História Económica III

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
O impacto da colonização na economia africana

Nome: Anifa Zubaida Gabriel Abdul - 708212375

Disciplina: História Económica III

Curso: Licenciatura em Ensino de História

Ano de Frequência: 3o Ano

Tutor: Idelson Rui Alberto

Maputo, Setembro de 2023

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gerais
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6ª edição em
Bibliográfica citações/referências 4.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

1. O IMPACTO DA COLONIZAÇÃO NA ECONOMIA AFRICANA ..................... 5

1.1. Tipos de colónias implementadas em África ..................................................... 6

1.1.1. Colónias de exploração ou de enquadramento ............................................... 7

1.1.2. Colónias de povoamento ou enraizamento..................................................... 8

1.2. Tipos de administração colonial implementadas em África .............................. 8

1.3. Principais actividades económicas desenvolvidas pelo colonialismo em África


………………………………………………………………………………….9

1.3.1. O papel das companhias na economia colonial ............................................ 10

1.4. Aspectos económicos positivos e negativos resultantes da colonização em


África ………………………………………………………………………………..10

1.4.1. Aspectos positivos da colonização na esfera económica ............................. 10

1.4.2. Aspectos negativos na colonização na espera económica ............................ 11

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 14

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INTRODUÇÃO
Na época das conquistas coloniais, a Europa vivia a segunda revolução industrial e
necessitava de matérias-primas (principalmente o ferro, cobre, ouro, prata etc.) e
géneros agrícolas para alimentar as suas cidades. A África, por outro lado, possuía esses
recursos, terras abundantes e população passível de ser explorada. O continente africano
era visto pelos burgueses europeus como uma possibilidade de novos negócios para
expansão futura. Ter um “pedaço” da África significava controlar essas “reservas”
(Ferro, 1996).

Assim, conforme explica Ferro (1996) o período entre os finais do século XVIII e
princípios do século XIX, proporcionou muitas mudanças políticas económicas,
decorrentes da revolução industrial, do aumento da competição e fortalecimento da
indústria como matriz da económica e do produto industrial como elemento
significativo do comércio internacional global actual.

Neste contexto, o presente trabalho intitula-se “O impacto da colonização na


economia africana”. Para o seu desenvolvimento, definimos os seguintes objectivos:

(i) Contextualizar a colonização tendo em conta os aspectos económico em


África;
(ii) Descrever os tipos de colónias implementadas em África;
(iii) Caracterizar os tipos de administração implementadas em África;
(iv) Discutir as actividades económicas desenvolvidas pelo colonialismo no
continente africano;
(v) Mencionar os aspectos económicos positivos e negativos resultantes da
colonização em África;

Em termos metodológicos, o trabalho é essencialmente bibliográfico, sendo que os


conteúdos serão abordados seguindo a sequência em que os objectivos aparecem,
baseando-se nas obras e artigos vinculados nas referências bibliográficas, na perspectiva
de trazer informações claras e objectivas para uma melhor compreensão.

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1. O IMPACTO DA COLONIZAÇÃO NA ECONOMIA AFRICANA
Desde o final do século XV, a África participava da economia mundial como um sector
periférico e dependente, inteiramente voltada para a Europa. Mas, em vésperas do
estabelecimento da dominação colonial europeia, não existia em solo africano controlo
estrangeiro algum sobre as actividades económicas cotidianas (Boahen, 2010). Segundo
este autor, esta situação foi se estabelecendo progressivamente depois da perda da
soberania africana, ou seja, o sistema económico colonial não atingiu o apogeu senão no
período imediatamente anterior à II Guerra Mundial. Os anos 1880‑1935 correspondem,
portanto, ao período em que foram lançadas as bases das relações de produção
características do colonialismo.

Todavia, a oposição e as resistências africanas mantiveram os futuros colonizadores em


xeque até a segunda década do século XX, ou até para além disso, em alguns casos. Às
tentativas de destruição de sua independência económica, os africanos respondiam com
a violência, conforme o provam algumas lutas anticoloniais célebres, como a Hut Tax
War em Serra Leoa, a revolta dos Bailundu em Angola, as guerras dos Majī Majī na
África Oriental Alemã, a rebelião dos Bambata na África do Sul, bem com as lutas de
resistência trabalhadas em Moçambique contra o regime colonial português (Boahen,
2010).

