7 Faces Do Feminino - Livro
7 Faces Do Feminino - Livro
7 Faces Do Feminino - Livro
Vinnie Graciano
Alexandre Bufarah Tommasi e Fabio Valle
ISBN 978-65-00-26446-3
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dados podem ainda ser compreendidos do ponto de
vista da anima, revelando aspectos da psique mascu-
lina. A obra sugere atividades práticas com temática
mitológica em arteterapia e educação, além da leitu-
ra de obras de arte inspiradas no mito apresentado.
Demonstra como a mitologia e as artes se aliam no
• Narrativa do Mito 55
• Leitura simbólica 58
• 70
• Possibilidades criativas do mito 81
• Narrativa do mito 84
• 85
• Leitura simbólica 87
• 100
• Possibilidades criativas do mito 106
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lha entre o modelo médico, lindo e útil como ele é, e o modelo
eclesiástico, constritivo como ela havia se tornado. Alguém ti-
nha de entrar nessas profundezas em busca da alma, rastrear os
deuses até seu esconderijo antigo. Freud e Jung, e os outros que
os seguiram, tomaram esse passo em direção ao abismo interno
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cisavam disso, mas eles tinham de tomar essa iniciativa para
poder salvar a eles próprios. A relevância cada vez menor da
mitologia tribal os levou a procurar pela fonte de todos os mi-
interior. E é ali, em sua interioridade, que viveu e ainda vive, grandes ex-
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temente intangível, mas que se manifesta no sentir, no sonhar e no criar.
A compreensão humana vislumbra apenas uma pequena parte de
todo este vasto mundo interior, dinâmico e interativo, que se manifesta
tanto no plano pessoal quanto coletivo.
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nas de maneira vaga, parcial, estreita, obliqua, mas também insinua que
algo permanece despercebido”. Dando assim a ideia de mistério, algo
o mistério, algo que não está claramente revelado, por ser muito mais
amplo do que aparenta.
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p XIX).
Cada personagem revela muitas histórias; seu caminhar pela nar-
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dos psíquicos, ativando complexos, estimulando a formação de símbo-
los. A narrativa, também, pode atuar sobre o inconsciente, dinamizan-
simbólicos.
As imagens e os símbolos sugeridos pelo mito são carregados de
o século XIX não podia nem mesmo pressentir: o símbolo, o mito, a ima-
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-los, mutilá-los, degrada-los, mas que jamais poderemos extirpa-los”.
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pondem a uma necessidade, revelar as mais secretas modalidades do ser.
Não é necessário conhecer mitologia para se viver um tema mí-
tico, a mitologia faz parte do inconsciente coletivo e se manifesta nos
devaneios, nos sonhos e nos processos criativos. Eliade (1996) considera
monstros, deuses, deusas, demônios, fadas, heróis, entre outros, eles au-
ruptura do Tempo e do mundo que o cerca; ele realiza uma abertura para
o Grande Tempo, para o Tempo Sagrado” (ELIADE, 1996, p.55).
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no, o momento certo ou supremo, de natureza qualitativa, que também
pode ser considerado o tempo de deus, a eternidade. , é fugaz, é
o melhor instante em que se abraça a felicidade e se distancia do caos.
o tempo sequencial, passado, presente, futuro, é a medida linear
de um movimento ou período cronológico; tempo que pode ser medido,
renovação.
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nâmica. A mitologia aborda um determinado tema de forma alegórica,
não como fato real. Por meio da narrativa de um mito é possível abordar
sutilmente temas complexos ou delicados, sem se referir diretamente
ao caso, mas de modo indireto, projetado nas personagens. Permite as-
sim um distanciamento que possibilita explorar esse conteúdo de di-
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histórica.
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tas possibilidades de existir e se entregar aos ritmos do universo, voar
tempo, será um ser humano diferente. Pode ser que ocorra a conscienti-
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nar a um poder maior, que está muito além da compreensão humana.
Por isso, não existe nem uma civilização, cultura, ou sociedade sem mi-
tos e deuses.
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bo, com seus triunfos e desastres. Agem como ferramentas criativas que
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cia), arquitetura, medicina, farmácia entre outras.
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res encontraram uma cultura estabelecida desde 2.600 a. C., cujo ponto
central era a ilha de Creta. Na cidade de Cnossos, foi encontrado um rico
palácio datado de 2.200 a. C., que pode ter pertencido ao Rei Minos, líder
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gos gregos Ésquilo (524-456 a. C), Sófocles (496-406 a. C.) e Eurípides
teatral mais antigo. As histórias dramáticas e trágicas, derivadas das
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róis, heroínas, deuses, deusas, titãs, centauros, ninfas, nereidas, quime-
ra, sátiros, Górgonas, entre outros seres, que habitavam o mundo ima-
tem se voltado para a cultura grega em busca das origens, pois quando
a visão de mundo que dá coesão a um período cultural se fragmenta, a
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pensação psicológica, não a uma época histórica ou fantasia utópica,
mas a uma paisagem interior, ao reino imaginal, onde estão os deuses
enquanto imagens arquetípicas. Para a psicologia profunda, os temas e
personagens da mitologia representam uma realidade viva, que existe
abordado.
Cada um dos mitos narrados trata de personagens que represen-
tam aspectos do feminino ou fases do desenvolvimento da personali-
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cos e os conceitos da Psicologia Analítica. Assim começamos a trajetó-
ria do desenvolvimento feminino a partir do momento em que a psique
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ção nos mistérios da vida, morte e renascimento, por meio da narrativa
do mito do rapto de Perséfone.
encontra o amor.
Drão,
Gilberto Gil
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da ao mundo superior onde sua mãe a esperava.
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da e perguntou se havia comido alguma coisa no mundo subterrâneo.
Perséfone admitiu ter partilhado uma romã com o marido e por isso de-
veria voltar para ele. Um terço do ano ela passa no reino dos mortos,
época em que tudo seca e morre na natureza. Mas todos os anos, quando
Perséfone retorna, traz de volta a primavera e sua mãe cobre a terra de
deriva a palavra cereal. A senhora dos grãos, a grande mãe que nutre e
alimenta, é uma antiga divindade agrícola, das colheitas e do trigo, do
qual se faz o pão, base da alimentação humana.
narciso.
Core simboliza o grão que penetra na terra para depois germinar.
A semente representa tudo que está em estado latente, as possibilida-
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gia com o desenvolvimento humano, simboliza o potencial criativo a ser
realizado.
e renascimento.
A palavra vem do grego ou perfeição, e de ,
morte. Em geral os mistérios eram fúnebres, representando a morte e
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ria recebido a revelação de mistérios e transmitido aos inicia-
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ponsabilidade é individual e quem não conseguir reparar seus
erros nesta vida, pagará por suas faltas no além e nas outras
vida se renova pela morte, do mesmo modo como é preciso que a semen-
te morra para que os grãos possam nascer. A semente enterrada no solo
para renascer sugere uma comparação com o destino humano e repre-
senta a concepção de que a morte pode ser apenas uma transformação e
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lizadas para traduzir uma mensagem espiritual”.
inesperado.
das quais se guardava sigilo absoluto, pois a profanação era punida com
-
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cos campos férteis e essas características podem ter dado origem a mui-
assim como Core, o grão de trigo que morre e renasce todo ano (FRAZER,
1982).
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nos antigos mistérios, pode-se vivenciar esse mito como uma represen-
tação simbólica do estabelecimento de uma relação saudável entre a
1999).
Perséfone, ao comer a romã, assumiu o papel de amante (Afrodite)
associada simbolicamente à alimentação, à sexualidade e à repressão.
ainda está ligada à mãe, que a tem como modelo e precisa da sua pro-
teção e acolhimento. Core simboliza a mulher que não descobriu nem
desenvolveu plenamente suas capacidades. Como a semente, representa
o potencial que ainda não se manifestou e precisa ser cultivado para se
desenvolver.
No plano psicológico Deméter representa a relação com o cor-
o momento certo de agir, pois a natureza tem seus ciclos. Como todo
arquétipo tem polaridades opostas, a grande mãe que nutre e protege
também pode ser devoradora e destrutiva. A proteção é fundamental,
mas além do tempo necessário leva à paralisação do desenvolvimento.
serve como guia no reino das sombras. Perséfone governa o mundo inte-
rior e simboliza o potencial criativo, a intuição e o contato com aspectos
mais profundos e sutis. Relaciona-se a imagem da deusa, à mulher que
busca o desenvolvimento por meio de um aprofundamento na própria
realidade externa e o mundo interior.
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minina para o alto e para baixo. Elas juntam o mais velho e
o mais novo, o mais forte e o mais fraco e ampliam assim a
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paço rumo a um pressentimento de uma personalidade maior
e mais abrangente e, além disso, participa do acontecer eterno.
sendo que seu fluxo (da vida) deve fluir através de cada um.
Todos os obstáculos desnecessários são afastados do caminho,
mas este é o próprio fluxo da vida. Cada indivíduo, porém, é
ao mesmo tempo liberto de seu isolamento e devolvido à sua
inteireza. Toda preocupação cultural com arquétipos tem, em
última análise, este objetivo e resultado (JUNG, 2000, vol. IX/1
§316).
mãe arquetípica tende a procurar manter perto de si tudo que ela cria.
incapaz de ser como a mãe que tanto admira. A mãe, por sua vez, reforça
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car deprimida quando não precisa mais exercer a função materna.
numa velha andrajosa e passou vários dias, sentada numa pedra, sem se
mover. Neste momento ela descobre a Anciã, a mulher sábia que existe
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-a sobre a terra inteira para que seja sentida por todos como esterilidade
Ao projetar sobre a terra sua dor, demonstra também sua raiva por
não ser mais fértil. Muitas mulheres, quando estão na fase da menopau-
ciclo se encerra para outro surgir. A mulher se prepara para ser avó.
A deusa sofreu uma grande perda e entrou em estado depressivo.
Como reação a uma perda ou outra situação traumática, pode-se obser-
falta de motivação. Esse estado, porém, é transitório e a pessoa reage
tentando sair dessa condição. Assim também ocorre com Deméter, que
(2000, vol. IX/1) extremamente atraente para os homens. Ela parece ne-
necessita ser arrebatada. Para que ela possa experimentar a relação com
o sexo oposto, ela precisa ser raptada simbolicamente, como no mito,
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namento, nesse caso, devem partir do companheiro. É a oportunidade
para o homem fazer o papel de herói salvador e manifestar o forte im-
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cado, um sequestro, uma posse, uma violação” (NEUMANN, 1990, p.53).
