Fiscalidade - Unidade I - Final 13032011

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3º ANO - I Semestre

FISCALIDADE

UNIDADE I

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Instituto Superior Monitor


Março de 2011
Ficha Técnica:

Título: Fiscalidade – Introdução ao estudo da fiscalidade


Autor: Hermínio Chitlango
Revisor: Selma Simango
Execução gráfica e paginação: Instituto Superior Monitor
1ª Edição: 2011
© Instituto Superior Monitor

Todos os direitos reservados por:

Instituto Superior Monitor


Av. Samora Machel, n. º 202 – 2.º Andar
Caixa Postal 4388 Maputo
MOÇAMBIQUE

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou


transmitida por qualquer forma ou por qualquer processo,
electrónico, mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia
ou gravação, sem autorização prévia e escrita do Instituto
Superior Monitor. Exceptua-se a transcrição de pequenos
textos ou passagens para apresentação ou crítica do livro.
Esta excepção não deve de modo nenhum ser interpretada
como sendo extensiva à transcrição de textos em recolhas
antológicas ou similares, de onde resulte prejuízo para o
interesse pela obra. Os transgressores são passíveis de
procedimento judicial
FISCALIDADE

Índice

ACERCA DESTA DISCIPLINA (FISCALIDADE) 2


PRECISA DE AJUDA? .................................................................................................... 3
TRABALHOS .................................................................................................................. 4
AVALIAÇÕES ................................................................................................................. 4
DURAÇÃO ....................................................................................................................... 4
TÉCNICAS DE ESTUDO ................................................................................................ 5
GENERALIDADES DO CURSO .................................................................................... 5
RECURSOS ...................................................................................................................... 6
SEUS COMENTÁRIOS ................................................................................................... 6
ESTRUTURA DA UNIDADE I....................................................................................... 6

UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE 7


CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................ 7
RESULTADOS DE APRENDIZAGEM DA UNIDADE I ............................................. 8
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE ...................................................... 8
ACTIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO........................................................ 8
PRINCÍPAIS FONTES DE RECEITAS PÚBLICAS ............................................ 9
A FISCALIDADE E O DIREITO FISCAL .......................................................... 10
A FISCALIDADE E A CONTABILIDADE ........................................................ 11
O DIREITO FISCAL ............................................................................................ 12
TEORIA GERAL DE IMPOSTOS ....................................................................... 16
O PAPEL DO IMPOSTO NO ORÇAMENTO DE ESTADO ............................. 21
A OPÇÃO DOS ESTADOS PELO IMPOSTO INDIRECTO ............................. 22
O SISTEMA TRIBUTÁRIO MOÇAMBICANO ................................................. 25
SUMÁRIO DA UNIDADE ............................................................................................ 36
TRABALHO ................................................................................................................... 37
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 37
AVALIAÇÃO DE FISCALIDADE ............................................................................... 39

ANEXO I - QUESTIONARIO DE AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS


ESTUDANTES 41
2 ACERCA DESTA DISCIPLINA (FISCALIDADE)

ACERCA DESTA DISCIPLINA (FISCALIDADE)

Bem-vindo(a) ao ISM e à disciplina de Fiscalidade.


A disciplina de Fiscalidade tem como objectivo geral demonstrar a
operacionalização dos processos de tributação.
Recomendámos ao estudante para faça uma ligação das questões práticas que
serão abordadas com a cadeira de Contabilidade na justa medida que é quase
impossível dissociar estas duas matérias.
A disciplina foi dividida em quatro unidades, para As quais se estabeleceram
os seguintes objectivos específicos:

- Dotar aos estudantes de conhecimentos básicos sobre o


imposto e o sistema tributário moçambicano;

- Capacitar com conhecimentos teóricos e práticos do IRPC –


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas;

- Capacitar com conhecimentos teóricos e práticos do IRPS –


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares;

- Capacitar com conhecimentos teóricos e práticos do IVA –


Imposto sobre o Valor Acrescentado

O seu sucesso depende muito do modo como vai planificar e organizar as


tarefas de estudo. À medida que vai experimentando esse sucesso, isso lhe
trará satisfação, cada vez mais interesse, entre outros aspectos. Por isso, siga
os conselhos que lhe são propostos para sair bem sucedido no curso!

2
FISCALIDADE

PRECISA DE AJUDA?
Os materiais deste curso estão na página seguinte da Internet:
Www.monitor.co.mz
Ajuda Você vai precisar de uma senha para poder ter acesso a estes
materiais. No caso de ter problemas de acesso à página que tem
materiais desta unidade, por favor contactar o Instituto Superior
Monitor pelo e-mail [email protected]
No caso de dúvidas sobre o material desta unidade, por favor
contactar a sua Faculdade através do e-mail:
[email protected]
O nome e o contacto do docente serão disponibilizados pela
Faculdade de Gestão Economia e Contabilidade.

Para melhor desenvolver os seus conhecimentos deve procurar ler


a bibliografia recomendada, dirigindo-se a outras bibliotecas
Bibliografia acompanhado do seu cartão de estudante.
Poderá ainda consultar algumas bibliotecas virtuais nomeadamente:
- www.dsd.uem.mz
- www.dominiopublico.gov.pt
- www.ism.co.mz

Poderá ainda aceder à mediateca do BCI, fazendo-se acompanhar


do seu cartão de estudante e do seu Bilhete de Identidade.

Se quiser comprar bibliografia já usada, mas em boas condições e a


preços bastantes acessíveis, consulte a pagina: www.amazon.com

3
4 ACERCA DESTA DISCIPLINA (FISCALIDADE)

TRABALHOS
Depois de estudar cada capítulo desta unidade o estudante deve
resolver todos os exercícios de aplicação como forma de
consolidação das matérias nela vertidas. Os exercícios de aplicação
não serão submetidos ao Instituto Superior Monitor.
Trabalhos

AVALIAÇÕES
Você deve fazer uma avaliação por cada unidade. A avaliação
encontra-se no final da unidade e deve ser submetida ao Instituto
Superior Monitor no prazo de 30 dias, contados a partir da data
Avaliações do levantamento da unidade.
Você pode submeter a avaliação por e-mail, fax, entregar
directamente na instituição ou usando outros meios de
comunicação.
O docente irá corrigir as avaliações e lhe atribuirá uma nota com
base no seu desempenho. A média aritmética das avaliações de
cada Unidade vai ditar a sua nota de frequência. Depois, você terá
que fazer um exame presencial para poder ter a avaliação final da
disciplina. São admitidos ao exame presencial, os estudantes que
tiverem uma nota de frequência igual ou superior a 10 valores.
NÃO HÁ DISPENSAS. Para poder concluir a disciplina, os
estudantes devem ter uma média final igual ou superior a 10
valores e com uma classificação igual ou superior a 10 valores no
exame presencial.

DURAÇÃO
Tempo para leitura da unidade: 20 horas
Tempo para trabalhos de pesquisa: 7 horas
Tempo para a realização de exercícios práticos: 8.5 horas
Duração da unidade:
Tempo para a realização de avaliação: 2 horas
37.5 Horas

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FISCALIDADE

TÉCNICAS DE ESTUDO
Por você ser um estudante universitário as suas técnicas de
aprendizagem serão diferentes das que usava nos tempos da escola
secundária e na presença de um professor.
Neste curso você terá uma grande autonomia, isto é,
Técnicas de Estudo
RESPONSABILIDADE. Acima de tudo, você fará uma gestão
responsável do seu tempo.
Faça um programa de estudos realista e cumpra-o rigorosamente.
Escolha horas e locais tranquilos para os seus estudos.
Faça uso dos demais recursos referenciados na unidade e mobilize
a sua motivação profissional e/ou pessoal para adequar as suas
actividades de estudo a outras responsabilidades profissionais,
sociais e pessoais. Partilhe as suas aprendizagens com os outros.
Usufrua das várias formas de apoio disponíveis mas,
fundamentalmente, você tomará controlo do seu ambiente de
aprendizagem.
Recomendamos que consulte alguns sites da Internet, em inglês,
com informações importantes sobre a melhor forma de estudar de
maneira autónoma:
 http://www.how-to-study.com/
 http://www.ucc.vt.edu/stdysk/stdyhlp.html
 http://www.howtostudy.org/resources.php

Bons Estudos!

GENERALIDADES DO CURSO
Caro Estudante,
Para ter sucessos na disciplina de Fiscalidade, em geral, e nesta unidade em
particular precisa estudar cuidadosamente o material apresentado, aproveitar
os recursos auxiliares disponíveis e apresentar as suas dúvidas ao tutor.

