Sociologia Da Educação2018
Sociologia Da Educação2018
Sociologia Da Educação2018
Nos primeiros anos do século XX, Durkheim definia a educação como uma “acção exercida
pelas gerações adultas sobre as que ainda se encontram amadurecidas para a vida social. Esta tem
por objectivo suscitar e desenvolver na criança um certo número de condições físicas, intelectuais e
morais que dela reclamam, seja a sociedade política, no seu conjunto, seja o meio especial a que ela
se destina particularmente”1.
De facto, o fundador da primeira pedra da Sociologia e Educação da Sorbonne, entende que a
educação se traduziria num processo unilinear de preparação das novas gerações, pelas mais
antigas, para o exercício de papéis sociais. Tanto é assim que e, nesta perspectiva a educação era
percebida como aquela inicial, pois que nesta época o ciclo da vida do conhecimento, isto é, o
tempo que mediava entre o momento da sua criação e o da sua morte, era longo, podendo mesmo
exceder o ciclo de vida humano. Como consequência imediata desta situação, considerava-se que os
conhecimentos acumulados na primeira parte da vida de um indivíduo constituíam património
cognitivo suficiente para o desempenho dos vários papéis que ele iria ter ao longo da sua vida.
Hoje a situação mudou completamente: o futuro, no dizer de Toffler (1980), entra cada vez
mais depressa no Presente sem pedir licença. Daí que resulta num processo de mudança acelerada
que na expressão feliz de Margaret Mead (1969), confere-nos o estatuto de migrantes no tempo.
Isto resulta da força conjugada do aumento da esperança média de vida das populações e da redução
drástica do ciclo de vida do conhecimento, a formação inicial perdeu peso relativo,
circunscrevendo-se à aprendizagem básica de conhecimentos, técnicas e atitudes, susceptíveis de
virem alicerçar a aprendizagem ao longo do resto do ciclo de vida. Em contrapartida, regista-se o
aumento ou o alargamento da formação contínua, à medida que se vai tomando consciência da
degradação do saber e do seu ciclo de vida cada vez mais curto.
Deste modo, a educação no mundo contemporâneo assume-se como um processo que
acompanha o ciclo de vida humano configurando um conjunto de vertentes muito diverso.
1
E. Durkheim, Educação e Sociologia, in Problemas Sociais Contemporâneos, Lisboa, Universidade Aberta, pág. 243
Elaborado por Adriano Carlos CatiavalaISPOC-HBO2º Ano de DELP Página 1
2. Vertentes da Educação: Educação Formal e Informal.
2
Ralf Dahrendorf, Homo Sociologicus, 1ª edição, Quetzal Editores, Lisboa, 2012, p.15.
3
Cfr Luisa Ribolzi, Società, Persona e Processi Formativi: Manuale di Sociologia dell’Educazioni, Mondadori
Università, Milano, 2012, p.100.
Elaborado por Adriano Carlos CatiavalaISPOC-HBO2º Ano de DELP Página 4
modificados; procura, pois, de acolher as relações que, dentro do contexto, existem entre os
indivíduos singulares e que possam ser considerados isoladamente ou ligados entre eles. Ambos
aspectos – a relação indivíduo/contexto e a relação entre indivíduos em qualquer contexto – são
tratados em modo diverso a depender dos pontos de referências dos investigadores.
Neste contexto, podemos falar do estatuto da Sociologia da Educação hoje
(oportunidades e desafios). De facto, a Sociologia da Educação se desenvolveu, a nível
internacional, em torno de certos objectos de estudo cuja importância científica e social é hoje
discutível (1.3-História da Sociologia da Educação). As desigualdades sociais de ensino e, mais
recentemente, as políticas educativas e as organizações escolares, na sua relação com os jovens, as
famílias e o mercado de trabalho, são áreas nas quais se tem acumulado trabalho de grande
qualidade.