Neumann (1990, p.54) considera que o casamento é sempre um
mistério de morte. Como há uma relação primordial de identidade entre
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muito mais antigas, remanescentes do matriarcado, como aquelas que
narram a descida de uma donzela e seu vínculo com o rei do mundo
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turada e levada até o mundo subterrâneo. A jornada fazia parte de um
rito divino. A mulher seria naturalmente conduzida ao mundo subter-
râneo. Apesar de ter medo, ela deveria ir ao encontro de seu noivo. Ao
empreender a descida, ela seria transformada, atingiria o conhecimen-
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senta simbolicamente uma fase do desenvolvimento em que o ego femi-
nino permanece preso ao inconsciente materno e ao
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mento, como as núpcias da morte, é um arquétipo central dos mistérios
femininos. Não é por mero acaso, que o símbolo central da virgindade
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riosa. Tornar-se mulher e mãe e nessa transição chegar às profundezas
da vida real.
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mente cria novas formas de adaptação ao arquétipo que conduz ao de-
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ceiro também pode fazer esse papel, quando a mulher projeta nele as
próprias qualidades masculinas arquetípicas interiores de autonomia e
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que a ele pertence toda a riqueza inexaurível que há nas entranhas da
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presentado com os cornos da abundância.
No mundo clássico, o plantio se fazia no outono e a colheita du-
rante a primavera; os frutos da colheita, os cereais, eram armazenados
em silos, depósitos subterrâneos, no auge do verão, para serem replan-
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tuais. Na morte, perda ou separação, por meio da dor e da tristeza, pode
ocorrer uma profunda transformação emocional e o renascimento para
uma nova vida.
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do ao caso da mulher que só pode ser criativa e se expressar, com a per-
para que ela possa exercer seu trabalho ou sua arte. Ele os considera um
tipo de distração, para que ela não se deprima, mas a prioridade é exer-
cer a função de esposa e o cuidado da família. Quando essa mulher sobe
ao reino da luz e encontra suas companheiras, pode brilhar e criar vida.
Entretanto, exerce suas atividades, sempre atenta ao relógio, pois no ho-
rário marcado, o marido volta para busca-la e ela deve entrar novamente
-
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pecto negativo de Perséfone é a depressão, esse pode ser um transtorno
psíquico característico desse tipo feminino.
Por outro lado, a imagem da deusa do mundo subterrâneo pode
representar a mulher mediadora entre a realidade cotidiana e a dimen-
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tória da arte, principalmente no Renascimento. Entre as obras que re-
tratam o mito está o quadro do pintor italiano, Niccolo Dell’abbate, O
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ra, que parecia de carne e osso. As vestes ganharam movimento natural,
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dos e a beleza das mãos, que expressam os gestos de posse e de repúdio,
perfeitos dentro do movimento da cena. No chão, a seu lado, está o cão
pintor italiano era reconhecido entre seus colegas por sua agilidade em
pintar e imitar o estilo de outros pintores, porém, sem fazer cópias. Suas
obras estão em Nápoles, Florença, Madrid e Roma.
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tros, também retrataram a cena do rapto de forma dramática, enfatizan-
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gens representadas.
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pectos do estilo da arte barroca, que se caracterizou pela grandiosidade,
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Figura 4. Dante Gabriel Rossetti, Proserpina, 1874. Óleo sobre tela. Tate Britain.
europeus.
A obra (1874) representa Perséfone em um salão som-
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te e deixa penetrar a luz do mundo superior, projetada na parede atrás
quadro:
Longe a luz que traz fria alegria /Para esta parede, - um ins-
tante e não mais/ Admitida na minha distante porta do palá-
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cida, totalmente passiva e alheia ao que acontece. A sensação da descida
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dental até o século XIX. Manifesta-se contra os excessos decorativos e
Em
à imagem de Deméter. Pintou a deusa vestida de amarelo dourado como
verdade, em verdade, vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não mor-
rer permanecerá só; mas se morrer produzirá muito fruto. Quem odeia sua
vida neste mundo guardá-la a para vida eterna.”
algumas ideias, mas como os mitos são inesgotáveis, muitas mais podem
ser utilizadas.
I.
•
•
•
• Vários artistas imaginaram e reproduziram a cena do rapto de
Perséfone, como as obras comentadas anteriormente. Qual a
-
II.
o grupo.
•
desenhá-las.
•
• Escolher uma das obras acima e fazer uma releitura da obra.
Utilize a técnica da colagem, tendo como suporte a cartolina ou
papelão.
• Escrever uma poesia sobre a primavera. A atividade pode ser
feita em grupo ou individualmente. Para estimular a escrita
criativa retire algumas palavras do mito e as inclua no poema,
tente rimar os versos.
• Criar objetos artesanais utilizando elementos da natureza,
tais como, casca de coco, de nozes, grãos e sementes variadas,
transformar esses materiais, símbolos de renovação da vida, em
novos produtos.
• A partir da poesia abaixo crie uma expressão utilizando tinta
gauche ou giz de cera.
As lágrimas e a tristeza.
eram semideuses.
que levou à Guerra de Troia. Essa estória, porém, começa muito antes, no
casamento de Peleu e Tétis.
Prometeu, o titã que havia roubado o fogo dos deuses para a hu-
manidade, previu algo que interessava a Zeus e em troca dessa revelação,
foi libertado de seu castigo. Tétis, a linda nereida por quem estava apai-
Esparta.
Depois de ter escolhido a quem daria a maçã de ouro, Páris viajou
para Esparta onde foi bem recebido por Menelau. Ficou aguardando uma
oportunidade e assim que o rei precisou se ausentar, com a ajuda de
Afrodite,
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nha nove anos de idade, mas foi libertada por seus irmãos Castor e Pólux.
Tornou-se uma bela mulher e foi disputada por muitos pretendentes.
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to, o mito traz o tema arquetípico da união dos opostos no casamento
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guiana, o casamento simboliza, no curso do processo de individualiza-
ção ou de integração da personalidade, a conciliação do inconsciente,
Essa estória se inicia com Tétis, uma divindade aquática que não
se deixa seduzir. A sabedoria de Quíron, o curador arquetípico, entre-
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çá-la, os dois corpos se tornam um, ocorre a soma das energias, aquele
que deseja abraçar contém o outro que resiste ao abraço. Mesmo com
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traparte feminina, a anima, e a mulher seu aspecto masculino, o animus.
A leitura do mito pode ser feita a partir de ambos os pontos de vista.
Tétis pode representar a mulher que exige do companheiro, a prin-
se una com sua parte feminina (anima) ou estabeleça uma harmonia com
ela, assim como a mulher igualmente se integre com seu lado masculino
(animus). Esse equilíbrio é importante para manter a integridade psíqui-
ca e para um parceiro não subjugar o outro na relação conjugal.
No casamento em que se pretendia, a todo custo afastar a discór-
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lho participasse para a guerra de Troia, obrigando-o a ir para a corte do
rei Licomedes de Squiros. Aquiles vestiu roupas femininas e escondeu-se
entre as mulheres, mas foi descoberto por Ulisses e foi convocado para a
-
sa à proteção no anonimato.
a mais bela, foi um apelo à vaidade. Além disso, essa atitude levou a uma
comparação. Determinar quem é mais, ou melhor, provoca julgamento
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çado porque a deusa excluída quis se vingar. Na Psicologia Analítica,
considera-se que os aspectos reprimidos se tornam sombrios e exercem
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mente emerge com mais intensidade.
Assim, a tentativa de exclusão da discórdia, de uma simples fes-
ta de casamento, acarretou uma guerra longa e sangrenta. Apesar dos
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mente ferido, no único ponto vulnerável de seu corpo, que a mãe não
conseguiu proteger, o calcanhar.
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no e o princípio feminino. Para os pitagóricos da antiguidade representa
.
Antigo símbolo da fertilidade, a maçã vermelha representa o amor.
Pela forma esférica, está associada à imortalidade. Simboliza ainda a sa-
-
to, gerado nas entranhas da terra, de Gaia. Para os egípcios o ouro era a
1991, p. 180).
cumprido sua missão, as entrega para Atena, mas a deusa recusa e devol-
Psicologia Analítica, o . Assim, McLean (1992, p. 30) considera que
Jardim, portanto, o que estava em jogo não era o troféu, mas o título de
mais bela, como num concurso de beleza.
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do que escolheu entre muitos pretendentes. Afrodite, entretanto, a fez
-
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tencesse a todos os espartanos e não pudesse ser tomada pelo inimigo,
devendo ser resgatada à custa de muitas vidas, em dez anos de batalhas.
instrumento do jogo dos deuses. Como objeto em disputa, não tem von-
p. 140).
2017, p.48).
da fecundação e sendo raptada por Teseu e Páris, faz supor que teria sido
primitivamente uma deusa da vegetação e, portanto, uma vítima des-
tinada ao rapto. Com o tempo, suplantada por outras divindades, teria
caído no esquecimento e integrada ao grupo das heroínas, fato comum
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dantes ligadas ao simbolismo do casamento sagrado, em que a união
do masculino e do feminino, cria uma harmonia que se expande pela a
natureza e propicia abundância.
deve possuir, mas que todos desejam.
1998).
Menelau queria recuperar a esposa e empreendeu uma jornada
com a ajuda dos melhores guerreiros e companheiros que lhe prome-
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cia do feminino.
Segundo Jung (1987, vol. XVI/2, § 361, p.44), existem quatro está-
p.244).
desenvolvimento sem enfrentar o perigo que esse processo representa.
Beleza e harmonia era a constante busca dos gregos nas artes e nas
deu origem a uma guerra longa e sangrenta. Esse tema inspirou uma
escolhido por Zeus para escolher a mais bela. Páris opta por Afrodite e
Deus.
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va a cor e a sensualidade. É conhecido por seus retábulos contra a refor-
ma, retratos, paisagens e temas mitológicos.
