Lei Reguladora Das Relacoes de Familia e Sucessao - 103658

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Índice

CAPITULO I-Introdução...............................................................................................................................2

1.1.Descrição do problema............................................................................................................................2

1.2. Hipóteses.................................................................................................................................................3

1.3.Objectivos................................................................................................................................................3

1.3.1. Objectivo geral.....................................................................................................................................3

1.3.2.Objectivo específico..............................................................................................................................3

1.4.Justificativa..............................................................................................................................................3

1.5.Estrutura do trabalho................................................................................................................................4

1.6.Metodologia.............................................................................................................................................4

CAPITULO II- Lei reguladora das relações familiares e do fenómeno sucessório......................................5

2.1. Direito Internacional Privado e Direito de Família.................................................................................5

Do casamento consular..................................................................................................................................5

Do casamento por procuração........................................................................................................................6

Da pensão alimentícia....................................................................................................................................7

2.1. Conceito de sucessão..............................................................................................................................8

A Sucessão e o DIP........................................................................................................................................9

O Princípio da unidade da sucessão e o Princípio da pluralidade de Estatutos Sucessórios.......................10

O Princípio da pluralidade de Estatutos Sucessórios...................................................................................10

A autonomia da vontade nas disposições mortis causa...............................................................................12

O Critério da nacionalidade ou da residência habitual................................................................................13

Conclusão.....................................................................................................................................................15

Bibliografia..................................................................................................................................................16

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CAPITULO I- Introdução

O presente trabalho de direito internacional privado visa abordar as relações de família e das
sucessões, tem como objectivo explorar os princípios, as normas e os desafios envolvidos na
aplicação da lei reguladora das relações de família e no fenómeno sucessório no contexto do
direito internacional privado, examina-se como diferentes jurisdições lidam com questões como
casamentos interloculturais divórcios transfronteiriços, em contextos internacionais e a sucessão
de bens em situações envolvendo múltiplas jurisdições, a compreensão desses temas é essencial
para, académicos e todos os interessados em questões jurídicas internacionais, uma vez que eles
afectam directamente a vida de indivíduos e famílias em mundo cada vez mais globalizado.

1.1.Descrição do problema
A preocupação com a sucessão tem estado sempre presente em todas as épocas da historia do
homem, ainda que o fundamento desta atenção tenha variado ao longo da evolução humana, a
importância atribuída a sucessão patrimonial surgiu a partir do momento em que a propriedade
deixou de ser colectiva pertencente a todos os integrantes do agrupamento familiar desde o
nascimento, enquanto a propriedade foi coletiva, o falecimento de qualquer dos membros da
família não afetava a titularidade dos bens, pois a existência dos demais, assegurava a
continuidade, de modo geral, as regras implementadas para a disciplina da transferência do
património, de determinada sociedade refletiam a conceção e a estrutura dessa e são amparados a
critérios que atendam aos objectivos propostos a sucessão patrimonial, como conservar a
propriedade no âmbito da família.

Face ao supracitado, a questão que se coloca é a seguinte:

Quais são os critérios levantados no âmbito do fenómeno sucessório e das relações


familiares?

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1.2. Hipóteses
De modo a responder ao problema de pesquisa baseando-se nos manuais sobre a disciplina de
direito internacional privado quase avançando com as seguintes hipóteses:

 Hipótese nula

No âmbito do fenómeno sucessório, são levantados os seguintes critérios no âmbito do direito


internacional privado tais como o princípio da unidade da sucessão e o Princípio da pluralidade
de Estatutos Sucessórios, a Autonomia da Vontade na sucessão legal pelo fenómeno sucessório,
a autonomia da vontade nas disposições mortis causa e entre outros.

 Hipótese alternativa

No âmbito do fenómeno sucessório, não são levantados os seguintes critérios no âmbito do


direito internacional privado tais como o princípio da unidade da sucessão e o Princípio da
pluralidade de Estatutos Sucessórios, a autonomia da Vontade na sucessão legal pelo fenómeno
sucessório, a autonomia da vontade nas disposições mortis causa e entre outros.

1.3.Objectivos

1.3.1. Objectivo geral


 Estudar as leis reguladoras das relações de família e do fenómeno sucessório.