No entanto, tanto as profundas transformações que atravessam hoje as sociedades
como o próprio desenvolvimento da Sociologia, enquanto campo de saber, conduzem-nos a uma
visão bastante abrangente da educação, permitindo vislumbrar áreas que tinham permanecido mais
ou menos na sombra e convidando a novos investimentos de imaginação e de teorização
sociológicas. Assim, “se podem identificar dois momentos específicos em todas as sociedades
ocidentais mais avançadas: o primeiro é a passagem da escola de elite à escola de massa, que
interessou, em tempos diversos, a depender dos países nos anos 50 e 60; o segundo momento tem a
ver com o movimento de 1968, que a partir das contestações juvenis, mete sobre acusações as
instituições educativas e os elementos que as caracterizam, da selectividade ao conhecimento, à
escola de classe: e desta rejeição global e acrítica, feito próprio também da parte da sociologia,
deduzem-se, ainda, as consequências”4.
Ou, até, analogamente aquilo que aconteceu em Angola quando falamos da politização
do ensino, isto é, “em termos políticos, a nacionalização do ensino tinha como objectivos imediatos
fazer do sistema de educação um instrumento do Estado e substituir todo o aparelho colonial de
educação, promovendo no seio da sociedade angolana uma educação virada para o povo e uma
forma do Estado angolano iniciar a implementação da «Escola para todos», uma vez que as
autoridades coloniais não a tinham implementado devido a sua política de exclusão e discriminação
da maioria dos angolanos”5
Consequentemente, é preciso individualizar as principais subdivisões teóricas internas a
sociologia da educação que, no curso dos anos viu o desenvolvimento de muitas categorizações.
A primeira subdivisão, a mais difusa, pelo menos até inícios dos anos 70 foi aquela das
teorias do conflito e de consenso, as primeiras coincidem, em grande medida com o funcionalismo e
4
Luisa Ribolzi, opus. Cit. p. 15.
5
Laurindo Vieira, Angola: a Dimensão Ideológica da Educação (1975-1992), Editorial Nzila, Luanda, 2007, p.104.
Elaborado por Adriano Carlos CatiavalaISPOC-HBO2º Ano de DELP Página 5
as segundas com as teses de origem marxista ou, em seguida, weberiana. Com uma simplificação
muito redutiva, podemos dizer que as teorias de “consenso” se baseiam sobre uma concepção
estática da sociedade, cujo objectivo fundamental é a conservação e a mudança é sempre vista como
traumática, que tem que ser contida nos limites da indispensável adaptação fisiológica, enquanto as
teorias de conflito se baseiam sobre a ideia segundo a qual a sociedade é um sujeito dinâmico, cuja
mudança natural vem limitada e manipulada pelos grupos de poder também e, em alguns casos
sobretudo graças ao controlo do sistema educativo6.
Esta rígida repartição vem, porém, bem cedo criticada: já Dahrendorf (1958), na sua Obra
Sair da Utopia “afirmava que a mudança não pode ser considerada um facto excepcional, mas sim o
estado normal de uma sociedade e os sociólogos devem olhar aos factores que interferem com a
mudança, mas que aqueles que lhes causam” 7. O conflito pode ser reduzido, regulado, canalizado,
mas nunca suprimido. Collins (1978), um outro sociólogo confrontará os dois sistemas, mostrando
as diferenças, mas também as integrações, e sustentando que só utilizando motivos de ambas teorias
é possível dar uma interpretação adequada da educação.
O elemento novo vem introduzido no debate no início dos anos 70 com a entrada de
novas teorias que não são nem de consenso nem de conflito, mas sim referem-se ao mundo da
quotidianidade. As duas escolas «tradicionais» vêm então agrupadas na definição de teorias de
sistema, em oposição às teorias da acção, ou teorias interpretativas: as duas sociologias. As teorias
do sistema, chamadas também macro-teorias, têm ao centro dos próprios interesses a análise do
sistema e das suas necessidades de sobrevivência e desenvolvimento, e se propõem de responder a
pergunta sobre quais necessidades sociais sejam satisfeitas pela escola, reflectindo sobre o papel da
instrução em um dado sistema; as teorias da acção, também chamadas microteorias, centradas sobre
o homem e suas motivações, procuram responder a pergunta sobre porquê os indivíduos vão a
escola e sobre que coisa obtêm da instrução, definindo o valor que vem atribuído dos indivíduos ou
dos grupos sociais de instrução, as vantagens que que tiram e os obstáculos que encontram.