Rubens retrata o momento em que Páris estava pastoreando e
aparece uma Erínia, sinal de mal pressagio, pois, essa atitude causará
uma guerra.
eram guardiãs das leis da natureza e da ordem física e moral, por isso
puniam os transgressores, somente muito tempo depois se tornaram di-
vindades vingadoras.
uma delas, com certeza, geraria uma guerra. Cada uma possui caracterís-
ticas próprias e únicas, mas todas querem ser a mais bela, pois a beleza
é fundamental para o feminino.
As deusas foram retratadas nuas, envoltas em tecidos leves e
transparentes, deixando à mostra todo o corpo. Ao lado de cada uma es-
tão seus atributos. Nos pés de Antena, o elmo, a capa e o escudo. Junto a
Figura 9. Anselm Feuerbach. O Julgamento de Páris, 1870. Óleo sobre tela, 228 x 443
Na obra de Anselm Feuerbach (1929-1829) pintor de estilo clássi-
co, da escola alemã do século XIX, apenas a deusa Atena não está des-
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to da imortalidade, era símbolo do elixir da vida. A retirada da sandália
e a doação desta para o parceiro, para os hebreus, era a garantia de um
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Figura 10. Jacques Louis David. Os Amores de Páris e Helena 1788. Óleo sobre tela,
144x 180 cm. Museu de Artes Decorativas, Paris.
neoclássico (
plano, desenhadas com exatidão. Predomina a cor, sem ilusão de profun-
didade, tendo em sua composição elementos romanos, tais como arcos,
colunas, valorizando a simetria e as linhas retas. A superfície polida é
resultado de pinceladas suaves. Em sua totalidade as obras deste estilo
transmitem harmonia e equilíbrio. A escultura clássica grega e a pintura
renascentista italiana, sobretudo do mestre Rafael, foram fontes de ins-
piração para os artistas neoclássicos.
Na obra (1788), o jovem usa na cabeça
o barrete frígio característico de pastor e tem a cítara em suas mãos.
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bre vestes na Idade Média, os judeus em geral e os patriarcas e profetas
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dades criadoras, que usam o capuz pontiagudo como sinal de reconhe-
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foram seus criadores. Na Grécia antiga a música teve sua origem com o
traiu Menelau por vontade própria, mas seu destino sofreu a interven-
aceitasse partir com ele para Troia, o que motivou a guerra que envolveu
deuses e mortais.
Figura 12. Dante Gabriel Rossetti, Helena de Troia, 1863. Óleo sobre tela, 32,8 x 27,7
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semblante carrega um indício de inquietação. As mãos seguram o colar
e o indicador aponta o pendente, enquanto Troia queima por trás dela.
e profunda transformação.
Helena de Troia
Liverpool.
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ruiva, de pele muito clara e olhos azuis. Exibe formas volumosas, usa
adornos na cor vermelha, enfatizada em toda a pintura, transmitindo
calor e sensualidade.
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promissos e disputas; a escolha entre poder, sabedoria e amor; a vin-
I.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
• Comente sobre a estratégia dos gregos para entrar em Troia.
•
II.
Abba
tecia
(tradução livre)
passaram a noite no templo de Apolo. No dia seguinte, quando foram
encontrados, ainda dormiam e duas serpentes lambiam seus ouvidos.
dom da profecia.
Apolo havia se apaixonado por Cassandra e queria que ela o acei-
tasse como amante. A jovem não se entregou ao deus que, sentindo-se
rejeitado a amaldiçoou, mas não podendo retirar o dom concedido, tirou
da jovem a capacidade de persuasão e fez com que ninguém acreditasse
se voltasse para sua terra, mas novamente a profetisa não foi ouvida e,
-
reriam na época. A fonte utilizada por Christa Wolf foi
-
máticas geradas pelos conquistadores patriarcais. Cassandra estaria em
-
tos relativos à história e ao culto das duas grandes divindades da poesia,
da música, da medicina e, sobretudo da adivinhação, Apolo e Dionísio.
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dades, adentra ao reino das sombras e da luz, concilia a alma, o sagra-
do esquerdo e o sagrado direito. Apolo e Dionísio, nesse momento, se
complementam e realizam a harmonia, que é a meta suprema. Transe e
1998, p.819-820).
-
rio, interpretava o futuro a partir dos pássaros e outros sinais externos
-
cia e as orienta no sentido da espiritualização. Em algumas passagens da
dos titãs Ceos e Febe, que pertence à primeira geração divina. A vingati-
nem um ponto da terra lhe desse abrigo. Leto vagou com dores de parto
por toda a terra, sem abrigo, condenada às dores eternas de um parto
de Zeus, seu pai. Suas sacerdotisas, as Pítias, não precisavam ser muito
preparadas, mas ter boa conduta. Apolo era o músico e a pítia era seu
originou no Ônfalo
o centro do mundo, matriz, útero, onde se encontra o embrião. Simboliza
p. 659).
É neste ponto central de Delfos, onde foi enterrada a serpente
-
dor e ético do deus buscou conciliar a tensão que sempre existiu entre
as
as máximas do Templo de Apolo que pregam a sabedoria, o meio-ter-
mo, o equilíbrio, a moderação. A serenidade apolínea tornou-se, para
foram consideradas dons divinos, concedidos principalmente por Apolo
escuridão.
-
vida empobrecida.
A tentativa de Apolo possuir as ninfas à força pode ser uma metá-
fora da razão quando quer controlar, submetendo os impulsos instinti-
racional. A razão, porém, não é boa guia nos relacionamentos. Sua ca-
pacidade de promover intimidade e conexão com o outro é bastante re-
convicção, não convence. A verdade fria e sem alma, não toca os demais.
Cassandra pode ter sido punida pelo deus porque não aceitou a di-
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manter livre, mesmo pagando um alto preço por isso. Foi considerada
louca e teve uma morte trágica, por querer manter-se virgem, ou seja,
pertencer a si mesma. Queria servir como mediadora, representante do
dom que lhe foi dado diretamente pelas serpentes do templo, não por
meio da relação com o deus, se tornando sua amante.
Cassandra não queria se unir com a divindade, não queria se en-
tregar ao deus Apolo, tornar-se sua esposa. Muitas divindades gregas
estranhar, que não acreditem nela. Nem ela mesma acredita em si – seu
p.61).
Cassandra foi levada à loucura pelo impacto de suas profecias.
não é sua como se fosse e perder-se em ideias que não lhe pertencem.
Em vez de mediatriz ela pode se tornar a primeira vítima de sua própria
natureza.
-
minada pelo medo e pela ansiedade e impulsivamente, deixar escapar
-
sente na realidade atual. Evidencia-se no caso da mulher que rejeita a
feminilidade primordial e o seu poder de ouvir o inaudível, para adap-
tar-se ao mundo onde predomina o masculino ou, de modo mais amplo,
na desvalorização da intuição como função de orientação, dentro dos
limites de uma sociedade que valoriza a razão e o pensamento lógico,
desacreditando de outro tipo de percepção. Quem são as ‘Cassandras’
dos quais deseja fazer parte. Representaria ainda, a mulher que assume
-
teúdos psíquicos; dinâmicas familiares ou grupais que ninguém admite,
muitas vezes, atraindo para si a antipatia alheia.
Toda pessoa experimenta o descrédito em algum momento em que
lhe falta a capacidade de persuasão e não pode convencer alguém de
que a sua opinião está correta, podendo evitar algum tipo de problema.
Na cultura dominada pela lógica racional, se os argumentos não forem
levadas em conta.
Tal situação pode se iniciar na família. Uma criança mais sensível,
-
ela ‘tenta’ avisar que algo ruim está acontecendo, mas ninguém a ouve
porque, devido aos sintomas, a desequilibrada parece ser ela. A crian-
o que pode ser compreendido, num sentido mais profundo, como uma
cisão de opostos que deveriam operar em harmonia no plano intrapsí-
observador é capaz de sentir sua angústia, sua dor em não poder salvar
seu povo.
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coço, um colar de folhas de oliveira, um colar de pérolas douradas e ou-
tro azul, que parece ser de pedras cianitas.
1998, p.713).
-
lar, ígneo, divino, à perfeição.
-
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nos. Está no plano intermediário entre o visível e o invisível. A cor azul
de se defender.
Pelo ato de profanação do templo, o guerreiro foi punido por
Atena, que esperou o retorno dos gregos e enviou uma tempestade fa-
zendo naufragar seu barco e fulminando Ajax com o raio de Zeus.
Figura 17. John Collier, Cassandra, 1885. Óleo sobre tela, 62x48 cm. Coleção Particular.
sua cidade e ninguém ter acreditado. Ainda está lá o cavalo, presente dos
gregos, armadilha fatal.
-
cabelo é semelhante ao fogo e uma densa fumaça negra sobe por trás da
imagem de Cassandra. É como se a princesa e sua cidade fossem uma só.
Como se ela mesma se incendiasse e quisesse livrar-se das chamas por
meio de um gesto insano. Seu olhar está distante e vazio, como se não
tivesse foco de observação, dando a impressão de olhar para dentro de
si mesma.
-
pirados pelo mito.
I. Sugestões de questões
•
•
•
•
• Acredita na sua capacidade de perceber coisas que os demais
•
•
•
II.
•
mudar, mas não consegue.
• -
-
mentos sobre isso.
• A partir de uma das imagens acima, faça uma releitura da obra,
escolha diferentes materiais.
• , do grupo Abba, cuja letra está abaixo
música.
Cassandra
Some of us wanted but none of us could
shouting Listen to words of warning
But on the darkest of nights
fate
thorough
Tradução livre
sure to wait
Cassandra
Descendo a rua todos estão cantando e
gritando
Some of us wanted but none of us could
Estão vivos, embora a cidade esteja morta
Listen to words of warning
Escondendo sua vergonha em risos vazios
But on the darkest of nights
sua cama
And we were caught in our sleep Pobre Cassandra ninguém acreditava em
assim continua
uma sombra
o destino.
Arrumando suas bagagens lenta e
completamente
Sabendo que, apesar de estar atrasada,
aquele barco vai esperar
Desculpe Cassandra eu entendi mal...
Eu vi o navio deixar o porto ao nascer do
sol
As velas quase afrouxaram na chuva fria
da manhã
Ela estava de pé no convés, parecia uma
imagem feita de lata
Rígida e reprimida com os olhos cheios de
sofrimento
Desculpe Cassandra eu entendi mal...
