Sandra Carolina Lopes

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SANDRA CAROLINA TEIXERA LOPES

A ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO:


CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS E BRINCADEIRAS

Londrina
2021
SANDRA CAROLINA TEIXERA LOPES

A ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO:


CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS E BRINCADEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Pitágoras como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Pedagogia.

Orientador: Mariana Cardoso

Londrina
2021
SANDRA CAROLINA TEIXERA LOPES

A ALFABETIZAÇÃO NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO:


CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS E BRINCADEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Pitágoras como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Londrina, dia de mês de 2021


LOPES, Sandra Carolina Teixeira. A alfabetização na perspectiva do letramento:
contribuições dos jogos e brincadeiras. 2021. 21 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Pedagogia) – Pitágoras, Londrina, 2021.

RESUMO

A alfabetização se caracteriza a aprendizagem do educando e seu domínio ao código


alfabético, por meio do reconhecimento das letras, sílabas e palavras. O letramento
se relaciona ao processo de alfabetização, uma vez que consiste a fazer uso social
da leitura e da escrita. Neste contexto, a utilização de jogos e brincadeiras como
recurso lúdico interligam as funções de afeto, motricidade, linguagem e outras funções
cognitivas, assim, favorecem o equilíbrio efetivo da criança e contribui para o processo
de apropriação de signos sociais, tais como a alfabetização e letramento. Neste viés,
o presente estudo teve como objetivo principal analisar e destacar a concepção de
alfabetização e letramento, bem como salientar a importância do letramento no
processo da alfabetização e as contribuições dos jogos e brincadeiras neste contexto.
Buscou responder a seguinte problemática: quais as contribuições dos jogos e
brincadeiras no processo de Alfabetização e letramento da criança? O método de
pesquisa se caracterizou em uma revisão bibliográfica, onde utilizou-se diversos
referenciais teóricos para elaboração da pesquisa.

Palavras-chave: Alfabetização. Brincadeiras. Jogos. Letramento. Lúdico.


LOPES, Sandra Carolina Teixeira. Literacy from the perspective of literacy:
contributions from player and games. 2021. 21 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Pedagogia) – Pitágoras, Londrina, 2021.

ABSTRACT

Literacy is characterized by the student's learning and mastery of the alphabetic code,
through the recognition of letters, syllables and words. Literacy is related to the literacy
process, as it consists of making social use of reading and writing. In this context, the
use of games and games as a playful resource interconnects the functions of affection,
motor skills, language and other cognitive functions, thus favoring the child's effective
balance and contributing to the process of appropriation of social signs, such as literacy
and literacy. In this bias, this study aimed to analyze and highlight the concept of
literacy and literacy, as well as highlight the importance of literacy in the literacy
process and the contributions of games and games in this context. It sought to answer
the following issue: what are the contributions of games and games in the Literacy and
Literacy process of children? The research method was characterized in a
bibliographical review, where several theoretical references were used to elaborate the
research.

Keywords: Literacy. Play. Games. Literacy. Ludic.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 7
2. A ALFABETIZAÇÃO: CONTEXTUALIZAÇÃO 9
3. LETRAMENTO: CONCEITOS 13
4. IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 16
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 19
REFERÊNCIAS 20
7

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo aqui intitulado como “A Alfabetização na perspectiva do


