100 Recursos Terapeuto
100 Recursos Terapeuto
100 Recursos Terapeuto
Capítulo 1: ANSIEDADE
A ansiedade é um parente chato
Ação oposta
A hora da preocupação
Cálculo de probabilidades da preocupação
O bom, o ruim, o neutro e o provável
O que posso e o que não posso mudar
Respiração 4-2-6 com "barriga de balão" (respiração diafragmática)
Teste do profeta
Teste de realidade
Capítulo 4. AUTOCONTROLE
A melhor técnica de autocontrole
Planos de ação “Se..então”
Capítulo 5: CIÚME
Aceite o ciúme
Agir como se não tivesse ciúme
Anticatástrofe: manipulando tempo e espaço
Mude as consequências para as ações
Mude as respostas às situações
O alarme do ciúme
O filme do ciúme
Remover os gatilhos
Se entediando com o ciúme
Se transforme em mar diante do dragão
Capítulo 6: EMAGRECIMENTO
Atrasando o comer por 5 minutos
Comer devagar
Comer parcelado em 2x sem juros
Comer atento
Compromisso social
Desarmando a gula
Diário de alimentação
Encaixe prazeres/benefícios
Engane seu paladar
Facilitar início do hábito de exercício
Mastigação matemática
"Olha mãe! Comendo sem as mãos!”
O lugar da comida
Use gatilhos
Capítulo 7: ESTRESSE
Agrade seus sentidos
Aprenda com as zebras
Escrita expressiva
Gerenciamento de tempo
Matriz de Eisenhower:
Registro de tempo perdido
Programar atividades de lazer
Shinrin-yoku: o banho de floresta
Miminimzar multitarefa
Desacelere
Planeje seu dia
Trabalhe até a conclusão
Mantenha o bloco de preocupações à mão
Cultivar a Concentração
Fazer listas
Técnica pomodoro
Mantenha um equilíbrio entre tarefa e habilidade
Capítulo 9: FOBIAS
Assistir modelos
O melhor tratamento/vacina para fobias (é surpreendentemente simples)
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O objetivo é te fornecer instruções para fazer coisas. O foco é prático, não teórico.
Mantive reduzidas as explicações sobre como e porque as técnicas funcionam. E as
mantive porque, no caso da psicologia, as explicações ajudam as técnicas a funcionarem
melhor.
Aqui você tem acesso a uma - estupenda - caixa de ferramentas. Você não precisa
usar todas as ferramentas. Você nem precisa saber como usar todas as ferramentas,
pode apenas aprender e usar as que você precisa.
É diferente de um livro de literatura. Não tem uma história linear, você não precisa
saber o que aconteceu no capítulo 1 para entender o capítulo 2. Não é como uma série
que você precisa assistir tudo para entender. É mais como uma série que tem episódios
independentes, como Os Simpsons.
Não é para ser lido apenas uma vez. É importante que você o consulte várias
vezes ao longo do tempo, principalmente quando precisar aplicar as técnicas. Leia
novamente tudo com atenção e siga o passo a passo. Não confie apenas na sua
memória, ela é ruim e enganosa (como a de todos nós).
Este livro não substitui um profissional
Muita coisa você consegue resolver sozinho, mas não tudo. É como em outras
áreas: você consegue tratar alguns machucados, resolver alguns problemas no seu
computador e no seu carro, fazer reparos na sua casa etc, mas isso não torna os
especialistas nesses problemas desnecessários. Ao persistirem os problemas, consulte
os profissionais.
2
Capítulo 1: ANSIEDADE
Você deve ter tido aquele parente chato que aparece sem avisar na sua casa na
hora do almoço e só vai embora depois da janta.
Assim como não consegue expulsar o parente chato da sua casa, muitas vezes
você não consegue simplesmente expulsar a ansiedade da sua mente e do seu corpo.
Ficar reclamando e doido para que eles vão embora não ajuda muito e até piora seu mal
estar.
E se você aceitar que eles vão ficar ali por um tempo, te incomodando?
Ironicamente, aceitar um fato ruim pode te fazer sentir menos pior. Isso diminui sua
ânsia inútil de querer que a situação seja diferente, quando ela não será diferente (pelo
menos não naquele momento). Querer que seu parente suma não faz ele sumir, mas te
faz ficar pior porque o que você quer não acontece logo.
Dado que seu parente/ansiedade vai ficar ali por um tempo, queira você ou não, o
que você pode fazer mesmo assim? Você pode arrumar a casa enquanto ouve histórias
sobre a Tia Marlene? Pode pedir licença por uns minutos e fazer uma ligação importante?
Pode fazer um pavê delícia mesmo que tenha que dar um pedaço para a visita?
Eu sei, não é o ideal. Mas pode ser a melhor opção que você tem, dadas as
circunstâncias. Essa analogia não é à toa. Vamos à técnica.
Como fazer:
Imagine que a ansiedade é um parente chato que chega na sua casa sem você
convidar. Vamos chamá-la de Tia Ansiedade. Mas a Tia Ansiedade é apenas uma
visitante na sua casa, entre várias outras. Tendo vários visitantes (pensamentos,
emoções) em sua casa, você daria toda a atenção só para a Tia Ansiedade?
Você pode aceitar a Tia Ansiedade na sua festa, até tratá-la com educação, mas
não precisa torná-la o foco da festa. A festa é sua, não dela. Existem outros visitantes e
outras coisas a fazer.
Quando a ansiedade aparecer, você pode dizer a si mesmo: “Não preciso me livrar
dela. Posso aceitar que ela esteja aqui, tolerar e até cumprimentar esta desgraçada, como
qualquer visitante que chega”.
Você pode dizer a ela (no seu diálogo interno): “Ah, é você de novo. ....Bem-vinda,
senta aí e fique à vontade, mas eu estou um pouco ocupado com outras coisas que
preciso fazer agora”. E aí você faz as coisas que precisa e/ou gosta de fazer.
Mesmo com ansiedade, o que você pode fazer? Você consegue fazer algumas
coisas que quer ou precisa, mesmo com ela falando na sua cabeça?
Mesmo com esse ruído de fundo, você consegue focar em outras coisas mais
importantes? Pode continuar por um tempo como um barulho de fundo um pouco
incômodo, mas você pode continuar focando no que é mais importante mesmo assim. Por
exemplo, você poderia dizer: “Ok, estou ansioso. Mas foda-se tudo bem, mesmo assim
posso fazer outras coisas.”
Observações:
Aceitar que a ansiedade permaneça não é se render nem ser passivo. Você pode
aceitar algumas coisas incômodas por um tempo enquanto busca mudar o que pode ser
mudado. Aceitação aqui é uma ação ativa (com pleonasmo mesmo).
Ação oposta
Exemplos:
A. Você precisa falar em público, mas se sente ansioso.
○ Impulso: se esconder.
○ Ação oposta: se mostrar, falar em público.
B. Você sente ansiedade quando pensa que precisa estudar um assunto difícil.
○ Impulso: evitar estudar.
○ Ação oposta: estudar.
Parece simples…e é. Ser simples não quer dizer que é fácil. Porém, agora que
você sabe que agir de forma contrária ao que a ansiedade manda ajuda a diminuir
sua ansiedade, você sabe o que fazer e tem um bom motivo para fazer.
Observações:
A hora da preocupação
Você pode pensar: “Eu não posso parar de me preocupar porque meus
pensamentos podem me proteger do futuro. Se eu parar de pensar nisso, vou ficar
desprotegido!”
Como fazer:
1. Você não precisa reagir obedecendo ao pensamento na hora em que ele aparece.
2. Quando chega a hora da preocupação, você pode perceber que está tendo o
mesmo pensamento continuamente, então para de repeti-lo no futuro.
3. Quando a hora da preocupação chega, o pensamento pode não te incomodar tanto
mais. Pensamentos e emoções mudam com o tempo, geralmente bem rápido.
Estabelecer a hora da preocupação te permite não ser sequestrado toda hora pelos
pensamentos que aparecem.
- Pergunta: "Eu não deveria me livrar da preocupação? Agora vou tomar chá com
ela?”
- Resposta: O foco não é se livrar das preocupações, mas ganhar mais controle
sobre elas.
Você pode notar que muitas vezes não terá preocupações para preencher os 20
minutos. Muitas vezes o conteúdo das preocupações é o mesmo. Quando você não limita
o tempo, ele fica se repetindo o dia todo.
- Pergunta: “Por que sentar em uma mesa, não na cama?”
- Resposta: para evitar que seu cérebro associe a cama com preocupação.
Observações:
1. Se você delimitar que “a hora” da preocupação será de 20 minutos, reserve esse
horário todo para as preocupações. Nem menos, nem mais.
2. Se possível, delimitar não só um horário, mas um lugar para se preocupar.
Muitas vezes ficamos ansiosos porque estamos preocupados com algo que pode
acontecer. Porém, quais são as chances disso realmente acontecer?
As pessoas, em geral, têm mais medo de voar de avião do que de andar de carro,
mesmo que, estatisticamente, tenhamos menos chances de sofrer um acidente de avião
do que de carro. Por isso, uma técnica útil para aliviar nossas preocupações é calcular a
probabilidade do evento temido acontecer.
Por exemplo:
Perceba que estamos com uma sequência de eventos cada vez menos prováveis.
E cada um deles precisa que os anteriores ocorram para ocorrer também. Se você quiser
fazer a conta, vamos lá:
Isso quer dizer que a probabilidade dessa história toda, que VOCÊ inventou na sua
cabeça, realmente ocorrer é de 8 em 1 milhão! (1 em 125.000). Vale a pena esquentar a
cabeça com isso?
A preocupação pode te fazer focar só no resultado ruim que você imagina. É como
no caso do fim de relacionamento. Quando estamos no fundo do poço comendo sorvete
no balde, parece que o futuro será catastrófico. Esquecemos nossa própria experiência
passada que contradiz nossa previsão, não olhamos para várias outras possibilidades no
futuro.
Para dar uma arrumada nessa tendência do nosso cérebro, podemos ampliar
nossa visão. É possível que ocorram resultados ruins. Mas não só. Também é possível
que ocorram resultados neutros ou bons.
Como fazer:
Você consegue descrever alguns resultados neutros ou bons? O que você pode
fazer para que eles aconteçam?
Pior
Melhor
Neutro
Mais provável
O que posso e o que não posso mudar
Como fazer: quando algo te deixa ansioso, pergunte-se: “Eu posso mudar essa
situação?”
Simples demais, não é? Sim. Mas, curiosamente, sofremos muito por aquilo que
não podemos mudar. Separar nessas duas categorias nos dá clareza de qual caminho
seguir.
É como se seu problema fosse uma parede. Você pode ficar socando a parede e
sofrendo por isso, mas quando descobre que isso não vai mudar nada, pode parar de
socar a parede e buscar outros caminhos.
Se você pode eliminar a parede, pode buscar outras ferramentas que não sua
própria mão. Se você não pode tirar essa parede do lugar, pode mudar a sua forma de
lidar com ela. Você pode aceitar a existência da parede e conviver com isso. Pode ser que
você ainda se sinta incomodado com a existência da parede, mas pode parar de socá-la
e, assim, sofrer menos. Pode ser até que você se acostume com a parede, ou mesmo
descubra que a parede é útil de alguma forma. Essas são outras questões, mas tornar-se
consciente se você pode ou não mudar algo já é um bom começo.
(respiração diafragmática)
1. Respiração 4-2-6
Ao puxar o ar, dilate sua barriga ao máximo, como se fosse um balão de festa. É
diferente do normal, quando respiramos inflando o peito mais do que a barriga.
Explicação:
Observações:
Teste do profeta
Nosso cérebro é uma máquina de fazer previsões. Porém, muitas previsões que
ele faz não se realizam. Ele pode tornar-se uma máquina incansável de criar
preocupações se você não der um jeito nele. Um jeito de fazer isso é verificar quantas
vezes suas preocupações foram em vão.
