E-Book Princípios e Competência - Prof. Cleize Kohls
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Princípios e Competência
Prof.ª Ma. Cleize Kohls
SUMÁRIO
1. Princípios 3
2. Organização e Competência da Justiça do Trabalho 6
2.1 Órgãos que compõem a Justiça do Trabalho (art. 111 da CF) 6
2.2 Órgãos que compõem a Justiça do Trabalho (art. 111 da CF) 6
2.3 TRT 7
2.4 TST 8
2.5 TST 9
2.6 Competência Material 10
2.7 Conflitos de Competência 13
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
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1. Princípios
O direito processual do trabalho possui princípios próprios que irão regular todas as regras
que tratam deste ramo do direito, ao qual citamos os seguintes:
a) Jus postulandi: Significa que, na Justiça do Trabalho, as partes (tanto reclamante como
reclamada) podem litigar pessoalmente, sem patrocínio de advogados. O art. 133 da CF/88 não
revogou a CLT. O TST já se pronunciou sobre o assunto, firmando esse entendimento. Localiza-
se na CLT, arts. 791, 839, a, 840 e 846.
Mas fique atento, pois de acordo com a Súmula n. 425 do TST, o Jus Postulandi se
restringe as Varas do Trabalho e Tribunais Regionais do Trabalho, não abrangendo as instâncias
extraordinárias:
Súmula n. 425 do TST. Jus Postulandi na Justiça do Trabalho. Alcance.
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do
Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação
cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do
Trabalho.
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e) Irrecorribilidade das interlocutórias: visa impedir, tanto quanto possível, interrupções da
marcha processual; motivadas por recursos opostos pelas partes das decisões do juiz. A matéria
fica imune à preclusão, sendo apreciada depois, pelo Tribunal. Atende ao princípio da celeridade
processual. Localiza-se na CLT: arts. 799, § 2º e 893, § 1º.
f) Celeridade: Significa que todos os sujeitos processuais (partes, advogado, juízes,
auxiliares, perito, intérprete, testemunhas etc.) devem agir de modo a que se chegue
rapidamente ao deslinde da controvérsia com o menor dispêndio de atos, energia e custo e com
o maior grau de justiça e de segurança na entrega da prestação jurisdicional. Localiza-se na CLT,
arts. 765, 768 (nos casos de falência) e 843 a 852.
g) Igualdade ou Isonomia – todos são iguais perante a lei. Porém, o sistema estabelece
exceções, a exemplo das prerrogativas da Fazenda Pública e MP (prazos diferenciados), além
da dispensa de custas para carentes e do duplo grau obrigatório para as condenações de
pessoas jurídicas de direito público.
h) Contraditório e ampla defesa – art. 5º, LV CF. aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes;
i) Imparcialidade do juiz - ou seja, sem tendências que possam macular o processo.
Lembrar que imparcialidade não se confunde com neutralidade.
j) Motivação das decisões – princípio que serve como uma garantia contra o arbítrio dos
juízes, já que precisa justificar suas decisões.
k) Devido processo legal – trata-se de princípio base, pois nele se sustentam todos os
demais princípios do processo do trabalho. Dele extraem-se os princípios do Juiz e promotor
natural, proibição de tribunais de exceção, duplo grau de jurisdição, entre outros.
l) Princípio da razoável duração do processo - princípio que serve como uma garantia
contra o arbítrio dos juízes, já que precisa justificar suas decisões.
m) Princípio dispositivo/ inércia da jurisdição - livre iniciativa da parte que se sentir lesada.
n) Princípio Inquisitivo ou impulso oficial – o processo começa por iniciativa da parte, mas
se desenvolve por impulso oficial. Ex: Execução de ofício.
o) Princípio da instrumentalidade – O processo é instrumento para alcançar o direito
material.
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p) Princípio da impugnação específica – O réu/reclamada precisa se manifestar
precisamente sobre os fatos, caso contrário há presunção de veracidade dos fatos não
impugnados.
q) Princípio da eventualidade – as partes devem utilizar todas as matérias de defesa ou
interesse no momento próprio.
r) Princípio da preclusão – a nulidade deve ser alegada na primeira oportunidade, sob
pena de preclusão (art. 795 CLT).
s) Princípio da economia processual – busca evitar o dispêndio desnecessário de tempo
e de dinheiro. Aproveitamento dos atos processuais.
t) Princípio da proteção processual – busca-se compensar as desigualdades reais
existentes com uma desigualdade jurídica. Ex: depósito recursal só para reclamada.
u) Princípio da busca da verdade real - art. 765 CLT: Art. 765 - Os Juízos e Tribunais do
Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das
causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
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2. Organização e Competência da Justiça do Trabalho
Art. 652. Compete às Varas do Trabalho: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
a) conciliar e julgar:
I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de empregado;
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão
do contrato individual de trabalho;
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja
operário ou artífice;
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho;
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a) requisitar às autoridades competentes a realização das diligências necessárias ao
esclarecimento dos feitos sob sua apreciação, representando contra aquelas que não
atenderem a tais requisições;
b) realizar as diligências e praticar os atos processuais ordenados pelos Tribunais
Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho;
c) julgar as suspeições arguidas contra os seus membros;
d) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas;
e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem deprecadas;
f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras atribuições que
decorram da sua jurisdição.
Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem
conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições:
I - presidir às audiências das Juntas;
II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas cuja execução
lhes for deprecada;
III - dar posse aos vogais nomeados para a Junta, ao Secretário e aos demais funcionários
da Secretaria;
IV - convocar os suplentes dos vogais, no impedimento destes;
V - representar ao Presidente do Tribunal Regional da respectiva jurisdição, no caso de
falta de qualquer vogal a 3 (três) reuniões consecutivas, sem motivo justificado, para os
fins do art. 727;
VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a decisão recorrida
antes da remessa ao Tribunal Regional, ou submetendo-os à decisão da Junta, no caso
do art. 894;
VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;
VlIl - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de cada ano, o
relatório dos trabalhos do ano anterior;
IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas
que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469
desta Consolidação.