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6 ACERCA DESTA DISCIPLINA (FISCALIDADE)

RECURSOS
Se estiver interessado em aprender mais acerca desta matéria, providenciou-
se uma lista de recursos adicionais no fim desta unidade. Estes recursos
incluem uma série de referências bibliográficas, artigos científicos e websites
da internet.

SEUS COMENTÁRIOS
Agradecíamos que, após a conclusão desta unidade, nos enviasse os seus
comentários sobre os seguintes aspectos:
 Conteúdos e estrutura da unidade;
 Materiais de leitura e recursos da unidade;
 Trabalhos da unidade;
 Avaliações da unidade;
 Duração da unidade;
 Apoio ao estudante (tutores atribuídos, apoio técnico, etc.);
 Outros aspectos que achar pertinente.
Os seus comentários ajudar-nos-ão a melhorar e reforçar esta unidade, pelo
que desde já agradecemos a sua colaboração.

ESTRUTURA DA UNIDADE I
Nesta unidade, procedemos à breve apresentação da disciplina de
Fiscalidade. Esta secção descreve a estrutura da primeira unidade desta
disciplina.
Tratando-se de uma disciplina teórico-prático e base para os cursos de
Economia, Gestão e Contabilidade, nesta unidade procuramos fazer uma
abordagem de questões teóricas relativas ao imposto que servirão de base
para as unidades subsequentes.
Especificamente, esta unidade compreende quatro temas nomeadamente:
Apresentação geral da disciplina, Introdução ao estudo da fiscalidade, Teoria
geral de impostos e o Sistema Tributário Moçambicano.

Recomendamos que leia atentamente as generalidades desta unidade


antes de iniciar os seus estudos.

6
FISCALIDADE

UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA


FISCALIDADE

CONTEXTUALIZAÇÃO
Prezados Estudantes
A disciplina de Fiscalidade é parte integrante dos cursos de Gestão,
Economia e Contabilidade que será ministrado em 4 unidades. Introduz
as questões do Direito Fiscal focando a análise nas linhas mestras do
nosso actual sistema fiscal.

Para isso, analisa em geral, a operacionalização da tributação nas


diversas actividades económicas.

Nesta Unidade, irá:


- Identificar os aspectos gerais da disciplina de Fiscalidade;
- Compreender de que forma o Estado financia as despesas
públicas conhecendo cada uma das fontes de receitas;
- Distinguir o imposto de outras figuras jurídicas afins;
- Identificar e analisar os objectivos do imposto compreendendo as
suas fases;
- Identificar os sujeitos da relação jurídica fiscal e analisar as
especificidades de cada um dos principais impostos e formas de
cálculo com recurso as regras legalmente previstas.

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8 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

RESULTADOS DE APRENDIZAGEM DA
UNIDADE I

Ao concluir esta unidade o Estudante deverá será capaz


de:
Conhecer as razões da fixação de impostos pelo
Resultados Estado.
Identificar as várias fontes e tipos de receitas
públicas;
Distinguir os vários tipos de despesas;
Identificar os objectivos dos impostos,
Caracterizar a prestação tributária;
Conhecer e caracterizar o sistema fiscal
moçambicano;
Conhecer os elementos da relação jurídica;
Identificar as fases do imposto;
Conhecer as vicissitudes no cumprimento da relação
jurídico-fiscal;
Distinguir as formas de incumprimento da
obrigação fiscal;
Analisar os principais impostos vigentes em
Moçambique;

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE


.

ACTIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO


Para a concretização dos fins propostos, o Estado entrenta
necessidades económicas cuja satisfação implica despesas.
Independentemente do regime político no poder, quer ele siga formas
de desenvolvimento do tipo capitalista, quer siga as do tipo socialista,
necessita de suprir ou realizar as diversas necessidades colectivas que
prossegue, como sejam da saúde, educação, defesa da soberania,
entre outras.
Para, a satisfação destas necessidades pressupõe a obtenção dos
meios indispensáveis para efeito.
8
FISCALIDADE

Daí que o Estado e as restantes entidades públicas, desenvolvam


actividades que permitam:
A obtenção dos meios económicos que asseguram a satisfação
das necessidades públicas;

O correcto emprego dos meios obtidos;

A coordenação entre os meios e as necessidades públicas a


satisfazer.

PRINCÍPAIS FONTES DE RECEITAS PÚBLICAS

Entende-se por Receitas Públicas os meios económicos obtidos pelo


Estado e com o fim de usá-los para satisfação das necessidades públicas
De acordo com Ibraimo Ibraimo (2002, p11) os tipos de receitas públicas
mais frequentes em Moçambique são:
As receitas patrimoniais, que provêm do rendimento do
património de que o Estado dispõe, quer seja de domínio privado,
(as receitas que provêm do rendimento do património
assemelham-se às receitas dos particulares, como é o caso dos
lucros ou dividendos, rendas, juros, etc.) quer do domínio
público, sujeitos ao regime de propriedade pública;

As receitas provenientes de taxas, emolumentos ou outras de


natureza similar. Neste caso os entes públicos prestam aos
particulares serviços ou põem à sua disposição bens de domínio
público;

As receitas provenientes de multas, juros de mora,


compensações ou outras da mesma natureza. Nestes casos os
entes públicos cobram determinados valores a título de sanções
pecuniárias cominadas para certas condutas ilícitas ou mesmo
valores compensatórios por razões de mora;

Receitas provenientes de empréstimos públicos, voluntários ou


forçados, internos ou externos;

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10 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Receitas publicas multilaterais, bilaterais e unilaterais


provenientes de países estrangeiros ou organizações não
governamentais, a título de donativos ou doações (prestações
voluntárias) ou ainda, a título de indemnizações (prestações
coactivas);

Receita proveniente de imposto, que constitui a mais importante


receita do Estado.

A FISCALIDADE E O DIREITO FISCAL

A Fiscalidade distingue-se do Direito Fiscal na medida em que o direito


fiscal traduz um conjunto de normas que visam disciplinar a relações
jurídicas do imposto. Com efeito o direito fiscal é parte integrante da
fiscalidade. É Assim que o direito fiscal incorpora a fiscalidade através dos
seguintes princípios

O direito fiscal contém princípios aplicáveis a fiscalidade a saber:

a) Legalidade
Traduz o pressuposto segundo a qual, os impostos são fixados,
criados e alterados por lei nos termos do art. 100 da CRM –
Constituição da Republica de Moçambique. Nesta perspectiva, deve-
se considerar impostos apenas os fixados por lei. Em Moçambique,
a competência fiscal a nível central é da AR – Assembleia da
Republica, a nível local, por força da criação dos Municípios, é das
Autarquias Locais.

b) Igualdade
Por força do art. 35 da CRM, todos os cidadãos são iguais perante a
lei, gozando por conseguinte dos mesmos direitos e obrigações,
independente dos factores sociais, políticos, étnicos, raça e outros. O
princípio da igualdade pretende significar que se deve tratar de forma
igual o que for igual, e de formas desiguais o que for desigual. Este
princípio, pretende garantir que a fiscalidade se desenvolva num
espírito de justiça social. Neste contexto, pagarão mais impostos, os
cidadãos que tiverem maiores rendimentos, e menos impostos os que
tiverem menor rendimento.

10
FISCALIDADE

c) Tipicidade
Pretende conferir maior transparência no processo de cobrança de
impostos, através da identificação prévia e especificação dos factos
ou actos gerados da obrigação tributária. Ex: o IRPS – Imposto sobre
os Rendimentos de Pessoas Singulares e o IRPC – Imposto sobre os
Rendimentos das Pessoas Colectivas tributam o tipo rendimento, o
Direito Aduaneiro tributa a importação, IVA – Imposto sobre o Valor
Acrescentado tributa o consumo e a despesa.

d) Anualidade
Sendo o orçamento uma previsão de despesas a realizar e de receitas a
arrecadar, as que decorrem da cobrança de imposto (tributárias) devem
ser objecto de previsão orçamental anual.

e) Eficiência fiscal
Significa que no exercício da sua actividade fiscal, o Estado
/Entidade pública deve sempre dotar-se de meios capazes de
minimizar a fuga ao fisco.

f) Eficácia fiscal
Significa que no processo de colecta de receitas tributárias o
Estado/Entidade pública deve maximizar o volume de receitas de
forma a fazer face as despesas fixadas no seu orçamento.

