Amendoa Producaov5.Compressed 2
Amendoa Producaov5.Compressed 2
Amendoa Producaov5.Compressed 2
Ângelo Rodrigues
Coordenador Científico
MANUAL TÉCNICO
AMENDOEIRA:
ESTADO DA PRODUÇÃO
Maio 2017
EDITOR CNCFS
Projeto “Portugal Nuts” Norte-02-0853-FEDER-000004
Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos
FICHA TÉCNICA
Título: Amendoeira: Estado da Produção
Coordenador Científico: M. Ângelo Rodrigues
Capa: CNCFS
Tiragem:
Impressão:
ISBN: 978-989-99857-9-7
AUTORES
Carlos AGUIAR
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
Margarida ARROBAS
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
Arlindo ALMEIDA
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
Albino BENTO
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
Nuno RODRIGUES
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
M. Ângelo RODRIGUES
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
Sónia A. P. SANTOS
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
Valentim COELHO
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança,
Campus de Stª Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal.
Luísa MOURA
Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana de
Castelo, Refóios do Lima, 4990-706 Ponte de Lima
Índice
Índice de Quadros ......................................................................... 1
Índice de Figuras ........................................................................... 3
Figura 1.1 - Relações de parentesco entre as espécies cultivadas e
indígenas mais importantes de Portugal. Constituem cada um dos
subgéneros e secções muito mais espécies do que as citadas na
figura. Adaptado de Shi et al. (2013).......................................5 ........ 3
Figura 1.2 - Amendoeiras cultivadas nos vales de ombroclima seco
da Terra Quente transmontana............................................9........... 3
Capítulo 1 - Sistemática, domesticação, morfologia e hábitos de
frutificação .................................................................................... 1
1.1. Taxonomia e nomenclatura .................................................... 1
1.2. Compatibilidade das enxertias e hibridação ........................ 5
1.3. Origem e domesticação ...................................................... 8
1.3.1. O porquê da domesticação da amendoeira .................... 8
1.3.2. Centro de origem e ancestralidade ............................... 11
1.3.3. Evolução da amendoeira sob domesticação ................. 15
1.3.4. Síndrome de domesticação ........................................... 20
1.4. Morfologia ....................................................................... 21
1.4.1. Raiz, porte e ramos ........................................................ 21
1.4.2. A folha............................................................................ 22
1.4.3. A flor .............................................................................. 23
1.4.4. Fruto e semente ............................................................ 27
1.5. Meristemas e gomos ........................................................ 29
1.6. Órgãos e hábito de frutificação ......................................... 33
1.7. Referências Bibliográficas ................................................. 38
Capítulo 2 - Fenologia, dormência e biologia da reprodução ........ 42
2.1. Fenologia.......................................................................... 42
2.1.1. Estádios fenológicos da amendoeira ............................. 42
2.1.2. Ciclo fenológico da amendoeira .................................... 47
2.2. Dormência dos gomos ...................................................... 51
2.3. Crescimento vegetativo .................................................... 62
2.4. Biologia da reprodução..................................................... 65
2.4.1. Juvenilidade ................................................................... 65
2.4.2. Iniciação e diferenciação floral ...................................... 66
2.4.3. Alternância..................................................................... 70
2.4.4. Floração e polinização ................................................... 72
2.4.4.1. Floração............................................................................ 72
2.4.4.2. Dificuldades da polinização da amendoeira..................... 74
2.4.4.3. A atividade das abelhas.................................................... 78
2.4.4.4. Sistemas de auto-incompatibilidade. Consociações de
variedades auto-incompatíveis ..................................................... 82
2.4.4.5. Uso de cultivares autocompatíveis .................................. 87
2.4.5. Germinação do tubo polínico e fecundação .................. 88
2.4.6. Vingamento, desenvolvimento do fruto e maturação .. 90
2.5. Referências bibliográficas ................................................. 93
Capítulo 3 - Adaptação ecológica ................................................. 98
3.1. O amendoal no mundo e em Portugal............................... 98
3.2. Preferências climáticas e edáficas da amendoeira .......... 105
3.2.1. Clima ............................................................................ 105
3.2.2. Solos ............................................................................ 109
3.2.2.1. Textura ........................................................................... 111
3.2.2.2. Profundidade efetiva do solo ......................................... 114
3.2.2.3. Porosidade ..................................................................... 115
3.2.2.4. Matéria orgânica ............................................................ 117
3.2.2.5. Capacidade de troca catiónica ....................................... 119
3.2.2.6. Reação do solo ............................................................... 120
3.3. Referências Bibliográficas ............................................... 124
Capítulo 4 - Instalação da cultura............................................... 127
4.1. Introdução ...................................................................... 127
4.2. Preparação prévia de terreno ......................................... 127
4.3. Desenho da plantação .................................................... 131
4.4. Execução da plantação ................................................... 134
4.5. Referências Bibliográficas ............................................... 139
Capítulo 5 - Porta-enxertos e variedades de amendoeira ........... 140
5.1. Introdução .......................................................................... 140
5.2. Porta-enxertos mais utilizados na amendoeira ............... 142
5.2.1. Porta-enxerto: Francos de amendoeira ....................... 145
5.2.2. Porta-enxerto: Francos de pessegueiro ....................... 147
5.2.3. Porta-enxerto: Clonais de ameixeira ........................... 149
5.2.4. Porta-enxerto: Híbridos interespecíficos ..................... 149
5.2.4.1 Porta-enxerto híbridos: pessegueiro x amendoeira ........ 150
5.2.4.2. Porta-enxerto híbridos: pessegueirox ameixeira ........... 154
5.3. Variedades de amendoeira mais utilizadas ..................... 157
5.3.1. Fatores a considerar na seleção das variedades.......... 159
5.3.2. Caraterização sumária das principais variedades ........ 166
5.4. Bibliografia ..................................................................... 177
Anexos ...................................................................................... 181
Capítulo 6 - Manutenção do solo ............................................... 185
6.1. Introdução ...................................................................... 185
6.2. Mobilização do solo ........................................................ 187
6.3. Utilização de herbicidas .................................................. 194
6.4. Cobertos vegetais ........................................................... 205
6.4.1. Cobertos de vegetação natural.................................... 207
6.4.2. Cobertos vegetais semeados ....................................... 210
6.4.3. Cobertos de leguminosas anuais de ressementeira
natural ................................................................................... 213
6.5. Sistemas mistos de gestão do solo .................................. 215
6.6. Adequação do coberto vegetal às características do pomar
............................................................................................. 217
6.6.1. Pomares de regadio ..................................................... 218
6.6.2. Pomares de sequeiro ................................................... 219
6.7 Amendoais em modo biológico ........................................ 223
6.8. Referências Bibliográficas ................................................... 226
Capítulo 7 – Fertilização ............................................................ 232
7.1. Introdução ...................................................................... 232
7.2. Nutrientes essenciais ...................................................... 233
7.3. Diagnóstico da fertilidade do solo e do estado nutricional
das culturas ........................................................................... 243
7.3.1. Análise de terras .......................................................... 244
7.3.2. Análise de tecidos vegetais .......................................... 248
7.4. Fertilização do amendoal................................................ 253
7.4.1. Fertilização à instalação e em amendoal jovem ........... 254
7.4.2. Fertilização em amendoal adulto ................................ 258
7.4.2.1. Estabelecimento da dose ............................................... 259
7.4.2.2. Momento da aplicação .................................................. 261
7.4.2.3. Localização dos fertilizantes........................................... 264
7.4.2.4. Adubação foliar .............................................................. 266
7.4.2.5. Fertirrigação ................................................................... 268
7.5. Referências Bibliográficas ................................................... 271
Capítulo 8 - Sistemas de condução e poda ................................. 275
8.1. Introdução ...................................................................... 275
8.2. Aspetos morfológicos ..................................................... 277
8.3. Sistemas de condução ..................................................... 280
8.4. A poda ............................................................................ 286
8.4.1. Época de poda ............................................................. 288
8.4.3. Poda de formação........................................................ 290
8.4.4. Poda de frutificação ..................................................... 294
8.4.5. Poda de rejuvenescimento .......................................... 296
8.5. Intensidade da poda ....................................................... 297
8.6. Poda mecânica ............................................................... 299
8.7. Referências Bibliográficas ............................................... 301
Capítulo 9 - Rega ....................................................................... 303
9.1 Introdução ....................................................................... 303
9.2 Necessidades hídricas do amendoal ................................. 304
9.2.1. Evapotranspiração de referência ................................. 305
9.2.2. Coeficientes culturais .................................................. 307
9.3. Balanço hídrico do solo e necessidades de rega .............. 311
9.3.1. Água disponível total no solo ...................................... 312
9.3.2 Água facilmente disponível na zona radicular .............. 313
9.3.3. Necessidades de rega .................................................. 315
9.4. Programação da rega ..................................................... 320
9.4.1. Monitorização do teor de água no solo ....................... 321
9.4.2. Monitorização do potencial de água no solo............... 324
9.4.3. Monitorização do estado hídrico da planta ................. 327
9.5. Resposta da amendoeira ao stresse hídrico .................... 331
9.6. Rega deficitária .............................................................. 335
9.7. Método de rega .............................................................. 338
Capítulo 10 - Pragas ................................................................... 346
10.1. Introdução .................................................................... 346
10.2. Monosteira unicostata (Mulsant & Rey, 1852) –
Monosteira ........................................................................... 351
10.3. Anarsia lineatella Zeller ................................................ 359
10.4. Grapholita molesta (Busck, 1916) ................................. 363
10.5. Capnodis tenebrionis (L.) – Carocho-negro (adultos) ou
cabeça-de-prego (larvas) ....................................................... 368
10.6. Ácaros tetraniquídeos ................................................... 371
10.7. Afídeos ......................................................................... 376
10.8. Zeuzera pyrina L. – Zeuzera ........................................... 379
10.9. Cossus cossus L ............................................................. 382
10.10. Referências Bibliográficas ........................................... 385
Capítulo 11 – Doenças ............................................................... 388
11.1. Introdução .................................................................... 388
11.2. Doenças dos ramos e troncos ........................................ 389
11.2.1. Cancro-da-Amendoeira ............................................. 390
11.2.1.1. Sintomas do Cancro-da-Amendoeira ........................... 393
11.2.1.2. Epidemiologia da doença ............................................. 396
11.2.1.3. Tratamentos preventivos: químicos e culturais ........... 397
11.2.2. Cancro-Cytospora (Gomose)...................................... 399
11.2.2.1. Sintomas ...................................................................... 401
11.2.2.2. Epidemiologia da doença ............................................. 403
11.2.2.3. Medidas de luta culturais e preventivas ...................... 404
11.2.3. Doença-do-Chumbo................................................... 405
11.2.3.1. Sintomas ...................................................................... 406
11.2.3.2. Epidemiologia da doença ............................................. 407
11.2.3.3. Medidas de luta culturais e preventivas ...................... 408
11.3. Doenças do lenho ......................................................... 409
11.3.1. Cancro em Banda - Complexo de espécies
Botryosphaeriaceae ............................................................... 409
11.3.1.1. Sintomas do Cancro em Banda .................................... 410
11.3.1.2. Epidemiologia da doença e meios de luta culturais ..... 412
11.3.2. Doenças da madeira - Espécies do Filo Basidiomycota
............................................................................................... 413
11.4. Doenças das folhas, flores, frutos e ramos jovens da
amendoeira ........................................................................... 416
11.4.1. Crivado ....................................................................... 418
11.4.1.1. Sintomatologia ............................................................. 418
11.4.1.2. Epidemiologia .............................................................. 420
11.4.1.3. Fatores de risco ............................................................ 421
11.4.1.4. Medidas de luta ........................................................... 421
11.4.2. Moniliose ................................................................... 422
11.4.2.1. Sintomatologia ............................................................. 423
11.4.2.2. Epidemiologia .............................................................. 423
11.4.2.3. Fatores de risco ............................................................ 424
11.4.2.4. Medidas de luta ........................................................... 424
11.4.3. Mancha Ocre ............................................................. 425
11.4.3.1. Sintomatologia ............................................................. 426
11.4.3.2. Epidemiologia .............................................................. 426
11.4.3.3. Fatores de risco ............................................................ 427
11.4.3.4. Medidas de luta ........................................................... 427
11.4.4. Lepra-da-Amendoeira ................................................ 428
11.3.4.1. Sintomatologia ............................................................. 428
11.4.4.2. Epidemiologia .............................................................. 429
11.4.4.3. Fatores de risco ............................................................ 430
11.4.4.4. Medidas de luta ........................................................... 430
11.5. Doenças associadas a bactérias em amendoeira ........... 431
11.5.1. Doença-do-Cancro-Bacteriano .................................. 431
11.5.1.1. Sintomas e epidemiologia ............................................ 432
11.5.1.2. Meios de luta ............................................................... 435
11.5.2. Doença da Mancha Bacteriana .................................. 435
11.5.2.1. Sintomatologia ............................................................. 436
11.5.2.2. Epidemiologia .............................................................. 439
11.5.2.3. Prevenção e meios de luta ........................................... 441
11.5.3. Xilella fastidiosa (almond leaf scorch –ALS) ............... 442
11.5.3.1. Hospedeiros ................................................................. 443
11.5.3.2. Sintomas ...................................................................... 444
11.5.3.3. Suscetibilidade das cultivares ...................................... 447
11.5.3.4. Epidemiologia .............................................................. 447
11.5.3.5. Meios de luta ............................................................... 449
11.6. Bibliografia ................................................................... 451
Capítulo 12 - Colheita ................................................................ 464
12.1. Introdução .................................................................... 464
12.2. Destaque dos frutos ...................................................... 464
12.3. Recolha dos frutos ........................................................ 467
12.4. Descasque e secagem ................................................... 472
12.5. Outros sistemas de colheita .......................................... 473
12.6. Nota final ..................................................................... 474
12.7. Referências Bibliográficas ............................................. 475
Índice de Quadros
1
e científicos não é preciso citar repetidamente as autorias dos
nomes científicos – “(Miller) Webb” na amendoeira. Uma única
vez, logo nas primeiras páginas é suficiente. Desde que se
entenda sem equívocos, o nome genérico pode ser abreviado à
primeira letra ficando, neste caso, P. dulcis.
Quadro 1.3 - Taxonomia da amendoeira. Baseado em Chase & Reveal (2009) e Shi et
al. (2013)
2
Um nome, qualquer que ele seja, é muito mais do que uma palavra
ou um conjunto de palavras – “árvore”, “fruto” ou P. dulcis são
formas sintéticas de expressar conceitos. Dito de um outro modo,
P. dulcis, ou a palavra “amendoeira”, são formas abreviadas de
designar uma espécie de árvore caracterizada por um conjunto
alargado de propriedades adiante resumidas. O nome P. dulcis
diz-nos ainda que a amendoeira é aparentada (evolutivamente
próxima) com todas as outras espécies do género Prunus, como a
cerejeira (P. avium), o pessegueiro (P. persica), o damasqueiro (P.
armeniaca), e as várias espécies e os muitos híbridos cultivados e
silvestres de ameixeiras e abrunhos.
3
maior a sua semelhança morfológica. O género Prunus divide-se
em três subgéneros e cada subgénero em várias secções (Figura
1.1). Comparando, por exemplo, os subgéneros Prunus (ex.
amendoeira e pessegueiro) e Cerasus (ex. cerejeira e ginjeira),
constata-se que as plantas do primeiro grupo têm,
frequentemente, mais de um gomo na axila das folhas (gomos
colaterais, Caixa 2), enquanto que as plantas do segundo têm
apenas um gomo axilar. Sem entrar em grandes detalhes, a
semelhanças morfológicas da amendoeira e do pessegueiro são
óbvias, e ainda maiores entre a cerejeira e a ginjeira.
4
Figura 1.1 - Relações de parentesco entre as espécies cultivadas e indígenas mais
importantes de Portugal. Constituem cada um dos subgéneros e secções muito mais
espécies do que as citadas na figura. Adaptado de Shi et al. (2013)
5
quando são capazes de estabelecer uma ligação sólida e
duradoura. Nas enxertias compatíveis, a união entre o enxerto e o
porta-enxerto viabiliza um transporte eficiente de água, nutrientes
minerais, fotoassimilados e hormonas entre os dois biontes. Há
uma continuidade vascular perfeita. Nas enxertias incompatíveis,
as plantas têm um aspeto pouco saudável, crescem pouco,
frequentemente a folhagem é amarelada, a folha cai cedo no
outono, são pouco longevas e quebram facilmente pelas enxertias.
Muitas vezes o enxerto e o porta-enxerto não têm o mesmo
diâmetro e/ou desenvolve-se uma intumescência acima ou abaixo
do ponto de enxertia. As conexões dos tecidos vasculares (que
transportam a seiva no interior da planta) são irregulares.
6
A compatibilidade com o pessegueiro e com híbridos de
pessegueiro x amendoeira ou de mirabolano (P. cerasifera) x
pessegueiro é elevada. De facto, alguns dos porta-enxertos de
amendoeira com mais sucesso comercial são híbridos de
pessegueiro e amendoeira. Ainda assim, em certas combinações
de cultivares de amendoeira com cavalos de pessegueiro forma-
se uma intumescência região de contacto do enxerto. Os híbridos
de pessegueiro x amendoeira são muito vigorosos (vigor híbrido)
por isso parte do tronco correspondente ao cavalo tem tendência
a desenvolver maiores diâmetros do que a parte correspondente
à amendoeira. Algumas cultivares de amendoeira são
incompatíveis com cavalos de ‘Mariana 2624’, um híbrido de
mirabolano x P. rivularis. O sucesso dos enxertos sobre
ameixeiras (japonesas e europeias) é variável não sendo o seu
uso como porta-enxerto recomendado. A enxertia de amendoeira
em damasqueiro é inviável, assim como as enxertias sobre
cerejeira e espécies afins. Em contrapartida, um pé de
pessegueiro pode ter ramos a produzir amêndoas, damascos,
ameixas-europeias, ameixas-japonesas e pêssegos.
7
pretende-se, entre outros objetivos, obter árvores mais produtivas,
com boas características comerciais da amêndoa, resistentes a
determinadas doenças, com datas tardias de floração ou, muito
importante, auto-compatíveis. Curiosamente, os melhores
resultados estão a ser conseguidos em cruzamentos controlados
com espécies da secção Persica (Gradziel, 2009). Infelizmente,
tem-se revelado difícil conciliar datas muito tardias de floração com
vantagens a nível produtivo.
8
regiões de clima seco a semi-árido, com chuvas concentradas na
estação fria (de clima mediterrânico) (Figura 1.2).
Figura 1.2 - Amendoeiras cultivadas nos vales de ombroclima seco da Terra Quente
transmontana
10
fácil de transportar, características que se devem, em grande
medida, à riqueza em óleo da amêndoa que ultrapassa, em muitas
cultivares, os 50% do peso fresco (Yada et al., 2011). O consumo
moderado de amêndoa suprime a fome (Gradziel, 2011). Por outro
lado, a propagação amendoeira por semente é um processo
cómodo e eficiente em sistemas extensivos em solos pobres. Os
propágulos (ex. estacas e borbulhas) são bem mais difíceis de
manipular e transportar, e permanecem viáveis durante pouco
tempo. Por fim, o mesocarpo e as folhas da amendoeira podem
ser usado com proveito na alimentação de herbívoros domésticos
no final do verão, um período de grande penúria alimentar.
12
A amendoeira era cultivada há pelo menos 11.000 anos no
Crescente Fértil, no final da última glaciação (Willcox et al., 2008).
A amendoeira foi uma das primeiras árvores de fruto a ser
domesticada. Provavelmente fez parte do pacote inicial de plantas
cultivadas pelos primeiros agricultores. De acordo com a hipótese
do levante, a amendoeira descende de populações selvagens de
amendoeira (P. dulcis) supostamente nativas, semelhantes às
formas domesticadas, que ainda hoje se encontram dispersas pelo
SW da Ásia, Ásia central e SE da Europa (Zohary et al., 2012).
Entretanto, foi sugerido que estas populações são constituídas por
indivíduos ferais (Gradziel, 2011). Por outras palavras, terão
origem no mesmo stock genético de onde evoluiu, por seleção
artificial, a amendoeira.
13
resultados de Zeinalabedini et al. (2009), o seu centro origem
localiza-se, provavelmente, no interior da área de distribuição da
P. fenzliana ou em regiões vizinhas, no norte ou um pouco a norte
do Crescente Fértil.
Figura 1.3 - Folha e fruto de Prunus fenzliana, o ancestral putativo da amendoeira (P.
dulcis). As semelhanças com a amendoeira são notáveis. (Cortesia de Kristof
Zyskowski e Yulia Bereshpolova.)
14
cultivares de amendoeira do norte da bacia mediterrânica (Socias
i Company, 2002). A hipotética evolução híbrida da amendoeira é
similar, por exemplo, à da macieira, na sua longa viagem desde as
montanhas do sudoeste do Cazaquistão até à Europa (Cornille et
al., 2012).
15
produtividade, mantendo as plantas características próximas dos
seus ancestrais mais diretos.
16
floração (final de janeiro-início de fevereiro) e maturação (em
agosto) precoces. Florescem e têm as sementes prontas a colher
cerca de um mês antes das cultivares hoje mais utilizadas nos
amendoais comerciais.