Sinto muito, Cassandra
Sinto muito, Cassandra.
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem por seus maridos
Poder e força de Atenas
-
mente ocorreram por volta de 1260 a 1250 a. C.. A Ilíada começa na fase
-
tando os deuses com as características dos dórios, povo vindo do norte,
1999).
-
cepção dos deuses. As narrativas míticas, entretanto, continuaram a
uma série de aventuras, até que consiga retornar a seu lar e reencontrar
sua família. Ulisses é descrito como herói sábio e habilidoso, que cria
estratégias na batalha e ainda aconselha o valente e impetuoso Aquiles,
nos seus momentos de fúria.
explica sua esperteza (GRAVES, 2004, p.69). Sua mãe, Anticleia, esposa
de Laertes, entregou-se a Sísifo e com ele concebeu o herói, porque seu
-
reiro conseguiria retornar à sua terra. Por esse motivo, Ulisses e seus
companheiros enfrentaram tempestades e naufrágios, perderam-se no
mar por muitos anos até que se aplacasse a fúria divina.
A jornada de Ulisses é, segundo Campbell (2015, p.197), um pro-
cesso de reintegração do masculino com o feminino numa relação de
reciprocidade. Simboliza a união dos opostos, a relação entre a cons-
-
tabelecer um relacionamento mais apropriado com o feminino. Assim, a
estória pode ser vista como uma metáfora do processo de individuação,
conforme descreve a Psicologia Analítica.
1986, p.45).
Circe tinha o poder de transformar seres humanos em animais e
vivia cercada de feras. Quando a tripulação desembarcou em sua ilha, os
homens foram transformados em porcos. Ulisses tomou uma bebida e se
apaixonou pela feiticeira que o manteve na ilha durante um ano. Só es-
fazer com que seus homens fossem libertados e que Circe lhe indicasse
o caminho de volta. Emma Jung (1991, p. 63) menciona o ato de oferecer
-
que dá uma taça com
uma bebida de amor, de encantamento, metamorfose ou morte.
A transformação dos marujos em porcos simboliza um estado psi-
-
ção. Tornar-se consciente e atento aos conteúdos inconscientes é a ma-
neira mais segura de estabelecer um relacionamento com esse aspecto e
-
sar ileso seu navio em um estreito entre dois rochedos perigosos, onde
espreitam os monstros Cila e Caríbdis. Evitando um, poderia ser pego
pelo outro. Antes de viver no rochedo, Cila era uma ninfa das águas por
quem Glauco era apaixonado, porém, não correspondido. Como era mui-
to feio, ele pediu a Circe um feitiço para conquistar a amada. A feiticeira
se apaixonou por Glauco, então decidiu transformar Cila num monstro
com seis cabeças de serpente. A criatura terrível foi viver no estreito da
Sicília, devorando os marinheiros que por ali passavam. Do outro lado
do rochedo havia um terrível sorvedouro denominado Caríbdis, ter-
ror dos navegantes, que ao passar pelo estreito, arriscavam-se a serem
vítimas de um dos dois monstros. Quando o navio de Ulisses passou
por esse caminho, Cila apareceu e devorou seis homens da tripulação.
Simbolicamente essa é uma situação recorrente na vida em que se deve
fazer uma escolha difícil e, seja qual for a opção, haverá uma perda.
Além disso, no mar havia outros perigos. Ulisses e seus marinhei-
ros precisavam resistir ao encanto das sereias. -
ta que antigos contadores de estórias diziam que as sereias eram compa-
nheiras e auxiliares de Perséfone. Levavam os marinheiros, atraindo-os
para a morte com sua música e seu canto suave. Servas da deusa do sub-
mundo estavam também condenadas a morrer, se um navio passasse por
elas e a tripulação escapasse. Quando Ulisses e seus marujos resistiram
ao encantamento, as sereias se suicidaram.
De acordo com McLean (1992, p. 49) a etimologia da palavra sereia
1986, p.214).
Calipso, que impediu a partida de Ulisses, é apenas um exemplo
das diversas estórias em que um homem é atraído para uma ilha por uma
mulher encantadora, de onde não pode encontrar o caminho de volta
Quando um ser da natureza tenta se relacionar com uma pessoa e por ela
-
ciente não desenvolvido, busca tornar-se consciente.
A anima representa a ligação com a fonte da vida que está no in-
consciente. Quando não existe essa relação, o homem entra num estado
de rigidez ou estagnação perturbadora. Emma Jung (1991, p. 93) explica
que a anima é um fator psíquico a ser levado em consideração e que não
1996).
Ulisses tinha que sair do estado de encantamento e retornar à vida
novamente naufragar. Dessa vez, Ulisses com a ajuda de Atena, que fez
com que Nausícaa o encontrasse, foi recebido no palácio do rei Alcínoo,
onde teve ajuda.
Na última etapa da jornada, Nausícaa, lhe arranja um barco e
-
tiga Grécia, os nomes femininos geralmente derivavam de animais, so-
Contos da Mamãe Gansa, de Grimm. Relacionam-se com o destino, como
no Jogo do Ganso, que é uma derivação simbólica dos perigos, aven-
pelo conselho de Ulisses, que sugeriu que deixasse que ela mesma esco-
-
-
pel importante na sociedade, ainda dependente do trabalho feminino na
aos próprios sentimentos. Como rainha, seu papel exigia que se casasse
novamente, caso o esposo não retornasse da guerra. Ela cumpriria a
promessa, mas não era esse o seu desejo, talvez porque alimentasse a
esperança de que Ulisses ainda estivesse vivo. Seus pretendentes que-
riam se apropriar do reino, do poder e do espólio do rei supostamente
morto e Penélope seria mais um objeto valioso do tesouro real. Esperar
pelo marido, postergando a nova união, pode ser um modo de se manter
-
mento da vida.
-
ral como a lã, seda ou algodão, cria um tecido que se torna um produto
cultural. Simbolicamente esse processo civilizatório representa o desen-
para que escolha um novo esposo, enquanto ela ainda se sente emocio-
Figura 19. John Willian Waterhouse, Penélope e os Pretendentes, 1912. Óleo sobre
trabalho.
seu ardor sexual e paixão pelo esposo. Concentra-se em seu tear e não
Ulisses.
na totalidade psíquica.
pode conduzir para cima ou para baixo, eleva aos céus e desce aos infer-
nos. Por meio do canto perturbador dos sentidos, as sereias seduziam os
navegantes para em seguida matá-los e devorá-los.
John Willian Waterhouse representa as sereias com corpos de pás-
saros, que simbolizavam o espírito dos mortos. As sereias pássaros, qua-
outro, que pode ser realizada pelos vivos ou pelos mortos. Ulisses sabe
dos perigos da jornada, protege seus marinheiros e a si próprio das ci-
seu proprietário e só pode ser manejado por ele, portanto, Penélope de-
seja que nenhum de seus pretendentes consiga atingir o alvo e, por meio
dessa estratégia, possa se livrar deles. Por isso, somente Ulisses conse-
I.
•
•
•
•
• Quais sentimentos surgem ao ver o parceiro sair para enfrentar
•
•
•
•
•
• Comente as aventuras de Ulisses.
II.
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas Nem defeito, nem qualidade
Vivem pros seus maridos
Não tem sonhos, só tem presságios
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas
Chico Buarque
-
Néfele, receosa de que os
Poseidon. Educado pelo centauro Quíron, aos vinte anos, Jasão deixou o
mestre e retornou à cidade natal. Ao chegar, surpreendeu Pélias a quem
o oráculo havia advertido que tomasse cuidado com um homem que
chegaria usando apenas uma sandália.
No caminho, Jasão havia perdido uma de suas sandálias no fundo
de um rio, quando viu uma velha senhora que implorava ajuda para a
para levá-la nas costas, porém, sentiu um peso excessivo, pois não se
desejava punir Pélias por negligenciar seu culto. A deusa ajudaria Jasão
a destronar o rei para castigá-lo.
-
de Delfos revelou que Iolco nunca prosperaria até que sua sombra fosse
Nestor.
-
-
tas precisaram de muita perícia para atravessar um perigoso estreito.
-
didas pelas vagas, ajuntavam-se, às vezes, esmagando completamente
qualquer objeto que estivesse entre elas. Eram as Simplégades, as Ilhas
da Colisão. Quando chegaram às proximidades, os marinheiros soltaram
uma pomba, que passou entre os rochedos, sã e salva, perdendo só algu-
mas penas da cauda. Jasão e seus companheiros aproveitaram-se do mo-
mento favorável em que as ilhas se afastavam uma da outra e passaram,
mas as ilhas colidiram de novo, atingindo a popa do barco.
-
rem ao reino da Cólquida. Jasão apresentou-se ao rei Eetes, guardião do
conseguisse arar a terra com dois touros de patas de bronze, que solta-
vam fogo pela boca e pelas narinas e depois semear os dentes do dragão,
que Cadmo matara e dos quais nasceria um exército de guerreiros, que
voltariam suas armas contra o semeador.
Cadmo era um dos irmãos de Europa, raptada por Zeus, que saíram
à procura da irmã, mas acabaram por desistir da busca. A conselho do
oráculo, Cadmo aceitou a missão de fundar uma cidade. Ao chegar ao lo-
cal determinado, um dragão devorou alguns de seus companheiros, po-
guerra, Ares, que exigiu reparação, fazendo com que Cadmo o servisse
como escravo durante oito anos. Atena o instruiu a semear os dentes do
dragão, que imediatamente se transformaram em guerreiros armados.
Cadmo atirou pedras no meio deles, que logo começaram a lutar entre
si. Desses homens sobraram cinco, que o ajudaram a cumprir sua missão.
Jasão deveria passar pela prova da semeadura dos dentes desse dra-
enviasse Eros para fazer com que Medeia se apaixonasse por ele e con-
cordasse em colaborar para que conseguisse cumprir sua tarefa. Medeia,
apaixonada, aceitou com a única condição de que se casasse com ela.
mas, vendo que seria derrotado, atirou uma pedra no meio dos inimi-
gos, que imediatamente se voltaram uns contra os outros, destruindo-se
mutuamente.