6
Cfr Luisa Ribolzi, opus cit. p. 135.
7
Ralf Dahrendorf, in Luisa Ribolzi, opus cit. p.101.
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que a Sociologia da educação tenha sido cultivada por profissionais distintos. Inicialmente
trabalhada por pedagogos, com uma abordagem de índole pedagógica, tem sido objecto de crítica
por parte dos sociólogos.
Face a esta situação, descrever o carácter científico da Sociologia da Educação constitui
uma tarefa delicada, de tal modo que não são de estranhar alguns deslizes que diferentes autores
tenham cometido aquando do tratamento de tal temática. Vejamos alguns exemplos:
Para Vázques e Ortega (1976), a Sociologia da Educação é uma ciência que tanto pode
enquadrar-se na sociologia como na pedagogia; também houve quem pensasse que a sociologia e a
pedagogia seriam os dois polos desta matéria (sociologia de educação) ou até, que a Sociologia da
Educação deveria partir das relações entre a Sociologia e a pedagogia. Nos países Socialistas, por
exemplo, a Sociologia da Educação é considerada como ciência intermédia entre a sociologia e a
pedagogia, assinalando-se o mesmo objecto que esta última. Todavia, esta fase de algumas
indefinições, já superada, entretanto, permite-nos definir correctamente o tipo de ciência que é a
Sociologia da Educação.
Por conseguinte, a Sociologia da Educação tem de ser entendida como uma ciência
sociológica e não uma ciência pedagógica, Porém, dado que o seu objecto é a educação, e que esta
é, por sua vez, o objecto da pedagogia, compreende-se que se produzam alguns cruzamentos entre
os conceitos de ambas, dando lugar a alguns equívocos que devem ser dissipadas.
A peculiaridade científica da Sociologia da Educação pode ser esquematizada nos
seguintes pontos:
1. É uma especialização da Sociologia, quer dizer, é uma das ciências
sociológicas (tais como a sociologia da família, do trabalho, da religião, etc) que se ocupam
de algum dos aspectos concretos do social. Neste sentido é um ramo da sociologia geral;
2. Como especialização da sociologia, é de carácter teorético, quer dizer
explicativo. Não é de modo algum uma sociologia aplicada, mas tal não significa que não se
preste a que se aplique à praxis educativa;
3. É uma ciência da educação, pelo seu objecto, mas não é uma ciência
pedagógica, antes uma ciência sociológica; não pertence à pedagogia, mas à sociologia;
4. O seu especialista ou profissional típico é o sociólogo;
5. Pode e deve figurar nos currículos de estudos, tanto da sociologia como da
pedagogia. No curriculum da Sociologia, estará como parte integrante da mesma, enquanto
no da pedagogia constará como ciência auxiliar, quer dizer, uma das ciências que poderá
proporcionar preciosos dados à pedagogia.
A grande complexidade das questões que as ciências humanas devem abordar faz com
que não exista um modo uniforme de o fazer. Apresentam todo um conjunto de estilos científicos,
derivado da diversidade de pressupostos e de métodos – é o que chamamos de escolas, tendências
ou orientações de uma disciplina. Assim sendo, também existem diversos modos de entender e fazer
Sociologia da Educação. Grosso modo, podemos dizer que existem dois modelos fundamentais: as
teorias de consenso (funcionalismo, estruturalismo que consideram que os elementos da sociedade
exercem entre si uma interacção reguladora que promove a adaptação desses elementos e uma
harmonia orgânica do conjunto) e as teorias de conflito (darwinismo social, marxismo, nova
Sociologia da Educação que sustentam que, pelo contrário, existem entre os elementos da sociedade
forças antagónicas, de modo que a vida social surge da composição global de tais forças).