17
mediterrânico. No século XX, a Califórnia tornou-se no maior
produtor mundial graças à disponibilidade de terra, boa
organização comercial, solos profundos bem drenados, sistemas
de rega, desenvolvimento de sistemas de colheita mecânicos e um
clima excepcional, com um verão seco e prolongado (clima
mediterrânico).
18
campo, nascidos de semente na vizinhança das plantas-mãe. A
enxertia da amendoeira é uma prática recente, de poucos séculos
na Península Ibérica (Grassely, 2005).
19
1.3.4. Síndrome de domesticação
1.4. Morfologia
21
nos indivíduos multiplicados por semente (Blanca & Díaz de la
Guardia, 1988). As cultivares comerciais são inermes, i.e., não têm
espinhos. A conhecida resistência da amendoeira à secura deve-
se à extensão e à profundidade atingida pelo seu sistema
radicular.
1.4.2. A folha
22
Figura 1.4 - Folhas de amendoeira inseridas em ramalhetes de maio com um ano
idade, ainda sem flores
1.4.3. A flor
23
pétalas são brancas a rosadas, com um contorno largamente
obovado (em forma de ovo ao contrário) a quase circular (sub-
orbiculares), e uma curta unha na base, com uma cor mais escura
do que o limbo das pétalas. Por dentro das pétalas contam-se 20
a 40 estames, por norma, 30-33 estames. Consoante a cultivar, as
flores variam no tamanho, forma e cor das pétalas, número de
estames e na proporção entre o comprimento do filete e da antera
(Gradziel, 2009).
Figura 1.5 - Estrutura da flor das prunóideas. Flor de cerejeira (Aguiar, 2017)
24
interna do hipanto segregam grandes quantidades de néctar, que
se acumula no fundo desta estrutura.
Figura 1.6 - Flores de amendoeira. Reparar nos catáfilos na base da flor, no hipanto,
no cálice de sépalas avermelhadas e nas pétalas róseas. Comparar com a Figura 1.5.
25
Caixa 1.1. Estrutura da flor
As flores ditas completas têm cálice, corola, androceu e gineceu (Figuras 1.5, 1.6 e 1.7).
O cálice é constituído pelas sépalas, a corola pelas pétalas, o androceu pelos estames
e o gineceu por capelos. Todas as peças da flor são folhas modificadas. O conjunto das
peças sem função reprodutiva – o cálice mais a corola – designa-se por perianto. As
peças da flor inserem-se num caule de entrenós muito curtos chamado recetáculo.
O cálice está localizado na base da flor. As sépalas normalmente têm uma consistência
herbácea e cor esverdeada. Desempenham duas importantes funções – proteger peças
mais interiores da flor no botão floral e produzir fotoassimilados (fazer fotossíntese) para
serem consumidos pela flor em desenvolvimento.
A corola situa-se entre o cálice e o androceu. As pétalas geralmente alternam com as
sépalas. Nas plantas polinizadas por insetos, as pétalas têm a função de atrair animais
polinizadores sendo, por isso, maiores e mais delicadas e coloridas do que as sépalas.
A cor das pétalas depende da concentração e do tipo de pigmentos que acumulam nas
suas células. As pétalas são livres (individualizadas) na corola dialipétala (ex.
amendoeira) e unidas umas às outas na corola simpétala (ex. medronheiro). Nas pétalas
das corolas dialipétalas reconhece-se uma unha e um limbo. A unha corresponde à parte
inferior, mais estreita e por vezes descorada, por onde se faz a inserção da pétala no
receptáculo.
Os estames são os órgãos masculinos das plantas. Os estames produzem pólen,
secundariamente podem atrair polinizadores. Os estames são constituídos por: filete –
parte estéril dos estames, normalmente filamentosa, que sustem a antera; antera – parte
dos estames onde se forma e está contido o pólen. O basculamento da antera na
inserção do filete facilita a libertação e a dispersão do pólen. Cada antera contém quatro
sacos polínicos.
O pólen contém no seu interior dois gâmetas masculinos. A parede do pólen tem por
função proteger os gâmetas da dessecação e da radiação solar, no percurso desde a
antera até ao estigma.
A parte feminina da flor, o gineceu, situa-se no ápice do receptáculo, na região mais
interna da flor, imediatamente acima do androceu. O gineceu é constituído por carpelos.
Os carpelos, por sua vez, solitários ou soldados uns nos outros, surgem organizados
numa estrutura designada por pistilo. No pistilo reconhecem-se três partes – ovários,
estilete e estigma. O ovário é a parte mais alargada do pistilo e contém no seu interior
os primórdios seminais. O estilete liga o ovário ao estigma. O estigma captura os grãos
de pólen no momento da polinização.
26
estigma ao mesmo nível das anteras aumenta a probabilidade da
flor ser polinizada com o próprio pólen.
Figura 1.7 - Gravura histórica de amendoeira (Thomé, 1886). Legenda: A) ramo misto
na floração; B) ramo misto na frutificação (reparar na deiscência do fruto pela sutura
carpelar); 1) flor (reparar no pistilo inserido na base do hipanto); 2) pistilo com ovário
estilete e estigma; 3) amêndoa em casca; 4) corte longitudinal de uma amêndoa em
casca sendo visível o endocarpo (caroço) a envolver a semente (amêndoa); 5)
amêndoa depois de removido o tegumento.
28
delgada, dois cotilédones e não possui endosperma. Para retirar a
semente é preciso quebrar o endocarpo portanto, por definição, o
fruto da amendoeira é indeiscente (não liberta a semente para o
exterior).
30
As células meristemáticas são demasiado frágeis para contatar
diretamente com o exterior na planta. Os meristemas caulinares
(do caule) estão, por isso, resguardados por várias camadas de
folhas mais ou menos modificadas, que vão de simples esboços
folheares (folhas muito simplificadas), a folhas de proteção
especializadas, rijas e em forma de escama, conhecidas por
catafilos. Este revestimento protetivo é muito flexível, tanto
acomoda meristemas inativos como protege células
meristemáticas em divisão celular que numa estação de
crescimento produzem mais de um metro de caule com dezenas
de folhas.
31
Caixa 2. Classificação dos gomos da amendoeira
Quanto à natureza
Folheares (= vegetativos) – Dão origem a caules (sem flores).
Florais (= botões) – Produzem flores.
Quanto à posição
Terminais (= apicais) – Localizados na extremidade dos eixos caulinares; abrigam, no
seu interior, meristemas apicais.
Axilares (= laterais) – Formados na axila das folhas, portanto localizados abaixo de um
gomo terminal; acolhem, no seu interior um ou mais meristemas axilares (= meristemas
laterais).
Adventícios – Formados numa posição atípica, sem relação com a extremidade dos
eixos caulinares ou a axila das folhas; contêm meristemas adventícios.
Quanto à evolução
Prontos – Evoluem na mesma estação de crescimento em que são formados.
Hibernantes – Abrolham no ano seguinte à sua formação.
Dormentes – Gomos axilares ou terminais, que permanecem num estado de vida
latente durante dois ou mais anos, podendo nunca abrolhar.
Quanto à disposição
Colaterais - 2 ou mais gomos por nó, uns ao lado dos outros.
Figura 1.9 - Pormenor de um ramo misto onde se identificam gomos axilares foliares
(mais pontiagudos), dois nós com gomos colaterais (um floral e outro foliar) e um gomo
floral com duas flores.
34
Figura 1.10 - Ramalhete de maio de amendoeira
35
Foram definidos três hábitos de frutificação básicos na amendoeira
(Gülcan, 1985): classe 1, maioria das flores em ramos de um ano
(ramos mistos e chifonas); classe 2, maioria das flores em
ramalhete de maio; classe 3, cultivares intermédias. Uma árvore
que frutifique em ramalhetes de maio tem, na floração, os ramos
vestidos de flores até ao interior da copa. As cultivares que
investem em ramos mistos e chifonas florescem no exterior da
copa. A poda destas últimas plantas é mais exigente.
Os ramalhetes de maio produzem a maior parte das flores nas
amendoeiras adultas e bem conduzidas das cultivares mais
relevantes. A idade e a poda têm um efeito muito marcado nos
hábitos de frutificação. Com a idade as árvores têm tendência a
frutificar cada vez mais em ramalhetes de maio. Podas intensas
de frutificação, como as que ciclicamente se praticam no amendoal
tradicional, forçam a emissão de ladrões a partir de complexos
gomos dormentes e/ou adventícios. Os ladrões têm tendência a
crescer eretos e a acumular-se no centro dos vasos, ensombrando
os ramos férteis previamente existentes. Muitos dos ramalhetes de
maio que escaparam à poda morrem pelo efeito da sombra ou
convertem-se em chifonas adiando um ano a produção de flor. Na
segunda estação de crescimento após a poda, consoante o vigor
da planta, são emitidos a partir dos ramos ladrões, e em grande
número, ramos mistos e/ou chifonas que florescem
abundantemente no terceiro ano. Em contrapartida, a floração é
deprimida nas duas estações de crescimento após a poda. No
quarto ano a floração perde exuberância, razão pela qual em
36
algumas regiões do país se podava, violentamente, de 3 em 3
anos. Suspensa este sistema de poda, os ramalhetes de maio
voltam a recuperar a importância perdida.
Aparentemente, muitas das cultivares tradicionais portuguesas
produzem em ramos mistos ou chifonas. Em muitos casos, porém,
a escassez de ramalhetes de maio talvez seja um artifício causado
pelos sistemas de poda tradicionais, hoje em dia sem qualquer
suporte técnico e científico. A alternância da produção do
amendoal tradicional tem a mesma origem.
A carga de flores deprime menos a dimensão da semente na
amendoeira, do que o fruto no pessegueiro e noutras espécies
cultivadas pelos seus frutos carnudos. No amendoal valoriza-se a
produção total e não a dimensão dos frutos, por isso, e embora a
amendoeira seja geneticamente próxima e tenha órgãos de
frutificação similares aos do pessegueiro, não pode ser podada
com a mesma intensidade. Nos amendoais comerciais,
ultrapassada a fase da formação, as plantas devem crescer
livremente com pouca poda. Construído o esqueleto da árvore, a
preocupação do agricultor deve centrar-se na gestão dos ramos
erectos (incluindo ladrões), e dos ramos doentes e mal inseridos;
a frutificação faz o resto. A emissão de ramos mistos em resposta
ao estímulo da poda de modo algum compensa as perdas de
produção resultantes da remoção de madeira velha adornada com
ramalhetes de maio.
37
1.7. Referências Bibliográficas
38
Delplancke, M.; Alvarez, N.; Espíndola, A.; Joly, H.; Benoit, L.;
Brouck, E. e Arrigo, N.. (2012). Gene flow among wild and
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Integrative Plant Biology 55, 1069-1079.
41
Capítulo 2 - Fenologia, dormência e biologia da reprodução
Carlos Aguiar
2.1. Fenologia
42
grande utilidade prática. Podem ser usados, por exemplo, para
comparar as datas de floração entre cultivares, para avaliar a
compatibilidade entre cultivares base e cultivares polinizadoras,
para definir datas de aplicação de pesticidas (calendários de
tratamento), ou em estudos de alterações climáticas.
43
tentativa mais bem sucedida de normalização dos estádios
fenológicos das plantas-com-flor. A BBCH serve-se de um sistema
decimal de codificação dos estádios fenológicos principais, sendo
estes numerados de 0 a 9:
• 0 – abrolhamento;
• 6 – floração;
• 7 – desenvolvimento do fruto;
• 9 – início da dormência.
44
o agricultor interessa avaliar os estádios fenológicos ao
nível da parcela e por cultivar;
45
Figura 2.1 - Estádios fenológicos da amendoeira (Felipe, 1977)
46
2.1.2. Ciclo fenológico da amendoeira
47
escalonamento da floração é ainda mais longo se na parcela
coexistirem variedades temporãs e tardias. Um fenómeno similar
acontece com os restantes estádios fenológicos embora
raramente com a mesma intensidade. Voltaremos a estes temas
mais adiante.
48
Figura 2.2 - Esporões e chifona de amendoeira com os gomos florais no estádio de
cálices visíveis (ponta verde) (estádio C, ver Quadro 2.1).Reparar que os gomos
foliares (apenas um na extremidade dos quatro ramos férteis visíveis na foto) estão a
iniciar o abrolhamento.
49
Figura 2.3 - Estádio J, fruto desenvolvido em amendoeira (ver Quadro 2.1).
50
2.2. Dormência dos gomos
Paradormência (= ectodormência)
Estádio inicial da dormência induzido por fatores fisiológicos externos à estrutura
dormente (ex. inibidores hormonais produzidos nas folhas ou nos gomos apicais).
Geralmente pode ser ultrapassada através da eliminação de folhas, gomos ou da
exposição a condições ambientais extremas (ex. falta e água no solo). A
amendoeira entra em paradormência no final do verão-início do outono.
Endodormência (= dormência inata)
Suspensão do crescimento por fatores fisiológicos internos à estrutura dormente
(ex. reprogramação da expressão génica e de vias metabólicas). A endodormência
sucede a paradormência. Ao contrário da paradormência, a quebra da
endodormência não pode ser induzida pela exposição a temperaturas elevadas ou
comprimentos do dia adequados, ou através de poda ou desfoliações. Nas plantas
de folha caduca tem início durante queda da folha o que, na amendoeira, coincide
com o final do mês de outubro, inícios de novembro.
Ecodormência
Suspensão do crescimento por condições ambientais desfavoráveis, geralmente
por temperaturas demasiado baixas. As plantas lenhosas extratropicais entram em
ecodormência após a quebra da endodormência, em algum momento durante o
Inverno. Na amendoeira, a endodormência é quebrada no início de dezembro, em
datas variáveis consoante a variedade e o decorrer do ano climático.
51
A paradormência coincide com a primeira fase de
desenvolvimento dos gomos florais (após a diferenciação floral). A
bibliografia não é concludente a este respeito. Seca intensa ou a
remoção das folhas podem estimular o abrolhamento de alguns
gomos florais paradormentes no ano da sua formação; estas flores
nunca chegam a converter-se em fruto.
Nota: as datas são meramente indicativas variando com a cultivar, a região e de ano
para ano; entre parênteses referem-se estádios fenológicos menos comum para o mês.
53
Na quebra endodormência, além de um relógio interno das
próprias plantas – a dormência esbate-se com o tempo –,
participam diversos sinais ambientais, sendo de longe o mais
importante a exposição a temperaturas baixas. A integração do
aumento do comprimento do dia aumenta a precisão modelos de
previsão das datas de abrolhamento (Blümel & Chmielewski,
2012). O desenvolvimento dos gomos durante a ecodormência
passa a depender da acumulação de calor. Os dois processos
estão interligados; se a exposição dos gomos ao frio for
insuficiente são necessárias mais horas de calor para iniciar o
abrolhamento dos gomos (Couvillon & Erez, 1985).
Temperaturas (°C) UF
<1,4 0
1,5 - 2,4 0,5
2,5 - 9,1 1
9,2 - 12,4 0,5
12,5 - 15,9 0
16 - 18 -0,5
>18 -1
56
500 e 1500 horas de frio. Este modelo é substancialmente mais
grosseiro do que o modelo de Utah.
57
As GHC, e outras unidades de medida de calor similares, são
também usadas para antecipar os estados fenológicos e as datas
de colheita em muitas espécies de fruteiras.
58
frio, como acontece com algumas cultivares de macieira, a falta de
UF’s traduz-se na morte de gomos, florações irregulares entre
árvores e até entre ramos da mesma árvore, e em perdas
acentuadas na qualidade e na produção de frutos e sementes. A
falta de frio na amendoeira pode provocar abrolhamento irregular,
atraso da floração, redução do abrolhamento de gomos foliares
laterais, redução da produção em ramalhetes de maio, incremento
do crescimento vegetativo em detrimento da produção de flores,
plantas menos ramificadas e mais altas, e produções insuficientes.
61
2.3. Crescimento vegetativo
63
de maior calor, reativam o alongamento dos caules no prazo de 2
semanas.
64
2.4. Biologia da reprodução
2.4.1. Juvenilidade
66
Para diferenciar flores, antes de mais, é preciso que os gomos
estejam suficientemente desenvolvidos para poderem transitarem
de uma condição vegetativa (produzir caules e folhas) para uma
condição reprodutiva (produzir flores). A capacidade de produzir
flores – a iniciação floral 1 – é adquirida pela exposição a um
conjunto complexo de sinais endógenos (ex. ativação endógena
dos genes envolvidos na iniciação floral) e exógenos (ex.
exposição dos gomos à luz). A partir do momento em que as
estruturas reprodutivas (sépalas, pétalas, etc.) são
morfologicamente visíveis através do estudo microscópico de
cortes de gomos microscópica fala-se em diferenciação floral.
1
Para simplificar a leitura do texto, à semelhança de muitos outros autores, não se diferenciou
a indução da iniciação floral. Porém, estão em causa dois conceitos distintos. A indução
precede a iniciação floral. Com a indução floral dá-se a ativação dos genes necessários para
a formação das flores, e o meristema torna-se competente para produzir flores sem
necessitar de estímulos adicionais. A indução floral é um fenómeno fisiológico reversível,
hormonalmente regulado, sem uma tradução morfológica a nível meristemático. No passo
seguinte da diferenciação dos gomos florais, durante a chamada iniciação floral, verifica-se
uma conversão histológica, agora irreversível, dos meristemas vegetativos em meristemas
reprodutivos.
67
diferenciação prolonga-se pelo outono e inverno, com a formação
das várias estruturas da flor (Gradziel, 2009).
2.4.3. Alternância
70
temporalmente coincidentes; quanto maior a produção de uma
árvore menor a diferenciação de flores para o ano seguinte,
porque os gomos não tiveram à sua disposição energia e
nutrientes suficientes para se converterem em gomos florais.
Sucede o mesmo à escala do ramalhete de maio.
71
2.4.4. Floração e polinização
2.4.4.1. Floração
72
‘Tuono’, ‘Soleta’, ‘Belona’ e a ‘Texas’ são classificadas como
tardias, e a ‘Lauranne’ e a ‘Tarraco’ são muito tardias.
73
Finda a ântese dá-se a senescência da flor; o perianto e os
estames escurecem e perdem turgidez e morrem; geralmente
ambas as estruturas acabam por tombar no solo. Em corte
longitudinal, o ovário é verde nas flores fecundadas; nas flores
abortadas, os tecidos correspondentes ao ovário apresentam-se
necrosados (pretos). As flores abortadas permanecem nas árvores
durante algumas semanas antes de serem rejeitadas e caírem no
solo.
74
A intensificação do amendoal foi acompanhada de uma redução
acentuada da variação genética das plantações. Um amendoal
com uma única cultivar propagada por enxertia é constituído por
indivíduos geneticamente iguais, ou quase. Paralelamente, a
paisagem rural simplificou-se. Muitos técnicos e produtores não
estavam ao corrente de que as cultivares tradicionais de
amendoeira, e a maioria das modernas cultivares comerciais, são
auto-incompatíveis, isto é, que as suas flores não podem ser
fecundadas com o próprio pólen (ou a autopolinização é
insuficiente para obter produções económicas), e que a
polinização destas plantas é realizada pela abelha. A produção de
fruto numa plantação extreme de amendoeiras auto-
incompatíveis, ou com um reduzido número de árvores
polinizadoras compatíveis, está sujeita aos mesmos riscos da
amendoeira isolada num jardim ou numa horta: produz flores mas
não tem à sua disponibilização pólen compatível suficiente para
frutificar adequadamente. Consequentemente, sucederam-se os
relatos de grandes plantações com problemas de improdutividade.
75
artificialmente para aumentar o valor de mercado dos frutos, a
monda de flores não faz sentido na amendoeira.
76
• desenvolvimento e introdução de variáveis
autocompatíveis;
77
Caixa 2.2. Bases biológicas da polinização, fecundação e produção do fruto
82
aparentados, quer nos animais, quer nas plantas, têm custos
reprodutivos muito elevados. Os descendentes destes
cruzamentos são, frequentemente, mais débeis e produzem
menos semente do que os descendentes de cruzamentos entre
indivíduos não aparentados. Os especialistas em genética – os
geneticistas – designam este fenómeno por depressão
endogâmica. Gerações sucessivas de cruzamentos autogâmicos
podem conduzir uma linhagem à extinção. As plantas
desenvolveram vários mecanismos para promover a polinização
cruzada e, dessa forma, escapar aos efeitos da depressão
endogâmica; os sistemas de auto-incompatibilidade são um deles.
85
Caixa 2.3. Sistemas de incompatibilidade gametofítico
Os genes são regiões do DNA – a molécula da vida – que codificam uma determinada
função, por exemplo, a cor das pétalas ou a resistência a um parasita. Os genes retêm
a sua identidade quando passam de geração para geração, não se dissolvem uns nos
outros. Cada gene pode estar representado por uma ou mais formas alternativas numa
população; cada uma das versões do mesmo gene é designada por alelo. Normalmente,
cada indivíduo têm duas cópias do mesmo gene, uma de origem maternal e outra
paternal. As células do grão de pólen, assim como os gâmetas masculino e feminino
têm apenas uma cópia de cada gene. Estas cópias são idênticas nos indivíduos
homozigóticos (em relação a esse gene), por outras palavras, os indivíduos
homozigóticas transportam apenas um alelo. Os indivíduos heterozigóticos possuem
dois alelos distintos. As amendoeiras são heterozigóticas em relação a muitos genes.