1.3.2.Objectivo específico
 Abordar as relações familiares e o fenómeno sucessório no âmbito do direito
internacional privado;
 Elencar os princípios e critérios regentes do fenómeno sucessório.

1.4.Justificativa
O presente trabalho é de extrema importância pois faz uma abordagem clara e concisa sobre as
relações de família e o fenómeno sucessório.

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1.5.Estrutura do trabalho
O presente trabalho está estruturado em dois capítulos nomeadamente: no capítulo I, insere-se a
introdução, onde são abordados aspectos introdutórios do trabalho, fazendo conhecer os pontos-
chave;

No capítulo II, insere-se a revisão da literatura, das obras constatadas aquando da realização do
presente trabalho

1.6.Metodologia
De acordo com Marconi, Lakatos (2003), a pesquisa pode ser descrita como a obtenção de dados
ou informações sobre as características, acções ou opiniões de determinado alvo. Para a
elaboração do presente trabalho a colecta de dados foi feita através de:

 Revisão bibliográfica e
 Consulta em sites.

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CAPITULO II- Lei reguladora das relações familiares e do fenómeno sucessório

2.1. Direito Internacional Privado e Direito de Família


No que toca ao direito de família, encontramos três áreas, em primeiro na forma do negócio
depende se é um casamento mas bastara a observância da lei local, não aqui uma aplicação
directa das normas materiais, pelo contrario há um sistema universal em que há indicação de uma
lei aplicável e de preferência as legislações devem aplicar esta lei, porque isso depende da sede
da relação jurídica que é abstracta, as diferenças entre as legislações dos Estados, no tocante a
regulamentação de certas relações jurídicas.

As normas de Direito Internacional Privado sobre casamento servem para permitir a apreciação
da validade dos casamentos que constituíram fatos interjurisdicionais, isto é, que, por qualquer
dos seus elementos, se ligaram a mais de uma jurisdição independente (ROCHA, 1986). Para que
a realização do casamento no exterior seja considerada válida, faz-se obrigatório o cumprimento
dos requisitos preliminares, tais como a capacidade para casar, assim como as demais
formalidades habilitantes e celebrantes.

Entre os diversos ramos do direito afetado por esses “encontros”, identificamos o direito de
família. Ramo que se desenvolve há mais de cem anos, o Direito Internacional de família é,
segundo North resultado provavelmente da revolução industrial Com o desenvolvimento da
indústria e, consequentemente, dos meios de locomoção, a imigração começa a fazer com que
diversos povos, antes relativamente afastados, comecem a tomar contato.A relação entre
indivíduos no mundo contemporâneo é marcada pela constante superação de fronteiras entre
Estados e pela grande circulação de pessoas pelos países.

A respeito da lei que deve reger os impedimentos matrimoniais, aplicar-se-á a do local da


celebração do casamento, visto que os impedimentos não podem ser aferidos de acordo com a lei
domiciliar, mas apenas, repita-se, pela lex loci celebrationis

Do casamento consular
A modalidade do casamento consular é uma das possíveis de se realizar o enlace no estrangeiro.
Caracteriza-se como casamento consular aquele que é realizado por nubentes de mesma
nacionalidade em país exterior, perante autoridade do Consulado da qual fazem parte
(MAZZUOLI, 2017). Nessa modalidade, segue-se a legislação do país de origem dos noivos, nos

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termos do Transcrição dos casamentos de moçambicanos no estrangeiro, artigo 90 LF, Tendo em
vista que existem casos em que pessoas de diferentes localidades possuem o interesse em se
casar, tornou-se necessário a previsão da presente modalidade no âmbito internacional
(MAZZUOLI, 2017).

