Dez-13 Mar-14 Mai-14

Adequação dos fundos próprios


Rácio de solvência = FPR/APR+ (ECRC/0,10) 18,6 19,2 14,9 14,5 18,5 19,2 18,7 18,7 18,3 18,6 18,0 18,0 19,5 22,5 22,2
Fundos próprios de base (tier 1)/ativos ponderados pelo risco 17,9 18,9 14,6 14,2 14,3 14,8 14,3 14,0 13,6 13,7 13,7 12,9 14,3 16,4 16,0
Qualidade dos ativos
Créditos em moeda estrangeira/total do crédito 64,9 63,3 60,0 52,6 50,9 50,5 47,5 44,7 42,7 41,4 41,3 40,6 37,8 36,9 35,8
Crédito vencido/total do crédito 8,6 8,6 7,2 2,5 2,4 2,5 5,5 6,9 6,8 5,5 6,3 6,1 9,7 5,4 5,6
(Crédito vencido - provisões para créditos vencidos)/Capital de base 24,0 27,4 24,5 4,0 2,8 4,6 13,4 15,8 11,6 6,9 9,5 8,9 22,3 6,8 10,2
Distribuição setorial do crédito
Crédito ao setor público/total do crédito 4,4 6,7 7,1 7,9 5,4 3,7 5,5 7,1 5,7 3,4 3,9 4,3 3,7 3,8 3,9
Crédito ao setor privado/total do crédito 95,6 93,3 92,9 92,1 94,6 96,3 94,5 92,9 94,3 96,6 96,1 95,7 96,3 96,2 96,1
Lucros e rendibilidade
Rendibilidade do ativo (ROA) 3,0 0,8 1,5 1,9 2,6 0,6 1,0 1,4 1,6 0,3 0,7 1,1 1,4 0,3 0,4
Rendibilidade do capital (ROE) 32,1 8,6 16,0 20,2 21,6 4,7 7,8 10,9 12,5 2,4 5,9 8,5 10,9 2,5 3,2
Total dos custos/Total dos rendimentos 84,0 83,8 80,6 81,9 90,2 96,8 97,8 99,3 99,4 99,7 99,7 99,5 99,6 99,9 99,9
Taxa de juro s/empr. - taxa de juro s/dep. à vista (diferencial) 16,1 16,9 17,4 17,9 9,1 12,8 14,5 11,1 13,3 7,5 13,5 12,9 13,9 12,4 15,0
Taxa de juro sobre a poupança 1,7 6,6 7,0 7,1 8,6 7,3 5,9 6,8 7,0 6,7 7,2 5,5 4,1 4,9 5,0
Resultados líquidos de juros/margem bruta de intermediação 68,2 68,2 67,6 65,0 67,3 64,3 61,6 60,9 59,8 67,3 62,4 61,0 62,5 65,0 65,2
Liquidez
Ativos líquidos/total do ativo 32,0 32,8 30,3 31,5 28,1 27,6 25,9 26,1 26,3 25,9 28,8 28,2 30,1 30,6 31,4
Ativos líquidos/passivo de curto prazo 38,6 39,3 36,3 37,9 35,4 36,1 33,2 32,4 33,7 33,7 37,2 35,8 36,9 37,3 38,6
Total do crédito/total de depósitos 60,6 62,6 62,6 61,4 59,5 59,0 62,5 63,4 65,5 66,8 63,5 64,3 63,3 62,1 60,3
Passivos em moeda estrangeira/total do passivo 53,7 56,8 55,7 53,2 53,6 53,4 50,3 51,4 50,7 38,5 50,5 45,6 43,0 41,4 41,9
Sensibilidade e variações do mercado
Posição aberta líquida em ME/fundos próprios 4,5 7,9 12,5 13,3 21,1 -1,0 1,1 5,8 7,0 4,6 14,6 20,7 16,4 11,9 11,1
Número de bancos declarantes durante o período 20 20 18 21 22 22 21 22 22 22 22 22 22 23 23
Fonte: Autoridades angolanas.
ANGOLA

Tabela 7. Angola: Dívida Externa e Pública, 2009–19


2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Projeções
Dívida (Mil milhões de USD)
Total da dívida privada n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
Total da dívida pública 37,7 32,8 33,5 34,1 42,9 48,1 55,0 61,3 70,6 78,0 88,5
Curto prazo 12,0 6,0 7,3 3,7 3,4 2,8 2,8 2,8 2,9 2,9 2,9
Médio e longo prazo 25,7 26,8 26,2 30,5 39,5 45,3 52,2 58,5 67,7 75,1 85,6
Interna 22,4 15,0 12,5 11,4 15,5 15,3 16,7 17,0 15,8 15,8 17,0
Curto prazo 11,8 5,9 7,2 3,6 3,3 2,7 2,7 2,6 2,6 2,5 2,5
Médio e longo prazo 10,6 9,1 5,3 7,8 12,2 12,6 14,1 14,4 13,3 13,3 14,5
Externa 15,2 17,9 21,1 22,7 27,4 32,9 38,3 44,3 54,8 62,2 71,5
Curto prazo 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Médio e longo prazo 15,0 17,7 21,0 22,6 27,3 32,8 38,1 44,1 54,4 61,8 71,1
D/q: Sonangol 5,3 7,4 9,6 8,9 13,3 12,4 12,1 12,9 14,1 15,1 15,8

Dívida (Percentagem do PIB)


Total da dívida privada n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
Total da dívida pública 49,9 39,8 32,2 29,6 34,6 36,6 38,8 40,3 43,0 43,6 45,6
Curto prazo 15,9 7,3 7,0 3,2 2,7 2,1 2,0 1,9 1,8 1,6 1,5
Médio e longo prazo 34,0 32,5 25,2 26,4 31,8 34,5 36,8 38,5 41,2 42,0 44,1
Interna 29,7 18,1 12,0 9,9 12,5 11,6 11,8 11,2 9,6 8,8 8,7
Curto prazo 15,7 7,2 6,9 3,1 2,7 2,1 1,9 1,7 1,6 1,4 1,3
Médio e longo prazo 14,1 11,0 5,1 6,8 9,9 9,6 9,9 9,4 8,1 7,4 7,5
Externa 20,2 21,7 20,2 19,7 22,1 25,0 27,0 29,2 33,3 34,8 36,8
Curto prazo 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2
Médio e longo prazo 19,9 21,5 20,1 19,6 22,0 24,9 26,9 29,0 33,1 34,6 36,6
D/q: Sonangol 7,0 9,0 9,2 7,7 10,7 9,4 8,5 8,5 8,6 8,4 8,1
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 37


ANGOLA

Apêndice I. Melhoria do Ambiente de Negócios1


Este Apêndice resume as reformas estruturais do governo para melhorar o ambiente de negócios e
desenvolver o setor privado. As reformas estão agrupadas em três áreas: quadro institucional e
jurídico; diversificação económica; e apoio aos empreendedores nacionais e à produção local.

Avaliação do ambiente de negócios

1. O ambiente de negócios em Angola melhorou nos últimos anos, mas ainda há muito a
fazer (Figura 1). Na edição de 2014 do relatório Doing Business do Banco Mundial, Angola está
entre os países que mais realizaram melhorias desde 2005. Contudo, muito ainda precisa ser feito.
Angola continua a apresentar uma classificação ruim em diversos índices. O relatório do Banco
Mundial de 2014 posiciona Angola em 179º lugar entre 189 países. Dentre as variadas dimensões
do índice, o desempenho de Angola é especialmente ruim nos quesitos de resolução de insolvência
(189), execução de contratos (187), abertura de empresas (178) e comércio entre fronteiras (169).
Igualmente ruim era a posição de Angola no Índice de Competitividade Global de 2013-14 do
Fórum Económico Mundial (142ª posição entre 148 países). Os cinco fatores citados pelos
respondentes como os mais problemáticos foram a corrupção (19%), uma população ativa pouco
qualificada (15%), burocracia governamental ineficiente (15%), pouco acesso ao financiamento
(14%) e infraestruturas insuficientes (10%). O fraco desempenho do país no quesito corrupção se
repete na classificação ruim de Angola (155ª posição entre 177 países) no Índice de Perceção da
Corrupção da Transparência Internacional relativo a 2013.

Figura 1
Angola Angola
Banco Mundial, Índice de Facilidade para Fazer Negócios, 2014 Foro Económico Mundial
Classificação entre um total de 189 países Índice de Competitividade Global 2013–14
Factores mas problematicos para fazer negócios
Índice Geral 179 Proporção de entrevistados classificando o factor

Abertura de empresas 178 Corrupção 18.9


Obtenção de alvarás de construção 65 Força de trabalho inadequadamente treinada 14.9
Obtenção de eletricidade 170 Burocracia governamental ineficiente 14.7
Registro de propriedades 132 Acesso ao financiamento 13.8
Obtenção de crédito 130 Oferta de infraestrutura insuficiente 10.0
Proteção de investidores 80 Ética de trabalho pobre na força de trabalho nacional 7.8
Pagamento de impostos 155 Regulamentações trabalhistas restritivas 5.3
Comércio entre fronteiras 169 Regulamentação de moeda estrangeira 3.1
Execução de contratos 187 Saúde pública deficiente 2.7
Resolução de insolvência 189 Taxa dos Impostos 2.0

1
Este Apêndice foi elaborado por Nick Staines (AFR).

38 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Reforma do quadro institucional e jurídico

2. Aperfeiçoar os quadros institucional e jurídico para apoiar o desenvolvimento do setor


privado é uma prioridade chave do Plano Nacional de Desenvolvimento de Angola. As três
principais iniciativas nessa área se referem à desburocratização, facilitação do crédito e incentivo ao
investimento privado.