Esta Escola parte da premissa de considerar a interacção entre as ideias e crenças dos
indivíduos como fenómeno básico da vida social, ao mesmo tempo que contribuem para a formação
do “Eu” e da personalidade e com o qual dão lugar ao processo de socialização. Isto presta-se a
interessantes aplicações da microssociologia, como no caso das interacções nos grupos e na turma.
Cooley mostrou que o autoconceito de cada individuo se forma nos grupos primários, a partir da
imagem que os outros têm dele.
A Nova Sociologia é de uma orientação neomarxista que surgiu na Inglaterra e nos EUA,
na década de 70, e que tem encontrado um certo eco em Sociólogos da Educação de muitos Países.
Assim, parte-se do facto de que o filão fundamental da sociologia da educação que
dominou, a partir dos anos 60 era aquele que fazia referência ao pensamento de Marx. Todavia, a
partir do momento em que se afirma que Marx não foi sociólogo, nem mais se ocupou de educação,
do ponto de vista teórico, é provavelmente impróprio que haja uma teoria marxiana de educação no
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sentido sociológico; de qualquer modo, o seu pensamento contém uma forte componente
pedagógica enquanto se nos apresenta como uma teoria de libertação que comporta acentuados
elementos finalísticos. Estes elementos foram tomados e desenvolvidos pelos sociólogos
neomarxistas ao ponto de construir um corpus orgânico no qual está o conceito de cultura um pouco
paradoxalmente partilhado com o funcionalismo: a cultura é um espelho da realidade social, uma
variável dependente, para o qual o significado de um objecto cultural deriva das estruturas sociais e
dos modelos de comportamento que reflecte, também se pode por sua vez influenciá-los. Não só os
objectos materiais, mas também as ideias são produto das relações económicas: a cultura se explica
com as condições da vida material, o espírito de uma época tem origens materiais e a direcção dos
laços entre cultura e estrutura vai em único sentido.
As teorias de conflito tomam movimento a partir de um breve artigo de um filósofo,
Louis Althusser (1918-1990), estudioso do pensamento de Mrx, que se ocupou de educação
enquanto tem a necessidade de compreender em que modo a sociedade capitalista, baseada sobre o
exercício iníquo do poder, pode garantir a sua estabilidade no tempo: em um certo sentido, o
problema do qual parte Durkheim, chegando a outras conclusões. Para Althusser, o exercício do
poder tem uma natureza conflitual e não pode basear-se sobre o consenso, pois que não segue regras
justas, mas precisa de um plágio sistemático feita de dois tipos de instituições, os aparelhos
ideológicos do Estado, finalizados a doutrinar, como a família e a Igreja, pois substituída pela
Escola, para a qual a classe hegemónica se serve para garantir as condições necessárias para a
sobrevivência da sociedade capitalista, a reprodução da força de trabalho e a reprodução das
relações de subordinação entre quem detém os meios de produção e que vende o próprio trabalho,
insinuando a convicção de que se trata de regras justas, e os aparelhos repressivos do Estado, como
a polícia e o sistema judiciário, destinados a repressão que intervêm quando os aparelhos
ideológicos do Estado fracassam.
Autores como Douglas e Garfinkel, da Universidade de California, propunham um
método que, partindo da etnometodologia, pretendia: fixar a vida quotidiana como objecto do
estudo sociológico; usar o sentido comum como instrumento de investigação; estudar a sociedade a
partir do interior; evitar a pretendida objectividade “neutra” do funcionalismo e empregar como
método o “estudo de caso”, a linguística e a análise qualitativa.