A FISCALIDADE E A CONTABILIDADE
A interdependência entre a contabilidade e a fiscalidade é uma situação que
tem caracterizado as relações entre as duas nas últimas décadas de tal forma
que é difícil, senão impossível, nesta época, dissociar o raciocínio
contabilístico do raciocínio fiscal e estabelecer uma escala de subordinação,
com objectivo de saber quem é que mais está subordinado a quem, como já
se tem verificado.
Verifica-se pois que o Código comercial, o Código do IRPC, bem como o
PGC – Plano Geral de Contas, reza a obrigatoriedade de se efectuar a
escrituração mercantil que se traduz em ter a contabilidade organizada.
Mais ainda, constata-se que partes da informação relevante para o
cumprimento das obrigações declarativas, emanadas nos diferentes códigos
de impostos, são fornecidas pela contabilidade.

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12 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

O DIREITO FISCAL
Definição
Direito Fiscal: É o conjunto de normas que regulam as relações que se
estabelecem entre o Estado e os outros entes públicos, por um lado e os
cidadãos por outro, por via do imposto. Essas normas regulam as várias fases
do imposto: Incidência, lançamento, liquidação e cobrança.

Âmbito do Direito Fiscal

De acordo com Goimes, 1995, o direito tributário ou fiscal é o direito


relativo aos impostos. Ainda assim, não ficamos esclarecidos sobre o
respectivo âmbito, que como veremos, é muito vasto.
Assim, o direito fiscal abrange princípios e normas de diversos tipos, de que
salientamos:

a) Princípios jurídicos fundamentais que informam a constituição


material de estado de direito, de natureza suprapositiva, e uma
vez que são comuns a todo o direito, têm incidência no âmbito do
direito fiscal e princípios gerais de direito fiscal, que,
fundamentam e possibilitam o tratamento homogêneo e
sistematizado deste ramo do direito;

b) Normas fiscais da constituição formal, quer as relativas à


produção normativa fiscal, como as relativas à formação da lei
fiscal, quer ao poder fiscal a vários níveis do governo ou de
decisão, quer a outras normas constitucionais, materiais e
programáticas, constante da constituição, em matéria fiscal e que
a doutrina designa por direito fiscal constitucional;

c) Normas de organização dos serviços públicos fiscais e que


poderemos incluir no direito da organização administrativa da
fiscalidade;

d) Normas materiais positivas e negativas, que regulam as situações


jurídicas a que dão lugar as leis de imposto (direito tributário
material positivo e negativo que regulam o imposto e o direito
aos desagravamentos estruturais, e excepcionais (benefícios
fiscais);

e) Normas instrumentais ou formais, que regulam o processo


administrativo de definição das situações jurídicas tributárias
positivas (normas de lançamento, liquidação e cobrança de
imposto) e negativas (normas de reconhecimento dos benefícios
fiscais) e o exercício das garantias administrativas (reclamações

12
FISCALIDADE

e recursos) e que a doutrina designa por direito tributário formal


ou direito processual tributário administrativo e que Código de
processo tributário designa por processo administrativo
tributário.

f) Normais de contencioso fiscal que regulam o processo judicial


tributário (direito processual fiscal, em sentido restrito), que
regula os processos judiciais tributários e aduaneiros;

g) Normas fiscais sancionatórias, que prevêm as reacções


desfavoráveis estabelecidas na lei como consequência dos actos
ilícitos e, designadamente normas que regulam as sanções
preventivas, compensatórias, compulsórias reconstitutivas e
punitivas (direito sancionatório fiscal, direito penal fiscal e
direito fiscal penal);

h) Normas de conflitos que regulam os conflitos de leis fiscais,


positivos e negativos, internos e internacionais, neste último caso
quer de fonte interna, quer de fonte internacional (direito fiscal
internacional e direito inter-regional de conflitos).

Natureza e características do Direito Fiscal

Como sabemos, a doutrina distingue o direito público do direito


privado com base quer no critério do interesse, quer no da qualidade
dos sujeitos das relações jurídicas, quer no da posição de supremacia
que os sujeitos assumem nas referidas relações, matérias que se
supõem conhecidas.
Por um lado, o direito fiscal tutela, fundamentalmente, interesses
públicos, por outro, os sujeitos activos da obrigação tributária e da
relação jurídica do imposto são entes públicos ou entes que exercem
funções públicas, e, nas referidas relações, os entes públicos surgem
em posição de supremacia, enquanto titulares de um Jus Imperi.
Estas afirmações necessitam, porem, de alguns esclarecimentos
imediatos:
a) As situações jurídicas que dão lugar à aplicação das leis de
imposto não se esgotam, como pretende a generalidade da
doutrina, na obrigação de imposto e na relação jurídica de
imposto, a primeira, obrigação nuclear, e a segunda, situação
jurídica complexa que abrange aquela e ainda os deveres
tributários que lhe são acessórios. Na verdade, como veremos, há
outras situações jurídicas autónomas que dão lugar à aplicação
das leis de imposto, pois, há ainda relações jurídicas de benefícios
fiscais e outras situações fiscais, face à obrigação tributária
nuclear, designadamente situações jurídicas meramente formais, e
de polícia tributária, e ainda certas outras obrigações fiscais como

13
14 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

as obrigações fiscais do reembolso e de restituição do imposto, as


obrigações sancionatórias, (juros, compensatórios e de mora,
sobretaxas) e obrigações tributárias sub-rogadas na titularidade
activa dos particulares.

Daí resulta que há situações jurídicas tributárias emergentes das


leis de imposto que não estão sequer na titularidade activa dos
entes públicos, como sucede com as relações de juros
compensatórios estabelecidos a favor do contribuinte, ou com a
obrigação de restituição e a obrigação de reembolso dos impostos
cobrados a mais pelos entes públicos, e com a obrigação sub-
rogada, a favor dos que pagam voluntariamente os impostos
devidos por outrem, e com o próprio direito aos benefícios
fiscais, cujos sujeitos activos são, sempre, ou os próprios
contribuintes, ou as pessoas que pagaram os impostos devidos por
outrem, e não os entes públicos. E, por outro lado, há relações
meramente formais ou instrumentais a que não corresponde uma
relação de imposto, como sucede nas relações entre as sociedades
transparentes e o fisco.
Mas, ainda ai, estamos no âmbito do direito público, com base no
critério do interesse ou no da qualidade dos sujeitos.

b) Por outro lado, há situações jurídicas emergentes do direito dos


impostos que não são sequer situações tributárias, ou até de
direito público, mas sim relações jurídicas civis, como sucede
com o direito de regresso, na titularidade daqueles que pagam
impostos que devam ser suportados por outrem, nos caso de
substituição, de solidariedade e de responsabilidade fiscais ou até
nos caso de pagamentos voluntario feitos por outrem.

Autonomia do direito Fiscal


Tal como sucede no direito financeiro também se discute se o direito
fiscal tem ou não autonomia, face aos restantes ramos do direito,
designadamente face ao direito financeiro e administrativo. E a
questão da autonomia tem sido discutida, quer numa óptica
legislativa, quer didáctica, quer, fundamentalmente, científica.

Desde logo, fala-se não só de uma autonomia legislativa, resultante


de o direito fiscal constar, de leis especificamente tributárias, mas,
ainda, de uma autonomia didáctica, emergente da necessidade prática
de se dar relevo próprio ao ensino destas matérias, e, finalmente, de
uma autonomia científica, defendendo-se que o direito fiscal não é
apenas um mero sector normativo do direito público, mas sim um
verdadeiro ramo do direito público, cientificamente autónomo,

14
FISCALIDADE

decorrendo dai o reconhecimento de que este ramo do direito se


subordina a princípios próprios e homogêneos que possibilitam um
tratamento sistemático autónomo perante as restantes disciplinas
jurídicas.
Ora, quanto aos dois primeiros tipos de autonomia, legislativa e
didáctica, a respectiva afirmação não parece contestável dada a
evidência da existência de leis especificamente tributárias e de, nos
planos de estudos das Faculdades e Departamentos Universitários de
Direito, surgir esta disciplina com carácter autónomo cientifico. No
entanto, parece estar afastar-se a autonomia científica do direito fiscal
em sentido amplo, colocando-se a questão apenas quanto ao direito
tributário material, pois naquele primeiro sentido, não parece haver
princípios que se apliquem a todas as matérias fiscais e que
possibilitem o tratamento unitário e homogéneo de normas de tão
diversa natureza.

