Entrevista - Avaliação de Futuros Professores Será Anual Com Prova Prática e 'Exame Mais Extenso'
Entrevista - Avaliação de Futuros Professores Será Anual Com Prova Prática e 'Exame Mais Extenso'
Entrevista - Avaliação de Futuros Professores Será Anual Com Prova Prática e 'Exame Mais Extenso'
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Brasil
Para impulsionar a aprendizagem no país, que ocupou as últimas posições do Pisa (a principal medição
de aprendizagem do mundo), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep) aposta em aprofundar a avaliação da formação inicial dos professores. Já a partir deste ano,
todos os estudantes das 17 licenciaturas serão avaliado no ano de formatura, com uma prova teórica e
outra prática, anuncia o presidente do Inep, Manuel Palacios, ao GLOBO.
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padrinhos
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O projeto Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de Licenciaturas começa este ano
com muitas mudanças. A primeira é que os formandos serão avaliados anualmente (até agora, era a
cada três anos, como nas outras profissões). Isso permitirá um acompanhamento mais adequado da
formação inicial. Além disso, teremos um exame mais extenso, com matrizes e testes para avaliar
também a formação como professor, focado em conhecimentos e habilidades docentes, não só nos
bacharelados, como acontece até então. E teremos dois componentes: uma prova teórica, com itens de
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dissertação e de múltipla escolha, e uma prática, do estágio docente na escola.
O roteiro está sendo elaborado pelas nossas comissões para cada uma das especialidades. A intenção é
que o professor supervisor do estágio seja o responsável, seguindo um roteiro que ainda não sabemos se
vai incluir ou não a observação de uma aula. Mas certamente está associado a um conjunto de
preocupações que compreende a capacidade do formando lidar com estudantes, de orientar, de ensinar,
de conduzir uma proposta pedagógica. Não é fazer um teste. Demanda observações ao longo de um
tempo. Da mesma maneira como quem está se formando em Medicina tem um preceptor na unidade de
saúde fazendo sua avaliação. A gente tem compromisso com a rede pública de educação básica e quer
que a formação do professor seja de cada vez melhor qualidade.
Não, nós estamos avaliando o curso para políticas públicas. Políticas de regulação, de financiamento.
E todos os estudantes de licenciatura já passarão por essa avaliação prática nesse ano?
Vamos começar esse ano, mas com pretensões ajustadas às possibilidades. São 300 mil estudantes
concluindo licenciaturas. Vamos começar com todos. Mas é muito provável que nessa primeira edição
não seja possível utilizar para todos, por exemplo, um roteiro de observação muito exigente. O mínimo
será a análise de como foi feito o estágio, durante quanto tempo, qual a avaliação que o estudante, a
instituição e a escola fazem. A complexidade da observação da prática é que precisa moderar, porque o
professor precisa ser formado para fazer isso. Você não consegue alcançar a escala nacional da noite
para o dia. Mas pode ter redes e instituições que tenham melhores condições já para colocar um
conjunto mais complexo de procedimentos.
A intenção é produzir informação sobre as instituições de ensino superior que atuam na formação de
professores. Queremos produzir dados para ter condições de avaliar considerando todo o conjunto de
trabalho desenvolvido. Assim, podemos descobrir quais são as que trabalham de forma mais relevante,
com melhores resultados, e avaliar tanto os cursos individualmente, quanto também a área de formação
de professores nas instituições de ensino superior.
Estamos trabalhando com a Secretaria de Educação Básica (SEB) para fazer uma pesquisa de padrões de
desempenho para o 5º e 9º do ensino fundamental e o final do ensino médio, assim como fizemos para a
alfabetização, para saber qual é o desempenho desejável do estudante brasileiro. Ou seja, daquelas
habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), qual o grau de complexidade que se espera
que sejam desenvolvidas. Há procedimentos para determinar nas nossas escalas de desempenho qual é
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a pontuação correspondente a quem alcançou esse objetivo.
Essas referências são antigas, de 2001, e a Base Nacional Comum Curricular foi uma construção
posterior (de 2017). Temos uma proposta inicial de matrizes curriculares, mas estamos fazendo uma
discussão. O desenho dos testes também será atualizado. Tem muito tempo que o padrão do Saeb está
no mesmo formato. A ideia é que a gente consiga trazer algumas inovações.
Que inovações?
Para dar um exemplo mais claro, podemos citar a avaliação da leitura. Há uma tendência
contemporânea de entender que uma criança concluindo o ensino fundamental seja solicitada, ao fazer
um teste de leitura, a ler textos um pouco mais extensos, e se depare com questões que lidem com
diferentes aspectos desse texto. Os nossos testes ainda trabalham com fragmentos. Em cada item, o
aluno lida com um pedaço de texto.
Criamos uma comissão interna para discutir o Ideb. Ela será formada por assessores especialistas em
indicadores educacionais, estudiosos do uso do índice ao longo destes anos. E não será apenas o Ideb
que será discutido. Como principal indicador de desenvolvimento da educação brasileira, ele deve ser
acompanhado de outros, que lidem com os temas da equidade. Essa cesta de indicadores serviria para
contextualizar o Ideb e tratar da desigualdade observada sobre as oportunidades educacionais no país
entre brancos e negros, regiões, níveis de renda, escolas.
A última edição do Enem teve imagens do caderno de questões circulando antes do fim da
aplicação da prova. Que medidas o Inep tomará?
O que aconteceu foram situações em que participantes, infringindo as normas de aplicação, saíram mais
cedo, fotografaram o teste e divulgaram. A Polícia Federal abriu inquérito e até mesmo chegou a pessoas
responsáveis por isso. O caminho é esse mesmo: apurar, responsabilizar, identificar problemas de
logística e capacitação que tem dado margem a essa situação.