Como fazer:
Faça uma lista com o máximo que você puder lembrar de preocupações que você
já teve e que não se tornaram realidade ou que hoje não importam mais para você:
●
●
Exemplo: Minha namorada Exemplo: Nunca mais vou Exemplo: Arrumei outras
terminou o relacionamento conseguir ter outra namoradas.
comigo. namorada, vou ficar
sozinho para sempre e
sofrer muito.
Teste de realidade
Imagine que você imagina que tem um monstro debaixo da sua cama. Mas você
não quer olhar lá. Você sente ansiedade, afinal tem um monstro debaixo da cama. Bem,
na verdade, na sua mente tem um monstro debaixo da cama, já que você não olhou
debaixo da cama. Como seu cérebro é uma máquina de simulação de realidades, então
só imaginar algo perigoso já te deixa em estado de alerta.
Agora, imagine que você consegue olhar debaixo da cama, e não tem monstro
nenhum lá. Você dá outra olhadinha, e continua sem monstro lá. Depois de uns dias você
olha de novo, e não tem monstro. Você pode continuar olhando, só para garantir. A
realidade te convence: não tem monstro lá. Seu corpo sai de estado de luta ou fuga. Sua
ansiedade diminui.
Essa é uma metáfora útil para um monte de questões na sua vida que te geram
ansiedade. Muitas delas não existem na realidade, só existem na sua cabeça. Por isso, é
útil fazer testes de realidade.
Como fazer:
Se a realidade não confirma seus pensamentos, é útil você mudar a forma como
está vendo a realidade, certo?
Exemplo:
- Pensamento: “Vou ser rejeitado se for à festa”.
- Teste de realidade: Ir à festa e observar se foi rejeitado.
- Resultados: Pessoas conversaram comigo, não fui rejeitado.
Observações:
1. Nem todos os pensamentos são possíveis de serem testados. Se você tem uma
preocupação se daqui há 30 anos terá uma doença, não é possível testar isso agora.
Nesses casos, você pode agir na realidade para evitar o problema que teme ou usar
outras técnicas para aliviar, como aquelas baseadas em observação sem julgamento e
desfusão.
2. “Ah, mas é fácil falar. Difícil é encarar algo que a gente tem medo!” Verdade. Por
isso, você precisa de um pouco de coragem. Um princípio básico para superar nossos
medos é enfrentá-los. Pense: o que você tem a ganhar? No mínimo, você ganha mais
tranquilidade e mais coragem. Esperar a coragem pode não funcionar bem. Agir com
coragem pode fazer você se sentir corajoso. É você aprendendo com a realidade, em vez
de simular trilhões de possibilidades em sua mente que podem nunca acontecer.
3. Peça ajuda. A ansiedade te deixa acuado, eu sei. Por isso, é útil contar com
apoio quando possível. No exemplo do medo de ser rejeitado na festa: você pode levar
um amigo ou amiga? Um parente? Mas não use-os como muleta. Teste sua ansiedade
estando aberto à interação com outras pessoas, ou melhor, buscando ativamente essa
interação. Estar na situação exposto já é bom, mas agir ativamente para testar a rejeição
é melhor ainda.
Capítulo 2: ANSIEDADE SOCIAL
Como fazer: foque na outra pessoa, seja curioso e interessado nela, deixe ela falar. Qual
é a história dela? Quais são seus interesses? Suas opiniões? Seus desejos, medos e
outros sentimentos?
Bônus: além de diminuir sua ansiedade social, você torna-se uma pessoa mais
agradável, o que melhora suas relações sociais (e consequentemente diminui mais ainda
sua ansiedade social).
Não-leitura mental
Você sai à rua e, enquanto anda, nota que alguém te observa por alguns
segundos. Vem à sua mente o pensamento “ela me achou esquisito”. A partir daí você
começa a pensar que se veste mal, tem um cabelo estranho, é feio e fedorento. E a partir
daí você começa a se sentir mais ansioso e com vontade de não sair mais na rua.
- Mas, peraí…como você sabe que a pessoa que te observou te achou esquisito?
- “Ah, pela cara dela..”
- Huum, então existe uma expressão facial de “achei esquisito”?
- “...acho que não…”
- Então você leu a mente dela?!
Sim, você reagiu como se tivesse lido a mente dela. E isso não é possível, nem
para psicólogos, nem para o Patrick de The Mentalist e nem para o expert em
microexpressões faciais de Lie to Me. Claro que sinais faciais podem dizer algo, mas
partir disso para concluir que você sabe, com certeza, o pensamento que a pessoa teve, é
um pulo muito grande.
Você percebe que um pensamento, que pode estar errado, pode ser o começo de
uma sequência de reações desagradáveis (sentir ansiedade, vontade de nunca mais sair
de casa etc)?
O que você vê quando alguém olha para você? Bem…alguém olhando para você.
Você não vê o pensamento dentro dos miolos da pessoa. “Ela me achou esquisito” não é
o pensamento da outra pessoa, é o seu pensamento. É uma interpretação da realidade,
não é a realidade em si. Você pode estar certo, mas também pode estar errado.
A pessoa que você acredita que te achou esquisito pode ter pensado mil coisas
diferentes quando olhava para você. Por exemplo:
Muitas dessas pessoas devem ter feito leitura mental e imaginado mil coisas que
eu estaria pensando sobre elas mas, na verdade, eu estava pensando em coisas como o
que aconteceria no próximo episódio de Dragon Ball Z, por que a água é molhada, qual é
o sentido de trabalhar para consumir produtos que a publicidade me diz que devo ter e
quando eu iria conseguir ir na lanchonete comer coxinha e tomar suco.
Com ansiedade social, temos tendência a pensar e sentir que todos estão nos
observando. Mas não estão. Evitar a leitura mental é um modo de diminuir essa tendência
e a própria ansiedade.
Você sabe o que vai fazer em situações sociais? O que fará quando alguém te
cumprimentar? O que você vai dizer? (Oi, olá, bom dia, koé?i) Como você vai começar
uma conversa com alguém? Sobre quais assuntos você falará?
Exemplos:
Depois de ter um plano, caso você ainda se sinta inseguro por ter dúvidas se vai se
sair bem ou não, você pode ensaiar.
1. Ensaio mental
2. Ensaio real
Você pode treinar usando situações reais. Se você tem medo de falar com um
desconhecido que você gosta, pode treinar primeiro com alguém conhecido. Ou com um
desconhecido com o qual você não se importa tanto.
Assim você treina em uma situação parecida com a situação-alvo, mas que te gera
um nível menor de ansiedade.
Lembretes racionais
Você pode aprender várias coisas sobre ansiedade social dentro do seu quarto,
sozinho. Pode até dizer “nossa, é verdade!”. Pode ver como isso é racional e como é
possível diminuir sua ansiedade mudando seus pensamentos e ações.
Mas, quando sai pela porta de casa, você continua se sentindo tão ansioso quanto
antes. Seu padrão antigo voltou. Tudo o que você aprender no seu quarto sozinho some
da sua mente, porque a ansiedade tomou conta. Agora sua cabeça está totalmente
ocupada com pensamentos do tipo “todos vão olhar para mim”, “eu vou ser julgado”, “vou
passar ridículo”.
Você precisa colocar em prática o que aprendeu sobre diminuir a ansiedade social.
Para isso, você precisa lembrar do que aprendeu.
Como fazer: crie lembretes antitimidez para usar antes e/ou durante o contato
social.
Você pode anotar em papel ou no seu celular. Use também sua própria cabeça,
pensando nos lembretes (mas não confie apenas nela no início!).
Exemplos de lembretes:
Como fazer: crie um cronograma de estudos onde você irá estudar o conteúdo ao
longo do tempo.
Quanto tempo? Depende do conteúdo.
Exemplos:
A. Nomes e rostos: revise-os dentro de alguns minutos após o primeiro contato
(essas associações são esquecidas rapidamente).
B. Textos:
➔ 1ª revisão: 1 dia após a sessão de estudo inicial
➔ 2ª revisão: 7 dias após a sessão de estudo inicial
➔ 3ª revisão: 14 dias após a sessão estudo inicial
➔ 4ª revisão: 35 dias após a sessão estudo inicial
Quando você estiver sentindo que dominou o conteúdo, teste seus conhecimentos
sobre ele uma vez por mês.
Este é apenas um exemplo. Existem várias formas de usar o espaçamento na
aprendizagem. Saiba mais no curso online Hackeando a aprendizagem - A ciência do
estudo eficiente.
Como fazer:
Exemplo: você quer estudar inglês. Coloque a frase em inglês na frente do cartão e
a frase em português no verso.
Ilustração dos cartões de memória
A técnica de cartões de memória é simples, mas pode incluir várias outras técnicas
e princípios de aprendizagem.
A informação na frente serve como pista. Ao forçar sua memória para lembrar,
você reforça a resposta (mesmo que você não acerte 100%). Ao virar o cartão e ver a
resposta, você tem um feedback, que te permite corrigir a informação na sua memória.
Essa é uma técnica de memorização ótima (mais ainda porque é divertida). Ela
pode envolver várias outras técnicas e diversos princípios de aprendizagem, mas a ideia é
relativamente simples.
Como fazer: invente a história mais maluca possível com o conteúdo que você
precisa memorizar.
Exemplo: você precisa guardar o nome de uma pessoa chamada Daiana Pereira.
Você pode imaginar essa pessoa vestida como uma Princesa Diana (seja a do Reino
Unido ou a Mulher-Maravilha) subindo em uma árvore de pêras (pereira).
Palácio da memória
O nome da técnica já dá uma pista: ela utiliza locais para a memorização. A ideia é
associar imagens mentais com ambientes físicos para criar pistas para sua memória.
Como fazer: vamos começar com um exemplo: eu preciso lembrar dos filósofos
Sócrates, Platão e Aristóteles e de suas principais ideias para uma prova de filosofia.
Isso já me faz lembrar dos três e da sequência deles na história (Platão foi
discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles). Agora, as ideias: Sócrates era um
grande questionador, Platão fala do Mundo das Ideias e tem a famosa Alegoria da
Caverna, e Aristóteles contraria Platão ao dizer que o mais importante é o mundo
material.
Vamos incrementar isso. Sócrates fica em frente ao meu guarda roupa, do meu
lado, me questionando sobre um monte de coisas: “O que é a bondade? O que é o belo?
O que é a virtude?”
Fico cansado da falação dele, abro a porta de casa para sair e refrescar a cabeça,
e fora do meu apartamento, no corredor, está Platão. Ele me diz: “Cara, seu prédio é uma
caverna! Você tem que sair daqui e descobrir que existe um Mundo das Ideias onde há
formas perfeitas!”
Eu associei imagens mentais dos filósofos falando de suas ideias a lugares físicos
de um ambiente familiar para mim. No futuro, o meu ambiente vai me fornecer pistas para
lembrar dos elementos mentais - imagens e ideias. (Agora tô preocupado em lembrar
disso para sempre e ficar vendo esses caras me assombrando!)
Ps.: Veja que esse Palácio da Memória tem elementos de história maluca. É um
belo combo para a memória.
Teste!
Grande parte das dicas que você vê na internet sobre como aprender mais
rápido são besteira.
Ou seja, você perde seu tempo pesquisando e aprendendo como aprender mais
rápido e ainda perde tempo estudando mal e aprendendo MAIS DEVAGAR porque as
dicas não são boas.
“E agora, o que farei?” Vamos à ciência de verdade. Sim, grande parte do que você
lê por aí na internet sobre ciência tá errado. Desculpa por te causar tanta tristeza e
desânimo tão rápido, mas não trago apenas a peste, também trago a cura.
Resumo:
“(…) aumentar a velocidade dos vídeos (até 2x) pode ser uma estratégia eficiente,
especialmente se os alunos usarem o tempo economizado para estudar ou assistir
novamente os vídeos, mas os alunos devem fazer esse estudo adicional pouco antes de
um exame.” Usando esse e outros estudos científicos sobre aprendizagem, vamos à
prática:
Como fazer:
Eu sei que você gostaria de simplesmente deixar a aula rolando enquanto joga
frisbee com seu cachorro e rola vídeos no Tik Tok, tudo ao mesmo tempo, mas
infelizmente não rola. Para aprender mais rápido de verdade você precisa de ter mais
atenção ainda ao material que está estudando.