Nota-se, contudo, que perante a unidade do sistema jurídico, no seu


conjunto, a autonomia de qualquer ramo do direito é, obviamente,
sempre relativa.
Afastada, como vimos, por ser inservível e hoje unanimemente
rejeitada, a concepção que pretende reconduzir o direito fiscal
material a um aspecto do direito privado, a questão da autonomia
científica deste ramo do direito coloca-se, fundamentalmente, em
face do direito financeiro, do direito administrativo ou perante
ambos.
O problema tem sido objecto de análise atenta, quer entre nós, quer
no estrangeiro, mas não o debateremos aqui em profundidade em
face do reduzido interesse teórico e prático da questão.
O problema da autonomia do direito financeiro em geral e do direito
fiscal em particular tem limitada importância, pois todos,
autonomistas e anti-autonomistas, estão de acordo, por um lado, que
o direito financeiro e o tributário não constituem uma entidade
destacada dos outros ramos de direito, qualquer dos seus ramos,
porquanto autónomo, está necessariamente ligado a todos os outros
com os quais forma um todo único e indivisível, e por outro, que
existem princípios gerais de direito financeiro e tributário, aos quais
deve recorrer-se para interpretação e integração das respectivas
normas. E isto parece indubitável pelo que se refere ao direito
tributário material.
Ora, é precisamente o reconhecimento da existência de princípios
jurídicos próprios deste sector da ordem jurídica que permitem o
tratamento homogêneo e sistemático respectivo que nos leva a aderir
à tese autonomista, do direito tributário material, considerando-se
como um verdadeiro ramo autónomo do direito público,
designadamente em face da direito administrativo.

15
16 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Muitos princípios ou com sentido específico, dominam este ramo do


direito, como sucede com o principio da igualdade tributária, o
principio da eficiência da tributação, o principio da anualidade,
do imposto e da despesa fiscal, o principio da protecção da boa fé,
na execução dos contratos fiscais, o princípio da protecção da
confiança na aplicação no tempo das normas fiscais positivas e
negativas, etc, dando origem a elaboração de conceitos próprios que
do cariz cientificamente diferenciado ao direito fiscal, ao menos pelo
que se refere ao direito tributário material.

Reconhece-se, no entanto que o rigor do princípio da legalidade


fiscal não é tão evidente pelo que se refere as normas que regulam os
benefícios fiscais dependentes de reconhecimento, por acto
administrativo ou contrato fiscal, o que coloca ate questões de
constitucionalidade, como vamos ver.

TEORIA GERAL DE IMPOSTOS


Conceito
Segundo Ibraimo Ibraimo (2002, p40), o imposto é uma prestação
coactiva, pecuniária, definitiva e unilateral, estabelecida por lei,
sem carácter de sanção, a favor do Estado, para realização de fins
públicos.
Encontramos nesta definição as seguintes características
fundamentais do imposto:
a) Coactiva: provem do termo coação, que neste caso significa
uma imposição do Estado;

b) Pecuniária: Determinável em meios monetários;

c) Definitiva: sem direito a restituição, reembolso, retribuição


ou indemnização;

d) Unilateral: Sem contraprestação específica, individual,


imediata e directa;

e) Estabelecida por lei: de acordo com princípio de legalidade


(vide o ponto – A Fiscalidade e o Direito Fiscal);

f) Sem carácter da sanção: sem fins sancionários;

g) A favor do Estado ou a qualquer entidade que exerça


funções publicas;

16
FISCALIDADE

h) Para realização de fins públicos: Sociais e económicos.

Distinção de outras figuras jurídicas afins


A figura do imposto pelas suas especificidades distingue-se de outras
figuras afins que normalmente tendem a ser com ela compreendidas.

As principais figuras afins do imposto são:


a) Taxa – distingue-se do imposto na medida em que nela existe
sempre uma contrapartida para as partes intervenientes na relação
jurídica, o que quer dizer que a taxa é normalmente sinalagmática
porque existem direitos e obrigações para ambas as partes;

b) Multa - distingue-se do imposto pelo facto de ter uma origem no


acto de natureza ilícita ou contravencional;

c) Confisco – é um expediente judicial que é adicionado com


objectivo de obrigar ou coagir a parte devedora a honrar as suas
obrigações, tal como sucede com o penhor, a hipoteca e outras
formas de garantia real. Como se pode notar, no confisco existe
sempre um interesse em impingir o devedor a honrar cumprir
com as suas obrigações, enquanto que no imposto não existe por
de trás da obrigação fiscal qualquer relação de uma cláusula
contratual.

d) Contribuição especial – distingue-se do imposto na medida em


que nesta o contribuinte comparticipa com uma valor monetário
para realização de algo em beneficio de uma colectividade,
contudo o contribuinte não colhe directamente as vantagens da
contribuição que efectua, mas sim de forma indirecta ou medida
de beneficio. Exemplo: os valores que os camponeses
localizados na zona do Chókwé desenvolveram para a
manutenção do regadio.

Impostos, taxa, sanções patrimoniais, empréstimo público


forçado e tributos parafiscais são figuras afins, com muitas
características comuns, mas que não se podem confundir.

Objectivo do imposto
Como já sabemos, os impostos são criados para satisfação de fins
públicos, expressão ampla que engloba objectivos fiscais (obtenção

17
18 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

de receitas Publicas) e extra fiscais (sociais, económicas, etc.), tal


como já foram referidos inicialmente.
De resto, os impostos têm sempre vários objectivos, que se
encontram geralmente associados, muito embora em alguns casos
predomine um ou outro.
Assim, podemos distinguir os seguintes Objectivos:

a) Objectivos fiscais

Aqui os impostos visam a obtenção de receita para financiamento das


despesas públicas, isto é, “a satisfação das necessidades financeiras
do Estado”.

b) Objectivos sociais

Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a


diminuição das desigualdades, tendo em conta as necessidades e os
rendimentos do agregado social, operando-se assim uma verdadeira
redistribuição de riqueza.
Por outro lado, os impostos podem adaptar a estrutura do consumo a
evolução das necessidades de justiça social (onerando os consumos
de luxos, por exemplo).

c) Objectivos económicos

Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento


disponível e, consequentemente, o consumo), obter a selectividade do
consumo (tributando mais pesadamente os consumos nocivos e
supérfluos como o tabaco, o jogo, certas bebidas, obras de arte,
antiguidades, etc.), proteger as industriais nacionais (estabelecendo
direitos aduaneiros protectores durante um certo período), incentivar
a poupança e o investimento (indirectamente através de
desagravamentos fiscais).
Por outras palavras, diríamos que Estado através dos impostos pode
desenvolver os seguintes objectivos económicos:
Protecção da indústria nacional
Incentivo ao investimento
Incentivo à poupança
Combate a inflação

18
FISCALIDADE

Protecção da indústria nacional


O Estado, pela via dos impostos, pode proteger a indústria nacional
através da aplicação de taxas altas na importação de bens ou serviços
do estrangeiro que concorram com os produtos/serviços nacionais.

Incentivo ao investimento
O Estado, através dos impostos, pode incentivar ao investimento
através da concessão/atribuição de benefícios, como por exemplo, a
isenção ou redução de taxas.

Incentivo à Poupança
Os impostos desempenham um papel fundamental no estímulo à
poupança na medida em que, através de sua política fiscal, o Estado
pode agravar as taxas de consumo e importação como forma de
garantir que os cidadãos ou empresas entesourem, consumam ou
invistam no futuro.

Combate à inflação
Através da política fiscal, o Estado pode corrigir o sistema financeiro
quando este registe uma alta de preços no mercado ou quando se
verifique uma baixa de preços de bens e serviços. Nesta perspectiva,
os impostos estabelecem a procura e a oferta no mercado.

Fases da vida do imposto


Os diversos momentos da vida do imposto passam necessariamente
por três ou quatro fases, conforme os casos nomeadamente:

a) Incidência
O imposto nasce quando surge uma norma legal que confere ao
Estado a posição de credor do imposto e ao cidadão a situação de
devedor do mesmo. Compete à lei definir, embora de modo genérico
e abstracto, o que é passível de imposto e quem é que fica sujeito a
imposto.
A incidência é pois a definição geral e abstracta, feita pela lei, dos
actos ou situações sujeitas a imposto e das pessoas sobre as quais
recai o dever de o prestar.
Temos, assim, dois aspectos sob os quais pode ser encarada a
incidência: o que está sujeito a imposto (incidência real ou
incidência material) e quem está sujeito a imposto (incidência
pessoal ou subjectiva).