-
cer. Assim, Jasão conseguiu apoderar-se do Velocino e partir com Medeia
e seus amigos.
Em sua fuga da Cólquida, Medeia havia levado consigo seu jovem
irmão Absirto. Ao perceber que os navios de Eetes perseguiam os argo-
nautas e os estavam quase alcançando, Medeia mandou esquartejar o
irmão e atirar seus membros ao mar. Eetes, ao chegar ao local, encontrou
aceitou o acordo.
Furiosa com essa ingratidão Medeia invocou os deuses, pedindo
Subiu em seu carro puxado por serpentes aladas e fugiu pelos céus. Na
da Média.
Jasão perdeu a proteção dos deuses por ter quebrado o juramento
feito a Medeia e levou uma vida errante, indo de cidade em cidade, lem-
brando suas glorias do passado e as desgraças que se abateram sobre ele.
Já idoso, passava seus dias sentado à sombra do velho Argo que apodre-
cia, até que uma viga, de repente, despencou sobre ele e o matou.
De Medeia se diz que jamais morreu, pois até a Morte tinha medo
de se aproximar dela.
tragédia -
-
los coríntios. Com o tempo a versão de Eurípedes foi sendo assimilada,
-
-
minina, ao mesmo tempo amorosa e destrutiva, bem como as profundas
traição e decidiu sobre a própria vida, num mundo dominado pelos ho-
mens, teve interesse renovado pelo movimento feminista.
-
dor do povo oprimido da Vila do Meio-Dia. Além de perder o companhei-
ro, Joana será expulsa por Creonte, com duas crianças. Tendo falhado
no plano de vingança, de assassinar a noiva no dia do casamento, ela
, igualmente venera-
do em Esparta, para afastar as feras e proteger os rebanhos. Esses ritos
cristãs.
dourada.
-
ropeia que expressa ideia de cura, conforme Brandão (2014) Como
com seu pai Eson, em grego , o que cura, ou reanima. Assim, missão
do herói pode estar relacionada à cura no sentido coletivo, quando é en-
carregado de quebrar a maldição e restabelecer a harmonia de seu reino.
Eson, velho e fraco, foi reanimado por Medeia. Ao reanimar Eson,
Medeia, dá mais tempo para Jasão evoluir em seu processo de autoco-
nhecimento; ela indica o caminho, mas Jasão não compreende o sentido
de sua missão.
Pélias diz que está disposto a abdicar, desde que o sobrinho lhe
aspira.
-
refa heroica de Jasão é combater o usurpador, buscando resgatar o poder,
mas sem se tornar ele próprio um tirano. Pélias estabelece tal condição
por deslealdade, pois espera que o sobrinho morra na tentativa, mas psi-
de liberação.
Argo, a nave branca, símbolo da pureza, deveria conduzi-los à pu-
-
jetivo é a conquista da força espiritual, da verdade e da pureza da alma.
-
-
cimento, morte e renascimento. Suas águas em constante movimento
revelam a transitoriedade entre as possibilidades, a realidade, lugar de
situação ambivalente, de incertezas, de dúvidas, de indecisão. Para os
místicos e poetas, o mar simboliza o mundo e o coração humano, lugar
-
vessia pelo interior de um obstáculo. Brandão (1987) relata que as Ilhas
de Colisão, as Simplégades, eram recifes móveis, que se chocavam e
fogo pelas narinas. Com esses touros deveria arar a terra e, para tanto,
precisava se aproximar deles para atrelá-los ao arado.
-
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cundidade e a virilidade indomada.
o endurecimento do espírito.
Assim, a tarefa imposta a Jasão é domar essa energia fecunda-
dora e com ela fertilizar a terra. Como os touros eram divinos, forja-
-
rística reforçada pelo fato de que o dragão pertencia a Ares (Marte), deus
da guerra. Esses dentes são potenciais destrutivos que se multiplicam
num exército de gigantescos soldados de ferro, símbolos de Marte. São
homens de ferro, de alma endurecida, predestinados ao poder, ambicio-
sos, ligados a agressividade perversa. Jasão deve se safar desses seres
brutais, contando com o fato de serem fortes, porém estúpidos e não
percebem de onde vem o ataque, enfurecendo-se uns com os outros.
para usar de energia contra qualquer desordem. Mas ele não vence gra-
ças à sua força e usa a intriga. Jasão faz como os tiranos, para vencer os
adversários, tenta dividir e desunir. Lança uma pedra no meio dos gigan-
tes, fazendo cada um achar que estava sendo atacado pelo outro. Assim
Jasão demonstra que pretende assegurar o futuro reino pela intriga, mas
-
gão surge nos mitos protegendo um tesouro que o herói precisa resgatar,
seja algo material como ouro ou simbólico como a sabedoria. Eliade
próprias forças, não pediu ajuda aos seus companheiros, mas recorreu
novamente ao auxílio de Medeia. Essa não é uma escolha justa porque
dar-se conta de que a sombra existe e que ele pode tirar forças
dela. Tem de compor-se com as potencias destrutivas se quiser
p.671).
seja, na área que a metafísica reservou para si. Tudo o que é tocado pela
anima toma-se numinoso, isto é, incondicional, perigoso, tabu, mágico.”
(JUNG, 2000, vol. IX/1, §55, p. 37).
A -
-
te, da mente primitiva da história da linguagem e da religião.
Ela é um no sentindo próprio da palavra. Ela é algo que
vive por si mesma e que nos faz viver. (JUNG, 2000, vol. IX/1,
§57, p. 37).
Muitas vezes a
uma sacerdotisa. Mulheres ligadas às ‘forças das trevas’ e ao ‘mundo dos
espíritos’.
1983, p.186).
A
psique do homem, é a imagem interior, da mulher, que se manifesta em
cada homem de acordo com sua psicologia individual. De acordo com
Neumann (2001) a é o veículo da transformação na psique mascu-
lina. Ela instiga a mudança, atrai e estimula o homem nas aventuras de
ação e criação no mundo interno e externo. Essa imagem causa respos-
ta emocional tanto positiva como negativa. Ela pode ser experimentada
como musa inspiradora ou como mulher fatal, sedutora e traiçoeira. Seu
mundo interior e seu relacionamento com mulheres só se desenvolve,
quando o homem se torna consciente e se torna capaz de valorizar o
feminino.
Para Jung (2000, vol. IX/1), a relação com a é um teste de
coragem, uma prova de fogo para o homem. Na está oculto um
poder dominador capaz de prejudicar ou, inversamente, estimular a sua
coragem para os atos mais arrojados. A pode servir como media-
-
der divino para salvar ou destruir. Toda idealização do feminino constela
-
tativa de ser salvo por uma mulher está ligada ao medo de ser destruído
por ela.
Meira Penna (1999) demonstra que no decorrer da evolução psí-
quica, o ser humano passou a valorizar o aspecto generoso do materno,
Medeia foge num carro puxado por duas serpentes aladas, pre-
-
dial, que representa a energia, a sabedoria, a cura, mas também a morte.
Como animal primitivo, a serpente simboliza os impulsos instintivos
inconscientes.
Na natureza, as serpentes vivem em buracos e penetram em fen-
energia indiferenciada, que pode ser usada tanto para o bem quanto
para o mal. Medeia é uma iniciada nos mistérios das forças primordiais
-
nhora da feitiçaria. É representada com archotes na mão, acompanhada
de jumentos, cães e lobas. Devido aos seus poderes terríveis é temida
durante a escuridão da noite.
Essa deusa representa o aspecto ambivalente das divindades ctô-
nicas, que trazem ao mesmo tempo a renovação da vida e a sua extinção.
-
mares do mundo: os infernos, a terra e o céu.
Segundo Chevalier e Gheerbrant (1998, p. 485):
-
tivos, a lua minguante representava os poderes da morte e destruição e,
portanto, era desfavorável para qualquer empreendimento. Na obscuri-
dade da lua, as forças destrutivas estariam no auge. Nesse momento os
poderes da magia negra poderiam ser invocados. Para os gregos, o poder
apaziguá-la, evitando sua ira e o mal que praticava. Era a deusa que pro-
vocava as tempestades, a destruição e os terrores noturnos. No mundo
interior, a deusa era responsável pelos distúrbios mentais.
No aspecto positivo, a deusa propiciava a inspiração criativa, a
imaginação e a intuição. Para os povos antigos, as fantasias criativas e
misteriosas provinham do mundo dos espíritos, do reino subterrâneo.
Toda vida subjetiva estava no inconsciente, nas profundezas da escu-
ridão. A lua representava a sabedoria de natureza instintiva, enquanto
criatividade, porém, dela não viria apenas luz, mas obscuridade e confu-
são. A inspiração e a fantasia também poderiam levar à loucura.
mitos, contos de fadas e lendas. Geralmente é de mental, o ferro. É resis-
tente ao fogo. Simboliza o local e o meio da revigorarão, da regeneres-
-
dio ao nascimento de novo ser, através da morte e da cocção. Em rituais
de passagem, a cocção dentro de um caldeirão leva a imortalidade.
-
ção. Como recipiente onde se cozinha ou ferve algo, pode também ser
-
tilidade. Medeia, entretanto, usa o poder feminino mágico que o caldei-
porque este não lhe fazia as honras devidas. A deusa teria pedido a
-
dasse em ajuda-lo.
marido e se tornou a protetora dos casamentos legítimos. Quando traída
e humilhada por seu esposo, torna-se ciumenta e vingativa, perseguindo
como da videira, para provocar delírio místico nas mulheres que se recu-
savam a participar do seu culto.
admitir que nada perturbe a paz de seu lar. Quando contrariada, se torna
parental.
-
forma em ódio, a generosidade em egoísmo. Medeia se dedica totalmente
a Jasão, a partir do momento em que se apaixona por ele. Deixa sua terra,
trai o próprio pai e mata seu irmão, ou seja, ela abandona suas origens e
seus valores para se dedicar integralmente ao amado. Cavalcanti (1988)
mostra que Medeia foi do extremo da doação e da disponibilidade ao seu
oposto, a destrutividade. Segundo a autora, a mulher que doa seu poten-
cial criativo, de maneira absoluta, no casamento e nega o desenvolvi-
mento de sua individualidade, anula a si mesma e se torna vítima de sua
atitude psíquica exagerada. Torna-se possessiva e autoritária. Impede as
pessoas ao seu redor de viver a própria individualidade, porque ela não
foi capaz de fazer o mesmo. Essa mulher tenta manter a família unida
numa relação simbiótica. Invejosa e ciumenta da realização pessoal dos
outros, quanto maior o potencial renegado, mais se torna destrutiva.
