1941 Congresso de Umbanda
1941 Congresso de Umbanda
1941 Congresso de Umbanda
Editado pela
FEDERAÇÃO ESPÍRITA DE UMBANDA
Rua São Bento, 28 -- 1° andar
Rio de Janeiro
1942
ESPIRITISMO DE UMBANDA
INTRODUÇÃO
A IDEIA DO CONGRESSO
O conceito alcançado entre nós pelo Espiritismo de Umbanda nestes últimos vinte
anos de sua prática, deu motivo à fundação nesta capital de elevado número de
associações destinadas especialmente a esta modalidade de trabalhos, cada qual
procurando desempenhar-se a seu modo, para atender a um número sempre
crescente de adeptos. Sua prática variava, entretanto, segundo os conhecimentos
de cada núcleo, não havendo,assim, a necessária homogeneidade de práticas, o
que dava motivo a confusão por parte de algumas pessoas menos esclarecidas,
com outras práticas inferiores de espiritismo.
Fundada a Federação Espírita de Umbanda há cerca de dois anos, o seu primeiro
trabalho consistiu na preparação deste Congresso, precisamente para nele se
estudar, debater e codificar esta empolgante modalidade de trabalho espiritual,
afim de varrer de uma vez o que por aí se praticava com o nome de Espiritismo de
Umbanda, e que no nível de civilização a que atingimos não tem mais razão de
ser.
A COMISSÃO ORGANIZADORA
REUNIÕES PREPARATÓRIAS
O PROGRAMA
JAYME S. MADRUGA
ALFREDO ANTÓNIO REGO
DIAMANTINO COELHO FERNANDES
DISCURSO INAUGURAL
Pronunciado pelo 1° Secretário da Federação Espírita de Umbanda, Sr. Alfredo
António Rego, na reunião de 19 de Outubro de 1941
A obra a que neste momento vamos dar início, com o pensamento inteiramente
voltado para Jesus, Nosso Mestre e Senhor, é daquelas que, pelo vulto de sua
grandiosidade, não podem ser concluídas numa única incarnação .
A ideia a que, neste Congresso pretendemos dar corpo, com a ajuda valiosa de
todos os confrades que se dignaram comparecer ou nos enviaram seus trabalhos,
demanda tempo e espaço para a sua ampla compreensão por todos os povos
deste lado do mundo. Ela deve sair daqui, porém, vestida com as roupagens
simples que a pobreza dos nossos espíritos lhe puder talhar, mas impregnada
deste grandioso sentimento que anima, neste momento histórico da humanidade
terrena, os trabalhadores incarnados do Espiritismo de Umbanda.
Umbanda deixará de ser de agora em diante, aquela prática ainda mal
compreendida por numerosos dos nossos distintos confrades da Seara do.
Mestre, para se tornar, assim o cremos, a maior corrente mental da nossa era,
nesta parte do continente sul-americano.
Enquanto os nossos distintos confrades do chamado Espiritismo de Mesa se
desdobram, num esforço louvabilíssimo para esclarecer c conduzir aos planos da
Verdade, do Amor e da Luz, os espíritos perturbados, conseguindo-o à custa de
esforços sem conta, — nas práticas do Espiritismo de Umbanda isto se consegue
muito facilmente, pela circunstância de ser a doutrinação feita no Espaço pelas
falanges de trabalhadores invisíveis, dispondo para tal fim de recursos adequados
à sua situação de espíritos.
E' precisamente neste particular — a produção — que se caracteriza a eficiência
do Espiritismo de Umbanda. Enquanto, pela modalidade conhecida como
Espiritismo de Mesa, são necessárias algumas vezes várias sessões para o
esclarecimento de uma só entidade perturbada e perturbadora dos nossos irmãos
incarnados, no Espiritismo de Umbanda algumas centenas e até milhares de
entidades em tal estado podem ser conduzidas em cada uma das nossas sessões
de trabalhos.
Nós, os adeptos desta modalidade, sabemos, pêlos ensinamentos recebidos dos
nossos maiores do Espaço, Entidades que nos assistem, orientam, dirigem e
superintendem as Tendas de Umbanda, — que sua prática foi deliberada nos
planos superiores da atmosfera terrena, como uma necessidade inadiável ao mais
rápido adiantamento do nosso progresso espiritual.
De uma dessas Entidades ouvimos, por exemplo, que a população invisível de
uma cidade como a do Rio de Janeiro, é quasi três vezes superior à população de
seres incarnados. E isto por que? Pela simples razão de que, em sua grande
maioria, as pessoa desprovidas de conhecimentos espirituais passam pelo
fenômeno da Morte na absoluta inconciência do seu estado, e, ao abrirem os
olhos do espírito do outro lado da vida, supõem-se ainda possuidoras de seu
corpo físico.
E aí ficam a vagar pelas ruas da cidade, sofrendo as consequências de sua
ignorância da vida espiritual, tornando-se assim, as mais das vezes
inconcientemente, transmissoras de moléstias aos parentes e amigos que cá
ficaram, ou a outras pessoas com quem encontrem afinidades.
Para a mais rápida condução e encaminhamento de todos esses espíritos para os
planos que lhes competem, segundo o seu grau evolutivo, foi deliberada no
Espaço a intensificação dos trabalhos espíritas sob a modalidade de Umbanda,
cujo estudo, paralelamente, está contribuindo para o esclarecimento e,
consequentemente, mais rápido progresso dos seus trabalhadores incarnados.
Senhores Congressistas: a Federação Espírita de Umbanda rejubila-se com a
vossa presença neste Congresso, saúda-vos efusivamente pelo interesse
trabalhos preparatórios lograram despertar em espíritos, e roga a Jesus, o
Médium Supremo,que derrame sobre todos vós, sobre vossas famílias, vossos
parentes, vossos amigos e inimigos, largas messes de bençãos e fluidos
puríssimos, para que possais, vós e todos eles, dar fiel e integral cumprimento à
missão que vos trouxe à terra na presente incarnação.
Tese apresentada pela Tenda Espírita Mirim, por intermédio do seu Delegado ao
Congresso, Sr. Diamantino Coelho Fernandes, na sessão inaugural a 19 de
Outubro de 1941.
PRINCIPIO DIVINO
LUZ IRRADIANTE
FONTE PERMANENTE DE VIDA
EVOLUÇÃO CONSTANTE
zida por qualquer das seguintes fórmulas: Princípio Divino; Luz Irradiante; Fonte
Permanente de Vida; Evolução Constante.
A raiz mais antiga de que há registro conhecido acerca de Umbanda, encontra-se
nos famosos livros da índia, os Upanishads, que veiculam um dos ramos do
conhecimento mental e filosófico encerrados nos Vedas, a fonte de todo o saber
humano acerca das leis divinas que regem o universo.
Os Vedas, dize-nos W. ATKINSON, um dos escritores orientalistas mais lidos no
Hemisfério Ocidental, num dos seus trabalhos acerca das religiões e filosofias da
índia, (2) — "são os livros onde se encontram as Escrituras Sagradas dos hindus,
de origem muito antiga, começando a sua história nos dias "pré-históricos".
Uma informação de origem não menos autorizada, por isso que oriunda de um dos
maiores filósofos e instrutores hindus que a América conheceu no século passado,
— PARAMAHANSA VIVE-KANANDA — atribue aos Vedas uma precedência de
dez mil anos à era Christã.
A propósito destes livros sagrados, disse o mestre VIVEKANANDA, o famoso
instrutor acima citado, num discurso que pronunciou no dia 30
Daí o ritual semi-bárbaro sob o qual foi a Umbanda conhecida entre nós, e por
muitos considerada magia negra ou candomblé. E' preciso considerar, porem, o
fenômeno meselógico peculiar às nações africanas donde procederam os negros
escravos, a ausência completa de qualquer forma rudimentar de cultura entre eles,
para chegarmos à evidência de que a Umbanda não pode ter sido originada no
Continente Negro, mas ali existente e praticada sob um ritual que pode ser tido
como a degradação de suas velhas formas iniciáticas.
Sabendo-se que os antigos povos africanos tiveram sua época de dominação
alem mar, tendo ocupado durante séculos, uma grande parte do Oceano Índico,
onde uma lenda nos diz que existiu o continente perdido da Lemúria, do qual a
Austrália, a Australásia e as ilhas do Pacífico constituem as porções
sobreviventes, — fácil nos será concluir que a Umbanda foi por eles trazida do seu
contacto com os povos hindus, com os quais a aprenderam e praticaram durante
séculos.
Morta, porem, a antiga civilização africana, após o cataclismo que destruiu a
Lemúria, empobrecida e desprestigiada a raça negra, — segundo algumas
opiniões, devido à sua desmedida prepotência no passado, em que chegou a
escravisar uma boa parte da raça branca — os vários cultos e pompas religiosas
daqueles povos sofreram então os efeitos do embrutecimento da raça, vindo, d'c
degrau em degrau, até ao nível em que a Umbanda se nos tornou conhecida.
Desde, porem, que estudiosos da doutrina de Jesus se dedicaram a pesquizar os
fundamentos desta grande filosofia, que é, ao mesmo tempo, Luz, Amor e
Verdade, e a praticam hoje, sincera e devotadamente em sua alta finalidade de
congregar, educar e encaminhar as almas para Deus, o Espiritismo de Umbanda
readquiriu o seu prestígio milenar, assim como o acatamento e respeito das
autoridades brasileiras.
Bem haja, pois, o Espiritismo de Umbanda no Brasil, e todas as falanges de
trabalhadores inviziveis da Seara de Jesus !
Tese apresentada pela Tenda Espírita São Jeronymo, por intermédio do Dr.
Jayme Madruga, seu Delegado ao Congresso, na sessão de 2O de Outubro de
1941.