Se você tem material em texto, você pode convertê-lo para áudio e então colocar
em velocidade 2x para estudar mais rápido. Existem vários programas, sites e aplicativos
que convertem texto para áudio automaticamente com vozes de robô cada vez menos
robóticas. Também é uma boa você mesmo ler e gravar sua leitura e depois ouvir em
velocidade aumentada.
Isso não é exatamente ler. Ler e ouvir não são a mesma coisa,
neuropsicologicamente. Esses dois métodos vão estimular o cérebro de formas diferentes
e o que o cérebro realmente faz quando você estuda é fundamental!
Converter texto em áudio para “ler” mais rápido é útil em alguns casos, em outros
nem tanto.
Uma outra observação e limitação desse método: com ele você perde tempo para
pensar. E pensar é importante para aprender. O mais adequado então seria usar em
materiais que você não precisa ou não quer muita reflexão (por exemplo: aula sobre
planícies e planaltos que você precisa saber para a prova), já que ele não te dá muito
espaço de tempo para fazer isso durante o vídeo. Não é um método tão proveitoso se
você estiver assistindo, por exemplo, uma palestra sobre filosofia para mudar sua visão
sobre a vida e o mundo.
Agora, eu não vou te iludir…não funciona em todos os casos. Nem sempre você
vai conseguir aprender mais rápido acelerando o vídeo/áudio. Mas essa é só uma das
muitas técnicas de estudo que podem realmente te gerar aprendizado acelerado.
Tá esperando o que? Não perca mais tempo estudando de forma porca ineficiente.
Clica aqui e vamo. Te espero lá na área secreta de membros pra gente conversar e
aprender muito.
Ps.: Você pode até assistir os vídeos em velocidade 2x e ver o curso todo em 7
dias sem pagar nada. Recomendo isso? Não. E se você realmente estudar e aprender o
que é ensinado no curso você vai entender porque…
Capítulo 4. AUTOCONTROLE
Ulysses poderia dizer “Não comigo! Eu sou diferente! Eu tenho força de vontade!”,
mas ele era um cara sábio, e sabia que o Ulisses do futuro, ouvindo o canto das sereias,
pensaria diferente. Então, ele bolou um estratagema: pediu para ser amarrado ao mastro
do navio e os outros marinheiros colocaram cera em seus ouvidos.
Como fazer:
Evitar situações é a melhor estratégia, mas nem sempre isso é possível. Nesses
casos, você pode se preparar da melhor forma possível para elas. (Lembre-se que o
Batman com preparo supera tudo).
Como fazer:
Exemplos:
Um dos princípios por trás dessa técnica é mudar seu modo de funcionamento
automático. Ao planejar um modo de agir, você já evita seguir automaticamente a
programação de cair em tentação. Além disso, você já inicia o processo de agir de forma
diferente quando estiver na situação. Com o tempo, sua nova resposta à situação pode se
tornar seu novo modo de funcionamento automático, e aí seu autocontrole fica mais fácil e
menos exigente.
Capítulo 5: CIÚME
Aceite o ciúme
O ciúme tem uma característica curiosa e perigosa: você pode sofrer mais se não
aceitá-lo. É como não aceitar a dureza de um muro e ficar socando-o.
Esses pensamentos são reações ao ciúme, ou seja, são sofrimento extra. Eles
ainda podem reforçar o ciúme, já que “seu cérebro pode entender” que essa é uma
questão importante, então você deve prestar atenção. Quando você aceita que sente uma
emoção, você para de sofrer mais do que já está sofrendo.
Atenção: aceitar o ciúme não é aceitar o que te faz mal. É aceitar que você sente a
emoção, não é aceitar as ações de outras pessoas que te prejudicam. Aceitar também é
diferente de se resignar e sofrer passivamente. Resignar-se é dizer “Que horrível, estou
com ciúme e tenho que aguentar”! Aceitar é ser ativo, dizer “ok, tô com ciúme, mas não
vou fugir, nem preciso lutar contra ele. Vou ver o que consigo fazer com ele, ou apesar
dele.”
Você pode aceitar o ciúme e mesmo assim buscar acabar com ele. Aceitar pode
ser o primeiro passo: “Ok, estou com ciúme. O que faço agora?”
Agir como se não tivesse ciúme
Nossas ações mudam nossos pensamentos e emoções. Então, agir de certo modo
nos ajuda a pensar e sentir de acordo com esse certo modo.
Como fazer:
1. Identifique como uma pessoa que não tem ciúmes age (você pode inclusive buscar
modelos de pessoas que lidam bem com o ciúme e aprender com elas)
2. Aja como se não estivesse sentindo ciúme. Você pode tentar imitar as pessoas que
escolheu como modelos.
É uma técnica relativamente simples, mas que tem vários princípios psicológicos
por trás e pode gerar vários efeitos positivos.
● Se você tem compulsões por causa do ciúme, como vasculhar bolsos e bolsas em
buscas de pistas, ao não fazer isso você está se treinando para ter menos
compulsão no futuro.
● A desobediência do seu corpo em relação ao ciúme faz com a relação entre eles
se enfraqueça e que seu corpo se torne mais livre do ciúme.
● Se você tem ciúme e corre atrás do seu parceiro, que parece estar perdendo o
interesse por você, essa técnica é uma mudança drástica. Ao abandonar a
superatenção que você dá a ele, você pode mudar as reações dele. Ele pode ficar
mais interessado em você.
Em uma crise de ciúme, é comum ter vontade de atacar e destruir. Isso pode te
fazer se sentir um pouco melhor na hora, mas pode causar estragos enormes. Um
exemplo extremo são os assassinatos por causa de ciúme, que não são raros.
Uma forma de impedir uma catástrofe durante uma crise de ciúme é usar tempo e
espaço.
Se você estiver na frente do seu “alvo” na hora do pico do ciúme, pode dar merda
podem acontecer coisas das quais você irá se arrepender depois. Se você estiver a 500
km de distância dessa pessoa, as chances diminuem bastante. Mesmo que você esteja
com vontade de matar a pessoa, até chegar na frente dela essa vontade terá diminuído,
você pode ter repensado sua ação etc.
Como fazer:
Quando tiver uma crise de ciúme, evite agir por impulso na hora. Dê o máximo de
tempo e espaço que conseguir. Vá para longe e deixe para conversar no outro dia com
mais calma.
Emoções fortes podem prejudicar nosso autocontrole, mas fazendo essa mudança
prática você dá tempo suficiente para que a emoção enfraqueça e você tenha mais
controle racional sobre si mesmo.
As setas indicam que uma ação leva a certa consequência, mas também que essa
consequência aumenta a frequência da ação.
Como fazer:
Atenção: punir uma ação realmente faz essa ação tender a acontecer menos no
futuro, mas os efeitos colaterais dessa técnica tornam ela uma opção ruim, em geral. A
pessoa punida não necessariamente para de fazer algo, mas pode parar de falar sobre
algo, pode mentir sobre ter feito esse algo, pode passar a te evitar e fugir. Por isso, o mais
recomendado é se basear sempre em recompensas e evitar punições.
“Toda ação leva a uma reação” é uma lei básica do universo. Funciona com
átomos, compostos químicos e com todos nós. Se alguém sorri para você, você tem uma
reação. Se alguém te olha com cara feia, você terá outra. Se em uma situação, você
muda sua ação, você também muda as consequências que virão.
Exemplos:
Se quando ver o celular, você deixa de espionar, você está mudando sua resposta
à situação. Consequentemente você muda a consequência e evita a briga. Se você acha
difícil não agir, você pode trocar a ação por uma melhor. Exemplo: em vez de espionar,
pode falar abertamente sobre seu ciúme e perguntar (na boa) sobre as ações do seu
parceiro.
Que outras alternativas você tem para substituir as ações xingar e jogar garrafa?
Como fazer:
“Eu sofri por muitas catástrofes em minha vida, a maioria nunca aconteceu”
Mark Twain
Você foi trocado ou traído todas as vezes que pensou nisso ou sentiu ciúme?
O ciúme pode ser considerado um alarme, assim como um alarme de carro. Ele
pode indicar que algo está acontecendo e alguém está tentando “roubar o que é seu”,
mas muitas vezes ele toca sem nenhuma ameaça real e só fica te irritando.
Como fazer:
Quando seu alarme tocar você pode verificar o que está acontecendo, se tem
alguma ameaça real, mas você não precisa se desesperar toda vez que ele toca, porque
pode ser um alarme falso.
Muitas vezes, sofremos mais por causa dos alarmes falsos do que por ameaças
reais. Colocar em dúvida seu alarme já é um bom começo para lidar com ele.
O filme do ciúme
Um bom jeito de sofrer menos com nossas emoções é “se separar” delas.
Como fazer:
Esse é um exercício em que você não precisa mudar seu pensamento. Você pode
apenas interagir com ele de um modo diferente.
Pensamentos vêm e vão o tempo todo, como se fossem balões voando. Se você
agarrá-los, eles ficam mais tempo, podem te carregar aí pelos ares e até estourar na sua
cara e te fazer cair no chão. Se você só observar, eles passam e vão embora.
Remover os gatilhos
Uma forma de mudar nossas ações é mudar as situações que disparam essas
ações. Sem gatilho, uma arma não dispara.
Como fazer: identifique os gatilhos para as ações que você quer evitar.
Exemplos:
Se vocês frequentemente vão na balada, alguém fica com ciúme e vocês brigam, a
balada pode ser considerada um gatilho. Retirando o gatilho, você evita o flerte e a briga
que aconteceriam nela.
Imagine ver seu filme favorito 100 vezes? Mesmo se for um filme de terror, você vai
ficar cada vez com mais tédio e não vai mais dar atenção. Só de pensar em rever você já
vai se incomodar. A técnica do tédio usa esse processo.
Como fazer:
Resultados comuns:
Observações:
Muitos consideram essa A técnica mais útil. Ela é prática, simples e eficaz.
Como fazer:
Imagine que o ciúme é um dragão mágico que quer entrar no seu corpo e te
controlar. Se você deixar ele te controlar, você vai se tornar um dragão, vai sair cuspindo
fogo e destruindo tudo.
Agora, imagine que você se transforma em mar diante do dragão. O dragão não
pode entrar no seu corpo porque você não tem um corpo sólido. O dragão passa por
você, mas não pode te controlar.
Quando você é sólido e rígido, o dragão pode te atingir. Quando você é fluido e
flexível, não.
Você não é apenas um corpo que pode ser possuído pelo dragão. Você é como o
mar, muito maior. O dragão pode aparecer, passar por você, mas não pode te controlar se
você é flexível.
Explicação: essa é uma metáfora útil porque te permite se separar das suas
emoções e pensamentos. Quando o ciúme aparece e te controla, você nem percebe,
porque não está se separando dele. É como se o dragão possuísse seu corpo e sua
mente.
Quando o ciúme aparece e você o vê como separado de você, como algo que
pode passar por você mas que não é você, os efeitos são bem diferentes.
É como acordar dentro de um sonho. Se você está imerso no sonho e sente que
aquilo é a realidade, você sofre como se fosse a realidade. Quando você percebe, “Ah, é
um sonho”, os efeitos são outros. Você passa a sofrer menos os efeitos da situação e a
ter mais controle de si.
● Mudança da temperatura
○ prender a respiração e mergulhar o rosto em uma bacia de água fria por 30
segundos ou
○ segurar uma compressa fria sobre o rosto.
● Distrair-se
● Respiração diafragmática: 4-2-6
● Planejamento antecipado
○ identificar uma situação que pode provocar sofrimento emocional e ação
destrutiva.
