Null 002.2014.issue 274 PT
Null 002.2014.issue 274 PT
Null 002.2014.issue 274 PT
º 14/274P
ANGOLA
CONSULTAS DE 2014 AO ABRIGO DO ARTIGO IV – RELATÓRIO
Setembro de 2014 DO CORPO TÉCNICO, COMUNICADO DE IMPRENSA E
DECLARAÇÃO DO ADMINISTRADOR DO FMI PARA ANGOLA
Nos termos do Artigo IV do seu Convénio Constitutivo, o FMI mantém discussões bilaterais
com os países membros, normalmente uma vez por ano. No contexto das consultas de 2014
a Angola, os seguintes documentos foram liberados para publicação e estão incluídos neste
pacote:
Relatório do Corpo Técnico elaborado por uma equipa de especialistas do FMI para a
consideração do Conselho de Administração em 29 de agosto de 2014, após as
discussões encerradas em 14 de julho de 2014 com as autoridades angolanas sobre a
evolução da economia e as políticas económicas. O relatório do corpo técnico foi
finalizado em 15 de agosto de 2014, com base na informação disponível à altura das
discussões.
PRINCIPAIS TEMAS
Contexto e perspetivas: A evolução económica recente de Angola tem sido positiva, mas o
abrandamento das receitas do petróleo e a dimensão limitada das reservas petrolíferas
confirmadas salientam a necessidade de conter os défices orçamentais emergentes,
preservar as margens de manobra das políticas e continuar a diversificar a economia.
Foco das consultas: As discussões centraram-se na mitigação dos principais riscos ao
quadro macroeconómico e, entre outros aspetos, nas políticas visando o retorno aos
excedentes orçamentais estruturais a médio prazo, o apoio à diversificação económica e
ao crescimento inclusivo, a modernização do quadro da política monetária e a
estabilidade financeira.
Principais recomendações em matéria de políticas:
Retornar aos excedentes orçamentais estruturais em linha com os objetivos
definidos no Fundo Soberano de Angola, através da mobilização de mais receitas
fiscais não petrolíferas, melhoria da eficiência do investimento público e redução dos
gastos correntes, inclusive com a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis
— que são regressivos e onerosos — e, em simultâneo, aliviando o impacto sobre os
pobres através da assistência social bem direcionada.
Adotar um cenário fiscal de médio prazo aperfeiçoado, centrado no saldo
orçamental estrutural para limitar o impacto do sector petrolífero sobre a economia
não petrolífera.
Desenvolver um quadro coeso de gestão de ativos e passivos, que incorpore um
fundo de estabilização bem formulado para proteger o orçamento das flutuações da
receita petrolífera.
Continuar a aperfeiçoar os sistemas de gestão das finanças públicas para evitar,
entre outros problemas, a recorrência do problema dos atrasados de pagamentos
internos no futuro.
Continuar a melhorar o ambiente de negócios para estimular o desenvolvimento
económico, a diversificação e a competitividade.
Durante a transição a médio prazo para um regime de metas de inflação, reforçar a
capacidade do Banco Nacional de Angola de recolher e analisar dados económicos
de alta frequência e continuar a desdolarizar a economia.
Avançar no fortalecimento do sistema financeiro, continuando a melhorar a
transparência e prestação de contas dos bancos e a reforçar a supervisão bancária.
Gerir as garantias públicas de forma transparente e de forma a minimizar os custos
orçamentais, conforme previsto na lei de garantias públicas aprovada recentemente.
ANGOLA
SUMÁRIO
CONTEXTO _______________________________________________________________________________________ 4
CAIXAS
1. O Alastrar de Efeitos Externos sobre a Economia Angolana e o Recíproco ____________________ 10
2. Eficiência do Investimento Público em Angola ________________________________________________ 14
3. Subsídios aos Combustíveis em Angola _______________________________________________________ 15
4. Banco Espírito Santo Angola (BESA) ___________________________________________________________ 17
FIGURAS
1. Evolução Orçamental, 2003–15 ________________________________________________________________ 23
2. Evolução Monetária, 2007–15 _________________________________________________________________ 24
3. Evolução do Sector Externo, 2003–15 _________________________________________________________ 25
4. Matriz de Avaliação do Risco (Junho de 2014)_________________________________________________ 26
5. Principais Recomendações da Consulta de 2012 ao abrigo do Artigo IV e Ponto da Situação __ 27
TABELAS
1. Principais Indicadores Económicos, 2009–15 __________________________________________________ 29
2a. Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15 (Mil milhões de Kwanzas) _____ 30
2b. Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15 (Percentagem do PIB) ________ 31
2c. Demonstrativo das Operações do Governo Central, 2009–15 (Percentagem do PIB não
petrolífero) _______________________________________________________________________________________ 32
3. Contas Monetárias, 2009–15___________________________________________________________________ 33
4. Balança de Pagamentos, 2009–15 _____________________________________________________________ 34
5. Cenário Ilustrativo de Médio Prazo, 2009–19 __________________________________________________ 35
6. Indicadores de Estabilidade Financeira, dezembro de 2010–maio de 2014 ___________________ 36
7. Dívida Externa e Pública, 2009–19 _____________________________________________________________ 37
APÊNDICE
I. Melhoria do Ambiente de Negócios ___________________________________________________________ 38
CONTEXTO
1. Angola foi duramente atingida pela crise mundial, mas conseguiu recobrar a
estabilidade macroeconómica no âmbito do Acordo Stand-By (2009-12) e da Monitorização
Pós-Programa (2012-14). O crescimento económico, em especial do setor não petrolífero, tem
sido vigoroso; a inflação foi reduzida a um dígito (um nível historicamente baixo) e as reservas
externas e orçamentais foram restauradas.
4. Projeta-se que o crescimento económico recue de 5,9% em 2013 para 3,9% em 2014,
sobretudo por causa do declínio temporário na produção de petróleo e da desaceleração do
crescimento do sector agrícola (em relação ao crescimento extraordinariamente forte
verificado no ano passado após uma prolongada seca). O crescimento da economia não
petrolífera continua a ser robusto (7,3%), mormente impulsionado pelo setor agrícola e, em menor
medida, indústria e serviços. A produção de petróleo recuou 10% entre janeiro e maio de 2014,
devido a obras não programadas de manutenção e reparos nalguns campos petrolíferos, e a
expectativa é que sofra um declínio de 3,5% no ano inteiro à medida que a produção se recupera no
segundo semestre.1
1
Os cálculos se baseiam na série do PIB fornecida pelo Ministério do Planeamento e, por isso, não refletem ainda a
série revista conforme calculada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
5. A meta de inflação de 7– 9% fixada pelo Banco Nacional de Angola (BNA) para o ano
de 2014 pode ser cumprida com boa margem. O aumento da produção agrícola e o declínio dos
preços internacionais dos alimentos, aliados a uma taxa de câmbio estável, ajudaram a manter a
inflação em declínio constante, tendo-se alcançado o nível historicamente baixo de 6,9% (base
homóloga) em junho de 2014. Projeta-se um pequeno aumento da inflação de fim de período, para
7,5%, o que reflete o impacto sobre os preços da entrada em vigor, em 1 de março de 2014, da
nova pauta de direitos de importação (mais protecionista) sobre determinados produtos do sector
agrícola e da indústria ligeira, embora ainda não haja sinais inequívocos de tal impacto.
6. O saldo orçamental global, que nos últimos quatro anos era superavitário, deve se
deteriorar consideravelmente em 2014, passando a um défice próximo dos 4% do PIB. Espera-
se que uma recuperação da produção de petróleo no segundo semestre do ano contenha o declínio
das receitas petrolíferas em cerca de 2,75% do PIB. A despesa pública deve crescer 1% do PIB em
2014, principalmente em função da folha salarial mais elevada (o que reflete tanto os aumentos
salariais como as novas contratações), mas também do aumento dos gastos com bens e serviços.
O investimento público deverá manter-se basicamente constante em relação ao PIB, e a aprovação
atempada do orçamento de 2014 permitirá a execução mais uniforme do Programa de Investimento
Público (PIP) ao longo do ano.
7. O controlo sobre as despesas ainda está a evoluir, mas já foram registadas diversas
melhorias. Como resultado do exercício em curso de reconciliação, a estimativa dos atrasados de
despesas de 2012 foi revista em alta, de USD 1,5 mil milhões para USD 2,3 mil milhões, e as
autoridades relataram que os atrasados acumulados em 2013 são agora estimados em cerca de
USD 0,7 mil milhões. Duas medidas essenciais, formuladas com a assistência técnica do FMI, foram
implementadas com a aprovação do orçamento de 2014: uma definição clara dos atrasados,
coerente com as boas práticas internacionais,2 e um novo procedimento de controlo exigindo a
confirmação do Ministério das Finanças para todos os contratos de valor superior USD 1,5 milhões.
A aprovação dos projetos exige, entre outras coisas, a apresentação de uma nota de compromisso
do adjudicatário (assegurando que o projeto será custeado dentro do orçamento) e um cronograma
trimestral de pagamentos pelo prazo do contrato, coerente com o orçamento anual. O novo
procedimento de controlo já foi adotado pelo Ministério da Construção e o Ministério da Energia e
Águas, e deve ser gradualmente estendido a todos os órgãos do governo até ao final de 2015.
2
Define-se como atrasados as despesas que tenham sido incursas porém não pagas no prazo de 90 dias.
a taxa interbancária de curto prazo (Luibor overnight) caiu de cerca de 6% no final de 2013 para
menos de 3% em julho de 2014, e o Comité de Política Monetária do BNA (CPM) cortou a sua taxa
de juro diretora de 9,25% para 8,75% em 28 de julho de 2014 (o segundo corte de 50 pontos base
em oito meses).
3
Angola continua a se valer do regime transitório previsto na Secção 2 do Artigo XIV e a manter duas medidas
cambiais, duas restrições cambiais e duas práticas de taxas de câmbio múltiplas.
4
É possível que o diferencial não tenha retornado aos níveis do final de 2013 devido à melhor fiscalização do BNA às
exigências de verificação de determinadas operações de transferência de numerário, de forma que as transações
ilícitas passaram a ser realizadas no mercado paralelo.
grande medida devido à transferência de USD 5 mil milhões do Fundo Petrolífero para
Infraestruturas para o FSDEA, dos quais USD 3,5 mil milhões foram transferidos no quarto trimestre
de 2013. A transferência dos restantes USD 1,5 mil milhões, originalmente programada para o
primeiro trimestre de 2014, foi adiada para o segundo trimestre em razão do recuo nas receitas
petrolíferas.
12. Em 4 de julho de 2014, a Assembleia Nacional aprovou a tão esperada reforma fiscal
do setor não petrolífero. O pacote legislativo abrange três códigos de suma importância,
nomeadamente: o Código Geral Tributário, o Código do Processo Tributário e o Código de
Execuções Fiscais. A taxa do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas foi reduzida de 35%
para 30%, enquanto o rendimento mínimo mensal isento do imposto sobre os rendimentos das
pessoas singulares foi elevado de 25.000 para 34.450 kwanzas. Em simultâneo, foram alargadas as
bases de tributação através da eliminação das brechas. Foi também aprovada uma anistia fiscal
parcial para algumas dívidas fiscais anteriores a dezembro de 2012,5 embora tanto os parlamentares
quanto as autoridades do Ministério das Finanças tenham explicado que, para resguardar o
cumprimento das obrigações fiscais no futuro, não há previsão de novas anistias fiscais.
Perspetivas e riscos
5
A anistia fiscal abrange principalmente dívidas do imposto sobre os rendimentos e não inclui dívidas dos impostos
de consumo e contribuições sociais.
6
O orçamento destina USD 1,5 mil milhões (cerca de 1% do PIB) ao financiamento de bonificações de juros ou
garantias para até 70% dos empréstimos concedidos através dos bancos em determinados setores.
perspetivas de crescimento a mais longo prazo serão fortemente influenciadas pelos resultados da
prospeção em curso no pré-sal.