3. A simplificação dos processos burocráticos é parte integrante do Programa Angola


Investe (ver a seguir) e busca eliminar as barreiras administrativas desnecessárias aos negócios.
O programa utiliza o relatório Doing Business do Banco Mundial para mapear tais barreiras, definir
parâmetros de desempenho e identificar as melhores práticas. O programa já alcançou resultados
importantes. A legislação recente reduziu consideravelmente o tempo necessário para a abertura de
uma empresa — para dois dias — e o seu custo, de USD 2.800 para USD 120. O custo de um alvará
comercial foi reduzido de USD 1.000 para USD 100, e o tempo necessário para obtê-lo baixou de
diversos meses para cerca de oito dias. Existem projetos de diplomas que voltarão a reavaliar esses
custos, abolindo o requisito de capital mínimo realizado e a necessidade de uma escritura pública
lavrada em cartório. Uma nova estrutura de emolumentos reduzirá em cerca de 70% o custo de
licenciamento de atividades industriais inferiores a USD 5 milhões. Está prevista para o final de 2014
uma ampla reforma do licenciamento das empresas de construção, com o corte das taxas de
licenciamento, introdução da renovação automática de licenças, abolição das licenças para
fornecedores de materiais de construção e a fusão dos alvarás para contratos públicos e privados.
Noutras áreas, o governo introduziu um sistema eletrónico integrado para racionalizar o comércio e
os pagamentos transfronteiriços, o cadastramento obrigatório de todos os comerciantes e uma
nova licença para essas transações.

4. O Programa de Facilitação do Acesso ao Crédito reúne diversos órgãos governamentais


visando a implementação de medidas para reduzir os entraves ao crescimento do crédito às
empresas. O programa atua em três frentes. As medidas relativas ao quadro jurídico e institucional
visam simplificar o registo dos direitos de propriedade, clarificar os direitos fundiários, criar um
cadastro público das garantias de crédito prestadas, introduzir alternativas às hipotecas que se
adaptem ao contexto local, aperfeiçoar os processos e simplificar as exigências legais para a
execução de garantias, melhorar e alargar o uso da Central de Informação e Risco de Crédito do
BNA, e aumentar a eficácia dos pagamentos do Estado aos fornecedores. As medidas na vertente da
oferta buscam fomentar o crédito à agricultura, desenvolver produtos de crédito com diferentes
maturidades, apoiar o crédito à habitação, promover consórcios de crédito para financiar projetos
nacionais de grande envergadura e promover as atividades de leasing, factoring e renting. As
medidas na vertente da procura buscam melhorar as práticas escriturais das empresas (em especial
das pequenas e médias empresas), promover o desenvolvimento do seguro agrícola, incentivar a
bancarização e aumentar a educação financeira.

5. A Lei de Investimento Privado foi revista em 2012. A lei revista concede incentivos aos
investimentos superiores a USD 1 milhão, sujeitos a aprovação e negociação com a Agência
Nacional para o Investimento Privado (ANIP) e cobrindo a repatriação de capital e as deduções
fiscais mediante a análise caso-a-caso. Os benefícios mais generosos são oferecidos aos
investimentos no setor não petrolífero e nas regiões menos desenvolvidas. Os investimentos entre
USD 10 milhões e USD 50 milhões devem ser aprovados pelo Conselho de Ministros, e os
investimentos superiores a USD 50 milhões exigem a aprovação do Presidente. Os investidores

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 39


ANGOLA

estrangeiros podem formar empresas detidas a 100% em diversos setores, mas muitas vezes são
incentivados, porém não obrigados, a forjar parcerias locais.

6. O Governo segue uma política de incentivo à Angolanização dos quadros de funcionários


das empresas e ao uso de fornecedores locais. Os regulamentos laborais restringem a contratação
de expatriados a 30% da força de trabalho das empresas e proíbem a discriminação na remuneração
de cargos e responsabilidades semelhantes. Da mesma forma, embora não exista a discriminação
contra as empresas estrangeiras, em geral as empresas com participação angolana são favorecidas.
A Lei de Fomento ao Empresariado Privado Angolano concede tratamento preferencial às
empresas angolanas na adjudicação de contratos públicos, e somente as empresas com participação
angolana maioritária podem beneficiar dos incentivos do Programa Angola Investe.

Diversificação da economia

7. A diversificação da economia é essencial para o desenvolvimento de Angola. O governo


concentrou-se na melhoria do ambiente de negócios, através da consolidação da estabilidade
macroeconómica e da construção de infraestruturas. O Plano Nacional de Desenvolvimento passou
a dar mais ênfase à coordenação de investimentos públicos e privados para desenvolver
agrupamentos industriais (clusters) e redes empresariais, com três dimensões complementares que
agregam iniciativas específicas:

 Primeiro, na base da estratégia, procura-se criar Ligações Transversais, que consistem de


iniciativas específicas para a diversificação estratégica ou outros programas, como o de
desburocratização.

 Segundo, no nível intermédio, encontram-se os Projetos Estruturantes para alterar a estrutura


das cadeias de produção em setores específicos. Tais projetos são organizados em torno dos
clusters económicos identificados no Plano Nacional de Desenvolvimento, nomeadamente
alimentação e agro-indústria, atividades extrativas, petróleo e gás, habitação, serviços, água e
energia, transportes e logística.

 Terceiro, no nível superior, encontra-se o programa de Projetos para Acelerar a Diversificação,


em apoio a projetos que possam estimular o investimento ao longo da cadeia de valor. Esse
potencial é avaliado com base na dimensão do projeto, sua possível função como âncora num
cluster ou cadeia de produção, externalidades positivas, ou transferência de conhecimentos. Até
à altura, foram identificados 45 projetos.

8. Para estimular o investimento internacional que contribua para a diversificação, o governo


lançou recentemente o Programa de Deslocalização e Internacionalização de Empresas para
Angola, que busca atrair o investimento estrangeiro de empresas tecnologicamente avançadas que
tenham sido negativamente afetadas pela economia mundial mas que possam beneficiar do
ingresso num mercado em rápida expansão como o de Angola. Para apoiar tais investimentos, o
governo pode ajudar a identificar infraestruturas e facilitar a desburocratização administrativa.

Apoio ao empresariado nacional e à produção local

9. O Programa Investe Angola, lançado em janeiro de 2013, é a peça-chave da política do


governo de fomento à produção interna, com foco nas pequenas e médias empresas. Para reduzir

40 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

os entraves administrativos, o Angola Investe lançou a já citada iniciativa de simplificação dos


processos burocráticos. Para beneficiar dos incentivos do Programa, as empresas têm de comprovar
que pelo menos 75% do seu capital é detido por cidadãos angolanos, e devem obter a certificação
junto ao Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM). Cerca de
8 mil empresas foram certificadas até à altura.

 Para facilitar o acesso ao crédito, o orçamento destina USD 1,5 mil milhões ao financiamento
de bonificações de juros ou garantias de até 70% dos empréstimos concedidos através dos
bancos em determinados setores. Até meados de 2014, haviam sido aprovados mais de
USD 520 milhões em empréstimos para 270 projetos.

 O Angola Investe prevê serviços educacionais e de consultoria aos empreendedores através


do INAPEM. Desde janeiro de 2014, o INAPEM ofereceu formação sobre a abertura de uma
empresa a mais de 22 mil empreendedores, e serviços de consultoria a 93 empresas.

 A Iniciativa de Apoio Institucional no âmbito do Angola Investe exige que as entidades


públicas destinem até 25% dos seus orçamentos a empresas certificadas pelo INAPEM.
As empresas certificadas podem beneficiar de impostos 10% mais baixos, para além de outros
benefícios fiscais.

 O Angola Investe fornece também apoio a setores estratégicos assim designados, como a
produção de ovos, frangos e leite. A produção de ovos triplicou desde janeiro de 2013 e Angola
está a se aproximar da autossuficiência. Estão a ser implementados projetos de grande
envergadura para expandir a avicultura. A viabilidade da produção de leite em pequena escala
está a ser avaliada.

 O Angola Investe lançou a marca ‘Feito em Angola’ para a produção local. Até à altura,
54 empresas aderiram ao programa, num total de 387 produtos.

10. O governo está igualmente empenhado em apoiar o setor das cooperativas, e o Angola
Investe inclui iniciativas nesse sentido. Uma Lei das Cooperativas será submetida em breve à
Assembleia Nacional, tendo beneficiado de consultas amplas com o setor privado e do apoio deste.

11. Por último, o Angola Investe inclui ainda o estímulo às Zonas Económicas Especiais (ZEE).
O quadro jurídico que regula as ZEE está quase concluído, e posiciona as ZEE com áreas providas de
infraestruturas da mais alta qualidade para o desenvolvimento de atividades industriais ou
agroindustriais, com serviços públicos dedicados a reduzir a burocracia e aumentar a transparência,
e sujeitas a regulamentos mais flexíveis (nos domínios laboral e aduaneiro) para criar empresas
competitivas que produzam produtos que venham a substituir as importações. Já foi estabelecida
em Luanda uma ZEE de grande envergadura, mas esta ainda necessita de financiamento adicional,
para além de algumas questões pendentes ainda por resolver.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 41


ANGOLA
RELATÓRIO DO CORPO TÉCNICO SOBRE AS
14 de agosto de 2014 CONSULTAS DE 2014 AO ABRIGO DO ARTIGO IV —
ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE DA DÍVIDA

Aprovado por Elaborado pelo corpo técnico do Fundo Monetário


David Robinson e Bob Traa Internacional.

As dívidas pública e externa de Angola estão a crescer mas continuam sustentáveis.