○ prever as técnicas que podem ser usadas
○ imaginar a situação o mais realisticamente possível e ensaiar o uso das
técnicas
● O ciúme é um parente chato (assim como a ansiedade)
É muito estranho como essa bomba atômica nos relacionamentos não tem a
atenção que deveria ter. Até mesmo os zen-budistas argumentam que “o ciúme é o
dragão do paraíso; o inferno do céu; e a mais amarga de todas as emoções”. Uma
pesquisa indicou que o ciúme é um problema em um 1/3 de todos os casais que
procuram terapia conjugal.
Então, o que você pode fazer para controlar esses pensamentos e sentimentos de ciúme?
É prático. Nosso foco é a mudança. Explicamos para você os princípios por trás de
tudo que fazemos, mas o objetivo principal é a aplicação prática. Você terá todo o passo a
passo necessário. Você não precisa reviver toda sua infância e ficar anos falando disso.
Nosso foco é o momento presente e as mudanças que você pode fazer nesse exato
momento. Você pode ter mudanças rápidas. Não temos a intenção de enrolar. Nosso
método tem o objetivo de ser o mais rápido e eficiente possível.
Como fazer: quando sentir vontade de comer algo que você não pode,
comprometa-se a esperar por apenas 5 minutos antes de comer.
Você pode colocar um cronômetro, usar alarmes, fazer outra coisa para se distrair
enquanto espera etc. O importante aqui é adiar a satisfação da vontade por algum tempo.
Comer devagar
Já aconteceu com você de comer rápido e, alguns minutos depois, sentir que
comeu demais? Daí veio aquela sensação de “estar cheio”, parecendo que vai explodir?
Assim, comer devagar é um modo de comer menos. Você pode fazer isso de várias
formas. Algumas alternativas são as próximas técnicas.
Comer parcelado em 2x sem juros
Depois de montar seu prato, divida-o em duas partes. Depois de comer a primeira
parte, você espera 15 minutos, e então come a segunda parte.
Comer atento
Daqui você já deve inferir que isso inclui diminuir as distrações, certo? Desligue
televisão, celular, computador etc. Foque no processo de comer. Se seus pensamentos
forem para longe, traga-os de volta para a comida. Sem se culpar. Só traga-os de volta
tranquilamente e continue o que estava fazendo.
Já pensou que, quando você come sem concentração, você come sem aproveitar
ao máximo o prazer que a comida dá? A sensação consciente do sabor depende da
atenção. Logo, se você não come com atenção ao comer, não está realmente
aproveitando a comida ao máximo.
Compromisso social
Uma forma de superar isso é nos comprometendo com outras pessoas. Isso
aumenta as chances de cumprir o compromisso.
*
Conversando com um amigo meu sobre questões financeiras, sugeri a ele que uma
forma de economizar seria deixar de pagar os mais de R$ 500 da personal trainer que o
acompanhava na academia. Ele me disse: “mas se eu não pagar, não vou”. Além de se
comprometer socialmente, ele se comprometeu financeiramente. Baita exemplo de
autoconhecimento.
Desarmando a gula
Nossas ações são muito influenciadas por estímulos no ambiente, que podemos
chamar de gatilhos, se isso facilitar com que você lembre.
Como fazer:
Exemplo:
Se não puder tirar o chocolate da sua casa, esconda. Isso já diminui as chances de
você vê-lo e consequentemente comê-lo.
Diário de alimentação
Em geral, nós comemos sem saber direito o que estamos comendo. Não sabemos
o peso dos alimentos nem a quantidade de calorias. A maioria das pessoas come mais
calorias do que o recomendado, sem perceber. Por isso, registrar o que você come e o
quanto você come pode te ajudar a estar mais consciente disso. Por consequência, você
pode comer menos e melhor.
Como fazer:
● Fica mais fácil se você tiver uma rotina de alimentação e comer as mesmas coisas
sempre.
● Você não precisa fazer para sempre. Com o tempo você vai ficando mais
consciente de quantas calorias cada alimento tem e não precisa mais ficar
contando. Eu, por exemplo, sei que 100g de tomate tem cerca de 20 calorias (é
muito pouco, dá pra comer muito tomate!)
● Você pode usar aplicativos que fazem o trabalho duro. Você só coloca lá a
quantidade de alimento e ele já registra a quantidade de calorias e te mostra o
quanto você comeu em cada dia. Recomendo o MyFitnessPAL.
● Uma balança de cozinha vai te ajudar bastante (eu não sei como ela não é um item
presente na cozinha de todo mundo!)
Encaixe prazeres/benefícios
Como fazer: faça algo agradável ou útil ao mesmo tempo em que faz exercícios.
Exemplos básicos são escutar músicas ou podcasts. Você pode até encaixar o
aprendizado com exercício físico, ao ouvir aulas em áudio enquanto malha (sim, eu faço
isso, não me julgue).
Há também quem restrinja voluntariamente as músicas à academia, ou seja, só
pode ouvir música se for na academia. Isso pode forçar a pessoa a ir na academia para
ter o prazer da música.
Nós gostamos dos alimentos não necessariamente por serem o que são, mas
pelas sensações que provocam em nós. Por exemplo: não gostamos do açúcar, mas do
sabor doce. Você já comeu berinjela à milanesa que parecia muito peixe? O interessante
e útil aqui para nós é que alimentos diferentes podem causar sensações parecidas. Com
isso, conseguimos “enganar” nosso paladar e comer menos.
Como fazer: substitua alimentos piores e mais calóricos por alimentos mais
saudáveis e menos calóricos.
Por exemplo: se você gosta de doces, como eu, pode substituir doces
industrializados por frutas, açúcar por outros adoçantes mais naturebas, achocolatado por
cacau em pó.
Como as opções são inumeráveis, você terá que ser curioso e criativo. Você
encontra facilmente na internet milhões de opções buscando por termos como “receitas
fit” e “receitas light”. Você pode buscar mais especificamente versões fit/light de alimentos
zuados que você come. Eu, por exemplo, faço um brigadeiro delícia sem leite condensado
ou margarina. Uso banana, leite em pó e cacau em pó.
Observações:
Muitas delas não são mesmo. Mas daí você pode pensar no custo-benefício das
suas alternativas:
A. Comer a coisa mais gostosa do mundo que te faz muito mal
B. Comer uma coisa até que bem gostosinha que não te faz mal
Nosso paladar se adapta aos sabores com o tempo. De modo geral, nós “viciamos”
nosso paladar com sabores fortes, muito sal, açúcar e gordura. Pode levar um tempo até
seu paladar se acostumar novamente com sabores não tão fortes. Por isso, ao mudar sua
alimentação, faça pelo menos por algumas semanas e veja o resultado.
*
O importante aqui é a manipulação da sensação. Os alimentos só constam a título
de exemplo. Se você quer melhorar sua alimentação em si, procure um profissional
qualificado.
Você concorda que quanto menos esforço você precisa para começar a fazer algo,
maior é a chance de você fazer?
Existe algo que eu chamo de inércia comportamental. Assim como na física, nosso
corpo precisa de um grande esforço para começar o movimento, e depois vai ficando
mais suave. É como um carro: ele demora a pegar velocidade mas, depois que pega, vai
liso.
Se você quiser sair com um carro na subida, vai ser difícil. Se ele estiver na
descida, é muito mais fácil. Sendo assim, quanto menos esforço para começar, mais
chances de começar.
Como fazer: facilite o máximo possível o início do exercício. Tire tudo que for
barreira, atrito, impedimento.
Exemplo: se você for para a academia logo depois de acordar, deixe tudo pronto.
Arrume as roupas no dia anterior. Deixe as chaves já na porta, a lista de músicas que te
animar já prontas para tocar, agilize o café etc.
Como você precisa adaptar isso às particularidades da sua vida, pense o seguinte:
“Como posso reduzir ao máximo o número e a dificuldade das coisas que preciso fazer
para me exercitar?” Isso inclui seu próprio comportamento.
Exemplos: se você sabe que se chegar ao trabalho e sentar no sofá, vai desanimar
e não vai para a academia, você pode ir para a academia direto, ou pelo menos não
sentar no sofá. Se você sabe que se deixar para ir à academia à noite, você desanima, é
melhor ir de manhã.
A dificuldade de sair da inércia inclui seu próprio corpo e mente. Existem estados
orgânicos e psicológicos em que o esforço para sair do lugar é maior não só pelo
ambiente externo, mas pelo seu ambiente interno (seu próprio corpo). É como um carro
que custa a ligar no frio.
Mastique cada porção em sua boca 24x. Ou 30x, se você for hardcore.
Depois de cada vez que você colocar a comida na boca, coloque os talheres de
volta no prato.
Se você achar comer assim muito esquisito, ou melhor, se acharem você muito
esquisito fazendo isso, você pode tentar algo mais discreto.
O lugar da comida
Como fazer:
Use gatilhos
Como fazer: use gatilhos para disparar sua ação de fazer exercícios.
Podem ser certas músicas, luz, uma frase de efeito, um quadro de um cara
musculoso na parede, um alarme que te lembrar porque você deve fazer exercícios, um
lembrete das recompensas que virão com o exercício ou o vídeo meme do Shia LaBeouf
dizendo “Just Do It” (esse é ótimo!).
Se você puder usar vários gatilhos, melhor ainda. Para me animar para ir à
academia eu abro a cortina e deixo a luz entrar queimando minha cara, coloco uma
música que me deixa mais agitado (como rap, rock, ou raprock) enquanto vou pegar meu
café.
A ideia é utilizar recursos que vão ativar seu modo exercício, te deixando em um
estado de maior disposição para fazê-los. Com o uso recorrente, a série de ações pode
se tornar um hábito, e ficar mais automática e fácil.
Capítulo 7: ESTRESSE
Muito do nosso estresse vem da nossa cabeça. “Nossa! Como assim?! Claro que
não! É o mundo que me estressa!”
Usemos um exemplo: seu chefe é um bosta. Ele te deu uma bronca sem motivo.
Isso te estressou. Quando você vai pra casa, seu chefe está lá te dando bronca? Está.
Mas na sua cabeça. Nós podemos ficar repetindo um evento estressante infinitas vezes
na nossa mente e isso…bem…é estressante.
“Tá, mas como eu saio da minha cabeça então?” Não tem jeito. Sua cabeça fica
ligada o tempo todo. Mas você pode ocupá-la com outras coisas que tomam o lugar do
que te causa estresse. Você pode tirar seu chefe da sua cabeça colocando outras coisas
lá. Um bom jeito de fazer isso é ocupando sua mente com o que vem dos seus sentidos.
Como fazer: use estímulos agradáveis aos seus sentidos e foque sua atenção
neles.
Exemplos:
● Ficar sentado numa poltrona confortável com um gato no colo, uma música
clássica do Bach tocando na vitrola e saboreando um vinho tinto.
● Ficar na janela tomando vento e observando a paisagem.
● Assistir um filme no cinema. Pode ser na tv também, mas quanto mais imersivo
melhor.
● Ficar deitado na cama assistindo documentários sobre felinos violentos atacando
chefes fdps.
Observações:
- O importante não é a atividade em si, mas o quanto ela estimula seus sentidos e
prende sua atenção nisso.
- Deitar na cama mas ficar brigando nas redes sociais e se estressando com as
notícias não vai te relaxar muito, né?
- Quanto mais você puder utilizar esta técnica, melhor. Se puder fazer 5 minutos por
dia, ok. Se puder fazer 20 minutos todo dia, melhor. O tempo que você foca nisso é
menos tempo se estressando e mais tempo relaxando (que é o contrário do
estresse). Com isso, você melhora seu saldo e dá uma aliviada na panela de
pressão que sua cabeça se tornou.
Você sabe por que as zebras não têm úlceras? Robert Sapolsky, um professor e
biólogo comportamental em Harvard, tem a resposta. As zebras têm experiências muito
estressantes. Elas precisam correr de leões para sobreviver. As zebras têm um pico de
estresse quando isso acontece, e isso acontece várias vezes. Contudo, pouco tempo
depois de fugirem do leão, lá estão elas mascando grama tranquilamente.