Desta feita, a Nova Sociologia da Educação tenta averiguar o que se passa no interior da
instituição escolar, procurando detectar os processos que, através da educação, reproduzem as
diferenças sociais de origem dos alunos. Esta nova sociologia define-se, antes de tudo, por um
repúdio das teorias, autores e procedimentos da sociologia anterior, tanto a teoria de Max Weber
como a empírica de Parsons. Não forma escola, mas é constituída por um grupo de sociólogos
Papéis Formais
Os papéis presentes numa sociedade são praticamente infinitos. Como vimos em precedência,
uma mulher pode ostentar numerosos papéis nos seus status de dona, professora e música; por
outro, será provavelmente qualquer coisa de outro; apaixonada de jardineiro, proprietária de um
cão, representante de classe numa escola. Cada um destes papéis implica diversos papéis.
Talcott Parsons e os seus colegas (1951) classificaram os papéis sobre base daqueles que
definem variáveis estruturais:
Afectividade/Neutralidade afectiva. O papel requer que os impulsos venham secundados ou
então tidos de freno? Alguns papéis, como aquele de enfermeiro e do médico ou de empresário de
pompas funerárias, exigem um certo controlo em situações caracterizadas normalmente de fortes
tensões emotivas. Para outros papéis, como aquele de membro de uma família ou de amigo, se
espera que as pessoas manifestem os seus sentimentos.
Atribuição/Realização. Alguns papéis são ligados a status adscritos, outros a papéis
adquiridos. Uma pessoa anciã vem tratada em um certo modo porque tem 65 ou 70 anos: estamos
de um papel adscrito. Tais são os papéis do filho, da dona ou homem: papéis não escolhidos.
Aqueles de artesão, de dirigente, de mãe são papéis assumidos; são, isto é, papéis assumidos; são,
isto é, fruto de escolhas e de processos que o singular realizou para consegui-lo.
Especifidade/difusão. Esta variável evidencia a amplitude dos conteúdos que estão a base das
relações entre papéis. Específico é o papel do médico nos confrontos com o paciente enquanto o
elemento relevante da relação é a doença. Difuso é, pelo contrário, dos pais nos confrontos com os
filhos: nenhum elemento presente na relação pode ser considerado, a priore irrelevante.
Universalismo/Particularismo. Um bibliotecário para as pessoas quem pedem emprestado
um livro tem um papel de tipo universal. Irmãos e irmãs têm entre eles uma relação
particularíssima. Se um bibliotecário deixa andar seu irmão sem fazê-lo pagar uma penalidade pelo
um livro devolvido em atraso, está a sacrificar o universalismo ao particularismo.
Papéis Informais
Os papéis podem também ser informais: podemos descrever alguém como o “palhaço da
família” ou até “bode expiatório”. Às vezes aos indivíduos vêm atribuídos papéis mais amplos
sobre à base do modo em que interagem com os outros. A pessoa simpática e a pessoa odiosa
parecem tipos personalidade, mas em efeito podem ser papéis criados a partir do modo em que os
indivíduos interagem com outros e do modo no qual estes etiquetam o seu comportamento. Que
coisa torna o odioso o comportamento e simpático aquele de uma outra pessoa? A gente considera
odioso o comportamento de uma pessoa que procura impor a força sobre os outros a própria
individualidade; considera simpático o comportamento de uma pessoa que consente aos outros de
impor uma individualidade. Ambos exigem sacrifício, mas as pessoas que agem em modo odiosos
sacrificam a individualidade dos outros, enquanto aquelas que agem em modo simpático sacrificam
a própria.
Negociação de Papéis. É importante notar que qualquer papel, formal ou informal, não é um
modelo de comportamento. A natureza do indivíduo constitui o elemento determinante da
articulação entre expectativas e comportamento; as pessoas não reagem em modo automático às
expectativas do papel, mas as assumem em modo activo. O comportamento é o produto do modo
com o qual uma pessoa interpreta e usa as expectativas de papéis. Nós não reagimos
mecanicamente, como animais do laboratório, às expectativas de papel, mas pensamos acima de
tudo, as interpretamos e logo reagimos. Isto significa que as relações entre o indivíduo e as
expectativas são negociadas ou abertas mais do que fixas e previsíveis.