17. Os principais riscos a curto prazo são de declínio prolongado na produção de petróleo
e reversão dos ganhos recentes nos atrasados de despesas; a médio e longo prazo, os riscos
negativos abrangem as derrapagens na implementação das reformas estruturais, um declínio
sustentado dos preços do petróleo e a materialização das garantias soberanas, em contraste
aos riscos positivos de novas descobertas de petróleo. Os principais canais de transmissão dos
riscos negativos são através de receitas orçamentais mais baixas, despesas orçamentais mais
elevadas e recursos orçamentais reduzidos, o que poderia desencadear um ajustamento
desordenado das contas públicas. Caso a produção de petróleo fique temporariamente abaixo das
projeções, o corpo técnico recomendaria uma moderação no ritmo de implementação do programa
de investimento público (também aconselhável por razões de qualidade), o uso de parte dos
depósitos do Tesouro para financiar o orçamento, e flexibilidade cambial. Para mitigar os riscos a
médio e longo prazo, as autoridades devem continuar a implementar as reformas da gestão das
7
A dívida pública de Angola é sustentável no cenário de base, e os principais riscos decorrem de choques do PIB real
e das taxas de juro. O corpo técnico estima que o rácio dívida pública/PIB aumente para 45% em 2019 ante 33,5% do
PIB em 2013. Embora os níveis projetados permaneçam abaixo dos limiares de sustentabilidade, os riscos estão a
aumentar, como mostram os testes de esforço — uma redução no crescimento real teria um impacto adverso
significativo sobre a trajetória da dívida e, em vista das necessidades crescentes de financiamento e dos custos mais
elevados dos novos financiamentos, a trajetória da dívida é também sensível ao aumento das taxas de juro. Para mais
pormenores, consulte a Análise de Sustentabilidade da Dívida.
18. As autoridades concordam com o teor geral da avaliação do corpo técnico sobre as
perspetivas e riscos. Contudo, preveem que o crescimento económico não petrolífero será um
pouco mais robusto, sobretudo na agricultura. As autoridades acreditam também que a flexibilidade
cambial seria prematura devido ao elevado nível de dolarização da economia e às suas repercussões
em termos de inflação. As autoridades reconhecem o risco de declínio do cumprimento das
obrigações fiscais como resultado da anistia fiscal concedida recentemente, mas salientaram que tal
medida era limitada e necessária para preparar o terreno para a implementação da reforma dos
impostos não petrolíferos pela autoridade tributária. Destacaram que não serão concedidas novas
anistias fiscais no futuro. No que respeita às garantias governamentais, observaram que a exposição
a tais garantias será objeto de gestão ativa para minimizar os custos orçamentais.
A forte dependência da economia angolana em relação ao petróleo constitui o maior elo do país com o
resto do mundo. O colapso dos preços internacionais do petróleo durante a crise financeira mundial de 2008-09
ilustrou a importância desse elo: o crescimento desacelerou de 13,8% em 2008 para 2,4% em 2009; com a forte
quebra das receitas orçamentais, e a despeito do corte profundo dos gastos públicos, o saldo orçamental global
sofreu uma deterioração acentuada, de um excedente de 8,9% do PIB em 2008 para um défice de 7,4% em
2009; as reservas internacionais caíram um quarto; e a taxa de câmbio depreciou 18%, o que conduziu à alta da
inflação.
Com reflexo da evolução dos mercados mundiais de energia, os principais mercados das exportações de
petróleo de Angola passaram a ser a China e a Índia, em lugar dos Estados Unidos. Hoje, a China é o destino
de cerca de metade das exportações de petróleo de Angola, com a Índia a receber 10% e os Estados Unidos
apenas 7%.
Os principais credores bilaterais de Angola são a China, a Grã-Bretanha e o Brasil. A China detém quase
41% do total da dívida pública de Angola, seguida da Grã-Bretanha com 27% e do Brasil com 8%.
Angola mantém importantes laços económicos com Portugal, mas a sua exposição parece ser limitada ao
setor bancário. Seis dos 24 bancos em atividade em Angola — representando cerca da metade do volume de
ativos do sistema bancário angolano — são detidos maioritariamente por bancos portugueses. Portugal é a
principal fonte das importações de Angola (15% do total), seguido por Singapura e China (13% e 11%,
respetivamente). Angola, por seu turno, é o principal mercado de exportação de Portugal fora da União Europeia
(7% do total das exportações, ou 2% do PIB português). As remessas de Portugal para Angola são mínimas (cerca
de 0,2% do PIB). O IDE de Portugal em Angola é significativo no setor bancário e também nos meios de
comunicação e telecomunicações, mas tem permanecido basicamente constante nos últimos anos (em cerca de
8% do total).
As repercussões externas da economia de Angola são limitadas. O comércio na região subsariana ainda é
mínimo, embora as ligações financeiras — através do sistema bancário e dos empréstimos bilaterais a entidades
soberanas — estejam a crescer.
21. Deve-se criar um fundo de estabilização fiscal com regras claras sobre depósitos e
levantamentos para suavizar a volatilidade da receita do petróleo, em apoio ao objetivo de
excedente orçamental estrutural a médio prazo. Embora as receitas excedentes sejam hoje
depositadas em contas administradas pelo BNA, não há regras claras sobre em quais circunstâncias
específicas os recursos dessas contas podem ser usados pelo governo para cobrir os défices
orçamentais maiores do que o esperado. Outras economias ricas em recursos naturais instituíram
fundos de estabilização fiscal com regras bem definidas sobre as transferências do e para o
orçamento de acordo com o ciclo económico e o ciclo dos preços das matérias-primas. Tal quadro
contribuiu para que diversos países exportadores de matérias-primas conseguissem reagir à crise
financeira internacional de 2008-09, com uma exposição limitada das contas públicas e um impacto
negativo moderado sobre o crescimento.
Maior priorização dos investimentos públicos para garantir elevados retornos sociais e
económicos, apoiada pelo desenvolvimento e implementação de um sistema moderno de
seleção e gestão do investimento público. O corpo técnico avaliou a qualidade do
investimento público em Angola utilizando diferentes critérios, e constatou que ela é baixa de
modo geral (Caixa 2). Para além disso, a baixa qualidade do investimento tende a gerar custos
de manutenção e reparos mais elevados ao longo do tempo.
Redução dos subsídios aos combustíveis. Os subsídios aos combustíveis, que tendem a
beneficiar desproporcionalmente as camadas mais abastadas, devem ser revistos e
progressivamente reduzidos (Caixa 3) — instituir um mecanismo de transferência social
condicional bem direcionado para proteger os menos favorecidos, com um subsídio equivalente
a 50% da linha de pobreza, implicaria um custo anual de cerca de 0,5% do PIB, ou um oitavo do
atual nível de gastos com os subsídios aos combustíveis.8 Como mostra a experiência
internacional, uma campanha pública e consultas abertas com os principais interessados (para
expor os motivos que fundamentam a eliminação dos subsídios aos combustíveis) pode ajudar a
garantir a fluidez do processo.
Melhoria das práticas orçamentais. Duas áreas para melhorias são: uma maior racionalização
das operações parafiscais, e o aprimoramento das políticas de emprego e remuneração do setor
público. As despesas orçamentais com os subsídios aos combustíveis são atualmente calculadas
com base no preço orçado do petróleo, que em geral é inferior ao preço de mercado, o que
gera operações parafiscais. Essa operações poderiam ser eliminadas utilizando-se a reserva do
orçamento para cobrir os custos maiores do que o esperado com os subsídios aos combustíveis.
O orçamento prevê a indexação dos salários públicos à inflação e novas contratações. Embora
comum nalguns países, a política de indexação não é a melhor prática, pois introduz inércia
inflacionista e rigidez desnecessária na gestão do orçamento. Alinhar os aumentos salariais aos
ganhos de produtividade e indicadores de desempenho evitaria tal rigidez e proporcionaria
incentivos ao bom desempenho.
8
As transferências sociais condicionais em geral exigem uma rede bem desenvolvida de serviços sociais, capaz de
atestar o cumprimento das condições exigidas para receber o benefício. Por este motivo, a maioria dos países
introduziu inicialmente esse tipo de programa em pequena escala, como programa-piloto.
parafiscais, que foram reduzidas de USD 9,3 mil milhões em 2011 para USD 3,5 mil milhões em
2013, e referiram que a autorização da Sonangol para a realização de gastos fora do orçamento no
âmbito do programa de habitação já havia sido revogada. As autoridades destacaram também o seu
compromisso com o fortalecimento da tributação não petrolífera, para o qual contavam com a
assistência técnica do FMI na área de administração tributária. Concordaram com a necessidade de
aumentar a eficiência do investimento público, mas argumentaram que as necessidades urgentes de
reconstrução após o fim da guerra civil explicariam em parte a pontuação muito baixa de Angola no
quesito da eficiência. De todo modo, as autoridades expressaram interesse em implementar um
sistema aperfeiçoado de gestão do investimento público, para o qual necessitariam de assistência
técnica. Concordaram igualmente com a necessidade de reduzir gradativamente os subsídios aos
combustíveis, mas observaram que tal reforma precisaria de ser muito bem formulada e
comunicada ao público. As autoridades questionaram se a introdução de um mecanismo de
transferência social condicional seria uma opção válida para Angola nas atuais circunstâncias (ver a
seguir).
Esse método tem, porém, diversas limitações, inclusive a sua sensibilidade a valores extremos (quando há valores
extremos, a ineficiência pode ser sobrestimada). Para superar essa limitação, pode-se utilizar métodos de fronteiras
parciais, que utilizam uma amostra aleatória com substituições do conjunto de dados para calcular as pontuações de
pseudo-eficiência. Tal procedimento é repetido diversas vezes, e a pontuação final utiliza a média de todas as
pontuações parciais de pseudo-eficiência (ver Felder e Tauchmann, 2013).
Essa metodologia foi empregada para avaliar a eficiência do investimento público em Angola e noutros 103 países
entre 2000 e 2010, considerando como fator de entrada o stock de capital público real per capita e como fator de
saída um índice composto das infraestruturas. O índice composto procura capturar a multidimensionalidade das
infraestruturas utilizando indicadores de três setores: telecomunicações, energia e transporte rodoviário. Os
indicadores de cada setor são então padronizados, expressos em termos per capita, e combinados através de um
procedimento de componentes principais.
Segundo os cálculos, a eficiência do investimento público angolano ocupa o último lugar entre os 104 países da
amostra. A curto prazo, esses resultados aconselham uma abordagem prudente por parte das autoridades em
relação ao aumento do investimento público, sobretudo em vista da ambiciosa agenda de despesas prevista no PND.
Aconselham também melhorias na coordenação institucional para aumentar a integração dos orçamentos de
investimento e de despesas correntes. A médio prazo, as autoridades deveriam desenvolver e implementar um
sistema de gestão do investimento público.
Senegal
Índice de Infraestructura Sintético
Quénia
Camarões
Etiópia
Togo
Africa do Sul
Nigéria
Tanzânia
Mozambique
Namíbia
Botswana
Gana
Gabão
Zâmbia
Eritreia
República de Congo
Angola
Fonte: Penn World Tables, Banco Mundial, Estimativas do corpo técnico do FMI. Fonte: Penn World Tables, Banco Mundial, Estimativas do corpo técnico do FMI.
Angola é um dos países que concedem os maiores subsídios aos combustíveis em todo o mundo. O preço da
gasolina (na bomba) em Angola, de USD 0,62 por litro (USD 2,35 por galão), situa-se no decil inferior da
distribuição dos preços mundiais do produto.
O custo orçamental dos subsídios aos combustíveis em Angola tem estado a subir nos últimos anos devido à
elevação dos preços internacionais dos combustíveis. A despesa com os subsídios aos combustíveis equivale hoje
a 4% do PIB, o que representa a metade dos gastos com educação e saúde, um terço dos gastos com
investimentos públicos, ou 16 vezes a soma de todos os gastos do país com programas de redes de proteção
social.