X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas
que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo
empregador.
2.3 TRT
Os Tribunais Regionais serão competentes para processar e julgar as ações de
competência originárias, a exemplo da ação rescisória. E, também terá competência recursal.
São recursos que são direcionados para o TRT: recurso ordinário e agravo de petição.
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da
República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício,
observado o disposto no art. 94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,
alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização
de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
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§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente,
constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à
justiça em todas as fases do processo.
II - às Turmas:
a) julgar os recursos ordinários previstos no art. 895, alínea a;
b) julgar os agravos de petição e de instrumento, estes de decisões denegatórias de
recursos de sua alçada;
c) impor multas e demais penalidades relativas e atos de sua competência jurisdicional, e
julgar os recursos interpostos das decisões das Juntas dos juízes de direito que as
impuserem.
Parágrafo único. Das decisões das Turmas não caberá recurso para o Tribunal Pleno,
exceto no caso do item I, alínea "c", inciso 1, deste artigo.
2.4 TST
O TST também possui competência para processar e julgar ações de competência
originárias, a exemplo da ação rescisória. E, os recursos de revista e de embargos ao TST, são
por ele analisados.
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I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho,
cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e
promoção na carreira;
II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho
de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito
vinculante.
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a
reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas
decisões.
2.5 TST
Designação de
Competência
Em razão da
PESSOA
Em razão da
MATÉRIA
Após saber como é composta a Justiça do Trabalho, necessário se faz analisar quais as
demandas que poderão ser apreciadas nessa justiça, e, para tanto, o art. 114 da CF nos dá as
diretrizes necessárias.
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IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado
envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o
disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de
trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos
órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
ATENÇÃO:
ATENÇÃO:
É competente para processar e julgar ações que envolvem exercício de direito de greve,
inclusive ações possessórias, a teor da Súmula Vinculante 23 do STF:
É competente também para processar e julgar ações sobre representação sindical. Nessa
situação enquadram-se disputas de base territorial de representação de categoria.
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Incluem-se ainda os Habeas Corpus, Habeas Datas e Mandado de Segurança, quando o
ato questionado envolver a matéria sujeita à sua jurisdição.
Ações de indenização por dano moral ou patrimonial também se incluem na competência
da Justiça do Trabalho.
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recolhidas a partir da prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados
os créditos previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de citação
para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61, §
2º, da Lei nº 9.430/96).
VI – O imposto de renda decorrente de crédito do empregado recebido acumuladamente
deve ser calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de
tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram
os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao
mês do recebimento ou crédito, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de 22/12/1988,
com a redação conferida pela Lei nº 13.149/2015, observado o procedimento previsto nas
Instruções Normativas da Receita Federal do Brasil.
OJ 376 SDI-I
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO APÓS O
TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O
VALOR HOMOLOGADO. (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) É devida a
contribuição previdenciária sobre o valor do acordo celebrado e homologado após o
trânsito em julgado de decisão judicial, respeitada a proporcionalidade de valores entre as
parcelas de natureza salarial e indenizatória deferidas na decisão condenatória e as
parcelas objeto do acordo.
OJ 398 SDI-I
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ACORDO HOMOLOGADO EM JUÍZO SEM
RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
RECOLHIMENTO DA ALÍQUOTA DE 20% A CARGO DO TOMADOR E 11% A CARGO
DO PRESTADOR DE SERVIÇOS. (DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010)
Nos acordos homologados em juízo em que não haja o reconhecimento de vínculo
empregatício, é devido o recolhimento da contribuição previdenciária, mediante a alíquota
de 20% a cargo do tomador de serviços e de 11% por parte do prestador de serviços, na
qualidade de contribuinte individual, sobre o valor total do acordo, respeitado o teto de
contribuição. Inteligência do § 4º do art. 30 e do inciso III do art. 22, todos da Lei n.º 8.212,
de 24.07.1991.
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Ainda: A ação que tenha por finalidade a indenização pelo não fornecimento de guias para
encaminhar seguro-desemprego também é de competência da Justiça do Trabalho, conforme
Súmula 389, I, TST:
E, assim também é para o caso de cadastramento no PIS, consoante Súmula 300 TST:
Por fim, não esqueça que a justiça do trabalho não tem competência criminal.
Súmula 62 do STJ
Compete a justiça estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de
trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada.
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Assim, podemos ter conflitos de:
TRT TRT
TST STJ
Na Constituição Federal:
Art. 105 da CF
Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102,
I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a
tribunais diversos;
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COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO DE
IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº
115 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do
Trabalho a ele vinculada. (ex-OJ nº 115 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)
Assim, para a solução do conflito de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
devemos observar:
b) O TST é competente nos casos de conflito de competência entre TRTs; entre Varas do
Trabalho de regiões diversas; e entre TRT e Vara do Trabalho a ele não vinculada.
c) o STJ resolverá os casos de conflito de competência entre TRT e TJ, TRT e TRF; entre
juiz do trabalho e juiz de direito não investido na jurisdição trabalhista (juiz estadual ou juiz
federal); entre juiz do trabalho e TJ OU TRF; entre juiz estadual ou federal e TRT.
TRT TJ STJ
VT TJ STJ
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d) o STF resolverá o conflito entre o TST e qualquer tribunal.
TST TJ STF
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