Gêneros Os Modos de Organização Do Discurso
Gêneros Os Modos de Organização Do Discurso
Gêneros Os Modos de Organização Do Discurso
Meta
Propor diferentes definições de gênero discursivo; Apresentar a importância
dos gêneros no processo de comunicação.
Objetivos
Introdução
Você já deve ter percebido que para cada situação em que estamos
envolvidos, buscamos um jeito novo de manifestar aquilo que queremos. Por
isso, nem sempre usamos a mesma maneira de organizar nossas
informações para alcançar um determinado objetivo. São várias e
incontáveis as formas que temos de organizar aquilo que queremos falar,
sendo exigida, para cada contexto, um grau maior ou menor de formalidade.
Independentemente de qual a situação, sabemos a forma que deveremos dar
ao texto e, quando isso não ocorre, buscamos meios para enquadrar as
informações. Assim que ganham corpo, fazendo sentido para nosso
interlocutor, dizemos que ali há um gênero textual, ou gênero discursivo.
Os estudos sobre texto na atualidade parecem entender como
pacificado o entendimento de texto como conjunto de enunciados com
determinada função comunicativa que, dependendo do contexto social em
que é produzido será definido como um gênero textual específico. O que
não se estabeleceu de maneira mais cristalizada, ainda, são os limites que
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separam textos de natureza similar, que pertençam a um mesmo domínio
discursivo, como acontece com gêneros literários como crônica e conto;
novela e romance. O que realmente delimita o espaço de cada um? Quais
seriam os traços caracterizadores desses gêneros?
Para iniciar nossa viagem sobre os diferentes gêneros discursivos, é
importante retomar o que já se definiu previamente. Assim, a primeira
observação a se fazer é que os gêneros discursivos são, conforme Bakhtin,
enunciados (transmissão de pensamentos em palavras) proferidos por
diferentes integrantes de diferentes campos da atividade humana. Esses
enunciados se caracterizariam pelo conteúdo temático, estilo e construção
composicional, mas poderiam ser determinados pela especificidade de um
determinado campo da comunicação.
Em seu texto, Bakhtin salienta haver uma extrema heterogeneidade
dos gêneros dos discursos, que podem ser orais ou escritos, indo desde
comandos militares a documentos oficiais mais formais. Sendo assim,
entrariam dentro da categoria de gênero um bilhete que se poderia colocar na
porta de uma geladeira até um elaborado discurso em congresso em uma
assembleia ou o mais rebuscado texto literário.
VERBETE
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Antes de responder à pergunta proposta pelo título do tópico, é
necessário falar um pouco sobre qual a ideia de língua com que nos
propomos a trabalhar aqui. Aqui o entendimento é de que a língua é uma
atividade sociodiscursiva historicamente situada; é, acima de tudo, um
conjunto de práticas cognitivas e sociais. Segunda essa perspectiva, o sujeito
é uma entidade psicossocial com papel ativo na produção de sentidos na
língua.
Isso considerado, percebemos que a produção de qualquer texto é
algo essencial ao processo de comunicação entre os humanos, que, na
medida de sua necessidade, criarão diferentes gêneros discursivos.
A produção desses gêneros é tratada por William Hanks e, em uma
das definições propostas sobre texto,identifica-o“não na língua enquanto um
código funcional, mas nos artefatos enquanto produtos individualizados
elaborados quando o código é colocado em uso.” Assim, poderíamos dizer
quequalquer texto narrativo, poemas, conversas do dia a dia ou qualquer
outra troca discursivaapresentam em sua composição começo, meio e fim.
Algumas compartilhariam elementos que as tornariam produtos típicos de um
determinado discurso. É o germe do que entendemos por gênero.
Entendemos, assim, que estudar os gêneros é estudar o
funcionamento da própria língua, já que o processo de construção de um
texto evoca a participação de atores no processo de interação discursiva
(falante/ouvinte; escritor/leitor etc.), que estão envolvidos num ato de fala.
3
Ilustração: favor refazer a figura.
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2) Você acha que os gêneros discursivos que se reconhecem hoje
podem sofrer alguma alteração em algum momento da história?
Cite alguns exemplos.
Respostas comentadas:
BOX DE EXPLICAÇÃO
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3. Tem função requerida, tendo em vista a necessidade temática, com um
grupo específico de participantes.
Fim do boxe
VERBETE
SMS, do inglês short messageservisse, é hoje algo bastante comum, mas
relativamente novo. O primeiro SMS – que já foi chamado de torpedo,
durante um bom tempo – foi enviado no ano de 1992, mas era restrito a
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pequenos grupos. Hoje é um dos meios mais rápidos de comunicação que
existem. Fim do verbete.
Febre no final dos anos 90, o pager, por um período curto de tempo, fazia o
papel dos celulares de hoje, pelo menos no quesito mensagem. Na verdade,
o aparelho funcionava como suporte para o recebimento de mensagens de
texto, mas não permitia a digitação e resposta. Caso alguém quisesse enviar
uma informação qualquer, telefonava para uma central de atendimento,
ditava o texto, que, posteriormente, era enviado ao destinatário, dono do
aparelho. Parece inimaginável algo assim nos dias de hoje, não é?
Partindo do exemplo dos pagers, responda:
8
3 linhas para resposta
Respostas comentadas:
3. Carta pessoal, bilhetes etc são exemplos de gêneros que estão caindo
em desuso por conta da tecnologia.