A dívida pública bruta aumentou cerca de 5 pontos percentuais em 2013, ascendendo a
35% do PIB no final de 2013, sobretudo em razão dos empréstimos externos contraídos
pela Sonangol, a companhia petrolífera do Estado; a dívida pública líquida do país era
mais reduzida, totalizando 21% do PIB. A trajetória projetada da dívida pública de Angola
é sustentável, embora apresente vulnerabilidades. Projeta-se que a dívida pública bruta
alcance os 45% do PIB em 2019 em vista dos consideráveis défices orçamentais
projetados num futuro previsível. Tal trajetória é vulnerável a choques do PIB real e das
taxas de juro. A dívida externa bruta de Angola, que situava-se nos 22% do PIB no final
de 2013, deve ascender a 37% do PIB em 2019, segundo as projeções.
ANGOLA

ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE DA DÍVIDA PÚBLICA


A dívida pública de Angola está estimada em 35% do PIB ao final de 2013. As estatísticas da
dívida pública abrangem o governo central, as entidades públicas e a dívida externa das empresas
estatais do petróleo e de transporte aéreo (Sonangol e TAAG, respetivamente).1 Verificou-se um
aumento de 5 p.p. do PIB na dívida pública em 2013 em relação a 2012, que se explica sobretudo
pelo acréscimo de cerca de 1 p.p. na dívida interna de curto prazo e de 3 p.p. na dívida externa da
Sonangol.

O corpo técnico estima que a dívida pública líquida situava-se em 21% do PIB no final de
2013. Angola acumulou um volume significativo de bens públicos nos últimos anos. A dívida líquida
é calculada excluindo-se da dívida bruta o valor dos ativos financeiros disponíveis. Tais ativos
encontram-se em dois fundos: o Fundo do Petróleo/Fundo Soberano de Angola (FSDEA)2 e o Fundo
de Reserva do Tesouro no BNA.

O crescimento da dívida de curto prazo e da dívida expressa em moeda estrangeira (como


percentagem da dívida total) precisa de ser monitorizado atentamente. Conforme ilustrado no
mapa de tensão financeira, tais indicadores encontram-se acima dos níveis de adequação (por uma
pequena margem no caso da dívida em moeda estrangeira). As autoridades precisam de moderar o
uso dos Bilhetes do Tesouro (dívida de curto prazo), privilegiando a dívida de médio e longo prazo.
Os riscos decorrentes da grande parcela da dívida expressa em moeda estrangeira são, porém,
baixos, pois a principal fonte de receita orçamental das autoridades — o petróleo — também é
expressa em moeda estrangeira.

O corpo técnico estima que haverá um aumento persistente da dívida pública no médio prazo
devido aos défices orçamentais projetados num futuro previsível. Em 2014, prevê-se que o
défice orçamental global ascenda a 4% do PIB. Nos próximos anos, a estimativa é que o governo
central continue a apresentar uma posição deficitária, devido sobretudo ao abrandamento da
receita do petróleo e também à implementação da ambiciosa agenda de investimento prevista no
Plano Nacional de Desenvolvimento. Com a persistência dos défices orçamentais, e a despeito do
sólido crescimento económico, estima-se que o rácio entre a dívida pública e o PIB aumente para
cerca de 45% até 2019.

Prevê-se um aumento dos custos dos juros. No passado, os custos dos juros eram baixos porque
Angola utilizava como fonte de financiamento os atrasados de despesas (a uma taxa de juro zero) e
as linhas de crédito bilaterais (com taxas de juro baixas). Com o abrandamento das receitas do
petróleo e necessidades elevadas de financiamento, o país passaria a depender mais do

1
Tal como reportado como dívida pública no Boletim da Dívida Pública do MINFIN.
2
O Fundo do Petróleo foi criado em março de 2011 pelo Decreto Presidencial 48/11. Em junho de 2013, passou a ser
denominado Fundo Soberano de Angola (FSDEA). Os ativos do FSDEA no final de 2013 eram constituídos por
depósitos bancários.

2 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

financiamento de mercado e, por conseguinte, enfrentaria custos de financiamento


progressivamente mais elevados nos próximos anos.

A trajetória de base da dívida é altamente vulnerável a choques do PIB real e das taxas de
juro. Os testes de esforço mostram que a trajetória da dívida é altamente sensível a choques do PIB
real e das taxas de juro. Conforme discutido no relatório do corpo técnico sobre a consulta de 2014
ao abrigo do Artigo IV, o ciclo económico angolano historicamente apresenta uma elevada
correlação com os preços do petróleo. Por conseguinte (e como se verificou no passado) um forte
declínio dos preços do petróleo poderia facilmente desencadear uma acentuada desaceleração ou
recessão económica. Nesse cenário de tensão, a dívida passaria a apresentar uma forte trajetória
ascendente. Para além disso, dadas as necessidades alargadas de financiamento, um aumento das
taxas de juro também colocaria a dívida numa trajetória mais elevada.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 3


ANGOLA

Angola: Análise de Sustentabilidade da Dívida (ASD) do Setor Público – Cenário de Base


(Como percentagem do PIB, salvo indicação em contrário)

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ANGOLA

Angola: ASD do Setor Público – Composição da Dívida Pública e Cenários Alternativos

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 5


ANGOLA

Angola: ASD do Setor Público – Testes de Esforço

Testes de Esforço Macro-Orçamental

Base Choque do saldo primário Choque da taxa de juro real


Choque do cresc. do PIB real Choque da taxa de câmbio real

Dívida pública bruta nominal Dívida pública bruta nominal Nec. bruta de financ. público
(Em percentagem do PIB) (Em percentagem da receita) (Em percentagem do PIB)
70 250 25

60
200 20
50

40 150 15

30 100 10
20
50 5
10

0 0 0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Testes de esforço adicionais


Base Choque macro-orçamental combinado Choque de passivos contingentes

Dívida pública bruta nominal Dívida pública bruta nominal Nec. bruta de financ. público
(Em percentagem do PIB) (Em percentagem da receita) (Em percentagem do PIB)
120 350 35

100 300 30

250 25
80
200 20
60
150 15
40
100 10
20 50 5

0 0 0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Pressupostos subjacentes
(Em percentagem)
Choque do saldo primário 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Choque do cr. do PIB real 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Crescimento do PIB real 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2 Crescimento do PIB real 3,9 -1,7 -1,5 6,5 6,7 6,2
Inflação 3,7 3,5 2,9 3,5 3,8 4,3 Inflação 3,7 1,6 1,0 3,5 3,8 4,3
Saldo primário -2,9 -5,6 -5,2 -1,9 -1,4 -1,2 Saldo primário -2,9 -6,6 -10,0 -1,9 -1,4 -1,2
Taxa de juro efetiva 3,7 4,4 5,8 6,6 6,3 6,4 Taxa de juro efetiva 3,7 4,4 5,8 7,1 6,7 6,8
Choque de taxa de juro real Choque da taxa de câmbio real
Crescimento do PIB real 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2 Crescimento do PIB real 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2
Inflação 3,7 3,5 2,9 3,5 3,8 4,3 Inflação 3,7 9,9 2,9 3,5 3,8 4,3
Saldo primário -2,9 -2,7 -2,2 -1,9 -1,4 -1,2 Saldo primário -2,9 -2,7 -2,2 -1,9 -1,4 -1,2
Taxa de juro efetiva 3,7 4,4 10,3 15,0 18,0 20,1 Taxa de juro efetiva 3,7 5,1 5,3 6,0 5,8 6,0
Choque combinado Choque de passivos contingentes
Crescimento do PIB real 3,9 -1,7 -1,5 6,5 6,7 6,2 Crescimento do PIB real 3,9 -1,7 -1,5 6,5 6,7 6,2
Inflação 3,7 1,6 1,0 3,5 3,8 4,3 Inflação 3,7 1,6 1,0 3,5 3,8 4,3
Saldo primário -2,9 -6,6 -10,0 -1,9 -1,4 -1,2 Saldo primário -2,9 -5,1 -2,2 -1,9 -1,4 -1,2
Taxa de juro efetiva 3,7 5,1 10,8 15,8 18,5 20,4 Taxa de juro efetiva 3,7 5,0 5,7 6,3 6,0 6,2

Fonte: Corpo técnico do FMI.

6 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Angola: ASD do Setor Público – Avaliação do Risco

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 7


ANGOLA

ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE DA DÍVIDA EXTERNA


A posição da dívida externa de Angola parece ser sustentável. No cenário de base, a dívida
externa sobe de 22% do PIB em 2013 para 37% do PIB em 2019. O mais significativo entre os
diversos choques-padrão é o choque da conta corrente (que representa um declínio nas
exportações de petróleo). Nesse cenário de choque, presume-se que o saldo da conta corrente seja
um desvio-padrão inferior ao do cenário de base, o que poderia constituir um choque de grande
magnitude em vista da volatilidade recente. Nesse cenário, o rácio dívida externa/PIB subiria para
61% em 2019. O segundo choque mais significativo é o choque de depreciação real, que presume
uma depreciação real e pontual de 30% da moeda nacional em 2015. Nesse cenário, o rácio dívida
externa/PIB subiria para 54% em 2019. Os choques da taxa de juro e do produto teriam efeitos
menos pronunciados.

Não obstante as medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades para recolher estatísticas
sobre a dívida do setor privado, Angola ainda não dispõe de dados sobre esse tipo de dívida.
Por este motivo, até à altura, a análise de sustentabilidade da dívida externa de Angola refere-se
apenas à dívida externa do setor público, incluindo as duas empresas estatais (Sonangol e TAAG).