-
venças, tornando-se devorador. A paixão é como o fogo que procura algo
que o extinga e é por isso que a pessoa, inconscientemente busca situa-
torna-se indomável.
-
metida para obter vantagem pessoal, então, no relacionamento predo-
minava o poder, não o amor.
Medeia, entretanto, não compreende que a traição revela o caráter
de Jasão e que a separação é um caminho de desenvolvimento. Assim
como no mito, muitas pessoas não conseguem terminar um relaciona-
mento sem se destruir mutuamente. Não conseguem reconstruir a vida
-
rando prejudicar o outro para que sinta uma dor semelhante a que estão
sentindo.
-
sim como um amor, uma planta, um animal, o ser humano. Chevalier e
-
pestade, mas na morte de um dia belo”. A morte introduz a mundos des-
conhecidos, infernos e paraísos, portanto, ela é também ambivalente,
sendo revelação e introdução.
-
-
dade, da abertura para o novo e do movimento.
A criança é símbolo do futuro e dos potenciais de desenvolvimen-
adaga ameaçadora. Na outra mão tem uma tocha com chama ardente e
espessa fumaça negra.
-
mundo. Nas casas antigas havia uma chaminé por onde saia a fumaça
do fogão, da lareira, indicando que ali havia vida, considerado o respiro
tabaco, resinas, entre outros, as colunas de fumaça que se elevam simbo-
lizam a junção do céu com a terra e espiritualização do ser humano. Mas
a tocha que Medeia carrega solta uma fumaça negra, não indica vida e
nem espiritualização, e sim destruição, morte sem renascimento. A co-
luna de fumaça não está em ascensão, volta-se para terra.
Sua carruagem se levanta no ar, carregada por serpentes aladas,
que a conduzem numa nuvem negra. A carruagem a conduz pelo ar, mas
não para um plano espiritual elevado.
-
sem dela. Seu olhar furioso é como uma adaga querendo ferir Jasão e ao
mesmo tempo transferindo para ele a responsabilidade pela morte dos
está preparando a poção mágica com a qual irá ajudar Jasão a vencer as
-
culo protetor, dentro do qual estão as ervas e objetos que fazem parte do
diante do mar.
-
lhos, demonstrando que ela teve momentos de ternura e cuidado para
com eles. A mulher a seu lado parece estar em desespero. A sensação
-
ras e do céu cinzento que pressagia tempestade se aproximando.
Medeia, 1889.
-
do-se protetor. Parece que ao ultrapassar estátua do leão negro, Medeia
adentra nos aspectos negativos simbólicos. A partir daquele passo não
terá mais volta, é o início de uma tempestade de acontecimentos.
-
ta a imagem da mulher fatal, forte e determinada, no dramático mo-
mento em que Medeia manda lançar o próprio irmão ao mar, obrigando,
assim, seu pai parar a perseguição para resgatá-lo, possibilitando que,
neste momento de resgate, ela e os argonautas escapem com o Velocino
A pintura transmite a sensação de dramaticidade e movimento.
I.
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• Foi em busca de procedimentos alternativos para ter o seu amor
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até ser encontrada por um pescador e este os levou ao seu rei, que os
acolheu. Quando Perseu tornou-se adulto, Polidectes, apaixonado por
a tarefa de exterminá-la.
Perseu aceitou a missão, apesar de todos os perigos e contando
com a ajuda dos deuses, partiu para a jornada em busca do refúgio de
-
suíam um só olho e um só dente. Perseu conseguiu tomar seu único olho,
-
tregariam tudo que precisava para matar a Górgona. Assim conseguiu as
podem representar o medo que protege, mas se for excessivo pode cau-
sar a paralisação do desenvolvimento.
-
cia nos mosaicos romanos, como símbolo da mãe terrível, o as-
espiritualidade.
o grande esforço que o ser humano deve desenvolver para atingir a justa
medida que leva à harmonia. Trilhar o caminho da individuação requer
coragem para admitir as faltas, no contexto de um justo reconhecimento
severamente Medusa.
Para que a profecia não se realizasse, Zeus engoliu Métis. Pouco tempo
depois, Zeus andava pelas margens do lago Tritônis, quando sentiu uma
de ouro, abriu o crânio de Zeus e dali surgiu uma mulher belíssima, ves-
tida em armadura e elmo de ouro, nas mãos segurava o escudo e a lança,
emitindo um poderoso grito de guerra.
Assim, nasce Atena da cabeça de seu pai, Zeus. Essa é a versão mais
tardia do mito, porém, a deusa tem origens muito remotas, no culto da
deusa neolítica das cobras, na deusa das serpentes de Creta e da Líbia.
Alguns atributos dessas antigas deidades se mantiveram nas represen-
e a coruja, apontam
no sentido de uma espiritualização. A antiga Grande Mãe minoica, com
p.31).
-
ramente intelectual, mas é criativa no desenvolvimento de habilidades
e objetos úteis para a manutenção da vida. Artesã habilidosa e inventora
criou a tecelagem, a cerâmica, o arado, o carro, o navio. Atena presen-
teou sua cidade com a oliveira. A oliveira é símbolo da paz, fecundidade,
1998, p.656).
1998, p.97).
verdade.
Como deusa da sabedoria, Atena representa a mente lógica e o uso
da razão para resolver problemas. Para Bolen (1990) a mulher regida pelo
arquétipo de Atena, consegue pensar claramente, manter calma no mo-
p. 107).
Górgonas, sobre a porta de entrada das casas, protegiam contra
intrusos hostis. Até o século V a. C., a Medusa era representada com apa-
-
regalados e serpentes enredadas em lugar dos cabelos. Posteriormente,
essas imagens tornaram-se muito menos aterrorizantes, representadas
com belas faces e serpentes estilizadas.
Assim como Atena usa a cabeça da Górgona, no escudo ou presa à
couraça, Perséfone também a adota como proteção. A deusa do mundo
subterrâneo envia a cabeça da Medusa ao encontro dos que tentam inva-
espirito manifestado.
A decapitação ritual está relacionada com a crença de que a cabeça
é a sede do espírito. E ao levar consigo a cabeça do inimigo vencido em
combate, acreditava-se que a força do adversário passava para quem o
matou.
As asas douradas na cabeça da Medusa e de suas irmãs Górgonas,
representam o movimento espiritual dual, a descida aos infernos e a su-
bida aos céus. Nas artes visuais mais antigas, pinturas em vasos de cerâ-
mica, representam Atena alada.
parte superior pelas forças inferiores, ainda mais porque o cabelo sim-
-
mento, a perda de entes queridos. As pessoas em estados depressivos
não cuidam de seus cabelos. Pentear os cabelos de alguém é sinal de
-
brado da língua.
A língua, como verbo, é uma estrutura mental e social. É a principal
via de comunicação de individuo para individuo, de grupo para grupo; é
o meio mais apurado de intercambio. Ela traduz certa unidade do ser, é
fator de coesão. Uma sociedade se desagrega quando abandona sua lín-
gua. A linguagem detém uma carga de energia, que provem de todo o ser
e visa ao ser por inteiro. A linguagem permite que se participe da vida.
A Górgona é frequentemente representada fazendo careta, com a
língua estirada. Mostrar a língua é um insulto, uma provocação. Como
-
, terceiro
olho está relacionado à percepção intuitiva, ao fogo, indica a condição
-
-
ção de Deus e alma.
-
dade da vida.
-
ciona uma ampliação da visão da realidade a quem consegue suportar.
de que eles podem, de repente, se mover. Uma estátua pode ganhar vida.
Tememos o impacto que uma representação realista demais pode cau-
sar. Qualquer obra pode ser tocante e até assustadora pela sensação que
provoca. Pessoas mais sensíveis podem se sentir sem recursos para lidar
com a emoção despertada e, imediatamente, desviam o olhar. Mesmo
podendo-se perfeitamente distinguir entre realidade e fantasia, a ima-
gem pode ser tão temida quanto o ser real porque a sensibilidade está
do perigo.
para iluminar o mundo, abrindo-lhe o caminho da arte e da sa-
-
psicológico.
-
lhar’, portanto, é um herói da luz. Por ter nascido de uma chuva fecun-
dante de ouro, tornou-se um símbolo solar. Filho de Zeus com Danae,
Perseu é um semideus, que nasce da matéria, concebido pelo espírito.
por amor. Ele o faz para proteger sua mãe. Depois novamente enfrenta
um monstro para salvar Andrômeda, por quem se apaixonou assim que
-
dora, ao terror perante esta, pois essa face pode nos transfor-
mar novamente em terra morta. Perseu conjurou esse perigo
na medida em que cortou a cabeça da Górgona com sua espada
desse terror.
morta para dar lugar ao novo, uma nova etapa, um novo deus.
-
za, as atividades vulcânicas, por exemplo, e a própria instabilidade do
planeta em sua origem. Ao longo de eras, as mudanças climáticas per-
mitiram o surgimento das diversas formas de vida, que se renova em
-
to, é necessário um grande esforço. Não cabe a impulsividade, é preciso
agir com sabedoria. Perseu não usa a força bruta, não é impulsivo ou am-
1998, p. 714).
-
liza a comunicação da alma com o corpo. Em algumas culturas o pescoço
-
-
ção e mobilidade.
Para os índios guaranis, a alma do ser humano se localiza no pes-
coço e, também, seu temperamento. Se a pessoa tiver alma de borboleta
terá temperamento dócil, se tiver temperamento cruel terá alma de ja-
guar. Para a cultura árabe-persa o pescoço feminino é belo e sensual. Até
os dias atuais o pescoço é perfumado e ornamentado com colares que
valorizam sua beleza.
1994).
por ser de ouro está ligada ao sol, ao conhecimento, a razão, aos logos.
Contém duplo aspecto, destruidor e criador, é um dos símbolos do Verbo,
da Palavra. É uma arma nobre que pertence aos cavaleiros. Entretanto
esse poder está nas mãos de um ser brutal.
