Plano de Aula
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OBJETIVOS:
(EM13LP10) Analisar o fenômeno da variação linguística, em seus diferentes níveis (variações
fonético-fonológica, lexical, sintática, semântica e estilístico-pragmática) e em suas diferentes
dimensões (regional, histórica, social, situacional, ocupacional, etária etc.), de forma a ampliar a
compreensão sobre a natureza viva e dinâmica da língua e sobre o fenômeno da constituição de
variedades linguísticas de prestígio e estigmatizadas, e a fundamentar o respeito às variedades
linguísticas e o combate a preconceitos linguísticos.
ENCAMINHAMENTOS PEDAGÓGICOS
Aula 1 - Variação linguística
Mobilização: 10 minutos
Inicialmente serão tomados os primeiros minutos para o recebimento dos alunos e
apresentação dos professores. Em seguida, o professor Leonardo apresentará que a proposta das
próximas duas aulas é trabalhar a variação linguística e o preconceito linguístico, respectivamente,
e, então, perguntará aos alunos se já ouviram falar a respeito de algum dos temas, o que significam
esses termos e a que podem ser relacionados. Caso os alunos façam poucas contribuições ou não
oralizem o que pensaram, os professores tomarão rumo sozinhos, isto é, introduzirão que variação se
refere a qualquer alteração/mudança e que, dado a disciplina de Língua Portuguesa, será estudado
acerca da variação linguística, a variação na língua, variação nos usos da língua, nas formas de falar,
escrever e produzir textos - orais ou escritos - nas interações sociais que participamos na sociedade e
que são resultado e têm recorrência dados fatores/condicionadores internos ou externos à língua.
Tendo isso em mente, passam para o termo preconceito linguístico, explicitando que o preconceito,
em linhas gerais, se refere ao prejulgamento e à condenação acerca de tudo que pode ser - mesmo
que inicialmente - distinto a um dado indivíduo. A atitude preconceituosa é avessa à tolerância e ao
respeito e atinge outros indivíduos direta ou indiretamente. Como o preconceito linguístico se
configura e atinge outros indivíduos será abordado na segunda aula, mas será comentado que ele se
manifesta com base no equívoco no entendimento da necessidade do uso da norma padrão em todas
as esferas de comunicação social, nas concepções do uso/do falar "correto" da língua portuguesa e se
prolonga, por exemplo, nas exclusões e distanciamentos sociais que as variações valorizadas, e sua
condição privilegiada, acabam gerando em meios sociais, como ambientes
corporativos/profissionais e em entrevistas de emprego e, até mesmo, na representação caricatural
de personagens brasileiros em veículos do entretenimento. Por meio da projeção de slides
(https://docs.google.com/presentation/d/1RhwGy251-E3NGNZBIY3UZ5wwjPvf8qcAFtKut8nZcyo
/edit?usp=sharing), a professora Naiane irá mostrar uma tirinha que contém um exemplo de variação
lexical (anexo 1), e, posteriormente discutirá com os alunos as seguintes questões: 1) Todas as
pessoas falam e se comunicam da mesma forma? 2) Existe apenas uma única língua falada no
Brasil? 3) Levante hipóteses: o que pode vir a ser a Variação Linguística? 4) Vocês já presenciaram
uma pessoa sendo corrigida por usar a língua de uma determinada maneira? Cite exemplos. Da
mesma forma que anteriormente, caso pontuem poucas contribuições, os professores trarão possíveis
respostas às perguntas, não deixando, é claro, de antes estimular e instigar os estudantes oralizando
as entrelinhas e pressuposições das questões.
Atividade extra: havendo tempo extra na aula, os professores tomarão os 5 minutos para
fazerem um feedback das respostas dos alunos de forma mais aprofundada (5 min).
Conclusão: 5 minutos
Neste momento os professores farão seus agradecimentos finais a turma e as professoras, e
entregarão uma lembrancinha para os alunos. A professora Naiâne concluirá refletindo mais uma
vez que a natureza das línguas é dinâmica e viva e que, assim, inúmeras e múltiplas são as
manifestações e os usos feitos com a língua. A língua é heterogênea pois a sociedade em que ela é
usada também é heterogênea, é formada por diferentes indivíduos, todos usando a língua em toda
interação. De toda forma, salienta-se que o uso da norma padrão é, sim, preciso e requisito em
determinados contextos/esferas de ação humana e campos discursivos. Será explicado pelo professor
Leonardo que o plano do fazer linguístico em entrevistas de emprego, processos jurídicos,
apresentação de trabalho no colégio/faculdade, etc, precisa estar de acordo com a língua culta dado
ao nível de seriedade desses tipos de interações e o que será gerado, o que poderá ocorrer
posteriormente, além da imagem positiva que é atribuída ao uso da norma padrão, atrativa a
empresas e corporações. A formalidade ou a postura formal (linguística ou extralinguística) se faz
preciso, também, pela presença e representação oficial que determinados indivíduos ocupam, por
exemplo, representantes políticos durante uma discussão junto a outros vereadores ou uma discussão
que reúne presidentes de diferentes nações, como foi o caso recente na ONU em relação à guerra
entre Israel e o grupo islâmico Hamas. Nesses casos, as normas cultas das respectivas línguas não
pode ser dispensadas. Por fim, será concluído pelos professores que o uso da língua deve considerar
o contexto em que se insere e que é um dever lembrar do campo científico que trata das variações
para ser possível enxergá-las como parte de nossa expressividade e diversidade linguística-cultural.
RECURSOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
Internet, pen drive, folhas xerocadas, quadro, giz, projetor, caixa de som.
AVALIAÇÃO
A avaliação será feita por meio da verificação dos registros orais feitos em sala e dos
registros escritos concluídos em casa, em relação às atividades contendo questões acerca da variação
linguística.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: edições Loyola,
1999. BAGNO, Marcos.
BATISTA-SANTOS, Dalve Oliveira; MENEZES, Bruna Lorraynne Dias; DA SILVA, Greize Alves.
variação linguística e bncc: um olhar para o ensino médio. Porto das Letras, v. 6, n. 3, p. 316-336,
2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
Etto, R. M., & Carlos, V. G. (2019). Preconceito linguístico com menores em regime de privação de
liberdade. Palimpsesto - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 17(28),
562–582. Disponível em: https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2018.36787. Acesso em: 10 out.
2023.
ANEXO 2
ANEXO 3
ANEXO 4
ANEXO 5
ANEXO 6
ANEXO 7
1) Na canção, estão presentes palavras, como “intregal” / “doroviária” / “cedular” /
“refrigelador” / “otcho”. Nos exemplos, ocorre a troca / alteração de letras ou de sons. Escreva
outras palavras em que ocorre fenômeno semelhante.
2) Existem pessoas que falam da mesma forma que a senhora, que aparece no trecho falado
no início da canção? Você conhece alguém que fala assim? É adequado falar dessa maneira?
Comente sobre isso.
3) As pessoas precisam ser respeitadas pelo modo como elas falam. Entretanto, o modo de
falar da senhora, que aparece no trecho falado no início da canção, pode prejudicá-la de alguma
forma em alguma determinada situação? Explique.
4) Leia a frase a seguir e comente expondo sua opinião sobre o assunto: “Acredito que
errado é aquele que fala correto e não vive o que diz”.
ANEXO 8
Zaluzejo
O Teatro Mágico
Ah eu tenho fé em Deus, né?
Tudo que eu peço ele me ouci, né?
Ai quando eu tô com algum pobrema eu digo
Meu Deus! Me ajuda que eu tô com esse problema!
Ai eu peço muito a Deus, aí eu fecho meus olhos, né?
Eu Deus me ouci na hora que eu peço pra ele, né?
Eu desejo ir embora um dia pra recife
Não vou porque tenho medo de avião, de torro, de torroristo
Ai eu tenho medo, né?
Corra tudo bem
Se Deus quiser, se Deus quiser
Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho
Graxite, vrido, zaluzejo
Eu sou uma pessoa muito divertida
Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar direito
Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar
Tomar banho depois que passar roupa mata
Olhar no espelho depois que almoça entorta a boca
E o rádio diz que vai cair avião do céu
Senhora descasada namorando firme pra poder casar de véu
Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar
Quando for fazer compras no gadefour
Omovedor ajactu, sucritcho, leite dilatado, leite intregal
Pra chegar na bioténica, rua de parelepídico
Pra ligar da doroviária, telefone cedular
Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar
Quando fizer calor e quiser ir pra praia de cararatatuba
Cuidado com o carejangrejo
Tem que tá esbeldi, não pode comer pitz, pra tirar mau hálito
Toma água do chuveiro
No salão de noite, tem coisa que não sei
Mulé com mulé é lésba e homi com homi é gay
Mas dizem que quem beija os dois é bixcional
Só não pode falar nada
Quando é baile de carnaval
Pra não ficar prenha e ficar passando mal, copo d'água
E pílula de ontemproccional
Homem gosta de mulher que tem fogo o dia inteiro
Cheiro no cangote, creme rinsa no cabelo
Pra segurar namorado morrendo de amor
Escreve o nome num pepino e guarda no refrigelador
Na novela das otcho, torre de papel
Menina que não é virge, eu vejo casar de véu
Se você se assustar e tiver chilique, cuidado pra não morrer
De palaladi cadique
Tenho medo da geladeira, onde a gente guarda yogute
Porque no frio da tomada se cair água pode dá cicrutche
tô comprando um apartamento e o negócio tá quase no fim
O que na verdade preocupa é o preço do condostim
O sinico lá do prédio, certa vez outro dia me disse
Que o mundo vai se acaba no ano 2000 é o que diz o acalipse
Tenho medo de tudo que vejo e aparece na televisão
Os preju do carajundu fugiram em buraco cavado no chão
Torrorista, assassino e bandido, gente que já trouxe muita dor
O que na verdade preocupa é a fuga do seucrostador
Seucrosta quem não tem dinheiro, quem não tem emprego
E não tem condução
Documento eu levo na proxeca porque é perigoso carregar na mão
Mas quando alguém te disser tá errado ou errada
Que não vai s na cebola e não vai s em feliz
Que o x pode ter som de z e o ch pode ter som de x
Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz
E eu sou uma pessoa muito divertida
Eles não inventavam nada
Eu gostava de inventar as coisa
Não sei falar direito
Inventar uma piada, inventar uma palavra, inventa uma brincadeira
Não sei falar
Me dá um golinho
Me dá um golinho
E com muito prazer que eu convido agora todos aqueles
Que estão ouvindo esta canção
Para entoar em uníssono o cântico: Omovedor, carejangrejo
Vamos aquecer a nossa voz cantando assim
Iô, iô, iô, iô, iô, iô, iô, eu digo
Omovedor, carejangrejo, omovedor, carejangrejo, omovedor!
Omovedor, carejangrejo, só isso que eu tenho pra falar falar!