Letramento: contribuições de jogos e brincadeiras” possui como principal objetivo
analisar e destacar a concepção de alfabetização e letramento, bem como salientar a
importância do letramento no processo da alfabetização e as contribuições dos jogos
e brincadeiras neste contexto. Assim, justifica-se a escolha deste tema pela
necessidade da realização e desenvolvimento de novos estudos, a fim de contribuir
para o enriquecimento da área, bem como sua literatura disponível.
Na história da educação brasileira, os conceitos e as práticas pedagógicas
relacionadas à alfabetização e ao letramento passaram por várias mudanças.
Acredita-se que esse fato seja decorrente dos diferentes contextos socioeconômicos,
culturais e políticos que têm permeado o processo de escolarização no Brasil.
Dessa forma, o estudo buscará responder a seguinte problemática: quais as
contribuições dos jogos e brincadeiras no processo de Alfabetização e letramento da
criança?
Tendo esse intuito, acerca da metodologia optou-se por realizar uma pesquisa
bibliográfica, no qual o trajeto metodológico consistirá em um estudo de cunho
exploratório incluindo livros, documentários e demais fontes que se relacionam ao
tema abordado. Com aporte teórico o presente estudo será respaldado em: Soares
(1998), Melo (2015), Mortatti (2000), Vygotsky (2009) entre outros autores que
estudam a temática em questão.
Contudo, a importância deste tema se concretiza na crença de que os jogos e
brincadeiras podem ser adotados como metodologias, mediações e estratégias
pedagógicas possíveis e eficazes que possibilitam de fato uma contribuição implícita
no processo de alfabetização, de modo com que o processo de seu desenvolvimento
aconteça integralmente, permitindo através do lúdico, que as crianças superem suas
dificuldades pessoais.
Para tanto, a pesquisa a ser desenvolvida se faz relevante uma vez que busca
responder questões reais e de muita preocupação por parte dos pais da criança em
processo de alfabetização, como também dos profissionais da educação, tais como:
o que fazer para que essa criança seja de fato incorporada no processo de
alfabetização? Como intervir positivamente neste processo a partir do lúdico? Quais
estratégias pedagógicas podem ser tomadas para seu processo de alfabetização
8

tendo como instrumentos os jogos e brincadeiras? Como a mediação dos jogos podem
possibilitar um aprendizado significativo acerca do letramento para essa criança?
Entre outras questões reais que trazem bastante insegurança aos
professores/educadores como também aos pais.
Inicialmente, a pesquisa abordará os conceitos de alfabetização, adentrando
ligeiramente em sua historicidade no Brasil. No segundo capítulo será trazido
concepções acerca do letramento em si, e por fim, o estudo irá elucidar a importância
dos jogos e brincadeiras para o processo de alfabetização e letramento nos anos
iniciais do Ensino Fundamental I.
9

2. A ALFABETIZAÇÃO: CONTEXTUALIZAÇÃO

Sabe-se que a alfabetização é um processo que leva a aprendizagem inicial


da leitura e escrita, ou ainda, alfabetizada é aquela pessoa que domina habilidades
básicas para fazer uso da leitura e escrita. Para Val (2006), a alfabetização consiste:

como o processo específico e indispensável de apropriação do


sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico
que possibilitem ao aluno ler e escrever com autonomia. Noutras
palavras, alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do
chamado “código” escrito, que se organiza em torno de relações entre
a pauta sonora da fala e as letras (e ouras convenções) usadas para
representá-la, a pauta, na escrita. (VAL, 2006, p. 19).

Perez (2002, p. 66) considera por sua vez que a alfabetização é um processo
que “ainda que se inicie formalmente na escola, começa de fato, antes de a criança
chegar à escola, através das diversas leituras que vai fazendo do mundo que a cerca,
desde o momento em que nasce e, apesar de se consolidar nas quatro primeiras
séries, continua pela vida afora”. Nessa visão, entende-se que o processo de
alfabetização continua apesar da escola, fora da escola paralelamente à escola. De
forma significativa, alfabetizar para Soares (1998) é dar acesso ao mundo da leitura.

É dar condições para que o indivíduo –criança ou adulto- tenha acesso


ao mundo da escrita, tornando-se capaz não só de ler e escrever,
enquanto habilidades de decodificação e codificação do sistema da
escrita, mas, sobretudo, de fazer uso real e adequado da escrita com
todas as funções que ela tem em nossa sociedade e também como
instrumento na luta pela conquista da cidadania plena. (SOARES,
1998, p. 33).

Quando falado acerca da do percurso histórico da alfabetização no Brasil, tal


processo se relaciona diretamente a uma sucessão de fatos econômicos, sociais,
políticos, culturais e educacionais. Sobretudo, a língua escrita teve seus primórdios
com os fenícios no século XIII a.C. surgindo para potencializar o desenvolvimento
científico, tecnológico, psicossocial e também a divisão de classes (MELO, 2015).
A fragmentação deste objeto de pesquisa é sistematizada por Soares (1998)
em sua pesquisa realizada para inventariar e investigar a produção acadêmica e
científica sobre alfabetização no Brasil no período de 1954-1986, na qual considera:

inegável a importância de investigar o processo de construção, ao


longo do tempo, do saber sobre a alfabetização e do fazer
alfabetização no Brasil, desvendando as relações entre esse saber e
10

esse fazer e o econômico, o político e o social, em cada momento


histórico. (SOARES, 1989, p. 16).