8 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


Angola: Quadro de Sustentabilidade da Dívida Externa, 2009-2019
(Em percentagem do PIB, salvo indicação em contrário)

Efetivo Projeções
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Conta corrente
excl. juros que
estabiliza a dívida 6/
Base: Dívida externa 20,2 21,7 20,2 19,7 22,1 25,0 27,0 29,2 33,3 34,8 36,8 0,4

Variação da dívida externa 3,5 1,5 -1,4 -0,5 2,3 2,9 2,0 2,2 4,2 1,5 2,0
Fluxos externos geradores de dívida identificados (4+8+9) 8,9 -4,3 -12,2 -5,3 -0,4 -0,3 -1,1 2,0 2,6 0,6 0,3
Défice da conta corrente, excluindo pagamentos de juros 9,4 -8,6 -13,1 -12,2 -5,6 -4,7 -3,0 -0,9 -1,4 -0,7 -1,0
Défice da balança de bens e serviços 0,4 -18,4 -23,2 -22,2 -15,1 -12,4 -9,9 -7,3 -7,2 -6,0 -6,0
Exportações 55,0 61,4 65,4 61,9 55,8 51,5 48,2 44,6 41,6 38,9 36,9
Importações 55,4 42,9 42,2 39,7 40,7 39,1 38,3 37,3 34,4 32,8 30,9
Fluxos líq. de entr. de capitais não geradores de dívida (-) -2,9 5,5 4,9 8,4 6,5 4,6 2,3 3,4 4,6 2,1 1,9
Dinâmica automática da dívida 1/ 2,4 -1,2 -4,0 -1,4 -1,3 -0,2 -0,4 -0,5 -0,6 -0,8 -0,7
Contributo da taxa de juro nominal 0,5 0,5 0,5 0,5 0,1 0,6 1,0 1,1 1,2 1,3 1,3
Contributo do crescimento do PIB real -0,4 -0,6 -0,7 -0,9 -1,2 -0,8 -1,4 -1,6 -1,8 -2,1 -2,0
Contributo de variações cambiais e de preços 2/ 2,4 -1,1 -3,8 -1,0 -0,2 ... ... ... ... ... ...
Resíduo, incl. variação nos ativos externos brutos (2-3) 3/ -5,4 5,8 10,7 4,8 2,8 3,3 3,1 0,2 1,6 0,8 1,8

Rácio dívida externa/exportações (em percentagem) 36,6 35,3 31,0 31,8 39,6 48,6 56,0 65,4 80,2 89,4 99,7

Nec. bruta de financ. externo (em mil milhões de USD) 4/ 11,2 -3,7 -9,7 -9,4 -6,2 -0,4 5,0 8,2 8,8 11,2 12,0
em percentagem do PIB 14,9 -4,4 -9,3 -8,1 -5,0 10 anos 10 anos -0,3 3,5 5,4 5,4 6,2 6,2

Cenário com principais variáveis às médias históricas 5/ 25,0 15,0 3,9 -4,2 -11,5 -17,1 5,5
Média Desvio
Principais pressupostos macroeconómicos do cenário de base histórica padrão

Crescimento do PIB real (em percentagem) 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 10,8 7,6 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2
Deflator do PIB em USD (variação percentual) -12,4 5,6 21,5 5,4 0,8 13,0 12,5 1,8 1,8 1,0 1,5 1,9 2,3
Taxa de juro externa nominal (em percentagem) 2,8 2,7 3,0 2,9 0,4 3,7 2,3 2,8 4,1 4,2 4,4 4,2 4,2
Crescimento das exportações (percentagem, em termos de USD) -36,8 21,9 34,4 5,0 -3,1 25,8 31,0 -2,3 1,0 -0,8 0,8 1,8 3,2
Crescimento das importações (percentagem, em termos de USD) -3,0 -15,3 23,9 4,4 10,3 21,7 26,7 1,6 5,8 4,4 -0,5 4,0 2,3
Saldo da conta corrente, excl. pagamentos de juros -9,4 8,6 13,1 12,2 5,6 11,3 10,2 4,7 3,0 0,9 1,4 0,7 1,0
Fluxos líq. de entrada de capitais não geradores de dívida 2,9 -5,5 -4,9 -8,4 -6,5 -2,5 4,7 -4,6 -2,3 -3,4 -4,6 -2,1 -1,9
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 9

1/ Calculada como [r - g - r(1+g) + ea(1+r)]/(1+g+r+gr) multiplicado pelo stock da dívida do período anterior, sendo r = taxa de juro efetiva nominal da dívida externa; r = variação do deflator do PIB interno em termos de USD,
g = taxa de crescimento do PIB real, e = valorização nominal (acréscimo no valor em USD da moeda nacional) e a = parcela da dívida expressa em moeda nacional no total da dívida externa.
2/ O contributo de variações cambiais e de preços é definido como [-r(1+g) + ea(1+r)]/(1+g+r+gr) multiplicado pelo stock da dívida do período anterior. r aumenta com a apreciação da moeda nacional (e > 0) e a subida da inflação (com base no deflator do PIB).
3/ Para a projeção, esta linha inclui o impacto das variações nos preços e nas taxas de juro e de câmbio.
4/ Definida como o défice da conta corrente, mais a amortização da dívida de médio e longo prazo, mais a dívida de curto prazo no final do período anterior.
5/ As principais variáveis são o crescimento do PIB real, a taxa de juro nominal, o crescimento do deflator em dólares, a conta corrente excl. juros e os fluxos de entrada não geradores de dívida, os dois últimos como percentagem do PIB.
6/ Equilíbrio constante de longo prazo que estabiliza o rácio da dívida, presumindo-se que as principais variáveis (crescimento do PIB real, taxa de juro nominal, crescimento do deflator em dólares e fluxos de entrada não geradores de dívida
como percentagem do PIB) permaneçam nos níveis do último ano das projeções.
Fontes: Corpo técnico do FMI e autoridades.

ANGOLA
ANGOLA

Angola: Análise de Sustentabilidade da Dívida Externa: Testes-Limite 1/ 2/


(Dívida externa como % do PIB)

10 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA
RELATÓRIO DO CORPO TÉCNICO SOBRE AS
14 de agosto de 2014
CONSULTAS DE 2014 AO ABRIGO DO ARTIGO IV —
ANEXO INFORMATIVO

Elaborado por Departamento de África


(em colaboração com outros departamentos)

SUMÁRIO

RELAÇÕES COM O FMI __________________________________________________________________2

PLANO DE AÇÃO DE GESTÃO CONJUNTA FMI-BANCO MUNDIAL ___________________5

QUESTÕES ESTATÍSTICAS _______________________________________________________________6


ANGOLA

RELAÇÕES COM O FMI


(Em 31 de julho de 2014)

Admissão e Regime de Consultas: Admitido em 19 de setembro de 1989; Artigo XIV

Conta de Recursos Gerais: Milhões de DSE %


Quota 286,30 100,00
Haveres do FMI na moeda do país 816,10 285,05
Posição na tranche de reservas

Departamento de DSE: Milhões de DSE %


Afetação acumulada líquida 273,01 100,00
Haveres 234,40 85,86

Saldo de Compras e Empréstimos: Milhões de DSE %


Acordos Stand-By 529,66 185,00

Acordos Financeiros mais Recentes:

Montante
Data de Data de Montante sacado
Tipo aprovado
aprovação vencimento (milhões de DSE)
(milhões de DSE)

Acordo Stand-By 23/11/2009 30/03/2012 858,90 858,90

Projeção dos pagamentos ao FMI


(Milhões de DSE; com base no presente uso de recursos e haveres correntes em DSE):

Próximos
2014 2015 2016 2017 2018
Capital 171,78 246,93 100,21 10,74 …
Comissões/juros 2,83 3,01 0,86 0,10 0,03
Total 174,61 249,94 101,06 10,84 0,03

Implementação da Iniciativa HIPC: Não se aplica

Implementação da Iniciativa de Alívio da Dívida Multilateral (MDRI): Não se aplica

Implementação do Alívio da Dívida após Catástrofes (PCDR): Não se aplica

2 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Avaliação das Salvaguardas:1 A primeira avaliação das salvaguardas, concluída em maio de 2010,
constatou que o Banco Nacional de Angola (BNA) é submetido a auditorias externas anuais por
uma firma de boa reputação e toma medidas para resolver as questões que são objeto de ressalvas
dos auditores. A avaliação confirmou, porém, que existem deficiências nas práticas de governação
e transparência do BNA, entre elas a não publicação atempada das demonstrações financeiras
anuais. A avaliação fez também recomendações visando o fortalecimento do quadro jurídico e a
independência do banco central, bem como o reforço do quadro de controlo nas áreas de gestão
de reservas e auditoria interna. Desde a avaliação, o BNA adotou medidas para aperfeiçoar a
governação e a prestação de contas, inclusivamente no que respeita à elaboração de
demonstrações financeiras. As demonstrações de 2009 foram auditadas e publicadas juntamente
com o respetivo relatório de auditoria; a auditoria de 2010 foi concluída e os seus resultados foram
publicados na página do BNA na Internet em meados de outubro de 2011. Desde o ano financeiro
de 2011, o BNA tem vindo a publicar regular e atempadamente as suas demonstrações financeiras
anuais, que são sujeitam a auditoria externa por uma firma internacional de boa reputação. Desde
2010, o BNA introduziu e consolidou vários órgãos de apoio ao seu Conselho de Administração,
como o Comitê de Política Monetária, o Comitê de Estabilidade Financeira e o Comitê de
Investimentos. O Conselho do BNA reforçou a sua função de auditoria interna e, em janeiro de
2011, reinstituiu o seu Conselho Fiscal. Em dezembro de 2010, foram adotadas diretrizes para a
gestão das reservas internacionais e em maio de 2011 foi realizada a primeira auditoria interna
semestral sobre a aplicação destas diretrizes.