Por essa razão os indivíduos multiplicadas por semente são, geralmente, muito distintos
dos indivíduos parentais.
O controlo da auto-incompatibilidade faz-se através dos chamados genes S,
representados nas populações de amendoeiras com vários alelos (S1, S2, etc.). Nos
sistema de auto-incompatibilidade gametofítica apenas um dos alelos da planta
polinizadora é expresso no pólen. Para a produção de sementes ser satisfatória é
preciso que o alelo presente no grão de pólen esteja ausente da planta no pistilo que o
acolhe (ver figura).
86
cuidado é pouco quer na proporção quer na disposição espacial
das cultivares produtoras e polinizadoras ao nível do pomar.
88
plantas-com-flor desenvolveram mecanismos eficazes, ainda não
completamente esclarecidos, que apenas autorizam a germinação
de pólen da mesma espécie. Desde que os estigmas estejam
recetivos, o pólen seja viável e o dador e o recetor de pólen
compatíveis, menos de uma hora após a captura pelo estigma, o
grão de pólen hidrata-se e germina. Com a germinação do grão
pólen forma-se o chamado tubo polínico que transporta no seu
interior os gâmetas masculinos (Caixa 2.2). O tubo polínico desce
então pelo estilete ao encontro dos primórdios seminais. A
formação do tubo polínico é uma prova da compatibilidade do grão
de pólen em amendoeira. Geralmente, a germinação do pólen e o
alongamento do tubo são máximos nas flores mais velhas,
imediatamente antes ou no momento da queda da pétala, antes
do estigma enegrecer.
90
de uma cultivar, maior a probabilidade de escapar a geadas
devastadoras entre a floração e o vingamento. Para haver um bom
vingamento e uma boa colheita é fundamental uma polinização e
fecundação adequada das primeiras flores a abrir (Bernad &
Socias i Company, 1995). A produção anual é mais condicionada
pelas condições ambientais no início do que no final da floração.
92
2.5. Referências bibliográficas
93
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97
Capítulo 3 - Adaptação ecológica
Margarida Arrobas
98
A Tunísia lidera no continente africano com 11,2%. Na Ásia a
amendoeira encontra-se sobretudo no Irão (4,8%) e na Oceânia
encontra-se na Austrália, ocupando 1,7% da área mundial
(FAOSTAT, 2017). Os Estados Unidos são o maior produtor
mundial de amêndoa com 57% da produção. Segue-se Espanha
com 7,3 % e Austrália com 6%. Na Ásia, o Irão produz 4,2% e na
África a maior produção é atingida em Marrocos, com 3,8% da
produção mundial. Em termos de produtividade média unitária, a
Austrália regista os valores mais elevados (mais de 5500 kg/ha),
seguida dos Estados Unidos com mais de 4000 kg/ha. Europa e
África registam valores de produção incomparavelmente mais
baixos, com 483 kg/ha e cerca de 700 kg/ha respetivamente
(FAOSTAT, 2017).
Américas
21% África
Oceania 27%
2%
Ásia
Europa 14%
36%
99
Produção de amêndoa no mundo
África
10% Ásia
Américas
15%
58%
Europa
11%
Oceania
6%
Portugal Portugal 1 1
1 2 Espanha EUA
2014 2015
101
6%). Na região centro não se tem verificado nenhuma alteração
significativa, detendo 4% da área nacional de amendoal. No
Algarve, após o abandono de 10% da área em 2007, não se
verificaram novas plantações, possuindo atualmente 24% da área
(INE, 2007; 2011-2015).
102
Figura 3.2 – Distribuição da amendoeira em Portugal. Adaptado de Informação
Cartográfica de Uso e Ocupação do solo (COS, 2007)
103
25 000 200
7
201
20 000 1
Área de amendoal (ha)
201
15 000 2
201
3
10 000
5 000
0
Norte Centro Alentejo Algarve
Figura 3.3 – Área de amendoal em Portugal no período 2007-2015 INE (2007; 2011-
2015)
12 000
200
10 000 7
201
Produção (toneladas)
8 000 1
201
6 000 2
201
4 000 3
2 000
0
Norte Centro Alentejo Algarve
104
3.2. Preferências climáticas e edáficas da amendoeira
3.2.1. Clima
105
e da Atmosfera disponibiliza informação atualizada diariamente
sobre a quantidade acumulada de horas de frio para as fruteiras
em Portugal, entre 30 de Outubro e 30 de Abril para o território de
Portugal (IPMA, 2017b) (Figura 3.5).
Figura 3.5 – Mapa de horas de frio acumuladas, disponibilizado diariamente pelo IPMA.
Exemplo da situação a 10 de dezembro de 2016 (esquerda) e 10 de janeiro de 2017
(direita)
107
abelhas durante o período de polinização. Feio (1991) refere
estudos que mostram quebras de produção em cerca de 10% por
cada 25 mm de precipitação que ocorra durante a época de plena
floração, por afetar a movimentação das abelhas (Figura 3.6). O
efeito da chuva na lavagem do pólen na floração e com ela a
impossibilidade de ocorrer polinização parece ser um fenómeno
de reduzido significado (Arquero, 2013). De notar que em Portugal
a precipitação se concentra nos meses de Inverno, pelo que em
todas as regiões do interior do país há registos de dias com
precipitação acima dos 60 mm nos meses de janeiro, fevereiro e
março (IPMA, 2017a), o que, pontualmente, poderá ter
consequências na produção.
Figura 3.6 – Movimentação das abelhas nas flores (Foto de Hélder Quintas)
108
transpiração da planta conduzindo a stresse hídrico. Acima dos 50
km/hora (vento forte) podem verificar-se quebra de ramos, queda
de flores e frutos, com obvias perdas de produção. Quando os
pomares são instalados em locais tradicionalmente ventosos é
conveniente proceder à instalação de tutores que garantam a
verticalidade da árvore nos primeiros anos (Arquero, 2013).
Um outro fator climático com influência no desenvolvimento da
amendoeira é a humidade relativa do ar, na medida em que pode
influenciar o desenvolvimento de doenças, situação favorecida por
valores elevados deste parâmetro. A melhor forma de controlar o
excesso de humidade do ar num pomar começa com o desenho
da plantação, a densidade das árvores e a técnica de poda para
ajustar a copa.
3.2.2. Solos
110
intervenções a efetuar com o objetivo de minimizar aspetos menos
favoráveis, e constitui condição de importância determinante no
sucesso da cultura.
Diversas propriedades físicas e químicas do solo podem ter uma
influência significativa no êxito do pomar. Algumas das mais
importantes e brevemente abordadas neste documento são:
textura, profundidade efetiva, matéria orgânica, porosidade, pH e
capacidade de troca catiónica.
3.2.2.1. Textura
111
Solos arenosos são muito permeáveis, o que facilita o crescimento
das raízes e a circulação de água e ar, como foi referido. No
entanto a falta de partículas de pequena dimensão retira-lhes
capacidade de retenção de água e de nutrientes o que faz destes
solos pouco férteis.
Figura 3.7 – Diagrama triangular das texturas (Adaptado de Costa, 2011). As texturas
mais favoráveis ao desenvolvimento do sistema radicular da amendoeira são as do
canto inferior esquerdo (franco-arenosas, francas)
113
3.2.2.2. Profundidade efetiva do solo
114
que se encontra muito próxima da superfície (leptossolos); em
outros casos pode ser uma camada de argila que se acumula em
profundidade criando uma zona impermeável (luvissolos);
acrescem outros tipos de materiais acumulados como seja
carbonatos, dando origem a horizontes cálcicos; ou podem formar-
se calos de lavoura a alguma profundidade nos solos mais
profundos, devido, por exemplo, à passagem de charruas de
aivecas. Para minimizar estes problemas é conveniente efetuar a
descompactação do solo antes da instalação do pomar, através de
mobilizações profundas, tendo esta operação como consequência
o aumento da espessura efetiva do solo que se espera ter efeitos
positivos no desenvolvimento do sistema radicular da cultura
(Martins et al., 2010).
3.2.2.3. Porosidade
115
raízes. Nestas circunstâncias as plantas podem sofrer de asfixia
radicular. Em geral ficam amarelas e, no limite, podem morrer.
Esta situação é pouco comum em ambiente mediterrânico.
Quando todos os poros estão cheios de água, a que ocupa os
poros de maior dimensão tende a deslocar-se por gravidade para
as camadas mais profundas, contribuindo para a recarga hídrica
dos solos e este processo recebe a designação de drenagem.
Quando toda a água dos poros maiores saiu diz-se que o solo se
encontra à capacidade de campo, situação que corresponde à
máxima disponibilidade de água no solo para as plantas. Quando
a água desaparece do solo por absorção das plantas ou por
evaporação, haverá uma quantidade que fica retida nas partículas
do solo e que não pode ser utilizada pelas plantas que não têm
força para a extrair. Nesse ponto de humidade do solo as plantas
começam a mostrar sintomas de stresse hídrico e diz-se que o
116
solo se encontra no coeficiente de emurchecimento. As plantas
adultas raramente correm risco de vida devido a desenvolveram
raízes em camadas profundas onde é sempre possível encontrar
alguma água. Por outro lado, a situação pode evitar-se se houver
a possibilidade de instalar regadio.
117
A matéria orgânica tem um impacto muito positivo em todas as
propriedades do solo (físicas, químicas e biológicas). Nas
propriedades físicas a sua influência é benéfica em solos com
qualquer tipo de textura. Por exemplo, nos solos de textura mais
grosseira (com elevada percentagem de areia), a matéria orgânica
aumenta a sua capacidade de retenção de água, bem como a
capacidade de retenção de nutrientes. Nos solos de textura mais
pesada (com percentagem elevada em argila, muito adesivos e
plásticos) a matéria orgânica diminui a intensidade com que estas
propriedades se manifestam, tornando as partículas mais soltas e
melhorando as condições para o desenvolvimento radicular. No
que respeita às características biológicas, a matéria orgânica
serve de substrato para todo o tipo de organismos do solo que se
empenham na sua transformação (macro e microrganismos),
contribuindo para todo o ciclo de nutrientes no solo. Em ambiente
mediterrânico, com a atual forma de gestão da superfície do solo,
que inclui várias mobilizações anuais, não há condições que
favoreçam a acumulação de matéria orgânica. Assim, no interior
de país, em texturas francas a franco-arenosas, onde
habitualmente se cultiva a amendoeira, os teores de matéria
orgânica no solo são frequentemente inferiores a 1%, valor
classificado de muito baixo (Quadro 3.2).
118
Quadro 3.2 – Classificação dos teores de matéria orgânica do solo (LQARS, 2006)
119
Quadro 3.3 – Classificação dos valores de capacidade de troca catiónica (CTC) dos
solos e das bases de troca do solo (LQARS, 2006)
Bases de troca (Cmolc Kg-1)
Classificação CTC (Cmolc Kg-1)
Ca 2+ Mg2+ K+ Na+
Muito Baixa ≤ 2,0 ≤ 0,5 ≤ 0,1 ≤ 0,1 ≤ 5,0
0,1 – 0,1 –
Baixa 2,1 – 5,0 0,6 – 1,0 5,1 – 10,0
0,25 0,25
0,26
0,26 –
Média 5,1 – 10,0 1,1 – 2,5 – 10,1 – 20,0
0,50
0,50
10,1 – 0,51 – 0,51
Alta 2,6 – 5,0 20,1 – 40,0
20,0 1,0 – 1,0
Muito Alta > 20,0 > 20,0 > 1,0 > 1,0 > 40,0
120
Quadro 3.4 – Classificação do pH(H2O) do solo (LQARS, 2006)
pH (H2O) Designação
≤ 4,5 Muito Ácido
4,6 – 5,5 Ácido Ácido
5,6 – 6,5 Pouco ácido
6,6 – 7,5 Neutro Neutro
7,6 – 8,5 Pouco Alcalino
8,6 – 9,5 Alcalino Alcalino
> 9,5 Muito Alcalino
121
A alcalinidade do solo está relacionada sobretudo com a natureza
do material originário que pode ser rico em carbonatos (Osman,
2013). O efeito pode ser acentuado pela falta de precipitação e por
temperaturas elevadas que favorecem o movimento ascendente
de água com sais dissolvidos e que acabam por se depositar à
superfície do solo.
A maioria dos solos do continente português é de natureza ácida,
sobretudo os solos formados a partir de rochas de carácter ácido
(por exemplo granitos e xistos). Encontram-se nesta situação os
solos dos amendoais da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Em regiões onde os solos são formados a partir de rochas
calcárias ou a partir de rochas básicas, com pluviosidade baixa, os
solos têm tendência a ser neutros ou alcalinos (LQARS, 2006).
Encontram-se nesta situação alguns solos com amendoais no
Algarve e no Alentejo.
A disponibilidade dos nutrientes no solo é controlada pelo seu
valor de pH. Nos solos ácidos aumenta a solubilidade de iões
como o ferro, alumínio, manganês, cobre e zinco e é provável o
aparecimento de sintomas de toxicidade. Por outro lado, diminui a
disponibilidade de outros como cálcio, magnésio, fósforo e
molibdénio, sendo necessária uma intervenção no sentido de
reduzir a excessiva disponibilidade dos micronutrientes e
aumentar a disponibilidade dos macronutrientes (Osman, 2013).
Esta intervenção passa pela aplicação de calcários (ver capítulo
6). Para valores de pH mais elevados, acima de 7,0, aumenta a
122
solubilidade de cálcio, magnésio e molibdénio enquanto diminui a
disponibilidade de ferro, alumínio, manganês, cobre e zinco. A
correção do pH de solos calcários é uma operação mais difícil de
concretizar porque não é fácil mudar o clima ou a natureza do
material originário dos solos.
Em forma de conclusão, e considerando os vários ambientes
ecológicos associados à cultura, pode dizer-se que o pH
considerado ótimo para a amendoeira se situa entre 5,5 e 8,5
(Arquero, 2013). Em solos de pH inferior a 5,5 a instalação da
cultura sem uma prévia correção deverá ser questionada no
sentido de minimizar situações de excesso ou deficiência de
alguns nutrientes. O solo é um sistema complexo de material
sólido, mineral e orgânico, acompanhado de um espaço poroso
por onde circula água e ar. Trata-se de um sistema dinâmico, sob
influência da ação dos agentes atmosféricos e do homem através
de práticas culturais. A presença dos elementos minerais no solo
disponíveis para as plantas depende, em grande medida, das
alterações que nele ocorrem.
123
3.3. Referências Bibliográficas
Havlin, J.; Tisdale, S.L.; Nelson, W.L. e Beaton, J.D. (2014). Soil
fertility and fertilizers. An introduction to nutriente management.
Pearson, Inc.
INE. (2007). Estatísticas Agrícolas 2007. Edição de 2008.
Instituto Nacional de Estatística, I.P. (www.ine.pt)
INE. (2011). Estatísticas Agrícolas 2011. Edição de 2012.
Instituto Nacional de Estatística, I.P. (www.ine.pt)
INE. (2012). Estatísticas Agrícolas 2012. Edição de 2013.
Instituto Nacional de Estatística, I.P. (www.ine.pt)
124
INE. (2013). Estatísticas Agrícolas 2013. Edição de 2014.
Instituto Nacional de Estatística, I.P. (www.ine.pt)
INE. (2014). Estatísticas Agrícolas 2014. Edição de 2015.
Instituto Nacional de Estatística, I.P. (www.ine.pt)
INE. (2015). Estatísticas Agrícolas 2015. Edição de 2016.
Instituto Nacional de Estatística, I.P. (www.ine.pt)
IPMA (2017) a) - https://www.ipma.pt
(https://www.ipma.pt/pt/oclima/normais.clima (Consultado em 10
de dezembro de 2016).
126
Capítulo 4 - Instalação da cultura
Arlindo Almeida
4.1. Introdução
127
solo, avaliar a profundidade, a existência de impermes, calos de
lavoura e outros condicionalismos. Dependendo dos resultados
desta avaliação prévia tomam-se decisões quanto à preparação
adequada do solo (Doll, 1996). Pode ser recomendada uma
simples subsolagem ou, em alguns casos devidamente
justificados, uma surriba.
128
Figura 4.1 - Chisel para preparação do solo sem inversão de leiva
Figura 4.2 - Preparação do solo com inversão de leiva usando uma charrua de surriba
129
Figura 4.4 - Regularização superficial do solo com grade de discos
130
Nos casos em que a preparação funda do solo tenha trazido para
a superfície pedra em demasia que venha a prejudicar operações
posteriores, pode ser necessário recorrer à despedrega (Fig. 4.6).
132
Ao aumentar a densidade de plantação (número de árvores por
unidade de área) incrementa-se a precocidade de entrada em
produção, reduzindo-se o período improdutivo.
Figura 4.8 - Amendoal em sebe (Herdade da Torre das Figueiras, Monforte) (Foto A.
Dias)
133
A escolha das cultivares deve contemplar os condicionalismos
edafo-climáticos, da densidade do pomar pretendido e do mercado
de amêndoa.
134
porque o perfeito alinhamento das árvores é obrigatório para o
maneio / gestão do pomar. O sistema de guiamento por satélite
deve incluir uma antena RTK (real time kinematic) (Fig. 4.11) que
permite uma correção cinemática em tempo real, garantindo um
perfeito alinhamento (erro +/- 2 cm) (Ortiz-Cañavate, 2012).
135
Figura 4.11 - Antena RTK integrada no sistema de guiamento por satélite
136
longo das linhas, que por sua vez são presos ao solo nas
cabeceiras das linhas. Deste modo previne-se a possibilidade de
derrube pelo vento de linhas inteiras de árvores.
137
Figura 4.13 - Enchimento do depósito de água de um plantador mecânico para rega à
plantação
138
4.5. Referências Bibliográficas
139
Capítulo 5 - Porta-enxertos e variedades de amendoeira
Albino Bento, Isabel López Cortés, Nuno Rodrigues e José Alberto Pereira
Capítulo 5
5.1. Introdução
140
Fitter (1991) assinala que a arquitetura de um sistema radicular
determina o seu nível de exploração do solo, a sua capacidade de
responder de forma dinâmica à disponibilidade de recursos
através da atividade meristemática. Por outro lado, a tipologia do
sistema radicular influi na eficiência da absorção e transporte de
água e nutrientes até aos ramos (Lynch, 1995), pelo que o porta-
enxerto é determinante no comportamento da amendoeira no
pomar, uma vez que é quem confere a adaptatibilidade da árvore
ao meio terrestre (Clastle, 1978; Moreno, 2005). Neste sentido,
diversas linhas de investigação destacam a importância da
descrição da arquitetura do sistema radical.
142
do solo e condições edafoclimáticas de cultivo. Nesse contexto, o
sucesso de uma plantação depende muito da boa escolha da
associação "porta-enxerto/variedade". Se a escolha de uma boa
variedade aparece aos olhos dos agricultores como evidente, já a
escolha dos porta-enxertos merece bem menos preocupação.
Contudo, também deverá ser tida em conta, uma vez que
influencia o desenvolvimento, o vigor e a produção da árvore. O
porta-enxerto constitui, ainda, como um meio adequado para
superar algumas limitações de solo, de clima e por vezes
sanitárias.
143
Vários são os aspetos a considerar na escolha do porta-enxerto a
utilizar (Salazar e Melgarejo, 2002; Monteiro et al., 2003; Arquero
et al., 2013), nomeadamente:
A homogeneidade do pomar;
144
A amendoeira em Portugal tem sido plantada tradicionalmente em
solos delgados, relativamente pobres e cultivada em sequeiro.
Atualmente está a expandir-se para solos com melhores
condições, com maior profundidade, argilosos e uma parte
significativa dos novos pomares são cultivados em regadio,
aspetos que também devem ser tidos em conta na escolha do
porta-enxerto.
147
sintomatología de clorose férrica, e por vezes transmitem
excessivo vigor (Salazar e Melgarejo, 2002). Na Europa não têm
tido muita difusão, mas são frequentes na California (Arquero,
2013).
148
5.2.3. Porta-enxerto: Clonais de ameixeira
149
5.2.4.1 Porta-enxerto híbridos: pessegueiro x amendoeira
150
vitro. Adequada compatibilidade com todas as variedades
cultivadas de amendoeira.
151
uma excelente ancoragem. São resistentes aos nemátodos, à
seca e bem adaptada a solos calcários. São ainda, considerados
tolerantes a Phytophtora e inmunes a Meloidogyne (Felipe, 1989).
152
amendoeira (Felipe, 2009). Boa adaptação a solos calcários,
mas mais adaptado a condições de regadio, boa adaptação a
solos pobres desde que bem drenados (Felipe, 2009). Alto nível
de resistência aos nematodes que atacam o género Prunus,
nomeadamente Meloidogyne arenaria (Neal) Chitwood,
Meloidogyne hapla Chitwood, Meloidogyne hispanica
Hirschmann, Meloidogyne incognita (Kofoid and White)
Chitwood, e Meloidogyne javanica (Treub) Chitwood (Marull et
al., 1991; Pinochet et al., 1996, 1999). No entanto apresenta
baixa tolerância à asfixia radicular e susceptível ao
Agrobacterium tumefaciens (Felipe, 2009).