Nessa modalidade, segue-se a legislação do país de origem dos noivos. Tendo em vista que
existem casos em que pessoas de diferentes localidades possuem o interesse em se casar, tornou-
se necessário a previsão da presente modalidade no âmbito internacional (MAZZUOLI, 2017)

Do casamento por procuração


Conforme dispõem o art.º 50 da LF, o casamento por procuração foi permitido apenas para ser
usado na hipótese em que os noivos não possam, por qualquer motivo, estar presentes para
realização do ato, seja no processo de habilitação ou mesmo no dia da celebração do matrimônio,
devendo um ou ambos estarem representados por procuradores distintos regularmente
constituídos

No que tange à celebração do casamento, a lex causae o qualificará como questão de fundo,
relativa à capacidade para casar. Entende-se que o casamento por procuração é questão
substancial, relacionada à capacidade, à manifestação da vontade para casar, pelo que, deve a lei
domiciliar do outorgante expressamente permitir, Além disso, cabe registrar que o Código Civil
aborda questão acerca do casamento por procuração no art.º 50 da LF, necessário que a
procuração especifique o nome e a qualificação do outro contraente, com a finalidade de evitar
que o mandatário realize o matrimônio com pessoa distinta daquela que o mandante queria.
Levando em conta que a qualificação há-de ser realizada por etapas, iniciando pela lex fori e
findando pela lex causae, parece certo que mesmo permitindo o casamento por procuração, este
não poderá, se a lex causae (qualificação definitiva) aplicá-lo no plano substancial (MAZZUOLI,
2017). Logo, a qualificação definitiva é determinada pela lex causae; se a procuração foi
outorgada em país (domicílio) que não admite o casamento por procuração para surtir efeitos em
país que o admite, não caberá à lei deste último (lex fori) determinar a sua validade, senão a do
país (domicílio) em que foi a procuração outorgada (lex causae). Ademais, o impedimento da lex
causae de haver casamento por procuração não viola a ordem pública

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Da pensão alimentícia
As obrigações alimentares estão regulados na lei de família, ao longo dos anos a matéria foi
tratada a exaustão pelos tribunais, consolidando uma rica jurisprudência sobre diversos pontos,
no estudo do tema em DIP, a matéria transcende a questão da lei aplicável, pois cuida de
diversos aspectos relativos a jurisdição internacional e a cooperação jurídica internacional, as
questões processuais relativas a cobrança de alimentos, como a citação no curso do processo do
devedor domiciliado no exterior e a homologação das sentenças estrangeiras, são tratadas através
de instrumentos que regulam a utilização de tais institutos em geral.

Para o direito, o dever de prestar alimentos é obrigação imposta àqueles a quem a lei determina
que prestem o necessário à conservação do ser humano com vida.

É inerente ao ser humano a procura e garantia de condições que assegurem a chamada


sobrevivência ou subsistência em âmbito social. O Estado, como garantidor e preservador de
direitos, figura como ente responsável em garantir que os indivíduos possam ter as condições
básicas de sobrevivência. Um dos referidos direitos são os alimentos. A não adimplência pelo
responsável em garantir os alimentos aos filhos atinge diretamente o princípio da dignidade da
pessoa humana e também do princípio do melhor interesse da criança. A correta alimentação dos
infantes é fundamental para seu regular crescimento e desenvolvimento. Percebe-se, portanto,
que os alimentos são prestações devidas feitas para que aquele que as recebe possa subsistir.
Verifica-se, pois, que a fixação dos alimentos se trata de uma expressão de solidariedade social e
familiar, imposta através da Lex Mater, uma vez que está exposto no texto constitucional que a
família é a base da sociedade e deve-se aplicar o princípio da solidariedade entre os membros, a
fim de garantir os objetivos constitucionais.

A necessidade de regular as sucessões internacionais, com o fito de eliminar os obstáculos à livre


circulação de pessoas há muito que era reclamada. Estes obstáculos surgiam da diversidade de
tratamento do fenómeno sucessório pelos diversos Estados-Membro, uns aplicando a lex rei
sitae, outros a lex domicilii; uns respeitando o princípio da intangibilidade da legítima outros
não; uns fazendo jus ao princípio da unidade da sucessão, outros apoiando o princípio da
pluralidade de estatutos sucessórios; uns entendendo a aquisição pelo Estado das heranças vagas
como manifestação da soberania nacional, ius imprerium, sobre o território quando este não é

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objeto de apropriação individual e outros, atribuindo ao Estado a posição de último herdeiro na
linha dos sucessíveis.

De facto, desde o ano 2000, foram adotadas diversas medidas, nomeadamente Regulamentos,
contendo regras unificadoras de direito internacional privado, quer sobre conflitos de jurisdição,
quer sobre conflitos de leis, quer sobre conflitos de leis e jurisdição.