Crisaor é um gigante. Em geral, os gigantes são seres movidos
por uma força bruta, que só pode ser vencida pela astúcia do herói.
-
tam a força bruta que deve ser vencida para liberar e expandir a persona-
lidade. Na mitologia grega, os deuses Atena, Dionísio, Afrodite, Poseidon
e outros, deixam para o ser humano a tarefa de matar o gigante, pois é
uma tarefa humana e não divina. A evolução da vida no sentido de uma
espiritualização crescente é o verdadeiro combate dos gigantes.
-
va do símbolo. A energia reprimida, paralisante e destrutiva da Medusa,
depois de liberada, continuou reproduzindo o mal, pois Crisaor gerou
om
Vencer Crisaor com sua espada de ouro é uma tarefa diária do ser
humano, se tiver a intenção de trilhar o caminho da individuação. Todo
dia se deve cortar, decepar, separar o bem do mal, a verdade da mentira,
portanto, a espada de ouro de Crisaor está em nossas mãos.
A oposição entre Crisaor e Pégaso indica que o potencial criativo
pode ser utilizado tanto para o bem, quanto para o mal. Tanto pode gerar
harmonia e beleza como medo e destruição.
psicológico.
As serpentes se deslocam por propulsão, em movimento sinuoso
-
dial. Em alguns mitos primitivos a imortalidade era dádiva da serpente
serpente, para Jung (1986, vol. V, §681, p. 422) depende de inúmeras cir-
Segundo Jung,
que é infantil, inferior, abissal e caótico deve ser superado. Todos esses
são símbolos do aspecto devorador do Feminino. A Mãe Terrível, a que o
autor se refere, torna-se o oposto da energia ascendente do desenvolvi-
mento do ego e símbolo de estagnação, regressão e morte.
aprisionada, pois carrega afetos tão intensos que podem provocar muito
-
frontar os conteúdos inconscientes, o complexo que estava no controle,
volta-se contra o ego e gera um medo considerável da mudança e do
desconhecido. Lutar diretamente com a Medusa é a derrota certa, por-
que o complexo pode estar tão carregado de energia reprimida, que en-
frenta-lo ocasiona uma paralisia de medo. Para a autora, o modo de lidar
com esse complexo é confrontar indiretamente a imagem da Medusa,
observando os símbolos para receber a diretriz do positi-
vo, representado no mito por Perseu, com sua espada do discernimento,
decapitando a Medusa, libera o potencial criativo.
-
-
senta o outro polo reprimido, atuando no inconsciente e que estaria por
trás dos vícios e outros sintomas que se observam na atualidade.
carregadas de veneno.
Supondo que Atena e Medusa representem aspectos opostos de
uma única personalidade, a deusa da sabedoria, como defensora dos va-
lores coletivos, reprime todo e qualquer comportamento que ultrapassa
a justa medida. Faz surgir no inconsciente, como compensação, a atitude
contrária. Assim, Medusa, que era bela e vaidosa, tornou-se horrível e
escondeu-se numa caverna, retornando ao ventre simbólico, no seio da
terra mãe. Medusa corresponde ao aspecto vergonhoso, que jamais pode
ser admitido e que se torna amedrontador.
não o retém apenas para si, nem o entrega ao rei injusto que lhe in-
cumbiu da tarefa com a intenção de livrar-se do verdadeiro herdeiro do
-
nada, usa a cabeça da Medusa para defender-se e praticar o bem. Por
escudo e na égide.
Essa versão do mito representa a transformação das imagens sim-
-
nhora das habilidades, estratégia e sabedoria, passa a usar a cabeça da
Górgona e, desse modo, assume o poder da primitiva deusa ctônica da
serpente, integrando seus atributos.
-
rado simbolicamente pela mulher que busca resgatar a dignidade femini-
na, o poder das antigas deusas representantes das forças primordiais da
natureza, bem como o respeito e a valorização do modo de pensar e agir
p.206).
lugar dos cabelos. Nos escudos e vasos, a partir do século V a. C., a face
da Medusa passou a ser representada de forma menos ameaçadora e as
serpentes foram estilizadas.
-
movimento.
-
posto no Museu do Louvre, percebe-se nitidamente a formação de uma
suástica pelo posicionamento de seus braços e pernas. A cruz como
-
madura. Em suas costas carrega dois pares de asas negras, duas abertas
para baixo e duas curvadas para cima. Em sentindo amplo as asas per-
-
tado espiritual. Ao alçar voo, o corpo perde seu peso, ocorre a desmate-
rialização, a passagem da alma ou espírito para o corpo sutil. As asas são
-
tiva, pode-se dizer que as asas estão presentes. A psique ganha asas para
percorrer os vários níveis conscientes, principalmente os inconscientes.
Seu rosto carrega um sorriso zombeteiro, como se o observador
não visse o que deveria ver. Ver aquilo que está muito além de ser capta-
Figura 30. Benvenuto Cellini, Perseu com a cabeça de Medusa. 1554, Piazza Della
Signoria, Florença.
Figura 31. Caravaggio, Medusa Murtola, 1595, óleo sobre tela montado em madeira,
enigmático, não tem traços femininos nem masculinos. Não é bela como
geralmente é representada, porém não é assustadora como as primitivas
imagens monstruosas. Seria assustadora pelo mistério e pelo grotesco. É
uma cabeça mais apavorada do que apavorante.
Figura 32. Peter Paul Rubens, Cabeça de Medusa, 1617-1618, Óleo sobre tela. , 68.5 ×
A horrorosa (1617-1618) de Peter Paul Rubens
(1577–1640) chega a ser repugnante pelo sangue e pelo excesso de ser-
-
lhados em profusão pela tela. A imagem apela talvez para os medos mais
primitivos. A cor da pele morta e os olhos arregalados dão realismo à
cena. Medusa, após a morte, continua apavorando.
-
Figura 33. Arnold Böcklin (1827-1901) Medusa, 1878 óleo sobre tela 39 x 37 cm
Germanisches Nationalmuseum, Nuremberg.
Arnold Böcklin (1827-1901), pintor suíço considerado simbolista,
-
brio, sendo frequente o tema da morte.
A (1878) impressiona pela face deprimida. Parece sofre-
-
leza se transformou em desencanto e abatimento. A face é assimétrica
e o lado luminoso do rosto ainda conserva algum sinal de feminilidade,
enquanto o outro lado parece ainda mais afetado pela deformidade. É a
face da dor e do sofrimento.
-
mento artístico formado por um grupo de poetas e pintores ingleses, os
pré-rafaelitas. Interessou-se por temas mitológicos e os representou em
várias séries de pinturas.
(1875-1890) é uma série de obras nas quais o
pintor representa o mito em etapas, sendo quatro pinturas a óleo com-
pletas e dez estudos a guache, que se encontram na Galeria Municipal
de Arte de Southampton. Burne-Jones descreve os principais episódios
criando uma narrativa coerente. Uma característica das pinturas desta
série é que, criaturas grotescas como a Medusa, são representadas de
aquele que tem uma espada dourada em suas mãos. Ambos saltam do
pescoço da Medusa e, enquanto ela cai por terra, elevam-se às alturas,
tomando quase todo o espaço ao fundo da pintura. Pégaso é a maior de
imagem parece revelar que não se trata apenas da vitória do herói sobre
um monstro que deve ser abatido. Mas é uma cena de libertação. Poderes
reprimidos e forças paralisantes, concentrados na Górgona, podem ser
-
tar o poder feminino.
A imagem mitológica da Medusa continua sendo tema de interes-
I. I. Sugestões de
•
•
•
vários objetos mágicos para que pudesse realizar sua tarefa em
•
•
II.
• -
mite a expressão de conteúdo interno mais profundo. Por secar
-
ção, tema do mito.
•
mesmo, onde é possível observar a representação do esque-
ma corporal, a autoimagem e a expressão de conteúdos emo-
Sonhava ser uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota
E naquela de pretensão queria ser um gavião
E quando estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada cegonha
Pégaso (11x)
Pega o Azul
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
Fernando Pessoa
-
-
lindo palácio. Não podia ver ninguém, mas criados invisíveis lhe disse-
ram que toda aquela riqueza era presente de um deus que cuidaria dela.
clareasse.
Quem se escondia na escuridão era o próprio deus do amor, Eros,
que em vez de cumprir as ordens da mãe, apaixonou-se pela bela princesa.
estranhava mais e até esperava ansiosa pelas suas visitas. Eros disse à
ainda que ela daria à luz uma criança e se guardasse seu segredo, seu
filho seria um deus, mas se o revelasse, seria apenas um mortal.
castelo até que Eros permitiu a visita das irmãs, mas novamente a adver-
-
tando segui-lo, caiu desmaiada. Imediatamente o castelo desapareceu e
A torre disse para levar na boca, duas moedas e, nas mãos, dois pe-
daços de pão de cevada. As moedas seriam para pagar o barqueiro que faz
a travessia do Estige. As fatias do pão serviriam para distrair Cérbero, o
ajudar um homem coxo e a salvar outro que estava se afogando. Também
-
mada de amor por Eros, antes de entregar a encomenda, resolveu pegar
que havia ali, entretanto, não era a fórmula da beleza imortal, mas o
(1990) na obra
-
bólica. Neumann interpretou esse mito do ponto de vista da psicologia
feminina, mas segundo Von Franz (1990, p.141) também pode ser rela-
cionado à integração da anima, no processo de individuação masculino.
Em (2014) Von Franz considera a narrativa do ponto de
vista da psicologia masculina, representando um problema do próprio
autor.
Simbolicamente, o mito se refere ao despertar da alma humana
-
volvimento da capacidade de relacionar-se com o outro e também com
aspectos desconhecidos de si mesmo. Revela que ambos os parceiros se
-
mentadas na jornada, representam oportunidades de aprimoramento e
desenvolvimento.
Em grego, a palavra , -
lizada para designar a alma. , , que se perpetuou universal-
mente com o sentido de alma, deriva do verbo , soprar, respirar
ser afastada de sua família. Esta previsão serve para todos os jovens de
-
tro é na verdade, outro aspecto de si mesmo, que é preciso vencer para
desenvolver um eu superior.