Figura 5.2. Sistema radicular de plantas jovens de GF-677, enxertadas com Belona
(esquerda) e Lauranne (direita).
153
5.2.4.2. Porta-enxerto híbridos: pessegueirox ameixeira
154
radicular moderadamente resistente a resistente a nematodes, e
sensível ao agrobacterium.
155
pessegueiro, tolerante à clorose, susceptível a moderadamente
resistente a nemátodes, e sensível ao agrobacterium.
156
desenvolvido para ameixeira-japonesa, pessegueiro e
nectarina, mas as suas boas características agronómicas
fizeram com que a sua utilização fosse estendida à amendoeira
e algumas cultivares de damasqueiro, especialmente onde as
características de solo não permitem o desenvolvimento de
outros porta-enxertos (Pinochet, 2010). Considerado ideal para
situações de replantação. Tal como os porta-enexertos GF 677
e GxN Garnem®, é um porta-enxerto vigoroso e sem tendência
a emitir ladrões. Mostrou ser muito produtivos nos Estados
Unidos em diferentes variedades de amendoeira e em especial
com a NonPareil (Pinochet et al., 2011). A sua principal
vantagem relativamente a outros porta-enxertos reside na sua
adaptativilidade a solos de textura argilosa donde os híbridos de
pessegueiro x amendoeira apresentam problemas de
desenvolvimento. Mostra alta tolerância à asfixia radicular, à
clorose férrica e ao calcário ativo e uma resposta moderada à
salinidade (Pinochet, 2010). Apresenta ainda uma elevada
sobrevivência ao ataque de nematodes e podridões radiculares
originadas por Rosellinia necatrix (Pinochet, 2009).
157
condições da região onde pretende instalar o pomar. No entanto,
nos maiores países produtores, assiste-se a uma tendência para
assentar a produção num conjunto relativamente reduzido de
variedades (Vargas, et al. 2006; Socias i Company, et al. 2010;
Calvo & Gómara 2011; Arquero, et al. 2013).
159
espécie pouco exigentes em horas de frio, que podem variar entre
100 e 400 horas, dependendo da variedade, sendo que as
variedades de floração mais tardia são aqueles que maiores
exigências em frio apresentam. Outro aspecto importante a
considerar são os estragos provocados pela geada ao nível da
produção, sendo este caráter independente da época de floração.
Algumas variedades como a “Tuono” e “Desmaio Largueta” não
são tão afectadas pela geada, uma vez que a primeira floração
tardia e a segunda floração muito precoce (Vargas, et al. 2008;
Socias i Company, et al. 2010; Arquero, et al., 2013).
160
O caráter de auto-incompatibilidade obriga à instalação de pelo
menos duas variedades inter-compatíveis entre si e com
coincidência de floração, sendo preferível a instalação de três
variedades. É aconselhável colocar pelo menos 30% da área do
pomar com a variedade ou variedades polinizadoras e a restante
área com a variedade principal, distribuída pelo pomar. Da mesma
forma, é absolutamente necessária a presença de abelhas e
condições climáticas adequadas no período de floração (ausência
de chuva, vento, nevoeiro e temperatura adequada), que permitam
uma boa atividade dos insectos (Monteiro et al. 2003; Lopez, et.
al. 2005; Miarnau, et al. 2008; Socias i Company, et al. 2010;
Arquero, et al., 2013). Estas desvantagens das variedades auto-
incompativéis estimularam o desenvolvimento de variedades auto-
compatíveis.
162
2003; Lopez, et. al. 2005; Miarnau, et al. 2008; Socias i Company
et al. 2010; Valdés, et al. sd; Arquero, et al. 2013).
163
variedades de porte semi-ereto/ereto como a “Masbovera”,
“Ferragnès”, “Constantí”,“Marinada” e “Glorieta” são as mais
recomendadas, pois são mais fáceis de formar e conduzir, e
podem suportar elevadas produções sendo a gestão do pomar
mais facilitada (quadro 5.1 a 5.3). Árvores com porte muito ereto
obrigam a reconduções dos ramos estruturais por ramos mais
abertos, para alcançar um volume de copa adequado. Por outro
lado, nas variedades com porte pendente, existe o perigo de
quebra dos ramos, sendo necessário reconduzir os ramos
estruturais sobre ramos interiores (Valdés, et al. Sd; Vargas, et al.
2008; Socias i Company et al. 2010; Calvo & Gómara 2011;
Arquero, et al. 2013).
Variedades Portuguesas:
166
produtividade e ligeira tendência para a alternância (quadro
5.1).
167
Apresenta vigor médio, porte aberto e média produtividade
(quadro 5.1).
168
José Dias: variedade portuguesa originária do Algarve. Requer
polinização cruzada e floração precoce. Apresenta vigor médio
a forte, porte aberto, pouco produtiva e rápida entrada em
produção (quadro 5.1).
Variedades Espanholas:
170
Soleta: obtida através de cruzamento entre a variedade
‘Blanquerna’ × ‘Belle d´Aurons’, no CITA de Aragón. É uma
variedade auto-fértil de floração tardia, vigor médio e porte
prostrado (quadro 5.2).
Variedades Francesas:
171
fruto apresenta casca dura e semente amigdaloide, plana e
larga. (quadro 5.3).
Variedades Italianas:
172
Casca dura, fruto e semente amigdaloide. Bastantes sementes
duplas. (quadro 5.3).
Variedades Americanas:
174
Quadro 5.2 - Caracteristicas de algumas variedades de amendoeira obtidas em Espanha, mais utilizadas na atualidade em Portugal
175
Quadro 5.3 - Caracteristicas de algumas variedades de amendoeira estrangeiras utilizadas em Portugal
176
5.4. Bibliografia
Klepper, B., e& Rickman, R., 1991. Advances in Agronomy (Vol. 44).
Delaware: Academic Press.
180
Anexos
Variedades Portuguesas
181
Variedades Francesas
182
Variedades Espanholas
183
Variedades Italianas
184
Capítulo 6 - Manutenção do solo
6.1. Introdução
185
sistemas de manutenção do solo que preveem uma maior
permanência de vegetação herbácea natural ou semeada nos
pomares e em que as mobilizações e/ou a aplicação de herbicidas
perdem significado ou são integralmente abandonadas.
186
e ambiental. Optar por mobilizar, aplicar herbicidas ou gerir
cobertos vegetais naturais ou semeados tem influência
significativa na produtividade das árvores, na sustentabilidade do
sistema de produção, no rendimento do produtor e pode ainda ter
implicações ambientais significativas. Neste capítulo são descritos
de forma breve as principais opções de gestão do solo em
amendoal. É fornecida informação sobre cada um dos sistemas de
gestão do solo por forma a que cada produtor possa tomar a
melhor opção, após avaliar os pós e contras de cada um dos
métodos de gestão e tendo sempre em conta o contexto
agroecológico em que o(s) seu(s) pomar(es) se encontra(m).
187
vezes mobilizam durante o Verão com o objetivo de conservar a
humidade no solo e tendem a mobilizar no Outono para favorecer
a infiltração. Em Portugal a alfaia mais utilizada é o escarificador,
sendo por vezes equipado com aivequilhos ou pequenas aivecas
para promover um ligeiro reviramento do solo e melhor destruir e
incorporar as infestantes. Embora com menor frequência podem
ser usadas também grades de disco nas operações de
mobilização.
188
2013). Deve também ser valorizado o facto de as mobilizações
destruírem uma parte significativa do sistema radicular,
dificultando a absorção de água e nutrientes em períodos críticos
do ciclo biológico das árvores e consumindo fotoassimilados na
sua reposição anual (Rodrigues e Cabanas, 2009). Abundante
literatura tem também demonstrado que solos mantidos com
coberturas vegetais apresentam teores de matéria orgânica mais
elevados bem como outros parâmetros de fertilidade do solo
(Moreno et al., 2009; Montanaro et al., 2010; Ramos et al., 2010;
2011; Ferreira et al., 2013; Rodrigues et al., 2013a; 2015b).
189
a sua capacidade de infiltração originando escorrimento superficial
e arrastamento de solo), declive elevado (frequente, por exemplo,
no interior norte de Portugal) e elevado comprimento do declive
(isto é parcelas grandes continuamente cultivadas, por exemplo no
sul de Portugal). Acresce que de uma maneira geral a copa das
árvores fornece cobertura limitada ao solo, sobretudo quando os
pomares são jovens e no caso da amendoeira por ser uma árvore
de folha caduca. Nestas condições, o solo está completamente
exposto à ação das gotas da chuva durante grande parte do ano.
Figura 6.3 - Erosão hídrica em olival com perda de fertilidade do solo por redução da
sua espessura efetiva
190
relevante em amendoal de sequeiro em que a disponibilidade de
água é o principal fator que determina a produtividade. Contudo,
se a operação for realizada com alguma humidade na camada
superficial, esta será rapidamente perdida devido ao processo de
arejamento do solo. Assim, a seguir a uma chuvada da Verão, a
técnica só poderia ter alguma eficácia se a quantidade de
precipitação atingisse camadas de solo com alguma profundidade,
de contrário a mobilização só iria contribuir para a perda mais
rápida da água presente na camada superficial. Estudos
realizados em Espanha em olival (Pastor, 2008) e em amendoal
(Almagro et al., 2016) têm, contudo, demonstrado que as
mobilizações estão associadas a maiores perdas de água por
evaporação que sistemas alternativos de gestão do solo sem
mobilização.
191
de esperar que a árvore tente desenvolver grande parte do seu
sistema radicular na camada superficial. Contudo, mobilizações
frequentes destroem as raízes finas do sistema radicular,
responsáveis pela absorção de água e nutrientes. As mobilizações
são mais frequentes na Primavera, quando as árvores estão em
intensa atividade fisiológica, privando-as temporariamente
daqueles recursos. Por outro lado, a destruição do sistema
radicular superficial obriga a árvore a gastar anualmente
fotoassimilados para o repor em vez de os canalizar para a parte
aérea, para a produção de novos ramos, flores e frutos. Embora
difícil de quantificar, a perda regular de parte do sistema radicular
será um dos aspetos negativos importantes a ter em conta quando
se opta por mobilizar os pomares (Rodrigues e Cabanas, 2009;
Rodrigues et al., 2011; Arquero e Serrano, 2013).
192
dos microrganismos do solo). Não é por isso expectável que no
futuro se encontrem solos com teores de matéria orgânica
elevados associados a esta cultura.
4.5
Matéria orgânica no solo (%)
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
Olival Amendoal Vinha Souto Pastagem
Figura 6.4 - Teores habituais de matéria orgânica no solo em algumas das principais
culturas perenes cultivadas em Portugal e em pastagens naturais cultivadas em
condições ecológicas similares
193
provocam ainda a destruição dos agregados expondo a matéria
orgânica nativa do solo que estava protegida pelos complexos
argilo-húmicos à ação dos microrganismos. Assim, para condições
ecológicas similares, solos mobilizados, sobretudo quando a
operação é feita várias vezes ao ano, apresentam teores de
matéria orgânica mais baixos e de menor atividade biológica em
comparação com solos mantidos com vegetação à superfície
(Moreno et al., 2009; Montanaro et al., 2010; Ramos et al., 2010;
2011; Ferreira et al., 2013; Almagro et al., 2016). Contudo, a
densidade aparente pode aumentar em solos mantidos em
sistemas de não mobilização com solo nu (Martínez-Mena et al.,
2013). Tendo em conta a sensibilidade da amendoeira à asfixia
radicular, em solos que tendam a compactar pode haver
necessidade de implementar um sistema com mobilização
reduzida.
194
fruticultura. No caso dos pomares, a substituição das mobilizações
pela aplicação de herbicidas foi possível após se ter tomado
consciência de que o papel das mobilizações é basicamente
apenas combater a vegetação espontânea (Figura 6.5).
195
(p. ex. paraquato) ou consideradas nocivas para o meio ambiente
(p.ex. simazina), ficando no mercado outras de menor toxicidade
ou impacte ambiental.
198
Para aumentar a probabilidade de êxito no combate às infestantes
com a aplicação herbicidas, o produtor deveria também saber
identificar as principais infestantes que surgem no seu pomar e
conhecer o seu ciclo de vida e modo de reprodução. Como mínimo
deveria saber distinguir entre plantas anuais, bianuais e perenes
ou vivazes. Assim,
199
Plantas bianuais - são plantas que se reproduzem
exclusivamente por semente, mas que experienciam uma
paragem de crescimento a meio do ciclo. A paragem de
crescimento pode dever-se a stresse hídrico estival ou à chegada
do frio no inverno. No fim do primeiro ano de crescimento a planta
faz a translocação dos fotoassimilados para uma estrutura
especializada de acumulação de reservas e no segundo ano emite
o escapo floral e produz as sementes.
200
Quadro 6.1 – Substâncias ativas autorizadas em amendoal e principais características
(Agro-Manual, 2016)
201
Quadro 6.2 – Substâncias ativas utilizadas individualmente ou em mistura e
designações comerciais dos herbicidas (Agro-Manual, 2016)
Substâncias ativas Marcas comerciais
202
ação residual) para eliminar a vegetação não controlada pelo
herbicida residual de Outono e as novas emergências de
Primavera.
Figura 6.6 - Solo mantido permanentemente nu durante todo o ano em olival com
aplicação outonal de um herbicida que combina substâncias ativas de ação residual e
pós-emergência
203
espectável que ocorra reversão da flora infestante, isto é, tendem
a dominar o coberto um reduzido número de espécies tolerantes
aos herbicidas utilizados (Figuras 6.7 e 6.8), o que normalmente
leva a que aumentem as dificuldades do combate e à necessidade
de mudar de substância ativa. Os equipamentos de aplicação de
herbicidas devem estar em perfeitas condições e devidamente
calibrados antes de serem utilizados.
204
Figura 6.8 - Coberto dominado por plantas do género Conyza após gestão da
vegetação com um herbicida à base de glifosato durante vários anos
206
2013). Os cobertos vegetais são geridos com corte ou através da
aplicação de herbicidas pós-emergência como já foi referido.
Quando são geridos com corte da vegetação pode ser necessário
efetuar várias passagens anuais de destroçador, com vista a
conter a expansão da vegetação. Por outro lado, quando se gerem
cobertos vegetais em pomares é necessário ter em conta o risco
de incêndio. Em regiões de pequena propriedade e onde os
pomares surgem integrados em mosaicos que contemplam
espaços florestais ou de matos, o risco dos incêndios causarem
danos nas árvores é real.
208
Serrano, 2013). Contudo, em Portugal não estão no presente
autorizadas para amendoal substâncias ativas com estas
características embora existam para outras culturas.
209
Figura 6.9 - Coberto de vegetação natural em amendoal jovem irrigado gerido com
corte
210
gestão dos cobertos semeados geram custos que a vegetação
espontânea não tem. Nos pomares tem-se ensaiado um pouco de
tudo, gramíneas (cevada, aveia, azevém,…), leguminosas
(tremoceiros, ervilhacas, espécies pratenses, …), brássicas
(mostarda, colza, …), misturas das anteriores (aveia com
ervilhaca, misturas pratenses biodiversas, …) e até uma
diversidade de plantas aromáticas e medicinais (tomilho, salva,
alecrim, …). Qualquer das soluções apresenta particularidades
próprias que devem ser avaliadas na escolha do coberto para um
dado pomar (Rodrigues et al., 2010b).
Nos anos recentes tem sido dada atenção particular aos cobertos
vegetais semeados à base de leguminosas anuais de
ressementeira natural. As leguminosas têm acesso a azoto
atmosférico através da relação simbiótica que estabelecem com
microrganismos da família Rizobiaceae (Cooper e Scherer, 2012).
Devido ao potencial de fixação de azoto das leguminosas (Figura
6.11) e à “facilidade” de gestão destes cobertos estão a ser
fortemente promovidos pelos investigadores (Driouech et al.,
2008; Mauromicale et al., 2010; Arrobas et al., 2011; Rodrigues et
al., 2010b; 2013b, Rodrigues, 2013), esperando-se que a sua
utilização aumente de forma significativa nos próximos anos nos
pomares e vinhas da região mediterrânica. Por estas razões, o
212
tópico é desenvolvido no ponto seguinte de forma um pouco mais
aprofundada.
Figura 6.11 - Nódulos nas raízes de uma leguminosa pratense onde vivem bactérias
fixadoras de azoto em simbiose com a planta hospedeira. As bactérias recebem
fotoassimilados e fatores de crescimento e fornecem azoto à planta
213
Estes tipos de coberto são preferencialmente indicados para solos
de baixa fertilidade, onde outra vegetação apresenta dificuldades
de desenvolvimento. As leguminosas, tendo acesso a azoto
atmosférico, têm uma enorme vantagem relativamente à restante
vegetação. Esta caraterística permite-lhes incorporar uma elevada
quantidade de resíduo orgânico de baixa razão carbono/azoto no
solo, o que aumenta a atividade biológica do solo e liberta
elevadas quantidades de azoto que as árvores podem aproveitar
(Snoeck et al., 2000; Rodrigues et al., 2015 a).
214
Estudos em olival com cobertos vegetais de leguminosas
semeadas mostraram que é possível manter as árvores em
elevado estado nutricional e com maior produção de azeitona
quando comparado com vegetação natural em que as árvores
foram adubadas com 60 kg N ha-1 ano-1 (Rodrigues et al., 2015 a).
215
Figura 6.12 - Gestão da vegetação em olival de regadio com aplicação de herbicida na
linha e corte da vegetação na entrelinha (foto de Henrique Chia)
216
Figura 6.13 - Sistema de gestão do solo em vinha em que se mantém coberto vegetal
alternado com mobilização para facilitar a transitabilidade de equipamentos e pessoal
na linha enrelvada (foto de Henrique Chia)
217
6.6.1. Pomares de regadio
219
Enquanto em pomares de regadio a introdução de cobertos está
generalizada, seja com base em cobertos naturais seja com base
em cobertos semeados, em sequeiro a introdução de cobertos
vegetais é sensível. Talvez por isso se tarda em abandonar as
mobilizações nestes pomares.
221
azotados. Estudos em olival mostraram que um coberto de
leguminosas de ressementeira natural manteve as árvores em
melhorar estado nutricional e originou maior produção de azeitona
que a aplicação de 60 kg/ha de azoto (Rodrigues et al., 2015a).
222
Figura 6.15 - Coberto de leguminosas anuais de ressementeira natural em pomar
adulto de amendoeira conduzido em sequeiro
223
risco de erosão, mobilizar o solo não é tão problemático. Deverá
prever-se a incorporação dos fertilizantes no solo fora do período
mais ativo do desenvolvimento do sistema radicular, tendo o mês
de fevereiro como referência. Num período de maior atividade
biológica o risco de indução de stresse hídrico e nutricional na
árvore é mais elevado. De qualquer forma, deve mobilizar-se
apenas na entrelinha, devendo ficar uma faixa de proteção ao
sistema radicular na linha que serve também para reduzir o risco
de erosão. Se o solo do pomar tiver declive acentuado poderá
optar-se por incorporar o estrume apenas linha-sim linha-não, para
uma proteção ainda mais efetiva contra o risco de erosão.
224
capacidade de fixação de azoto destas plantas, que pode
ultrapassar 150 kg/ha/ano de azoto, mesmo em solos pobres
(Rodrigues et al., 2013b; 2015b; Ferreira et al., 2015), a técnica
pode ser usada apenas ano sim ano não para satisfazer as
necessidades em azoto do amendoal.
225
6.8. Referências Bibliográficas
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231
Capítulo 7 – Fertilização
7.1. Introdução
232
diagnóstico da fertilidade do solo e do estado nutricional das
árvores e ainda de estratégias de gestão da fertilidade do solo e
da aplicação de fertilizantes em amendoal.
233
quantidades consideradas suficientes para o desenvolvimento das
plantas, não são tidos em conta nos programas de fertilização das
culturas que se desenvolvem ao ar livre. Em estufa, contudo, é
frequente enriquecer-se a atmosfera em CO2 para melhorar o
desempenho das plantas. Os restantes nutrientes essenciais
estão disponíveis para as plantas sobretudo a partir do solo,
embora em alguns casos a atmosfera possa ainda dar um
importante contributo.
Excluídos carbono, oxigénio e hidrogénio, os restantes nutrientes
essenciais são habitualmente divididos em dois grupos, tendo em
conta a concentração nos tecidos vegetais: macronutrientes
(azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre); e
micronutrientes (ferro, zinco, manganês, cobre, molibdénio, boro e
cloro), os primeiros necessários em quantidades mais elevadas e
os segundos em quantidades mais reduzidas (Jones, 2012). Os
macronutrientes podem ainda ser divididos em dois subgrupos:
macronutrientes principais (azoto, fósforo e potássio), que
frequentemente não se encontram no solo em quantidade
suficiente para as plantas, sendo regularmente aplicados como
fertilizantes; e macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e
enxofre), em que normalmente a sua disponibilidade no meio é
suficiente ao normal desenvolvimento das plantas (Santos, 2015).
Os macronutrientes secundários acompanham frequentemente os
macronutrientes principais na formulação química de adubos (por
exemplo, os superfosfatos contêm cálcio e enxofre; o
nitromagnésio contém cálcio e magnésio…), o que faz com que
234
estes elementos sejam regularmente aplicados sem haver uma
estratégia de aplicação dirigida a eles próprios.