Dessa forma, é válido indicar que a historicidade da alfabetização no Brasil


ocorre nos períodos de período de 1880 a 1980, primeiramente marcada pela disputa
entre os métodos sintéticos e analíticos de alfabetização e posteriormente
compreendida a partir do pelo ecletismo pedagógica e, principalmente, pela dicotomia
entre teoria e prática.
Morais e Silva (2012), enfatizam que entre as décadas de 1880 à 1920,
aprender a ler era sinônimo de possibilidade de aquisição de novos e variados
conhecimentos uma vez que escrever era muito mais um ato de boa caligrafia que um
meio de se comunicar. Assim, alfabetizar tornava-se sinônimo de civilizar, disciplinar,
iluminar uma sociedade teológica elevando-a a positiva.
De forma sucinta, no primeiro momento a alfabetização partia do método
sintético, cujo era considerado intuitivo e objetivo que auxiliaria na construção de um
sistema de educação nacional com vistas a aculturar um povo bárbaro e ignorante
que aqui se encontrava (MORTATTI, 2000). Ainda assim, por volta de 1890 os
professores paulistas passaram a ser instruídos, através de institucionalizações e
normatizações, a alfabetizar através do método analítico.
Dessa forma, os anos percorridos entre 1890 e 1920 foram permeados dentro
do campo da alfabetização pelo embate teórico dos defensores dos métodos
sintéticos e analíticos, destacado pela difusão do Movimento da Escola Nova, onde o
bom ensino, por sua vez, pautava-se na memória para decorar nomes ou sons de
letras, sílabas, palavras, frases e textos, os quais, na maioria das vezes, vinculavam-
se a preceitos higiênicos e patrióticos (MELO, 2015). A primeira fase deste período foi
denominada por Mortatti (2000) como a “metodização do ensino da leitura”,
perdurando de 1876 a 1890.

para o ensino da leitura, utilizavam-se, nessa época, métodos de


marcha sintética (da “parte” para o “todo”): da soletração (alfabético),
partindo do nome das letras; fônico (partindo dos sons
correspondentes às letras); e da silabação (emissão de sons), partindo
das sílabas. Dever-se-ia, assim, iniciar o ensino da leitura com a
apresentação das letras e seus nomes (método da
soletração/alfabético), ou de seus sons (método fônico), ou das
famílias silábicas (método da silabação), sempre de acordo com certa
ordem crescente de dificuldade. Posteriormente, reunidas as letras ou
os sons em sílabas, ou conhecidas as famílias silábicas, ensinava-se
a ler palavras formadas com essas letras e/ou sons e/ou sílabas e, por
11

fim, ensinavam-se frases isoladas ou agrupadas. (MORTATTI, 2006,


p. 5).

Partindo deste cenário, o processo de alfabetização configurava-se a partir do


ecletismo pedagógico com a difusão concomitante de métodos sintético-analíticos, no
qual a preocupação do ensino estava pautada na aplicação e aferição de testes que
mediam o nível de maturidade necessário ao aprendizado da leitura e da escrita.
Mortatti (2000) denominou este período como a bússola da educação, visto
que, a partir de estudos realizados por Lourenço Filho, organizou-se um manual de
aplicação dos Testes ABC, acreditando-se que eram capazes de medir e aferir o nível
de maturidade necessário ao processo de alfabetização, e oferecendo, também,
modelos de atividades a serem aplicadas aos educandos que necessitavam
desenvolver tal prontidão. Diante disso, no período de 1920 a 1970, a alfabetização
no Brasil:

[...] era entendida como o aprendizado da leitura e escrita, sendo o


método de ensino subordinado ao nível de maturidade alcançada
pelas crianças. A medida do seu nível de maturidade levava à
classificação das crianças e agrupamento em classes homogêneas
para a alfabetização (SGANDERLA; CARVALHO, 2010, p. 8).