II — NO IMPÉRIO
Este assunto levantou grande tumulto dentro da Constituinte porque eram grandes
as divergências "no modo de entender a liberdade religiosa. O projeto garantia
liberdade apenas às comunhões cristãs, dando, aos que a professassem, direitos
políticos, que eram negados aos adeptos das religiões não cristãs". Havia os
intolerantes, que pugnavam pela exclusão também dos cristãos não católicos de
entre os brasileiros com direitos políticos, e os liberais, que queriam dar direitos
políticos a todos, inclusive aos judeus, e tolerar todos os credos, para que os
estrangeiros se sentissem atraídos. Quinze eram os padres na Constituinte de
1823 e somente um combateu a liberdade religiosa. Longos foram os debates em
torno da questão que terminou pela concessão de direitos políticos apenas aos
católicos, pela solução de só ser permitido o culto externo à religião oficial
(Católica) e pela negativa do culto público aos judeus. Entre os que tomaram parte
saliente na discussão dessa parte do projeto, podemos citar os deputados António
Carlos, Silva Lisboa, Carvalho e Melo, o Bispo Capelão Mor D. José Caetano da
Silva Coutinho, J. J. Carneiro de Campos, Muniz Tavares, Maciel da Costa e
Carneiro da Cunha.
I — ...
II — ...
III — Os que não professarem a religião do Estado.
Art. 179. V: Ninguém pode ser perseguido por motivo de religião, uma vez que
respeite a do Estado e não ofenda a moral pública.
"... Ainda que a Constituição marcasse uma religião de Estado, todavia, ela, muito
refletidamente, reconheceu que ninguém devia ser perseguido por motivo de
religião.
Pensar desta ou daquela maneira sobre matéria religiosa, não pode ser crime
perante a sociedade civil, por que a sociedade civil não se instituiu para aniquilar
os direitos naturais.
A Carta Constitucional de 1824 esteve em vigência, entre nós, até a queda do
regime monárquico, em 1889.
III — NO CÓDIGO CRIMINAL DE 1831
A contrario sensu, não seria considerado "ofensa à religião oficial" qualquer culto
de outra religião que não a católica:
Resa a História:
Art. 95. Todos os que podem ser eleitores são hábeis para serem deputados,
excetuando-se:
I — ...
II — ...
III — ...
IV — Os que não professarem a religião do Estado.
E' outra vez, cópia fidelíssima de igual preceito e artigo, existente na Constituição
de 25 de Março.
Art. 206. Ninguém pode ser perseguido por motivo de religião, uma vez que
respeite a do Estado e não ofenda a moral pública.
"O casamento, os atos de nascimentos, o enterro, são regulados por leis do país,
que não tolera a intervenção dos padres negros. Apenas persiste o culto dos
mortos e com ele práticas e cerimónias africanas.
III — NA REPÚBLICA
Art. I — E' proibido à autoridade -federal, assim como à dos Estados federados,
expedir leis, regulamentos, ou atos administrativos, estabelecendo alguma religião
ou vendando-a, e crear diferenças entre os habitantes do país, ou nos serviços
sustentados à custa do orçamento, por motivo de crença, ou opiniões filosóficas
ou religiosas.
Art. II — A todas as confissões religiosas pertence por igual a faculdade de
exercerem o seu culto, regerem-se segundo a sua fé e não serem contrariados
nos atos particulares ou públicos, que interessem o exercício deste decreto.
Art. III — A liberdade aqui instituída abrange não só os indivíduos nos atos
individuais, senão também as igrejas, associações e institutos em que se acharem
agremiados, cabendo a todos o pleno direito de se constituírem e viverem
coletivamente, segundo o seu credo e a sua disciplina, sem intervenção do poder
público .
............................
............................
.....................................
§ 7.° Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relação de
dependência ou aliança com o Governo da União, ou dos Estados.
.....................................
Pelo espaço de trinta e nove anos, — seja, desde 1891 até 1930 — tais princípios
estiveram regulando a matéria, no Brasil.
Art. 185. Ultrajar qualquer confissão religiosa vilipendiando ato ou objeto de seu
culto, desacatando ou profanando os seus símbolos publicamente.
Pena: de prisão celular por um a seis meses.
Art. 186. Impedir, por qualquer meio, a celebração de cerimônias religiosas,
solenidades e ritos de qualquer confissão religiosa ou perturbá-la no exercício de
seu culto.
Pena: de prisão celular por dois meses a um ano.
Art. 187. Usar de ameaças, ou injúrias contra os ministros de qualquer confissão
religiosa, no exercício de suas funções.
Pena: de prisão celular por seis meses a um ano.
Art. 188. Sempre que o fato for acompanhado de violência contra a pessoa ,a
pena será aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente ao ato de
violência praticada, na qual o criminoso também incorrerá.
Apesar da clareza desses dispositivos, muita perseguição tem sido movida contra
os diversos cultos divergentes da Religião católica, mas as autoridades judiciais
terminam por reconhecer os princípios de liberdade religiosa, numa expressão
inequívoca de que não se sujeitam às injunções nem tornam partido por religião
nenhuma.
5) Na Constituição de 1926
6) Na Constituição de 1934
Conseqüente da Revolução de Outubro de 1930, foi convocada a 3.° Assembléia
Nacional Constituinte Brasileira, cujos trabalhos foram coroados com a
promulgação da Constituição de 16 de Julho de 1934.
Nela os preceitos referentes à matéria religiosa estão classificados no artigo 113 e
seus parágrafos seguintes:
CONCLUSÕES
NO BRASIL COLONIAL
NO BRASIL IMPÉRIO
NO BRASIL REPÚBLICA
RESTRIÇÕES AO CURANDEIRISMO
a) Está sujeito a repressão nos termos do código penal, não o Espiritismo, mas o
curandeirismo; senão vejamos o texto legal:
CONCLUSAO FINAL
O dever é o conjunto das prescrições da lei moral, e é pelo dever de gratidão aos
conhecimentos adquiridos na lei de Umbanda que passo a grafar a minha pálida
observação em torno da sua utilidade.
O cumprimento do dever está sempre em relação com a elevação de cada
individuo. Passo a provar as qualidades morais que possue a Lei de Umbanda, e a
utilidade de sua prática nos tempos modernos.
As religiões, dogmas, leis, ritos, etc., perdem seu valor, ou razão de ser, quando
não mais se enquadram ou não encontram lugar no progresso atual, desde que o
progresso tenha encontrado elementos para substitutir seus dogmas, suas
práticas, sem contudo prejudicar o curso normal e moral e lhes tirar os elementos
necessários à prática da caridade, sentimento esse que é o eixo de todas as
Religiões.
E' verdade que para nós, humanos, tudo que dista de um século já nos parece
digno de modificação; porém, é preciso frisar que modificar não é destruir; em se
falando das coisas inúteis e más, já sabemos que por si sós se destroem.
As coisas úteis à humanidade obedecem a uma lei imutável; portanto, não será o
simples prazer humano que fará desviar o seu verdadeiro curso e furtar a sua
atuação aos que necessitam de sua proteção. Todas as religiões foram trazidas
de outros países; a Umbanda, por exemplo, foi trazida da África.
Umbanda também é Religião, porque tudo que tem por base a caridade e o amor,
e, como objetivo, o Grande Todo Poderoso, "Deus", não pode deixar de ser
religião; a diferença que existe entre elas é a seguinte: umas possuem somente
dogmas, enquanto outras possuem dogmas e fenômenos que constituem ciência,
pela qual são com lógica devidamente explicadas.
Não há nação que tenha por berço a manifestação dos espíritos; eles dão suas
manifestações em toda a parte, de todos os modos e forçam todas as
necessidades, porque não é obra dos homens e sim emanação divina; por
conseguinte, espargida por todo o universo. A África não é um país à parte da
criação divina; portanto, também habitada por criaturas humanas, que possuem
alma e são filhos do mesmo Deus. Lá também há esse intercâmbio entre o mundo
material e o espiritual, e nessa comunicabilidade de espíritos incarnados com os
desincarnados, trata-se da parte fluídica e espiritual, por conseguinte Espiritismo.
Espiritismo: palavra que significa o estudo do mundo dos espíritos, através de
suas manifestações por intermédio dos médiuns, que são os mediadores entre o
mundo material e o mundo astral, ou psíquico, por cujo meio os espíritos provam
sua identidade, deixando constatada a imortalidade da alma, como também
retiram dos médiuns elementos para produzirem ruídos, pancadas, por cujos
meios também podemos falar com os espíritos. Todas as grandes ciências surgem
muito rudimentares; porém, a necessidade das mesmas para a humanidade é que
força o seu aperfeiçoamento para serem empregadas com aproveitamento.
Logo, não é de admirar que a Lei espirítica exercida pêlos africanos, trazida para o
Brasil em embrião, fosse ficar estacionada no círculo estreito das inteligências
rudes, incapazes de aproveitar os elementos que formam os grandes fenómenos,
para beneficiar a humanidade com seus efeitos.
Exemplifiquemos: Jesus, o grande profeta da Galiléia, quando há 1941 anos
passou por este planeta, já encontrou as leis trazidas pêlos mais antigos profetas,
espalhados pelo mundo velho. Entre muitos predestinados que trouxeram à terra a
luz da espiritualidade, lembramos Jesus, o maior dentre os maiores, que disse:
"Eu não vim destruir a lei, mas sim dar-lhe cumprimento"; não destruindo as leis
dos seus antecessores, nem a sua própria, pregada em incarnações passadas;
modificou-as grandemente, esclarecendo pontos obscuros próprios às épocas
antepassadas. Terrível foi a perseguição que se levantou contra ele, e grande foi a
luta dos christãos.
Mais tarde encontramos os christãos despidos de virtudes e cobertos com a capa
do christianismo, praticando as maiores barbaridades em nome do grande
Crucificado.
A civilisação, que acompanha a marcha dos povos, incumbe-se de transformar,
modificando certos costumes e abolindo abusos que são os fatores que concorrem
para desmoronar as religiões .
E assim procedendo, obedecendo à lei da relatividade, a civilização vem
preparando um1 futuro glorioso para a humanidade.
O Espiritismo é tão velho como a própria humanidade, estudado e praticado nas
épocas mais remotas do nosso planeta; na índia, por exemplo, o espiritualismo
dista de mais de dez mil anos.
Espiritismo, médiuns, não é inovação, pois através dos estudos verificamos a sua
existência com os nomes de profetas, adivinhos, pitonisas, bruxas, feiticeiros, etc.,
nomes estes empregados para designar criaturas que praticassem coisas
sobrenaturais, uns para o mal, outros para o bem, dependendo da elevação moral
de cada um.
Passaram-se os tempos neste estado de coisas, e em época que não vai longe
surge Allan Kardec, um grande cientista que verificou a utilidade dos espíritos e a
sua grande influência sobre a humanidade, e bem assim a necessidade de
pesquizar sua causa e efeitos.
