Direitos Reais

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Extensão de Nacala

Direitos Reais da Garantia: Consignação de Rendimento, Privilégios Creditórios e


Direito de Repreensão

Discente
Antónia Voraz Pereira

Nacala, março de 2024

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Extensão de Nacala

Direitos Reais da Garantia: Consignação de Rendimento, Privilégios Creditórios e


Direito de Repreensão

Trabalho de carácter avaliativo a ser entregue


na cadeira de Direitos Reais, cadeira do 3°
ano do curso de licenciatura em Direito.

Docente: Vitorino Mariano

Nacala, março de 2023


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Índice
Não foi encontrada nenhuma entrada de índice.

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Introdução

O presente trabalho

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A consignação de rendimentos.
1. Noção
De acordo com a alinha 1) do art. 656 do CC O cumprimento da obrigação, ainda que
condicional ou futura, pode ser garantido mediante a consignação dos rendimentos de certos
bens imóveis, ou de certos bens móveis sujeitos a registo. E no seu numero 2, consta que a
consignação de rendimentos pode garantir o cumprimento da obrigação e o pagamentos dos
juros, ou apenas o cumprimento da obrigação ou só o pagamento dos juros.
A consignação de rendimentos é uma garantia real que garante ao credor o pagamento do seu
crédito através do rendimento de certos bens imóveis ou móveis sujeitos a registo, sendo que
a mesma poderá ser efetuada extrajudicialmente e não pressupõe a existência de
incumprimento de uma obrigação (Lima, 2017).
Segundo Lima (2017), a consignação de rendimentos é uma garantia que detém a
particularidade de permitir ao credor “pagar-se através dos rendimentos acarretados pela coisa
(móvel ou imóvel) ou pelo uso dela e não pelo valor da mesma”, ao contrário do que sucede
com o penhor e com a hipoteca, onde o credor poderá ver o seu crédito pago através do valor
do bem.
O credor consignatário não tem a possibilidade de executar nem os rendimentos, nem os bens
que os produzem; no entanto, “- caso o devedor venha a incumprir com a sua obrigação
poderá, com base num título executivo idóneo e na qualidade de credor comum, avançar com
a instauração de uma execução contra aquele e proceder à penhora dos bens em causa”. O que
significa que com a constituição da consignação o credor consignatário terá preferência em
relação aos outros credores apenas sobre os rendimentos consignados e não sobre os bens
disponíveis (Lima, 2017).
2. Legitimidade para a constituição da consignação de rendimentos.
Detém legitimidade para ser devedor consignado o devedor ou terceiro desde que possam
dispor dos rendimentos dos bens imóveis ou móveis sujeitos a registo (art. 657º n.º 1 e 2 do
CC).
O CC em vigor em Moçambique no numero 1 do art. 657 diz que Só tem legitimidade para
constituir a consignação quem puder dispor dos rendimentos consignados. E no numero 2. Do
artigo acima citado consta que É aplicável à consignação constituída por terceiro o disposto
no artigo 717.º
Art. 717.º do CC diz o seguinte sobre a hipoteca constituída por terceiro:

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“1. A hipoteca constituída por terceiro extingue-se na medida em que, por facto positivo ou
negativo do credor, não possa dar-se a sub-rogação daquele nos direitos deste.
2. O caso julgado proferido em relação ao devedor produz efeitos relativamente a terceiro que
haja constituído a hipoteca, nos termos em que os produz em relação ao fiador.”
Especies da consignação
No art. 658 do CC na seu número consta que “a consignação é voluntária ou judicial”.
E no numero 2 do artigo feito menção no paragrafo acima diz que é voluntária a consignação
constituída pelo devedor ou por terceiro, quer mediante negócio entre vivos, quer por meio de
testamento, e judicial a que resulta de decisão do tribunal.
Modalidades da consignação de rendimentos
De acordo com o art. 661 a consignação é possível estipular: a) Que continuem em poder do
concedente os bens cujos rendimentos são consignados; b) Que os bens passem para o poder
do credor, o qual fica, na parte aplicável, equiparado ao locatário, sem prejuízo da faculdade
de por seu turno os locar; c) Que os bens passem para o poder de terceiro, por título de
locação ou por outro, ficando o credor com o direito de receber os respectivos frutos. 2. Os
frutos da coisa são imputados primeiro nos juros, e só depois no capital, se a consignação
garantir tanto o capital como os juros.
Prazo da consignação de rendimentos
No art. 659 do CC no seu numero 1 está patente que a consignação de rendimentos pode
fazer-se por determinado número de anos ou até ao pagamento da dívida garantida. E no seu
numero 2 diz que quando incida sobre os rendimentos de bens imóveis, a consignação nunca
excederá o prazo de quinze anos.
Extinção da consignação de rendimentos
A consignação de rendimentos extingue-se pelo decurso de tempo em que foi estabelecida;
pelo perecimento da coisa produtora de rendimentos; perecimento da coisa produtora de
rendimentos; pelo cumprimento da obrigação a que serve de garantia ou pela renúncia por
parte do credor consignatário.

Previlegios Creditorios
1. Generalidades.
O nosso ordenamento jurídico dá-nos a noção de privilégios creditórios através do art. 733 do
CC que rege que o privilégio creditório “é a faculdade que a lei, em atenção à causa do
crédito, concede a certos credores, independentemente do registo, de serem pagos com a
preferência a outros”.