A década de 1960 tornou-se um período propício para disseminar o ideário da


relação linear entre a apropriação da língua escrita e o desenvolvimento social e
econômico que se almejava, como se o simples fato de se aprender a codificar e
decodificar um código elitizado transformasse os indivíduos marginalizados em
cidadãos conscientes de sua importância na manutenção e/ou transformação sócio-
política e econômica. A Ditadura Militar de 1964 contribuiu para a ampliação do abismo
entre teoria e prática, onde surgiam rumores acerca da Pedagogia Libertadora de
Paulo Freire. Entretanto, os métodos de alfabetização, principalmente o ecletismo
pedagógico, prevaleciam. (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003, CANDAU, 2012).
Configurado a partir dos ideais de Freire, o abismo entre teoria e prática, entre
as pesquisas e o fazer docente permaneceram em destaque no cenário educacional
do processo de alfabetização. Portanto, Freire (2011) passava a aconselhar e
evidenciar no âmbito educacional, um processo de alfabetização através do qual
prevalecesse o significado da palavra, cujo objetivo fixava-se em aprender
primordialmente a leitura do mundo e, através dela, a leitura da palavra.
12

Por fim, o final do século XX e início dos anos 2000, ficaram marcados por
influências construtivistas no âmbito educacional e por consequência, o processo de
alfabetização. Conforme a análise de Mortatti (2006, p. 10), foi nesse período que,

[...] introduziu-se no Brasil o pensamento construtivista sobre


alfabetização, resultante das pesquisas sobre a psicogênese da língua
escrita desenvolvidas pela pesquisadora argentina Emília Ferreiro e
colaboradores. Deslocando o eixo das discussões dos métodos de
ensino para o processo de aprendizagem da criança (sujeito
cognoscente), o construtivismo se apresenta não como um método
novo, mas como uma “revolução conceitual”, demandando, dentre
outros aspectos, abandonarem-se as teorias e práticas tradicionais,
desmetodizar-se o processo de alfabetização e se questionar a
necessidade das cartilhas. (MORTATTI, 2006, p. 10).

Neste cenário, inicia-se um processo de redefinição de políticas públicas e


reformas educacionais, no qual, cita-se a criação do FUNDED, a implantação da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9.394/96) e a formulação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Desde então, a alfabetização constitui-se como uma das questões sociais “mais
fundamentais por suas implicações político-econômicas”, no qual se evidencia como
instrumento e veículo de uma política educacional que ultrapassa amplamente o
âmbito meramente escolar e acadêmico. (SMOLKA, 2012, p. 16).
13

3. LETRAMENTO: CONCEITOS

Sabe-se de acordo com as colocações já mencionadas acima que o processo


de alfabetização refere-se à aquisição individual do sistema de escrita, ao “[...] domínio
da técnica, domínio do código convencional da leitura e da escrita e das relações
fonema/grafema, do uso dos instrumentos com os quais se escreve” (SOARES, 2004,
p. 16).
Por este fato, o letramento se faz sinônimo de alfabetismo, no qual de acordo
ainda com Soares (2004) diferencia-se do termo alfabetização pelo fato deste
restringir-se ao aprendizado da leitura e da escrita; e aquele, referir-se ao uso social
que se dá para o conhecimento do ler e escrever. Letrar, portanto, não corresponde
apenas saber ler e escrever, mas a fazer uso social da leitura e da escrita, a praticar
estes conhecimentos, e responder adequadamente às demandas sociais que
requerem estes conhecimentos.
Para Vygotsky (2009), o indivíduo desde seu nascimento, apropria-se dos
conhecimentos construídos histórica e socialmente através da linguagem, e esta
ocorre nas interações sociais. Nesse sentido, esse estudioso afirmou que as funções
psicológicas são construídas e constituídas pela estrutura social. Em consonância,
Rego (2002, p. 20), afirma que “os traços de cada ser humano estão intimamente
relacionados ao aprendizado, à apropriação do legado do seu grupo cultural”.
Sobretudo,

O comportamento e a capacidade cognitiva de um determinado


indivíduo dependerão de suas experiências, de sua história educativa,
que, por sua vez, sempre terão relações com as características do
grupo social e da época em que ele se insere. Assim, a singularidade
de cada indivíduo não resulta de fatos isolados, mas da multiplicidade
de influências que recaem sobre o sujeito no curso do seu
desenvolvimento (REGO, 2002, p. 20).