A racionalização dos subsídios aos combustíveis não apenas geraria recursos para a ampliação da rede de
segurança social, mas poderia também fortalecer a posição fiscal a médio prazo. Assim como se verifica noutros
países, parte dos recursos poderia ser utilizada para financiar um programa de transferência social condicional
para reduzir a pobreza e gerar oportunidade para os menos favorecidos. No caso de Angola, um programa de
transferência social para os pobres equivalente a 50% da linha de pobreza (ou seja, USD 40,5 por mês para uma
família de 5 pessoas) custaria apenas 0,5% do PIB, ou um oitavo do custo atual dos subsídios aos combustíveis.
Preços da gasolina ao redor do mundo Angola: Despesas em saúde e educação e subsídios a gasolina
US$ dólares por litro (Percentagem do PIB)
9
6
Densidade
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
USD 60. Embora grande parte dessa renda seja capturada pelo governo através de impostos e
royalties, o setor petrolífero ainda é muito lucrativo, o que lhe permite atrair os trabalhadores
angolanos mais qualificados.9 Por conseguinte, é preciso continuar a melhorar o ambiente de
negócios e desenvolver o setor privado não petrolífero, nomeadamente através da reforma do quadro
institucional e jurídico e do fomento à diversificação económica, alargando o acesso dos
empreendedores ao crédito e proporcionando formação aos trabalhados do setor não petrolífero,
entre outras medidas. A proteção na forma de direitos de importação, porém, deveria desempenhar
uma papel limitado e temporário no desenvolvimento da produção não petrolífera, em vista dos riscos
de cristalizar interesses instalados e perpetuar ineficiências e preços elevados para os consumidores.
29. As autoridades estão confiantes em que as medidas que estão a ser tomadas para
modernizar a infraestrutura do país e melhorar o ambiente de negócios conduzirão à
diversificação da economia angolana, tornando o crescimento mais inclusivo. Embora
concordassem que a eliminação gradativa dos subsídios aos combustíveis e o uso de parte dos
proveitos no fortalecimento da rede de proteção social do país seria uma opção apropriada para
tornar o crescimento mais inclusivo, revelaram dúvidas acerca da utilidade dos mecanismos de
transferência social condicional em Angola nas atuais circunstâncias. Observaram que o governo
ainda precisa de investir pesadamente nas infraestruturas para eliminar os estrangulamentos e
apoiar a diversificação económica, e expressaram a sua preferência pela exploração de opções de
redes de proteção social que não desestimulem os trabalhadores a ingressar no mercado de
trabalho. As autoridades concordaram com a necessidade de rever periodicamente a estrutura dos
direitos de importação para impedir a cristalização de interesses instalados.
9
A escassez de mão-de-obra qualificada é um dos principais entraves à diversificação económica de Angola.
A prolongada guerra civil do país provocou graves constrangimentos no domínio do capital humano. A camada da
população de onde normalmente provêm os gestores de nível médio e superior, por exemplo, apresenta um dos
menores índices de formação universitária de toda África Subsariana.
31. O sistema financeiro de Angola tem grande potencial para aumentar a sua
contribuição à intermediação financeira e, assim, ao crescimento económico, mas é preciso
reforçar a supervisão. O aumento no número de bancos levou a uma concorrência acrescida, com
uma descida das margens das taxas de juro. O BNA deve se manter vigilante à tomada excessiva de
riscos pelos bancos, limitar a extensão em que os bancos possam compensar a perda de receitas
com aumentos indevidos nas tarifas e comissões, e evitar a complacência regulamentar — inclusive
através da aplicação uniforme dos novos regulamentos que impõem mais rigor à classificação dos
créditos vencidos. Nesse contexto, e de modo a conter os possíveis riscos orçamentais da garantia
pública ao BESA, as autoridades devem monitorizar atentamente o cumprimento das medidas
acordadas com a administração do BESA, inclusive no que respeita às práticas de concessão de
empréstimos e classificação dos créditos vencidos, fiscalização rigorosa do plano acordado de
provisões mensais e redução da alta dependência do banco em relação ao financiamento de curto
prazo, buscando, no momento oportuno, aumentar o capital do BESA. Os setores de seguros e
fundos de pensões, bem como o mercado de capitais interno, têm também o potencial de aumentar
o seu contributo, ao disponibilizar opções de poupança e financiamento a mais longo prazo. Para
garantir a estabilidade financeira, é importante que o BNA, a Comissão do Mercados de Capitais
(CMC) e a Agência de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) disponham dos recursos
humanos e financeiros adequados para o bom exercício das suas funções de regulamentação e
supervisão.
O Banco Espírito Santo Angola (BESA) é um banco comercial — constituído segundo as leis angolanas — de
propriedade conjunta do BES Portugal (55%) e investidores angolanos (45%). No final de 2012, o BESA era o
segundo maior banco de Angola por valor dos ativos, respondendo por 17% do total de ativos do sistema
bancário, porém apenas 8,75% do total de depósitos. Como resultado dessa estrutura do balanço, o banco era
mais dependente do mercado de financiamento por grosso do que outros bancos angolanos.
O BESA passou a ser alvo de pressões à medida que cresciam as dificuldades do seu acionista maioritário, o
Banco Espírito Santo (BES) Portugal. O BNA reconheceu, em 17 de julho de 2014, que o BESA estava a enfrentar
dificuldades com a sua carteira de empréstimos e indicou que solicitaria aos acionistas do BESA que aumentassem
a sua contribuição de capital.
Na ausência de uma nova infusão de capital, o BNA anunciou, em 4 de agosto de 2014, medidas
extraordinárias para lidar com a situação do BESA, entre elas a nomeação de administradores provisórios para
levar a cabo uma reestruturação do banco. O BNA salientou também que os interesses dos depositantes do BESA
seriam protegidos e que as relações comerciais com os atuais clientes seriam mantidas, observando que a garantia
soberana de USD 5,7 mil milhões concedida em dezembro de 2013 acabaria por ser revogada.
Não se espera que as dificuldades financeiras do BESA desestabilizem o sistema bancário angolano. A
exposição de outros bancos ao BESA no mercado interbancário é limitada, uma vez que os empréstimos são
garantidos por títulos públicos. Para além disso, a intervenção do BNA, ao nomear novos gestores e tranquilizar os
depositantes, conteve os riscos para o restante do sistema bancário. Até à semana finda em 31 de julho de 2014,
não havia sinais de tensão no mercado interbancário.
33. As autoridades concordaram que uma das primeiras medidas na transição para um
regime de metas de inflação é permitir que as taxas de juro dos títulos do Tesouro sejam
determinadas pelo mercado. Salientaram que seria preciso proceder com cautela no aumento da
flexibilidade cambial, considerando a impossibilidade de alterações significativas na taxa de câmbio
nominal dado o alto nível de transmissão aos preços na atualidade. Em relação aos indicadores de
alta frequência, as autoridades mencionaram diversas áreas em que estavam a ser realizados
progressos, com destaque para as contas nacionais trimestrais, que deverão ser divulgadas
em 2015.
36. O atual nível das reservas internacionais no BNA parece ser adequado. Os resultados da
avaliação da adequação das reservas indicam que o nível de reservas internacionais de Angola é
apropriado para fins preventivos. A avaliação incorpora a estabilidade da taxa de câmbio nos
últimos anos, mas não considera o alto nível de dolarização do sistema financeiro, o que confere
uma função adicional às reservas.
Angola. Resultados estimados da avaliação da taxa de Angola. Reservas como percentagem da métrica
câmbio real de equilíbrio segundo três abordagens
(Percentagem) 250%
100
Limite inferior Média Limite superior
80 83,5 200%
Suggested Adequacy Range
60
150%
40 Faixa sugerida de adequação
30,4
25,8 100%
20
10,9 14,8
0 -0,8
50%
-20
-31,9 0%
-40
2011
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2012
2013
2014
Sustentabilidade externa TCER de equilíbrio Equilíbrio
macroeconómico
Fonte: Estimativas do corpo técnico do FMI com dados do WEO e IFS.
Fonte: Cálculos do corpo técnico do FMI com base em Fundo Monetário
Internacional (2011).
42. Os défices orçamentais emergentes devem ser abordados para preservar o espaço para
a consecução dos objetivos das autoridades de reconstrução das infraestruturas e redução da
pobreza e da desigualdade. Não obstante a possibilidade de descobertas comercialmente viáveis
de petróleo no pré-sal, o corpo técnico urge as autoridades a esperar pelo melhor e preparar-se
para o pior. Os défices orçamentais projetados para os próximos cinco anos devem ser reduzidos, e
Angola deveria retornar aos excedentes orçamentais a médio prazo, o que pode ser atingido com
esforços concertados para reformar a administração dos impostos não petrolíferos, modernizar a
política salarial do setor público e reduzir e, por fim, eliminar os subsídios aos combustíveis, que são
onerosos e regressivos, alargando a rede de proteção social para as camadas mais pobres da
população. No futuro, as obrigações fiscais devem ser fiscalizadas com rigor, para evitar o risco
moral na sequência da anistia fiscal parcial concedida recentemente.
43. A baixa eficiência do investimento público precisa de ser abordada. Uma opção para
limitar o custo do aumento das despesas de capital e melhorar a eficiência seria o desenvolvimento
e a implementação de um sistema de gestão do investimento público, que poderia reduzir
consideravelmente o custo do investimento público, otimizar o uso dos recursos, facilitar a
necessária modernização das infraestruturas de Angola e, em simultâneo, conter os custos futuros
com manutenção e reparos.
45. O atual nível das reservas internacionais proporciona uma margem de proteção
apropriada, e uma certa dose de flexibilidade cambial poderia aliviar as pressões sobre o BNA
para a provisão de divisas ao mercado. A concentração das exportações angolanas numa
matéria-prima de comportamento volátil, bem como o nível atualmente elevado (ainda que em
declínio) de dolarização da economia e do sistema financeiro, exigem que o nível de reservas
internacionais seja superior ao que em geral se considera apropriado noutros países. O atual nível
das reservas internacionais parece suficiente e a margem para reduções é pequena ou inexistente.
A inflação abaixo do esperado proporciona uma oportunidade para a introdução de alguma
flexibilidade cambial. Dispor de mais flexibilidade cambial reduziria a expectativa do público acerca
de uma taxa de câmbio fixa e o sensibilizaria quanto às duas faces do risco cambial. Isso, por sua
vez, conteria a assunção de riscos e, em última análise, tornaria a economia mais resistente a
flutuações na taxa de câmbio. O corpo técnico incentiva a maior liberalização do regime cambial,
uma vez que a atual conjuntura angolana parece apoiar um avanço no sentido da aceitação das
obrigações previstas nas Secções 2(a), 3 e 4 do Artigo VIII do Convénio Constitutivo.
deve ser objeto de análise periódica, com vista à sua eliminação dentro de um prazo específico,
antes que os interesses pessoais se cristalizem.
49. O corpo técnico recomenda que a próxima consulta a Angola ao abrigo do Artigo IV
seja realizada no ciclo normal de doze meses.
A produção de petróleo caiu nos últimos dois anos As exportações e receitas do petróleo registaram uma
mas espera-se que volte a subir. queda acentuada em 2014...
80 80
Produção de petróleo Exportações e receitas do petróleo
(Milhões de barris por dia) (Mil milhões de USD)
2,0 2,0 70 70
60 60
50 50
1,5 1,5
40 40
30 30
1,0 1,0
20 20
10 10
0,5 0,5 0 0
... enquanto as despesas fiscais como percentagem Por conseguinte, espera-se que o excedente fiscal se
do PIB continuaram a aumentar. transforme em défice e que o SPNP se deteriore.
70 70 20 20
Despesa Saldo primário global e não petrolífero
(Percentagem do PIB) (% do PIB e % do PIB não petrolífero, respectivamente)
60 60 0
15
50 50 -20
10
40 40 -40
5
30 30 -60
0
20 20 -80
-5
10 10 -100
0 0 -10 -120
Despesas de capital Despesas correntes Saldo global Saldo primário não petrolífero (dir.)
40
20
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 P. 2015 P.
Depósitos em moeda estrangeira Empréstimos em moeda estrangeira
35 35 9 9
Percentagem do PIB Meses de importações do ano seguinte
30 30 8 8
7 7
25 25
6 6
20 20 5 5
15 15 4 4
3 3
10 10
2 2
5 5 1 1
0 0 0 0
2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 P. 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 P.