O solo assegura, por si só, grande parte dos nutrientes de que as
árvores necessitam. No entanto, a exportação continuada de
nutrientes na amêndoa e na lenha de poda, obriga à reposição
regular de alguns deles na forma de fertilizantes. Em Trás-os-
Montes azoto, boro, potássio, fósforo e também cálcio e magnésio
afiguram-se como os nutrientes que se recomendam com maior
frequência, devido à limitação natural destes elementos no solo
e/ou a exportação significativa dos elementos pela cultura. No sul
do país, em solos calcários de pH elevado, podem surgir
problemas com limitação de ferro.
Todos os elementos essenciais têm papéis específicos na planta.
Contudo, uns entram na composição da planta em maior
concentração que outros. Devido à abundância relativa no meio,
uns são problema habitual na prática de fertilização e outros não
merecem atenção especial. De seguida apresentam-se notas
suplementares sobre os dezasseis elementos considerados
essenciais para todas as plantas superiores.
Carbono, oxigénio e hidrogénio são elementos que se
combinam durante o processo fotossintético para formar vários
tipos de compostos orgânicos dos quais são exemplo hidratos de
carbono, proteínas, lípidos e ácidos nucleicos, constituindo estes
compostos cerca de 95% da matéria seca vegetal (Singer e
Munns, 2002). Como se referiu, não são tidos em conta nos
235
programas de fertilização de culturas ao ar livre por estarem
disponíveis no meio.
O azoto é, de entre os elementos essenciais, aquele que
normalmente é absorvido em quantidades mais elevadas. De uma
maneira geral, é o elemento que mais limita o crescimento e
produção das culturas em ecossistemas naturais e agrícolas. Na
planta integra a molécula de clorofila, que converte a energia solar
em energia química através do processo da fotossíntese. É
também componente de outras biomoléculas como aminoácidos,
proteínas e ácidos nucleicos. Entra na composição de vitaminas e
enzimas, tendo um papel fundamental em todas as atividades
metabólicas da planta (Mills e Jones, 1996; Osman, 2013). A sua
deficiência manifesta-se por um amarelecimento das folhas e, por
se tratar de um elemento móvel na planta, a clorose começa nas
folhas mais velhas. Quando a deficiência é severa provoca queda
prematura das folhas, mantendo-se ativas apenas as partes mais
jovens da árvore, para onde é translocado o azoto contido nas
folhas mais velhas. Em amendoal não restam dúvidas que a
aplicação de azoto aumenta a produtividade (Saa et al., 2014;
Zarate-Valdez et al., 2015). Se o azoto estiver em excesso no solo,
as árvores podem absorver quantidades elevadas, originando
desequilíbrios nutritivos com os outros elementos. Nesta situação,
as culturas ficam mais vulneráveis stresses ambientais (térmico,
hídrico, …) e à ação de pragas e doenças (Santos, 2015). Em
amendoal foi demonstrado que doses excessivas de azoto
agravaram problemas de podridão-parda (Monilinia fructicola) e
236
podridão-mole (Rhizopus stolonifer) da amêndoa (Saa et al.,
2016).
O fósforo tem papel importante no armazenamento e
transferência de energia nas células. A energia produzida no
processo fotossintético e resultante do metabolismo dos hidratos
de carbono é armazenada em compostos fosfatados e
posteriormente utilizada nos processos de crescimento e
reprodução (Havlin et al., 2014). O fósforo é também um
componente essencial dos ácidos nucleicos, compostos que
contêm o código genético das plantas para produzir proteínas e
outros compostos vitais à planta. A disponibilidade de fósforo
promove o desenvolvimento do sistema radicular (Santos, 2015),
aspeto bastante relevante para a adaptação das culturas a um
regime de sequeiro, como ocorre no amendoal tradicional da maior
parte do território nacional. Um sistema radicular bem
desenvolvido permite à planta utilizar água que se encontre
disponível a maior profundidade. Apesar da análise foliar revelar,
por vezes, níveis baixos de fósforo, não é conhecida a expressão
visual da deficiência deste nutriente em amendoeira. Por outro
lado, não existem estudos que demonstrem inequivocamente uma
reposta da amendoeira à aplicação de fósforo. Bhadoria et al.
(2002) mostraram que teores de fósforo nos tecidos abaixo do
nível de suficiência poderão estar relacionados com o pH do solo.
Situações de acidez acentuada podem resultar numa reduzida
disponibilidade do nutriente, devido a prováveis fenómenos de
precipitação do elemento com alumínio, ferro e/ou manganês.
237
Valores de pH elevados, com presença de carbonatos no solo,
podem também induzir insolubilização de fósforo (Santos, 2015).
O potássio é um nutriente normalmente associado à regulação da
abertura e fecho dos estomas, função importante para a entrada
de CO2 na planta e para a atividade fotossintética (Mills e Jones,
1996). Basile et al. (2003) mostraram que a deficiência em
potássio afeta a interceção da radiação e reduz a taxa
fotossintética, sendo a limitação pela via bioquímica ainda mais
importante que a limitação pela condutância estomática. A
regulação da abertura e fecho dos estomas também permite algum
controlo na perda de água por transpiração, aspeto benéfico na
manutenção da turgidez celular e na resistência das plantas à
secura (Havlin et al., 2014). O potássio está também associado ao
transporte de produtos da fotossíntese na planta, tendo um papel
fundamental nas plantas durante a fase de engrossamento dos
frutos. Plantas bem providas de potássio são também mais
tolerantes a stresse hídrico e ao ataque de pragas e doenças
(Santos, 2015). A deficiência de potássio é relativamente
frequente e manifesta-se por necrose das extremidades das
folhas, culminando em frutos de pequenas dimensões e produção
reduzida. Riedel et al. (2004) mostraram que quando se detetam
níveis baixos do nutriente nas folhas num determinado ano, o
efeito da deficiência só se reflete na produção do ano seguinte,
sendo por isso necessária atenção regular ao estado nutritivo das
plantas.
238
O cálcio é um elemento importante para a integridade das
membranas celulares exercendo um efeito estabilizador de toda a
estrutura da planta. Diz-se que o elemento atua como uma espécie
de cimento entre as células (Mills e Jones, 1996). O cálcio está
envolvido no processo de crescimento dos tecidos, através do
alongamento e divisão celulares e a sua deficiência acelera a
senescência das folhas (Mengel et al., 2001). Pode ser absorvido
em quantidades elevadas, inclusive superiores ao potássio. No
caso da amendoeira, o miolo é particularmente rico em cálcio. Por
se tratar de um nutriente de reduzida mobilidade na planta, a
deficiência manifesta-se pela morte das extremidades dos ramos
jovens. Dado o carácter ácido da maioria dos solos portugueses,
em especial dos solos de Trás-os-Montes, as condições são
favoráveis à ocorrência de deficiência do nutriente. Se o problema
for detetado, pode recorre-se à incorporação de calcários para
ultrapassar a situação.
O magnésio faz parte da clorofila, sendo o átomo central desta
importante molécula orgânica. É um nutriente que também está
associado à atividade de enzimas envolvidas no metabolismo dos
hidratos de carbono. Estando fortemente ligado ao processo de
transferência de energia na fotossíntese e respiração, o magnésio
é fundamental em todo o metabolismo da planta (Mengel et al.,
2001; Mills e Jones, 1996). Deficiência de magnésio nas plantas é
provável que ocorra em solos ácidos. Normalmente manifesta-se
por amarelecimento das folhas entre as nervuras e surge em
primeiro lugar nas folhas mais velhas (Havlin et al., 2014). Sempre
239
que seja necessário proceder à correção da acidez do solo, a
opção por calcários magnesianos ajuda a ultrapassar também os
problemas com a carência de magnésio.
O enxofre está presente nas plantas como constituinte de
numerosas moléculas orgânicas, sendo também importante no
funcionamento de diversos sistemas enzimáticos. O enxofre existe
normalmente no solo em quantidades suficientes para satisfazer
as necessidades das plantas. As plantas podem ainda aceder a
elevadas quantidades de enxofre (potencialmente até em
quantidades excessivas) a partir da atmosfera (Varennes, 2003).
Apesar de ser frequente a aplicação de enxofre em numerosas
culturas herbáceas, onde o elemento se aplica na forma de caldas
foliares, não é expectável que seja um problema nutricional em
pomares de amendoeira.
O boro é um elemento estrutural da parede celular (Wimmer e
Eichert, 2013). É frequentemente associado à germinação dos
grãos de pólen e ao desenvolvimento e estabilidade do tubo
polínico tendo, por isso, papel relevante na floração e vingamento
dos frutos, entre muitos outros processos fisiológicos
fundamentais ao bom desenvolvimento das plantas, como divisão
e diferenciação celular e respiração (Nyomora e Brown, 1999;
Jones, 2012). A carência de boro pode dificultar a absorção de
água por inibição do crescimento das raízes e dos caules. A
destruição estrutural do sistema vascular da planta pode limitar o
transporte de água para a parte aérea e causar danos diversos
nas plantas (Wimmer e Eichert, 2013). A carência de boro é um
240
problema generalizado à escala global. Na amendoeira, a carência
de boro está identificada na Califórnia desde 1957 (Hansen et al.,
1962), e está igualmente identificada na bacia mediterrânica e em
várias outras partes do mundo (Alloway, 2008). Nas folhas, a
deficiência manifesta-se por clorose que evolui para necrose nas
extremidades das folhas. Nos frutos podem aparecer pequenas
bolhas gumosas que se estendem para o miolo, acabando por não
permitir o seu adequado desenvolvimento, formando-se mesmo
frutos partenocárpicos (Hansen et al., 1962). As situações
favoráveis à deficiência de boro estão associadas sobretudo a
solos de reação alcalina, solos ácidos, solos de textura ligeira e
em períodos de elevada precipitação ou regas abundantes
(Monteiro et al., 2003). A aplicação excessiva deste nutriente pode
manifestar-se por exsudação de substâncias gumosas nas feridas
da poda ou nos gomos que dão origem a novos ramos (Doll, 2014).
Ferro, manganês, zinco e cobre são elementos essenciais e por
isso igualmente importantes para o desenvolvimento das plantas.
Estes elementos estão normalmente associados a fenómenos de
transferência de eletrões em reações de oxidação-redução e à
ativação de enzimas (Mills e Jones, 1996). Alguns destes
nutrientes são aplicados por via foliar na forma de caldas nos
tratamentos fitossanitários. Como regra geral, não se espera ser
necessário tê-los em conta nos programas de fertilização. Solos
de reação próxima da neutralidade devem assegurar quantidades
adequadas destes nutrientes. A clorose férrica é um problema
nutricional importante em diversas culturas e vastas regiões do
241
globo, incluindo em amendoal instalado em solos calcários de pH
elevado. Quando uma situação de clorose férrica ocorre, embora
o problema seja difícil de solucionar, podem aplicar-se quelatos de
ferro ao solo para mitigar o problema. Fernández-Escobar (2008)
propuseram um método para o olival do sul de Espanha
supostamente mais eficiente que consiste em injetar uma solução
de ferro diretamente no tronco da árvore.
O molibdénio está presente na planta na estrutura de algumas
enzimas envolvidas em reações redox, em que o elemento
participa variando o seu número de oxidação (Varennes, 2003).
Deficiências de molibdénio não são frequentes mas podem ocorrer
em solos ácidos, em solos de textura arenosa e pobres em matéria
orgânica. Não é um problema habitual dos programas de
fertilização. A correção da acidez do solo deve ser suficiente para
evitar este problema.
O cloro está presente em alguns compostos orgânicos e está
envolvido na ativação de alguns sistemas enzimáticos (Varennes,
2003). O cloro é um elemento muito abundante na natureza, não
sendo espectável que possa ocorrer deficiência pelo menos no
território nacional. Em agricultura é mais provável que o cloro seja
um problema por excesso que por defeito. Junto ao litoral, onde o
elemento é mais abundante, em regiões áridas e semiáridas, de
balanço hidrológico anual deficiente, e em agricultura de regadio,
em que ocorre elevada entrada de sais nos fertilizantes e água de
rega, podem surgir situações de elevada salinização dos solos,
também com o contributo de sódio e outros sais, que dificultem o
242
desenvolvimento das culturas. Pode ocorrer toxicidade iónica nas
folhas mais velhas e défice de água e de hidratos de carbono nas
folhas mais jovens (Broadley et al., 2012).
243
A qualidade dos diagnósticos e, por último, da intervenção de
fertilização começa no momento da recolha das amostras, uma
vez que estas devem representar o solo de uma parcela ou as
árvores de todo um pomar (Jones, 2012). É necessário ter em
conta que todo o processo deve ser padronizado. Com erros no
processo de amostragem os laboratórios não poderão nunca fazer
bons diagnósticos.
244
anos antes da entrada do pomar em produção. Com árvores
adultas, pode ser vantajoso proceder à marcação, de forma mais
ou menos permanente, de cerca de 15 árvores representativas do
estado de desenvolvimento do pomar sendo o solo colhido
próximo das árvores marcadas. Este procedimento diminui a
variabilidade natural associada às próprias árvores e ao solo e
torna mais fácil a interpretação dos resultados das análises aos
solos (Jones, 2012). Quando se faz fertirrigação, o risco de uma
má amostragem aumenta, uma vez que o bolbo de
humedecimento tende a ser reduzido em comparação com a área
total de solo explorada pelas raízes. Nestas circunstâncias pode
ser de equacionar colher amostras separadas junto aos
gotejadores e na zona não atingida pela água de rega.
Em amendoais em produção, em que se proceda à fertilização
localizada debaixo da copa, a fertilidade do solo torna-se distinta
na área sob a copa e no espaço da entrelinha. Assim, se a
fertilização nos anos anteriores foi efetuada sob a área de
influência da copa, será nessa zona que deverão ser colhidas as
amostras parciais. Em amendoais em que a fertilização é feita com
distribuidores centrífugos de adubos por todo o terreno, as
amostras podem ser colhidas no limite exterior de projeção da
copa das árvores marcadas.
A profundidade de colheita deve estar relacionada com a
profundidade ocupada pela maior densidade radicular. Jones
(2012) recomenda que a profundidade de recolha das amostras
tenha em conta o local onde se encontra cerca de 75 % do sistema
245
radicular. James e Wells (1990) consideram que a profundidade
de colheita das amostras se deve restringir à camada arável (17 a
20 cm), considerando ser essa a profundidade onde são
incorporados os fertilizantes. Ainda de acordo com estes autores,
a recolha de amostras a maior profundidade depende sobretudo
da textura do solo. Solos de textura mais ligeira, de maior
permeabilidade, devem ser amostrados a maior profundidade.
Quando se trate de solos sujeitos a mobilização mínima ou não
mobilização, a profundidade de recolha das amostras poderá
mesmo ser inferior a 17 cm. Em Portugal, a norma geral para a
Produção Integrada recomenda a colheita de amostras de solos
para culturas arbóreas e arbustivas até 50 cm. Considerando que
muitos dos amendoais se encontram em solos de encosta e meia
encosta, nem sempre será possível atingir esta profundidade,
devendo a colheita ser efetuada nos 20 a 30 cm superficiais, até
se atingir a rocha mãe. De qualquer forma, James e Wells (1990)
referem que a recolha de amostras até 15-20 cm de profundidade
é suficiente para monitorizar o movimento dos nutrientes em
profundidade e avaliar o seu grau de estratificação.
Adicionalmente deverá ser fornecida ao laboratório toda a
informação considerada relevante sobre a parcela e sobre a
cultura, normalmente prevista em impresso próprio fornecido pelo
laboratório. Para além da identificação da parcela e do
proprietário, será útil fornecer informação sobre a idade do pomar,
produção esperada, fertilizações normalmente efetuadas e
problemas particulares da parcela.
246
Relativamente à época mais indicada para a recolha das
amostras, e uma vez que o solo tem uma dinâmica de alterações
própria, variável com as condições ambientais (temperatura do
solo, humidade, ritmo de absorção pelas plantas…), as amostras
devem ser colhidas sempre na mesma altura do ano (Mills e Jones,
1996), de preferência numa altura em que seja possível obter os
resultados do laboratório em tempo útil para a realização da
fertilização no início da estação de crescimento.
Quanto à periodicidade de análise dos solos, e de acordo com as
normas da Produção Integrada de culturas arbóreas e arbustivas
em vigor em Portugal, esta deve realizar-se antes da instalação da
cultura (ou no ano de adesão ao modo de Produção Integrada).
Nessa data deve solicitar-se a análise aos seguintes parâmetros:
análise granulométrica; pH (H2O); calcário total e calcário ativo, se
a pesquisa de carbonatos for positiva; necessidade em calcário,
se necessário; matéria orgânica; fósforo e potássio extraíveis;
capacidade de troca catiónica; e os micronutrientes extraíveis
magnésio, ferro, manganês, zinco, cobre e boro. Se as parcelas
forem ou foram regadas, deve ainda solicitar-se a análise à
condutividade elétrica do solo. Um ano após a instalação da
cultura (ou um ano após a adesão ao modo de Produção
Integrada) deve efetuar-se nova análise solicitando os parâmetros
já referidos, à exceção do calcário total e ativo e da capacidade de
troca catiónica. A amostra para determinação da condutividade
elétrica deve ser recolhida junto ao ponto de rega, quando existe
fertirrega. Depois destes procedimentos é obrigatório repetir a
247
análise dos parâmetros anteriores de quatro em quatro anos
(DGADR, 2016).
248
na copa. Estes aspetos, se não forem respeitados na colheita das
amostras, podem causar dificuldades na interpretação dos
resultados. Assim, o estabelecimento de algumas normas e o
cumprimento das mesmas é um princípio básico sem o qual será
difícil a interpretação dos resultados analíticos. De seguida
apresentam-se alguns aspetos a ter em conta na colheita de
tecidos vegetais em amendoal.
Data de amostragem – Em amendoal a época considerada
mais adequada para a colheita de folhas e para a qual existem
padrões para interpretação dos resultados é o final do mês de
julho, início do mês de agosto (Mills and Jones, 1996, LQARS,
2006). No entanto, amostrando nesta data, os resultados
analíticos podem já não permitir uma intervenção atempada no
ano em curso. Para ultrapassar esta dificuldade, alguns
investigadores têm proposto a colheita de folhas para o mês de
abril (Saa et al., 2012; 2014). Desta forma, os resultados podem
ainda ser usados para fazer ajustes de fertilização durante a
estação de crescimento em curso. Por outro lado, nesta data as
folhas refletem já a fertilidade do solo e a forma como os nutrientes
estão a ser absorvidos. A Universidade da Califórnia (Davis) tem
um modelo deste género implementado para o amendoal da
Califórnia (Saa et al., 2012). Em Portugal, este procedimento ainda
não foi calibrado, pelo que se recomenda o respeito pelas datas
oficiais de recolha de amostras, para as quais existe interpretação
dos resultados analíticos (Quadro 7.1).
249
Árvores e folhas a amostrar – A amostra de folhas que chega ao
laboratório deve representar o melhor possível o estado nutricional
do pomar. Como já se referiu para a amostragem ao solo
recomenda-se a marcação de 15 árvores com aspeto
representativo do pomar. Na marcação das árvores devem evitar-
se aquelas que estão situadas nas bordaduras da parcela. Nas
árvores marcadas devem colher-se cerca de 6 a 10 folhas situadas
no terço médio de um ramo do ano não produtivo, distribuídas por
todos os quadrantes da árvore. No total, a amostra de folhas de
um pomar deverá ser constituída por cerca de 100 folhas. Devem
evitar-se folhas do interior da copa, com menor exposição à luz,
folhas danificadas por insetos ou por doenças e deve evitar-se a
colheita de folhas após a aplicação de caldas foliares (Jones,
2012).
Entrega das amostras no laboratório – As amostras devem entrar
no laboratório devidamente identificadas, se possível nas 24 horas
que se seguem à colheita. De acordo com as normas da produção
integrada, deve solicitar-se anualmente uma análise completa que
inclui os nutrientes N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Zn e Mn. Se
durante cinco anos os valores analíticos se encontrarem dentro
dos intervalos de suficiência, as análises podem ser pedidas com
periodicidade bianual (DGADR, 2016).
Para cada nutriente está estabelecido um intervalo de
concentrações nas folhas ao qual corresponderá um
desenvolvimento adequado das plantas. Abaixo desse intervalo há
fortes possibilidades de se desenvolverem sintomas de deficiência
250
e acima dele é possível que ocorram fenómenos de toxicidade. No
Quadro 7.1 são apresentados valores de referência da
concentração de nutrientes em folhas da amendoeira
apresentados por vários autores.
Embora as análises laboratoriais de tecidos vegetais clássicas se
mantenham como a forma mais comum de avaliar o estado
nutritivo das árvores, é possível introduzir outras técnicas de
diagnóstico que auxiliem na monitorização do estado nutritivo do
pomar. Existem no mercado diversos equipamentos portáteis que
fornecem indicação da intensidade da cor verde das folhas e
indiretamente do estado nutricional das árvores (Figuras 7.1 e 7.2).