Regime Cambial: O regime cambial de facto de Angola foi classificado como "regime cambial
estabilizado" a partir de outubro de 2009. O BNA intervém ativamente no mercado cambial para
estabilizar a taxa de câmbio através da venda aos bancos, em leilões, de parte das receitas em
divisas relacionadas ao petróleo. Os leilões foram temporariamente suspensos entre 20 de abril e
1 de outubro de 2009, o que resultou no estabelecimento formal de uma paridade cambial. Após a
retoma dos leilões, o kwanza depreciou-se, mas manteve-se relativamente constante desde 2010.
As autoridades mantêm controlo rigoroso sobre a taxa de câmbio, que é a principal âncora da
política monetária. O BNA publica diariamente uma taxa de referência, calculada como uma média
ponderada (pelas quantidades) das taxas negociadas no dia anterior com os bancos comerciais.
Os bancos e as casas de câmbio podem efetuar operações cambiais entre si e com os seus clientes
a taxas negociadas livremente, desde que estas taxas não ultrapassem em mais de 3% a taxa de
referência. O corpo técnico continuará a acompanhar atentamente a evolução do regime cambial.

Angola continua a se valer do regime transitório previsto na Secção 2 do Artigo XIV e a manter
duas medidas cambiais, nomeadamente: i) limites à disponibilização de moeda estrangeira para
operações invisíveis, tais como despesas de viagem, médicas e de educação e ii) limites às
transferências unilaterais para pessoas singulares e instituições baseadas no estrangeiro. Para além
disso, Angola mantém duas restrições cambiais, nomeadamente: i) limites à remessa de lucros e

1
Para uma descrição do quadro de Avaliação das Salvaguardas do FMI, consulte
http://www.imf.org/external/np/exr/facts/safe.htm.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 3


ANGOLA

dividendos dos investimentos estrangeiros não superiores a USD 1.000.0002 e ii) cobrança
discriminatória do imposto do selo de 0,015% sobre operações de câmbio, restrições estas que
estão sujeitas à aprovação do FMI nos termos da Secção 2(a) do Artigo VIII. Ademais, o país
mantém duas práticas de taxas de câmbio múltiplas, na forma: i) do leilão holandês de divisas e
ii) da cobrança discriminatória do imposto do selo de 0,015% sobre operações de câmbio, práticas
estas que estão sujeitas à aprovação do FMI nos termos da Secção 3 do Artigo VIII.

Consulta ao abrigo do Artigo IV: Aplica-se a Angola o ciclo normal de 12 meses. A conclusão das
próximas consultas ao abrigo do Artigo IV está prevista para novembro de 2015.

Assistência Técnica: O quadro a seguir resume as atividades de assistência técnica desenvolvidas


desde 2012:

Ano da
Departamento de Mercados Monetários e de Capitais (MCM) prestação
Avaliação das necessidades em matéria de assistência técnica 2013
Assistência técnica após o FSAP 2013
AFRITAC Sul: Quadro de supervisão baseada no risco 2013

Departamento de Finanças Públicas (FAD)


AFRITAC Sul: Cenário fiscal de médio prazo (diversas missões) 2013, 2014
AFRITAC Sul: Controlo da despesa e atrasados (diversas missões) 2013, 2014
AFRITAC Sul: Lei de Responsabilidade Fiscal e regras fiscais 2014
AFRITAC Sul: Workshop sobre o CFMP em países ricos em recursos 2012

Departamento de Estatística (STA)


Estatísticas monetárias e financeiras 2014
AFRITAC Sul: Contas nacionais 2012
Migração para o GFSM 2001 2012
AFRITAC Sul: Índice de Preços no Consumidor 2012

Instituto para o Desenvolvimento das Capacidades (ICD)


Programação e políticas financeiras para funcionários angolanos 2014

Representante Residente: O FMI tem um Representante Residente em Angola


(Sr. Nicholas Staines) desde janeiro de 2011.

2
Até 2012, o limite era de USD 100.000.

4 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

PLANO DE AÇÃO DE GESTÃO CONJUNTA FMI-


BANCO MUNDIAL

Matriz de Implementação
Título Produtos Prazo Data de
conclusão
A. Informação Mútua Sobre Programas de Trabalho Pertinentes
Programa de trabalho Project de desenvolvimento institucional do Em curso
do BM nos próximos sector hídrico
12 meses
Project de desenvolvimento local Em curso
Project de fortalecimento dos serviços Em curso
municipais de saúde
Project para os pequenos agricultores voltado Em curso
para o mercado
Project "Educação para Todos" Em curso
Programa de trabalho Visita do Subdiretor-geral Setembro de
do FMI nos próximos 2014
12 meses
Visita do corpo técnico Fevereiro de
2015

Missão anual de consulta de 2015 ao abrigo Setembro de


do Artigo IV 2015

B. Pedido de Contributos para o Programa de Trabalho


Pedido do FMI ao BM Colaboração na análise dos resultados do Em curso
inquérito ao orçamento familiar, que foi
financiado pelo Banco Mundial
Pedido do BM ao FMI Colaboração no fornecimento de um conjunto Em curso
completo de mapas e quadros
macroeconómicos
C. Acordo sobre Programas e Missões Conjuntas
Produtos conjuntos Diálogo contínuo sobre previsões económicas Contínuo
nos próximos 12 e modelagem macroeconómica
meses
Melhor acompanhamento das empresas Contínuo
públicas (inclusive para reduzir os riscos
fiscais)
Intercâmbio de informações e consultas Contínuo
mútuas sobre os desenvolvimentos
macroeconómicos

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 5


ANGOLA

QUESTÕES ESTATÍSTICAS
O fornecimento de dados apresenta algumas deficiências, mas é apropriado, na generalidade, para
fins de supervisão. A qualidade e atualidade dos dados inspiram alguma preocupação, mas
prosseguem os esforços para reforçar a base estatística do país, inclusivamente com a assistência
técnica do FMI e do Banco Mundial. As autoridades estão empenhadas em utilizar o Sistema Geral
de Difusão de Dados (GDDS) para melhorar o sistema estatístico. O país iniciou a sua participação
no GDDS em outubro de 2003, com a publicação de metadados no Boletim Eletrónico sobre
Normas de Difusão (DSBB) do FMI. Os metadados precisam de ser atualizados.

Angola tem hoje diversas publicações estatísticas regulares e informativas, o que reflete progressos
significativos no fornecimento de dados e na transparência dos relatórios estatísticos. Os maiores
avanços foram registados no BNA e, recentemente, no Instituto Nacional de Estatística (INE). Ambos
disponibilizam e publicam de forma atempada uma grande quantidade de dados. De referir, porém,
que o fornecimento e a publicação de dados do Ministério das Finanças ainda carecem de
melhorias significativas. Os dados publicados na página do Ministério das Finanças na Internet
incluem pormenores sobre as receitas do sector petrolífero, mas o Ministério do Petróleo não
publica regularmente dados sobre a produção de petróleo.

Censo Nacional

O INE concluiu recentemente o Recenseamento Geral da População, o primeiro em quatro décadas


após a independência. Espera-se para setembro de 2014 a disponibilização de estimativas
preliminares da população, mas a análise pormenorizada dos dados levará alguns anos.
O questionário do censo abrange uma vasta gama de informações, mormente de natureza
demográfica e social. O censo foi realizado na sequência da divulgação, em 2011, do Inquérito
sobre o Bem-Estar da População, sobre os quais foram publicados dados apenas parciais.

Contas Nacionais e Estatísticas de Preços

O INE divulgou as contas nacionais de Angola referentes ao período 2002-12, com dados
preliminares sobre 2011 e 2012. Trata-se da primeira divulgação de contas nacionais em Angola,
com dados anuais sobre o produto, a despesa e o rendimento. O INE tem planos de divulgar dados
preliminares das contas nacionais com um desfasamento de um ano e dados definitivos após dois
anos. As contas nacionais incluem o PIB anual a preços constantes utilizando preços de 2002.
O Ministério do Planeamento continuará a divulgar estimativas preliminares e projeções do PIB
anual (produto). Está em vias de produção uma série trimestral do PIB, e a sua publicação está
prevista para 2015. O INE publica também relatórios mensais sobre os preços no consumidor e os
preços grossistas. O IPC tem como base os dados de Luanda, mas o INE já começou a publicar
dados sobre os preços no consumidor nas seis capitais das principais províncias. O objetivo é
caminhar para um índice nacional de preços no consumidor. O INE publica ainda outros boletins de
dados importantes, como os boletins trimestrais sobre a confiança das empresas, produção
industrial e emprego, e comércio de mercadorias.

6 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Estatísticas Monetárias e Financeiras

Os dados do inquérito às sociedades de depósitos e do balanço do BNA passaram por uma revisão
recente com o auxílio da assistência técnica do STA. Os dados baseiam-se agora nos novos
formulários de declaração de dados, e Angola passou a contribuir plenamente para a base de dados
IFS do FMI sobre estatísticas financeiras internacionais. O BNA transmite atempadamente dados ao
FMI e publica dados pormenorizados na sua página na Internet todos os meses. O BNA começou
também a publicar outros relatórios de grande importância, como o relatório trimestral sobre a
inflação e o seu relatório anual (que resume a evolução monetária, macroeconómica e da inflação),
para além de um relatório semestral acerca da estabilidade do sistema financeiro. Os dados do BNA
sobre os indicadores de solidez financeira devem ser publicados a intervalos regulares (por
exemplo, 30 ou 60 dias após o final de cada trimestre). A utilidade do Relatório de Estabilidade
Financeira do BNA poderia ser reforçada se trouxesse informações mais atualizadas, uma vez que
hoje é demasiado longo o intervalo entre o período a que o relatório se refere e o momento da sua
publicação (o relatório mais recente, publicado no final de julho de 2014, se refere ao primeiro
semestre de 2013).