O estudo das relações entre sistema educativo e sistema produtivo apresenta notáveis
dificuldades, tanto que a conexão entre educação e trabalho foi definida significativamente
“impossível”.
A Teoria do capital humano. No final dos anos 50 do século passado desenvolveu-se, entre
economistas neoclássicos a teoria do capital humano. Neste período, as análises sobre a relação
entre investimento do capital e crescimento económico punha em evidência que o capital físico não
era, por si só, suficiente para explicar o aumento do produto interno bruto (PIB). Por isso, pensou-se
de o justificar com um factor residual de individualizar na organização, na actividade
empreendedora, na tecnologia e, sobretudo, na educação. Procurou-se estimar o contributo, dado de
tais factores de crescimento económico, e assim vem definido uma teoria em base à qual o
desenvolvimento económico dependia das capacidades e qualificações recebidas através da
educação.
O núcleo central da teoria do capital humano pode ser, assim, resumido:
Caracetrísticas da sociedade. Não obstante, haver um consenso geral sobre o facto de que a
sociedade, no seu conjunto tenha mudado nos últimos decénios, muito menor é acordo sobre a
profundidade de tal mudança. Trata-se de uma simples transformação moderna ou de uma
verdadeira e própria rotura radical com o passado, que tornaria legítimo falar pós-moderna?
Apontemos, aqui, algumas características essenciais do processo de globalização:
A organização de trabalho, que passa de uma forma ampla e burocrática de produção a uma
mais ágil disposição de redes, nas quais indivíduos fornecidos de múltiplas competências
devem desenvolver tarefas mais flexíveis e menos garantidos;
O declínio da indústria pesada e a sua substituição pela alta tecnologia com os serviços
financeiros, informáticos e relativos ao tempo livre;
O predomínio das multinacionais, no quadro da globalização, com uma promoção da
liberdade dos mercados;
O enfraquecimento do nacionalismo económico;
O aumento dos mercados de divisão, especializados para responder às necessidades de
particulares grupos de consumidores, no quadro de uma enfatização do consumo em relação
à produção.
Certamente, a globalização produziu um enfraquecimento dos Estados-Nações e um reforço
das políticas neo-liberais, com o aumento do consumo da educação (no sentido de uma certa
pretensão, por parte de algumas famílias, de haver uma escola à sua medida) e o pedido constante
das reformas dos sistemas educativos como respostas às pressupostas exigências do novo tipo de
sociedade.
Assim, no quadro das mudanças aceleradas e, por muita parte imprevisível, que caracteriza a
época contemporânea, podemos pedir-nos quais são os problemas e quais são as perspectivas com
relação o futuro da Sociologia da Educação. Acima de tudo, estamos num período caracterizado de
uma reencontrada centralidade do problema educativo, do seu duplo ponto de vista, da sua
fundamental importância para o crescimento e o desenvolvimento das sociedades e das pessoas,
bem como a crítica que se move sobre as condições em que muitas pessoas vivem. É a opinião
difusa que a educação que o século XX pôs em evidência dê respostas inadequadas à procura de
formação que se requer para o século XXI. Bento XVI fala, por exemplo, da “emergência
Cada indivíduo, pelo menos nas actuais sociedades de carácter tanto complexo, pertence a
múltiplos grupos sociais que exercem uma influência decisiva sobre o seu bem-estar individual.
Tais grupos, geralmente, dividem-se em duas categorias: grupos psicológicos e organizações
sociais.
Para o nosso caso, a atenção vai, sobretudo, para o grupo psicológico. Este, em sentido
próprio, recebe a sua fisionomia da presença de específicas características.