Dada a grande dinâmica do azoto no solo e nas plantas e pelo
facto da sua concentração nos tecidos estar relacionada com a
intensidade da cor verde das plantas, este tipo de equipamento
tem sido sobretudo utilizado no diagnóstico do estado nutritivo
azotado. Estes equipamentos foram testados em diversas culturas
com resultados satisfatórios (Rodrigues, 2004; Piekielek et al.,
1995; Afonso et al., 2016). No entanto, o seu uso não se tem
generalizado entre os produtores.
251
Quadro 7.1 – Intervalo de concentrações adequada para diversos nutrientes nas folhas
de amendoeira propostos por vários autores
Figura 7.1 – Medidor de clorofila SPAD-502 Plus que estima o teor de clorofila nas
folhas medindo a transmitância da luz através da folha em dois comprimentos de onda,
650 nm (luz vermelha absorbida pela clorofila) e 940 nm (luz infravermelha não
absorbida pela clorofila)
252
Figura 7.2 – Medidor FieldScout CM1000 NDVI que avalia a luz ambiente e a luz
refletida pela planta em diferentes comprimentos de onda, fornecendo o índice de
vegetação NDVI (Normalized Difference Vegetation Index), relacionável com o estado
geral das plantas
254
acontece devido à reação do fósforo com catiões dominantes nos
solos ácidos, como alumínio, ferro e manganês, dando origem a
precipitados.
Em geral, a acidez do solo é corrigida recorrendo à aplicação de
calcários. Em solos de pH ácido pode também ocorrer deficiência
de magnésio. Assim, sempre que possível deve optar-se pela
aplicação de calcários magnesianos. A aplicação de um calcário
calcítico pobre em magnésio pode dificultar a absorção deste por
antagonismo iónico. Em resultado da aplicação de calcários
magnesianos ou dolomíticos aumenta a disponibilidade de cálcio
e magnésio. Com a aplicação de calcários aumenta a solubilidade
de fósforo e reduz-se o efeito tóxico de catiões acídicos.
A quantidade de calcário a aplicar depende sobretudo do pH, mas
também do teor em matéria orgânica e da textura do solo. Quanto
mais elevado for o teor de matéria orgânica e quanto mais argilosa
for a textura, maior será a capacidade de troca catiónica do solo e,
por consequência, maior será a quantidade de calcário a aplicar
para neutralizar os catiões de natureza ácida associados às
cargas negativas do solo (Havlin et al., 2014).
Na aquisição dos calcários, os principais fatores a ter em conta
são o conteúdo em magnésio, como já foi explicado, o valor
neutralizante e a granulometria. O valor neutralizante exprime o
equivalente em CaCO3 do produto ou o valor do calcário. Um
calcário que tenha um valor neutralizante de 90 significa que cada
100 kg do produto tem o equivalente a 90 kg de CaCO3. Se um
produto concorrente tiver um valor neutralizante de 85, terá um
255
efeito equivalente a 85 kg de CaCO3 por cada 100 kg de produto,
sendo por isso menos eficaz na redução da acidez para a mesma
quantidade de produto aplicado. Os calcários são substâncias
pouco solúveis em água. Quanto maior for o diâmetro das
partículas menor será a sua reatividade, sendo a ação sobre o pH
do solo mais lenta (Havlin et al., 2014). No mercado existem
calcários granulados e em pó. Quando se pretende uma ação
rápida do calcário na correção da acidez do solo a opção por
produtos de formulação em pó pode ser vantajosa. Os granulados,
por outro lado, são mais cómodos de aplicar. A estes aspetos
acresce o fator preço, normalmente mais elevado nos calcários
granulados. Todos estes aspetos devem ser tidos em conta no
momento da aquisição dos calcários.
Na instalação de pomares como o amendoal é frequente
equacionar-se a opção de usar corretivos orgânicos. O território
Nacional, sobretudo o interior, tem tendência a dar força a esta
opção porque genericamente os solos têm teores de matéria
orgânica baixos, sobretudo quando as parcelas têm algum declive
e texturas francas a franco-arenosas. É também argumento a favor
do uso de corretivos orgânicos o facto da matéria orgânica no solo
ter efeitos benéficos nas propriedades físicas, químicas e
biológicas (Macci et al., 2012). Genericamente, a matéria orgânica
melhora a capacidade de armazenamento de água, a drenagem
do solo, o arejamento, liberta nutrientes e aumenta a atividade
biológica com efeitos potencialmente benéficos em aspetos
diversos da fertilidade do solo. Contudo, é irrealista admitir-se que
256
a aplicação de matéria orgânica antes da instalação do pomar
pode dar algum contributo significativo no incremento do teor de
matéria orgânica do solo. Se um material orgânico estiver
disponível a preço acessível, pode dar-se preferência à aplicação
localizada junto aos locais onde se irão colocar as plantas. No
entanto, a localização não deve ser excessiva e o corretivo deve
ser misturado adequadamente no solo. Em plantações manuais o
fertilizante não deve ser colocado em camadas no fundo ou junto
às paredes das covas de plantação. De qualquer forma, os
fertilizantes orgânicos devem ser sempre incorporados.
É ainda frequente recomendar-se a aplicação de quantidades
elevadas de fósforo à plantação sempre que as análises de solos
revelem valores baixos do nutriente. A ideia é constituir um
reservatório de fósforo no solo que fique disponível para vários
anos. Contudo, atendendo ao preço elevado dos fertilizantes, ao
elevado número de mecanismos de imobilização do nutriente no
solo, à reduzida exportação do nutriente pela planta e à falta de
estudos que comprovem as vantagens desta estratégia de
fertilização, recomenda-se muita moderação com os custos
despendidos. De uma maneira geral, a eficiência de uso dos
nutrientes aumenta sempre que se aplicam próximos de
momentos de elevada absorção radicular.
Nos anos imediatos a seguir à plantação, as jovens árvores
exploram um reduzido volume de solo, sendo difícil estabelecer
uma estratégia de adubação ao solo. Nos primeiros anos, as
estratégias de fertilização ao solo devem ser conservadas
257
(aplicação reduzida de fertilizantes) e complementadas com
estratégias de adubação foliar, sobretudo se não está instalado
um sistema de fertirrigação, para assegurar melhor acesso das
raízes plantas aos nutrientes de que necessitam. Os custos da
operação são mínimos já que se gasta pouca calda devido à
reduzida área foliar das plantas.
Enquanto as plantas são jovens, o boro deve justificar atenção
especial. É frequente surgirem sintomas de carência de boro
pouco tempo após a plantação. A carência de boro danifica os
ápices em crescimento e as plantas não crescem em altura,
ramificando abundantemente a partir da base. Por outro lado, é
um elemento particularmente tóxico para as plantas quando em
excesso. Assim, em plantações muito jovens deve evitar-se aplicar
boro ao solo na forma de adubos concentrados em boro.
Alternativamente devem ser aplicados adubos compostos que
contenham boro em baixa concentração ou preferencialmente
adubos foliares que contenham o elemento. Esta estratégia visa
apenas reduzir o risco de dano na planta enquanto jovem, já que
como se referirá à frente, em árvores adultas a aplicação ao solo
tende a ser a mais recomendável.
258
as árvores são ainda jovens e estão em crescimento é necessário
repor também os nutrientes que ficam retidos na estrutura perene
da planta. A água da chuva arrasta anualmente nutrientes em
quantidades que podem ser significativas, quer dissolvidos na
água, fenómeno conhecido por lixiviação, quer arrastados no solo
que se perde por erosão. Acresce que a natureza não tem
mecanismos próprios de recuperação rápida da fertilidade do solo.
Para manter o solo produtivo é necessário adicionar fertilizantes
para repor os nutrientes que anualmente se perdem.
A quantidade de nutrientes a repor pelos fertilizantes pode ser
muito variável dependendo da idade do pomar e, em amendoais
adultos, da quantidade de amêndoa produzida. Em anos de
produção elevada a exportação de nutrientes aumenta, sendo
necessário reequilibrar o estado nutritivo da árvore. A manutenção
do solo num bom nível de fertilidade é decisiva para evitar quebras
de produção por falta de disponibilidade de nutrientes.
Na prática da adubação interessa ainda considerar a dose, a data
de aplicação dos fertilizantes, a localização de fertilizantes e as
diferentes opções de fornecimento de nutrientes às plantas por
aplicação ao solo, por via foliar ou fertirrega.
261
fertirrigação, a aplicação de fertilizantes ao solo restringe-se ao fim
do Inverno e início da Primavera.
A data de aplicação dos fertilizantes decide-se em função dos
elementos móveis no solo como o azoto e o boro. Tendo em conta
que a máxima demanda de nutrientes ocorre a partir de abril, e
que estes nutrientes correm riscos elevados de lixiviação se
ocorrer excesso de precipitação após a aplicação, deve ter-se
como referência a aplicação dos fertilizantes para o fim do mês de
março. Em situações particulares, como solos muito arenosos,
pode prever-se o fracionamento da aplicação em duas doses para
o mês de março e o fim do mês de abril. Se a Primavera decorre
muito húmida, com boas condições para o crescimento das
árvores, mas também para a lixiviação de nutrientes, pode fazer-
se uma segunda aplicação no fim do mês de abril.
A data de aplicação de fósforo e potássio é menos importante.
Usando adubos compostos devem respeitar-se as
recomendações seguidas para os elementos móveis no solo. Se
forem aplicados adubos simples contendo fósforo ou potássio,
podem aplicar-se mais cedo, uma vez que o risco de lixiviação é
mais reduzido. Se forem aplicados calcários durante a idade adulta
do pomar estes poderão também ser aplicados bastante mais
cedo, se possível desde o outono. É necessário ter em conta que
os calcários devem ser incorporados no solo, devendo ser
aplicados durante o repouso vegetativo para reduzir o stresse
provocado nas árvores com a destruição de algumas raízes.
262
Se forem aplicados corretivos orgânicos, eles devem ser aplicados
mais cedo que os fertilizantes minerais que contêm elementos
móveis. O mês de fevereiro pode ser uma boa referência para
produtos bem compostos e de razão carbono/azoto equilibrada.
Se forem materiais grosseiros de pior qualidade devem aplicar-se
ainda mais cedo. É necessário ter em conta que os fertilizantes
orgânicos devem ser incorporados, pelo que a aplicação deve ser
feita num período em que não haja humidade excessiva no solo.
A amendoeira faz a floração no fim do inverno antes de surgirem
as folhas. Isto significa que todos os fotoassimilados necessários
à floração se encontram armazenados nas partes perenes desde
a estação de crescimento do ano anterior. Assim, a fase que vai
da colheita à senescência das folhas no outono pode ter particular
importância no ciclo produtivo desta espécie. Para estimular a
planta a incrementar o processo fotossintético pode ser
interessante aplicar uma pequena dose de fertilizante no fim do
verão para ajudar a planta a repor os fotoassimilados na parte
perene (Saa et al, 2012). Esta estratégia deve ser seguida com
moderação pois segue-se o inverno onde os nutrientes não
absorvidos pelas plantas podem ser lixiviados. Em sequeiro é
também difícil de implementar. Se o início de outono decorrer
húmido pode aplicar-se uma pequena quantidade de fertilizante ao
solo. Em alternativa pode aplicar-se uma calda com adubação
foliar.
Em amendoais de regadio com sistema de fertirrigação instalado
os fertilizantes podem ser gradualmente ministrados ao longo da
263
estação de crescimento, dissolvidos na água de rega. A
periodicidade de aplicação deve acompanhar quase todo o
período de rega para evitar problemas de salinidade e para manter
níveis regulares de nutrientes no solo (Arquero e Serrano, 2013).
7.4.2.5. Fertirrigação
270
7.5. Referências Bibliográficas
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273
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with the hull split phenology in almond (Prunus dulcis). Scientia
Horticulturae 199: 41–48.
274
Capítulo 8 - Sistemas de condução e poda
8.1. Introdução
275
cultivadas, procurando não só atingir e manter uma estrutura que
permita maximizar a produção no menor período de tempo, mas
também que a produção ocorra por um período de tempo mais
longo, além de facilitar a gestão do pomar relativamente a outras
técnicas culturais, com o mínimo de esforço e custo (Arquero et
al., 2007; 2013; Valdés et al., sd).
277
gomos florais (Fig. 8.1b). Este tipo de ramos frutíferos aparece na
maioria das variedades de amendoeira, incluindo nos primeiros
anos de vida da planta.
278
À medida que a árvore atinge maior idade, estes ramos são
habituais no interior dos ramos inclinadas, assim como abaixo dos
cortes resultantes de podas severas, realizada no inverno,
causando desequilíbrios na árvore e originando frequentemente
copas muito fechadas. Não têm qualquer função produtiva e
favorecem o aparecimento de problemas sanitários. Este tipo de
ramos não apresenta qualquer funcionalidade, nem estrutural nem
produtiva, motivo pelo qual deverão ser eliminados na poda em
verde, a não ser que se pretenda utilizá-los na substituição de
algum ramo estrutural.
279
8.3. Sistemas de condução
280
baixo. A amendoeira é uma espécie com uma tendência natural a
adotar uma forma de “taça”, pelo que é frequente utilizar-se um
sistema de condução em vaso (Monteiro et al., 2003; Arquero et
al., 2007; 2013; Agustí, 2010; Assunção, 2014; Valdés et al., sd),
que genericamente consiste em manter aberta a parte interior da
copa (Fig. 8.3a,b).
Figura 8.4 - Tronco da amendoeira: a) cruz demasiado baixa; e b) cruz com altura
adequada
282
ramos principais não devem estar todos inseridos no tronco ao
mesmo nível (Fig. 8.5a), de forma reduzir o risco de rutura e
estabelecer uma certa hierarquia entre pernadas. A separação ou
distância entre ramos principais deve ser tão uniforme quanto
possível, para que cada um tenha uma representatividade
equivalente no volume da copa. Assim, no sistema de condução
em vaso e no caso de existirem três ramos principais eles devem
estar afastados entre si de 120 graus. Para melhor resistência
mecânica e favorecer a exposição à luz, o ângulo de inserção dos
ramos principais com o tronco deve ser de aproximadamente 45
graus (Fig. 8.5b). Ângulos maiores ou menores dão lugar a portes
excessivamente abertos ou fechados. Mais detalhes sobre a
constituição das árvores no sistema de condução em vasos podem
ser vistos em Arquero et al. (2007; 2013), Valdés et al. (sd) e
Miarnau (2014).
283
Figura 8.5 - Ramos principais: a) nível de insersão dos ramos no tronco; e b) ângulo
adequado de inserção das pernadaso
284
Figura 8.6 - Ramos secundários: a) inserção do ramo secundário relativamente
próximo da cruz; e b) ângulo de inserção do ramo secundário
285
No sistema de condução em eixo revestido, a planta apresenta um
tronco central, o eixo, do qual a partir da base vão saindo ramos
principais, destes os ramos secundários, terciários, sobre os quais
se desenvolvem as estruturas de frutificação. Na altura da
plantação do pomar, as plantas sofrem um atarraque a cerca de
40-50 cm do solo. Em geral, o rebentamento mais extremo da
parte superior é eleito para formar o eixo central não ocorrendo
qualquer desponta no eixo a partir de então. No eixo central vão
sendo seleccionados ramos desde a base até à parte superior do
eixo, dividindo-se desta forma o vigor da árvore e a frutificação. A
partir do terceiro ou quarto ano a planta encontra-se formada e em
plena produção.
8.4. A poda
Figura 8.8 - Pomar deficientemente conduzido: cruz demasiado baixa; vaso mal
executado e ramos principais com ângulo muito aberto dificultando a gestão do pomar
287
formação e manutenção deve ser tida em conta, especialmente
nas grandes explorações agrícolas.
288
encontram mal inseridos ou rebentaram em número considerado
exagerado, eliminando-os ou efetuando desbaste com esta
operação.
289
a que se pretende formar a cruz, sendo usual proceder a
atarraques da vareta principal até aos 70-110cm. Os lançamentos
laterais são eliminados tendo o cuidado de não danificar os gomos
localizados na área da cruz.
291
vegetativo e risco de quebra ou arqueamento dos lançamentos
fazem-se despontas sobre eles.
Figura 8.9 - Formação do vaso: a) eleição dos ramos principais; e b) eleição dos ramos
secundários
292
requisitos necessários, a árvore deve ser formada com apenas
dois ramos principais, o que também permite uma boa estrutura e
facilidade de poda (Arquero et al., 2007; 2013; Valdés et al., sd).
295
Figura 8.11 - Poda de frutificação: desbaste e desponta de ramos
296
recomendam que se faça uma renovação sequencial dos ramos
principais, um por ano, iniciando-se pelo ramo melhor iluminado
(ramo virado a sul) (Fig. 8.12a). Desta forma mantém-se um certo
nível de produção e não se provocam grandes desequilíbrios na
relação copa/raiz. Com a rebentação vigorosa dos anos seguintes
forma-se a nova estrutura da árvore (Fig. 8.12b).
298
A poda é a técnica cultural que requer mais trabalho, sendo das
operações culturais com custo mais elevado. Esta é a principal
razão para na maioria das espécies fruteiras se procurarem
estruturas mais simples e naturais conduzidas com poda ligeira.
Há também evidências experimentais com outras fruteiras como a
oliveira em como quanto mais ligeira for a poda maior é o nível de
produtividade (García-Ortiz et al., 2008; Tombesi et al., 2014).
299
Mesmo em poda mecânica a intensidade de intervenção deve ser
ligeira a moderada, e sempre que possível ser complementada
com poda manual. A principal limitação da poda mecânica é não
permitir solucionar problemas estruturais na copa.
300
8.7. Referências Bibliográficas
301
Tombesi, S.; Farinelli, D.; Molfese, M.; Cipolletti, M. e Visco, T.
(2014). Pruning technique in young high density hedgerow olive
orchards. Acta Hort. 1057, 385-390.
Valdés, G.; Rico, E. e Más, M. sd. Poda de formación de la
variedad de almendro “Guara”. Estación Experimental Agraria de
Elche. Fruiters
302
Capítulo 9 - Rega
9.1 Introdução
303
Neste capítulo descrevem-se as metodologias para a
determinação das necessidades de rega do amendoal, abordam-
se as questões relacionadas com o efeito do stresse hídrico no
crescimento e produtividade da amendoeira e com a resposta da
cultura a diferentes estratégias de rega. Por último, referem-se os
principais aspetos a considerar sobre a instalação e manutenção
dos sistemas de rega localizada.
304
9.2.1. Evapotranspiração de referência
788
,..,/ ∆ 12 34 56 > *? 3*
9:;<= ;
!"+ = (2)
∆56 @5,,B. >;
305
necessitam de manutenção e calibração regular o que nem
sempre acontece devido aos custos associados. A utilização de
equações mais simples, com menos parâmetros, é uma alternativa
à utilização da equação Penman-Monteith. Entre as várias
equações disponíveis, a equação de Hargreaves - Samani tem
produzido resultados satisfatórios em diversas partes de mundo,
apesar da sua aparente simplicidade (Shahidian et al., 2013).
Necessita apenas da temperatura do ar, e coeficientes
dependentes da latitude do local e época do ano:
,,Q
!"+ = 0,0023 "FéHIJ + 17,8 "FJN − "FIP RJ (3)
onde Tmédia é a temperatura média (ºC), Tmax a temperatura
máxima (ºC), Tmin a temperatura mínima (ºC) e Ra a radiação no
topo da atmosfera (mm/dia) (função da latitude e do dia do ano).
A calibração da equação de Hargreaves - Samani para diferentes
regiões é indispensável para a obtenção de resultados fiáveis. Por
exemplo, em ambientes caracterizados por uma humidade relativa
do ar elevada, ventos fortes e proximidade do mar. Vanderlinden
et al. (2004) recomendam a utilização de um coeficiente de 0.0027
a 0,0029, em substituição do valor de 0,0023, na Equação 3. Por
outro lado, Shahidian et al. (2013) referem que
independentemente da localização, a calibração deve ser feita
para atender aos efeitos da humidade do ar e da velocidade do
vento.
307
utilização dos coeficientes Kcb e Ke implicam a realização do
balanço hídrico diário e constitui a melhor forma para o cálculo das
necessidades hídricas diárias do amendoal com rega de alta
frequência (rega localizada). Todavia, para a planificação e gestão
da rega do amendoal podem-se adotar os coeficientes culturais
médios (Kc) (Quadro 1), simplificando-se desta forma a Equação
1.
Para calcular a evapotranspiração da cultura de amendoais com
baixas densidades de plantação ou ainda jovens (cobertura do
solo inferior a 70%) deve-se integrar um coeficiente de redução da
evapotranspiração (Kr). A evapotranspiração da cultura (ETc, mm
d-1) virá assim:
W X; Y
T= (%) (6)
.,,
Quadro 9.1 - Coeficientes culturais para o amendoal obtidos por vários autores
309
Kr 1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-10 10 30 50 70
Percentagem de cobertura do solo (área sombreada)
-1
Exemplo 9.1 – Determinação da ETc (mm d ) para dois amendoais, com diâmetros de
-1
copa diferentes, considerando uma ETo de 6 mm d e um coeficiente cultural médio
(Kc) de 0,8
Amendoal Amendoal
jovem adulto
310
influenciem a sua variação e proceder, quando possível, ao seu
ajustamento.