Nós, humanos, não precisamos fugir de leões reais. Mas, infelizmente, temos um
monte de “leões” na nossa própria cabeça: boletos a pagar, dores, problemas de saúde,
chefe chato, colega de faculdade fdp, insatisfação no relacionamento, trânsito, situação
econômica do país, vizinho tocando bateria, cachorro do vizinho latindo, computador lento
etc.
Como não podemos fugir do próprio cérebro, onde estão os leões mentais,
podemos ficar estressados praticamente o tempo todo. E é aí que nos fudemos sofremos.
O que podemos aprender com as zebras, então?
Como fazer:
● Limite o tempo em que você vai ficar estressado. Eu sei, não é fácil. Mas você
pode usar várias estratégias para isso.
● Marque um horário para seu estresse diariamente. Nesse horário, pense em tudo
que te estressa e, se possível, em formas de resolver isso.
● Se aparecerem pensamentos estressantes na sua cabeça fora da hora do
estresse, anote e guarde para pensar neles na hora do estresse. Assim você não
corre o risco de perder algum pensamento que te parece importante não esquecer.
Escrita expressiva
Depois de escrever você também pode pensar melhor em como lidar com o que te
estressa. Pode fugir? Pode mudar a situação? Como vai fazer? Pode mudar seu modo de
pensar?
Gerenciamento de tempo
Muita gente se estressa porque sente que não tem controle do tempo e das
atividades que faz. Com isso, o tempo acaba sendo todo tomado por tarefas chatas e não
sobra tempo para as atividades agradáveis/prazerosas.
Tem gente que não tem tempo mesmo, mas muita gente passa o tempo como se
fosse levado pelas ondas do mar. Começa o dia fazendo o que aparece na mesa ou na
cabeça, continua simplesmente reagindo ao que aparece, sem priorizar nada e fazendo o
que é mais agradável (porém pouco importante) quando deveria estar fazendo o mais
importante.
Gerenciar o tempo te ajuda a sentir que tem mais controle sobre ele e sobre as
suas atividades, organizar melhor o que você faz, libera tempo para atividades
desestressantes e recompensadoras.
i
m
p
o
r
t
a
n
t
e
É bom também registrar o tempo que você perde com coisas de baixa prioridade.
Registro de tempo perdido
Você pode até gostar de brigar nas redes sociais. Mas isso te estressa? Se sim,
você pode avaliar se vale a pena. Pense em termos de troca: o que você conseguiria
fazer se não gastasse esse tempo brigando na internet? Exemplos: ler parte de um livro,
fazer exercícios, ouvir música, assistir séries etc.
Como fazer:
1. Identifique atividades que te dão prazer e que você pode fazer. Tentar lembrar de
atividades que você gostava mas parou de fazer pode te ajudar aqui.
2. Marque em um calendário a atividade que você acha que gostará de fazer, quando
exatamente você irá fazer e quanto prazer você sentiu fazendo.
Ideias de lazer:
● Jardinagem (ou só olhar e cheirar as plantas (já reparou como cactos e suculentas
são incríveis?)
● Ler
Exercícios físicos (caminhar, pedalar etc)
● Contato social
● Jogar squash (sim, isso ainda existe)
É importante que sejam atividades que VOCÊ realmente gosta. Não deixe as
pressões sociais te controlarem. Se você não gosta de balada, não vá só porque outras
pessoas dizem que isso é lazer. Se você gosta de sentar na pracinha e pegar sol (eu
gosto), faça, mesmo que te digam que isso não é “aproveitar a vida”. O importante aqui é
suas sensações reais, não as abstrações/opiniões sociais.
É um tempo para você focar no lazer. Não é para ficar 1h pensando em coisas
estressantes. Se aparecem preocupações na sua mente, anote-as e segue o baile.
Shinrin-yoku: o banho de floresta
Shinrin-yoku é uma prática oriental que pode ser traduzida como banho de floresta.
A exposição a espaços verdes naturais pode diminuir o estresse.
Como fazer:
Mas pode ser que você esteja preso em caixas de concreto inóspitas e sem graça
e não consiga ir tomar um banho no mato. Nesse caso, ainda há salvação.
Alternativas:
● Traga a floresta até você. Coloque plantas no seu ambiente, nem que seja uma
pequena suculenta.
● Caso não seja possível fazer a exposição real, faça uma exposição virtual. Colocar
um papel de parede de floresta no seu computador já pode ter algum efeito. Ver
vídeos de ambientes naturais também é uma boa.
Se você estiver no meio do mato, porém pensando nos boletos que precisa pagar,
seu estresse não vai diminuir tanto. Deixe os boletos para depois. Concentre-se no
momento presente. Técnicas de foco/concentração e atenção podem te ajudar aqui.
Capítulo 8: FOCO / CONCENTRAÇÃO
“Se você puder jogar tênis quando alguém está atirando com uma arma na rua,
isso é concentração.” - Serena Williams
O ambiente fora do seu corpo está afetando seu corpo (que inclui seu cérebro) a
todo momento. Logo, mudando o ambiente você muda o funcionamento do seu cérebro e
seu foco.
Você pode selecionar um ambiente já adequado para sua tarefa. Se você quer
estudar, pode ir para uma biblioteca. Caso não seja possível, você pode modificar seu
ambiente o máximo possível para facilitar sua concentração.
Mesmo que você tenha atenção seletiva, parte do seu cérebro está vasculhando o
ambiente o tempo todo. Quanto mais estímulos, maiores as chances de você perder o
foco.
Evite coisas que solicitam atenção dos seus olhos. Remova o máximo possível de
estímulos visuais. Não estude de frente para janelas, telas de computador (se não estiver
usando o próprio computador para estudar) ou televisão, mesa cheia de bugigangas. Se
você trabalha no computador, feche todas as abas/janelas desnecessárias no momento.
Remova também fotos e até livros que você não precisa na hora. Se você puder estudar
de frente para uma parede lisa, sem nada, é o ideal.
A luz pode ter efeitos físicos e psicológicos que te atrapalham e você nem percebe.
Controle seus ouvidos também. Feche portas e janelas, coloque tapetes em frestas
por onde o som pode passar. Use fones, tampões de ouvido ou protetores auriculares
para diminuir o ruído. Certos fones de ouvido também protegem bem do som, mesmo
desligados. É o caso dos overears, aqueles que cobrem totalmente suas orelhas.
Eu, por exemplo, gosto muito de lofi hip hop. Para certas tarefas, funciona muito
bem. Para outras, que exigem mais concentração, elas atrapalham. Então, pense também
em que momentos a música ajuda e em quais ela atrapalha.
Como fazer:
Exemplos:
● Biblioteca: na próxima vez que a porta se abrir, não olhe.
● Email importante? defina um cronômetro e trabalhe sem interrupção antes de
verificar. Pode usar a técnica Pomodoro, por exemplo.
Como fazer: quando estiver lendo ou assistindo alguém falar (aulas, palestras etc), pare
após vários parágrafos (ou minutos de fala) e escreva os pontos-chave (brevemente)
Controlando distrações internas
● devaneios
● preocupações
● ansiedade
● indecisão
● medo de esquecer
A planilha de concentração
Como fazer:
O simples ato de fazer isso lembra você de voltar ao trabalho. De acordo com
relatos de estudantes que experimentaram esse sistema, é possível passar de 20 traços
por página para 1-2 traços por página (após 1-2 semanas).
O bloco das preocupações
Como fazer:
1. Quando surgir um pensamento intrusivo → anote. Isso acalma, pois você sabe que
atenderá ao pensamento depois.
2. Com a consciência limpa, você volta à concentração.
3. Depois de terminar suas atividades, dê atenção às preocupações.
4. Busque formas de resolver os problemas (pesquisar soluções, pedir ajuda,
psicoterapia etc)
Sim, isso é óbvio. Mas o óbvio também precisa ser dito. É muito comum não
prestarmos atenção aos sinais do nosso corpo, principalmente quando estamos focados
em atividades intelectuais. Lembre-se: seu cérebro é parte do seu corpo, o que acontece
no seu corpo afeta seu cérebro e, consequentemente, sua capacidade de se concentrar.
● Fome
● Sede
● Sono
● Dor
● Temperatura
Não deixe para atender suas necessidades quando elas aparecem. Faça planos de
prevenção.
● Se for sair de casa e passar horas sem comer, coma antes. Hidrate-se antes de
ficar morrendo de sede.
● Durma bem para evitar ficar sonolento o dia todo.
● Cuide do seu corpo para evitar dores (postura corporal, exercícios, alongamentos
etc).
● Tenha acesso a objetos para controlar sua temperatura corporal (roupas,
ventiladores, ar condicionado etc).
Minimizar multitarefa
Desacelere
Muitos fazem multitarefa porque se sentem pressionados pelo tempo. É estranho
sugerir diminuir a velocidade. Mas isso pode realmente ajudar a melhorar sua atenção e
sua produtividade.
Desacelerar ajuda a:
● evitar confusão
● organizar
● priorizar
● pensar profundamente
● diminuir tensão / ansiedade
● aumentar atenção
É comum a troca de tarefas quando há uma preocupação "se eu não cuidar disso
agora, nunca cuidarei". Solução simples: Anote e volte à tarefa atual.
Cultivar a Concentração
Fazer listas
● liberam sua mente sem perder informações importantes
● use para lembrar obrigações diárias
● coloque notificações/alarmes
● não deixe a sua lista te distrair
Técnica pomodoro
Agende pausas como agenda períodos de estudo. Um bom jeito de fazer isso é
utilizar a técnica pomodoro.
Em geral, mantenha uma proporção de pelo menos 5:1 entre o tempo de trabalho e
o intervalo. Exemplo: em 1 hora, trabalhe 50 minutos e faça uma pausa de 10 minutos.
Você pode usar um simples cronômetro com alarme. Também existem aplicativos
específicos para isso.
Você não pode fazer uma planta crescer olhando pra ela. O que você pode fazer é
melhorar as condições de crescimento.
Capítulo 9: FOBIAS
Assistir modelos
Como fazer: observe atentamente alguém que lida bem com algum medo que
você tem.
Por exemplo: se você tem medo de cachorros, observe atentamente quem tem
cachorros, quem passeia com cachorros, quem brinca com cachorros.
1. Observe as consequências da interação delas com os cães. Os cachorros fazem
algum mal? Ou as pessoas parecem seguras e felizes ao interagir com eles?
Não basta olhar por 1 minuto alguém com um cachorro. Quanto mais você
observar, melhor. Se puder fazer alguns minutos por dia, durante vários dias da semana,
melhor. Se puder assistir filmes de cachorros legais todos os dias, melhor ainda. O tempo
é um fator importante para que seu cérebro e seu corpo se acostumem com o que te
causa medo e você pare de sentir medo.
2. Pense a respeito
Não é uma simples questão de ver ou assistir algo. O que importa são os
processos fisiopsicológicos que ocorrem a partir disso. Além das mudanças que ocorrem
pela sua simples exposição ao que te causa medo, você pode ativamente reestruturar a
forma como pensa sobre seu medo.
Observações:
Por que? A identificação com nosso modelo também influencia nossa superação
do medo. Pensa comigo: se uma criança observa um homem adulto brincando com
cachorro, ela pode pensar “ah, mas ele é grande, não vai ter medo mesmo…” Se ela
observa outra criança, se sente mais capaz de também fazer o que a criança faz, já que
são mais parecidas.
(é surpreendentemente simples)
Como fazer:
1. Pegue algum medo seu. Faça uma lista de medos específicos relacionados a esse
medo (situações, pensamentos, ações etc).
2. Classifique esses itens de 1 a 10. Considere 1 o menor medo possível e 10 o maior
medo possível.
3. Se exponha a um item por vez, até sua ansiedade diminuir.
4. Quando sua ansiedade diminuir, se exponha ao próximo item da lista, e assim por
diante.