Neste sentido, tendo o indivíduo desde sempre considerado como sujeito


social, todas as habilidades e aptidões humanas são, nesse sentido, formadas nas
relações concretas entre o homem e o mundo da cultura, tornando-se produtos e
produtoras da história humana, assim, entende-se que a criança não nasce com
caráter humanizado, mas se humaniza pelos seus processos de vida e de educação.
14

Contudo, o professor frente a este processo, deve emergir em uma prática


educativa consciente e responsável assumindo uma perspectiva revolucionária em
termos de desenvolvimento humano, onde neste contexto o mesmo deve ser
compreendido como um mediador nos processos de ensino e aprendizagem, atuando,
de acordo com Vygotsky (2009), como o organizador social do ambiente educativo.
Por isso, ao conhecer a língua que ensina, o alfabetizador dá o primeiro passo para a
aquisição dessa competência.
Imbernón (2005, p. 32) afirma que “a competência profissional, necessária em
todo o processo educativo, será formada em última instância na interação que se
estabelece entre os próprios professores, interagindo na prática de sua profissão”. O
conceito de letramento é explicitado por Ângela B. Kleiman, (2004) em seu estudo
“Significados do Letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita”,
na qual considera:

A palavra “letramento” não está ainda dicionarizada. Pela


complexidade e variação dos tipos de estudos que se enquadram
nesse domínio, podemos perceber a complexidade do conceito.
Assim, se um trabalho sobre letramento examina a capacidade de
refletir sobre a própria linguagem de sujeitos alfabetizados versus
sujeitos analfabetos (por exemplo, falar de palavras, sílabas e assim
sucessivamente), então, segue-se que para esse pesquisador ser
letrado significa ter desenvolvido e usar uma capacidade
metalinguística em relação à própria linguagem. Se, por outro lado, um
pesquisador investiga como adulto e criança de um grupo social,
versus outro grupo social, falam sobre o livro, a fim de caracterizar
essas práticas, e, muitas vezes, correlacioná-las com o sucesso da
criança na escola, então, segue-se que para esse investigador o
letramento significa uma prática discursiva de determinado grupo
social, que está relacionado ao papel da escrita para tornar
significativa essa interação oral, mas que não envolve,
necessariamente, as atividades específicas de ler ou de escrever. [...]
Podemos definir hoje o letramento como um conjunto de práticas
sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto
tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos (p.
19).

Soares (2010) aponta duas principais dimensões do letramento: a individual e


a social. Na dimensão individual, “[...] o letramento é visto como atributo pessoal,
considerando o processo de como cada um se apropria da habilidade do ler e do
escrever”. No entanto, quando o foco está na “[...] dimensão social, o letramento é
visto como um fenômeno cultural, um conjunto de atividades sociais que envolvem a
língua escrita, e [...] exigências sociais da língua escrita” (SOARES, 2010, p. 66-67).
15

Além disso, o letramento é o processo de “[...] apropriação da cultura escrita


fazendo um uso real da leitura e da escrita como práticas sociais” (SOARES, 2004, p.
24). Nessa perspectiva, compreende-se:

Se alfabetizar significa orientar a própria criança para o domínio da


tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas
sociais de leitura e escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança
que sabe ler e escrever, uma criança letrada [...] é uma criança que
tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer da leitura e da
escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou
portadores, em diferentes contextos e circunstâncias [...] Alfabetizar
letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever
levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita.
(SOARES, 2004, p. 435).