19
20 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Haverá sempre lugar a imposto quando se mostrem reunidos todos os


pressupostos de incidência referidos na lei. Pode, no entanto, o
legislador abrir, por vezes, excepções às regras de incidência. Isto é,
pode acontecer que estando reunidos os pressupostos da incidência, a
própria lei, determine que certos sujeitos ou certa matéria colectável
não seja tributada. Estas excepções às regras de incidência chamam-
se isenção. A isenção fiscal pode ser objectiva (no caso de ser em
função do objecto) ou subjectivo (se for em função dos sujeitos). A
isenção pode ser ainda total ou parcial.

b) Lançamento
Nascida a obrigação do imposto, até este ser pago, desenrola-se um
processo administrativo que inicia justamente na fase de lançamento.
No lançamento identifica-se o sujeito passivo do imposto e fixa-se a
matéria colectável sobre a qual recairá o imposto
Há dois momentos importantes da fase do lançamento:
A identificação do contribuinte que se pode fazer com base
na declaração do próprio (que é a forma mais frequente), por
declaração de terceiros, por simples actividade do fisco ou
mesmo por indicação de certos serviços públicos;

A fixação da matéria colectável, que pode ser feita também


com base na declaração do contribuinte, por fixação directa
pela administração fiscal, por fixação feita por comissões
especificas estabelecidas na lei e, algumas vezes por acordo.

c) Liquidação
A fase de liquidação consiste no cálculo da colecta do imposto,
aplicando-se na matéria colectável a taxa do imposto.

Em regra, a liquidação é feita nos impostos directos pela


administração fiscal, e nos impostos indirectos pelo contribuinte.

A liquidação está sujeita à caducidade. Ocorrido o facto gerador do


imposto, ela só poderá ter lugar dentro de um prazo de cinco anos,
para o caso dos impostos do código dos impostos sobre rendimento
ou, no caso da sisa e do imposto sucessório, dentro dum prazo de
vinte anos. Estes prazos não são de prescrição, mas de caducidade,
como se acentuou. Dai que, extinto o direito à liquidação, não se
encontre necessariamente prescrito o direito à cobrança dos impostos,
cujo prazo é de vinte anos.
20
FISCALIDADE

d) Cobrança
Nesta fase estamos em presença do momento final da vida do
imposto. A cobrança é a operação administrativa que visa a entrada
do imposto nos cofres do Estado.
Determinado o montante do imposto a pagar, através das operações
de liquidação, seguem-se as operações com vista à arrecadação do
imposto.
Nos casos, a repartição de finanças extrai umm conhecimento de
cobrança donde constam a natureza do imposto, a identificação do
sujeito e a importância a pagar, e envia-os oficiosamente ao
recebedor de fazenda que se constitui por esse acto na obrigação de
cobrança – é a cobrança virtual.
Noutros casos, o título de cobranças é solicitado pelo contribuinte,
que o apresenta no acto de pagamento ao tesoureiro. É a cobrança
eventual.
São cobrados virtualmente por exemplo, a contribuição industrial e a
contribuição predial. São cobrados eventualmente, por exemplo, a
sisa, o imposto de circulação, o imposto de consumo, etc.
A cobrança virtual é a forma normal de cobrança dos impostos
periódicos – porque é possível prever a sua cobrança, pode constituir-
se o tesoureiro na obrigação prévia de os cobrar – sendo a cobrança
eventual típica dos impostos de obrigação única, cuja cobrança é
aleatória, não pode prever-se antecipadamente. Isto justifica que,
sempre que passa prever a arrecadação dos impostos de obrigação
única, a sua cobrança será virtual.

O PAPEL DO IMPOSTO NO ORÇAMENTO DE ESTADO


Sendo o orçamento do Estado um instrumento no qual se fixam as
despesas a realizar e são previstas as receitas a arrecadar de entre as
quais as resultantes do pagamento dos impostos afigura-se pertinente
identificar o papel deste no orçamento dos Estados.
Os impostos são o rendimento e são o consumo e a despesa bem
como os decorrentes dos actos de importação são os que caracterizam
objectivamente o sistema fiscal dos Estados modernos.
No que tange aos impostos directos importa referir que vão menos
propensos a situações de fuga ao fisco, quer na forma de evasão ou
de fraude fiscal por um lado. Por outro lado, potenciar a
maximização da receita nos Estados com maior índice de
empregabilidade ou maior índice de investimento (IRPS/IRPC).

21
22 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Os impostos indirectos porque caracterizam o processo de tributação


do consumo / despesa / importação, garantem igualmente a
maximização do volume de receitas a arrecadar por parte do Estado.

A OPÇÃO DOS ESTADOS PELO IMPOSTO INDIRECTO


A maioria dos países exerce a opção para tributação indirecta na
medida em que o processo de cobrança de impostos nesta modalidade
funciona à luz do mecanismo designado de anestesia fiscal. É assim
que em situações de desemprego e descapitalização do acto
empresarial, os Estados não tem tido outra opção se não conferir
maior preferência para tributação do consumo e da despesa.

Os sujeitos da relação jurídica

a) Sujeito activo
É o credor ou titular do direito e poder de exigir a prestação
tributária. É aquela pessoa do direito público em benefício da
qual é estabelecido o imposto.
b) Sujeito passivo
É o devedor do imposto ou a pessoa a quem se pode exigir o
cumprimento da prestação tributária.

Vicissitudes da relação jurídica fiscal


A figura do sujeito passivo nem sempre coincide com a figura de
contribuinte. Sujeito passivo é a pessoa singular ou colectiva que à
partida deve preceder ao cumprimento das obrigações tributárias, é a
pessoa sobre quem incide a fase da incidência fiscal. Quando falamos
em vicissitudes no cumprimento das obrigações fiscais pretendemos
referir que a relação jurídica fiscal pode conhecer modificações
relativos a pessoa que em última análise suporta o desfalque
patrimonial e financeiro.

Tradicionalmente existem quatro formas de modificação a condição


de sujeito passivo a saber:
a) Substituição fiscal
b) Responsabilidade tributária
c) Substituição rogação fiscal
d) Sucessão fiscal

22
FISCALIDADE

Assim, de forma detalhada teremos:


a) Substituição fiscal
Ocorre quando por força da lei a obrigação tributária é
exigida a uma 3ª pessoa designada substituto tributário ou
ainda contribuinte.

Opera à luz do mecanismo de retenção na fonte previsto no


art. 12 lei 15/2002.

Pressupõe sempre que a prestação do imposto devida pelo


sujeito passivo originário ocorra dentro dos moldes previstos
no art.11 da lei 15/2002.

b) Responsabilidade tributária
Ocorre nos casos em que o sujeito passivo originário é uma
pessoa colectiva, por exemplo do tipo societário (documentos
comerciais) que na impossibilidade ou incapacidade
financeira de cumprimento das suas obrigações relativas ao
imposto devido encontrando-se na eminência de falência ou
em situação de falência decretada judicialmente são chamadas
de forma solidária (em comunhão de esforços) os sócios que
subscreveram o capital social, nos temos dos dispostos no art.
6 da lei 15/2002 de 26 de Junho.

c) Sob - rogação fiscal


Ocorre sempre o sujeito passivo originário se mostre com
falta de liquidez financeira para suportar os impostos devidos
e para o efeito solicita por via da transmissão da dívida a uma
terceira pessoa para ou em seu nome proceder o pagamento
da obrigação tributaria.
Temos o subrogado – que é o sujeito passivo originário sub-
rogante que é o contribuinte.
Para que a sub-rogação seja feita afigura-se pertinente que
seja comprovada a insolvência; é preciso que se elabore um
requerimento dirigido ao chefe da Repartição Fiscal
solicitando a autorização da sub-rogação.

d) Sucessão fiscal
Ocorre por morte do sujeito passivo originário e havendo
dividas fiscais abre-se uma possibilidade de os seus herdeiros
legatórios (sucessores) assumirem os impostos devidos pelo
finado.

23
24 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Limites da responsabilidade dos sucessores


Com a morte de sujeito passivo, responde apenas o património de que
ele era proprietário, não havendo, por conseguinte, qualquer
comunicabilidade dos patrimónios dos sucessores, o que significa
que a divida fiscal do sujeito passivo originário poderá ser
amortizada com as forças da herança ou do legado.

Classificação dos Impostos


Os impostos classificam-se de acordo com a listagem a abaixo:
Impostos estaduais e não-estaduais
o Impostos estaduais são os impostos cujo sujeito activo é
o Estado.
o Impostos não-estaduais são os impostos cujo sujeito
activo não é o Estado.

Impostos directos e indirectos


o Impostos directos são os que tributam a riqueza.
o Impostos indirectos são os que tributam o consumo.