312
em que qcc e qce representam os teores de água volumétricos (m3
m-3) à capacidade de campo e no coeficiente de emurchecimento
permanente, respetivamente. Os valores do teor de água no solo
à capacidade de campo e no coeficiente de emurchecimento
podem ser determinados laboratorialmente. O Quadro 3 mostra os
valores teóricos de referência para vários solos, em função da sua
textura.
]# = ]^"aS 1 − b (9)
313
Quadro 9.2 - Valores indicativos dos teores de humidade à saturação, capacidade de
campo, coeficiente de emurchecimento e água disponível total no solo (Pereira, 2004)
Exemplo 9.2 - Cálculo da água disponível total no solo (ADT), da água disponível
total no solo na zona radicular (ADTZr), e do armazenamento crítico (Ac) para um
solo de textura média com uma profundidade na zona radicular (Zr) de 1 m.
Dados do solo:
Teor de água à capacidade de campo (wcc): 0,31 m3 m-3
Teor de água coeficiente de emurchecimento (wce): 0,16 m3 m-3
Profundidade na zona radicular (Zr): 1,0 m
Cálculo:
Água disponível total no solo (ADT) = (0,31 - 0,16) x 1000 = 150 mm/m
Água disponível total no solo na zona radicular (ADTZr) = 150 mm/m x 1 m= 150 mm
Água facilmente disponível na zona radicular (AFDZr) = 0,4(1) x 150 mm = 60 mm
Armazenamento crítico (Ac) = 150 mm x (1 - 0,4) = 90 mm
(1) Fração da água do solo extraível sem afetar a produção (p) para a amendoeira (Allen
et al., 1998)
314
9.3.3. Necessidades de rega
eR = !"f − g* − ∆h (10)
315
jklm
iR = (11)
Qjkn 3jklm
jo#3pn 3∆q
eR = (12)
@3r1
Y1
eRR = (13)
*s
Quadro 9.3 - Valores indicativos das eficiências de aplicação para a rega localizada
bem projetada e bem mantida (Pereira, 2004)
316
No quadro 9.6 apresentam-se exemplos de cálculo das
necessidades de rega, para um ano médio, considerando três
cenários. Foi considerada a evapotranspiração de referência (ETo)
para um ano médio, para a região de Mirandela.
317
Por último, apresenta-se um cenário com aplicações mensais
constantes (30 mm em ao e 40 mm nos restantes meses). Este
cenário, também de rega deficitária, simula uma situação em que
os tempos de rega são constantes e, por isso, uma rega mais fácil
de gerir por parte dos agricultores. Neste cenário, a reserva
facilmente disponível esgota-se em meados de julho ficando a
cultura em stresse hídrico até ao final do ciclo. As necessidades
líquidas de rega anuais são, neste cenário, de 190 mm (1900 m3
ha-1). As consequências destes cenários de rega deficitária serão
discutidas mais adiante.
Os cenários apresentados no quadro 9.6 correspondem a um
exemplo de uma situação específica de um amendoal com uma
densidade de plantação de cerca de 400 árvores por hectare, com
um diâmetro da copa de 3 metros, considerando um ano médio
em termos climáticos e com uma localização na região de
Mirandela. Por isso, os valores apresentados podem afastar-se
significativamente dos de outras situações, quer relativas ao local
quer às características do amendoal.
318
Quadro 9.4 - Exemplo das necessidades de rega mensais para um amendoal
localizado em Mirandela num ano médio, em três cenários distintos: NR1 – aplicação
das necessidades de rega sem considerar a reserva de água no solo; NR2 aplicação
de 70% nas necessidades de rega; NR3 aplicação de regas com dotações mensais
constantes
Mese Tota
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
s l
ETo 61, 85, 119, 153, 190, 172, 114, 985,
60,5 27,6
(mm) 1 2 4 9 7 7 9 8
0,4 0,6
Kc 0,80 0,92 0,96 1,05 0,85 0,60 0,40
0 5
0,5 0,5
Kr 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56
6 6
Pe 16, 110,
8,1 19,9 9,0 0,7 0 7,3 26,2 22,3
(mm) 6 1
NR2 248,
0,0 0,0 23,5 49,2 71,3 71,1 33,2 0,0 0,0
(mm) 2
Dac.NR -
0,0 0,0 -10,1 -31,2 -61,7 -92,2 106, 100,5 -84,4
2
4
NR3 190,
0,0 0,0 30,0 40,0 40,0 40,0 40,0 0,0 0,0
(mm) 0
Dac.NR - -
0,0 0,0 -3,6 -33,9 -95,7 157, 164, -158,7 -142,6
3
2 6
Precipitação efetiva (Pe) calculada pela equação (FAO/AGLW): Pe = 0,6 P-10 (P ≤ 70
mm) e Pe = 0,8 P-24 (P > 70 mm) NR representa as necessidades líquidas de rega
(ETc-Pe); D representa o défice de água no solo (ETc-Pe-NR); Dac. é o défice acumulado.
320
utilizados baseiam-se na monitorização da água no solo e na
planta e no balanço hídrico na zona radicular.
Fu 3F?
t= (16)
F?
321
onde w é teor de água no solo (kg kg-1), mt a massa do solo (água
+ sólidos) (kg) e ms a massa da fração sólida (kg). Para a obtenção
da humidade volumétrica é necessário determinar a massa
volúmica aparente da amostra, ou seja, além das determinações
anteriores é necessário determinar o volume da amostra não
perturbada. A maior fonte de erro associada à determinação da
humidade volumétrica, através deste processo, está relacionada
com a técnica de amostragem. A precisão na determinação da
humidade volumétrica pode ser afetada pela presença na amostra
de pedras, raízes, espaços vazios assim como por distúrbios
difíceis de evitar durante o processo de recolha.
322
se todas na medição da alteração da constante dielétrica do solo
resultante da variação do seu teor de água. Entre as mais
utilizadas estão as sondas TDR (Time Domain Reflectrometry) e
as sondas FDR (Frequency Domain Reflectrometry).
323
Figura 9.2 - Exemplos de sondas TDR (a e b) e esquema de uma soda FDR
326
a b c
327
representativo do estado hídrico da planta. A câmara de pressão
(Scholander et al.,1965), pela sua facilidade de transporte,
simplicidade de montagem e de operacionalidade, é o método
mais utilizado para medir o potencial hídrico foliar em condições
de campo.
328
do-sol, denominando-se potencial de base; medido durante o dia,
normalmente próximo do meio-dia solar designando-se neste caso
potencial do meio-dia ou potencial mínimo; ou medido igualmente
durante o dia, mas numa folha previamente envolvida (1 hora
antes da medição) por uma película opaca (saco ou papel de
alumínio) para ficar em condições ausência de luz (Fig. 9.5),
representando esta medição o potencial hídrico do ramo.
329
Figura 9.5 - Câmara de pressão (esquerda) e folha coberta para posterior medição
do potencial hídrico do ramo (direita)
333
Este fato justifica-se pela forte capacidade de mobilização de
carbohidratos por parte dos frutos relativamente aos restantes
órgãos da planta (Romero et al., 2004). Por este motivo, esta fase
tem sido considerada como aquela em que é mais adequada a
aplicação de regas deficitárias. A aproximação da fase final da
maturação caracteriza-se pela deiscência do mesocarpo e a
formação de uma zona de abcisão na base do pedúnculo do fruto.
A disponibilidade de água no solo influência ambos os fenómenos
(Goldhamer e Girona, 2012). Um excesso de água prolonga a
deiscência do mesocarpo atrasando a colheita. Por outro lado, um
défice excessivo de água causa um decréscimo no peso do grão
e na sua qualidade, ficando mais rugoso e engelhado, e uma maior
adesão do mesocarpo à casca dificultando o posterior
processamento de descasque. É, por isso, fundamental que a
gestão da rega neste período tenha em consideração este
equilíbrio. A senescência foliar precoce é um indicador do estado
de stresse hídrico da amendoeira (Fig. 9.7). A queda prematura
das folhas diminui a área foliar reduzindo a capacidade
fotossintética e a consequente produção de carbohidratos. As
consequências na quebra da produção podem verificar-se nos
anos seguintes, pelo efeito cumulativo na redução do crescimento
dos ramos e ramalhetes. Estes efeitos verificam-se quando o
potencial hídrico do ramo no período julho-setembro é inferior a -
2,5 MPa (Goldhamer e Girona, 2012). Os valores do potencial
hídrico do ramo, durante esse período, que permitiram uma menor
334
quebra na produção nos vários estudos efetuados, situaram-se
entre os -1,4 e -1,8 MPa (Stewart, 2011).
335
obtenção da produção máxima. Todavia, a escassez de água na
maioria das regiões produtoras limita a disponibilidade de água de
rega para implementar uma estratégia de programação que
satisfaça as necessidades da cultura. Por isso, tem vindo a ser
estudadas, desde há vários anos, estratégias de rega que
consistem na aplicação de água que satisfaça apenas parte das
necessidades hídricas da cultura, ou seja, uma rega deficitária
(Fereres e Soriano, 2007). A rega deficitária envolve a prática de
várias estratégias que diferem no padrão (temporal, espacial, ou
uma combinação de ambos) do stresse imposto à cultura (Egea et
al., 2011). Definem-se assim as práticas mais comuns de rega
deficitária: rega deficitária controlada ou regulada (RDI) que é
aplicada em períodos do ciclo vegetativo da cultura em que o
défice hídrico não causa quebras significativas na produtividade.
Quando é imposta durante todo o ciclo vegetativo, a RDI é
designada de rega deficitária sustentada (SDI) (Fereres e Soriano,
2007). A rega parcial do sistema radicular (PRD) é uma estratégia
alternativa em que deliberadamente se impõe uma
heterogeneidade do humedecimento do solo, regando
alternadamente apenas parte da zona radicular (Egea et al., 2011).
A resposta da amendoeira ao stresse hídrico depende do padrão
e da severidade do stresse imposto. Estudos efetuados nos
últimos anos, em distintos contextos climáticos, têm mostrado que
a amendoeira se adapta bem a estratégias de rega deficitária
(Goldhamer e Viveros, 2000; Girona et al., 2005; Goldhamer et al.,
2006; Egea et al., 2013). Esta informação tem sido utilizada para
336
implementar diferentes estratégias de rega deficitária na cultura
com o objetivo de reduzir a quantidade de água de rega aplicada,
nas situações em que a água disponível é escassa para satisfazer
as necessidades ótimas de rega.
Os resultados de ensaios experimentais efetuados na amendoeira
mostram que a rega deficitária tem um efeito significativo na
diminuição do crescimento do tronco e do volume da copa (Egea
et al., 2010). A rega deficitária controlada ou regulada (RDI)
quando aplicada após terminar o crescimento do fruto, no período
de acumulação de matéria seca do grão ou enchimento do grão
(Fase IV, Fig. 9.8), o efeito na quebra de produção é nulo (Romero
et al., 2004; Stewart et al., 2011) ou pouco significativo (2 -3% no
peso do grão), quando comparados com a rega plena (Goldhamer
e Girona, 2012). Como neste período as necessidades hídricas do
amendoal são maiores, a redução da água aplicada na rega
traduz-se num aumento significativo da produtividade da água
(razão entre a produção e a água mobilizada para a cultura).
A implementação de estratégias de rega deficitária deverá ser
preferencialmente acompanhada da monitorização do estado
hídrico do solo ou da planta.
A monitorização do estado hídrico da planta apresenta-se como
uma metodologia expedita que pode ser utilizada para a gestão da
rega.
337
Figura 9.8 - Representação esquemática do crescimento e desenvolvimento da
amendoeira. As curvas representam crescimento acumulado em valores relativos dos
vários órgãos da amendoeira (cv. Marta) no sul de Espanha. Adaptado de Nortes et al.
(2009)
338
água como os custos que estão associados à rega,
nomeadamente os de mão-de obra (Pereira, 2004). Adapta-se a
todo o tipo de topografia de terreno e tipos de solo, permite a
aplicação de fertilizantes na água de rega (fertirrigação) e a sua
aplicação localizada na zona radicular contribui para uma elevada
eficiência do uso da água (Dasberg e Or, 1999). Apesar das
vantagens, apresenta algumas limitações que importa considerar
para que a rega possa ser realizada aproveitando as
potencialidades do sistema. Assim, devido à reduzida dimensão
dos orifícios (gotejadores), a obstrução por partículas minerais ou
orgânicas, por falta de uma adequada filtração da água, ou pela
formação de precipitados (óxido de ferro e carbonato de cálcio) por
falta de tratamento químico para prevenir ou corrigir estas causas,
conduz à redução ou interrupção do caudal com diminuição da
uniformidade da rega e prejuízos para a cultura.
Não cabe, neste capítulo, a descrição detalhada dos vários
componentes do sistema de rega nem os procedimentos para o
seu dimensionamento. É numerosa a bibliografia especializada
com informação detalhada sobre este assunto. Todavia, sendo
importante para a gestão da rega a determinação dos tempos de
rega, em função das caraterísticas do sistema, para a aplicação
de dotações recomendadas por serviços de avisos de rega ou
determinadas pelos técnicos ou agricultores, apresenta-se um
exemplo de cálculo.
339
Exemplo 9.3 – Cálculo do tempo de rega diário para aplicação de uma dotação de
rega de 5 mm
Dados:
Compasso de plantação (Llinha x Lentrelinha): 4 x 6 m
Distancia entre os gotejadores na rampa: 1 m
Número de rampas por linha de plantas: 1
Caudal médio do gotejadores (qmédio): 3,6 L h-1
Tempo de rega diário para aplicação de uma dotação de rega (Drega) de 5 mm
Área afeta por gotejador: ]* =
XI&vâP#IJ x+v*yJH+S*& × XI&vâP#IJ {IP|J& H* }{JPvJ& @×Ü
ÄunÅÇÉÄsn? = = 6 áU
Yº H* SJF}J& H* H* }{JPvJ& @
Ñl2ÖÇ
râäãåç é rèãêëèâäãåç .×Ü
Número de gotejadores por planta: à= = =
ín Ü
4 îïñóòôöïdóõ/bùôàñô Volume de água por planta: û = ^S*xJ ×
iü†°¢£ x i•°¶ß•ü†°¢£ = 5×4×6 = 120 i /bùôàñô
© @U, r/}{JPvJ
Duração da rega: " = = ¨≠
= 8,33 ℎïdôõ =
P × ™´éÉlÄ . ×B,Ü r |
8 ℎ 20 áØà
340
os de filtração da água, devem ser adequados às características
da água de rega e ao caudal. O sistema de bombagem deve ter
em consideração o tipo de energia que será utilizado e a sua
potência, assim como os restantes elementos do sistema (caudal
dos emissores, número de emissores por planta, número de
sectores de rega, etc.) deverão ser dimensionados para período
de ponta, ou crítico, no que respeita às necessidades de rega.
Quando isso não se verifica, situação que é bastante frequente, o
sistema de rega não permite aplicar as dotações correspondentes
às necessidades de rega da cultura no período de ponta, ou seja,
no período de maiores necessidades de rega.
341
9.8. Referências Bibliográficas
Allen R.G.; Wright J.L.; Pruitt W.O. e Pereira L.S. (2007). Water
requirements. In: Design and operation of farm irrigation systems, St.
Joseph, MI, chap 8, 2nd ed. ASAE Monograph.
342
Fereres, E. e Puech, I. (1981). Irrigation Scheduling Guide.
Sacramento, CA, California Department of Water Resources.
343
Kester, D.E.; Martin G.C. e Labavitch J.M. (1996). Growth and
development. In Almond Production Manual. California, Ed. W.C.
Micke. Univ. California, Div. Agric. Nat. Res., Publ. No. 3364.
345
Capítulo 10 - Pragas
10.1. Introdução
346
ametábolos. Este tipo de desenvolvimentos acontece
também nos aracnídeos.
(ii) Insetos que sofrem alterações morfológicas graduais ao
longo do seu ciclo de desenvolvimento - insetos
hemimetábolos. O ciclo de desenvolvimento passa pelo
estado de ovo, ninfa (vários estados de ninfa com mudas
entre si e todas elas imaturas) e adulto.
(iii) Insetos que sofrem alterações morfológicas abruptas de um
inseto imaturo sem asas para um inseto adulto com asas
durante o estado de pupa - insetos holometábolos. O ciclo
de desenvolvimento passa pelo estado de ovo, larva (vários
estados larvares e com mudas entre si), pupa e adulto. Só o
estado adulto é fértil e dá origem a uma nova geração.
347
aspeto pegajoso e favorecem o crescimento de fungos negros
oportunistas que podem levar a uma redução da taxa fotossintética
da planta (Santos et al., 2013). São exemplos de artrópodes
picadores-sugadores os afídeos e a monosteira.
348
Figura 10.1 - Orifício num tronco de amendoeira originado por larva de inseto
349
especial dos antagonistas naturais das pragas e na adoção
de práticas culturais (fertilizações, gestão do coberto vegetal
e podas) sem impacto negativo no ecossistema.
(ii) Avaliação da indispensabilidade da intervenção – nesta fase
é necessário efetuar a estimativa do risco, que corresponde
a uma avaliação da intensidade do ataque dos inimigos das
culturas e da avaliação dos fatores (bióticos e abióticos) que
podem influenciar o desenvolvimento das suas populações
e dos auxiliares associados. Na avaliação da intensidade do
ataque é feita a recolha de amostras que permitem conhecer
o tamanho da população do inimigo da cultura. Esta
metodologia deve ser rigorosa, mas de execução simples
para poder ser posta em prática por técnicos e agricultores.
Nesta avaliação, o nível económico de ataque (NEA) é um
conceito fundamental, mas nem sempre disponível ou obtido
a partir de estudos científicos rigorosos. O NEA é a
intensidade de ataque do inimigo da cultura a que se devem
aplicar medidas limitativas ou de combate para impedir que
a cultura sofra prejuízos superiores ao custo das medidas
de luta a adotar tendo em conta os efeitos indesejáveis que
estas possam provocar. A mais baixa intensidade de ataque
do inimigo da cultura que causa prejuízos de importância
económica é denominado de nível prejudicial de ataque e,
neste ponto, os prejuízos igualam o custo do tratamento a
aplicar no seu combate.
350
(iii) Utilização de meios diretos de luta – são aplicados quando
se pretende combater a praga e, desta forma, impedir os
prejuízos iminentes. Incluem-se, neste caso, a luta biológica
que implica a utilização de organismos auxiliares no
combate a pragas; a luta biotécnica, que implica a utilização
de difusores de feromona sexual em ampla distribuição
(método da confusão sexual) e impede os machos de
encontrarem as fêmeas, a captura em massa e a aplicação
de reguladores de crescimento; ou a luta química onde são
utilizados inseticidas naturais ou de síntese, pulverizados
sobre a planta e que visam reduzir ou eliminar as
populações de inimigos da cultura.
351
espécies de fruteiras, como a pereira, ameixieira, pessegueiro e
cerejeira, e espécies florestais, como o choupo, o plátano e a
cerejeira brava (Russo et al., 1994; García Marí e Ferragut, 2002).
Figura 10.2 - Adultos de Monosteira unicostata (Mulsant & Ray, 1852) em folhas de
amendoeira
Biologia
352
junto à nervura principal na sua maioria na página inferior da folha.
Após um período variável de incubação (11-14 dias), as ninfas
emergem e começam a alimentar-se na página inferior da folha e
passam por cinco estados ninfais antes de se tornarem adultos
(Liotta e Maniglia, 1994; Russo et al., 1994). As ninfas têm um
comportamento sedentário e gregário (Figura 10.3). O número de
gerações nas diferentes regiões onde o inseto ocorre varia entre 2
a 4 dependendo sobretudo das condições climatéricas que se
fazem sentir. Em condições laboratoriais um ciclo completo
demora entre 12,1 a 49,3 dias, dependendo da temperatura,
enquanto alguns autores referem que no campo esse período de
tempo varia entre os 20 e os 57 dias (Sánchez-Ramos et al., 2015).
Sánchez-Ramos et al. (2015) determinaram que os níveis térmicos
inferiores e superiores para o desenvolvimento pré-imaginal são
de 14,8 e 39,1ºC respetivamente. Em situações de campo, as
condições ecológicas são distintas. Nestas condições, as
gerações sobrepõem-se de tal forma que todos os estados de
desenvolvimento estão presentes em simultâneo durante o verão
e por vezes numa mesma folha.
353
Figura 10.3 - Ninfas de diferentes instares de Monosteira unicostata (Mulsant & Ray,
1852)
354
aumentando gradualmente para atingirem o seu máximo no início
do mês de agosto.
355
Na região de Trás-os-Montes os estragos provocados por este
inseto começam a ser visíveis a partir de meados de junho, o que
estará relacionado com o aumento dos níveis populacionais da
praga, podendo atingir mais de 60% de folhas com sintomas de
terem sido atacadas por monosteira (folhas esbranquiçadas e/ou
partes necrosadas) entre finais de agosto e meados de setembro
(Pereira et al., 2008).