Sobretudo, de acordo com Silva (2007, p. 23), entende-se que, enquanto a


alfabetização refere-se às práticas de aprendizagens da leitura e da escrita pelo
sujeito, no aspecto mais individualizado, de caráter pedagógico escolarizado, o
letramento, para além de focalizar os aspectos “[...] sócio-históricos da aquisição da
escrita, também estuda e descreve o contexto social e as demandas de que tipo de
letramento emerge das práticas sociais”. Para tanto, é de suma importância na prática,
conhecer e conceber formas de alfabetização condizentes com o momento histórico
em que vivemos para operar transformações.
16

4. IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA O PROCESSO DE


ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A alfabetização e letramento, atualmente, é essencial para a formação de


sujeitos respeitosos, críticos e reflexivos. Nesse cenário, o professor atua em prol do
processo de aprendizagem dos alunos, além de trabalhar questões relacionadas aos
valores sociais e éticos. Dessa forma, os educadores trabalham com a transmissão
de conhecimentos científicos e sociais, que favorecem a convivência em sociedade.
Ao longo do ensino-aprendizagem, o educador deve equilibrar o brincar e
ensinar, tendo a sensibilidade para explorar o ambiente, a cultura, equipamentos e
ferramentas ao seu redor para estimular a criatividade, a linguagem, a cognição e
imaginação.
A figura do professor na vida da criança ao longo do seu desenvolvimento é
essencial para a o seu autoconhecimento, percepção crítica e construção dos
relacionamentos interpessoais. Através das atividades realizadas em sala de aula, os
educadores devem participar do aprendizado nas interações pelos ambientes
escolares e extra sala.
O lúdico é uma metodologia pedagógica que ensina brincando e não tem
cobranças, tornando a aprendizagem significativa e de qualidade. Tanto os jogos
como as brincadeiras proporcionam na educação infantil desenvolvimento físico
mental e intelectual.
Segundo Horn (2004, p.24), o lúdico, ou seja, as brincadeiras jogos e
brinquedos, na Educação Infantil são de suma importância para o desenvolvimento
das crianças, pois são atividades primárias, as quais trazem benefícios nos aspectos
físico, intelectual e social.

A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um


espaço que merece a atenção dos pais e educadores, pois é o espaço
para expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito de toda a
criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as
pessoas e com os objetos (FERREIRA; SILVA RESCHKE [s/d], p.6).
17

O lúdico representa para a criança um meio de comunicação e prazer que ela


domina ou exerce em razão de sua própria iniciativa. Segundo Kishimoto (1996 p.24)
por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a desenvolver sua criatividade e
não a produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico.
Os jogos e brincadeiras, surgindo como uma necessidade social do indivíduo,
para Vygotsky (1991) é parte geradora do desenvolvimento psíquico da criança, uma
vez que neste ato a criança representa no simbólico, aspectos de seu entorno real, e
por efeito, a mesma vai modificando o mundo e se constituindo à medida que vai
exercitando suas funções de afetividade, de linguagem, de memória, de imaginação
e de percepção, dentre outros aspectos. Neste sentido, pode ser afirmado mediante
os estudos do autor que no ato do brincar e do jogar a criança amplia suas
possibilidades, o que é possível por meio da imaginação. Sobretudo,

o jogo é realizado sem intencionalidade, relaciona-se como uma


atividade lúdica prazerosa fora do contexto diário na qual a criança
está acostumada. Mas, também pode prender a sua atenção quando
consegue concentrar e internalizar as normas e regras para cobrá-las
dos colegas e dos adultos. (KISHIMOTO, 2003, p. 5).

De outro modo, o conceito de brincar é diferente do que do jogar, posto que a


brincadeira é também uma atividade lúdica, porém, ela não necessita de regras, é um
processo que permite que o indivíduo brinque livremente, sem seguir normas. Para
Oliveira (2005, p. 158), o brincar:

Trata-se de uma oportunidade para a criança fantasiar, que abre


caminho para a autonomia, criatividade, exploração de significados e
auxilia na aprendizagem de regras sociais. A brincadeira permite a
construção de novas possibilidades de ação e formas inéditas de
arranjar os elementos do ambiente. Atua também sobre a capacidade
da criança de imaginar e de representar. São os jogos ainda,
instrumentos para aprendizagem de regras sociais.