Impostos reais e impostos pessoais


o Impostos reais são os que não têm em conta as condições
pessoais, económicas e familiares dos contribuintes.
o Impostos pessoais são os que têm em conta as situações
pessoais, económicas e familiares dos contribuintes.

Impostos proporcionais, progressivos e regressivos


o Impostos proporcionais – Têm taxa fixa.
o Impostos progressivos – A taxa aumenta à medida que a
matéria colectável aumenta.
o Impostos regressivos – A taxa diminui à medida que a
matéria colectável aumenta.

Impostos periódicos e de obrigação única


o Impostos periódicos – cujo pagamento se processa
periodicamente.

24
FISCALIDADE

o Impostos de obrigação única – apenas há lugar ao


pagamento do imposto quando o facto que o origina
acontece.
Impostos principais e acessórios
o Impostos principais – gozam de autonomia face aos
restantes.
o Impostos acessórios – não são autónomos e acrescem aos
impostos principais, de que dependem, como por
exemplo, a derrama.

O SISTEMA TRIBUTÁRIO MOÇAMBICANO


Encontra-se na tabela abaixo um texto, referente ao Sistema
Tributário Moçambicano, produzido pela ACIS em cooperação com
a GTZ APSP e a Deloitte. Publicado a 20 de Outubro de 2008 com o
titulo “O Quadro Legal para Impostos em Moçambique – 1. Sistema
Geral.

O sistema tributário actualmente em vigor é o produto da


reforma iniciada em 1998, e que tem como pilares
principais:
No âmbito da tributação indirecta (tributação da despesa), o
IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado, incidente à taxa
geral de 17% sobre as transacções de bens e serviços
realizadas no País, incluindo a importação. Substituiu o
anterior imposto de circulação criado em 1978, o qual
revestia a natureza de “imposto em cascata”, com taxas
diferenciadas nas diferentes fases de comercialização,
respectivamente 5% no produtor ou importador, 5% no
grossista e 10% no retalhista.
No âmbito da tributação directa dos rendimentos, surgem o
IRPC - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
e o IRPS - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares, os quais vieram substituir o anterior sistema de
tributação do rendimento instituído em 1968 e regulado
pelo Código dos Impostos sobre o Rendimento.
O anterior sistema assentava na existência de um conjunto
de impostos parcelares, de taxa proporcional, incidentes
sobre as diferentes espécies de rendimento mais relevantes,
complementado, no caso das pessoas singulares, por um
imposto de englobamento (imposto complementar), de taxa
progressiva, aplicável ao conjunto dos rendimentos do
agregado familiar sujeitos aos diferentes impostos
parcelares.

25
26 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

O Sistema Tributário Autárquico, ainda em fase de


implementação incipiente .
Embora não revestindo tecnicamente a natureza de tributo,
pois que não constituem receita própria do Estado, refiram-
se os encargos parafiscais destinados a financiar o Sistema
Nacional de Segurança Social, e, nesse sentido, aproveitam
genericamente os respectivos contribuintes e outros
beneficiários do sistema, constituídas pelas contribuições
obrigatórias para o efeito estabelecidas pelo Decreto nº 4/90
de 13 de Abril as quais são, respectivamente de:
Encargo da entidade empregadora - 4%
Encargo do trabalhador mediante desconto pela
entidade empregadora - 3%.
Estas percentagens têm como base de incidência, nos
termos do artigo 10 do Regulamento da Segurança Social
Obrigatória aprovado pelo Decreto n.º 53/2007, de 3 de
Dezembro:
O salário base do trabalhador;
Os bónus, comissões e outras prestações de
natureza análoga atribuídos com carácter de
regularidade;
A gratificação de gerência.
Nos termos do artigo 4 do mesmo regulamento são
obrigatoriamente abrangidos por este encargo os
trabalhadores por conta de outrem, nacionais e estrangeiros,
residentes em território nacional, independentemente do
sector económico em que exercem a sua actividade, mesmo
que o trabalho seja a tempo parcial, incluindo os períodos
probatórios e de estágio laboral remunerado, incluindo-se
no conceito de trabalhador por conta de outrem:
Os administradores, gerentes e os membros dos
órgãos sociais das sociedades com contrato de
trabalho, incluindo as sociedades unipessoais;
Os empresários em nome individual com
trabalhadores ao seu serviço ou com
estabelecimento estável;
Os estivadores, contratados por uma empresa de
estiva ou agência de emprego;
Os profissionais ao serviço de transportadores;
Os trabalhadores de instituições do Estado ou de
autarquias locais e os trabalhadores de empresas

26
FISCALIDADE

públicas que não estejam abrangidos pelo


Estatuto Geral dos Funcionários do Estado;
Os trabalhadores sazonais;
Os trabalhadores de partidos políticos,
sindicatos, associações e organizações sociais
bem como os trabalhadores das organizações
não-governamentais.
No caso de trabalhadores estrangeiros, no entanto, o
carácter obrigatório deixa de ser aplicado mediante prova de
que sejam contribuintes de sistema de segurança social de
outro país.
No caso dos trabalhadores sujeitos à disciplina do Estatuto
Geral dos Funcionários do Estado, existe sistema próprio de
Segurança Social, sendo neste caso de 7% a respectiva
contribuição (como encargo único do próprio trabalhador).

PRINCIPAIS IMPOSTOS DO ESTADO MOÇAMBICANO

IRPC - Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas Colectivas


(Lei n.º 34/2007 de 31 de Dezembro)

a) Incidência:
De acordo com o CIRPC – Código do IRPC, este imposto incide
sobre:

As sociedades comerciais e as demais pessoas colectivas de


direito público ou privado com sede ou direcção efectiva em
território moçambicano.

Mais ainda, são tributados pela totalidade dos seus rendimentos,


incluindo os obtidos fora do território nacional.

No entanto, existem convenções para evitar a dupla tributação


internacional aplicáveis assinadas com os seguintes países:
Portugal, Itália, Maurícias, Emiratos Árabes Unidos e África do
Sul.
As entidades, com ou sem personalidade jurídica, que não tenham
sede nem direcção efectiva no território nacional, relativamente
apenas à parcela dos respectivos rendimentos obtidos no País e
aqui não sujeitos a Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares (IRPS).

27
28 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Para efeitos de sujeição a imposto consideram-se obtidos no território


nacional os rendimentos imputáveis a estabelecimento estável aí
situado, e bem assim os que, não se encontrando nessas condições,
sejam relativos a imóveis aí situados, ou respeitem a rendimentos
cujo devedor tenha residência, sede ou direcção efectiva em território
nacional, ou cujo pagamento seja imputável a um estabelecimento
estável nele situado.

b) Transparência Fiscal:

A matéria colectável, determinada nos termos do IRPC, das seguintes


sociedades com sede ou direcção efectiva em território nacional, é
imputada aos sócios das mesmas integrando-se na determinação do
rendimento tributável destes para efeitos de IRPS ou IRPC,
consoante o que lhes seja imputável, ainda que, não tenha havido
distribuição de lucros:
Sociedades civis não constituídas sob forma comercial;
Sociedades de profissionais;
Sociedades de simples administração de bens,
designadamente quando a maioria do respectivo capital
social pertença, directa ou indirectamente, a um grupo
familiar.

A imputação aos sócios ou membros das entidades abrangidas é feita


nos termos e proporção que resultem do acto constitutivo das mesmas
entidades ou, na falta de tais elementos, em partes iguais.

c) Isenções:

São, entre outros, isentos de IRPC:

Os rendimentos directamente resultantes do exercício da


actividade sujeita ao Imposto Especial sobre o Jogo
estabelecido pela Lei n.º 8/94, de 14 de Setembro;
As sociedades e outras entidades às quais seja aplicável o
regime de transparência fiscal acima enunciado.

d) Taxas Aplicáveis:

A taxa do IRPC é de 32%, salvo nas seguintes situações:

Actividade agrícola e pecuária, até Dezembro de 2010 – 10%;

28
FISCALIDADE

Rendimentos aos quais seja aplicável a obrigatoriedade de


retenção na fonte do correspondente imposto – 20%;

Entidades que, não tendo sede nem direcção efectiva em


território nacional, aqui não possuam também
estabelecimento estável ao qual os correspondentes
rendimentos sejam imputáveis – a título de taxa liberatória –
20%;

Entidades que, não tendo sede nem direcção efectiva em


território nacional, aqui não possuam também
estabelecimento estável ao qual os correspondentes
rendimentos sejam imputáveis, quando derivados da
prestação de serviços de telecomunicações e transportes
internacionais, bem como montagem e instalação de
equipamentos efectuados por essas entidades - a título de
taxa liberatória – 10%;

Rendimentos de títulos cotados na Bolsa de Valores de


Moçambique – a título de taxa liberatória – 10%;

Encargos não devidamente documentados e despesas de


carácter confidencial ou ilícito - 35%. Mais, estes custos não
são aceites para efeitos do apuramento da matéria colectável,
sendo deduzidos no momento do preenchimento da
declaração de rendimentos (Modelo 22) no final do exercício.

e) Determinação do Rendimento e da Matéria Colectável

Por regra o exercício económico, para efeitos de tributação, coincide


com o ano civil, mas, existe a possibilidade de ser adoptado período
anual de tributação diferente, quando a natureza da actividade o
justifique, ou quando se trate de estabelecimento estável de
sociedades e outras entidades sem sede nem direcção efectiva no
território nacional, na condição sempre de o período assim adoptado
dever ser mantido durante os cinco exercícios seguintes, pelo menos.