Estatísticas das Finanças Públicas

É preciso melhorar substancialmente a atualidade e qualidade das estatísticas das finanças públicas.
As receitas e despesas são registadas corretamente pelo regime de especialização do exercício, mas
perduram alguns problemas na reconciliação de operações acima e abaixo da linha. É fundamental
assegurar a publicação regular (no mínimo em bases trimestrais) de dados consolidados e
pormenorizados das finanças públicas na página do Ministério das Finanças na Internet. São
publicadas mensalmente informações pormenorizadas e coerentes sobre as receitas do petróleo,
mas estas seriam de maior utilidade para os analistas e outras partes interessadas se fossem
publicadas como folhas de cálculos em lugar de imagens em PDF. A informação disponível é
apresentada unicamente com base nos classificadores orçamentais, o que dificulta a análise
económica da situação fiscal. Todas as informações devem ser apresentadas segundo a sua
classificação económica, e não apenas orçamental. Até à altura, o Ministério das Finanças divulga
dados segundo uma versão “modificada” da metodologia GFSM 1986, utilizando um fator de
ajustamento para reconciliar as cifras acima da linha (registadas segundo o regime de
especialização) com aquelas abaixo da linha (registadas segundo o regime de caixa). No momento
oportuno, o Ministério das Finanças deverá iniciar a migração abrangente para a metodologia
GFSM 2001.

Estatísticas do Setor Externo

A balança de pagamentos e a posição de investimento internacional (PII) são compiladas em


conformidade com as recomendações da quinta edição do Manual da Balança de Pagamentos do
FMI (BPM5). Tais estatísticas são compiladas e divulgadas em base anual, com um desfasamento de
nove meses em relação ao período de referência. Uma missão de assistência técnica do STA na área
de estatísticas do sector externo, realizada em julho de 2010, observou que poucas recomendações
da missão anterior haviam sido implementadas e que haviam sido feitos progressos mínimos no
fortalecimento do trabalho de compilação. As unidades técnicas não contam com um número

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 7


ANGOLA

suficiente de funcionários e as empresas residentes não cumprem todas as exigências em matéria


de reporte de dados. Foi realizado um exame minucioso da balança de pagamentos e da PII de
2008 e 2009. As autoridades melhoraram o rigor metodológico da classificação das transações da
balança de pagamentos, mas foram detetadas algumas inconsistências, sobretudo na classificação
de transações que envolvem atrasados e DSE. A PII apresenta grandes inconsistências em relação ao
demonstrativo da balança de pagamentos e da dívida externa. Uma das principais deficiências ainda
é a cobertura e atualidade dos dados de base. O desenvolvimento do SIOBE, o sistema de
comunicação de transações internacionais do BNA, foi interrompido devido à falta de pessoal e às
incertezas quanto à sua possível substituição por um outro sistema que está a ser desenvolvido pelo
BNA. Considerando que há grandes discrepâncias entre os dados do INE e do BNA sobre o
comércio externo, recomenda-se a recomposição do grupo de trabalho composto pelo INE, BNA,
Alfândegas e Ministério do Comércio.

8 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL


ANGOLA

Indicadores Mais Comuns Exigidos para Efeitos de Supervisão


(Em 31 de julho de 2014)

Data da última Data de Frequência Frequência Frequência da


5 5 5
observação recebimento dos dados do reporte publicação

Taxas de câmbio Junho 2014 Julho 2014 D D D

Ativos de reserva internacionais e passivos de Junho 2014 Julho 2014 M M M


1
reserva das autoridades monetárias

Reserva/base monetária Maio 2014 Junho 2014 M M M

Massa monetária Maio 2014 Junho 2014 M M M

Balanço do Banco Central Maio 2014 Junho 2014 M M M

Balanço consolidado do sistema bancário Maio 2014 Junho 2014 M M M

Taxas de juros Maio 2014 Junho 2014 M M M

Índice de Preços no Consumidor Junho 2014 Julho 2014 M M M

Receitas, despesas, saldo e composição do Março 2014 Maio 2014 T T T


2 3
financiamento – Governo Geral

Receitas, despesas, saldo e composição do Março 2014 Maio 2014 T T T


2
financiamento – Governo Central

Dívida contraída ou garantida pelo Governo Dez. 2013 Julho 2014 T T T


4
Central

Saldo da conta corrente externa Dez. 2013 Junho 2014 A A A

Exportações e importações de bens e serviços Dez. 2013 Junho 2014 A A A

PIB/PNB 2013 (Est.) Julho 2014 A A A

Dívida externa bruta Dez. 2013 Julho 2014 M T M


6
Posição de Investimento Internacional Dez. 2012 Junho 2014 A I A
1
Inclui os ativos de reserva dados em garantia ou penhorados, bem como as posições derivadas líquidas.
2
Financiamento externo, bancário interno e não bancário interno.
3
O governo geral é composto pelo governo central (fundos orçamentais, fundos extraorçamentais e fundos de segurança
social) e pelos governos estaduais/provinciais e locais.
4
Composição por moeda e por vencimento.
5
Diária (D), semanal (S), mensal (M), trimestral (T), anual (A), irregular (I), não disponível (ND).
6
Incluindo as posições em ativos e passivos financeiros externos brutos com não residentes.

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 9


FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL DEPARTAMENTO
DE COMUNICAÇÃO

Comunicado de Imprensa n.º 14/410 (P) Fundo Monetário Internacional


PARA DIVULGAÇÃO IMEDIATA Washington, DC 20431 EUA
3 de setembro de 2014

Conselho de Administração do FMI conclui a consulta de 2014 com Angola ao abrigo do


Artigo IV

Em 29 de agosto de 2014, o Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI)


concluiu a consulta com Angola ao abrigo do Artigo IV.1

Após um vigoroso crescimento em 2013, estimado em 6,8%, o crescimento económico projetado


para 2014 é de 3,9%, a despeito do declínio na produção de petróleo. O crescimento robusto da
economia não petrolífera, impulsionado, sobretudo, pelo ótimo desempenho do setor agrícola,
deverá compensar uma queda temporária porém expressiva na produção de petróleo.2 Espera-se
que os investimentos em curso na agricultura resultem num aumento da produção agrícola de
cerca de 11,5% em 2014. Outros setores como indústria, eletricidade e serviços devem também
contribuir para um bom resultado. Projeta-se que a inflação ascenda a 7,5% no final do 2014,
confortavelmente dentro da meta do BNA. O saldo orçamental global, que vinha registando
excedentes nos últimos quatro anos, deverá sofrer uma deterioração significativa em 2014, com
um défice de cerca de 4% do PIB. A receita do petróleo caiu 14% entre janeiro e maio de 2014,
sobretudo devido a obras não programadas de manutenção e reparos nalguns campos
petrolíferos. O nível de reservas internacionais no BNA continua apropriado, equivalente a 7¾
meses de importações.

Não obstante o forte crescimento económico verificado na última década, a pobreza e a


desigualdade de rendimento ainda representam um desafio. O inquérito aos agregados
familiares de 2009, divulgado em 2011, mostra que a distribuição de rendimentos em Angola é
uma das mais desiguais da África Subsariana, com um terço do total de rendimentos a se

1
Ao abrigo do Artigo IV do seu Convénio Constitutivo, o FMI mantém discussões bilaterais com os seus países
membros, normalmente com uma periodicidade anual. Uma equipa de especialistas visita o país, recolhe
informações de natureza económica e financeira e discute com as autoridades a evolução da economia e as
políticas económicas do país. De regresso à sede do FMI, os especialistas elaboram um relatório que constitui a
base para as discussões do Conselho de Administração.
2
Os cálculos se baseiam na série do PIB fornecida pelo Ministério do Planeamento e, por isso, não refletem ainda
a série revista conforme calculada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Washington, D.C. 20431 • Telefone 202-623-7100 • Fax 202-623-6772 • www.imf.org


2

concentrar nas mãos dos 10% mais ricos, o que corresponde a um índice de pobreza de 37% em
termos relativos (60% nas zonas rurais).

Estão a ser feitos bons progressos nas reformas estruturais. A tão esperada reforma dos
impostos não petrolíferos foi aprovada pela Assembleia Nacional em 4 de julho de 2014, e
constitui uma etapa fundamental para a redução da forte dependência do orçamento em relação
à receita do petróleo. As reformas da gestão das finanças públicas (GFP) também avançaram,
com a introdução de duas medidas essenciais para conter a proliferação de atrasados de
pagamentos internos: i) a lei-quadro do orçamento inclui agora uma definição clara de atrasados
que é compatível com as boas práticas internacionais, e ii) um novo procedimento de controlo
exige a confirmação, pelo Ministério das Finanças, de todos os contratos de valor superior a
USD 1,5 milhões. O Ministério da Economia continuou a pôr em prática uma série de medidas
visando melhorar o ambiente de negócios, com destaque para o programa Angola Investe.

As perspetivas de crescimento económico a médio prazo continuam favoráveis. Espera-se que o


setor petrolífero se recupere e cresça 2,25%, em média, nos próximos cinco anos, com o declínio
da produção nalguns campos a ser mais do que compensado pela entrada em operação de sete
novos campos, o que inclui a primeira fase de um campo de petróleo no pré-sal que deve iniciar
as operações em 2017. Espera-se que os investimentos de grande envergadura no setor não
petrolífero gerem a tão necessária diversificação e empregos, sobretudo no setor agrícola, mas
também nos setores de eletricidade, indústria e serviços. Espera-se também que o forte
crescimento projetado do setor não petrolífero, de cerca de 7,75% em média nos próximos cinco
anos, aumente a concorrência interna, o que contribuiria para baixar ainda mais a inflação.
A mais longo prazo, porém, as perspetivas de crescimento são incertas, mas devem se consolidar
ao longo de 2015, à medida que a prospeção do pré-sal contribua para definir a quantidade de
reservas petrolíferas comercialmente viáveis.