Dessa forma, diferente do jogo, o brinquedo supõe uma relação intima com a
criança, e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de
regras que organizam sua utilização. (ALMEIDA, p.18).
Sob este prisma, a utilização de jogos e brincadeiras no contexto educacional
aliado ao processo de alfabetização e letramento visa promover a construção do
conhecimento nas crianças, sendo norteado por três princípios pedagógicos gerais
que abrange três áreas: a relação das crianças com os adultos, a relação das crianças
com outras crianças e sua relação com a aprendizagem. (OLIVEIRA; BAZON, 2009).
18

O processo de alfabetização exige uma série de observações e uma mediação


significativa do educador mediante estratégias construtivas. Sobretudo, os jogos e
brincadeiras representam dentro da alfabetização e letramento um meio pelo qual, a
criança desenvolve-se integralmente, oferecendo ainda, um trabalho interdisciplinar
ao educador.
Por meio dos jogos, o professor oferece ao aluno oportunidades de
desenvolver-se constantemente, pois o aluno não estará fixado aos resultados finais
desse processo, mas, ao percurso pelo qual ele realiza durante a atividade que o jogo
proporciona. Ainda, possibilita ao indivíduo desenvolver um pensamento reflexivo e
analítico sobre as abordagens de uma determinada atividade, e dessa forma, vai
constituindo, por meio de novas estratégias e novas possibilidades de vencer um
obstáculo, a ponto de construir conhecimento de forma ativa.

O jogo, nessa concepção, é percebido como um elemento


desencadeador de situações que permitem a interrelação dos
processos e mecanismos necessários à construção do conhecimento
e constituem por si mesmos, situação-problema carregada de desafios
ou estratégias para a resolução. (OLIVEIRA; BAZON, 2009, p. 16).

Nesse contexto, os jogos através do ato de brincar interligam as funções de


afeto, motricidade, linguagem e outras funções cognitivas, assim, a brincadeira
favorece o equilíbrio efetivo da criança e contribui para o processo de apropriação de
signos sociais, tais como a alfabetização e letramento. Cria condições para uma
transformação significativa da consciência infantil, por exigir da criança o
desenvolvimento de formas mais complexas de relacionamento com o mundo.
Dessa forma, é possível compreender que com o uso de jogos e brincadeiras
no processo de alfabetização e letramento bem como na prática escolar como um
todo, o educador pode identificar como e o que o aluno aprende, onde estão suas
dificuldades e, a partir disso, elaborar novas estratégias de ensino que visem sanar
as dificuldades detectadas.
Sendo assim, “a ludicidade é uma aliada do ensino e aprendizagem, mas
também pode apontar as falhas nesse processo, servindo assim, como avaliação
diagnóstica do desempenho do aluno e ajudando o professor a melhorar a práxis
educativa”. (RAU, 2013, p.59).
19

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo partiu do intuito de analisar e destacar a concepção de


alfabetização e letramento, bem como salientar a importância do letramento no
processo da alfabetização e as contribuições dos jogos e brincadeiras neste contexto.
Outro fator que implica diretamente no processo de alfabetização e
desenvolvimento do indivíduo, é o preparo profissional do professor, uma vez que o
mesmo constitui-se como mediador nos processos de ensino e aprendizagem,
atuando na socialização dos conhecimentos historicamente elaborados, de modo a
potencializar o desenvolvimento psíquico do aluno.
Nota-se portanto, que é de fundamental importância uma excelente formação
profissional dos professores, pois esta influenciará diretamente no processo de
ensino, logo, no processo de alfabetização. Assim, a formação de qualidade dos
professores é reconhecidamente um dos fatores que mais causa impacto nos serviços
prestados. Isso porque, quanto mais esse profissional estiver instrumentalizado, mais
terá condições de contribuir para o desenvolvimento pleno do indivíduo em seu
processo de alfabetização e letramento.
Dito isso, ressalta-se que o ensino é o eixo norteador para a alfabetização e
que esta deve ser a função máxima do professor, independente da faixa etária dos
educandos, contudo isto ainda configura-se como um desafio em nosso cenário
educativo.
Assim, a utilização dos jogos e brincadeiras como recurso pedagógico e
possibilidade lúdica para o processo de alfabetização e letramento se concretiza como
uma boa estratégia para tal. Este método gera muito engajamento na hora de
promover o letramento e alfabetização e propõe uma aula mais lúdica, o que atrai a
atenção dos alunos, além de desenvolver seu raciocínio e concentração, sendo um
grande estímulo para uma aprendizagem significativa da alfabetização e letramento.
20

REFERÊNCIAS

CANDAU, V. Didática: Entre Saberes, Sujeitos E Práticas. XVI Encontro Nacional


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