O rendimento colectável concebe:

O lucro das sociedades comerciais e demais entidades que


exerçam a título principal uma actividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola, considerando-se como tal
todas as actividades que consistam na realização de
operações económicas de carácter empresarial, incluindo a
prestação de serviço;

29
30 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Os prejuízos fiscais apurados em determinado exercício, das referidas


sociedades e demais entidades, são deduzidos aos lucros tributáveis,
havendo-os, de um ou mais dos cinco exercícios posteriores.

O rendimento global, correspondente à soma algébrica dos


rendimentos das diversas categorias consideradas para efeitos de
IRPS, nos restantes casos.

IRPS - Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas


Singulares (Lei n.º 33/2007 de 31 de Dezembro)

a) Regras de Incidência:

O IRPS - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares incide


sobre o valor global anual dos respectivos rendimentos, expressos
quer em dinheiro quer em espécie, seja qual for o local onde se
obtenham e a moeda e a forma por que sejam auferidos, mesmo que
provenientes de actos ilícitos, classificados nas seguintes categorias:

Primeira Categoria: rendimentos do trabalho dependente;


Segunda Categoria: rendimentos empresariais e profissionais;
Terceira Categoria: rendimentos de capitais e das mais-valias;
Quarta Categoria: rendimentos prediais;
Quinta Categoria: outros rendimentos.

Considera-se sujeitas a IRPS as pessoas singulares que residam no


território nacional, pela totalidade dos respectivos rendimentos,
incluindo os produzidos fora desse território, e as não residentes,
pelos rendimentos aqui obtidos.

Existindo agregado familiar, o imposto é devido pelo conjunto dos


rendimentos das pessoas que o constituem.

b) Determinação do Rendimento Colectável:

O rendimento colectável em IRPS é o que resulta do


englobamento dos rendimentos das várias categorias
auferidos em cada ano, depois de feitas as deduções e os
abatimentos previstos no respectivo Código.

Não são englobados para efeito de tributação os rendimentos


aos quais seja aplicado o regime de taxa liberatória, sem
prejuízo da opção pelo englobamento.

30
FISCALIDADE

Os rendimentos isentos entram no englobamento apenas para


efeito de determinação da taxa a aplicar aos restantes
rendimentos.

Mensalmente, os sujeitos passivos detentores de rendimentos


provenientes de trabalhos dependentes são tributados de
acordo com a tabela de retenção na fonte em vigor.

c) Taxas Aplicáveis:

Para efeitos de englobamento, as taxas do imposto são as constantes


da tabela seguinte:

Rendimento Colectável Taxas Parcela a


l Anual (MT) abater (MT)
Até 42.000 10% 0
De 42.001 a 168.000 15% 2.100
De 168.001 a 504.000 20% 10.500
De 504.001 a 1.512.000 25% 35.700
Além de 1.512.000 32% 141.540

IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado (Lei n.º


32/2007 de 31 de Dezembro)

a) Regras de Incidência:

O imposto sobre o Valor Acrescentado incide sobre o valor das


transmissões de bens e prestações de serviços realizadas no território
nacional, a título oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal,
bem como sobre as importações de bens.

São, em particular, havidas como transacções tributáveis:

As prestações de serviços gratuitos efectuados pela própria


empresa com vista às necessidades particulares do seu titular,
do pessoal ou, em geral, para fins alheios à mesma;

A utilização de bens da empresa para uso próprio do seu


titular, do pessoal ou, em geral, para fins alheios à mesma e
ainda em sectores de actividade isentos quando, relativamente
a esses bens ou aos elementos que os constituem tenha havido
dedução total ou parcial do imposto;

31
32 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Salvo prova em contrário, são também considerados como


tendo sido objecto de transmissão pelo sujeito passivo os bens
adquiridos, importados ou produzidos que não se encontrarem
nas existências dos estabelecimentos do sujeito passivo e bem
assim os que tenham sido consumidos em quantidades que,
tendo em conta o volume de produção, devem considerar-se
excessivas.

b) Isenções:

São isentas do imposto, as seguintes operações internas (enumeração


meramente exemplificativa):

Transmissões de determinados bens e as prestações de


serviços expressamente indicadas no código do imposto:
o Prestações de serviços na área da Saúde e
transmissões de bens com eles correlacionadas;

o Transmissões de bens e prestações de serviços,


designadamente de carácter assistencial ou visando
fins de carácter social, cultural ou artístico,
efectuadas por entidades sem fins lucrativos;

o Prestações de serviços efectuadas no interesse


colectivo dos seus associados por organismos sem
finalidade lucrativa, desde que esses organismos
prossigam objectivos de natureza política, sindical,
religiosa, patriótica, filantrópica, recreativa,
desportiva, cultural, cívica ou de representação de
interesses económicos e a única contraprestação seja
uma quota fixada nos termos dos respectivos
estatutos;

o Prestações de serviços que tenham por objecto o


ensino, bem como as transmissões de bens e
prestações de serviços conexas;

o Transmissões de bens e prestações de serviços no


âmbito de actividades agrícola, silvícola, pecuária e
pesca expressamente enumeradas.

Operações bancárias e financeiras;


Locação de imóveis para fins de habitação ou, quando
situados nas zonas rurais, para fins comerciais, industriais e
de prestação de serviços;

32
FISCALIDADE

Operações de seguro e resseguro, bem como as prestações de


serviços conexas, efectuadas pelos corretores e outros
mediadores de seguros;
Operações sujeitas a sisa ainda que dela isentas;

Transmissões de bens afectos exclusivamente a um sector de


actividade isento ou que, em qualquer caso, não foram
objecto de direito à dedução e bem assim as transmissões de
bens cuja aquisição tenha sido feita com exclusão do direito
a dedução.

Relativamente às actividades de importação, exportação,


operações assimiladas e transportes internacionais, beneficiam
de isenção, entre outras:

As importações definitivas de bens cuja transmissão no


território nacional beneficie de isenção objectiva, ou quando
gozem de isenção do pagamento de direitos de importação;

As importações de bens nos regimes de trânsito, importação


temporária ou “draubaque” que sejam isentas totalmente de
direitos aduaneiros;

As transmissões de bens expedidos ou transportados com


destino ao estrangeiro pelo vendedor ou por um terceiro por
conta deste, e outras operações equiparadas;

As prestações de serviços que estejam directamente


relacionadas com o trânsito, exportação ou importação de
bens isentos de imposto por terem sido declarados em
regime temporário, “draubaque” ou trânsito.

c) Valor Tributável:

O valor tributável das transmissões de bens e das prestações de


serviços sujeitas a imposto é, em regra, o valor da contraprestação
obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de um terceiro, nele
se incluindo os impostos, direitos, taxa e outras imposições, com
excepção do próprio imposto sobre o valor acrescentado.

d) Taxa do Imposto:
A taxa do imposto é de 17%.

Chama-se atenção para os casos de:

No caso de bens ou serviços sujeitos ao regime de preços


fixos, incluindo os combustíveis, a existência de taxas reais

33
34 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

diferenciadas, resultantes de se fazer aplicar a taxa geral do


imposto apenas sobre uma fracção do respectivo preço;

O regime de taxa “zero” aplicável num número limitado de


isenções, nomeadamente a actividade de exportação;

A percentagem de 5% aplicável sobre as vendas a


contribuintes do “regime simplificado”, sem direito a
dedução.

e) Direito à dedução:

Para apuramento do imposto a entregar mensalmente nos cofres do


Estado, os sujeitos passivos deduzem ao imposto incidente sobre as
operações tributáveis que efectuaram, o IVA dedutível que lhes foi
facturado na aquisição de bens e serviços por outros sujeitos passivos.