Meios de luta
Biologia
359
Primavera, logo que aparecem as primeiras folhas, a larva retoma
a sua atividade alimentando-se dos rebentos, onde penetram
formando galerias, normalmente pupam em maio ou junho em
lugares protegidos na árvore (Chaves, 1992; García Marí e
Ferragut, 2002). Em maio - junho surgem os adultos da primeira
geração, que vão fazer as posturas, dando assim início a uma
segunda geração. Os adultos desta segunda geração fazem novas
posturas das quais vão surgir as larvas da geração hibernante
caso sejam só duas gerações (Bárcia, 1981). Em Trás-os-Montes,
o pico da curva de voo dos adultos ocorre em meados de junho
para a primeira geração e em meados de agostos até princípio de
setembro para a segunda geração.
Figura 10.6 - Armadilhas do tipo delta com feromona específica para captura de
Anarsia lineatella e Grapholita molesta
362
Meios de luta
Biologia
365
que pode levar à má formação e crescimento deficiente. A primeira
geração causa estragos nos rebentos novos, uma vez que se
alimenta dos primórdios foliares e depois penetram na medula,
abrem galerias longitudinais descendentes de vários centímetros,
podendo uma só larva destruir vários rebentos. Mais tarde surge
outra geração que além dos rebentos novos pode atacar também
os pequenos frutos. Outras gerações se seguem e normalmente
estas atacam mais os frutos, causando não só queda prematura
mas também o fraco desenvolvimento e depreciação dos mesmos.
O ponto de entrada das larvas favorece o crescimento do fungo
Monilia laxa que contribui para o apodrecimento do fruto.
Meios de luta
Biologia
368
alimentam e hibernam durante o inverno e, na primavera seguinte
entram em atividade, acasalam e fazem novas posturas desde
meados de março a meados de abril. Os adultos são de cor negra
e cinzenta, a extremidade abdominal é pontiaguda, a cabeça é
larga e medem entre 15 a 27 mm, sendo as fêmeas maiores do
que os machos (Sequeira, 2009).
369
Fatores de limitação natural
Meios de luta
370
ao tronco e evita que as posturas ao eclodirem alcancem as
raízes. É recomendado também a rega, uma vez que revigora as
plantas e evita as posturas.
371
Biologia
372
são vermelhos com um pedúnculo fino no centro e os ácaros
recém-eclodidos são verdes, mas à medida que se alimentam,
tornam-se vermelhos. Têm manchas brancas na base dos longos
pelos situados na parte dorsal do abdómen. Esta espécie tem 5 a
10 gerações por ano.
373
Fatores de limitação natural
374
Monitorização em campo, estimativa do risco e nível
económico de ataque
Meios de luta
375
A luta química é feita através da aplicação de acaricidas, que deve
ser feita após a monitorização dos adultos.
10.7. Afídeos
Biologia
376
Todas as espécies hibernam na fase de ovo, nas rugosidades da
casca. A eclosão dá-se no início da Primavera e as ninfas dão
origem aos adultos. A partir de abril desenvolvem-se as várias
gerações que os afídeos apresentam normalmente. No final do
período de crescimento, em geral, dá-se a migração ou redução
da atividade dos afídeos.
378
Meios de luta
Biologia
380
retida quando o adulto eclode. Dependendo das condições
climáticas nem todas as larvas finalizam o seu desenvolvimento
na primavera seguinte, havendo uma outra percentagem que só
passa a adulto no ano seguinte (García Marí e Ferragut, 2002).
381
Meios de luta
Figura 10.9 - Armadilha tipo funil com feromona específica utilizada na captura de
Zeuzera pyrina e Cossus cossus
Biologia
Meios de luta
384
10.10. Referências Bibliográficas
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387
Capítulo 11 – Doenças
11.1. Introdução
388
Em Portugal as doenças da amendoeira têm sido pouco estudadas
e não existe experimentação que priorize as situações sanitárias
pelo que são apresentadas as doenças consideradas mais
importantes e as mais frequentes, mas também as doenças
emergentes que podem ser potenciadas pelas novas plantações e
maior intensificação na cultura da amendoeira.
389
a soluções coloidais viscosas) é muito característica e frequente
nos cancros de origem parasitária.
Os fungos que se desenvolvem no lenho causam infeções
crónicas que provocam a degradação da madeira com o
aparecimento de zonas deterioradas que reduzem a longevidade
e a produtividade das árvores.
As doenças dos ramos e troncos dos vegetais originam situações
sanitárias de muito difícil solução porque não existem fungicidas
eficazes e não se conhecem os genes de resistência das plantas
em relação a este tipo de doenças. Os meios de luta disponíveis
baseiam-se na eliminação dos ramos mortos e dos tecidos
afetados, proteção das árvores da entrada do parasita e pela
realização de todas as atividades fitotécnicas que garantam o vigor
das árvores.
A utilização dos métodos moleculares em particular das recentes
técnicas de Microarray e RNA-Seq possibilitam novas abordagens
no estudo destas doenças, tanto no domínio da biologia e
epidemiologia como no domínio da biologia funcional pela
identificação dos genes diferencialmente expressos em resposta
á infeção que abrem novas abordagens para encontrar meios de
combate mais eficazes para estas doenças das plantas.
11.2.1. Cancro-da-Amendoeira
390
Diaporthaceae. Recentemente muitas outras espécies foram
associadas com a doença e o fungo foi identificado em muitos
outros hospedeiros.
Sinonímia
391
métodos moleculares com a sequenciação parcial dos genes,
rDNA (Internal Transcrib Spacer) ITS, Fator de Elongação (EF1-
α), β-Tubulina (TUB) e Calmodulina (CAL) seguida de análise
filogenética multi-locus são atualmente procedimentos de rotina na
definição, delimitação e identificação das espécies (Udayanga et
al., 2012, Diogo et al., 2010).
392
A taxonomia dos fungos, com a utilização dos métodos
moleculares, tem introduzido alterações na organização
sistemática dos fungos e com alterações na definição e
delimitação das espécies o que aliado a uma identificação mais
expedita (BarCode) tem alterado a compreensão da epidemiologia
destas doenças, nomeadamente no que se refere à
disponibilidade e presença de inóculo assim como no contributo
de cada uma das espécies no processo de infeção permitindo
equacionar novas estratégias de intervenção mais adequadas
para evitar as novas infeções.
393
cor clara na zona do cancro. No verão, e se existir humidade, os
cancros continuam a crescer o que lhes confere um aspeto
zonado. No final do ciclo vegetativo e também durante o período
de repouso os tecidos corticais afetados apresentam uma
coloração esbranquiçada /acinzentada (Figura 11.2 e 11.3) onde
são visíveis os picnídios do fungo de cor preta (Figura 11.4 e 11.5).
O parasita também infeta diretamente as folhas onde aparecem
manchas castanhas, circulares ou irregulares, que evidenciam no
centro (por vezes) os picnídios pretos. As árvores manifestam
declínio perdem vigor e ficam enfraquecidas (Figura 11.6 e11.7).
394
amygdali tinha um número reduzido de hospedeiros. A definição
dos novos critérios taxonómicos para as espécies do género
Diaporthe/Phomopsis e a identificação atual de D. amygdali em
muitos hospedeiros e incluída nas espécies de maior
patogenicidade confirmará a intervenção da fitotoxina, fusicoccina
como um fator de virulência desta espécie.
Figura 11.2 - Ramos infetados por Figura 11.3 - Ramos mortos por
Diaporthe amygdali - presença de Diaporthe amygdali (pessegueiro)
cor cinzento claro muito caraterístico
(pessegueiro)
395
© Valentim Coelho
© Valentim Coelho
397
dos gomos que correspondeu a oito tratamentos à queda da folha
e cinco tratamentos na primavera. Por outro lado, Rhouma et al.,
2008, em estudos de eficácia de diferentes substâncias ativas para
combater o Cancro-da-Amendoeira na Tunísia, concluíram que o
benomil, tionfanato-metilo e carbendazima revelaram alguma
eficácia e Trichoderam viride e T. harzianum quando aplicados
diretamente nas cicatrizes da queda da folha reduziram o
crescimento do micélio do fungo D. amygdali em 50%.
399
amendoeira foi identificada nos EUA (Ogawa, et al.,1995) e
também referenciada em amendoeira em Espanha. A doença foi
identificada em muito outros hospedeiros da família Rosaceae
como macieira e pereira e em espécies florestais como salgueiros,
amieiros e robinia.
Nome atual
Leucostoma persoonii (Nitschke) Hohn
Sinonímia
Valsa persoonii Nitschke
Leucostoma leucostoma (Pers.) Togoshu
…, e muito outros nomes referidos no Index fungorum
Nome atual
Valsaria insitiva (Tode) Ces. & De Not
Sinonímia
Cytospora amygdalina (P. Karst.) Mussat
Cytospora cincta Sacc.
e mais 155 nomes indicados no Index Fungorum
11.2.2.1. Sintomas
Figura 11.8 - Cancro Cytospora com Figura 11.9 - Cancro Cytospora com
exsudação de goma (amendoeira) abundante exsudação de goma
(cerejeira)
402
aderentes ao ramo. A presença de goma é muito caraterística nos
cancros dos ramos de maiores dimensões e no tronco razão pela
qual a doença é muitas vezes designada por Cancro-Gomoso ou
Cancro-perene mas também designado pelo nome do fungo, que
foi mudando conforme os estudos taxonómicos, existindo assim
diferentes nomes para a mesma doença como Cancro-Cytospora,
Cancro-Leucostoma ou Cancro-Valsa (Pokharel, 2013).
403
nestes cancros junto dos picnídios mas muito mais tarde, muitas
vezes depois de dois ou mais anos (Biggs, 1995).
11.2.3. Doença-do-Chumbo
405
O fungo Chondrostereum purpureum (Pers.:Fr) Pouzar
(=Sterum purpureum Pers.) (=Thelophora purpurea (Pers.) Pers.,
tem uma sinonímia extensa estando referidos no Index Fungorum
mais outros 27 epítetos. O fungo é do Filo Basidiomycota, ordem
Agaricales e família Cyphellaceae.
11.2.3.1. Sintomas
406
11.13). Podem aparecer em qualquer época do ano mas são mais
frequentes no outono.
407
muito suscetíveis à doença durante a primeira semana depois do
corte, suscetibilidade que vai diminuindo com o passar do tempo.
Os esporos depositados na madeira durante os períodos chuvosos
penetram nos vasos do xilema onde germinam e produzem micélio
que se desenvolve e espalha na madeira. O risco de infeção é
maior se as árvores são podadas durante o inverno ou no início da
primavera quando os nutrientes como o azoto e os hidratos de
carbono estão presentes em maior quantidade.
408
11.3. Doenças do lenho
409
11.3.1.1. Sintomas do Cancro em Banda
410
Os fungos da família Botryosphaeriaceae associados às doenças
do lenho da videira produzem substâncias fitotóxicas que
condicionam a manifestação dos sintomas da doença. Andolfi et
al., 2011 em Neof. parvum em videira, mas também um fungo
presente no complexo de espécies associadas ao Cancro-em-
Banda da Amendoeira, identificaram compostos hidrofílicos de alto
peso molecular com propriedades fitotóxicas que identificaram
como (3R,4R)-(-)-4-hydroxy-, (3R,4S)-(-)-4-hydroxy-melanina,
“isosclerone” e “tyrosol” e em Diplodia serratia, também presente
em amendoeira, identificaram, cis-(3R,4R)-4-hydroxymellin and 5-
hydroxymelanina. Muitos outros fungos presentes no complexo
das doenças do lenho da videira produzem igualmente algumas
destas substâncias, mas apenas os fungos Botryosphaeriaceae
produzem melanina na videira e que pode ser utilizado como
identificador bioquímico destas espécies. Segundo os mesmos
autores as toxinas produzidas pelo fungo originam sintomas
localizados na madeira no local onde são produzidos e induzem a
exsudação de goma e oclusão dos vasos xilémicos e que alguns
destes metabolitos também atingem e se acumulam nas folhas
onde se manifestam os sintomas. O modo de ação e a interação
entre as substâncias produzidas pelas diferentes espécies não é
ainda conhecido.
411
11.3.1.2. Epidemiologia da doença e meios de luta culturais
413
limitam a longevidade e produtividade dos pomares e aumentam
os custos de produção pela necessidade de retirar as árvores
doentes ou mortas. Os sintomas são semelhantes nas diferentes
espécies de Prunus mas muito variados podendo apresentar
sintomas nas folhas, com fraco desenvolvimento (Figura 11.14) ou
com cor de chumbo como acontece em Chondrostereum
purpureum ou ficarem necróticas, podendo ainda ocorrer quebra
de pernadas e ramos durante o ciclo vegetativo pelo peso dos
frutos ou ventos fortes e ainda a queda das árvores devido ao fraco
desenvolvimento em profundidade das raízes.
© Eugénia Gouveia
414
Gilbertson 1995). A degradação branca (podridão branca ou
podridão branda) são as mais frequentes e têm aspeto esponjoso
ficando a madeira mais clara e mais branda que a madeira
saudável. Todos os constituintes estruturais das células do lenho
são degradados incluindo celulose, hemicelulose e lenhina.
Adaskaveg e Gilbertson, 1999 e Adaskaveg et al. 2016a, referem
um conjunto alargado de fungos Basidiomycota dos quais se
assinala a espécie Trametes hirsuta (Wulfen. FR.) Quel., T.
versicolor (L.:Fr.) Pilát. e Phellinus gilvus (Schwein.Fr.) Pat., como
parasitas dos ramos e tronco e que entram na planta pelas feridas
da poda e outras feridas resultantes de atividades culturais. Na
figura 11.15 pode ser observado o aspeto da degradação branca
da madeira e frutificações de algumas das espécies associadas a
este tipo de podridão da madeira do Filo Basidiomycota.
415
© Eugénia Gouveia © Eugénia Gouveia
416
doenças foliares interferem com a fotossíntese, manifestando-se
por manchas foliares sob diferentes colorações e formas. A maior
parte dos fungos que causam doenças foliares são extremamente
sensíveis às condições ambientais, sendo de esperar uma grande
incidência da doença quando se verificam períodos frescos e
húmidos na primavera e no verão. As doenças foliares
comprometem a produção e o vigor das árvores.
417
11.4.1. Crivado
11.4.1.1. Sintomatologia
418
Figura 11.16 - Sintomas do crivado em folhas
419
11.4.1.2. Epidemiologia
420
11.4.1.3. Fatores de risco
421
Gort e Sánchez (2011) referem que para as condições de
climáticas da região do Valle del Ebro (Espanha), não é necessário
controlar a doença salvo ataques pontuais com mais gravidade.
11.4.2. Moniliose
422
este parasita, provoca murchidão das flores, sendo que as
infeções ocorrem sobretudo no momento da floração em presença
de chuva e em variedades que são mais suscetíveis. É uma
doença que pode ser grave em zonas húmidas e no momento da
floração (Gort e Sánchez, 2011).
11.4.2.1. Sintomatologia
11.4.2.2. Epidemiologia
425
11.4.3.1. Sintomatologia
11.4.3.2. Epidemiologia
427
Em Portugal não existem fungicidas homologados para esta
doença.
11.4.4. Lepra-da-Amendoeira
11.3.4.1. Sintomatologia
428
© Eugénia © Eugénia
11.4.4.2. Epidemiologia
429
O desenvolvimento desta doença está relacionado com a
temperatura ambiental e o momento do abrolhamento. Períodos
frescos e húmidos favorecem o desenvolvimento da doença. A
temperatura ótima para o desenvolvimento da doença é 20ºC
(IIFAP, 2007). É necessária a presença de chuva para que
ocorram infeções, e chuvas prolongadas favorecem surtos de
doença ao nível do amendoal, no entanto o fungo pode começar a
crescer com 95% de humidade relativa (Lorenz, 1976).
11.5.1. Doença-do-Cancro-Bacteriano
432
Figura 11.18 - Sintomas do Cancro-Bacteriano em amendoeira (P. syringae pv.
syringae) com dessecamento e morte de gomos florais
Photo by Jack Kelly Clark, courtesy University of California Statewide Integrated Pest
Management Program (Cortesia do autor, janeiro 2017)
434
11.5.1.2. Meios de luta
435
União Europeia (Directiva EU 2000/29/EC) e incluída na lista A2
da Organização Europeia e Mediterrânea de Proteção das Plantas
(OEPP) (EPPO, 2006).
11.5.2.1. Sintomatologia
436
Figura 11.20 - Sintomas da Doença-d- Mancha-Bacteriana (Xanthomonas arboricola
pv. pruni) em folhas de amendoeira em amendoeira: (a) manchas necróticas poligonais
rodeadas por halo amarelo, na página inferior da folha; (b) manchas na página inferior,
concentradas no ápice da folha; (c) manchas necróticas na página superior da folha,
mais concentradas no ápice da folha
Fotos de Dr. Miguel A. Cambra (Centro de Sanidad y Certificación Vegetal. Gobierno
de Aragón. España) (Cortesia do autor, janeiro 2017)
437
Por vezes surgem manchas escuras no endocarpo que podem
afetar a amêndoa. Os frutos infetados podem cair prematuramente
(Figura 11.21d) ou ficar na árvore após a colheita, acabando por
mumificar com o tempo. Estes frutos mumificados estão
carregados de bactérias viáveis, que servem de fontes de inóculo
potencial para novas infeções (Palacio-Bielsa et al., 2010a, b). Nos
caules e ramos podem surgir cancros (Palacio-Bielsa et al., 2010a)
junto do ponto de inserção do pecíolo, que podem envolver todo o
ramo.
438
Figura 11.21 - Sintomas da Doença-da-Mancha-Bacteriana (Xanthomonas arboricola
pv. pruni) em frutos de amendoeira: (a) manchas escuras e incorporadas no
mesocarpo, e exsudações de goma; (b) início da desidratação do fruto e intensificação
dos sintomas com exsudação de goma; (c) lesões em elevação e circulares na
superfície do fruto; (d) queda prematura de frutos infetados pela bactéria
Fotos de Dr. Miguel A. Cambra (Centro de Sanidad y Certificación Vegetal. Gobierno
de Aragón. España) (Cortesia do autor, janeiro, 2017)
11.5.2.2. Epidemiologia
440
potencial de dispersão da bactéria, cujo estudo permitirá uma
melhor compreensão da epidemiologia deste patogénio de
quarentena na EU.
11.5.3.1. Hospedeiros
11.5.3.2. Sintomas
444
Figura 11.22 - Sintomas de Xilella fastidiosa em folha de amendoeira. Courtesy
Dr.Donato Boscia, CNR-Institute for Sustainable Plant Protection, UOS, Bari, Italy(in
https://gd.eppo.int/taxon/XYLEFA/photos)
445
Figura 11.24 - Sintomas generalizados em amendoeira infetada com Xilella. fastidiosa.
Foto de Jack Kelly Clark, courtesy University of California Statewide Integrated Pest
Management Program. (Cortesia do autor, janeiro, 2017)
11.5.3.4. Epidemiologia
448
pomares de amendoeira, a distribuição de árvores sintomáticas é
aleatória e não existem gradientes da doença distintos associados
com o habitat dos insetos vetores.
449
Agradecimentos
450
11.6. Bibliografia
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463
Capítulo 12 - Colheita
Arlindo Almeida
12.1. Introdução
Para a maioria dos amendoais com 270 a 300 árvores por hectare,
os sistemas mecânicos de destaque baseiam-se no uso de
vibradores de tronco (Polat et al., 2014), idênticos aos usados na
colheita de azeitona (Figs. 12.1 e 12.2). O funcionamento destes
equipamentos baseia-se na rotação de massas excêntricas (Ortiz-
464
Canãvate, 2012) que produzem uma vibração com amplitude e
frequência adequadas ao destaque dos frutos sem provocar danos
nas árvores (Ortiz-Cañavate e Hernanz, 1989). A rotação das
massas excêntricas é normalmente assegurada por motores
hidráulicos. A vibração é transmitida à árvore por uma pinça que
abraça solidamente o tronco de forma a impedir qualquer
movimento relativo entre a pinça e o tronco. Quando são
produzidos danos nas árvores (como o descasque dos troncos)
devem-se ao mau uso do vibrador ou mau funcionamento da pinça
que agarra o tronco.
465
Figura 12.2 - Pinça do vibrador envolvendo o tronco
467
Figura 12.6 - Enrolador de panos para a recolha de frutos
Figura 12.7 - Destaque dos frutos com vibrador e recolha com enrolador de panos
469
Figura 12.10 - Vibrador de troncos com apara frutos fechado permitindo a deslocação
do equipamento (Foto R. Tranchete)
Figura 12.11 - Vibrador de troncos com apara frutos aberto durante o destaque (Foto
R. Tranchete)
Figura 12.12 - Descarga para lonas da amêndoa colhida com vibrador e apara frutos
(Foto R. Tranchete)
470
Para que estes equipamentos conduzam de facto a uma redução
de custos, é necessário que a capacidade de trabalho proporcione
um limiar de rendibilidade que torne clara a vantagem em relação
à colheita manual, isto é a capacidade de trabalho deve ser
elevada, 1 a 2 árvores por minuto (Arquero e Nicolás, 2013).
471
Figura 12.14 - Vibrador de copa em trabalho de colheita em amendoal em sebe
(Herdade da Torre das Figueiras, Monforte) (Foto A. Dias)
472
Figura 12.15 - Equipamento de descasque de amêndoa acionado pela t.d.f. do trator
(Foto R. Tranchete)
473
12.6. Nota final
474
12.7. Referências Bibliográficas
475