Avaliação do Conselho de Administração3

Os Administradores concordaram com o teor geral da avaliação do corpo técnico e felicitaram as


autoridades pelos progressos na senda da estabilidade macroeconómica, com a inflação a baixar
para um mínimo histórico e as reservas internacionais a alcançar níveis adequados. Viram com
satisfação as melhorias nas perspetivas económicas, mas registaram que os riscos exigiam
esforços adicionais de fortalecimento das políticas. A longo prazo, reduzir a dependência do
petróleo é fundamental para conter as vulnerabilidades externas e alcançar um crescimento
sustentável e inclusivo.

Os Administradores concordaram com a necessidade de se preservar o espaço para a


reconstrução das infraestruturas e a redução da pobreza e da desigualdade, porém poupando
parte da riqueza do petróleo para as gerações futuras. Tal requer o tratamento dos défices

3
Concluídas as discussões, a Diretora-Geral, na qualidade de Presidente do Conselho, resume os pontos de vista
dos Administradores, e este resumo é transmitido às autoridades do país. A ligação a seguir contém uma
explicação dos principais qualificadores empregados nos resumos:
http://www.imf.org/external/np/sec/misc/qualifiers.htm.
3

orçamentais emergentes e o retorno aos excedentes orçamentais a médio prazo, nomeadamente


mediante o reforço da administração das receitas não petrolíferas, modernização da política
salarial do setor público e eliminação progressiva dos onerosos e regressivos subsídios aos
combustíveis, em simultâneo ao alargamento de redes de proteção social bem direcionadas.
Tomando nota da anistia fiscal parcial concedida recentemente, os Administradores incentivaram
as autoridades a exercerem um controlo rigoroso do cumprimento das obrigações fiscais no
futuro para evitar qualquer impacto negativo sobre a arrecadação tributária.

Os Administradores salientaram a necessidade de um quadro coeso de gestão de ativos e


passivos, incluindo um fundo de estabilização fiscal que poderia melhorar a gestão da riqueza
em recursos naturais de Angola e proteger os orçamentos anuais da volatilidade das receitas do
petróleo. Tomaram nota da eficiência muito baixa do investimento público e consideraram
meritória a ideia de desenvolver um sistema de gestão do investimento público que contribua
para o atendimento das necessidades de Angola em matéria de infraestruturas a um custo mais
reduzido. Consideraram positivas as medidas recentes visando o reforço da gestão das finanças
públicas e o fim dos atrasados de pagamentos internos, e esperam que as mesmas sejam
implementadas com firmeza.

Os Administradores apoiaram os esforços das autoridades em desdolarizar a economia e


consolidar a estabilidade financeira, salientando que a aplicação eficaz e imparcial das normas
prudenciais é necessária para fomentar a confiança no sistema bancário. Nesse sentido,
consideraram positivas as medidas extraordinárias tomadas para fazer face aos problemas no
Banco Espírito Santo Angola (BESA) e a nova legislação que clarifica os procedimentos para a
concessão de garantias governamentais, e incentivaram a tomada de medidas para corrigir as
deficiências que ainda restam no quadro de combate ao branqueamento de capitais e ao
financiamento do terrorismo.

Segundo os Administradores, as atuais condições de estabilidade relativa e inflação baixa são


propícias à introdução de um elemento de flexibilidade cambial, o que ajudaria a reduzir a
dolarização e desenvolver instrumentos mais eficazes de política monetária. Observaram que o
atual nível de reservas é adequado e deveria ser mantido para ajudar a amortecer choques
externos.

Os Administradores ressaltaram que a via mais apropriada para a redução sustentada da pobreza
passa pelo desenvolvimento das pequenas e médias empresas no setor privado não petrolífero.
Consideraram encorajadores os esforços das autoridades para diversificar a economia, melhorar
o ambiente de negócios e aumentar a competitividade. Preocuparam-se, porém, com o
crescente recurso a medidas protecionistas, e recomendaram um exame periódico da pauta de
direitos de importação com vista à redução das tarifas dentro de um prazo específico.

Os Administradores acolheram com satisfação os progressos na compilação e divulgação de


estatísticas económicas e incentivaram as autoridades a suprir as lacunas ainda existentes na
produção de contas públicas pormenorizadas e atempadas e na cobertura da balança de
pagamentos.

Espera-se que as próximas consultas a Angola ao abrigo do Artigo IV sejam realizadas no ciclo
normal de doze meses.
4

Tabela 1. Angola: Principais Indicadores Económicos, 2009-20151

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015


Prel. Proj.

Economia real (variação percentual, salvo indicação em contrário)


Produto interno bruto real 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 3,9 5,9
Setor petrolífero -5,1 -3,0 -5,4 4,5 -1,1 -3,5 2,6
Setor não petrolífero 8,1 7,6 9,5 5,5 10,8 7,3 7,3

Produto interno bruto nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 8,8 7,8 9,7
Setor petrolífero -25,4 27,6 36,7 8,4 -3,3 -1,1 2,6
Setor não petrolífero 21,1 25,7 22,8 16,4 19,0 13,9 13,9

Deflator do PIB -7,4 22,4 24,2 7,1 1,9 3,7 3,5


Deflator do PIB não petrolífero 12,1 16,8 12,2 10,3 7,4 6,1 6,2

Preços no consumidor (média anual) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 7,3
Preços no consumidor (fim de período) 14,0 15,3 11,4 9,0 7,7 7,4 7,2

Produto interno bruto (mil milhões de kwanzas) 5.989 7.580 9.780 11.011 11.984 12.917 14.167
Produto interno bruto petrolífero (mil milhões de kwanzas) 2.662 3.396 4.641 5.030 4.864 4.808 4.933
Produto interno bruto não petrolífero (mil milhões de kwanzas) 3.327 4.184 5.139 5.982 7.120 8.109 9.234
Produto interno bruto (mil milhões de USD) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,2 131,4 141,8

Produto interno bruto per capita (USD) 4.081 4.329 5.305 5.706 5.964 6.128 6.418

Governo central (percentagem do PIB)


Total da receita 34,5 43,5 48,8 45,9 41,0 37,5 37,0
D/q: Petrolífera 24,2 33,0 39,0 37,3 30,0 27,2 26,5
D/q: Não petrolífera 9,0 7,8 7,3 6,6 8,1 8,2 8,6
Total da despesa 41,9 40,0 40,2 41,3 40,7 41,6 41,2
Despesas correntes 29,5 28,6 30,0 29,0 28,7 29,6 29,3
Despesas de capital 12,4 11,4 10,2 12,3 12,0 12,0 11,9
Saldo orçamental global -7,4 3,4 8,7 4,6 0,3 -4,1 -4,2
Saldo orçamental primário não petrolífero -29,8 -26,2 -26,9 -29,2 -27,5 -28,9 -27,9
Saldo orçamental primário não petrolífero (% do PIB não petrolífero) -53,7 -47,4 -51,1 -53,7 -46,2 -46,0 -42,8

Moeda e crédito (fim de período, variação percentual)


Massa monetária (M2) 62,6 14,0 33,5 8,4 15,3 21,4 19,8
Percentagem do PIB 38,5 34,6 35,9 34,5 36,5 41,1 44,9
Velocidade (PIB/M2) 2,6 2,9 2,8 2,9 2,7 2,4 2,2
Velocidade (PIB não petrolífero/M2) 1,4 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5 1,5
Crédito ao setor privado (variação percentual em 12 meses) 59,5 25,0 30,4 24,2 10,9 15,2 17,7

Balança de pagamentos
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0
Exportações de bens, FOB (percentagem do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2
D/q: Exportações de petróleo e gás (percentagem do PIB) 52,8 58,8 62,3 60,1 53,7 49,4 46,1
Importações de bens, FOB (percentagem do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5
Saldo da conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0

Reservas internacionais brutas (fim de período, milhões de USD) 13.238 19.339 28.396 33.035 33.179 33.898 35.113
Reservas internacionais brutas (meses de import. do ano seguinte) 4,5 5,3 7,4 7,8 7,7 7,5 7,4
Reservas internacionais líquidas (fim de período, milhões de USD) 12.514 16.848 26.083 30.632 30.987 32.464 34.064

Taxa de câmbio
Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 96,5 … …
Taxa de câmbio oficial (fim de período, kwanzas por USD) 89,4 92,6 95,3 95,8 97,5 … …

Dívida (percentagem do PIB)


Total da dívida (bruta) do setor público 49,9 39,8 32,2 29,6 34,6 36,6 38,8

Petróleo
Produção de petróleo (milhões de barris por dia) 1,809 1,758 1,660 1,735 1,716 1,656 1,700
Exportações de petróleo e gás (mil milhões de USD) 39,9 48,5 64,8 69,3 66,7 64,9 65,4
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 110,3 110,9 107,3 107,9 106,1
Preço do petróleo Brent (média, USD por barril) 61,9 79,6 111,0 112,0 109,1 108,2 106,1
Preço do petróleo segundo o WEO (média, USD por barril) 61,8 79,0 104,0 105,0 104,1 106,1 102,8
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Incorpora o impacto da nova lei cambial a partir de 2013.
Declaração do Sr. Momodou Saho, Administrador para Angola, e da Sra. Chileshe
Mpundu Kapwepwe, Administradora Suplente para Angola
29 de agosto de 2014

1. Introdução

Angola registou uma melhoria significativa das condições económicas nos últimos cinco
anos, depois de ter sido fortemente afetada pela crise financeira mundial, pelos efeitos
adversos dos choques dos preços das matérias-primas e por uma subsequente recuperação
morosa da economia mundial. O empenho do governo em reforçar a estabilidade
macroeconómica e manter a paz e a segurança assegurou o impulso necessário para fomentar
um crescimento de base mais abrangente, acelerar o ritmo da diversificação e da
transformação estrutural e impulsionar a produtividade, em particular nos setores não
petrolíferos.