Em ocasião propícia havia de surgir um predestinado para receber dos espíritos
novas elucidações em torno da grande obra da regeneração humana.
Aïlan Kardec não foi criador de uma ciência nem de uma religião; simplesmente
nos tempos chegados, preditos por Jesus, ele recebeu o banho lustral capaz de o
impulsionar a codificar os fatos, os efeitos, os fenômenos, e provar com ciência o
que o Christo deixou debaixo do véu das parábolas. Embora a codificação de
Kardec tivesse mostrado um profundo cunho moral, um vasto campo de amor,
caridade e humildade, ainda assim suportou os maiores choques que procuraram
deitar por terra mais uma lei que não vinha para destruir as demais leis, mas sim
para lhes dar cumprimento.
Foi ele perseguido, e suas obras amontoadas em uma praça em Paris, queimadas
e reduzidas a cinzas; mas como a lei não é dos homens, e sim de Deus, ela tem
que seguir sua rotina e assim aconteceu. Novas lutas, novas encadernações e
espalhada a doutrina dos espíritos por toda a parte.
Por isso, merece o senhor Kardec todo o nosso respeito, como um grande
codificador, mas não a nossa adoração como se fora um segundo Christo, ou um
enviado direto, como pretendem alguns. Não menos merecem o nosso respeito os
que seguiram os estudos de Kardec, nos trazendo maiores conhecimentos em
torno do assunto, como sejam WILLIAM CROOKS, AKSAKOFF, LAVOISIER,
LEON DENIS, CAMILLE FLAMARION, RousTAING e outros que suspenderam
mais um pouco a ponta da cortina espiritual.
Por todos esses cientistas ficou provado que os espíritos podem agir sobre a
humana gente, para o bem e para o mal, e que os médiuns, embora responsáveis
pêlos seus atos, podem fazer uso das forças que sua mediunidade lhes faculta,
empregando-as na ação benévola ou malévola, de acordo com a sua elevação
moral. Tudo isso dito, que quasi nada representa diante de tudo o que se pode
dizer ainda, deixa, entretanto, aberto um grande campo de observação em torno
da grande "utilidade" da Lei de Umbanda. Lei de Umbanda ou Espiritismo na
modalidade de Umbanda, Umbanda, quer dizer: grandeza, força, poder, em suma,
Deus. Um-banda, um-bando, que são corruptela da verdadeira palavra, diz um
espírito que forma uma parte dessa banda, que é Pae Joaquim de Loanda, que
isso significa um bando de espíritos em se tratando do espaço, e de criaturas
humanas, que unidas em um só bando, trabalham num são princípio, e para uma
sã finalidade; desde que a etimologia da palavra Umbanda significa Deus. Logo, o
trabalho dos Umbandistas se encerra na grande lei: "Todos por um, e um por
todos".
A Lei de Umbanda, trazida ao Brasil pêlos africanos, era professada com os ritos
severos da África; podemos mesmo dizer que continham uma série de coisas
exóticas e horripilantes. Por exemplo, os médiuns, para receberem o espírito guia,
chamado "orixá", passavam por vários sacrifícios como seja raspar totalmente a
cabeça, tomar banhos de hervas aromáticas, vestirem-se de branco e novas
deviam ser suas vestes, fazer jejum, ficarem em retiro durante muitos dias, em
um camarim, e quando daí saiam dançavam sob o som de músicas africanas
acompanhadas de palmas batidas pêlos assistentes; isto até receber ou dar
incorporação ao espírito destinado à prática da caridade por seu intermédio.
Em ação de graças, pelos benefícios recebidos, sacrificavam animais e
ofereciam bebidas, etc. Isto no Brasil já dista de mais de meio século; e como
nada estaciona no mundo, obedecendo à lei imutável do Criador, a Lei de
Umbanda também segue seu curso evolutivo, saindo das grotas, das furnas, das
matas, abandonando os anciões alquebrados, fugindo dos ignorantes, quebrando
as lanças nas mãos dos perversos, vem nessa vertigem louca de progresso,
infiltrando-se nas cidades para receber o banho de luz da civilização, e em troca
nos oferece a sua utilidade que não é mais do que suas obras de Caridade
praticadas pêlos espíritos que formam as grandes falanges dos africanos, digo, os
que tiveram por berço material a África; eles trabalham no grande laboratório do
Universo, manipulando os fortes remédios para curar as terríveis enfermidades da
humanidade.
O mal ainda predomina no planeta em que habitamos, e não há quem ignore que
as forças fluídicas, atraídas por criaturas perversas, tornam-se joguete de sua
vontade, com as quais preparam armas para saciarem seus pérfidos instintos, e
assim cometia-se toda sorte de trabalhos malévolos chamados "magia negra" sob
a qual muitos pereciam, por não terem uma força relativa de reação.
A Umbanda é que possue essa força relativa; com a diferença de que
acompanhando a civilização, tem-se evangelizado, e com amor e ciência
executada, é a única capaz de destruir a ação malévola exercida por um mau filho
de Deus. Os espíritos que formam as grandes falanges dos trabalhadores do bem,
estão sempre prontos a nos socorrer, quando os chamamos, mas a lógica nos diz
c as experiências nos afirmam, que os espíritos na erraticidade obedecem a uma
hierarquia, a qual os coloca em planos diferentes, em camadas inferiores e
superiores, relativas ao seu grau de adiantamento. Não devemos ter a pretenção,
nem deixar que o nosso orgulho e nécia vaidade nos leve a supor que os Arcanjos
e Serafins deixem os paramos divinos, e os espíritos quintessenciados baixem
das camadas superiores e venham se misturar no lodo infecto das nossas
misérias, suportando um ambiente incompatível, única e exclusivamente para
satisfazerem a nossa vaidade descabida. Materializando o assunto, podíamos
comparar: chamaríamos um Rei, um Imperador, para lavrar a terra ?
Chamaríamos um arquiteto para fazer a argamassa, um General para puxar um
animal com sua carga, nas marchas que empreendem ? Não é possível, e isso, se
tratando da hierarquia material. Deus nos tem enviado esses trabalhadores da sua
Seara, que muito teem proporcionado aos humildes, porque só os humildes,
despidos de vaidade, estão aptos a compreender e com carinho auxiliar o
progresso dessas almas, e delas se utilizarem como defesa contra a fúria dos
ataques dos maus.
A Umbanda exercida por pessoas na maior parte ignorantes, e por isso
impossibilitadas de medirem a responsabilidade que assumem nestes trabalhos,
vem concorrendo de há muito para um grande mal para a humanidade.
Combatê-la, pretendendo destruí-la é humanamente impossível. Reprimindo os
abusos, os absurdos, e responsabilizando os que dela fazem mau uso, se
conseguirá a modificação debaixo de uma coordenação que unifique seus ritos,
dando-lhes, assim, o valor merecido.
Os ritos usados pêlos umbandistas, teem um valor extraordinário; são usados
como proteção e defesa, e para atacar quando utilizados por pessoas sem critério.
E' muito fácil se conceber o respeito atribuído aos riscados da Lei de Umbanda.
Riscando-se um ponto de defesa em favor de uma criatura que esteja sendo
vítima de um ataque de magia maligna, não conseguirá essa influência atingir a
criatura visada, porque a respeitará, por uma lei toda especial de fluídos contra
fluídos, que não podemos ter a pretensão de explicar senão vagamente, porque
não podemos penetrar nos arcanos divinos, e nos tornar possuidores dos
segredos do grande laboratório universal .
Mas vamos dar uma ideia: as fronteiras que dividem os países, são respeitadas
única e exclusivamente por uma lei, e quando desrespeitada essa lei, os invasores
sofrem os choques da reação. Isso é uma pequena e pálida comparação, que
deixa margem para meditações; continuemos observando, deduzindo: Os
esoteristas e ocultistas agem somente com preces e com a ação do pensamento;
vejamos bem: há médiuns que não podem assim continuar a sua missão, pois que
ela é diversa, veem-se então na necessidade de frequentarem as sessões
espíritas de Kardec. Por que ? Porque aceitam as manifestações dos espíritos,
cujo fenômeno é a necessidade do médium, querendo isso dizer que é nessa
fonte que ele encontra remédio para seu mal. E' que o espírito que sobre ele age
tem necessidade de trabalhar dessa forma para o seu progresso dando
oportunidade ao médium para praticar a caridade, por cujo meio este irá também
resgatando suas faltas .
Prosseguimos: mais adiante encontramos os médiuns que teem grande afinidade
com os espíritos da grande falange dos que habitaram, quando na terra, a África
ou as selvas; essas criaturas possuem mediunidade que lhes oferece compo para
socorrer os enfermos, cujas enfermidades e aflições só podem ser afastadas com
a ação destes espíritos, e isso porque continuo afirmando, age a lei e o plano
relativo entre um e outro elementos.
Se quizessemos negar a utilidade dos trabalhos executados pela Lei de Umbanda,
teríamos que nos conformar, quando os crentes de outras Religiões afirmam a
inutilidade das manifestações espíritas, consideradas até então kardecistas. Tudo
chega a seu tempo. O que a Lei de Umbanda precisava, era justamente o que
condignamente está fazendo este Congresso.
Procurei concorrer com o meu grão de areia para também fazer parte dessa
gloriosa obra, que tantos benefícios há de proporcionar à humana gente. À
"Cabana de Pae Joaquim de Loanda" se prontifica a ajudar dentro das suas
possibilidades o Congresso, afim de cooperar para a vitória da Lei de Umbanda.
1.° O Plano ou Mundo Físico, que é o nosso mundo visível, cuja matéria está
sujeita às leis da gravidade, contração e expansão. E' o plano em que a matéria
pode ser utilizada em seus três estados diferentes: o sólido, o líquido e o gazoso;
é o plano em que temos de contar, para os nossos empreendimentos, com os
fatores tempo e distancia, os quais não existem nos demais planos do universo.