O nível das reservas em relação ao PIB ou às importações do ano seguinte ainda são inferiores aos
dos países comparáveis...
100 100 40 40
Reservas/PIB, percentagem,(2013) Reservas/import. ano seguinte, meses (2013)
80 80
30 30
60 60
20 20
40 40
10 10
20 20
0 0 0 0
ALG BOL TTO IRQ URYAGOMAURUS QATNGAYEM ALG TTO BOL URY RUS IRQ QAT AGONGA YEMMAU
60 60 4 4
40 40
2 2
20 20
0 0 0 0
2003 2005 2007 2009 2011 2013 2003 2005 2007 2009 2011 2013
Monetária e Melhorar a supervisão Em curso. O Comité de Estabilidade Financeira foi criado e o BNA
financeira financeira publicou três Relatórios de Estabilidade Financeira. É preciso
intensificar a fiscalização das regras e regulamentos existentes, e
reforçar os regulamentos sobre créditos vencidos e provisões.
Melhorar a governação Parcialmente cumprida. Em 2013 o BNA emitiu uma série de novos
societária do sistema regulamentos relativos à governança corporativa para o sistema
financeiro financeiro, elaborados com base nas recomendações do FSAP de
2011. O BNA emitiu também uma série de regulamentos exigindo
aos bancos e outras instituições financeiras a divulgação da sua
estrutura de propriedade e organização interna, incluindo os
sistemas de controlo interno.
Prosseguir no processo Em curso. O BNA removeu acertadamente e reverteu os
de desdolarização desincentivos aos instrumentos de poupança em moeda nacional,
uniformizando os requisitos de reservas dos depósitos em moeda
nacional e em moeda estrangeira. A nova lei cambial do setor
petrolífero deu novo ímpeto à desdolarização.
Continuar a acumular Cumprida. As reservas internacionais aumentaram cerca de
reservas internacionais USD 5 mil milhões desde o final de 2011.
Reduzir o excesso de Cumprida. O BNA mostrou-se propenso a reduzir o crónico excesso
liquidez de reservas, bem como as reservas mantidas na facilidade de
depósito.
Alinhar o nível das Cumprida. As reservas obrigatórias sobre os depósitos em moeda
reservas obrigatórias nacional foram reduzidas.
sobre depósitos em
moeda estrangeira ao
dos depósitos em moeda
nacional
Reforçar as reservas de Cumprida na generalidade. Os requisitos mínimos de capital foram
capital do sistema elevados em 2013.
bancário
Abordar as deficiências Em curso. A legislação aprovada no final de 2013 aborda a questão
no regime de combate mais premente identificada pelo Grupo de Ação Financeira (GAFI).
ao branqueamento de A Unidade de Informação Financeira de Angola foi recentemente
capitais e financiamento admitida como novo membro do Grupo Egmont.
do terrorismo (CBC/FT)
Aceitar as obrigações Não cumprida.
previstas nas Secções
2(a), 3 e 4 do Artigo VIII
Estatísticas Alargar a cobertura das Não cumprida.
estatísticas da dívida para
que inclua as empresas
públicas
Produto interno bruto nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 8,8 7,8 9,7
Setor petrolífero -25,4 27,6 36,7 8,4 -3,3 -1,1 2,6
Setor não petrolífero 21,1 25,7 22,8 16,4 19,0 13,9 13,9
Preços no consumidor (média anual) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 7,3
Preços no consumidor (fim de período) 14,0 15,3 11,4 9,0 7,7 7,4 7,2
Produto interno bruto (mil milhões de kwanzas) 5.989 7.580 9.780 11.011 11.984 12.917 14.167
Produto interno bruto petrolífero (mil milhões de kwanzas) 2.662 3.396 4.641 5.030 4.864 4.808 4.933
Produto interno bruto não petrolífero (mil milhões de kwanzas) 3.327 4.184 5.139 5.982 7.120 8.109 9.234
Produto interno bruto (mil milhões de USD) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,2 131,4 141,8
Produto interno bruto per capita (USD) 4.081 4.329 5.305 5.706 5.964 6.128 6.418
Balança de pagamentos
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0
Exportações de bens, FOB (percentagem do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2
D/q: Exportações de petróleo e gás (percentagem do PIB) 52,8 58,8 62,3 60,1 53,7 49,4 46,1
Importações de bens, FOB (percentagem do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5
Saldo da conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0
Reservas internacionais brutas (fim de período, milhões de USD) 13.238 19.339 28.396 33.035 33.179 33.898 35.113
Reservas internacionais brutas (meses de import. do ano seguinte) 4,5 5,3 7,4 7,8 7,7 7,5 7,4
Reservas internacionais líquidas (fim de período, milhões de USD) 12.514 16.848 26.083 30.632 30.987 32.464 34.064
Taxa de câmbio
Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 96,5 … …
Taxa de câmbio oficial (fim de período, kwanzas por USD) 89,4 92,6 95,3 95,8 97,5 … …
Petróleo
Produção de petróleo (milhões de barris por dia) 1,809 1,758 1,660 1,735 1,716 1,656 1,700
Exportações de petróleo e gás (mil milhões de USD) 39,9 48,5 64,8 69,3 66,7 64,9 65,4
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 110,3 110,9 107,3 107,9 106,1
Preço do petróleo Brent (média, USD por barril) 61,9 79,6 111,0 112,0 109,1 108,2 106,1
Preço do petróleo segundo o WEO (média, USD por barril) 61,8 79,0 104,0 105,0 104,1 106,1 102,8
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Incorpora o impacto da nova lei cambial a partir de 2013.
Capacidade (+)/necessidade (-) líquida de financiamento -440 261 855 505 40 -530 -590
Aquisição líquida de ativos financeiros (+: aumento) -144 14 805 604 300 106 118
Internos -160 1 660 244 -155 -94 118
Numerário e depósitos -535 298 780 489 -29 -66 118
D/q: Pagamento de atrasados internos … -164 -59 -84 -195 -73 0
Ações e quotas de fundos de investimento 0 -1 0 8 0 -28 0
Outras contas a receber 376 -297 -120 -253 -126 0 0
Externos 16 13 145 361 455 200 0
Numerário e depósitos 16 13 145 361 455 200 0
Por memória:
Saldo orçamental primário não petrolífero -1.787 -1.984 -2.627 -3.212 -3.291 -3.731 -3.953
Percentagem do PIB não petrolífero -53,7 -47,4 -51,1 -53,7 -46,2 -46,0 -42,8
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 108,7 110,9 107,3 107,9 106,1
Gastos sociais 0 0 0 1.410 1.635 1.799 1.955
Stock de atrasados internos 786 396 359 307 72 … …
Dívida (bruta) do sector público, valor facial 2.987 3.017 3.149 3.260 4.143 4.731 5.500
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
Capacidade (+)/necessidade (-) líquida de financiamento -7,4 3,4 8,7 4,6 0,3 -4,1 -4,2
Aquisição líquida de ativos financeiros (+: aumento) -2,4 0,2 8,2 5,5 2,5 0,8 0,8
Internos -2,7 0,0 6,7 2,2 -1,3 -0,7 0,8
Numerário e depósitos -8,9 3,9 8,0 4,4 -0,2 -0,5 0,8
D/q: Pagamento de atrasados internos … -2,2 -0,6 -0,8 -1,6 -0,6 …
Ações e quotas de fundos de investimento 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 -0,2 0,0
Outras contas a receber 6,3 -3,9 -1,2 -2,3 -1,1 0,0 0,0
Externos 0,3 0,2 1,5 3,3 3,8 1,5 0,0
Numerário e depósitos 0,3 0,2 1,5 3,3 3,8 1,5 0,0
Aumento líquido de passivos 5,7 -3,6 0,1 0,0 4,8 4,9 5,0
Internos 4,5 -3,8 -0,5 -2,0 2,8 0,7 1,2
Títulos da dívida -1,5 -1,0 -1,9 -3,8 0,5 1,0 0,9
D/q: Títulos de regularização dos atrasados internos … 4,8 1,3 1,7 -1,6 0,0 0,0
Empréstimos 0,3 -0,6 -0,4 -0,5 0,0 1,0 0,4
Outras contas a pagar 5,6 -2,1 1,9 2,3 2,3 -1,3 0,0
D/q: Atrasados internos incorridos … 1,8 1,6 2,0 0,6 … …
D/q: Pagamento de atrasados internos (-: redução) … -7,0 -1,9 -2,5 -2,6 -0,6 0,0
Externos 1,2 0,2 0,5 2,0 2,0 4,2 3,8
Títulos da dívida 1,9 0,2 0,5 2,0 1,9 4,2 3,8
Outras contas a pagar -0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Por memória:
Saldo orçamental primário não petrolífero -29,8 -26,2 -26,9 -29,2 -27,5 -28,9 -27,9
Receita não petrolífera 10,3 10,5 9,8 8,6 11,0 10,2 10,6
Gastos sociais 0,0 0,0 0,0 12,8 13,6 13,9 13,8
Stock de atrasados internos 13,1 5,2 3,7 2,8 0,6 … …
Dívida (bruta) do sector público, valor facial 49,9 39,8 32,2 29,6 34,6 36,6 38,8
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
Capacidade (+)/necessidade (-) líquida de financiamento -13,2 6,2 16,6 8,4 0,6 -6,5 -6,4
Aquisição líquida de ativos financeiros (+: aumento) -4,3 0,3 15,7 10,1 4,2 1,3 1,3
Internos -4,8 0,0 12,8 4,1 -2,2 -1,2 1,3
Numerário e depósitos -16,1 7,1 15,2 8,2 -0,4 -0,8 1,3
D/q: Pagamento de atrasados internos … -3,9 -1,1 -1,4 -2,7 -0,9 …
Ações e quotas de fundos de investimento 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 -0,3 0,0
Outras contas a receber 11,3 -7,1 -2,3 -4,2 -1,8 0,0 0,0
Externos 0,5 0,3 2,8 6,0 6,4 2,5 0,0
Numerário e depósitos 0,5 0,3 2,8 6,0 6,4 2,5 0,0
Aumento líquido de passivos 10,3 -6,4 0,1 0,0 8,1 7,8 7,7
Internos 8,1 -6,8 -0,9 -3,6 4,8 1,2 1,9
Títulos da dívida -2,7 -1,9 -3,6 -6,9 0,8 1,6 1,3
D/q: Títulos de regularização dos atrasados internos … 8,7 2,6 3,1 -2,7 0,0 0,0
Empréstimos 0,6 -1,2 -0,8 -1,0 0,0 1,6 0,5
Outras contas a pagar 10,1 -3,8 3,6 4,3 4,0 -2,1 0,0
D/q: Atrasados internos incorridos … 3,3 3,0 3,7 1,0 … …
D/q: Pagamento de atrasados internos (-: redução) … -12,7 -3,7 -4,5 -4,3 -0,9 …
Externos 2,2 0,4 1,0 3,6 3,3 6,7 5,8
Títulos da dívida 3,3 0,4 1,0 3,6 3,3 6,7 5,8
Outras contas a pagar -1,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Por memória:
Saldo orçamental primário não petrolífero -53,7 -47,4 -51,1 -53,7 -46,2 -46,0 -42,8
Receita não petrolífera 18,6 19,0 18,6 15,9 18,5 16,3 16,2
Gastos sociais 0,0 0,0 0,0 23,6 23,0 22,2 21,2
Stock de atrasados internos 23,6 9,5 7,0 5,1 1,0 … …
Dívida (bruta) do sector público, valor facial 89,8 72,1 61,3 54,5 58,2 58,3 59,6
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
I. Síntese Monetária
Ativos externos líquidos 1.289 1.948 3.046 3.250 3.141 3.402 3.722
Ativos internos líquidos 1.259 780 611 626 1.290 1.965 2.694
Crédito (líquido) ao governo central 417 97 -409 -933 -653 -340 -114
Crédito a outras unidades do sector público 66 95 92 102 86 98 111
Crédito ao setor privado 1.267 1.583 2.064 2.563 2.842 3.275 3.855
Outras rubricas (líquido)2 -594 -1.136 -1.300 -1.443 -1.361 -1.497 -1.647
Massa monetária (M3) 2.548 2.728 3.657 3.876 4.432 5.367 6.417
Moeda e quase-moeda (M2) 2.304 2.626 3.506 3.799 4.379 5.315 6.365
Moeda 779 905 1.165 1.286 1.739 2.180 2.670
Moeda em circulação 170 172 209 245 276 346 414
Depósitos à ordem em moeda nacional 609 733 956 1.041 1.463 1.835 2.256
Quase-moeda 260 409 596 724 899 1.127 1.386
Depósitos a prazo e de poupança em moeda nacional 260 409 596 724 899 1.127 1.386
Depósitos em moeda estrangeira 1.265 1.312 1.745 1.790 1.742 2.007 2.308
Instrumentos do mercado monetário e outros passivos 244 102 151 77 52 52 52
Ativos externos líquidos 1.287 1.934 2.711 3.101 3.123 3.294 3.513
Reservas internacionais líquidas 1.119 1.561 2.485 2.935 3.022 3.216 3.434
Outros ativos externos (líquidos) 168 373 226 166 100 77 79
Ativos internos líquidos -583 -1.092 -1.743 -2.090 -1.959 -1.881 -1.821
Crédito a outras sociedades de depósitos 85 38 85 54 0 0 0
Crédito (líquido) ao governo central -272 -543 -971 -1.357 -1.218 -1.152 -1.268
Crédito a outras unidades do setor público 3 1 0 0 0 0 0 0
Crédito ao setor privado 2 2 0 0 0 0 0
Outras rubricas (líquido)2 -253 -306 -685 -699 -732 -781 -839
Títulos do BNA detidos pelos bancos comerciais -146 -281 -172 -88 -9 51 285
Por memória:
Base monetária (variação percentual) 75,2 19,6 14,9 4,4 15,1 21,4 19,8
Massa monetária (M3) (variação percentual) 21,5 7,1 34,0 6,0 14,3 21,1 19,6
Moeda e quase-moeda (M2) (variação percentual) 62,6 14,0 33,5 8,4 15,3 21,4 19,8
Crédito ao setor privado (variação percentual) 59,5 25,0 30,4 24,2 10,9 15,2 17,7
Rácio M2/PIB (em percentagem) 42,5 36,0 35,9 34,5 36,5 41,1 44,9
Rácio M2/PIB não petrolífero (em percentagem) 69,2 62,8 68,2 63,5 61,5 65,5 68,9
Multiplicador monetário (M2/base monetária) 3,3 3,1 3,6 3,8 3,8 3,8 3,8
Velocidade (PIB/M2) 2,6 2,9 2,8 2,9 2,7 2,4 2,2
Velocidade (PIB não petrolífero/M2) 1,4 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5 1,5
Crédito ao setor privado (em percentagem do PIB) 21,2 20,9 21,1 23,3 23,7 25,4 27,2
Crédito real ao setor privado (variação percentual) 39,9 8,4 17,1 13,9 3,0 7,3 9,8
Depósitos em moeda estrangeira (parcela do total de depósitos) 59,3 53,4 52,9 50,4 42,4 40,4 38,8
Crédito em ME ao setor priv. (parcela do crédito total ao set. priv.) 63,8 64,4 50,5 44,4 37,3 34,3 32,3
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Fim de período.