A conjugação das regras para o efeito aplicáveis pode assim


resumidamente enunciar-se:

Os sujeitos passivos que realizem apenas transacções sujeitas


a imposto e dele não isento, deduzem a totalidade do imposto
suportado nas respectivas aquisições de bens e serviços;

Os sujeitos passivos que simultaneamente efectuem


transacções isentas, nos casos em que a isenção não prejudica
o direito de dedução (como é o caso da exportação), deduzem
a totalidade do imposto suportado;

Quando, porém, o sujeito passivo efectue exclusivamente


transacções isentas nos casos que não conferem o direito de
dedução (exemplo da actividade agrícola, silvícola, pecuária
ou de pesca, quando não tenha havido renuncia à isenção),
não há lugar a qualquer dedução ou reembolso;

Havendo lugar simultaneamente a transacções que conferem


direito a dedução e a outras que o não conferem, é dedutível
apenas o imposto suportado nas aquisições para a realização
das primeiras.

f) Pedidos de Reembolso:

Sempre que em derminado período, a dedução de imposto a que haja


lugar supere o montante devido pelas operações no período
correspondente, o excesso é deduzido nos períodos de imposto
seguintes ou a empresa pode pedir o reembolso do IVA.

34
FISCALIDADE

OUTROS IMPOSTOS E TAXAS DO ESTADO MOÇAMBICANO

a) Impostos sobre o Rendimento


Imposto Especial sobre o jogo
Att: O IRPC e IRPS já foram mencionados como fazendo parte dos principais
impostos.

b) Impostos sobre as despesas


Imposto sobre os consumos específicos (eg. Tabaco)
Direitos aduaneiros
Taxa sobre os combustíveis
Att: O IVA já foi mencionado como mencionados como fazendo parte dos principais
impostos.

c) Impostos sobre a transmissão da propriedade


Imposto sobre Sucessões e Doações
SISA

d) Imposto sobre a actividade Mineira e Hidrocarbonetos


Imposto sobre a Produção Mineira
Imposto sobre a Superfície
Imposto Especial sobre a Produção doP

e) Sistema Tributário Autárquico


Imposto Pessoal Autarquico (IPA)
Imposto Predial Autárquico (IPRA)
Taxa de Actividade Economica (TAE)
Imposto Autárquico sobre Veículos
Impostos Autárquico da SISA
Contribuição de Melhorias
Taxas por Licenças Concedidas
Tarifas e Taxa pela Prestação de Serviços

35
36 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

f) Outros Impostos do Estado


Imposto sobre Veículos
Imposto do Selo
Imposto Reconstrução Nacional

SUMÁRIO DA UNIDADE
A fiscalidade é um sistema de leis e de regulamentações administrativas que
visam organizar e proceder a cobrança de impostos. A cobrança de impostos
visa a realização de despesas públicas.

Existe uma relação entre a Fiscalidade e o Direito Fiscal, sendo que este
último incorpora a fiscalidade através dos princípios da legalidade,
igualdade, tipicidade, anualidade, eficiência fiscal e eficácia fiscal.

Verificou-se que o sujeito passivo, aquele que tem a obrigação de efectuar o


pagamento da prestação tributária, pode em determinados casos não
coincidir com a figura de contribuinte no cumprimento desta obrigação.
Assim, realizou-se que existem quatro (4) formas de modificar a condição de
sujeito passivo a saber: Substituição Fiscal; Responsabilidade Tributária;
Sub-rogação Fiscal e; Sucessão Fiscal.

Constituem as fases da vida do imposto, a Incidência; o lançamento, a


liquidação e cobrança. Da análise a legislação fiscal, pode-se verificar com
muita facilidade três destes elementos (Incidência; Liquidação e cobrança).

Os impostos classificam-se em Impostos estaduais e não-estaduais; Impostos


directos e indirectos; Impostos reais e impostos pessoais; Impostos
proporcionais, progressivos e regressivos; Impostos periódicos e de
obrigação única e Impostos

Os principais impostos em vigor em Moçambique são: O IRPC – Imposto


sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas; o IRPS – Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Singulares e o IVA – Imposto Sobre o Valor
Acrescentado.

Nas próximas três (3) unidades traremos os aspectos mais detalhados de


forma teórica e pratica dos principais impostos em vigor em Moçambique.

36
FISCALIDADE

TRABALHO
1. Discurse sobre o sistema tributário moçambicano ao longo do tempo,
focalizando cumulativamente os seguintes aspectos:

a) Antes e depois da independência;

b) Os impostos vigentes;

c) As razões para as mudanças.

2. Aliste, numa tabela, todos os impostos apresentados nesta unidade e


indique:

a) Base de indência

b) Isenção

c) Taxa(s) aplicada(s)

BIBLIOGRAFIA
Gomes, Nuno de Sá (1995), Manual de Direito Fiscal, Rei dos Livros,
Volume 1.

Guimarães, Abílio (2004), Direito Aduaneiro e Fiscal e Procedimentos


Técnicos Aduaneiros.

Ibraimo, Ibraimo (2002), O Direito e a fiscalidade – Um contributo para


o Direito Fiscal em Moçambique, Maputo, Editora ART C.

Lourenço, João (2000), A Auditoria Fiscal – A Gestão e o Planeamento


Fiscal, Lisboa, Editor Vislis Editores, Lda, 2ª Edição.

Nabais, José (2005), Direito Fiscal, Coimbra, Edições Almedina.SA, 2ª


Edição.

37
38 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

Legislação:

Decreto n.º36/2006 Aprova o PGC – Plano Geral de Contabilidade.

Lei 32/2007 Aprova o CIVA – Código do Imposto sobre o Valor


Acrescentado. Boletim da República, 2007.

Lei 33/2007 Aprova o CIRPS – Código do Imposto sobre o Rendimento


das Pessoas Singulares. Boletim da República, 2007.

Lei 34/2007 Aprova o CIRPC – Código do Imposto sobre o Rendimento


das Pessoas Colectivas. Boletim da República, 2007.

38
FISCALIDADE

AVALIAÇÃO DE FISCALIDADE

ATENÇÃO - TESTE DE AVALIAÇÃO

Avaliação NOME: ______________________________________________________


Nº DE MATRÍCULA ________________ NOTA ___________
Teste 1 – Duração 2 horas
N.B: Envie-nos este teste já resolvido, para correcção.

Teste da 1ª Unidade - 2horas


Leia atentamente as questões apresentadas neste teste. Resolva-o na
folha de teste em anexo e envie ao ISM para correcção. A cotação para
cada questão está entre parênteses.

1. Disserte sobre esta afirmação “é possível dissociar a contabilidade da


fiscalidade”. (2 valores)

2. Defina fiscalidade por suas próprias palavras. (0.5 Valores)

3. Porque razão ao Estado cobra impostos? Dê pelo menos quatro (4)


exemplos de despesas públicas supridas pelo Estado. (2 valores)

4. Explique os seguintes aspectos relevantes no conceito de imposto:


a) Definitiva e; (1 Valor)
b) Unilateral. (1 Valor)

5. Diferencia Imposto de taxa e dê pelo menos quatro (4) exemplos de


taxas em vigor em Moçambique. (2 Valores)

6. Indique em que momentos (situações) a figura do sujeito passivo não


coincide com a figura de contribuinte? (2 Valores)

7. Indique para os três principais impostos (IRPC, IRPS e IVA)


a) Os artigos referentes as fases da vida do Imposto. ( 2 valores)
b) Indique o tipo de imposto a que se refere. (1 Valor)

39
40 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISCALIDADE

8. Em que momento o IRPC é tributado sobre os rendimentos das


empresas estrangeiras? (2 Valores)

9. Quai são os impostos e respectivas taxas em vigor nas seguintes


situações: (4,5 valores)
a) O Sr. Cossa arrendou a sua casa situada na Av. Guerra popular. A
casa foi arrendada pela empresa Mozambique Dreams para fins
comerciais (escritórios).
b) A empresa Faria Projectos, Lda dedica-se a compra e revenda de
material de contrução e decoração de interiores. No dia 20 de
Julho deste ano vendeu 40 jogos de candeeiros.
c) O lucro gerado pela ABC Números, Lda ascendeu a
100.000,00MT.
d) A Mawipi Consultores, pagou salários aos seus funcionários no
montante 457.765,00MT.

Bom trabalho!

40
FISCALIDADE

ANEXO I - QUESTIONARIO DE
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS
ESTUDANTES

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