Um grupo psicológico pode ser definido como o conjunto de duas ou mais pessoas que
interagem ou comunicam. A interacção do grupo acontece segundo modalidade face to face. Os
grupos são compostos de indivíduos que se percebem a si mesmos como parte de uma unidade
durável no tempo e no espaço. Os membros do grupo, por outro, partilham características de ter,
pelo menos, uma finalidade comum. As condições essenciais para a formação de um grupo são:
Interdependência: as relações entre os membros são interdependentes, isto é, o
comportamento de cada membro influencia sobre aquele do outro. A essência do grupo não é a
semelhança ou a dissemelhança dos seus membros, mas a sua interdependência. Um grupo pode ser
caracterizado como um “todo dinâmico”; isto significa que uma mudança no estado de uma sub-
parte qualquer muda o estado de cada sub-parte. O grau de interdependência das sub-partes dos
membros varia de uma massa desligada a uma unidade compacta.
Ideologia Comum: os membros têm uma ideologia comum, isto é, uma série de crenças, de
normas e de valores partilhados e que regulam a sua recíproca conduta.
São inúmeros os grupos que satisfazem estas condições: as famílias, os grupos de amigos, as
secções políticas; os grupos determinantes das circunstâncias de trabalho, de educação, de crenças
religiosas, de vizinhança, de actividades recreativas.
Uma organização social pode ser definida como um sistema integrado de grupos psicológicos
correlatos, instituídos para o conseguimento de um determinado objectivo. Por exemplo, um partido
político com as suas várias secções que nasce da ideia de ordem finalizada, responde aos pedidos,
naturais ou culturais, da convivência e exprime a duração mesma da sociedade. Por isto, o facto
organizativo é uma exteriorização concreta da solidariedade, baseada sobre os interesses históricos
e contingentes. Alguns exemplos: Igreja, exército, escola, empresa, ente administrativo.
Uma das razões que motivam o indivíduo aderir a um grupo é de encontrar neste calor e
sustento. Ou então, nem todos os grupos consentem de fazer uma experiência positiva; entre
companheiros de trabalho ou dentro do grupo familiar podem prevalecer antagonismos e
hostilidade. O problema fundamental é saber quais factores são em grau de favorecer uma boa
disposição entre os componentes e quais os factores, pelo contrário, que determinam o prevalecer
do antagonismo. Por outras palavras põe-se a pergunta: que coisa podemos fazer para que os
componentes da família ou os componentes do trabalho se aceitem e se sustentam um do outro?
Os psicólogos sociais que se aplicaram a este problema elaboraram um conceito específico
que indica a atracção recíproca dos componentes de um grupo. Tal conceito, chamado solidamente
coesão, indica o grau de atracção recíproca dos membros tidos como singulares e do grupo no seu
complexo. Quando a atracção é de grau elevado e pertença ao grupo é investida de um grande valor,
então diz-se que o grupo tem alto grau de coesão interna.
O conceito de coesão se revela útil seja para examinar os factores em grau de favorecer ou
inibir a atracção recíproca dos membros do grupo, seja para individuar os factores que podem
influir no seu funcionamento.
Na sua teorização originária, Leon Festinger sustentava que a coesão interna pode ser
favorecida de qualquer factor em grau de levantar ou enaltecer o valor do grupo aos olhos do
singular componente. O grupo pode adquirir maior coesão, se consegue os próprios objectivos. Por
outro, parece que os componentes de um grupo conseguem uma maior estima uns dos outros
quando compreendem que os ganhos do singular indivíduo dependem do contributo de todos.
As ameaças externas podem aumentar a estima recíproca e, neste modo, incrementa a
coesão. Os investigadores provaram, por exemplo, que os pequenos comerciantes diante da ameaça
representada das correntes dos supermercados reagiram com uma crescida coesão.
Um espírito mais forte de coesão se manifesta naquelas comunidades que estão atingidas
pelas calamidades naturais e, entre a população civil, a ameaça dos bombardeamentos. Os líderes
políticos, por exemplo, para consolidar a coesão nacional, recorrem à ameaça constituída de uma
possível invasão estrangeira.