2
Inclui a valorização.
3
Inclui o crédito às empresas públicas e às administrações locais.
Conta de capital e financeira 2.542 -871 -3.597 -8.892 -9.269 -4.159 -1.250
Conta de capital 11 1 5 0 3 2 4
Conta financeira 2.531 -872 -3.602 -8.892 -9.272 -4.161 -1.254
Investimento direto estrangeiro 2.199 -4.568 -5.116 -9.639 -8.039 -6.012 -3.245
No país 1 2.205 -3.227 -3.024 -6.222 -5.189 -3.881 -4.812
No estrangeiro -7 -1.340 -2.093 -3.417 -2.850 -2.131 1.567
Investimento de carteira -490 -271 -52 -1.009 -944 -1.230 -1.067
Outros investimentos 822 3.967 1.567 1.756 -289 3.081 3.058
Créditos comerciais -2.063 -2.089 -1.061 -1.146 -1.264 -1.284 -1.208
Numerário e depósitos -544 2.439 2.039 -1.092 -955 -879 -736
Empréstimos 2.632 1.992 2.463 1.366 2.408 5.685 5.371
Empréstimos de médio e longo prazo 813 3.348 3.274 1.707 2.420 5.486 5.367
D/q: Governo central (líquido) 1.398 173 541 2.283 2.420 5.486 5.367
D/q: Outros setores (líquido)2 -751 2.107 2.152 -575 0 0 0
Empréstimos de curto prazo 1.818 -1.356 -811 -341 -11 198 4
Outros 798 1.625 -1.874 2.627 -478 -440 -368
Por memória:
Conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0
Balança de bens e serviços (percentagem do PIB) -0,4 18,4 23,2 22,2 15,1 12,4 9,9
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0
Conta de capital e financeira (percentagem do PIB) 3,4 -1,1 -3,5 -7,7 -7,5 -3,2 -0,9
Saldo global (percentagem do PIB) -7,1 5,9 8,9 3,9 -2,0 0,9 1,1
Donativos oficiais (percentagem do PIB) 0,0 -0,1 -0,1 -0,1 0,0 0,0 0,0
Exportações de bens, FOB (variação percentual) -37,5 21,7 35,2 5,0 -3,8 -2,5 0,9
D/q: Exportações de petróleo e gás (variação percentual -37,6 21,7 33,6 6,9 -3,8 -2,7 0,8
Importações de bens, FOB (variação percentual) 8,0 -26,4 21,4 17,2 11,1 3,9 9,5
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5
Exportações de bens, FOB (parcela do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2
Importações de bens, FOB (parcela do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2
Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 … … …
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Reflecte na sua maioria a recuperação de investimentos no sector de petróleo.
2
Reflecte na sua maioria as empresas públicas.
Produto interno bruto nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 8,8 7,8 9,7 9,2 10,2 10,8 10,7
Setor petrolífero -25,4 27,6 36,7 8,4 -3,3 -1,1 2,6 0,8 1,9 3,3 1,9
Setor não petrolífero 21,1 25,7 22,8 16,4 19,0 13,9 13,9 13,7 14,1 14,0 14,1
Deflator do PIB -7,4 22,4 24,2 7,1 1,9 3,7 3,5 2,9 3,5 3,8 4,3
Deflator do PIB não petrolífero 12,1 16,8 12,2 10,3 7,4 6,1 6,2 5,9 5,7 5,4 5,3
Preços no consumidor (média anual) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 7,3 7,0 6,7 6,4 6,3
Preços no consumidor (fim de período) 14,0 15,3 11,4 9,0 7,7 7,4 7,2 6,9 6,6 6,3 6,3
Produto interno bruto (mil milhões de kwanzas) 5.989 7.580 9.780 11.011 11.984 12.917 14.167 15.471 17.049 18.899 20.929
Produto interno bruto petrolífero (mil milhões de kwanzas) 2.662 3.396 4.641 5.030 4.864 4.808 4.933 4.973 5.068 5.235 5.336
Produto interno bruto não petrolífero (mil milhões de kwanzas) 3.327 4.184 5.139 5.982 7.120 8.109 9.234 10.498 11.981 13.664 15.593
Produto interno bruto (mil milhões de USD) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,2 131,4 141,8 152,0 164,4 178,8 194,2
Produto interno bruto per capita (USD) 4.081 4.329 5.305 5.706 5.964 6.128 6.418 6.682 6.921 7.223 7.543
Balança de pagamentos
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0 22,2 20,0 17,3 16,7
Exportações, FOB (percentagem do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2 43,6 40,6 37,9 35,9
D/q: Exportações de petróleo e gás (percentagem do PIB) 52,8 58,8 62,3 60,1 53,7 49,4 46,1 42,5 39,5 36,9 34,9
Importações, FOB (percentagem do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2 21,3 20,6 20,6 19,3
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5 -3,8 -2,8 -2,0 -0,5
Saldo da conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0 -0,1 0,2 -0,6 -0,3
Reservas internacionais brutas (fim do p., mil milhões de USD) 13,2 19,3 28,4 33,0 33,2 33,9 35,1 32,3 32,5 32,1 32,3
Reservas internacionais brutas (meses de import. do ano seguinte) 4,5 5,3 7,4 7,8 7,7 7,5 7,4 6,9 6,6 6,4 6,5
Taxa de câmbio
Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 96,5 … … … … … …
Taxa de câmbio oficial (fim de período, kwanzas por USD) 89,4 92,6 95,3 95,8 97,5 … … … … … …
Petróleo
Produção de petróleo (milhões de barris por dia) 1,809 1,758 1,660 1,735 1,716 1,656 1,700 1,755 1,800 1,850 1,850
Exportações de petróleo e gás (mil milhões de USD) 39,9 48,5 64,8 69,3 66,7 64,9 65,4 64,6 64,9 65,9 67,9
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 110,3 110,9 107,3 107,9 106,1 101,7 99,1 97,8 97,8
Preço do petróleo Brent (média, USD por barril) 61,9 79,6 111,0 112,0 109,1 108,2 106,1 101,7 99,1 97,8 97,8
Preço do petróleo segundo o WEO (média, USD por barril) 61,8 79,0 104,0 105,0 104,1 106,1 102,8 98,5 95,9 94,5 93,6
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Incorpora o impacto da nova lei cambial a partir de 2013.
ANGOLA
Tabela 6. Angola: Indicadores de Estabilidade Financeira, dezembro de 2010–maio de 2014
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
(Percentagem)
Dez-10 Mar-11 Jun-11 Set-11 Dez-11 Mar-12 Jun-12 Set-12 Dez-12 Mar-13 Jun-13 Set-13 Dez-13 Mar-14 Mai-14
1. O ambiente de negócios em Angola melhorou nos últimos anos, mas ainda há muito a
fazer (Figura 1). Na edição de 2014 do relatório Doing Business do Banco Mundial, Angola está
entre os países que mais realizaram melhorias desde 2005. Contudo, muito ainda precisa ser feito.
Angola continua a apresentar uma classificação ruim em diversos índices. O relatório do Banco
Mundial de 2014 posiciona Angola em 179º lugar entre 189 países. Dentre as variadas dimensões
do índice, o desempenho de Angola é especialmente ruim nos quesitos de resolução de insolvência
(189), execução de contratos (187), abertura de empresas (178) e comércio entre fronteiras (169).
Igualmente ruim era a posição de Angola no Índice de Competitividade Global de 2013-14 do
Fórum Económico Mundial (142ª posição entre 148 países). Os cinco fatores citados pelos
respondentes como os mais problemáticos foram a corrupção (19%), uma população ativa pouco
qualificada (15%), burocracia governamental ineficiente (15%), pouco acesso ao financiamento
(14%) e infraestruturas insuficientes (10%). O fraco desempenho do país no quesito corrupção se
repete na classificação ruim de Angola (155ª posição entre 177 países) no Índice de Perceção da
Corrupção da Transparência Internacional relativo a 2013.
Figura 1
Angola Angola
Banco Mundial, Índice de Facilidade para Fazer Negócios, 2014 Foro Económico Mundial
Classificação entre um total de 189 países Índice de Competitividade Global 2013–14
Factores mas problematicos para fazer negócios
Índice Geral 179 Proporção de entrevistados classificando o factor
1
Este Apêndice foi elaborado por Nick Staines (AFR).
5. A Lei de Investimento Privado foi revista em 2012. A lei revista concede incentivos aos
investimentos superiores a USD 1 milhão, sujeitos a aprovação e negociação com a Agência
Nacional para o Investimento Privado (ANIP) e cobrindo a repatriação de capital e as deduções
fiscais mediante a análise caso-a-caso. Os benefícios mais generosos são oferecidos aos
investimentos no setor não petrolífero e nas regiões menos desenvolvidas. Os investimentos entre
USD 10 milhões e USD 50 milhões devem ser aprovados pelo Conselho de Ministros, e os
investimentos superiores a USD 50 milhões exigem a aprovação do Presidente. Os investidores
estrangeiros podem formar empresas detidas a 100% em diversos setores, mas muitas vezes são
incentivados, porém não obrigados, a forjar parcerias locais.