2.1. Conceito de sucessão


Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações jurídicas
patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos bens que a esta pertenciam,
de acordo com art.º 2024 CC.

Percebe-se que, excluídas da sucessão, estarão, em princípio, apenas as relações pessoais,


incindivelmente ligadas ao seu titular em virtude da sua natureza ou da lei as ter considerado
como sendo relações intuito personae (2025º/1). A morte extingue a personalidade jurídica do
falecido (68º CC), abrindo uma crise nas relações jurídicas de que a pessoa que faleceu era titular
e que devem sobreviver-lhe (relações patrimoniais). Essas relações desligam-se do seu primitivo
sujeito (aquando da morte deste), e, até que se liguem a novo sujeito (herdeiro), é necessário que
ocorra uma série de atos ou factos que se encadeiam num processo mais ou menos longo. É o
complexo desses atos ou factos, habitualmente designado por fenómeno da sucessão por
morte/fenómeno sucessório, que constitui o objeto do Direito das Sucessões. Mas, como resulta
do artigo 2024º, a sucessão não se limita à morte.

De facto, a atribuição dos bens de uma pessoa ou outras implica a ocorrência de factos jurídicos
que se desencadeiam. Dai a existência de um fenómeno ou processo sucessório.

Podemos dizer que a morte abre a sucessão, procedendo-se à vocação ou chamamento


sucessório: chamam-se os herdeiros à sucessão. Nesse período, a herança fica uma situação de
jacência (“stand-by”) a herança aberta, mas ainda não aceita nem declarada vaga para o Estado,
enquanto não houver aceitação ao chamamento, havendo uma herança jacente (2046º). Uma vez
aceite o chamamento, a herança passa a herança adquirida pela pessoa que irá suceder ao de
cujus.

São estes os momentos fundamentais do fenómeno sucessório:

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 Abertura da sucessão (2031º);
 Vocação ou chamamento sucessório (2032º)
 Aceitação da herança (2050º)

Uma vez acautelado o fenómeno sucessório, o destino dos bens da pessoa falecida, este fim pode
ser atingido por diferentes meios. Podemos dizer que as conexões fundamentais do direito das
sucessões são: a propriedade, a família e o estado. Em função da relevância atribuída a estes
fatores na organização do fenómeno sucessório existem três sistemas:

 Individualista ou capitalista

Assenta no reconhecimento da propriedade privada da generalidade dos bens e no princípio da


autonomia privada. O titular dos bens tem plena liberdade de dispor dos mesmos. Dai decorre
uma ampla liberdade de testar, apenas condicionada pela necessidade de garantir a formação
livre e esclarecida da vontade do testador.

 Familiar

Prevalece a conexão com a família, assentando na ideia de um património familiar, afeto aos
interesses de um certo grupo, a quem caberá a sua propriedade. O fenómeno sucessório visará,
segundo este modelo, a permanência dos bens do decujos dentro da sua família. Significa que a
sucessão legítima prevalece sobre a sucessão testamentária.

 Socialista

Faz prevalecer a conexão com o estado, dominando um regime de propriedade coletiva, quanto à
apropriação dos bens, sobre a propriedade pessoal. A transmissibilidade dos bens pessoais é
limitada.

A Sucessão e o DIP
O regime da sucessão causa mortis em Moçambique é regulado pelo CC com duas formas de
determinação da vocação hereditária: a testamentária e a legatária.

O testamento é o acto solene de ultima vontade pelo qual um individuo dispõem dos sesus bens,
mas a vontade do individuo possui um limite imposto pela lei a sucessão legitima, nesse caso, os
herdeiros são designados por sua estreiteza de parentesco, limitando-se a liberdade de testar, no

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entanto, há situações em que o inventariado encontra-se domiciliado fora do território nacional,
embora possuísse bens em Moçambique e mesmo no exterior, nesses casos é preciso utilizar
conceitos próprios a disciplina do DIP para determinar a jurisdição competente e a lei aplicável a
sucessão. A regra é do ultimo domicilio do de cujos, seja qual for a natureza e a situação dos
bens (principio da universalidade sucessória) esse sistema vige também em outros países, se uma
determinada sucessão tiver bens em mais de um país, não será aplicável o principio da
universalidade sucessória pois haverá pluralidade de foros sucessórios.