Conforme explica Ferro (1996), para os africanos, as primeiras evidências da nova


economia manifestavam‑se como estradas, ferrovias e linhas telegráficas, ou seja, a
construção de sistemas de transporte e comunicações era o prelúdio da conquista:
constituíam meios logísticos que permitiriam novas agressões a partir das bases
formadas pelas zonas ocupadas. Muitas vezes chefes africanos opuseram‑se a que os
europeus levantassem a infraestrutura de transporte e comunicações, mandando as
populações derrubarem postes telegráficos e sabotarem vias férreas (p.24).

Neste sentido, as economias do litoral africano rapidamente viram‑se reduzidas a


entidades dependentes no âmbito da economia de cada uma das potências
colonizadoras, diferentemente das populações do interior, que, no conjunto, foram as
últimas a entrar no circuito de colheita dos produtos, cultivos comerciais e trabalho
remunerado. Consideráveis investimentos foram necessários para a construção de portos
de águas profundas com capacidade adequada de descarga, e mesmo assim menores do
que aqueles exigidos pela construção de redes de estradas e ferrovias que penetrassem o

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sertão. O afastamento da costa constituiu um dos elementos deterrninantes do rápido
avanço colonial.

Na África ocidental, por um lado, os chefes, negociantes e outros elementos da


população obtinham vantagens com a manutenção de relações comerciais com o
exterior e com o acesso a produtos importados. Todavia, a propensão dos africanos a
negociar com os europeus não se manteve limitada à costa, uma vez que os europeus
sabiam que o seu comércio com a África ocidental tinha raízes no interior (Ferro, 1996).
Por outro lado, o mesmo autor explica que na costa oriental do continente, o comércio
do oceano Índico não estava voltado exclusivamente para os países europeus, como
também não estava sob o controle de europeus ou de afro‑europeus o intercâmbio de
longa distância a partir da África Oriental. Aos colonizadores cabia suplantar os
negociantes árabes, Swahili e indianos. Para não ficarem atrás, também os alemães
resolveram, em 1905, construir uma linha férrea do litoral ao interior, atravessando
devidamente a rota do marfim e dos escravos até o lago Tanganica.

Olhando para os confins da África central, de acordo com Visentini (2011) foi ainda a
rede comercial árabe que forneceu aos colonos europeus a sua primeira base económica.

Entretanto, o norte da África combinava certos traços das regiões oriental e ocidental do
continente, mas de forma mais aguda. As economias norte‑ africanas faziam parte tanto
do conjunto mediterrânico como do sistema transariano. A experiência já adquirida pelo
contacto com a economia europeia permitiu a diversos sectores da sociedade
norte‑africana adaptar‑se à intensificação da produção destinada à Europa e à difusão de
artigos europeus nos mercados locais. Mas a bem estabelecida e exploradora classe
dirigente estava resolvida a defender suas fronteiras, ainda que desejosa de reforçar as
relações económicas com os europeus. Desse modo, embora muitas vezes deixando aos
norte‑africanos uma autoridade nominal, a economia colonial progredia, e antes mesmo
da completa submissão do corpo social indígena estava institucionalizada. (Visentini,
2011).

1.1. Tipos de colónias implementadas em África


De acordo com Beirão (2011) e Cumbane (2017) de um modo geral, as colónias ficaram
divididas, segundo os interesses coloniais, a curto, médio e longo prazo, podendo ser
classificadas em duas tipologias: colonias de exploração e colonias de povoamento.

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1.1.1. Colónias de exploração ou de enquadramento
De acordo com Beirão (2011) eram países administrados directa ou indirectamente por
funcionários da metrópole, e que se destinavam a exportar produtos exóticos, géneros
agrícolas ou matérias-primas, minerais.

Ou seja, as potências imperialistas procuraram administrar suas colónias de modo a


assegurar o aproveitamento máximo de suas riquezas. A mão-de-obra nativa foi então
colocada a serviço da nação colonizadora, extraindo mineiros, trabalhando nas lavouras,
construindo pontes, ferrovias, canais e portos, a fim de favorecer o escoamento das
matérias-primas e dos géneros agrícolas ate os locais de embarque. Esse sistema
impedia qualquer possibilidade de desenvolvimento interno das colónias e não levava
em consideração as necessidades da população local. Por isso, a violência foi o
instrumento necessário usado pelo colonizador para vencer a resistência da população e
mantê-la submissa (Cumbane, 2017). Entre as principais características desse tipo de
colónias destacam-se:

a) Ocupação espontânea, consequentemente temporária, por grupos de indivíduos


onde o ideal de fixação foi suplantado pelo ideal de exploração económica, de
forma imediata e sem grandes investimentos;
b) Exportação para a metrópole da totalidade dos lucros obtidos com a produção
colonial;
c) Produção em grande escala para o mercado externo, atendendo aos interesses
metropolitanos, baseada na grande propriedade e no trabalho escravo;
d) Economia extrovertida e dependente, impedindo a formação de um mercado
interno;
e) Desvalorização do trabalho manual, da educação, da instrução e da mulher;
f) Desenvolvimento tardio do ideal de emancipação.

Num outro desenvolvimento, Cumbane (2017) nessas colónias o colonizador fixava


impostos que somente poderiam ser pagos em dinheiro. Dessa maneira, os nativos
tinham que cultivar as lavouras que interessavam aos europeus. Os endividados eram
levados aos trabalhos forçados nos campos de produção e nas construções. São
exemplos desse tipo de colónias Nesse caso enquadram-se a Índia, a Indochina e a
Indonésia, nações densamente povoadas da Ásia, e grande parte da África.

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1.1.2. Colónias de povoamento ou enraizamento
Segundo Beirão (2011) nesse tipo de colónia, as minorias europeias ocupavam posições
sociais, económicas e administrativas dominantes, ou seja, os nativos foram
expropriados de suas terras pelos europeus e excluídos até mesmo das mais simples
funções burocráticas, em qualquer actividade e os brancos recebiam salários mais
elevados. Essa situação deu origem a conflitos particularmente agudos, como a guerra
civil pela independência da Argélia e a política do apartheid da África do sul.

As colónias de povoamento eram geralmente ocupadas por grupos familiares de


refugiados religiosos (puritanos); por essa razão, permanente, onde o ideal de fixação
estava associado ao desejo de prosperidade e desenvolvimento, tentando reproduzir na
África a forma de vida que possuíam na Europa. Todavia, os lucros gerados pela
produção local eram investidos na própria colónia, convergindo para a metrópole apenas
os tributos. São exemplos dessas colónias: a colonização inglesa na Rodésia (actual
Zimbabwe), no cabo (África do Sul), a colonização francesa na Argélia e a colonização
portuguesa em Angola e Moçambique.

1.2. Tipos de administração colonial implementadas em África


A administração variou de acordo com as condições demográficas, culturais e
económicas das regiões ocupadas. Ela podia ser directa, com os funcionários da
metrópole substituindo as autoridades locais, ou indirecta, utilizando-se das autoridades
locais subordinadas a funcionários da metrópole, uma colonização meramente
económica. (Cumba,2017).

Olhando para as grandes potências imperialistas instaladas em África, Cumbane (2017)


explica que os ingleses, geralmente adeptos da administração indirecta, conseguiram
controlar populações enormes e diferenciadas entre si, aproveitando-se das instituições e
das lideranças locais. Aqueles que não queriam colaborar eram substituídos. Por seu
turno, os franceses tiveram a pretensão de desenvolver uma política de assimilação dos
colonos. Eles acreditaram que através da instrução, os africanos e os asiáticos poderiam
vir a adquirir a cidadania francesa, desde que tivessem profundo conhecimento da
língua francesa, da religião cristã, bom nível de instrução e boa conduta.

Os demais povos colonizadores, tais como belgas, alemães, holandeses, portugueses e


espanhóis, adoptaram métodos que variavam entre o ideal de assimilação e as

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necessidades práticas de utilização das autoridades locais para extrair vantagens da
comercialização da produção colonial (Cumbane,2017).

1.3. Principais actividades económicas desenvolvidas pelo colonialismo em


África
De acordo com Cumbane (2017) a África entrou na economia mundial nos finais do
século XV, mas até à conquista europeia os africanos detinham o controlo sobre as suas
actividades económicas. Com o estabelecimento do controlo estrangeiro sobre a
economia africana instalou-se progressivamente, a partir da implantação colonial;
contudo, o ponto alto do sistema económico colonial que teria atingido apogeu nos
princípios do século XX.