Diversificação da economia
Para facilitar o acesso ao crédito, o orçamento destina USD 1,5 mil milhões ao financiamento
de bonificações de juros ou garantias de até 70% dos empréstimos concedidos através dos
bancos em determinados setores. Até meados de 2014, haviam sido aprovados mais de
USD 520 milhões em empréstimos para 270 projetos.
O Angola Investe fornece também apoio a setores estratégicos assim designados, como a
produção de ovos, frangos e leite. A produção de ovos triplicou desde janeiro de 2013 e Angola
está a se aproximar da autossuficiência. Estão a ser implementados projetos de grande
envergadura para expandir a avicultura. A viabilidade da produção de leite em pequena escala
está a ser avaliada.
O Angola Investe lançou a marca ‘Feito em Angola’ para a produção local. Até à altura,
54 empresas aderiram ao programa, num total de 387 produtos.
10. O governo está igualmente empenhado em apoiar o setor das cooperativas, e o Angola
Investe inclui iniciativas nesse sentido. Uma Lei das Cooperativas será submetida em breve à
Assembleia Nacional, tendo beneficiado de consultas amplas com o setor privado e do apoio deste.
11. Por último, o Angola Investe inclui ainda o estímulo às Zonas Económicas Especiais (ZEE).
O quadro jurídico que regula as ZEE está quase concluído, e posiciona as ZEE com áreas providas de
infraestruturas da mais alta qualidade para o desenvolvimento de atividades industriais ou
agroindustriais, com serviços públicos dedicados a reduzir a burocracia e aumentar a transparência,
e sujeitas a regulamentos mais flexíveis (nos domínios laboral e aduaneiro) para criar empresas
competitivas que produzam produtos que venham a substituir as importações. Já foi estabelecida
em Luanda uma ZEE de grande envergadura, mas esta ainda necessita de financiamento adicional,
para além de algumas questões pendentes ainda por resolver.
O corpo técnico estima que a dívida pública líquida situava-se em 21% do PIB no final de
2013. Angola acumulou um volume significativo de bens públicos nos últimos anos. A dívida líquida
é calculada excluindo-se da dívida bruta o valor dos ativos financeiros disponíveis. Tais ativos
encontram-se em dois fundos: o Fundo do Petróleo/Fundo Soberano de Angola (FSDEA)2 e o Fundo
de Reserva do Tesouro no BNA.
O corpo técnico estima que haverá um aumento persistente da dívida pública no médio prazo
devido aos défices orçamentais projetados num futuro previsível. Em 2014, prevê-se que o
défice orçamental global ascenda a 4% do PIB. Nos próximos anos, a estimativa é que o governo
central continue a apresentar uma posição deficitária, devido sobretudo ao abrandamento da
receita do petróleo e também à implementação da ambiciosa agenda de investimento prevista no
Plano Nacional de Desenvolvimento. Com a persistência dos défices orçamentais, e a despeito do
sólido crescimento económico, estima-se que o rácio entre a dívida pública e o PIB aumente para
cerca de 45% até 2019.
Prevê-se um aumento dos custos dos juros. No passado, os custos dos juros eram baixos porque
Angola utilizava como fonte de financiamento os atrasados de despesas (a uma taxa de juro zero) e
as linhas de crédito bilaterais (com taxas de juro baixas). Com o abrandamento das receitas do
petróleo e necessidades elevadas de financiamento, o país passaria a depender mais do
1
Tal como reportado como dívida pública no Boletim da Dívida Pública do MINFIN.
2
O Fundo do Petróleo foi criado em março de 2011 pelo Decreto Presidencial 48/11. Em junho de 2013, passou a ser
denominado Fundo Soberano de Angola (FSDEA). Os ativos do FSDEA no final de 2013 eram constituídos por
depósitos bancários.
A trajetória de base da dívida é altamente vulnerável a choques do PIB real e das taxas de
juro. Os testes de esforço mostram que a trajetória da dívida é altamente sensível a choques do PIB
real e das taxas de juro. Conforme discutido no relatório do corpo técnico sobre a consulta de 2014
ao abrigo do Artigo IV, o ciclo económico angolano historicamente apresenta uma elevada
correlação com os preços do petróleo. Por conseguinte (e como se verificou no passado) um forte
declínio dos preços do petróleo poderia facilmente desencadear uma acentuada desaceleração ou
recessão económica. Nesse cenário de tensão, a dívida passaria a apresentar uma forte trajetória
ascendente. Para além disso, dadas as necessidades alargadas de financiamento, um aumento das
taxas de juro também colocaria a dívida numa trajetória mais elevada.
Dívida pública bruta nominal Dívida pública bruta nominal Nec. bruta de financ. público
(Em percentagem do PIB) (Em percentagem da receita) (Em percentagem do PIB)
70 250 25
60
200 20
50
40 150 15
30 100 10
20
50 5
10
0 0 0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Dívida pública bruta nominal Dívida pública bruta nominal Nec. bruta de financ. público
(Em percentagem do PIB) (Em percentagem da receita) (Em percentagem do PIB)
120 350 35
100 300 30
250 25
80
200 20
60
150 15
40
100 10
20 50 5
0 0 0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Pressupostos subjacentes
(Em percentagem)
Choque do saldo primário 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Choque do cr. do PIB real 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Crescimento do PIB real 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2 Crescimento do PIB real 3,9 -1,7 -1,5 6,5 6,7 6,2
Inflação 3,7 3,5 2,9 3,5 3,8 4,3 Inflação 3,7 1,6 1,0 3,5 3,8 4,3
Saldo primário -2,9 -5,6 -5,2 -1,9 -1,4 -1,2 Saldo primário -2,9 -6,6 -10,0 -1,9 -1,4 -1,2
Taxa de juro efetiva 3,7 4,4 5,8 6,6 6,3 6,4 Taxa de juro efetiva 3,7 4,4 5,8 7,1 6,7 6,8
Choque de taxa de juro real Choque da taxa de câmbio real
Crescimento do PIB real 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2 Crescimento do PIB real 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2
Inflação 3,7 3,5 2,9 3,5 3,8 4,3 Inflação 3,7 9,9 2,9 3,5 3,8 4,3
Saldo primário -2,9 -2,7 -2,2 -1,9 -1,4 -1,2 Saldo primário -2,9 -2,7 -2,2 -1,9 -1,4 -1,2
Taxa de juro efetiva 3,7 4,4 10,3 15,0 18,0 20,1 Taxa de juro efetiva 3,7 5,1 5,3 6,0 5,8 6,0
Choque combinado Choque de passivos contingentes
Crescimento do PIB real 3,9 -1,7 -1,5 6,5 6,7 6,2 Crescimento do PIB real 3,9 -1,7 -1,5 6,5 6,7 6,2
Inflação 3,7 1,6 1,0 3,5 3,8 4,3 Inflação 3,7 1,6 1,0 3,5 3,8 4,3
Saldo primário -2,9 -6,6 -10,0 -1,9 -1,4 -1,2 Saldo primário -2,9 -5,1 -2,2 -1,9 -1,4 -1,2
Taxa de juro efetiva 3,7 5,1 10,8 15,8 18,5 20,4 Taxa de juro efetiva 3,7 5,0 5,7 6,3 6,0 6,2
Não obstante as medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades para recolher estatísticas
sobre a dívida do setor privado, Angola ainda não dispõe de dados sobre esse tipo de dívida.
Por este motivo, até à altura, a análise de sustentabilidade da dívida externa de Angola refere-se
apenas à dívida externa do setor público, incluindo as duas empresas estatais (Sonangol e TAAG).
Efetivo Projeções
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Conta corrente
excl. juros que
estabiliza a dívida 6/
Base: Dívida externa 20,2 21,7 20,2 19,7 22,1 25,0 27,0 29,2 33,3 34,8 36,8 0,4
Variação da dívida externa 3,5 1,5 -1,4 -0,5 2,3 2,9 2,0 2,2 4,2 1,5 2,0
Fluxos externos geradores de dívida identificados (4+8+9) 8,9 -4,3 -12,2 -5,3 -0,4 -0,3 -1,1 2,0 2,6 0,6 0,3
Défice da conta corrente, excluindo pagamentos de juros 9,4 -8,6 -13,1 -12,2 -5,6 -4,7 -3,0 -0,9 -1,4 -0,7 -1,0
Défice da balança de bens e serviços 0,4 -18,4 -23,2 -22,2 -15,1 -12,4 -9,9 -7,3 -7,2 -6,0 -6,0
Exportações 55,0 61,4 65,4 61,9 55,8 51,5 48,2 44,6 41,6 38,9 36,9
Importações 55,4 42,9 42,2 39,7 40,7 39,1 38,3 37,3 34,4 32,8 30,9
Fluxos líq. de entr. de capitais não geradores de dívida (-) -2,9 5,5 4,9 8,4 6,5 4,6 2,3 3,4 4,6 2,1 1,9
Dinâmica automática da dívida 1/ 2,4 -1,2 -4,0 -1,4 -1,3 -0,2 -0,4 -0,5 -0,6 -0,8 -0,7
Contributo da taxa de juro nominal 0,5 0,5 0,5 0,5 0,1 0,6 1,0 1,1 1,2 1,3 1,3
Contributo do crescimento do PIB real -0,4 -0,6 -0,7 -0,9 -1,2 -0,8 -1,4 -1,6 -1,8 -2,1 -2,0
Contributo de variações cambiais e de preços 2/ 2,4 -1,1 -3,8 -1,0 -0,2 ... ... ... ... ... ...
Resíduo, incl. variação nos ativos externos brutos (2-3) 3/ -5,4 5,8 10,7 4,8 2,8 3,3 3,1 0,2 1,6 0,8 1,8
Rácio dívida externa/exportações (em percentagem) 36,6 35,3 31,0 31,8 39,6 48,6 56,0 65,4 80,2 89,4 99,7
Nec. bruta de financ. externo (em mil milhões de USD) 4/ 11,2 -3,7 -9,7 -9,4 -6,2 -0,4 5,0 8,2 8,8 11,2 12,0
em percentagem do PIB 14,9 -4,4 -9,3 -8,1 -5,0 10 anos 10 anos -0,3 3,5 5,4 5,4 6,2 6,2
Cenário com principais variáveis às médias históricas 5/ 25,0 15,0 3,9 -4,2 -11,5 -17,1 5,5
Média Desvio
Principais pressupostos macroeconómicos do cenário de base histórica padrão
Crescimento do PIB real (em percentagem) 2,4 3,4 3,9 5,2 6,8 10,8 7,6 3,9 5,9 6,2 6,5 6,7 6,2
Deflator do PIB em USD (variação percentual) -12,4 5,6 21,5 5,4 0,8 13,0 12,5 1,8 1,8 1,0 1,5 1,9 2,3
Taxa de juro externa nominal (em percentagem) 2,8 2,7 3,0 2,9 0,4 3,7 2,3 2,8 4,1 4,2 4,4 4,2 4,2
Crescimento das exportações (percentagem, em termos de USD) -36,8 21,9 34,4 5,0 -3,1 25,8 31,0 -2,3 1,0 -0,8 0,8 1,8 3,2
Crescimento das importações (percentagem, em termos de USD) -3,0 -15,3 23,9 4,4 10,3 21,7 26,7 1,6 5,8 4,4 -0,5 4,0 2,3
Saldo da conta corrente, excl. pagamentos de juros -9,4 8,6 13,1 12,2 5,6 11,3 10,2 4,7 3,0 0,9 1,4 0,7 1,0
Fluxos líq. de entrada de capitais não geradores de dívida 2,9 -5,5 -4,9 -8,4 -6,5 -2,5 4,7 -4,6 -2,3 -3,4 -4,6 -2,1 -1,9
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL 9
1/ Calculada como [r - g - r(1+g) + ea(1+r)]/(1+g+r+gr) multiplicado pelo stock da dívida do período anterior, sendo r = taxa de juro efetiva nominal da dívida externa; r = variação do deflator do PIB interno em termos de USD,
g = taxa de crescimento do PIB real, e = valorização nominal (acréscimo no valor em USD da moeda nacional) e a = parcela da dívida expressa em moeda nacional no total da dívida externa.