As autoridades estão gratas pelo empenho contínuo do FMI e valorizam as discussões e


trocas de opiniões sinceras com o corpo técnico durante a recente missão de consulta ao
abrigo do Artigo IV.

2. Desenvolvimentos económicos recentes e perspetivas para 2014

A agenda económica de Angola nos próximos anos, conforme definida no seu Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND) para o período de 2013-2017, é libertar o potencial de
crescimento através da diversificação e transformação económica. Embora as receitas da
extração dos recursos petrolíferos desempenhem um papel fundamental na mobilização de
recursos internos para ampliar o fornecimento de infraestruturas e serviços sociais básicos, a
dependência das receitas do petróleo continua a ser uma importante fonte de vulnerabilidade
orçamental tendo em conta a volatilidade dos preços mundiais do petróleo. As prioridades de
política para minimizar os riscos induzidos pela volatilidade dos preços das matérias-primas
incluem o estímulo da produtividade nos setores agrícola e da indústria transformadora, bem
como o desenvolvimento de capital humano e a criação de um ambiente propício à geração
de emprego e à realização de negócios.

Projeta-se que o crescimento económico atinja 3,9% em 2014, uma diminuição face a 6,8%
em 2013 e 5,2% em 2012, devido a interrupções temporárias na produção de petróleo e à
desaceleração do crescimento do produto no setor agrícola por causa da seca. Espera-se que o
crescimento sólido no setor não petrolífero (7,3%), impulsionado principalmente pelos
investimentos em curso nos setores da agricultura, da indústria transformadora, de
eletricidade e de serviços compense o declínio transitório no setor petrolífero (3,5%).

Estima-se que as expectativas inflacionistas em 2014 permaneçam no lado mais baixo e


alinhadas com a meta do Banco Nacional de Angola (BNA) no médio prazo de 7-9%, devido
principalmente ao ambiente benigno marcado pela descida dos preços internacionais dos
géneros alimentícios, pelo aumento da produção agrícola e uma taxa de câmbio estável. As
2

reservas internacionais brutas diminuíram para USD 32,1 mil milhões em maio de 2014, de
um máximo histórico de USD 36,6 mil milhões atingido em setembro de 2013, sobretudo
devido a uma transferência de USD 5 mil milhões do Fundo Petrolífero para Infraestruturas
para o Fundo Soberano de Angola. No entanto, o nível de cobertura das reservas
internacionais para 2014 (7,1 meses de cobertura de importações) é ainda adequado para
fazer face aos choques externos.

As autoridades angolanas continuam empenhadas no reforço das margens de manobra


orçamentais. Após registar excedentes nos últimos quatro anos, as autoridades esperam um
défice orçamental global de cerca de 4% do PIB em 2014, o que reflete uma diminuição de
10% nas receitas do petróleo no primeiro trimestre de 2014. Embora seja improvável que se
trate de um fenómeno permanente, foram tomadas medidas importantes na reforma fiscal não
petrolífera ao abrigo da legislação tributária recentemente aprovada com vista a diversificar
as fontes de receitas não petrolíferas.

3. Reformas estruturais em 2014

As autoridades angolanas deram início a um vasto leque de reformas estruturais para ampliar
as fontes de receitas não petrolíferas, melhorar a gestão das finanças públicas e reforçar o
setor financeiro. Como parte dos esforços das autoridades para reduzir a dependência
orçamental das receitas do petróleo, a Assembleia Nacional aprovou, em julho de 2014, um
pacote legislativo constituído por três códigos: o Código Geral Tributário, o Código do
Processo Tributário e o Código de Execuções Fiscais. Além disso, foram introduzidas
alterações ao imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e das pessoas coletivas para
fomentar o consumo e o investimento.

A implementação das reformas da gestão das finanças públicas prossegue. Mais importante,
as autoridades tomaram medidas para evitar a acumulação e a proliferação de atrasados com
a inclusão na lei-quadro do orçamento de uma definição clara de atrasados, consistente com
as melhores práticas internacionais. Adicionalmente, um novo procedimento de controlo foi
introduzido, o qual requer a confirmação do Ministério das Finanças de todos os contratos de
valor superior a USD 1,5 milhões.

Para evitar a proliferação dos créditos vencidos, o BNA iniciou o processo de adoção de
novos regulamentos relativos às definições e à classificação de créditos vencidos. Este novo
regulamento melhorará a comparabilidade do desempenho dos bancos por parte de
investidores e depositantes, e assegurará incentivos adequados aos bancos no sentido de
melhorarem as suas práticas de concessão de crédito.

4. Perspetivas a médio prazo e prioridades de política

O principal desafio de Angola, à semelhança da maioria dos países ricos em recursos


naturais, é traduzir o crescimento económico em melhorias nos padrões de vida da sua
população. Espera-se que a trajetória de crescimento no médio prazo se mantenha sólida,
3

sustentada por uma recuperação no setor do petróleo com a entrada em funcionamento de


sete novos campos. Além disso, grandes investimentos no setor não petrolífero, em particular
na agricultura, infraestruturas, indústria transformadora e serviços sociais deverão criar as
condições necessárias para impulsionar a tão necessária diversificação económica e a criação
de emprego. A este respeito, um dos aspetos centrais da implementação da Estratégia
Nacional de Desenvolvimento é dar prioridade aos recursos públicos para expandir a
acumulação de capital e melhorar a produtividade no setor de bens não transacionáveis para
reduzir a dependência das importações.

Política orçamental

Para fazer face ao abrandamento projetado das receitas do petróleo, as autoridades irão
continuar a criar margens de manobra orçamentais através do aumento gradual de poupanças
da atual riqueza do petróleo no Fundo Soberano. Adicionalmente, as autoridades continuam
empenhadas em adotar medidas de reforço das receitas para mitigar os riscos decorrentes da
volatilidade dos preços das matérias-primas, incluindo a diminuição das reservas de petróleo
e uma inversão dos ganhos recentes nos atrasados internos. Mais importante ainda, as
autoridades devem prosseguir a implementação da reforma tributária não petrolífera e
reforçar a gestão das finanças públicas através da contenção de despesas recorrentes, em
especial da massa salarial, eliminando gradualmente os subsídios aos combustíveis,
melhorando a eficiência na despesa de capital e adotando programas eficazes de redes de
proteção, em grande medida em linha com as recomendações do corpo técnico. Estas
medidas são vitais para a manutenção das finanças públicas numa trajetória sustentável.

Políticas monetária e cambial

A orientação de política monetária das autoridades no curto prazo irá continuar a centrar-se
em ancorar as expectativas inflacionistas, melhorar a gestão da liquidez e reforçar a
supervisão financeira. Para melhorar a eficácia da sua condução da política monetária e da
transição para um regime de metas de inflação, as autoridades irão centrar-se em três áreas
principais. Primeira, para fomentar o processo de desdolarização, as autoridades irão
empenhar-se em eliminar o desfasamento entre moedas nos balanços dos bancos e permitir,
ao longo do tempo, uma maior flexibilidade na taxa de câmbio. Segunda, para aumentar o
aprofundamento financeiro e reforçar o canal das taxas de juro, as autoridades estão a tomar
medidas para que a taxa de juro passe a ser determinada com base no mercado. Terceira, o
BNA e o Instituto Nacional de Estatística irão colaborar no desenvolvimento de indicadores
de alta frequência para disponibilizar aos formuladores de políticas informação atempada
para a tomada de decisões.

Para reforçar o sistema bancário nacional, o BNA introduziu novos regulamentos relativos à
governança corporativa, gestão de riscos e controlo interno, bem como procedimentos de
auditoria externa. As autoridades estão também empenhadas em implementar o conjunto de
4

políticas monetária e orçamental apropriado para manter a inflação dentro da meta de médio
prazo do BNA, nomeadamente de 7-9%.

Políticas do setor financeiro

Fomentar o aprofundamento e a inclusão financeira é um dos principais desafios para criar


mais oportunidades e apoiar o desenvolvimento do setor privado e a criação de emprego.
Para o efeito, as autoridades lançaram uma série de iniciativas para melhorar o acesso das
pequenas e médias empresas ao crédito, tais como o Programa de Facilitação do Acesso ao
Crédito. As medidas em fase de implementação no âmbito desse programa incluem, entre
outras, a simplificação do registo de direitos de propriedade, a legalização de direitos
fundiários e a criação de um registo público de garantias de crédito. Outras medidas incluem:
melhorar os processos e simplificar os requisitos legais para executar uma garantia, melhorar
e alargar a utilização da Central de Informação de Risco de Crédito no BNA, promover o
desenvolvimento de seguros agrícolas e expandir a educação financeira.

5. Conclusão

As autoridades angolanas reiteram o seu empenho na implementação de políticas e reformas


estruturais sólidas que fomentem a estabilidade macroeconómica, promovam um crescimento
de base mais abrangente e reduzam a pobreza e a desigualdade. Para isso, as autoridades irão
continuar a implementar reformas tributárias não petrolíferas, a melhorar a eficiência na
despesa de investimento e a reforçar as margens de manobra orçamentais. A modernização
do quadro de política monetária, incluindo a adoção de medidas que permitam uma taxa de
câmbio mais flexível e uma transição gradual para um regime de metas de inflação,
continuará a ser o pilar do reforço da eficácia da política monetária. Em nome das minhas
autoridades desejo agradecer ao FMI pelo apoio contínuo e aconselhamento no sentido de
promover o desenvolvimento económico e a prosperidade partilhada em Angola.

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