Todavia, conforme explica Soares (2004) durante esse período de dominação colonial
em África, várias actividades económicas foram desenvolvidas, com destaque para as
seguintes: a agricultura, a mineração, exploração floresta e comércio. Todavia, a
predominância dessas actividades variava de acordo com a respectiva região:

Na África Austral, predominou a exploração mineira que quase levou à unificação da


região numa economia colonial integrada; este facto ficou a dever-se, por um lado,
formação de monopólios e cartéis que asseguravam a hegemonia do grande capital na
Africa do Sul, Sudoeste Africano e Rodésias e, por outro lado, grande capacidade do
capital mineiro de atrair mão-de-obra dos países vizinhos (Moçambique, Angola,
Swazilândia, Lesotho e Botswana). A agricultura tinha pontos comuns com o sector
mineiro e ocupava quase o mesmo espaço geográfico na África Austral, no Congo belga
e no Norte de África. Na África Oriental desenvolveu-se sob o controlo de grandes
companhias alemãs (Soares, 2004).

Em relação a África Central, Sorares (2004) refere que esta região tornou-se numa área
do domínio das companhias devido às fracas densidades populacionais, mas na África
Ocidental britânica preferiu-se aproveitar o campesinato africano na produção de
mercadorias agrícolas. Muitas outras actividades foram criadas ou transformadas pelas
novas relações de produção. Foi o caso das reservas florestais que levaram à criação de
empresas madeireiras no Gabão e em outros locais onde existissem florestas.

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1.3.1. O papel das companhias na economia colonial
As principais actividades económicas ligadas à economia colonial como a agricultura, a
mineração ou o comércio raramente foram desenvolvidas directamente pelas
autoridades da metrópole. Em regra, coube às companhias monopolistas desenvolver as
diferentes actividades, com maior enfoque para a agricultura de plantação, a mineração,
a exploração florestal, o comércio, entre outras. Foram muitas as companhias
monopolistas que, a mando da metrópole, assumiram-se como perfeitos agentes da
exploração colonial em Africa, nas diversas regiões:

a) Na África Ocidental notabilizaram-se companhias inglesas na Nigéria como a


Royal Níger Company. Existiam também nas colónias francesas, como
Compagnie Française de l'Afrique Occidantale, Societé Commerciale de l'Ouest
Africain, Unilever, Compagnie Africaine del'Afrique Occidentale e Compagnie
Industriel et Commerciale Africaine, entre outras.
b) Na África Oriental a Inglaterra possuía a Imperial British East African
Company, enquanto na África Central e Austral tinha a British Southen African
Company (BSAC);
c) Na África Austral, particularmente em Moçambique, tinham sido criadas com
capitais estrangeiros a Companhia do Niassa, ocupando os territórios das actuais
províncias do Niassa e Cabo Delgado, a Companhia de Moçambique que
ocupava o que é hoje Manica e Sofala, além das companhias arrendatárias na
Zambézia.

1.4. Aspectos económicos positivos e negativos resultantes da colonização em


África
De acordo com Sumbane (2007) o colonialismo trouxe alguns aspectos positivos no
domínio da economia para o continente africano, conforme descrevemos a seguir:

1.4.1. Aspectos positivos da colonização na esfera económica


a) A constituição de uma infra-estrutura de estradas e vias férreas, instalação do
telégrafo, do telefone e de aeroportos - estas realizações foram de grande
importância tanto para o transporte de mercadorias como de culturas de
exportação, de trocas e de pessoas;
b) O desenvolvimento do sector primário da economia – a indústria mineira, a
produção de culturas de exportação como o cacau, café, tabaco, amendoim, sisal,

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borracha, etc., registaram neste período grande incremento. Em alguns casos,
como aconteceu na Africa Ocidental, as culturas de exportação eram produzidas
pelos africanos;
c) A introdução da economia monetária - tornada realidade em África a partir da
década de 1920, a economia monetária introduziu um novo padrão de riqueza
baseado no dinheiro, estimulou o nascimento de uma nova categoria de
trabalhadores (assalariados) e deu início ao surgimento das actividades
bancárias. Portanto, a monetarização da economia africana permitiu o
incremento do comércio entre a África e a Europa.