Depende. Alguns casos de fobias são resolvidos em um único dia, com uma
sessão intensa de algumas horas. O mais comum é que leve algumas semanas, mas
pode levar alguns meses também. Depende muito de quanto tempo você investe no
processo. Se você tirar várias horas do dia, em todos os dias de uma semana, terá
resultados bem mais rápidos do que se fizer só alguns minutos de um dia, uma vez por
semana.
Como fazer:
1. Identifique um hábito velho que você quer largar e um hábito novo para substituí-lo.
2. Use recursos do ambiente externo que te forçam a realizar uma nova ação.
Exemplo: digamos que seu objetivo é trocar o hábito de usar redes sociais por ler
livros. Programe um alarme para te interromper em horários que você está acostumado a
acessar as redes sociais.
Se necessário, use um alarme que te obrigue a tomar uma ação para desligá-lo. O
aplicativo Alarmy, por exemplo, te permite colocar como tarefa obrigatória ler um código
de barras, que pode ser o do livro que você quer ler. Quando o alarme tocar, você tem
que parar de usar as redes sociais e pegar o livro, forçado pela tarefa obrigatória de ler o
código de barras. Nisso você já troca a cadeia comportamental. Você já iniciou uma nova
sequência de ações ao pegar o livro.
Isso quebra seu antigo hábito e te obriga mecanicamente a iniciar o novo hábito.
Com a prática repetida deste tipo de ação forçada, ela se torna um novo hábito.
Encadeamento de hábitos
Como fazer:
Exemplos:
● meditar ao escovar os dentes,
● ouvir audiolivros na caminhada
● respiração diafragmática antes de dormir
● beber água sempre depois de ir ao banheiro
É mais fácil e provável que você mantenha um novo hábito se você o associa a um
hábito já bem estabelecido e o coloca dentro de uma cadeia de hábitos, onde uma coisa
leva a outra.
Micropassos
Exemplo: se você quer instalar o hábito de ler 20 páginas de livro por dia, mas
ainda não lê nenhuma, comece lendo só uma página por dia. Com o tempo, aumente o
número de páginas por dia para 2/dia, 3/dia…
Anticatastrofização
Isso não quer dizer que é algo que você gostaria ou deseja. É apenas um exemplo
para você pensar logicamente: o pensamento “morar na rua = tristeza infinita” não se
sustenta quando você percebe que, na realidade, não é exatamente assim.
Também não quer dizer que você vai parar de ter essa preocupação. A intenção é
simplesmente diminuir seu sofrimento por imaginar uma situação que pode não ser tão
provável de acontecer e, mesmo que aconteça, pode não ser o fim do mundo que você
imaginava.
Diário de gratidão
Pode ser que você tenha muitos negativos e pessimistas que te deixam
desanimado e sem esperança. Você pode pensar que não tem nada de bom na sua vida
e enxergar só coisas ruins.
Uma das causas possíveis disso é o viés pessimista: muitas vezes tendemos a ver
a parte ruim da vida e esquecer do que ela tem de bom. Para superar essa tendência
automática é útil buscar conscientemente pelo que tem de bom e pode te fazer se sentir
melhor.
Como fazer: Anote pelo menos 3 coisas pelas quais você é grato todos os dias.
Motorista de ônibus
.
.
.
Como fazer:
Imagine que você é o motorista do ônibus da sua mente. Em um ônibus cabe muita
gente. Vários pensamentos vão entrar no ônibus, e você não vai gostar de vários deles. O
que você vai fazer? Vai expulsá-los? Vai ficar olhando pra eles e desviar o olho da rua?
Como vai dirigir o ônibus assim?
Você é o motorista da sua mente e está guiando-a para onde você deseja. Alguns
pensamentos podem te incomodar. Eles podem dizer:
- “Cara, você dirige mal!”
- “Por que tá indo por aí? Tem outro caminho melhor!”
- “Nossa, esse ônibus tá fedendo"
- “Ô motorista, pode correr!...”
O melhor que você pode fazer é dirigir o ônibus e deixar que os passageiros
passem. Não responda a eles, não julgue, não caia na porrada com eles. Apenas
observe, ouça e continue dirigindo.
Você fará várias paradas. Muitos passageiros vão descer, outros vão subir. Você
pode continuar seu caminho, mesmo que os passageiros não sejam os mais legais. É
assim com os pensamentos. Se você deixar que eles sejam passageiros, eles passam.
Eles vem, vão voltam, vão embora novamente. É um fluxo que não precisa te impedir de
dirigir.
Agora, se você focar demais em um passageiro, ele pode tirar sua atenção do seu
caminho. Ele pode te irritar e te causar sofrimento. Se você brigar com ele, ele pode
insistir em não sair do ônibus só para te irritar. Se você simplesmente deixa ele passar,
ele se entendia e uma hora vai sair do ônibus.
O que é mais importante: dirigir sua mente pelo caminho que você deseja ou brigar
com todos os passageiros que você não gosta?
Outras possibilidades
Nossa memória de trabalho é limitada. Isso quer dizer que só podemos manter em
mente em um certo momento pouca quantidade de informação. Além disso, não vemos o
mundo como ele é, mas como nosso cérebro (cheio de bugs) o constrói, e temos vários
“erros” de pensamento que nos levam a raciocinar mal.
Como fazer: Anote seus pensamentos negativos em uma coluna e na outra anote
outras possibilidades a respeito desses pensamentos.
“Meu marido está pensando em outra” - Ele pode estar com problemas e não
quer falar
- Ele pode simplesmente estar pensando
no novo filme Velozes e Furiosos 77
- Mesmo que ele pense em outra, não
quer dizer que ele vá me trair. Eu também
penso em outros homens às vezes
Se você parar para pensar bem e usar a lógica, percebe facilmente que isso é um
exagero da linguagem. O problema é que não costumamos fazer isso. Vamos tendo
esses pensamentos e falando frases em termos de tudo ou nada sem pensar criticamente
sobre elas. Assim, a linguagem em que nossos pensamentos aparecem podem nos afetar
mais do que deveria na realidade.
Como fazer:
A maioria das vezes não é questão de tudo ou nada. Um casamento ruim tem
momentos bons, não somos 100% ruins em entrevistas de emprego, os outros não fazem
algo ruim sempre, ninguém te ignora 100% do tempo e você não odeia realmente todo
mundo (talvez todo mundo que você conheça, mas são quase 8 bilhões de pessoas no
mundo!)
E se seu pensamento negativo for verdadeiro? Digamos que você pensa que é
ruim em falar em público e, na real, você é ruim mesmo. E aí?
Como fazer: Para cada pensamento negativo, pense e anote o que você pode
fazer, concretamente, para resolver o problema.
Exemplo: “sou ruim em falar em público” - Posso aprender a falar melhor (em
artigos, livros, cursos de oratória etc)
- Posso preparar bem e ensaiar minha
apresentação
- Posso usar técnicas de relaxamento
quando estiver ansioso (como a respiração
4-2-6 com barriga de balão)
Capítulo 12: PRODUTIVIDADE
Como fazer: Estabeleça um prazo para concluir uma tarefa ou peça para alguém
estabelecer.
Exemplo: em vez de “vou fazer isso hoje”, usar “vou fazer isso em 2h, de 14 às
16h”.
Pomodoro
Como fazer: Quando estiver para fazer uma tarefa e for procrastinar, faça o
seguinte: não faça nada.
O ser humano tem uma grande aversão por malditas tabelas de excel tarefas
entediantes, mas também tem uma grande aversão pelo tédio. Em certos experimentos,
as pessoas preferem se dar choques ligeiramente dolorosos do que ficar 15 minutos sem
fazer nada.
Reforço condicional
É só isso.
Explicação: Muitas vezes o maior problema para se fazer uma tarefa é começar.
Tendemos a prever que a tarefa será pior que é na realidade, nos sentimos mal por causa
disso e tentamos evitá-la.
É como sair com uma bicicleta, um carro ou um foguete: No começo é mais difícil,
depois o movimento flui mais facilmente. No nosso caso, é uma inércia comportamental.
Nós fazemos muita coisa no automático, e somos muito afetados pelas condições
do momento presente. “A sala tá quente, tô com dor nas costas, aquela coxinha caiu mal
no meu estômago…e esse trabalho tá entediante demais!”
Seus motivos vão variar. Pode ser o salário no fim do mês, as férias em Ubatuba,
criar bem seus filhos, comprar um casaco de pele como o da Jennifer Lopez etc. O
importante é que seja algo realmente motivador para você, o suficiente para você
aguentar o presente que não está tão legal assim.
Recomendo fortemente que você faça isso frequentemente. Para isso você precisa
lembrar, e eu não confiaria na minha própria memória. Coloque lembretes dos seus
objetivos futuros onde você pode sempre ver. Eles vão te ajudar a manter o objetivo de
longo prazo em mente, o que vai te ajudar a se manter cumprindo os objetivos de curto
prazo em dia.
Capítulo 13. RAIVA
Nesse capítulo, vou te indicar várias estratégias e técnicas da psicologia que você
pode usar para controlar sua raiva e comentar e exemplificar quando é melhor você usar
cada uma delas.
Vamos lá:
Remover o gatilho da raiva
Exemplo: todo dia à noite você, cansado de trabalhar o dia todo, liga a TV. No
jornal, uma desgraça atrás da outra. Você pensa e fala com quem tá perto (ou com a
própria tv):
Qual é a importância das notícias na sua vida? Elas mudam sua vida para melhor?
Você pode mudar o mundo para melhor? Qual é o custo de assistir as notícias? Quais são
os benefícios?
Supondo que o jornal te provoca muita raiva, e você queira evitar essa raiva,
remova o jornal. Assim, você está removendo o gatilho imediato da sua raiva. O jornal é
um exemplo simples, tente pensar em como você pode aplicar isso em outras situações
Em alguns casos, remover o gatilho já resolve seu problema. Em outros, não dá.
Vamos imaginar que temos um amigo hipotético chamado Carlos. Ele fica pistola
quando sai na rua e outros homens olham para a namorada dele. Como ele removeria
esse gatilho? Matando todos os outros homens do planeta? Colocando venda neles?
Nunca mais saindo de casa? Em muitos casos, você vai precisar de outras estratégias,
como veremos a seguir.
Ao dar tempo, você deixa a raiva naturalmente “esfriar” um pouco. Ao dar espaço
(se afastar de pessoas que você pode machucar, verbal ou fisicamente) você dificulta
uma ação impulsiva desastrosa.
Como fazer: Quando estiver com raiva, se afaste e espere pelo menos algumas
horas antes de fazer qualquer coisa importante.
Mas nem sempre dá pra se afastar ou dar um tempo. Nesse caso você pode usar
outras estratégias e técnicas. As próximas duas tem o foco no controle fisiológico. Você
acalma seu corpo para acalmar sua mente.
Controle da respiração
É um jeito prático e rápido de acalmar seu organismo, o que inclui sua cabeça.
Como fazer:
(tem um outro nome mais elegante, mas esse aqui é mais fácil de lembrar)
Como fazer:
Essas quatro primeiras técnicas são simples e não exigem pensar muito para
aplicar. Por isso, são excelentes para começar a controlar a raiva e para conter as
explosões.
Distração
A distração é uma técnica simples, mas pode te exigir um maior trabalho mental.
Na hora da explosão de raiva, sua cabeça facilmente pode ser inundada com
pensamentos de raiva, e pode ser difícil pará-los. Mas, se você conseguir…
Como fazer:
Isso te ajuda a controlar a raiva porque impede a emoção de escalar muito. Você
apaga o fogo que ainda está ali só na cortina da cozinha, antes que a casa toda esteja em
chamas.
A desvantagem dessas estratégias / técnicas que apresentei até agora é que elas
não mexem muito nas causas da raiva. Funcionam mais como extintores de incêndio,
apagando o fogo quando ele aparece. Mas não mexem na fiação elétrica velha da casa,
que é o que está causando os incêndios. As próximas são um pouco mais elaboradas,
pedem mais raciocínio, mas também costumam promover melhores resultados no longo
prazo.
