Intubação Orotraqueal (IOT) Na Emergência

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Intubação Orotraqueal (IOT) na

Emergência

Intubação orotraqueal: tudo o que você precisa saber para sua


prática clínica!

A intubação orotraqueal (IOT) é um procedimento médico que


visa estabelecer o controle definitivo da via aérea.

Esse procedimento é comumente realizado em pacientes nas


unidades de emergências, unidades de terapia intensiva e nas
salas de cirurgia. Com certeza, você já deve ter visto algo sobre
intubação alguma vez durante sua faculdade.

Indicações e Contraindicações da Intubação


Orotraqueal

As principais indicações de IOT são:

 Procedimentos e cirurgias
 Impossibilidade de manter via aérea pérvia
 Insuficiência respiratória aguda grave e refratária
 Hipoxia e/ou hipercapnia
 Escala de Coma de Glasgow (GCS) ≤ 8
 Instabilidade hemodinâmica grave ou parada
cardiorrespiratória
 Antecipação de piora em pacientes queimados ou em
pacientes com visível desconforto respiratório que poderão
entrar em fadiga da musculatura respiratória

As principais contraindicações de IOT são:

 A única contraindicação absoluta é: transecção de traqueia!

Sequência Rápida de Intubação (ISR)

Em caráter de emergência, dispõe-se de uma técnica conhecida


como sequência rápida de intubação (ISR)! O objetivo desta
técnica é obter o controle das vias aéreas no menor tempo
possível após a abolição dos reflexos protetores.

Diante disso, a ISR reduz o risco de aspiração do conteúdo


gástrico, posicionando o tubo endotraqueal o mais rapidamente
possível após a perda de consciência do paciente. Além disso,
algumas situações são mais associadas aos riscos de aspiração,
como trauma, ausência de jejum, obstrução intestinal, dentre
outras.

Portanto, para que se sistematize a técnica, a mesma foi dividida


em sete etapas, comumente conhecidas como os “7 Ps’ da
Intubação Orotaqueal”.

1. Preparação

O primeiro passo deve assegurar que a intubação ocorra sem


erros de equipamentos, além de prever se a intubação será difícil.
Esse passo deve durar menos que 5 min e é sistematizado em:
avaliação, check-list de material, monitorização, preparo de
drogas e acesso venoso. Para facilitar, podemos usar o
mnemônico: STOP-MAID.

 S: Sucção – Deixe o aspirador pronto


 T: Teste todos os equipamentos necessários (de
preferência, mais que uma pessoa testando)
 O: Oxigênio pronto para a pré-oxigenação
 P: Posicione o tudo na mesa para facilitar o procedimento
(coloque o tubo em formato anatômico – formato de vírgula)
 M: Monitorize o paciente com cardioscopia e oxímetro de
pulso
 A: Avalie a via aérea do paciente (ver abaixo)
 I: IV – deixe sempre um acesso pérvio periférico com jelco
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 D: Drogas para utilização – escolher e preparar as drogas

A avaliação da via aérea do paciente pode ser feita através da


técnica LEMON ou simplesmente pela Classificação de
Mallampati e Classificação de Cormack-Lehane (esta última
durante a intubação). Se for observado via aérea difícil, devemos
solicitar o kit de via aérea difícil e já pensar em possíveis
complicações – devendo sempre ter um plano alternativo em
mente.

A técnica LEMON é um mnemônico no qual devemos avaliar 5


itens:

Edema, traumas faciais, desvio


L Look externally
traqueal

E Evaluate 3 – 3 – 2 (imagem abaixo)


M Mallampati Visualização da orofaringe

O Obstruction Traumas, epiglotites, abcessos

N Neck mobility Flexão, extensão , colar cervical

2. Pré-oxigenação

Na pré-oxigenação, deve-se manter uma fração de inspiração


de oxigênio (FiO2) de 100% durante 3-5 minutos. Com isso,
consegue-se uma apneia de 3-5 min antes que a saturação de
oxigênio caia para < 90%. Isso permite que eu aumente a reserva
de oxigênio e prolongue o intervalo antes que ocorra
dessaturação importante da hemoglobina (<90%).

Logo, deve-se utilizar uma máscara que oferte O2 a 100% sem


ventilar o paciente.

3. Pré-tratamento

O pré-tratamento vem gradativamente caindo em desuso,


porque dá a ideia de que a administração de drogas como
fentanil e lidocaína é indispensável. Hoje, a indicação para o
fentanil é para pacientes com emergências hipertensivas, como
na dissecção aguda de aorta, e na hipertensão intracraniana.