2.° O Plano ou Mundo Astral, onde residem as forças cósmicas que, trabalhando
ativamente no corpo físico, o impelem a mover-se em tal ou qual direção,
incutindo-lhe o desejo de alcançar determinado objetivo, de agir concientemente,
de adquirir experiência, de crescer moralmente, de evoluir enfim. No Plano astral a
matéria caracteriza-se pelo seu movimento incessante, fluídico, e pode tomar
todas as formas imagináveis com a maior facilidade e rapidez, ao passo que a
matéria do Plano Físico é em si mesma inerte, morta, só podendo mover-se sob a
ação das forças cósmicas ativas do Plano Astral.
5.° Plano ou Mundo do Espírito Divino, que é a região privilegiada dos Espíritos
Puros ou Espíritos Divinos.
6.° Plano ou Mundo dos Espíritos Virgens morada de espíritos cujo grau evolutivo
escapa totalmente à nossa compreensão e, portanto, a qualquer tentativa de
definição por parte da inteligência humana dos nossos dias.
7.° Plano ou Mundo de Deus, o mais sutil e o mais extenso de todos os planos ou
mundos do Universo, onde reside o Criador do nosso Sistema Solar — Deus, O
Absoluto, A Perfeição em sua Essência Máxima, a fonte e a meta da nossa
existência".
Eis, em síntese assas imperfeita, o que nos ensina a Doutrina Rosacruz, acerca
dos sete Planos ou Mundos do nosso Universo. Consideremos agora a sua
grande influência e perfeita afinidade em relação aos preceitos básicos da Religião
de Umbanda.
No Primeiro Plano — O Plano Físico ou Visível — operamos nós, os espíritos
incarnados, seres humanos em busca do aprimoramento moral, sob várias formas
ou modalidades de trabalho: pela doutrinação dos nossos companheiros mais
novos, pela demonstração da Verdade perante aqueles cujo ceticismo lhes não
permite buscá-la por si mesmos dentro do próprio Ego; pela organização de
associações de caráter cívico, religioso, filosófico e cultural; pelo auxílio material
prestado aos necessitados por meio de assistência médica, ambulatório,
hospitalização, etc. Neste plano utilizamos a matéria em seus três estados: sólido,
líquido e gazozo, sempre que tivermos de levar socorro aos nossos semelhantes,
seja para minorar-lhes a situação de absoluta carência de coisas materiais
indispensáveis à sua subsistência, seja para curar-lhes as feridas do corpo por
meio dos agentes terapêuticos regularmente indicados. Sendo este o plano em
que prepondera a matéria, e estando esta sujeita às leis da gravidade, contração e
expansão, só podemos agir em contacto com o solo do nosso plano, tendo ainda
de contar com os fatores tempo e distância para a realização dos nossos
empreendimentos.
Fundando um Templo, organizando uma sessão, pregando a moral e os bons
costumes entre os adeptos, utilizando a palavra falada ou escrita para traduzir o
pensamento do espírito no plano físico, estamos, realmente, praticando a Religião
de Umbanda no Primeiro Plano, perfeitamente análogo ao Plano Físico em que
vivemos, visto não haver aí interferência de qualquer ser ou substância
proveniente de outro plano.
No Segundo Plano — o Plano Astral — ingressam os trabalhadores de Umbanda,
todas as vezes em que se utilizam de suas faculdades mediúnicas para
proporcionar socorro de natureza astral aos adeptos ou não, cuja missão
transcende os limites de sua própria ação de natureza física. Dá-se neste caso a
interferência do Plano Astral no Plano Físico, agindo aquele como força sobre a
matéria para a consecução de um objetivo comum, e, portanto, somente realizável
nos dois planos.
Para que um adepto possa funcionar como matéria útil neste Segundo Plano, é
indispensável que se haja preparado previamente, elevando o nível de seus
conhecimentos acerca das leis da Vida e do Ser, para o que deverá ter cursado a
respectiva escola no Templo a que pertencer, sem o que, embora possuidor de
faculdades mediúnicas em estado latente, sua ação jamais poderá ultrapassar o
último degrau do Primeiro Plano, puramente material.
Segundo a Doutrina Rosacruz, é neste plano que residem as forças cósmicas
ativas, sob cuja influência se movimenta e age a matéria fluídica em seu
movimento incessante. Todas as vezes, por conseguinte, em que na Umbanda
recorremos à energia astral ou fluídica, seja na execução de qualquer trabalho
mediúnico, para o qual necessitamos de uma poderosa corrente magnética, seja
na simples invocação de um Espírito-Guia para obtenção de um conselho, uma
indicação, etc., sujeitando-o a se utilizar de seu veículo astral para atender ao
nosso chamado — estamos ipso facto, praticando a Umbanda no Segundo
Plano.
UMBANDA
Senhores Congressistas:
Antes de entrar no desenvolvimento do estudo embora sumário, com que vos quiz
dar o testemunho dos meus aplausos à vossa iniciativa realisando o 1o Congresso
Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, e ao mesmo tempo, a minha cooperação à
obra ingente que ides realisar num tão oportuno momento, — desejo chamar a
vossa atenção para duas das diferentes feições próprias da UMBANDA praticada
no nosso meio:
1° — As tendências da linha.
2° — A forma ritualística das práticas.
Não há nada que nos nos conduza, de modo tão seguro e preciso à natureza
íntima de uma pessoa, como o estudo das suas tendências, isto porque, sendo
estas um efeito daquela, é fácil descer-se por seu conduto, à natureza da causa.
As tendências de Umbanda, pelo menos na forma pela qual a vemos praticada no
nosso meio, são francamente para a magia e isto lhe denuncia as origens.
Todos esses atos e atitudes, todas essas situações e circunstâncias observadas
na evolução de um terreiro, não obstante a falta de uma sequência lógica que lhes
estabeleça um laço e lhes dê a precisa unidade, sem o que lhes faltará a
necessária força para atingir os colimados fins, todos esses atos e atitudes, dizia
eu, nos fazem pensar no ritual observado nos santuários antigos, nos templos de
antanho, nos lugares onde os gênios das civilizações que se foram praticavam a
santa ciência dos elementos, evocando os princípios sob a proteção dos deuses.
O modo mesmo inconciente pelo qual, nos terreiros de Umbanda, em sua maioria,
senão na sua totalidade entre nós, se buscam os efeitos à revelia do
conhecimento das causas, bem nos patenteia a doutrina dos PEQUENOS
MISTÉRIOS de todas as teogonias antigas, pois nos templos de iniciação das
mesmas, não se levavam os postulantes ao estudo e ao conhecimento das causas
senão depois de se mostrarem cientes e concientes da natureza e do valor dos
efeitos.
A prática seguida em todos os atos da Linha de Umbanda demonstra a existência
embora ignorada, de uma disciplina, de uma norma a que deve estar condicionada
a obtenção dos fenômenos de qualquer natureza, possíveis no âmbito material ou
astral da sua ação.
Essas tendências de Umbanda para a magia tão manifestas no ritual embora
precário, de que lançam mão os praticantes, são tão evidentes que eu me
dispenso de maiores demonstrações e de outros comentários para apresentar a
minha MEMÓRIA sob o presuposto seguinte: UMBANDA E' UM RITUAL. Sua
finalidade é o estudo e conseqüentemente a prática da magia. Quem nos poderá
justificar uma afirmativa em contrário ?
Tudo nas práticas costumeiras de Umbanda nos mostra a sua irresistível
tendência para a magia, da terminologia que lhe é própria, à indumentária que se
preconisa para as funções, das atitudes aconselhadas aos circunstantes, aos
banhos de descarga que se aplicam nos médiuns. Os "pontos", riscados ou
cantados, a "guia", a "marafa", o "defumador", o "ponteiro" e a "pemba" são
verdadeiros apetrechos de um arsenal de mago, rústicos é bem verdade, pela
aspereza do acabamento e pelo barbarismo da nomenclatura que lhes deram,
mas tão expressivos como os exemplares reais por ele representados.
AS ORIGENS
A NATUREZA
A FORMA
INDICAÇÃO
Senhores Congressistas :
(3) Dicionário das Ciências Ocultas, ed. do "O Pensamento", São Paulo.
Pai, que é Vida, o Filho, que é Verbo, e o Espírito Santo, que é Luz.
Este princípio constitue a base fundamental de todos os conceitos do Espiritismo
de Umbanda, e nele se enquadram todas as fases evolutivas do ser humano que
aspira caminhar para Deus.
Geometricamente, podemos demonstrar' o princípio ternário do Espiritismo de
Umbanda pelo triângulo, significando, por assim dizer, uma síntese perfeita de
toda a sua filosofia: Sentimento, Pensamento e Acão.
Com efeito, Umbanda pode ser definida sob várias formas deste princípio, todas
perfeitamente enquadradas nos postulados de sua filosofia. Sentimento,
Pensamento e Ação, traduzem o conjunto de suas atividades no primeiro,
segundo e terceiro planos.
Sentimento, é a sensibilidade educada dos seus trabalhadores mediúnicos,
indispensável ao encaminhamento das almas para a luz, onde mestres invisíveis
as esclarecem, mediante a exibição de quadros fluídicos de suas vidas passadas;
é a aplicação devotada e sincera da faculdade intuitiva dos seus adeptos, em
virtude da qual se tornam intermediários úteis dos espíritos evoluídos, para a
recepção dos esclarecimentos necessários ao bom desempenho de sua nobre
missão.
Sentimento é, ainda, a capacidade existente em cada médium do Espiritismo de
Umbanda, em assimiliar a dor e o sofrimento do próximo, amenizando-a e até
anulando-a, segundo o grau de desenvolvimento em que esta faculdade se
encontre no espírito de cada um.
Pensamento, pode ser definido em Umbanda como o veículo da ideia, o meio de
que dispõem os seres humanos para se comunicarem com os mais altos planos
do Infinito, e cujo potencial nenhuma creatura humana é capaz de avaliar com
precisão, acreditando-se porém, que cresça constantemente, na proporção do
esclarecimento de cada mente.
Derivada do latim pensare, (ponderar), e mens (inteligência), esta palavra ainda
não define, com a exatidão precisa, o sentido de um dos mais belos fenômenos
em que somos parte.
O pensamento é uma espécie de vibração semelhante à das ondas de Hertz, com
a diferença de que estas se propagam em círculos concêntricos, ao passo que as
vibrações mentais podem ser emitidas numa direção determinada pela
mente.