Já pensou em ser frio e calculista tipo Peaky Blinders? Ok, talvez não precise de
tanto. Mas você pode aprender a controlar a raiva observando quem sabe controlar a
raiva. O simples fato de observar, com atenção, alguém não explodindo de raiva em uma
situação que te provocaria raiva já ajuda a mexer na forma como você pensa.
Como fazer:
1. Busque modelos, figuras reais ou fictícias que saibam lidar com a raiva (o Hulk não
é um deles).
2. Observe como eles pensam, sentem e agem em situações que podem gerar raiva.
3. Faça isso frequentemente (exemplo: pode assistir um filme ou episódio de série –
que tenha algum personagem assim – por semana, pelo menos)
Observações:
B. Se você convive com alguém que sabe lidar bem com a raiva, pode aprender
com ela também. Use-a de modelo: observe-a, converse com ela sobre isso (se possível)
e tente imitá-la.
Você pode pensar: “Ué, mas como fingir vai me ajudar a mudar alguma coisa em
mim?” Não é só sua mente que afeta seu corpo. Seu corpo também afeta sua mente.
Lembra das técnicas fisiológicas? De como sua mente pode ficar mais calma usando a
respiração controlada e a elegantemente nomeada técnica da água fria na cara?
As ações que você faz (comportamento) são informações para seu cérebro
processar. Como seu corpo está funcionando internamente (fisiologia) também. Ao agir
como se não estivesse com raiva, você dá informações ao seu cérebro que contradizem
as informações que provocam raiva. Além disso, você aprende com seu próprio
comportamento e com as consequências dele, mesmo sem estar consciente disso.
Como fazer:
1. Quando se deparar com uma situação que te causa raiva, pense o seguinte:
"Como eu agiria se não estivesse com raiva”? (Ou “como meu modelo agiria?“)
2. então, tente agir como se não estivesse com raiva
Se você acha que é uma pessoa raivosa, isso pode te impedir de mudar. Você
pode pensar “eu sou assim mesmo, não tem jeito”. Mas uma só emoção não te define, a
raiva não é você. E você não é a raiva, você TEM a raiva. Pode parecer uma diferença
sutil, mas é uma baita diferença. Quanto mais você se separar da emoção, melhor. E isso
é algo treinável.
Como fazer:
*
Você pode inclusive personalizar sua raiva:
O que vou apresentar são técnicas para modificar diretamente seus pensamentos.
Ironicamente, essa é a estratégia mais elaborada e pode ser a mais complicada (apesar
do potencial enorme de ter ótimos efeitos a longo prazo).
Por que é tão difícil mudar pensamentos diretamente? Vários motivos. Um deles é
que você acredita na maioria dos seus pensamentos. Então, quando você sente raiva,
você pode achar justo. E pode sentir raiva justamente porque acha que a situação é
injusta. Outro motivo: a maioria de nós não se sente bem quando alguém tenta mudar o
que pensamos, em muitos casos.
Agora, um esclarecimento necessário para tudo o que eu disse sobre raiva: eu não
quero controlar sua raiva. Também não quero mudar seus pensamentos. O que estou
fazendo é só te oferecer ferramentas para que você use, se quiser. Vários pensamentos
podem estar na raiz da raiva e não daria para falar de todos aqui. Vou usar apenas um
exemplo para você ver como esse processo pode acontecer.
Nosso amigo Carlos resolveu aprender a lidar com seu problema de raiva
excessiva. Os vários anos de rock pesado + saco de areia + levantamento de pesos (tudo
ao mesmo tempo) não ajudaram muito no caso dele. O principal gatilho de raiva para
Carlos era homens olharem para sua namorada quando eles saíam. Vamos pensar em
um diálogo hipotético com Carlos:
– O que passa na sua cabeça quando os homens olham para sua namorada,
Carlos?
– “Que é injusto que eles fiquem olhando para a MINHA namorada!”
– Você olha para namoradas de outras pessoas?
– “Ah…sim, mas é costume, não tenho ‘maldade’ nenhuma”
– Você acha que outros homens poderiam olhar para sua namorada “sem
maldade”?
– “É, acho que sim”
– Você acha que é possível, na prática, que nenhum homem nunca mais olhe para
sua namorada?
– “É, não consigo pensar em como daria pra fazer isso…”
a) Achamos uma causa mais profunda para a raiva de Carlos: o senso de justiça.
Ele acha injusto que outros homens ameacem tomar sua namorada (a ameaça tá na
cabeça dele, não necessariamente nos outros homens).
b) Ao virar o jogo pra ele, Carlos percebe que faz a mesma coisa que provoca a
raiva dele: olhar para as namoradas de outros homens. Isso ajuda a tornar o julgamento
dele mais leve, já que agora ele faz parte do grupo de homens que ele julgava como
injustos.
c) Por causa da raiva, ligada ao ciúme, ele pode ter uma percepção distorcida do
mundo: na cabeça dele, parece que todos os homens que olham para a namorada dele
são ameaças. Perceber que outros homens podem olhar “sem maldade” é uma
contraprova. Isso pode ajudar a:
● ter menos pensamentos como “olha esse cara olhando pra ela, com certeza quer
roubar ela de mim” e
● mais pensamentos como “ele tá olhando pra ela, mas ela é bonita mesmo, é
natural que ele olhe; isso não quer dizer que ela vai me trocar por ele”.
Apesar de nem sempre ser fácil, é até simples pensar na utilidade do pensamento.
Um problema comum é que a maioria de nós não costuma pensar sobre os próprios
pensamentos dessa forma.
Os pensamentos que causam raiva podem passar rapidamente pela sua cabeça, te
deixar com sangue fervendo e em modo de ataque, mas é bem comum que você nem
lembre que pensamento teve e se lembre melhor apenas da emoção e do que sentiu.
Capítulo 14: RELACIONAMENTOS
Absurdo anticrítico
Você pode querer não desagradar ninguém. Pode ser que você nem esteja tão
consciente de que tem esse tipo de crença, mas age de acordo com ela. Essa suposição
“tenho que agradar a todos” pode estar inconscientemente te direcionando. Vamos então
fazer um exercício contraintuitivo: imaginar que você está certo. Vamos usar a lógica. Se
você não pode desagradar ninguém, segue-se o seguinte.
Já que você não pode desagradar ninguém, você deve se vestir da forma como
todo mundo aprova. Nada de sair com chapéu de caubói com meião colorido e camisa
com estampa de vaquinha. Mas tem gente que também não gosta de roupa preta básica,
porque diz que atrai energias negativas. E tem gente que não gosta de jeans, porque
julga que é uma roupa muito simples.
Para não desagradar ninguém, você também vai precisar comer e beber o que as
outras pessoas aprovam. Tem gente que acha errado comer carne. Tem quem defenda
que não é bom comer vegetais porque eles estão cheios de agrotóxicos. Tem espaço na
sua casa para plantar sua própria batata?
Você também precisa falar e agir de modo a não desagradar ninguém. Para não
ofender ninguém, você tem que conhecer bem toda pessoa com quem fala. Também não
pode estar com muita gente, porque elas podem discordar e pedir sua opinião. E se na
rodinha de conversa começam a falar de política? Nem sempre dá pra fingir que tá com
diarréia. Pessoa A é de direita, B é de esquerda. E você? Vai ser imparcial? Podem te
chamar de “isentão!”, falar pra você sair de cima do muro, te acusar de estar escondendo
seu verdadeiro lado.
Não dá, né? Pois é. Se seguirmos a lógica, e você pensar e agir segundo a
premissa “não posso desagradar ninguém”, você entra em um beco sem saída. E lá vai
estar cheio de gente que pode ficar incomodado com você de alguma forma.
Ninguém gosta de ser criticado. Em geral, somos péssimos com críticas. Fazemos
mal e recebemos mal. Quando aceitar críticas? Quando a crítica realmente é verdadeira e
faz sentido ou quando você não pode agredir a outra pessoa.
Como fazer: Quando alguém faz uma crítica realista, reconheça e concorde.
Exemplos:
É bem comum que ao ouvir críticas, as pessoas reajam tentando justificar muito,
culpar outras pessoas, atacar, ficar bravas. Vejamos exemplos:
Sêneca
Por mais de 30 anos, o psicólogo John Gottman explorou os principais fatores que
predizem se um casal permanece junto ou se separa. Ele se interessou especialmente
por dois tipos de comentários:
A partir disso, ele estabeleceu uma “conta” que serve para medir as chances de
uma relação continuar e para que você tenha mais precisão e controle sobre ela.
Observações:
Não seja artificial. A outra pessoa percebe com muita facilidade se você não está
“sendo você mesmo”. A artificialidade não tem o mesmo efeito de um comentário positivo
“natural”. Para ser mais natural, você pode buscar realmente pensar e sentir de acordo
com o seu comentário. Não fale só da boca para fora. Exemplo: se você quer fazer um
elogio, busque algo que você realmente acredita que deve ser elogiado. E o faça do seu
jeito, seja congruente.
- Pergunta: “Por que tem que ter tanto comentário positivo para tão pouco
comentário negativo?".
Como fazer:
Exemplos:
O que vem depois do “mas…” ajuda a reduzir o efeito negativo das supostas falhas
e defeitos do seu parceiro. Isso ajuda a equilibrar sua visão dele e a própria relação.
Observações:
Esta técnica supõe que você tem uma relação razoável e tem como objetivo
balancear sua visão da relação, ajeitando o viés negativo (nossa tendência em focar nas
coisas ruins). Nada aqui sugere que você deve justificar e aceitar parceiros e relações
horríveis. Busque avaliar a relação e o que ela te traz de bom de forma realista.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
A resposta está um pouco mais abaixo, mas vale a pena fazer o experimento antes
;)
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Resposta: Os dois círculos laranja têm o mesmo tamanho. Essa ilusão de ótica é
chamada de ilusão de Ebbinghaus ou círculos de Titchener*. É uma “pegadinha” da nossa
percepção de tamanho relativo.
Como fazer:
Você pode fazer isso várias vezes. Quanto mais circulinhos (relacionamentos
piores do que o seu) encontrar, mais seu círculo laranja (seu relacionamento) parecerá
melhor.
Observações:
O objetivo não é se sentir bem com a desgraça alheia nem se sentir superior. O
objetivo é buscar casos para comparar com o seu. Quando você vê que seu caso é
melhor do que vários outros possíveis, você consegue se sentir melhor.
Quando nos comparamos o tempo todo com pessoas que parecem estar em
situações melhores do que a nossa, tendemos a acreditar que todo mundo está mais feliz
do que nós e que nossa situação é péssima. Pense no que ocorre com o Instagram,
principalmente na aba explorar: todo mundo parece rico, feliz, bronzeado, trincado,
produtivo etc. A rede social é apenas um recorte da realidade que você vê em um certo
ponto do tempo-espaço, mas que tem o efeito psicológico de te fazer acreditar que é a
própria realidade. Outro objetivo dentro dessa técnica é mudar seu viés, mudar para onde
você “olha” e mudar seus parâmetros de comparação.
Como fazer: Quando acontecer algo que você não gostou fale da seguinte forma -
"Quando você fez X me fez sentir Y, e eu gostaria que você fizesse Z."
“Você é um sacana fdp!”, por exemplo, é vago e não ajuda muito a entender o
problema e a resolvê-lo. A estrutura XYZ dá clareza e especificidade:
Baruch Espinoza
Quando temos um problema interpessoal, um padrão básico de ação é procurar
culpados. “Não fui eu, foi culpa dela!” No que isso ajuda? Pode te aliviar da culpa e te
fazer sentir superior, mas tem vários efeitos negativos na outra pessoa e na relação entre
vocês.
É muito menos danoso e mais útil parar de focar nas emoções (culpa, raiva,
remorso etc) e focar em soluções práticas. Pergunte-se: “Tá, dado que isso aconteceu, o
que vamos fazer?”