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Funcionalidade dos privilégios creditórios
A funcionalidade dos privilégios creditórios manifesta-se com a concorrência de credores
sobre o património de um devedor comum, sendo que a lei faz depender a sua atribuição uma
vez que só são concedidos tendo em conta natureza do crédito.
Em suma, partindo para uma análise do preceito legal que consagra a existência dos
privilégios creditórios, retiram-se “- quatro traços que os caracterizam: o seu carácter legal;
que são atribuídos pela natureza do crédito beneficiado; que vêm beneficiar certos credores;
que não carecem de registo”.
Todavia, após a aprovação do Código Civil foram inúmeros os casos em que se procedeu à
criação de privilégios creditórios em legislação avulsa; sendo que a falta de regra de
publicitação levou a que este tipo de garantia especial de obrigação fosse considerado como
particularmente perigoso, uma vez que potenciou o aumento exponencial do número
privilégios creditórios em variados diplomas avulsos.
Especies de previlégios creditórios
Os privilégios creditórios são de duas espécies: privilégios mobiliários gerais e privilégios
especiais como consta no art. 735 do CC. E no numero 2 do mesmo artigo consta que os
privilégios são mobiliários gerais, se abrangem o valor de todos os bens móveis existentes no
património do devedor à data da penhora ou de acto equivalente; são especiais, quando
compreendem só o valor de determinados bens.
Privilégios mobiliarios gerais
Os privilégios mobiliários gerais estão regulados nos arts.736º e 737º do CC. De acordo com
o art. 736º gozam deste tipo de privilégios o estado e as autarquias locais para garantia dos
créditos por impostos indiretos84, e também pelos impostos diretos inscritos para cobrança no
ano corrente na data da penhora, ou ato equivalente, e nos dois anos anteriores.
O art. 737º do CC consagra que gozam de estatuto de privilégio mobiliário geral:
a) O crédito por despesas do funeral do devedor, conforme a sua condição e costume da
terra;
b) O crédito por despesas com doenças do devedor ou de pessoas a quem este deva
prestar alimentos, relativo aos últimos seis meses;
c) O crédito por despesas indispensáveis para o sustento do devedor e das pessoas a
quem este tenha a obrigação de prestar alimentos, relativo aos últimos seis meses;
d) Os créditos emergentes do contrato de trabalho, ou da violação ou cessação deste
contrato, pertencentes ao trabalhador e relativos aos últimos seis meses.

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Privilégios mobiliários especiais
São privilégios mobiliários especiais os que incidem sobre determinados e certos bens
móveis do devedor.
Os privilégios mobiliários especiais estão previstos nos arts.738º a 742º CC, nomeadamente:
as despesas de justiça (art. 738º do CC) ; os créditos do Estado resultantes do imposto sobre
as sucessões e doações (cfr. n.º 2 do art. 738º do CC); os créditos pelos fornecimentos de
sementes, plantas e adubos, e de água ou energia para irrigação ou outros fins agrícolas sobre
os frutos dos prédios rústicos (cfr. al. a) do art. 739º do CC); os créditos por dívidas de foros
relativos ao ano corrente na data da penhora, ou ato equivalente, e ao ano anterior sobre os
frutos dos prédios rústicos (cfr. al. b) do art. 739º do CC); os créditos por dívidas de foros
relativos ao ano corrente na data da penhora, ou ato equivalente, e ao ano anterior gozam de
privilégio sobre as rendas dos prédios urbanos respetivos (cfr. art. 740º do CC); o crédito da
vítima de um facto que implique responsabilidade civil sobre a indemnização devida pelo
segurador da responsabilidade em que o lesante haja incorrido (cfr. art. 741º do CC) e o
crédito do autor de obra intelectual, fundado em contrato de edição, que tem privilégio sobre
os exemplares da obra existentes em poder do editor (cfr. art. 742º do CC).
Os privilégios imobiliários gerais
A consagração dos privilégios imobiliários gerais deu-se por meio de leis avulsas. O
aparecimento deste tipo de privilégios trouxe consigo uma grande insegurança jurídica,
levando mesmo a que se afirme que “- põe em causa o perfil dogmático com que foram
concebidos os privilégios”.
A evolução legislativa no que concerne à criação deste tipo de privilégios tem sido de tal
forma exponencial e vulgar ao ponto de tornar árdua a tarefa de proceder à delimitação dos
privilégios imobiliários gerais. O que implica, sem dúvida, uma desproteção e insegurança
para os credores (Lima, 2017).
Os privilégios imobiliários especiais
São privilégios creditórios especiais os previstos nos arts.743º a 744º do CC: os créditos por
despesas de justiça feitas diretamente no interesse comum dos credores (art. 743º do CC); os
créditos por contribuição predial devida ao Estado ou às autarquias locais, inscritos para
cobrança no ano corrente na data da penhora, ou ato equivalente, e nos dois anos anteriores
(art. 744º n. º1 do CC); os créditos do estado pela sisa e pelo imposto
sobre as sucessões e doações (cfr. art. 744º n.º 2 do CC).

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Direitos de Retenção

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