O Princípio da unidade da sucessão e o Princípio da pluralidade de Estatutos Sucessórios


Ambos os princípios têm raízes históricas bem marcadas e motivações bem fundamentadas para
a opção por um deles. Se o princípio da pluralidade de estatutos sucessórios tem a sua origem no
feudalismo, o princípio da unidade da sucessão assenta no princípio romano da universalidade da
herança. A lei aplicável ao fenómeno sucessório pode ser averiguada segunda duas teses ou
modelos, uma vez que no direito de conflitos sucessório coexistem duas formas de conceber a
herança.

O princípio da unidade da sucessão, também conhecido por sistema unitário ou monista postula
a aplicação de uma lei para regular toda a sucessão, aplicando-se a todo o património móvel e
imóvel, qualquer que seja a sua localização; por seu turno, o princípio da pluralidade de estatutos
sucessórios ou sistema dualista ou cisionista, prevê a cisão do património sucessório em
diferentes massas de bens, uma que compreende todos os bens móveis e tantas massas de bens
imóveis quantos os países em que os bens se encontrem localizados.

O Princípio da pluralidade de Estatutos Sucessórios


Na época do feudalismo, os senhores feudais, ciosos do poder que detinham sobre o seu
território, aplicavam sempre a sua própria lei a sucessão quer dos bens móveis, quer dos imóveis
que estivessem sitos no seu território, a ideia subjacente era que o direito aplicável não se
escolhe em razão da nacionalidade do sujeito, mas sim do território no qual se encontra. O
conflito de leis era resolvido aplicando-se o direito local em detrimento de qualquer outro, isto é
a lex rei sitae.

Por outro lado, do ponto de vista dos interesses Estaduais máxime interesses públicos, em defesa
do princípio da pluralidade de estatutos sucessórios, sustenta-se que o Estado tem interesse em

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que a regulação dos imóveis situados no seu território estejam sob a égide das suas próprias Leis.
Esta diretriz territorialista é antiga e persistente ao longo dos tempos. Na Idade Média, por
influência germânica, entendia-se que a ideia de terra (os bens imóveis) é uma criação de Deus,
que por isso pertencem a Deus e que Deus exercita o seu poder através do seu representante na
Terra.

O Princípio da Unidade da Sucessão

A prevalência do princípio da pluralidade perdurou até que as bases sobre as quais assentavam as
escolas estatutárias fossem contestadas por Friederich Von Savigny no século XIX, com a
publicação, em 1849, do oitavo volume do “Tratado de Direito Romano Atual”. Uma das
linhas fundamentais que cabe destacar do Regulamento é a consagração do princípio da unidade
da sucessão para a determinação da lei aplicável à sucessão, o que, no final das contas, virou um
princípio básico do Regulamento. Já na Convenção de Haia de 1989 se estabelecia uma única lei
aplicável ao conjunto da sucessão, independentemente da natureza do lugar dos bens. O art.º 21
do Regulamento, no seu n.º 1, consagra o princípio da unidade da sucessão ao referir que “salvo
disposição em contrário do presente regulamento, a lei aplicável ao conjunto da sucessão,
portanto o direito determinado como sendo aplicável rege o conjunto da sucessão. Deste modo, o
Regulamento não promove uma distinção na aplicação da lei a coisas móveis e imóveis.

A unicidade patente no Regulamento tem outra faceta que está plasmada no Considerando,
revelando que a lei sucessória designada regulará a sucessão desde a sua abertura até à
transferência aos beneficiários da propriedade dos bens. A lei escolhida será também aplicada às
questões relacionadas com a administração da herança e a responsabilidade pelas dívidas da
mesma.