As duas principais drogas indicadas são o fentanil (1-3 mcg/kg) e


a lidocaína (1,5 mg/kg). Elas devem ser administradas três
minutos antes da passagem do tubo, se houver indicação.

4. Paralisia com indução


Apesar do mnemônico, a sequência correta é primeiro realizar a
indução e depois a paralisia. Nesse passo é administrada uma
droga hipnótica (capaz de induzir o sono), seguida de um
bloqueador neuromuscular (na maioria das vezes succinilcolina),
em bólus e de forma rápida. O bloqueador neuromuscular otimiza
a ISR, sendo indispensável , e minimiza os riscos de aspiração
e hipotensão.

Abaixo você encontra uma tabela com as principais drogas, suas


vantagens, desvantagens, indicações, contraindicações e dose.

O midazolam, por ser cronotrópico e inotrópico negativo, detona a


performance cardíaca, devendo ser utilizado, com base nas
evidências atuais, apenas se for a única droga disponível no
serviço (e saiba que você deve ter cristaloides e noradrenalina de
resgate já preparados!), junto a avaliações acuradas do estado
hemodinâmico.

Principais drogas para Intubação Orotraqueal

5. Posicionamento do paciente

Na fase de posicionamento, deve-se posicionar o paciente em


decúbito dorsal com 30º de inclinação no dorso, em posição de
“sniff” ou “farejador” (coxim na região occipital + hiperextensão
do pescoço, se não houver contraindicação para tal). O objetivo é
alinhar os eixos oral, laríngeo e faríngeo do paciente.

6. Posicionamento do tubo com confirmação

Basicamente, chegou a hora de passar o tubo em si, colocar a


mão na massa! Confira o passo-a-passo abaixo:
1. Segurar o tubo com mão direita e laringoscópio com mão
esquerda;
2. Colocar o laringoscópio pela rima labial direita e deslocar a
língua para esquerda;
3. Tracionar o laringoscópio para cima e para frente, a
aproximadamente 45º, posicionando-o na valécula (evitar
movimento de báscula);
4. Visualizar as cordas vocais (a intubação não pode ser
realizada às cegas, devendo ser realizada sob visualização
direta das cordas vocais);
5. Introduzir tubo até que a borda proximal do cuff ultrapasse
as cordas vocais. Parte distal do tubo deve estar a 5-7cm
da carina (normalmente isso é a marca de 22cm em
adultos);
6. Retirar fio guia;
7. Insuflar cuff com seringa de 6 a 10 ml de ar (20mmHg);
8. Acoplar ambu e insuflar, auscultando epigástrio, pulmão
esquerdo e pulmão direito, respectivamente.

Algumas manobras, apesar de controversas, podem ser usadas


para melhorar a visualização das cordas vocais e impedir
intubação esofágica. Um exemplo é a Manobra de Sellick, que
consiste em uma leve pressão ao nível da cartilagem cricoide,
utilizando o polegar e indicador, para ocluir externamente o
esôfago e impedir que o tubo passe pelo órgão.

Outra forma de confirmar o tubo é através da capnografia. O


capnógrafo indica uma boa intubação quando os níveis de
PETCO2 estão entre 35-45mmHg.

7. Pós-intubação
Na última fase, chamada pós-intubação, já foi confirmada a
intubação e fixaremos o tubo com esparadrapo ou acessórios
próprios. Nela, é necessária a realização de uma radiografia de
tórax para verificar a posição do tubo ou evidenciar alguma
complicação.

Além disso, deve-se lembrar de colocar o paciente em ventilação


mecânica e se manter toda a monitorização. Um dos pontos
cruciais é ficar atento à ocorrência de hipotensão, que é um
evento comum após a intubação, seja pelos efeitos das drogas
usadas na indução ou após o início da ventilação mecânica, haja
vista a diminuição do retorno venoso.

Complicações da Intubação Orotraqueal

A IOT, como todo procedimento, tem seus riscos envolvidos.


Logo, o médico deve estar atento aos possíveis acometimentos:

 Intubação esofágica não reconhecida


 Hipoxemia, hipercapnia
 Vômitos e aspiração (síndrome de Menselson)
 Pneumonite e pneumonia
 Trauma nos dentes, lábios e cordas vocais
 Exarcebação de lesão em cervical

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