2/ O contributo de variações cambiais e de preços é definido como [-r(1+g) + ea(1+r)]/(1+g+r+gr) multiplicado pelo stock da dívida do período anterior. r aumenta com a apreciação da moeda nacional (e > 0) e a subida da inflação (com base no deflator do PIB).
3/ Para a projeção, esta linha inclui o impacto das variações nos preços e nas taxas de juro e de câmbio.
4/ Definida como o défice da conta corrente, mais a amortização da dívida de médio e longo prazo, mais a dívida de curto prazo no final do período anterior.
5/ As principais variáveis são o crescimento do PIB real, a taxa de juro nominal, o crescimento do deflator em dólares, a conta corrente excl. juros e os fluxos de entrada não geradores de dívida, os dois últimos como percentagem do PIB.
6/ Equilíbrio constante de longo prazo que estabiliza o rácio da dívida, presumindo-se que as principais variáveis (crescimento do PIB real, taxa de juro nominal, crescimento do deflator em dólares e fluxos de entrada não geradores de dívida
como percentagem do PIB) permaneçam nos níveis do último ano das projeções.
Fontes: Corpo técnico do FMI e autoridades.
ANGOLA
ANGOLA
SUMÁRIO
Montante
Data de Data de Montante sacado
Tipo aprovado
aprovação vencimento (milhões de DSE)
(milhões de DSE)
Próximos
2014 2015 2016 2017 2018
Capital 171,78 246,93 100,21 10,74 …
Comissões/juros 2,83 3,01 0,86 0,10 0,03
Total 174,61 249,94 101,06 10,84 0,03
Avaliação das Salvaguardas:1 A primeira avaliação das salvaguardas, concluída em maio de 2010,
constatou que o Banco Nacional de Angola (BNA) é submetido a auditorias externas anuais por
uma firma de boa reputação e toma medidas para resolver as questões que são objeto de ressalvas
dos auditores. A avaliação confirmou, porém, que existem deficiências nas práticas de governação
e transparência do BNA, entre elas a não publicação atempada das demonstrações financeiras
anuais. A avaliação fez também recomendações visando o fortalecimento do quadro jurídico e a
independência do banco central, bem como o reforço do quadro de controlo nas áreas de gestão
de reservas e auditoria interna. Desde a avaliação, o BNA adotou medidas para aperfeiçoar a
governação e a prestação de contas, inclusivamente no que respeita à elaboração de
demonstrações financeiras. As demonstrações de 2009 foram auditadas e publicadas juntamente
com o respetivo relatório de auditoria; a auditoria de 2010 foi concluída e os seus resultados foram
publicados na página do BNA na Internet em meados de outubro de 2011. Desde o ano financeiro
de 2011, o BNA tem vindo a publicar regular e atempadamente as suas demonstrações financeiras
anuais, que são sujeitam a auditoria externa por uma firma internacional de boa reputação. Desde
2010, o BNA introduziu e consolidou vários órgãos de apoio ao seu Conselho de Administração,
como o Comitê de Política Monetária, o Comitê de Estabilidade Financeira e o Comitê de
Investimentos. O Conselho do BNA reforçou a sua função de auditoria interna e, em janeiro de
2011, reinstituiu o seu Conselho Fiscal. Em dezembro de 2010, foram adotadas diretrizes para a
gestão das reservas internacionais e em maio de 2011 foi realizada a primeira auditoria interna
semestral sobre a aplicação destas diretrizes.
Regime Cambial: O regime cambial de facto de Angola foi classificado como "regime cambial
estabilizado" a partir de outubro de 2009. O BNA intervém ativamente no mercado cambial para
estabilizar a taxa de câmbio através da venda aos bancos, em leilões, de parte das receitas em
divisas relacionadas ao petróleo. Os leilões foram temporariamente suspensos entre 20 de abril e
1 de outubro de 2009, o que resultou no estabelecimento formal de uma paridade cambial. Após a
retoma dos leilões, o kwanza depreciou-se, mas manteve-se relativamente constante desde 2010.
As autoridades mantêm controlo rigoroso sobre a taxa de câmbio, que é a principal âncora da
política monetária. O BNA publica diariamente uma taxa de referência, calculada como uma média
ponderada (pelas quantidades) das taxas negociadas no dia anterior com os bancos comerciais.
Os bancos e as casas de câmbio podem efetuar operações cambiais entre si e com os seus clientes
a taxas negociadas livremente, desde que estas taxas não ultrapassem em mais de 3% a taxa de
referência. O corpo técnico continuará a acompanhar atentamente a evolução do regime cambial.
Angola continua a se valer do regime transitório previsto na Secção 2 do Artigo XIV e a manter
duas medidas cambiais, nomeadamente: i) limites à disponibilização de moeda estrangeira para
operações invisíveis, tais como despesas de viagem, médicas e de educação e ii) limites às
transferências unilaterais para pessoas singulares e instituições baseadas no estrangeiro. Para além
disso, Angola mantém duas restrições cambiais, nomeadamente: i) limites à remessa de lucros e
1
Para uma descrição do quadro de Avaliação das Salvaguardas do FMI, consulte
http://www.imf.org/external/np/exr/facts/safe.htm.
dividendos dos investimentos estrangeiros não superiores a USD 1.000.0002 e ii) cobrança
discriminatória do imposto do selo de 0,015% sobre operações de câmbio, restrições estas que
estão sujeitas à aprovação do FMI nos termos da Secção 2(a) do Artigo VIII. Ademais, o país
mantém duas práticas de taxas de câmbio múltiplas, na forma: i) do leilão holandês de divisas e
ii) da cobrança discriminatória do imposto do selo de 0,015% sobre operações de câmbio, práticas
estas que estão sujeitas à aprovação do FMI nos termos da Secção 3 do Artigo VIII.
Consulta ao abrigo do Artigo IV: Aplica-se a Angola o ciclo normal de 12 meses. A conclusão das
próximas consultas ao abrigo do Artigo IV está prevista para novembro de 2015.
Ano da
Departamento de Mercados Monetários e de Capitais (MCM) prestação
Avaliação das necessidades em matéria de assistência técnica 2013
Assistência técnica após o FSAP 2013
AFRITAC Sul: Quadro de supervisão baseada no risco 2013
2
Até 2012, o limite era de USD 100.000.
Matriz de Implementação
Título Produtos Prazo Data de
conclusão
A. Informação Mútua Sobre Programas de Trabalho Pertinentes
Programa de trabalho Project de desenvolvimento institucional do Em curso
do BM nos próximos sector hídrico
12 meses
Project de desenvolvimento local Em curso
Project de fortalecimento dos serviços Em curso
municipais de saúde
Project para os pequenos agricultores voltado Em curso
para o mercado
Project "Educação para Todos" Em curso
Programa de trabalho Visita do Subdiretor-geral Setembro de
do FMI nos próximos 2014
12 meses
Visita do corpo técnico Fevereiro de
2015
QUESTÕES ESTATÍSTICAS
O fornecimento de dados apresenta algumas deficiências, mas é apropriado, na generalidade, para
fins de supervisão. A qualidade e atualidade dos dados inspiram alguma preocupação, mas
prosseguem os esforços para reforçar a base estatística do país, inclusivamente com a assistência
técnica do FMI e do Banco Mundial. As autoridades estão empenhadas em utilizar o Sistema Geral
de Difusão de Dados (GDDS) para melhorar o sistema estatístico. O país iniciou a sua participação
no GDDS em outubro de 2003, com a publicação de metadados no Boletim Eletrónico sobre
Normas de Difusão (DSBB) do FMI. Os metadados precisam de ser atualizados.
Angola tem hoje diversas publicações estatísticas regulares e informativas, o que reflete progressos
significativos no fornecimento de dados e na transparência dos relatórios estatísticos. Os maiores
avanços foram registados no BNA e, recentemente, no Instituto Nacional de Estatística (INE). Ambos
disponibilizam e publicam de forma atempada uma grande quantidade de dados. De referir, porém,
que o fornecimento e a publicação de dados do Ministério das Finanças ainda carecem de
melhorias significativas. Os dados publicados na página do Ministério das Finanças na Internet
incluem pormenores sobre as receitas do sector petrolífero, mas o Ministério do Petróleo não
publica regularmente dados sobre a produção de petróleo.
Censo Nacional
O INE divulgou as contas nacionais de Angola referentes ao período 2002-12, com dados
preliminares sobre 2011 e 2012. Trata-se da primeira divulgação de contas nacionais em Angola,
com dados anuais sobre o produto, a despesa e o rendimento. O INE tem planos de divulgar dados
preliminares das contas nacionais com um desfasamento de um ano e dados definitivos após dois
anos. As contas nacionais incluem o PIB anual a preços constantes utilizando preços de 2002.
O Ministério do Planeamento continuará a divulgar estimativas preliminares e projeções do PIB
anual (produto). Está em vias de produção uma série trimestral do PIB, e a sua publicação está
prevista para 2015. O INE publica também relatórios mensais sobre os preços no consumidor e os
preços grossistas. O IPC tem como base os dados de Luanda, mas o INE já começou a publicar
dados sobre os preços no consumidor nas seis capitais das principais províncias. O objetivo é
caminhar para um índice nacional de preços no consumidor. O INE publica ainda outros boletins de
dados importantes, como os boletins trimestrais sobre a confiança das empresas, produção
industrial e emprego, e comércio de mercadorias.
Os dados do inquérito às sociedades de depósitos e do balanço do BNA passaram por uma revisão
recente com o auxílio da assistência técnica do STA. Os dados baseiam-se agora nos novos
formulários de declaração de dados, e Angola passou a contribuir plenamente para a base de dados
IFS do FMI sobre estatísticas financeiras internacionais. O BNA transmite atempadamente dados ao
FMI e publica dados pormenorizados na sua página na Internet todos os meses. O BNA começou
também a publicar outros relatórios de grande importância, como o relatório trimestral sobre a
inflação e o seu relatório anual (que resume a evolução monetária, macroeconómica e da inflação),
para além de um relatório semestral acerca da estabilidade do sistema financeiro. Os dados do BNA
sobre os indicadores de solidez financeira devem ser publicados a intervalos regulares (por
exemplo, 30 ou 60 dias após o final de cada trimestre). A utilidade do Relatório de Estabilidade
Financeira do BNA poderia ser reforçada se trouxesse informações mais atualizadas, uma vez que
hoje é demasiado longo o intervalo entre o período a que o relatório se refere e o momento da sua
publicação (o relatório mais recente, publicado no final de julho de 2014, se refere ao primeiro
semestre de 2013).
É preciso melhorar substancialmente a atualidade e qualidade das estatísticas das finanças públicas.
As receitas e despesas são registadas corretamente pelo regime de especialização do exercício, mas
perduram alguns problemas na reconciliação de operações acima e abaixo da linha. É fundamental
assegurar a publicação regular (no mínimo em bases trimestrais) de dados consolidados e
pormenorizados das finanças públicas na página do Ministério das Finanças na Internet. São
publicadas mensalmente informações pormenorizadas e coerentes sobre as receitas do petróleo,
mas estas seriam de maior utilidade para os analistas e outras partes interessadas se fossem
publicadas como folhas de cálculos em lugar de imagens em PDF. A informação disponível é
apresentada unicamente com base nos classificadores orçamentais, o que dificulta a análise
económica da situação fiscal. Todas as informações devem ser apresentadas segundo a sua
classificação económica, e não apenas orçamental. Até à altura, o Ministério das Finanças divulga
dados segundo uma versão “modificada” da metodologia GFSM 1986, utilizando um fator de
ajustamento para reconciliar as cifras acima da linha (registadas segundo o regime de
especialização) com aquelas abaixo da linha (registadas segundo o regime de caixa). No momento
oportuno, o Ministério das Finanças deverá iniciar a migração abrangente para a metodologia
GFSM 2001.