1.4.2. Aspectos negativos na colonização na espera económica


Embora seja possível apontar alguns reflexos positivos do colonialismo, existem
igualmente aspectos negativos, conforme descrevemos:

a) Uma das consequências negativas do colonialismo no campo económico tem a


ver com o facto de os interesses económicos do colonialismo, que passavam por
ter nas colónias fontes de matérias-primas, terem condicionado sobremaneira a
agricultura, a indústria, os transportes e consequentemente a economia africana;
b) O crescimento económico nas colónias baseava-se nos recursos materiais das
regiões de modo que as zonas desfavorecidas de tais recursos haviam sido
negligenciadas por completo;
c) A nível dos transportes, por exemplo, a respectiva rede foi concebida para
assegurar o transporte de mercadorias dos locais de produção aos portos de onde
seriam levados até à metrópole. Isso explica porque a rede de transportes dos
países africanos se apresenta desajustada, portanto sem estabelecer ligações
entre os pólos de economia internos;
d) Ausência quase total da indústria transformadora – o atrofiamento das indústrias
e actividades industriais pré-coloniais, predomínio da monocultura e
expropriação dos africanos foram outras implicações da dominação colonial;
e) A nível do comércio – período colonial foi marcado pelo controlo do comércio
internacional pelas companhias bancárias, comerciais e marítimas e a
consequente queda do comércio inter-africano. Com efeito, a dominação
colonial foi acompanhada da implantação de companhias apoiadas pelos
governos coloniais e que passavam a controlar as importações e exportações. Os
africanos foram paulatinamente incorporados neste comércio como empregados

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das empresas europeias. Foi assim que o tradicional comércio inter-africano, a
longa distância e em caravanas, foi desestimulado na medida em que com a
dominação colonial o fluxo do comércio das colónias foi reorientado para a
metrópole;
f) O elevado peso da dominação sobre os africanos – o trabalho forçado, o trabalho
migratório, as culturas obrigatórias, a expropriação das terras, as políticas
monetárias aplicadas nas colónias, entre outras práticas, tornaram a dominação
colonial um enorme fardo para os africanos.

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CONCLUSÃO
“O impacto da colonização na economia africana” foi o tema abordado ao longo do
presente trabalho, do qual, em jeito de conclusão se podem tecer as seguintes
considerações finais:

Vários factores puseram em causa a independência económica dos africanos a partir dos
finais do século XIX, salientando-se de entre eles a construção de sistemas de
transportes e comunicações, meios logísticos que permitiram novas agressões a partir

De uma forma geral, até å Primeira Guerra Mundial, o crescimento da economia


africana foi muito lento. Os níveis mais elevados registaram-se no sector do comércio
(importação e exportação), que passou a constituir o elemento básico da economia
colonial.

No Sistema Colonial Tradicional encontramos diversas formas de colonização, que, de


uma maneira geral, podem ser agrupadas em dois grandes tipos: as colónias de
povoamento e as de exploração. Além das colónias de exploração e povoamento,
existiram outras formas de dominação imperialista, em países onde aparentemente a
independência política foi mantida. A dominação se deu basicamente na área
económica, caracterizando as chamadas áreas de influência e as áreas de penetração
financeira. Essa forma de dominação ocorreu em países onde o estado foi conservado e
com o governante local foram negociados tratados e acordos que beneficiavam a
potência colonizadora, em determinada área do país. Nessa área de influência, a
metrópole podia actuar sob a protecção de privilégios especiais em detrimento dos
possíveis competidores europeus.

Tendo em conta os objectivos dos europeus em África e as circunstâncias em que


ocorreram factos positivos, podemos afirmar que estes foram, por vezes, consequências
acidentais, outras vezes resultado de acções destinadas a defender os interesses dos
colonizadores. De facto, a construção de vias de comunicação ou a edificação de
cidades resultou de necessidades colocadas pela exploração do Continente Africano e
não do ideal de promover o progresso de África. O mesmo se poderia dizer em relação
aos efeitos negativos que resultaram, igualmente, de razões boas, algumas, más outras, e
até indiferentes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Beirão, E. B. (2011). Módulo de História das Instituições Políticas. Beira: UCM-IED.

Boahen, A.A. (Ed) (2010). História geral da África, VII: África sob dominação
colonial. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO.

Cumbane, B.N. (2017). A economia colonial em África e o processo de descolonização.


Recuperado em: https://scholar.google.com

Ferro, M. (1996). História das colonizações: das conquistas às independências. São


Paulo: Companhia das Letras.

Soares, B. (2004). A historiografia colonial africana: da colonização até a


descolonização. Lisboa: Artes e Letras Edições.

Sumbane, S.A. (20017). H11 - História 11ª Classe. 2ª Ed. Maputo: Texto Editores.

Visentini, F.P. (2001). A África na política internacional. Curitiba: Juruá.

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