E' por meio das ondas vibratórias do pensamento, que no Espiritismo de Umbanda
se estabelece a mais perfeita ligação entre o local de sua ação, e os planos para
os quais devem seguir os espíritos encaminhados. Da união (concentração) das
vibrações mentais (pensamentos) de muitas mentes reunidas, constrói-se a
corrente mental necessária ao bom êxito da ação, sem a qual todos os esforços
seriam nulos.
E', portanto, por meio do Pensamento que os adeptos do Espiritismo de Umbanda
realizam a parte mais elevada de sua doutrina filosófica, que é a utilização de suas
vibrações mentais sadias, elevadas, puras, em benefício dos seus semelhantes.
Para isto é que se lhes recomenda continuamente, que devem conservá-lo
sempre isento de vibrações grosseiras, baixas, nauseabundas, o que se consegue
pela correção de todos os deslises morais, ou seja, na condução da vida terrena
dentro dos sãos princípios da moral christã.
A Acão é, por sua vez, o ângulo complementar do princípio ternário no Espiritismo
de Umbanda, simbolizando a corrente dinâmica emanada da conjunção dos
ângulos anteriores. Desenvolvendo-se no sentido trifásico, a Ação se traduz no
movimento operado pelo adepto, ao dirigir as suas vibrações mentais, tocadas
pela sensibilidade apurada de sua personalidade interna, ou "Eu Superior", em
favor dos seus irmãos necessitados.
A Ação, é o próprio número três, formado pela soma dos dois primeiros e mais
um; é o movimento que estabelece o equilíbrio, passando sucessivamente de um
a outro ponto.
O número três é a consubstanciação da ideia, força e equilíbrio, simbolizados no
princípio ternário, sobre o qual assenta e age o Espiritismo de Umbanda.
Estudando à luz deste princípio a própria constituição do Universo, encontramos a
sua simbologia traduzida em Energia, Inteligência e Vontade, de cuja trindade
emanam todas as demais concepções.
Se examinarmos um objeto qualquer, construído de matéria condensada, peculiar
ao nosso mundo, haveremos de constatar nele estas três dimensões:
comprimento, largura e espessura.
Se observarmos uma superfície líquida, um lago ou tanque cheios de água, aí
encontraremos igualmente três dimensões: extensão, largura e profundidade.
Ao pronunciarmos uma palavra qualquer, utilizamos, sem o sentir, três outras
faces do princípio ternário: força, pensamento e som.
Estudando a constituição do ser humano, constatamos a existência de três
elementos essenciais, que são o corpo, a mente e o intelecto, formando a trindade
na unidade, e dos quais decorrem todos os outros.
O mesmo princípio ternário se encontra na base de todas as ciências. Assim, por
exemplo, em geometria, ele é comprimento, largura e altura; em gramática, ele é
sujeito, objeto e ação; em lógica, é observação, raciocínio e dedução; em
matemática, é número, medida e peso; no tempo, é passado, presente e futuro; na
família ele é representado pelo pai, a mãe e o filho; na manifestação do ideal, é
imaginação, criação, realização.
A concepção da própria Divindade está simbolizada no princípio ternário:
Perfeição, Amor e Verdade.
Aí está, em síntese, srs. congressistas, o princípio em que se apoia e age o
Espiritismo de Umbanda, na condução das almas para a perfectibilidade.
Seguindo-o, os seus adeptos abrem suas mentes à compreensão de que tudo é
vibração no Universo, e que toda a vida está sujeita às mesmas leis cósmicas,
imutáveis e perfeitas, seja ela a do organismo mais ínfimo ou a dos seres mais
robustos, habitantes da superfície terrena, ou da profundidade insondável dos
oceanos.
E compreenderá, finalmente, a grande verdade de que a creatura humana não
vale por si mesma, pela sua inteligência, pela sua cultura; mas, sim, e unicamente,
pela vibração de suas obras, resultantes da perfeita conjunção deste principio
ternário que é Sentimento, Pensamento e Acão.
Uma Filosofia apoiada em tão sólidos princípios, há de certamente contribuir, de
maneira eficaz e proveitosa, para o mais rápido advento dessa "nova ciência com
que o superhomem do futuro, prestes a nascer, fundará a nova civilização do
terceiro milênio".
Tese apresentada pela Tenda Espírita de São Jorge, por intermédio do seu
Presidente, Dr. António Barbosa, na reunião de 23 de Outubro de 1941.
Enquanto aquele representa o seu hino, ou cântico terreno, este constitue uma
espécie de brazão, no qual se refletem os seus poderes e elevação .
A ninguém é lícito raspar ou menosprezar um "ponto" riscado, qualquer que seja a
sua crença ou sentimento religioso. Se muitos dos que assim procederem não
receberem imediatamente o merecido castigo, deverão agradecê-lo à excelsa
bondade das entidades invisíveis ali representadas, para com seus irmãos
incarnados, ainda tão ignorantes das leis divinas que nos regem. Um dia, porém, a
luz redentora os iluminará, e eles saberão medir toda a extensão do mal que
inconcientemente praticaram.
E' necessário estabelecer neste Congresso a norma a seguir nesta questão de
"pontos" riscados em algumas de nossas tendas, numa perfeita inconciência dos
males que daí poderão advir para as creaturas menos preparadas.
Devemos considerar os "pontos" desta espécie, como de facto o são, peças
integrantes do ritual oculto do Espiritismo de Umbanda, e como tal somente
usados em condições especialíssimas, a juízo exclusivo dos chefes espirituais das
tendas.
Sua prática nas sessões públicas, afigura-se-nos desaconselhavel, não apenas
por não ser necessária aos trabalhos comuns de desobcedação e passes
magnéticos, como pêlos perigos que daí podem advir para aqueles que,
desconhecendo-lhes a força, tentem imitá-los em seus lares ou em outros lugares.
Seria aconselhável a eliminação total desta prática de alta magia em nossos
trabalhos, simplificando-os ao máximo, reservando-a para situações excepcionais,
e unicamente em presença de pessoas suficientemente instruidas a seu respeito,
ou sejam, as que hajam alcançado o grau de iniciadas.
Sabemos que os nossos guias podem operar no Espaço sob a ação de "pontos"
riscados no astral, sempre que deles necessitem para trabalhos mais fortes, o que
frequentemente fazem com inteiro desconhecimento nosso.
Assim, apresentamos a este Congresso a seguinte indicação:
Sócrates, entretanto, para melhor poder elucidar a parte religiosa de sua doutrina,
sem que o acusassem de revelar os mistérios do santuário, jamais quis receber a
iniciação. Entrou no conhecimento das verdades superiores através das
elucidações do seu "Gênio Familiar", correspondente ao "Guia" dos espíritas, ou
ao "Mestre" dos modernos ocultistas, tornando-se então o homem mais sábio da
Grécia, segundo a palavra do Oráculo. Sua doutrina iniciática se encontra
amplamente contida no Phédon, de Platão, outro dos grandes filósofos gregos,
discípulo de Sócrates .
E' de Sócrates este trecho admirável:
Como vemos, sendo isto considerado ocultismo naquela era, já distanciada de nos
aproximadamente uns três mil anos, ainda hoje constitue os fundamentos mais
sólidos da doutrina filosófica do Espiritismo de Umbanda, que neste Congresso
objetivamos codificar.
No Egito era exigido um longo estágio no noviciado: dilatadas vigílias, demorados
retiros espirituais, para que a alma se vivificasse e se transmudasse ao contacto
das forças superiores, e pudesse assim receber a iniciação nos altos mistérios de
Isis e Osiris.
No decurso desse longo noviciado, o hierofante ensinava a necessidade do
indivíduo conhecer-se a si próprio, a procurar no íntimo de sua alma o SER que a
habita. Ensinava que para atingir a sabedoria, isto é, o conhecimento das
verdades superiores, para chegar à iluminação interior, cumpria refundir toda a
sua entidade física, moral e intelectual, submetendo-se à ação esclarecedora do
raciocínio, da vontade e da intuição, único meio pelo qual pode o homem
desenvolver estas faculdades até limites incalculáveis.
A alma possue sentidos latentes. A iniciação os revela por um estudo
aprofundado, uma aplicação constante, de modo a pôr o homem em relação com
as forças ocultas do Universo. Ser-lhe-á dado por um esforço prodigioso atingir a
percepção espiritual direta, abrir o caminho que conduz a mundos superiores e aí
se dirigir e orientar-se como no mundo físico.
Só então pode o homem dizer que dominou seu destino e conquistou no plano
terreno a liberdade divina. Eram estes, em síntese, os ensinamentos preliminares
da doutrina teúrgica, lineamentos gerais de todas as religiões.
Moysés, Budha e Jesus, beberam da mesma água, que é a verdade, na eterna
fonte cristalina.
Como condutor de um povo áspero e rebelde, por mais de 40 anos, teve Moysés
de enfeixar em suas mãos poderes extraordinários de chefe-guerreiro, politico,
legislador e administrador, de sacerdote e hierofante, revelando-se sobre todos
esses aspectos à altura de sua magnífica missão divina.
Ele creára simultaneamente, vasando-a no mesmo molde, uma religião e uma
nacionalidade. São sem conta os seus prodígios como adepto, desde a ação
milagrosa do Mar Vermelho, em que as águas se abrem à sua passagem e se
fecham logo após, sepultando as tropas faraônicas, vindas em sua perseguição.
Ao toque de sua vara mágica, brotam do rochedo águas que dessedentam e cai
do céu em codornas o maná que fortalece e maravilha. Seu saber é infinito e seu
poder indomável.
Pelas dormentes regiões da China, do Tibet e da índia, até onde o Oriente se
estendera, o poder e a influência atlanti revestira os mistérios, como o antigo
brahmanismo, de feição absolutamente ortodoxa e exclusivista dentro da casta
sacerdotal.
Cakia-Muni, o Budha, deveria levar para o seio das multidões as doutrinas e as
práticas secretas realizadas no inviolável sigilo do Templo Hindu, pregando a
piedade para todas as criaturas animadas e inanimadas, a reincarnação das
almas, a renúncia aos bens terrenos.
São estas as verdades excelentes e sublimes: "A dor é inseparável da existência;
a dor é filha do desejo; a dor e a existência podem cessar pelo Nirvana. O Nirvana
obtem-se pela destruição do desejo, pelo absoluto desapego de si mesmo."