Verbete
Fim do verbete
Verbete
Dizemos em análise da conversação que turno é a vez de um falante entrar
1 Dizemos em análise da conversação que turno é a vez de um falante entrar com sua
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Fim do verbete
UNIVERSIDADE XXXXXXXXXXXXXXXX
INSTITUTO DE XXXXXXXXXXXXXXX
COORDENAÇÃO RAS
Memorando 10/2013
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De: Coordenação local
À Coordenação de Informática
Assunto: Criação da página do curso
Prezados,
Atenciosamente,
Fulano de Tal
Coordenador do curso
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Luiz Antônio Marcuschi afirma que os gêneros são fenômenos
históricos ligados à prática cultural e social. Ora, à medida que a sociedade
vai-se modificando, isso também ocorre com a forma com que nos
comunicamos e com os gêneros que usamos nesse processo. A utilização de
novas tecnologias hoje faz com que o advento de novos gêneros seja algo
muito comum. Aliás, isso já vem acontecendo há um tempo, uma vez que
suportes como a televisão já ajudaram a mudar a forma com que os homens
se comunicam. Vejam por exemplo o que são hoje as videoconferências. Fica
clara ali a influência do suporte tv para a criação desse outro suporte.
O fenômeno da transmutação de gêneros não é novidade, uma
vez que o próprio Bakhtin já o havia explicado. Isso acontece, pois o falante
naturalmente emprega uma estrutura de um determinado gênero em outro
suporte – como acontece com o e-mail, por exemplo, que surgiu como uma
carta.
1.Nós vimos que existem gêneros que podem ser característicos da oralidade
ou da escrita. Um caso interessante é o das lendas presentes em culturas
ágrafas, que são gêneros orais, cuja existência se manteve ao longo dos
anos, por conta da tradição da contação de histórias. Entretanto, muitas
dessas lendas foram transcritas e adaptadas para a escrita. Você entende
que isso descaracteriza o gênero? Por quê?
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5 linhas para resposta
Resposta Comentada
1. Você deverá responder que, na verdade, não há uma
descaracterização do gênero, mas não se preservam elementos
originais do gênero, que poderá continuar existindo.
2. Na internet, suportes como o Facebook e o Twitter, permitem a
produção de gêneros com essa natureza, principalmente pelo fato de,
na internet haver a possibilidade de utilizar elementos da oralidade. Há,
entretanto, ambientes específicos, como plataformas de ensino, em
que se exige uma maior formalidade, como fóruns.
Fim da resposta
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A primeira definição de gêneros discursivos (ou textuais) a que
tivemos acesso dava conta de que estes seriam conjunto de enunciados
estruturados de forma relativamente estável. A essa definição de Bakhtin,
soma-se a encontrada em Marcuschi em que se diz serem os gêneros
“realizações linguísticas concretas, definidas por propriedades
sociocomunicativas”.
O que vemos nessas definições é que os gêneros têm, em sua
base, a questão estrutural e a recorrência para que sejam definidos como tal.
Qualquer definição que se estabeleça a partir de um objeto de estudo
linguístico deve considerar isso. A recorrência permite que identifiquemos o
que há de comum em sua estrutura e que pode ser reaplicado na produção
de textos. Marcuschi ainda assinala, a respeito dos gêneros, que a
expressão é utilizada de maneira vaga e ressalta o aspecto funcional para a
definição dos mesmos, além do propósito.
Nesse sentido, cabe tratar de outra discussão intimamente ligada à
produção dos gêneros: a questão da tipologia textual ou os modos de
organização do discurso. Sobre este assunto, você verá que há mais de uma
nomenclatura com alguns autores tratando do mesmo objeto como
sequências tipológicas, sequências etc. De uma maneira geral, pouca coisa
muda naquilo que se propõe a analisar. Sobre o tema, diversos autores já se
debruçaram e trouxeram suas contribuições, dentre as quais usamos a
seguinte:
“ Usamos a expressão tipo textual para designar uma
espécie de construção teórica definida pela natureza
linguística de sua composição {aspectos lexicais,
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas}. Em geral,
os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de
categorias conhecidas como: narração, argumentação,
exposição, descrição, injunção. (Marcuschi,2004:107)
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utilizar de um tipologia predominante que é a narração. Dizemos
predominante pois, muito dificilmente, um gênero será produzido a partir de
uma única tipologia. Os modos de organização do discurso – ou, como já
dissemos antes, tipos textuais, tipologias textuais, sequências tipológicas –
são, com poucas variações, os que seguem (a partir da proposta de
Werlich:1973):
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com a durabilidade de nas Artes não é permanente.
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de Assis)
(Manuel Bandeira)
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um texto poético. A pergunta que fica é: trata-se, realmente, de um poema?
Sim, trata-se de um poema por um motivo simples: não importam as
sequências que formam o gênero, a estrutura que lhe é dada, mas, sim, o
seu propósito. O autor chamou-o de poema, tratou-o como tal e assim o é.
4. Conclusão
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ainda pode ser enriquecida com a exploração de diferentes domínios
discursivos.
Ingredientes
2 xícaras de chá de milho verde ralado
1/2 xícara de chá de leite
2 ovos separados
Pimenta-do-reino
1/4 de xícara de chá de cebola bem picada
1 1/4 de xícara de chá de farinha de trigo
3 colheres de chá de fermento em pó
2 1/2 xícaras de chá de óleo para fritar
Sal
Modo de preparo
1. O texto que você acabou de ler é uma receita. Esse gênero tem como
característica dar instruções sobre como proceder para cozinhar
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determinados alimentos. Tal gênero prevê um modo de organização
predominante. Diga qual é esse modo e o que o caracteriza.
3 linhas para resposta
Resposta Comentada
Resumo
Referências
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______. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São
Paulo: Parábola, 2008.
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