A Autonomia da Vontade na sucessão legal pelo fenómeno sucessório

Opera-se a transmissão do património de uma pessoa falecida para outras; e isto representa uma
extensão do poder e da vontade do homem para além do termo da sua vida. O princípio da
autonomia da vontade ou princípio da autonomia privada pode definir-se como a faculdade de as
pessoas escolherem a lei aplicável às relações privadas internacionais de que são partes, tendo
em vista os interesses em jogo e as finalidades prosseguidas. A extensão deste poder e da

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vontade do homem para além do termo da sua vida surge devido ao exercício efetivo de direitos
em vida, que se repercutem post mortem.

A autonomia da vontade é, portanto, a doutrina que permite às partes a escolha da lei de um


ordenamento jurídico particular para governar um contrato que envolve duas ou mais jurisdições.
O princípio tem três características principais: possibilitar às partes escolher a lei que irá
determinar as consequências legais de suas atividades; possibilitar a escolha do foro onde será
solucionada a eventual controvérsia e, mais modernamente; escolher eventual arbitragem como
método de solução de controvérsia daquele contrato

A manifestação da vontade do homem ocorre de forma tácita, na sucessão legítima e, de forma


expressa, nas disposições por morte. Atualmente, quando se trata de uma sucessão internacional,
a extensão do poder e da vontade alarga-se por força da professio iuris presente no Regulamento,
que mais não é do que a manifestação do princípio da autonomia da vontade. De um ponto de
vista mais abrangente, a autonomia da vontade significa o reconhecimento de que qualquer
pessoa legalmente capaz se pode vincular por atos jurídicos.

Este princípio teve a sua contribuição mais original com Charles Dumoulin e com Mancine, em
que o primeiro, sob as raízes da escola estatutária francesa, defendia que há um domínio em que
as partes podem escolher livremente o regime jurídico da relação, designadamente, o das
matérias reguladas por normas supletivas. Dumoulin reconhecia que as partes podiam optar por
uma ordem jurídica, dentro da qual adotariam o regime que lhes conviesse, ideia que se aplicava
aos contratos e aos regimes matrimoniais. Assim, em matéria de efeitos patrimoniais do
casamento, matéria regida por lei meramente supletiva, o direito aplicável estaria, pois (e por
isso mesmo), na dependência da vontade das partes.

A autonomia da vontade nas disposições mortis causa


Como a sucessão legal se desdobra em duas variantes, a legítima e a legitimária, a sucessão
voluntária compreende também duas variantes, a testamentária e a contratual. O Regulamento
Sucessório Europeu contempla a nível de sucessão voluntária três tipos de disposições mortis
causa. Estas podem adotar a forma de um testamento, de um testamento de mão comum e de um
pacto sucessório – veja-se a al. d) d, n.º 1 do art.º 3.º do Regulamento. É através destes três
institutos que o autor da sucessão pode organizar materialmente a sua sucessão por morte.

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O testamento é defendido como testamento o ato unilateral e revogável através do qual uma
pessoa dispõe, para depois da morte, de todos os seus bens ou de parte deles. No entanto o
Regulamento não prevê uma definição de testamento, as caraterísticas gerais do testamento da
seguinte forma: é um negócio mortis causa, uma vez que só produz os seus efeitos após a morte
do testador; é um negócio jurídico unilateral não reptício, ou seja, para a produção dos seus
efeitos a declaração de vontade não tem de ser dirigida e levada ao conhecimento de pessoa
determinada; é um ato pessoal, insuscetível de ser feito por meio de representante ou de ficar
dependente do arbítrio de outrem; é um ato individual, ou seja, é um ato de vontade de apenas
uma pessoa; é um negócio livremente revogável, uma vez que o testador não pode renunciar à
faculdade de revogar, no todo ou em parte, o seu testamento.

O Critério da nacionalidade ou da residência habitual


O termo nacionalidade significa o lugar de nascimento de um individuo ou seja é o vínculo que
liga um individuo a um determinado Estado.

No ordenamento jurídico moçambicano a nacionalidade pode ser originária ou adquirida, pode


ser adquirida por naturalização, filiação ou por adopção, nos termos dos artigos 27,28 e 29 da
CRM.

No que concerne as relações familiares, as relações entre os cônjuges a lei regente da relação dos
cônjuges é a lei nacional

Ex: Arifa é moçambicana e é casada com Moisés, a lei que vai regular a relação entre eles é a lei
moçambicana.