Para Cakia-Muni, a vida física é a dor, de que devemos nos libertar pela inércia,
pela renúncia, pela meditação, voltando-nos para a vida espiritual, onde se
encontra o segredo mesmo da vida.
Para Orpheu, grande iniciado de Isis, e Thot-Atlanti, a vida é o amor, é a ação, é a
beleza.
O amor que deveria inspirar Platão e Epicuro; ação que levaria a gloria macedônia
às margens do Nilo, do Euphrates, do Indo e do Ganges, fundindo numa mesma
aspiração dois ideais opostos, unindo os extremos à serpente simbólica; beleza a
cujo maravilhoso influxo deveria surgir o milagre da Arte Grega.
Marginando o negro período da idade média, no qual tudo foi feito, inutilmente,
para esmagar e destruir as verdades propagadas e defendidas pelo ocultismo e
seus iniciados, vamos surgir dentro do oceano da luz espiritual derramada por
milhões de espíritos encarregados dessa tarefa grandiosa, pêlos Grandes Mestres
da humanidade, cremos que, sob a chefia de Jesus.
Os fenômenos ocorridos com as irmãs Fox, na pequena Hydesvile, na América do
Norte, interessou o mundo e numerosos experimentadores entregaram-se ao
estudo. Posteriormente o Dr. Hypolito Denizart Rivail -— Allan Kardec — notável
médico e filósofo, professor e sábio francês, vencido pela evidência dos fatos e
por numerosos fenômenos com ele próprio ocorridos, dedicou-se com carinho à
observação dos mesmos e das mensagens recebidas do seu Guia.
O resultado aí o temos, na obra formidável da codificação do Espiritismo, depois
de consultas feitas aos milhares por conduto de numerosos médiuns e em vários
países do mundo.
Da concordância das respostas, resultou o que podemos chamar a
democratização dos ensinamentos do A.B.C, do ocultismo.
Graças a Deus, o Espiritismo espalhou-se pelo mundo com a rapidez do
relâmpago, levando a todos os lares, a todas as almas comburidas pela dor, o
consolo dos seus ensinamentos, dando-lhes a certeza de que só o bem é estável,
sendo transitórios todos os estados, por mais dolorosos e piores que pareçam ser.
Na verdade da reincarnação, mostra o Espiritismo a solução de todos os
problemas, o bálsamo para todas as dores e a explicação racional e lógica de
todas as aparentes anomalias da vida.
E aqui estamos, hoje, fraternalmente reunidos em nome do Espiritismo de
Umbanda, rebuscando suas raízes nas mais remotas antiguidades religioso-
filosóficas do Oriente, a metade mais velha, por assim dizer, do nosso mundo, em
cujas fontes temos procurado estudar e coordenar os altos interesses desta
formosa doutrina, pedindo a Deus e a todos os Grandes Mestres que nos inspirem
o que for justo e bom.
Os filhos e a Tenda de São Jorge, oferecendo esta modesta contribuição ao 1.°
Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, têm em vista dizer que estão
firmemente convencidos de que no fundo, em sua essência íntima, variando
apenas a exterioridade do ritual e do símbolo, idêntico foi sempre o ensino da
teurgia, quer em Memphis ou em Thébas, nos templos de Ninive e Babilónia, na
Assíria ou na Caldéia, nos Santuários do Hymalaia ou do Tibet, nos altares de
Júpiter ou de Apolo.
Ainda hoje, dentro do que se convencionou chamar o moderno espiritualismo, a
essência é a mesma; e para conseguir os estupendos resultados, o domínio da
Natureza, privilégio dos Grandes Iniciados, terá o estudante de reportar-se aos
altos ensinamentos que eram ministrados nos santuários, se não quizer ficar
simplesmente nos pórticos exteriores do Templo da Verdade.
E' possível, pensam os filhos e a Tenda de São Jorge, que UMBANDA,
cientificamente estudada" e iniciaticamente difundida, possa resolver praticamente
o grande problema da vida na matéria e fora dela, visto que, Umbanda quer dizer:
Luz Divina dentro e fora do Mundo.
Para terminar, os filhos e a Tenda de São Jorge pedem um minuto de
concentração, com os pensamentos firmes, cheios de amor e gratidão para todos
os grandes mestres espiritualistas de todos os tempos e de todas as escolas.
Pedem a Deus largas messes de bênçãos, de luz e de amor para todos esses
grandes benfeitores da humanidade, extensivas aos humildes pretos velhos e
valentes caboclos, trabalhadores justamente incluídos na primeira categoria
citada.
QUE É DEUS?...
Fonte perene de amor, de perfeição e de vida. Supremo Bem e Suprema
Verdade! Força Onipoteníe, cuja presença é eterna, e é Eternamente
Espiritualizadora!
Sabeis vós todos que Ele está convosco, e está no vosso íntimo... Isto, porém,
não basta: E' preciso encontrá-lo. Somente, então, podereis ter a glória de vos
poder considerar feitos à imagem e semelhança do Creador.
Para se conseguir tão esplendorosa glória, além da mais firme e constante
elevação do espírito e do maior domínio do pensamento, um amor inextinguível ao
próximo, uma contínua prática do bem, ter sempre nos lábios palavras cheias de
bondade, que vibrem desde o subconciente, para o preparo do vosso corpo físico
que é o instrumento do vosso espírito. Disse Jesus: — "Não sabeis vós que os
vossos corpos são templos do Espírito Santo?"
O corpo físico de qualquer creatura humana poderá receber com maior presteza e
utilidade as vibrações dos pensamentos sãos, se for submetido a rigorosos
cuidados. Todos os corpos podem ser purificados pela ação de banhos e de
completa higiene alimentar, tudo isto aliado à decência das maneiras e das
atitudes.
Elevação de pensamento, preces sinceras, trabalhos honestos e produtivos, amor
ao próximo, prática do bem, linguagem correta e decorosa, higiene corporal,
pureza de alimentação, os caminhos que vos hão de levar às portas áureas do
excelso estado espiritual a que chamamos COMPREENSÃO DE DEUS.
MISSÃO MEDIUNICA
JERARQUIA MEDIUNICA
A Jerarquia Mediúnica poderemos dividi-la em três classes, ou sejam: o médium
regular, o bom e o ótimo.
De acordo com a iniciação, digamos melhor: o neófito, o iniciado; o sacerdote, o
que pelo seu desenvolvimento moral e intelectual já tenha chegado ao segundo
ponto da linha de Umbanda e finalmente, o Mestre, aquele que, no dizer dos
Yogas, passaram de Muladhara para o Sahasrara.
l.a classe: — Os médiuns dessa classe são aqueles que teem o despertamento do
seu estado mediúnico forçado por qualquer circunstância.
Sem grande luz, incapazes de enfrentar grandes responsabilidades, seguem
quando dotados de boa vontade, energia e fé, os neófitos do Ritual mais profundo
de uma sã virtude "maga".
Começam a desenvolver a sua mediunidade obrigados, e com impropriedades.
Em verdade, não são médiuns, tanto quanto o supunham. Não possuem nenhum
valor psíquico. Dão frequentemente ocasião às mistificações.
E' nesta classe tão lamentável que encontramos médiuns inconcientes de seus
deveres pela sua ignorância, levados pela sua incultura e portanto atrazados na
sua evolução mental. Trazem um karma cheio de imperfeições e um aura
materializado. Estão à porta, apoiando-se na iniciação, portanto, no primeiro Ponto
da Linha Branca de Umbanda — Almas.
2.a classe: — Os médiuns desta categoria, Médiuns Espontâneos, que com mais
facilidade palmilharam o primeiro grau de iniciação, já pelo progresso nato de um
desenvolvimento mental e espiritual, que com estado mediúnico de qualquer forma
ou modalidade ou natureza definidos, somente depois de instruí-los nos resta
encorajá-los, reforçá-los.
Poderão ser concientes ou não. Ainda quando concientes, não atingem a sua
plenitude, como seria de esperar, pois a conciência é o verdadeiro desígnio e é o
verdadeiro caminho.
Geralmente não teem o domínio de si mesmos, estão à mercê de influências, às
vezes, menos sãs. Dai, a possibilidade de serem instrumentos e porta-vos de
manifestações, por vezes, pouco escrupulosas.
Desviam-se, não raramente, por completo da conciência e retardam-se, e fatigam-
se, levados geralmente pelas vicissitudes da vida, pelas dificuldades materiais da
existência.
E' nesta classe que encontramos, também, verdadeiros arautos do espiritualismo,
os incansáveis trabalhadores, aqueles que tomam sobro seus ombros
responsabilidades, aqueles que incarnam a fome e a sede de justiça.
São comumente médiuns que já passaram pêlos sintomas mediúnicos sentidos
pelo plexo Sagrado e se acham a caminho do 3.° grau iniciático da Linha, ou seja
o Ponto de Ogum.
E finalmente, a 3.a classe, onde vamos encontrar médiuns dotados de espírito
evoluído, e que trouxeram bom karma, o que lhes faculta a prática da sincera e
infatigável caridade.
Têm o espírito luminoso e forte. Poderão oferecer aspectos de rudeza, arestas
pronunciadas, mas têm como características os mais elevados sentimentos, como
o grande Apóstolo São Pedro, o escolhido para a pedra angular e base da Igreja.
O Apóstolo Paulo, o Imortal São Jorge e o maior Mártir, São Sebastião.
Poderão, ainda, surgir cheios de energia, como o grande Moysés, o predestinado
fulgurante, cuja grandeza e magestade fazem, ainda hoje, sombra aos maiores da
terra. Salvo das águas do Nilo por uma princeza de uma dinastia Faraônica, Ele,
Hebreu, humilde, despresado, no momento em que parecia estar votado à morte
começou a trilhar a senda que o elevaria à magnitude acenada por Deus!
E, terminando, o exemplo do maior vulto, em magnitude, grandeza, humildade e
fé: —
Jesus — o maior Mago, o Mestre. Eis o maior exemplo de mediunidade superior.
Que foi a sua vida, com todos os seus grandiosos milagres, de réplicas geniais, de
atitudes de caridade, piedade e desassombro?
Vindo do seio do povo, soube, inspirado sem par, ser o apoio, a Luz de uma Raça
martirizada e transviada. Meditai em tamanha grandeza, e vereis, então, o grau
maravilhoso da mediunidade do espírito puro e hercúleo do doce Nazareno. Após
dois mil anos à sua partida, a humanidade ainda não o consegue bem
compreender !...