1
Ao abrigo do Artigo IV do seu Convénio Constitutivo, o FMI mantém discussões bilaterais com os seus países
membros, normalmente com uma periodicidade anual. Uma equipa de especialistas visita o país, recolhe
informações de natureza económica e financeira e discute com as autoridades a evolução da economia e as
políticas económicas do país. De regresso à sede do FMI, os especialistas elaboram um relatório que constitui a
base para as discussões do Conselho de Administração.
2
Os cálculos se baseiam na série do PIB fornecida pelo Ministério do Planeamento e, por isso, não refletem ainda
a série revista conforme calculada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
concentrar nas mãos dos 10% mais ricos, o que corresponde a um índice de pobreza de 37% em
termos relativos (60% nas zonas rurais).
Estão a ser feitos bons progressos nas reformas estruturais. A tão esperada reforma dos
impostos não petrolíferos foi aprovada pela Assembleia Nacional em 4 de julho de 2014, e
constitui uma etapa fundamental para a redução da forte dependência do orçamento em relação
à receita do petróleo. As reformas da gestão das finanças públicas (GFP) também avançaram,
com a introdução de duas medidas essenciais para conter a proliferação de atrasados de
pagamentos internos: i) a lei-quadro do orçamento inclui agora uma definição clara de atrasados
que é compatível com as boas práticas internacionais, e ii) um novo procedimento de controlo
exige a confirmação, pelo Ministério das Finanças, de todos os contratos de valor superior a
USD 1,5 milhões. O Ministério da Economia continuou a pôr em prática uma série de medidas
visando melhorar o ambiente de negócios, com destaque para o programa Angola Investe.
3
Concluídas as discussões, a Diretora-Geral, na qualidade de Presidente do Conselho, resume os pontos de vista
dos Administradores, e este resumo é transmitido às autoridades do país. A ligação a seguir contém uma
explicação dos principais qualificadores empregados nos resumos:
http://www.imf.org/external/np/sec/misc/qualifiers.htm.
3
Os Administradores ressaltaram que a via mais apropriada para a redução sustentada da pobreza
passa pelo desenvolvimento das pequenas e médias empresas no setor privado não petrolífero.
Consideraram encorajadores os esforços das autoridades para diversificar a economia, melhorar
o ambiente de negócios e aumentar a competitividade. Preocuparam-se, porém, com o
crescente recurso a medidas protecionistas, e recomendaram um exame periódico da pauta de
direitos de importação com vista à redução das tarifas dentro de um prazo específico.
Espera-se que as próximas consultas a Angola ao abrigo do Artigo IV sejam realizadas no ciclo
normal de doze meses.
4
Produto interno bruto nominal -5,2 26,6 29,0 12,6 8,8 7,8 9,7
Setor petrolífero -25,4 27,6 36,7 8,4 -3,3 -1,1 2,6
Setor não petrolífero 21,1 25,7 22,8 16,4 19,0 13,9 13,9
Preços no consumidor (média anual) 13,7 14,5 13,5 10,3 8,8 7,3 7,3
Preços no consumidor (fim de período) 14,0 15,3 11,4 9,0 7,7 7,4 7,2
Produto interno bruto (mil milhões de kwanzas) 5.989 7.580 9.780 11.011 11.984 12.917 14.167
Produto interno bruto petrolífero (mil milhões de kwanzas) 2.662 3.396 4.641 5.030 4.864 4.808 4.933
Produto interno bruto não petrolífero (mil milhões de kwanzas) 3.327 4.184 5.139 5.982 7.120 8.109 9.234
Produto interno bruto (mil milhões de USD) 75,5 82,5 104,1 115,3 124,2 131,4 141,8
Produto interno bruto per capita (USD) 4.081 4.329 5.305 5.706 5.964 6.128 6.418
Balança de pagamentos
Balança comercial (percentagem do PIB) 24,2 40,1 45,2 40,7 33,6 29,6 26,0
Exportações de bens, FOB (percentagem do PIB) 54,2 60,4 64,6 61,3 54,8 50,4 47,2
D/q: Exportações de petróleo e gás (percentagem do PIB) 52,8 58,8 62,3 60,1 53,7 49,4 46,1
Importações de bens, FOB (percentagem do PIB) 30,0 20,2 19,4 20,6 21,2 20,8 21,2
Termos de troca (variação percentual) -28,8 16,7 23,3 7,9 -2,1 1,3 -0,5
Saldo da conta corrente (percentagem do PIB) -9,9 8,1 12,6 11,7 5,5 4,1 2,0
Reservas internacionais brutas (fim de período, milhões de USD) 13.238 19.339 28.396 33.035 33.179 33.898 35.113
Reservas internacionais brutas (meses de import. do ano seguinte) 4,5 5,3 7,4 7,8 7,7 7,5 7,4
Reservas internacionais líquidas (fim de período, milhões de USD) 12.514 16.848 26.083 30.632 30.987 32.464 34.064
Taxa de câmbio
Taxa de câmbio oficial (média, kwanzas por USD) 79,3 91,9 93,9 95,5 96,5 … …
Taxa de câmbio oficial (fim de período, kwanzas por USD) 89,4 92,6 95,3 95,8 97,5 … …
Petróleo
Produção de petróleo (milhões de barris por dia) 1,809 1,758 1,660 1,735 1,716 1,656 1,700
Exportações de petróleo e gás (mil milhões de USD) 39,9 48,5 64,8 69,3 66,7 64,9 65,4
Preço do petróleo angolano (média, USD por barril) 60,8 76,5 110,3 110,9 107,3 107,9 106,1
Preço do petróleo Brent (média, USD por barril) 61,9 79,6 111,0 112,0 109,1 108,2 106,1
Preço do petróleo segundo o WEO (média, USD por barril) 61,8 79,0 104,0 105,0 104,1 106,1 102,8
Fontes: Autoridades angolanas e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.
1
Incorpora o impacto da nova lei cambial a partir de 2013.
Declaração do Sr. Momodou Saho, Administrador para Angola, e da Sra. Chileshe
Mpundu Kapwepwe, Administradora Suplente para Angola
29 de agosto de 2014
1. Introdução
Angola registou uma melhoria significativa das condições económicas nos últimos cinco
anos, depois de ter sido fortemente afetada pela crise financeira mundial, pelos efeitos
adversos dos choques dos preços das matérias-primas e por uma subsequente recuperação
morosa da economia mundial. O empenho do governo em reforçar a estabilidade
macroeconómica e manter a paz e a segurança assegurou o impulso necessário para fomentar
um crescimento de base mais abrangente, acelerar o ritmo da diversificação e da
transformação estrutural e impulsionar a produtividade, em particular nos setores não
petrolíferos.
A agenda económica de Angola nos próximos anos, conforme definida no seu Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND) para o período de 2013-2017, é libertar o potencial de
crescimento através da diversificação e transformação económica. Embora as receitas da
extração dos recursos petrolíferos desempenhem um papel fundamental na mobilização de
recursos internos para ampliar o fornecimento de infraestruturas e serviços sociais básicos, a
dependência das receitas do petróleo continua a ser uma importante fonte de vulnerabilidade
orçamental tendo em conta a volatilidade dos preços mundiais do petróleo. As prioridades de
política para minimizar os riscos induzidos pela volatilidade dos preços das matérias-primas
incluem o estímulo da produtividade nos setores agrícola e da indústria transformadora, bem
como o desenvolvimento de capital humano e a criação de um ambiente propício à geração
de emprego e à realização de negócios.
Projeta-se que o crescimento económico atinja 3,9% em 2014, uma diminuição face a 6,8%
em 2013 e 5,2% em 2012, devido a interrupções temporárias na produção de petróleo e à
desaceleração do crescimento do produto no setor agrícola por causa da seca. Espera-se que o
crescimento sólido no setor não petrolífero (7,3%), impulsionado principalmente pelos
investimentos em curso nos setores da agricultura, da indústria transformadora, de
eletricidade e de serviços compense o declínio transitório no setor petrolífero (3,5%).
reservas internacionais brutas diminuíram para USD 32,1 mil milhões em maio de 2014, de
um máximo histórico de USD 36,6 mil milhões atingido em setembro de 2013, sobretudo
devido a uma transferência de USD 5 mil milhões do Fundo Petrolífero para Infraestruturas
para o Fundo Soberano de Angola. No entanto, o nível de cobertura das reservas
internacionais para 2014 (7,1 meses de cobertura de importações) é ainda adequado para
fazer face aos choques externos.
As autoridades angolanas deram início a um vasto leque de reformas estruturais para ampliar
as fontes de receitas não petrolíferas, melhorar a gestão das finanças públicas e reforçar o
setor financeiro. Como parte dos esforços das autoridades para reduzir a dependência
orçamental das receitas do petróleo, a Assembleia Nacional aprovou, em julho de 2014, um
pacote legislativo constituído por três códigos: o Código Geral Tributário, o Código do
Processo Tributário e o Código de Execuções Fiscais. Além disso, foram introduzidas
alterações ao imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e das pessoas coletivas para
fomentar o consumo e o investimento.
A implementação das reformas da gestão das finanças públicas prossegue. Mais importante,
as autoridades tomaram medidas para evitar a acumulação e a proliferação de atrasados com
a inclusão na lei-quadro do orçamento de uma definição clara de atrasados, consistente com
as melhores práticas internacionais. Adicionalmente, um novo procedimento de controlo foi
introduzido, o qual requer a confirmação do Ministério das Finanças de todos os contratos de
valor superior a USD 1,5 milhões.
Para evitar a proliferação dos créditos vencidos, o BNA iniciou o processo de adoção de
novos regulamentos relativos às definições e à classificação de créditos vencidos. Este novo
regulamento melhorará a comparabilidade do desempenho dos bancos por parte de
investidores e depositantes, e assegurará incentivos adequados aos bancos no sentido de
melhorarem as suas práticas de concessão de crédito.
Política orçamental
Para fazer face ao abrandamento projetado das receitas do petróleo, as autoridades irão
continuar a criar margens de manobra orçamentais através do aumento gradual de poupanças
da atual riqueza do petróleo no Fundo Soberano. Adicionalmente, as autoridades continuam
empenhadas em adotar medidas de reforço das receitas para mitigar os riscos decorrentes da
volatilidade dos preços das matérias-primas, incluindo a diminuição das reservas de petróleo
e uma inversão dos ganhos recentes nos atrasados internos. Mais importante ainda, as
autoridades devem prosseguir a implementação da reforma tributária não petrolífera e
reforçar a gestão das finanças públicas através da contenção de despesas recorrentes, em
especial da massa salarial, eliminando gradualmente os subsídios aos combustíveis,
melhorando a eficiência na despesa de capital e adotando programas eficazes de redes de
proteção, em grande medida em linha com as recomendações do corpo técnico. Estas
medidas são vitais para a manutenção das finanças públicas numa trajetória sustentável.
A orientação de política monetária das autoridades no curto prazo irá continuar a centrar-se
em ancorar as expectativas inflacionistas, melhorar a gestão da liquidez e reforçar a
supervisão financeira. Para melhorar a eficácia da sua condução da política monetária e da
transição para um regime de metas de inflação, as autoridades irão centrar-se em três áreas
principais. Primeira, para fomentar o processo de desdolarização, as autoridades irão
empenhar-se em eliminar o desfasamento entre moedas nos balanços dos bancos e permitir,
ao longo do tempo, uma maior flexibilidade na taxa de câmbio. Segunda, para aumentar o
aprofundamento financeiro e reforçar o canal das taxas de juro, as autoridades estão a tomar
medidas para que a taxa de juro passe a ser determinada com base no mercado. Terceira, o
BNA e o Instituto Nacional de Estatística irão colaborar no desenvolvimento de indicadores
de alta frequência para disponibilizar aos formuladores de políticas informação atempada
para a tomada de decisões.
Para reforçar o sistema bancário nacional, o BNA introduziu novos regulamentos relativos à
governança corporativa, gestão de riscos e controlo interno, bem como procedimentos de
auditoria externa. As autoridades estão também empenhadas em implementar o conjunto de
4
políticas monetária e orçamental apropriado para manter a inflação dentro da meta de médio
prazo do BNA, nomeadamente de 7-9%.
5. Conclusão