Não aja como juiz, aja como um estrategista. Não busque culpados e punições,
busque planos e soluções. Eu sei, você pode perder um pouco do prazer de jogar na cara
dos outros um “Eu te avisei!” ou um “Eu fiz tudo certo…”. Mas, se colocando no lugar de
quem é culpado, você deve entender que não é nada agradável. E é bem fácil o culpado
criar sentimentos negativos por quem o culpa.
Vá além de estar certo. Querer estar certo é um dos problemas mais comuns
nos relacionamentos. As pessoas passam a simular um tribunal, assumindo papéis de
promotor, réu, e juiz. Mesmo você estando certo, jogar erros na cara do outro só piora a
situação.
● “Eu tenho que dizer a ela que ela é tão horrível por me fazer sentir assim”
● “Eu tenho que colocar todos os meus sentimentos para fora” ou
● “Eu tenho direito aos meus sentimentos”.
Xingar, atacar ou buscar vencer pode acabar em derrota para ambos. Dada esta
enorme introdução, vamos à técnica.
Como fazer: Estabeleça sua meta e objetivos para a discussão.
descarregar a raiva?
provar que está certo?
vencer a discussão?
castigar?
ficar bem com a outra pessoa
conseguir os maiores benefícios e os menores danos possíveis à relação
resolver o problema e planejar para evitá-lo no futuro
Outros…
Faça uma discussão em que todos ganham, apesar de também haver perdas.
Ninguém consegue tudo o que quer, mas vocês dois podem conseguir algo bom.
Como fazer:
1. Fulano, obrigado pela apresentação. O tema que você trouxe é bem interessante
2. Em alguns pontos não consegui entender bem a explicação, então pode ser algo a
se dar atenção na próxima
3. Mas no geral a apresentação foi boa, principalmente aquele ponto X…, vai
acrescentar muito na nossa discussão.
Observações:
Negociação de reciprocidade
Como fazer:
Exemplo: uma mulher com ciúme ficou chateada porque o marido não telefonava
quando se atrasava no trabalho. Ela pensou que o marido poderia estar vendo uma
amante.
Recompense
Muita gente, depois de anos de relacionamento, se sente mal porque sente que a
outra pessoa mudou. “No começo ele era tão diferente…”, “Quando a gente se conheceu
ela era tão carinhosa…” O mais impressionante é que pouca gente percebe que suas
próprias ações podem ter contribuído para essas mudanças no comportamento do
parceiro.
Como fazer: Recompense as ações que você quer que continuem ocorrendo.
Se você quer que outra pessoa te dê atenção, recompense quando ela te der
atenção. Se ela te faz um favor, agradeça. Se ela te dá algo, dê algo em troca.
As recompensas são variáveis, dependem de cada pessoa, por isso você precisa
usar seu conhecimento sobre ela. Nem todo mundo vai gostar de um box de DVDs da
saga Senhor dos Anéis (talvez quem tenha dificuldades para dormir. Pense: de que
recompensa essa pessoa gostaria? Descubra e use isso a vosso favor. Os dois saem
ganhando.
Se tem algo que pode causar um dano enorme nos relacionamentos e você deve
evitar é rotular/generalizar.
- “Ela é neurótica!”,
- “Ele é insegura demais!”
- “Ele é um egoísta fdp”
- “Ele é sempre um babaca comigo!”
Como fazer: Evite pensar e falar sobre a pessoa, fale sobre uma ação dela.
Eu não nasci para acordar cedo. Desde pequeno tenho o que podemos chamar de
“alta aderência à cama”. Minha mãe precisava me acordar na base da raiva e de
ameaças. Não conheço limites para a quantidade de tempo que posso dormir. Já dormi
por 16 horas seguidas e poderia continuar dormindo. Depois de tentar muita coisa, a
única técnica que funcionou para mim foi essa: obrigar meu corpo a sair do lugar para que
eu acorde.
Como fazer:
Alternativa: Use um aplicativo para celular. Eu uso o Alarmy. Ele possui vários
métodos para que você pare o alarme, como fazer cálculos matemáticos, tirar selfie,
resolver quebra-cabeças etc. Eu fazia tudo isso e voltava a dormir. A única opção que
funciona para mim é o leitor de código de barras. Para parar o alarme preciso ir à cozinha
e colocar o código do frasco de adoçante na frente da minha câmera. Aí dá.
Eu saí de uma rotina de acordar às 12h-14h para acordar por volta das 8h (e ainda
coloco 7h59 para me enganar e achar que acordo “lá pelas 7h”).
Controle dos pensamentos
Como fazer:
● Colocar barulho de chuva para dormir (eu uso muito esse). O aplicativo Castbox
tem um Modo Zen para ajudar a relaxar e dormir. Meu som preferido é “The river
raft in the rain”, algo como “A jangada de rio na chuva”. No Youtube também
existem vários vídeos com som de chuva e tela preta.
● A melhor opção é dormir no silêncio absoluto, mas há pessoas que dormem bem
com o som da TV ligado. Você pode adaptar ao seu caso, preferencialmente
optando por programas com menos estímulos, como programas sobre a natureza.
Pode ser uma boa programar a tv para desligar dentro de algumas horas.
● Meditação guiada. Você coloca um áudio em que alguém guia sua mente de modo
a te relaxar. Um exemplo, que eu gosto, é o scanner corporal. A pessoa te orienta a
pensar em várias partes do seu corpo e nas sensações nelas. Você pode encontrar
esse áudio na internet (no Castbox, por exemplo).
● ASMR: existe uma infinidade de barulhos aleatórios, desde alguém sussurrando no
seu ouvido até um guaxinim comendo biscoito. Tem gente que curte.
● Respiração. Você pode usar técnicas de respiração, como a respiração 4-2-6 com
barriga de balão, e focar seu pensamento nelas. É um combo 2 em 1: você produz
relaxamento por fisiologia e por cognição ao mesmo tempo.
Higiene do sono
Como fazer:
A mais poderosa técnica é aquela que inclui todas as outras: a psicologia prática.
Como fazer:
A boa notícia é que este livro que você tem em mãos é uma fonte que pode te
proporcionar uma enorme transformação e melhorar sua vida consideravelmente.
Contudo, não é magia. Infelizmente o livro por si só não te mudará. O que vai mudar sua
vida é o uso que você faz do conhecimento contido aqui.
Um conceito que acho belo e útil é o de nutrição psicológica. Assim como seu
sistema digestivo é um processador de alimentos, seu sistema nervoso é um processador
de informações.
Já ouviu falar que “você é o que você come”? Da mesma forma que seus padrões
alimentares te constituem, seus padrões psicológicos também. Seus pensamentos,
comportamentos, emoções, ambientes em que está, interações sociais, hábitos, o que
você vê e ouve, o que aprende e o que pratica…tudo isso te faz ser como você é. Quanto
mais se alimentar com qualidade (consumindo bom conhecimento técnico-científico sobre
mudança psicológica/comportamental/emocional) melhor nutrido e saudável estará.
universodapsicologia.com
No site acima você encontra mais conteúdo sobre Psicologia (textos, vídeos,
podcast, cursos etc) e todos os meios de contato comigo. Até logo!
REFERÊNCIAS
Banyard, P., & Hulme, J. A. (2015). Giving psychology away: How George Miller’s
https://doi.org/10.1002/j.2164-4918.1982.tb00807.x
https://doi.org/10.1146/annurev.psych.093008.131126
Bjork, R. A., Dunlosky, J., & Kornell, N. (2013). Self-Regulated Learning: Beliefs,
https://doi.org/10.1146/annurev-psych-113011-143823
Brown, P. C. (2014). Make it stick: The science of successful learning. The Belknap
COMPORTAMENTO. 904.
Cepeda, N. J., Vul, E., Rohrer, D., Wixted, J. T., & Pashler, H. (2008). Spacing Effects
Dehaene, S. (2020). How we learn: Why brains learn better than any machine ... for
now. Viking.
https://doi.org/10.3389/feduc.2021.581216
Ellis, A. (1976). RET abolishes most of the human ego. Psychotherapy: Theory,
https://doi.org/10.1007/BF01075207
Ellis, A. (2016). How to stop destroying your relationships: A guide to enjoyable dating,
Ellis, A., Catalán Frías, M. J., González Díez, J. D., & Grieger, R. (1990). Manual de
https://doi.org/10.1111/j.1745-6916.2006.00023.x
Harp, S. F., & Mayer, R. E. (1997). The role of interest in learning from scientific text
https://doi.org/10.1037/0022-0663.89.1.92
Hofmann, W., Kotabe, H. P., Vohs, K. D., & Baumeister, R. F. ([s.d.]). Desire and
Im, W.-G., Wilner, R. S., & Breit, M. (1983). Jealousy: Interventions in Couples
https://doi.org/10.1111/j.1545-5300.1983.00211.x
Karpicke, J. D., & Blunt, J. R. (2011). Retrieval Practice Produces More Learning than
https://doi.org/10.1126/science.1199327
Karpicke, J. D., & Roediger, H. L. (2008). The Critical Importance of Retrieval for
Leahy, R. L., & Tirch, D. D. ([s.d.]). Cognitive Behavioral Therapy for Jealousy. 15.
Marks, M., & De Silva, P. (1991). Multi-faceted treatment of a case of morbid jealousy.
https://doi.org/10.1080/02674659108408356
Martin, G., & Pear, J. (2007a). Behavior modification: What it is and how to do it (8th
McDermott, K. B., & Naaz, F. (2014). Is recitation an effective tool for adult learners?
https://doi.org/10.1016/j.jarmac.2014.06.006
Milkman, K. L., Gromet, D., Ho, H., Kay, J. S., Lee, T. W., Pandiloski, P., Park, Y., Rai,
A., Bazerman, M., Beshears, J., Bonacorsi, L., Camerer, C., Chang, E., Chapman,
G., Cialdini, R., Dai, H., Eskreis-Winkler, L., Fishbach, A., Gross, J. J., …
https://doi.org/10.1038/s41586-021-04128-4
Moffitt, R., Brinkworth, G., Noakes, M., & Mohr, P. (2012). A comparison of cognitive
https://doi.org/10.1080/08870446.2012.694436
Pauk, W., & Owens, R. J. Q. (2010). How to study in college (10th Ed). Cengage
Learning.
Pavlik, P. I., & Anderson, J. R. (2008). Using a model to compute the optimal schedule
https://doi.org/10.1037/1076-898X.14.2.101
Pyc, M. A., & Rawson, K. A. (2009). Testing the retrieval effort hypothesis: Does
https://doi.org/10.1016/j.jml.2009.01.004
Rawson, K. A., & Dunlosky, J. (2011). Optimizing schedules of retrieval practice for
Rawson, K. A., Dunlosky, J., & Sciartelli, S. M. (2013). The Power of Successive
https://doi.org/10.1007/s10648-013-9240-4
Roediger, H. L., & Karpicke, J. D. (2006). The Power of Testing Memory: Basic
https://doi.org/10.1111/j.1745-6916.2006.00012.x
https://doi.org/10.1111/j.1545-5300.2010.01335.x
Stoddard, J. A., & Afari, N. (2014). The big book of ACT metaphors: A practitioner’s
Taylor, S. E. (2019). Health psychology (9th ed). New York, NY: McGraw-Hill.
https://www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/qual-o-real-risco-de-morte-
em-um-acidente-aereo,b4faca1fe1737310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html
Vaughn, K. E., & Rawson, K. A. (2012). When is guessing incorrectly better than
studying for enhancing memory? Psychonomic Bulletin & Review, 19(5), 899–905.
https://doi.org/10.3758/s13423-012-0276-0
Weiten, W., Dunn, D., & Hammer, E. Y. (2015). Psychology applied to modern life:
Wenzel, A., Dobson, K. S., & Hays, P. A. (2016). Cognitive behavioral therapy
https://doi.org/10.1037/14936-000
Wissman, K. T., Rawson, K. A., & Pyc, M. A. (2011). The interim test effect: Testing
prior material can facilitate the learning of new material. Psychonomic Bulletin &