Para que tenhamos um medíocre conhecimento da grandeza da Linha Branca de
Umbanda, nas páginas que se seguem estudemos um pouco de Filosofia Natural,
ditada por um espírito que dizendo-se dos de luz (em conhecimentos, isto é, em
pleno desenvolvimento do estado mental) o mais atrazado, vem de revelar o
grande conhecimento da evolução da matéria, desde o fator nebulose até ao ser
animado.
O próprio cliché a seguir, desenhado e desenvolvido pelo mesmo espírito, traz-nos
o conhecimento da verdadeira Lei de Causa e Efeito, isto é, o homem, tendo como
causa a Creação, feito à imagem e semelhança do seu Creador, tornando-se um
ser animado pelas forças reais da natureza, novamente depois de um perfeito
aprendizado pelas consecutivas incarnações de desenvolvimento mental e
espiritual, de novo retorna para o Ser Supremo da Sabedoria, num verdadeiro
estado de pureza, levando não mais um corpo físico, matéria, mas sim um corpo
purificado, finalmente o Verdadeiro Corpo Espiritual.
que, como os precedentes, não se compõe de vinte e quatro horas, como pensam
as massas populares, mas de milhões e milhões de anos, pois, nas pequenas
como nas grandes coisas, a natureza não dá saltos, principalmente em se
tratando da creação de um mundo.
Nesse período deu-se o maior cataclisma de que há notícia na história geológica
do globo pela mortandade que causou no reino animal, mudando mais uma vez a
configuração da superfície terrestre, destruindo para sempre uma multidão de
espécies, das quais ainda hoje se encontram os fósseis nas camadas do sub-solo.
O levantamento de várias partes da crosta terrestre, que já então parecia tão
firme, determinou a brusca e violenta mudança dos mares, lagos e rios, arrastando
estas vastas massas dáguas em revolta, seculares florestas, terras, rochedos e
todos os demais óbices que entravaram a sua sanha destruidora. Enquanto novas
terras e montanhas surgiam do seio das águas, outras eram para sempre
sepultadas. Ainda hoje, milhares de séculos depois, encontram-se em muitas
planícies, áridas e secas, imensos blocos de granito sem nenhuma analogia com a
composição do solo da região, atestando a incrível violência das águas que os
arrastaram para lá, desde milhares de quilômetros das suas bases primitivas.
Foi ainda nesse período que os gelos apareceram pela primeira vez nos polos da
terra e as galerias nas montanhas, devido ao seu gradativo resfriamento.
Há uma suposição de que esse dilúvio lenha sido motivado por uma súbita
mudança na posição do eixo da terra, dando lugar à invasão das águas sobre a
massa. Entretanto, encontram-se os fósseis de muitos animais, como os de
"Mamutes", nas regiões frias, muitos dos quais só habitavam regiões quentes.
Como esses fósseis são aos milhares, há motivos para se supor que estas
mudanças geológicas tenham sido súbitas não dando tempo a que os animais
fugissem, cobrindo de gelo os lugares onde os mesmos tinham o seu habitat.
Ainda foi nos fins do período anterior e começos deste, que a terra conheceu os
seus primeiros Primetes, cujas origens devem remontar a uns cinquenta milhões
de anos.
Pêlos fósseis descobertos, esses macacos tiveram uma fonte comum no período
"Eoceno", cujos começos situam-se a uns cento e poucos milhões de anos,
princípios da Éra Cenozóica.
Este tronco comum bi-partiu-se em diferentes ramos, segundo as influências do
meio em que foram viver, (ungidos pela necessidade. Muitas dessas espécies
sucumbiram ao meio, vitimadas pêlos outros animais, pela fome, terremotos e
inundações, enquanto que outras salvando-se com galhardia a todas as lutas,
conseguiram chegar até aos nossos dias, embora modificadas pela evolução da
natureza, que em tudo se processa. Desses, os principais são o Gibão, o
Siamang, o Orangotango, o Chimpanzé, o Gorila, e uma infinidade de espécies
menores que enchem as florestas da África, América, Ásia e Oceanía.
E assim terminou esse quinto dia da creação, cheio de mortandades, mas,
também, cheio de promessas.
Até aqui, tivemos os nossos sentidos voltados para a creação harmoniosa da
Terra, isto é, até ao quinto dia da evolução das nebulosas. Verificamos que os
seres animados chegaram ao seu turno, em milhões e milhões de anos, dirigidos e
guiados pelas forças poderosas do Creador, que, até hoje, regem ainda os
poderes desconhecidos da vida. Ainda por essa mesma força, os fenômenos da
vida se avolumam e, dia a dia, se nos depara mais um mistério, mais uma ciência,
mais um facto desconhecido.
Paremos, meus irmãos, nesse Período da Creação, e voltemos num salto, os
nossos cinco sentidos para o homem, aparição verificada no sexto dia da
Creação, o mais perfeito dos seres, não só pela sua constituição física, como pela
sua energia e pela sua inteligência.
Estudemos portanto, o Princípio Teogònico do Ternário Humano, tal como o ditou
uma das entidades que militam através de um médium da "Cabana de Pai Thomé
do Senhor do Bomfim"
— Tukuman.
E' que, no franqueamento dos caminhos, por vezes teremos de lutar contra as
forças do mal.
A disposição de Ogum é, como acontece com tudo o que é elevado, para o bem.
Por vexes, porém, vemo-lo de envolta com as hostes do mal, no franco combate
que Ele invariavelmente lhes oferece.
Ogum representa a conciência, o conhecimento, a maestria no terreno da matéria.
E' a espada flamejante da justiça na defesa do império da lei. Todo Juiz é um
sábio, no conceito filosófico da função que lhe é própria. Ogum, é a justiça
aplicada, é simultaneamente o Bem e a Punição.
Ponto de dupla natureza, pertencendo por um lado ao plano material e por outro
ao plano astral, por sua natureza intermediária, Ogum simboliza o Fogo e a Água,
elementos das polaridades opostas mas representativas da força. Ogum em
Umbanda, incarna o poder, nas esferas materiais da Linha.
A figura tomada no RITUAL DE UMBANDA, como representativa de Ogum é SÃO
JORGE, o valoroso Cavaleiro, grande pela Santidade dos seus empreendimentos
e forte pela expressão da sua força, por suas atitudes e pela violência dos seus
gestos, nobre pela linhagem e, magnânimo pela grandeza do seu coração.
Não se poderia encontrar nos santos da Igreja uma figura que melhor nos pudesse
representar o PONTO DE "OGUM".
ÉS FILHO DE UMBANDA?
Então fica sabendo de uma coisa: — quando na tua Tenda ou no Terreiro que
frequentas se manifestar um elemento de "Euxoce", seja um "Orixá" ou mesmo
um simples MEMBRO DE FALANGE DE CABOCLOS, deves fixar os teus
pensamentos, porque as mais profundas das tuas imperfeições podem ser
reveladas, pois são vistas e observadas.
Euxoce é a Luz profunda, é o conhecimento elevado, é a revelação.
Ele nos vê como realmente somos e não como pensamos ou como nos
mostramos ser!...
1.°
O Símbolo adotado por Pai Thomé do Senhor do Bomfim está fundado no
princípio da expansão, indicado pelo crescente Lunar. — A sua cabana, pois,
apezar de exígua pela denominação, há de ser bastante para abrigar o maior
número possível de crentes, sem qualquer distinção. Portas abertas, de par em
par, para acolher a todos os que se sentirem atraídos para a Luz.
2.°
A doutrina de Pai Thomé se acastela na Justiça Espiritual, e por isso, acima do
crescente Lunar nós vemos o escudo cruzado pela espada da Justiça e pelo
bastão do Poder. A Espiritualidade está indicada pela Cruz.
3.°
O Pentágono à direita e o Hexágono à esquerda nos dão a linhagem do Velho que
se apresenta sob a humilde denominação de Pai Thomé. Ele é um Orixá de
Euxoce, admitido já nos Conselhos de Yemanjá, Ponto de onde evoluirá mais
tarde, para Oxalá e consequentemente para Hórus.
4.
A seta traspassando o coração nos revela a direção espiritual moderada da
Cabana de Pai Thomé, casa cuja grandeza estará sempre no sentido da perfeição
e da purificação dos sentimentos. A espada é o gladio da dor, e a dor é necessária
como cadinho de toda a perfeição.
5.
A Grande Cruz em cujos braços se engastam os elementos desse simbolismo,
significa o Espírito Universal da obra empreendida por Pai Thomé nas terras do
Brasil, sob a égide de Oxalá, o que importa dizer sob a proteção do Senhor do
Bomfim.
6.
Pai Thomé tem na própria vibração do nome que escolheu, a Natureza da sua
missão e da sua obra, o respectivo destino.
7.°
O Arcano natural "oito" sucedido do Arcano "dezesseis" LAMINA QUE NOS DIZ:
— "Bem-aventurados os que sofrem; deles será o Reino dos Céus".
Em 25 de Outubro de 1941.
vieram das terras da Lemuria, de que a África era uma parte, outros divinos reis
lançaram, como Instrutores, a mesma semente iniciática junto de outros povos ou
continentes.
Com o perpassar dos milênios, a separação dos continentes, em razão de
cataclismas telúricos espantosos, assim como a destruição de passadas
civilizações, etc., a verdadeira tradição dos Mistérios sofreu as mais profundas
modificações, restando-nos hoje muito pouco dessas vetustas tradições ocultas.
A conclusão é, pois — que a nós, umbandistas modernos, cumpre o dever de
escoimar as práticas de Umbanda daquilo que não esteja, nem certo, nem de
acordo com a evolução natural a que tem que estar sujeita toda e qualquer crença
que não deseje cristalizar-se, até desaparecer como coisa inadequada ou
anacrónica, conforme vem sucedendo há milênios a todas as crenças obsoletas
ou cultos idolátricos.
Isto posto, devemos concluir que tanto é chegado o momento de "reajustamento"
no atinente à vida espiritual e material do Ideal de Umbanda, que até a realização
de um grande e notável Congresso vem de suceder, como a "chamar de verdade
todos os obreiros ao trabalho".
Saudações Fraternais.