Porem se ambos tiverem nacionalidade diferentes, por exemplo Arifa sendo francesa e Moisés
zimbabwiano, e vivem no senegal, a lei aplicável a relação conjugal deles será a lei do senegal,
obedecendo o critério da nacionalidade habitual, e na sua falta a lei pessoal do marido neste
caso a lei do zimbábue, nos termos do artigo 52 C.C.

No que concerne as convenções antenupciais que pode ser entendida como o acordo pelo qual os
nubentes estipulam o regime dos seus bens que ira vigorara durante o seu casamento, isto e a
possível mudança do regime de bens desde que tenha a autorização da justiça para tal sendo
aplicável a lei da residência habitual quando os nubentes não tem a mesma nacionalidade, es e
faltar ira se aplicar a lei pessoal do marido

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No que concerne a separação judicial de bens e aplicável o critério da residência habitual se
ambos não tiverem a mesma nacionalidade

No que concerne ao critério da filiação compete a lei comum dos cônjuges, na falta desta e
aplicável o critério da residência habitual, se estiver em falta, e aplicável o critério da residência
habitual ou comum a dos cônjuges, se não for possível, sera aplicada alei pessoal do marido

No que concerne a filiação ilegítima que significa filho nascido de pais que não estejam unidos,
ou filho que não foi gerado na constância do matrimonio, sendo aplicável a lei do progenitor ou
seja a lei do pai, na sua falta é aplicável a lei da residência habitual comum, se os pais tiverem
domicilio diferentes ira se aplicar a lei pessoal do filho, ou seja a lei da nacionalidade do filho,
nos termos do artigo 54 C.C

No que concerne a filiação adoptiva é aplicável a lei pessoal do adoptante, na sua falta a lei
comum dos cônjuges ou da residência habitual, se não for possível aplicar-se-á a lei pessoal do
marido.

Sucessão

O momento da escolha

É pertinente deixar uma breve nota acerca do momento em que as partes devem selecionar o
direito aplicável à sucessão, uma pessoa pode escolher como, a lei do Estado de que é nacional
no momento em que faz a escolha ou no momento do óbito. Portanto, há a possibilidade de que a
escolha de lei ganhe definitividade no momento da própria escolha ou suspensa ao momento da
verificação do óbito. Enquanto a primeira opção é bem fácil de compreender, a segunda levanta
dúvidas quanto à sua necessidade prática. Compreende-se que esta segunda opção tem apenas
interesse se o indivíduo que está a exercer a escolha de lei estiver a prever uma mudança de
nacionalidade.

Testamento

os testamentos regem-se pela lei que seria aplicável à sucessão do autor do testamento se este
tivesse falecido no dia em que fez a disposição. Fica, porém, salvaguardado que o testador pode
escolher, como lei reguladora da admissibilidade, validade material, bem como a alteração e
revogação, a lei que essa pessoa teria podido escolher

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Conclusão
Em virtude do presente trabalho de direito internacional privado referente as relações familiares
e o fenómeno sucessório, destacamos a importância da harmonização e coordenação de leis em
um mundo cada vez mais globalizado, pode-se enfatizar como as questões familiares e
sucessórias podem ser complexas quando envolvem múltiplas jurisdições e sistemas legais, alem
disso é relevante ressaltar a necessidade de instrumentos legais internos como código civil e
tratados internacionais para facilitar a resolução de conflitos nessa área. Proteger os direitos dos
indivíduos e garantir a justiça em situações transfronteiriças.

Concluindo, a pesquisa sobre a lei reguladora das relações de família e o fenómeno sucessório no
direito internacional privado destaca a importância de uma abordagem global e colaborativa para
resolver questões complexas que afectam as famílias em um mundo cada vez mais
interconectado, a cooperação internacional e a clareza legal desempenham um papel crucial na
busca por soluções justas e equitativas nesta área do direito.

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Bibliografia
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Coimbra, Almedina, 2012.
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 RATA, Ana, Dicionário Jurídico – direito civil, direito processual civil, organização
judiciária, 4.ª ed., atualizada e aumentada, Coimbra, Almedina, 2005.

Legislação

 Lei nº 22/2019, que aprova a lei de família;


 Lei nº 23/2019, que aprova a lei das sucessões;

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