Ser devorado pelo monstro simboliza a morte do velho para que
nasça o novo. É necessária uma transformação interior, portanto, quan-
do se adentra ao mundo interior do espirito, entra-se em contato com
fabulosos tesouros e, ao renascer, o ser humano é novo. As imagens de
monstros devoradores, andrófagos e psicopompos estão presentes em
num belo palácio e sempre a visitava durante a noite, temendo que ela o
visse em seu aspecto real e despertasse da sedução que a mantinha ca-
tiva. Para Diel (1976, p.128) a reclusão, os encontros noturnos e a proi-
bição de olhar são símbolos claros de um amor proibido, que tem que
-
mento ilusório e mostra a realidade.
Quando se está apaixonado, facilmente se projetam no compa-
nheiro imagens idealizadas, mas o parceiro real não está visível. Como
seu amante e que o amava pelo que era de verdade, não pelo que imagi-
nava que ele fosse. Tendo seu segredo revelado, Eros também teve opor-
tunidade de amadurecer e se preparar para o relacionamento, conforme
análise de Neumann (1990).
Psicologicamente, a mulher, prisioneira do componente masculi-
no de sua personalidade, age de modo inconsciente e até prejudicial.
Para evoluir, precisa libertar-se. Sob o domínio do animus negativo, a
-
tação ocorre quando a mulher deixa de se submeter ao modelo mas-
culino e de imitá-lo; quando passa a se valorizar e a viver de maneira
espontânea, de acordo com seus sentimentos e necessidades, tornan-
do-se capaz de se relacionar com seu animus, sem ser controlada por
em demasia.
em busca do Amor.
deusa do amor.
-
pois deixa-las no abandono, tendo que descer ao seu porão sombrio,
enfrentar suas tarefas impossíveis, atravessar seu inferno, para depois
novamente despertar para o amor real.
coragem e ousadia. É um ato que não permite retorno, a partir dali o ca-
minho será árduo e o crescimento psíquico inevitável.
-
minar. Em busca do ontem, aceitou se submeter a duras provas. Apesar
da intenção de derrotá-la e até de expor ao risco de perder a vida, as
tarefas impostas por Afrodite são estímulos ao aprendizado e desenvol-
vimento. Afrodite, com desejo de punir e no papel de sogra má e mãe
ciumenta, tornou-se a velha sábia, que ao propor tarefas difíceis para
-
dora de Eros.
-
Porém, Pã, o instinto sexual vital, lhe aconselha a viver. Com este novo
-
-
gurança, arriscar-se e aceitar o sofrimento” (NEUMANN, 2000, p. 228).
-
vo são apenas virtualidades, se não forem ativados pelo contato com a
escolhas.
criativo.
-
vidade psíquica inconsciente para realizar seu trabalho. As forças da na-
tureza colaboraram nas tarefas e a impediram de desistir da própria vida
e do Amor.
As formigas, que são insetos altamente organizados, representam
-
rando e organizando os grãos. Representam no mito elementos incons-
cientes de natureza mais primitiva. São aspectos ordenadores e inte-
vida. É preciso combater a fragmentação e a dissociação para manter o
equilíbrio psíquico.
se uma moça seria boa esposa, a futura sogra lhe dava novelos de linha
-
mento secreto, um segredo ou comunica um ensinamento de sabedoria
-
blema. Representa uma intuição, que se manifesta de modo sutil, como
um sussurro.
aos galhos.
da nascente que alimenta o Cocito e o Estige, ambos são rios que ba-
para receber o masculino sem o perigo de ser destruída por seu poder.
-
do, é preciso ter. Acesso à sabedoria acumulada por toda a humanidade.
-
mem coxo e ao afogado porque a quarta tarefa requeria todos os seus
recursos e toda a sua energia. Não podia se desviar de seu objetivo, ne-
destino e procurou não se envolver com elas, conforme havia sido orien-
tem dois lados, bom e mal, certo e errado. Toda escolha tem um incon-
veniente e o perigo. Tudo no inconsciente é ambíguo, mas não se pode
hesitação.
-
-
ria à face da terra.
uma desgraça. A jovem princesa não era vista como pessoa, mas como
a encarnação da própria beleza. Esse fato, além de criar uma indispo-
sição com a deusa Afrodite, não permitia que experimentasse o amor,
da beleza imortal, consciente do risco que estava correndo, pois foi avi-
sada pela torre. Mesmo assim, decidiu tomar um pouco para si, antes de
entregá-lo a Afrodite.
Eros. Desejou ser eternamente bela. Não a beleza vaidosa, voltada para
si mesma, fator de sedução, pelo simples prazer da conquista, mas a be-
leza da mulher que deseja ser bela para ser amada. A vaidade, nesse caso,
poderia ser admitida porque propiciaria o reencontro do ser amado. A
beleza está a serviço do amor, trazendo prazer e contentamento para os
pouco da beleza de Afrodite, para doar-se ao amor (NEUMANN, 1990,
p.97).
Morrer tentando manter-se bela seria um castigo dos deuses.
-
tas da personalidade feminina e deixando de realizar plenamente seu
potencial (MCLEAN, 1992, p.93).
-
dutora do sono mortal, mostra que manter a eterna juventude só é pos-
sível por meio da morte. Morrendo jovem e bela, manteria ao menos a
mesmo que para isso tivesse que morrer, talvez porque tenha compreen-
dido que uma mortal não poderia conviver com um deus a menos que
tarefa está relacionada com um problema da anima, que faz com que
alguns homens ainda acreditem na ideia de que beleza e bondade ca-
minham juntas. Não esperam que uma mulher bela possa ter falhas de
caráter e isso causa muitos problemas no relacionamento amoroso. Para
Excesso de vaidade, natural em determinada fase da vida, se não for su-
não ingressou na esfera humana. Mostra que o animus pode atrair a mu-
lher para fora da realidade e frequentemente, nos contos e nos mitos,
aparece como um espírito de morte. Animus e anima, segundo a autora,
querem sempre nos afastar da realidade, induzindo a um estado de arre-
batamento ou absorção.
Na interpretação de Neumann (1990, p.99), ao cair desfalecida,
prazer, que não pertence apenas aos deuses, mas todo ser humano pode
experimentar ao se deixar envolver e elevar pelo amor.
No divino impudor da mocidade,
Volúpia
Florbela Espanca
de Eros.
artistas ao longo do tempo, pois vários movimentos artísticos incor-
poraram os valores e a estética da antiguidade clássica e a temática
mitológica.
imortalidade.
-
cionais, em que o deus do amor é representado como uma criança, bem
-
(1865) faz
Aparecem os perigos que a heroína deve evitar para poder sair do reino
-
deiras que tecem ao fundo. Na imagem, está prestes a pegar o barco de
Caronte e retornar. A heroína olha para o homem na água, mas seu corpo
se dirige ao seu objetivo. Esse é um momento crucial na estória e a pin-
Figura 37. Edward Burne-Jones (1833-1898), O casamento de Psiquê, 1895. Óleo sobre
tela, 119,5x215 cm. Museu Real de Bruxelas, Bélgica.
Na obra (1895), a jovem foi enviada para
o seu casamento de morte no topo da montanha, para onde se dirige o
triste cortejo. Dez pessoas caminham pela noite, com semblante pesa-
p.142).
-
mero dez está ligado ao dualismo vida e morte, simboliza o término e o
-
siderado pré-rafaelita, porém sua obra também tem sido enquadrada no
técnicas mistas. Foi considerado excelente colorista. Seus temas são mi-
-
lidade. Seus pés descalços parecem não tocar o chão.
-
cou aos temas da mitologia e literatura, em estilo suave e romântico,
-
-
mento e sutileza, a apreensão do momento em que a heroína adentra o
palácio de Eros, ainda sem saber de que se tratava de um deus e não o
monstro que iria devorá-la.
Para os romanos, a rosa teria sido criada pela deusa Flora, quan-
do quis imortalizar uma de suas ninfas que acabara de morrer. Pediu
-
mentos que simbolizam passagens para novas etapas de vida e amplia-
deus do amor pede a Zeus que torne sua amada imortal e a eleva até o
estilos diversos retrataram o momento em que a heroína é salva do sono
-
ração, sofrimento e reintegração da unidade perdida, em um processo
I.
•
•
•
•
com os pais, irmãs, Eros, Afrodite.
•
•
•
•
• Como reagiria se estivesse em um relacionamento afetivo em
•
•
•
• Conseguiria se controlar ou abriria a caixa da poção da eterna
II.
1. Separar os grãos
-
-
rada. Pode-se trabalhar com o mito em arteterapia ou na educação pro-
pondo atividades para as quais são requeridas as habilidades propostas
à heroína. A primeira tarefa, separar os grãos, exige capacidade de dis-
2. A lã de ouro
sente que são impossíveis de serem cumpridas. Está insegura e não per-
cebe os vários aspectos da situação, assim, não consegue desenvolver es-
tratégias para atingir seu objetivo. Seu potencial criativo está bloquea-
3. A água da fonte
-
te. A ascensão, porém, não necessita se realizar no plano real ou mate-
rial, mas pode ser por meio da imaginação ou pela abertura para o mun-
de inspiração, sabedoria e renovação da vida. Trabalhos que ajudem a
soltar a imaginação seriam indicados nesta etapa. Propor a temática dos
opostos altura – profundidade, subir – descer, cume – abismo.
•
alturas, acima das montanhas. Descrever, usando a escrita, essa
sensação e sentimentos.
• Elaborar uma colagem com plumas sobre o tema do seu
imaginário.
-
riores podem ter sido uma preparação para a fase mais difícil, a busca
da caixa da eterna beleza, que pertence a Perséfone, rainha do mundo
dos mortos. A descida representa a interiorização e o resgate de alguma
coisa valiosa que está guardada nas profundezas do ser, mas que é ne-
cessário trazer ao plano consciente para ocorrer uma transformação ou
Atividades:
-
re, aleatoriamente, um destes papeis. Leia e retorne para caixa.
Veja qual o sentido de sua mensagem.
5. A morte
6.
do mundo de Gaia.
É importante travar empatia com essas personagens que fazem
parte do conteúdo sombrio e que, muitas vezes, se fazem presentes,
-
jo sexual, suprimido de suas vontades e desejos, humilhado, rejeitado,
mas, das bases mais profundas do ser humano, em sua formação holísti-
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