O fim desta é trazer um feixe de lenha para o fogo sagrado do amor divino que
tenho visto arder nos corações de quem tem contribuído nesta solenidade para o
engrandecimento da causa. Mas este fogo não se deve apagar com o término do
Congresso e sim continuar uma vez por semana com estudos teóricos no
desenvolvimento das ideias. O Christo diz que "só a verdade nos fará livres". A
Verdade não é propriedade de ninguém e ninguém pode ter a pretenção de
prendê-la e possuí-la inteiramente. A Verdade está à parte e ao alcance de todos;
não há livro por mau que seja ou pareça ser, que não contenha algumas gotas da
Divina Verdade. Como todas as religiões, todas as doutrinas, conteem um fundo
de verdade, mais ou menos claro.
É no estudo da vida dos homens, da coletividade, das civilizações, que nós
podemos apreciar o quanto a humanidade terrestre tem evolucionado,
impulsionada por doutrinas e religiões várias, muito antes de serem codificadas
nos princípios básicos da doutrina espírita,.
Achando ser de grande utilidade este meu pedido, subscrevo-me
At.Amo. Crdo.
Exmas. Senhoras:
Meus Senhores:
1.°) A Federação Espírita de Umbanda não reconhecerá, por forma alguma, linhas
brancas nem linhas pretas; visto que isto significaria o seu desmembramento em
detrimento do esforço dispendido.
2.°) A Federação Espírita de Umbanda, reconhecendo que a condição sine qua
non para a codificação depende exclusivamente do seu ritual, providenciará
imediatamente afim de reunir os intelectuais e convidá-los a organizar o Ritual de
Umbanda através da colaboração dos babalaôs, oguns, cambonos e entendidos
na matéria.
3.°) A Federação Espírita de Umbanda, por força do seu objetivo, deverá apelar
para todos os centros, tendas e terreiros afim de que ela não periclite por questão
econômica.
4.°) A Federação Espírita de Umbanda, em bem da verdade e defesa da "Grande
Causa" deverá imediatamente organizar um grupo de oradores para falar
exclusivamente sobre Umbanda em todos os centros, tendas e terreiros afim de
não deixar emurchecer essa flor viçosa cujo perfume é a humildade intransigente
dos nossos pretos velhos queridos".
A diretoria do Centro Espírita Religioso São João Baptista, sito à rua Pernambuco
n. 154 — Engenho de Dentro — enviou à mesa do Congresso a seguinte moção:
1.° — Necessário se faz a manutenção do ponto cantado nos centros que adotam
a lei de Umbanda, para os fins de desenvolvimento mediúnico prático,
incorporação dos Guias nos médiuns e concentração dos desenvolvendos, visto
que o canto nada mais é do que um meio de concentração.
2.° — Necessário se faz a conservação da mesa nas sessões de Umbanda para
as correntes de desobcedação dos perturbados e de doutrina aos espíritos
desincarnados e incarnados.
3.° — Necessário se faz a Doutrina nos meios de Umbanda para a fiel instrução
de todos os seus adeptos, a qual deverá ser observada por todas as associações
co-irmãs que queiram federar-se, para a verdadeira vitória do vosso sublime ideal
da lei de Umbanda.
4.° — Necessário se faz a manutenção dos passes vibratórios coletivos aos
assistentes, ao terminarem as sessões, assim como as águas fluidificadas para o
devido conforto material.
5.° — Necessário se faz que em todas as sessões espíritas seja mantida a prece
falada na abertura e encerramento dos trabalhos, não só para uma verdadeira
compreensão dos assistentes, como também para que estes aprendam a suplicar
a Jesus por meio da oração.
À Comissão Organizadora do
1.° Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda
Rua General Câmara, 313 — 1.° andar.
Nesta.
Do irmão em "Umbanda"
(a) ALFREDO FAYAL
irmão em Christo
(a) DEOLINDO AMOREM
Secretário geral
DISCURSO DE ENCERRAMENTO
Pronunciado pelo 1° Secretário da Federação Espírita de Umbanda, Sr. Alfredo
António Rego, na reunião de 26 de Outubro de 1941
Srs.Congressistas:
Srs.Representantes das Autoridades:
Srs.Delegados das Associações presentes a esta magna Assembleia:
Exmas. Senhoras:
Meus Senhores:
Quando, no domingo passado, aqui nos reunimos pela primeira vez, para proceder
à instalação do 1.° Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, tínhamos
diante de nós uma tarefa tão grande, tão árdua, e difícil, que os nossos corações
como que descompassavam o seu ritmo habitual.
Defrontávamos, nessa ocasião, a responsabilidade que o destino nos colocou
sobre os ombros, de realizar algo de desconhecido para nós, algo que alguém
jamais realizara neste país, não tendo, por isso, em que nos apoiarmos, para levar
a cabo semelhante tarefa.
Realizar um Congresso de altas finalidades espirituais, como este, do qual deve
sair uma codificação nova, atualizada, do Espiritismo de Umbanda no Brasil, era,
srs. congressistas, o fantasma que no domingo passado defrontávamos, e que de
alguma forma nos atemorizava, ante as nossas fracas capacidades.
No decorrer dos nossos trabalhos, porém, nestes oito dias de sessões
consecutivas, uma nova afirmação daquela grande verdade se manifestou, plena
e amplamente, daquela verdade que nos ensina a confiar em Deus, fazendo de
nossa parte o melhor que pudermos. "Faze por ti, e eu te ajudarei" — disse Jesus
ao pobre homem que lhe pedia auxílio para a sua empresa.
E foi também o que fizemos. Dirigindo o nosso pensamento ao Mestre, no início
das nossas reuniões deste Congresso, recebemos dEle todo o auxílio necessário
para levar a cabo a nossa tarefa, que já agora se apresenta deveras insignificante.
Ocorre-nos à mente aquela parábola sublime, em que Jesus declarou aos
discípulos, que se eles tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda,
poderiam ordenar à montanha que se afastasse, que ela se afastaria. Foi
precisamente o que fizeram os responsáveis por este Congresso: côncios de suas
fracas forças, mas de sua grande fé, apelaram para Jesus, o Mestre e Chefe
Espiritual da Umbanda, recebendo dele tudo o mais por acréscimo, para o êxito
completo, absoluto, insofismável, deste 1.° Congresso Brasileiro do Espiritismo de
Umbanda .
Realmente, srs. Congressistas: que mais poderíamos desejar além da harmonia
em que decorreram todas as nossas assembléias, e do alto valor dos trabalhos
que aqui foram apresentados?
Tendo estabelecido como pontos fundamentais deste Congresso, a codificação da
História, Filosofia, Doutrina, Ritual, Mediunidade e Chefia Espiritual, temos hoje a
imensa satisfação de proclamar o pleno cumprimento do programa que nos
traçamos, o qual foi executado fiel e rigorosamente, durante as oito noites de
nossas reuniões.
Ainda é cedo para vos apresentarmos conclusões definitivas, pois que só nestes
próximos dias, uma semana talvez, poderemos estudar mais atentamente os
trabalhos apresentados, e as indicações feitas em plenário, extraindo, de uns e de
outras, a codificação daqueles pontos fundamentais.
Já podemos, porém, assegurar a todos os nossos irmãos em Jesus, espíritas ou
não, que o 1.° Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda, a ser encerrado
daqui a alguns minutos, realizou uma obra que há oito dias nos parecia
gigantesca, e da qual se irradiará uma nova era para o Espiritismo no Brasil.
Não desejamos fazer profecias; entretanto, tanto quanto a visão das coisas do
momento nos é possível desvendar, estamos de certo modo convencidos de que a
Umbanda ultrapassará em breve as fronteiras do Brasil, e se irradiará pêlos
demais países deste Continente, como uma nova luz a iluminar a conciência dos
nossos irmãos sul-americanos.
Porque Umbanda é, realmente, uma Luz Irradiante, como foi dito num dos
trabalhos apresentados a este Congresso, e assim sendo, sua ação se
processará, intensamente, onde quer que haja um espírito alquebrado ao peso de
suas faltas passadas. Esta luz se projetará em sua conciência, iluminando-a e
expulsando de lá as trevas de sua ignorância acerca das leis divinas que nos
regem, atraindo ao redíl do Mestre todas as ovelhas dispersas, sem distinção de
raça, de cor ou de nacionalidade.
Srs. Congressistas: satisfeitos nos sentimos em poder dizer-vos, e o
fazemos com o coração nas mãos, que todo o êxito deste Congresso, se deve em
grande parte, à simpatia que os nossos trabalhos lograram despertar em vós
desde o primeiro dia, e ao entusiasmo com que aqui vos mantivestes durante as
oito noites de nossas reuniões, animando-nos e encorajando-nos com o calor da
vossa fé nos nossos trabalhos; e de outra parte, ao apoio espiritual dos nossos
guias e instrutores invisíveis, cuja presença todos sentimos, noites após noites,
intuindo-nos, inspirando-nos, guiando-nos nas discussões, para que não
desperdiçássemos o nosso tempo inutilmente. Dando, porém, por encerrados
os nossos trabalhos, queremos elevar uma prece fervorosa ao nosso Grande
Chefe Espiritual, Jesus, e a Maria Santíssima, cujos eflúvios puríssimos nos
foram trazidos, e aqui espargidos pêlos seus enviados; a todos os Guias e Chefes
Espirituais de nossas tendas, pedindo-lhes que continuem a inspirar-nos, intuir-
nos e guiar-nos, para que possamos dar plena conclusão à tarefa que nos foi
confiada.
Que o Espiritismo de Umbanda possa, outrossim, iluminar todas as conciências,
inspirar, guiar e proteger as nossas autoridades na sua difícil missão de
preservadoras da Ordem e Progresso do Brasil, especialmente ao Exmo. Sr.
Presidente da República, Ministros de Estado, Membros do Poder Judiciário,
Chefe de Polícia, seus Auxiliares e todos os demais colaboradores da
Administração Pública, e bem assim às suas Exmas Famílias . Imploremos a
Jesus que assim seja!
CONCLUSÕES
Estudados e debatidos os trabalhos apresentados ao 1.° Congresso Brasileiro do
Espiritismo de Umbanda, e consideradas as indicações feitas em plenário, a
Federação Espírita de Umbanda extraiu as seguintes conclusões :