Eduardo Slerca

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A renúncia à representação é irretratável, pode ser tácita

e implica sempre em extinção de punibilidade

EDUARDO SLERCA (*)

A representação é manifestação de vontade tendente a fazer atuar o Estado-Ad-


ministração junto ao Estado-Juiz na persecução criminal pertinente. É condição de
procedibilidade da ação penal pública condicionada (rectius: da ação penal de ini-
ciativa pública condicionada). Sem a representação, não pode o :MP deflagar a ins-
tância penal nem mesmo o Delegado instaurar inquérito policial(§ 4° do artigo 5°
do CPP).
Como regra, o ofendido, seu representante legal ou os familiares listados no
parágrafo único do artigo 24 do CPP têm um prazo de seis meses a partir da data em
que se conheça a autoria, nos termos do artigo 38 daquele mesmo diploma - exceção
feita à Lei de Imprensa, onde o prazo para representação é de três meses e começa,
impreterívelmente, da data do fato(§ 1° do art. 41 da Lei 5.250/67).
Dentro deste prazo, é de se indagar sobre as lúpóteses em que e ofendido (ou
quem de direito) tiver, num primeiro momento, renunciado à representação e quei-
ra, ao depois, ainda no prazo decadencial, retratar-se da renúncia para que se proce-
da à persecução criminal. É de se indagar, igualmente, se deve prevalecer a repre-
sentação quando o representante com ela tem conduta incompatível.
Trata-se, pois, de saber se a renúncia à representação é ou não retratável, bem
assim de cogitar da possibilidade de sua versão tácita.
O Estado, sensível às repercussões do strepitus fori e a um maior relevo do ofen-
dido, mitigou o princípio da obrigatoriedade que vigora na ação penal de iniciativa
pública incondicionada e estabeleceu, em determinadas infrações penais, uma con-
dição específica da ação penal, positivando então o princípio da oportunidade.
Sempre que 'somente se proceder mediante representação', a lei atenta para o
juízo de conveniência - não do meliante - mas sim do próprio ofendido. Cumpre
porém delimitar o poder e o alcance deste juízo de conveniência do particular, mais
especificamente, no que toca à possibilidade (ou não) de retratação da renúncia à
representação, bem assim da renúncia tácita à representação.
A doutrina e a jurisprudência consultadas não se posicionam quanto ao proble-
ma. Sem embargo, após a análise do tema, chegamos à conclusão da irretratabilida-
de da renúncia e da possibilidade da renúncia tácita, pelos motivos que expomos a
seguir.

Revista do Ministério Público, Rio de Janeiro, RJ, (5) , 1997 61


A renúncia ao direito de representação é um ato jurídico que, como qualquer
outro, acarreta conseqüências - in casu, conseqüência extintiva do direito de repre-
sentação. Não há porquê negar-se-lhe validade como ato jurídico que é.
Trata-se a toda evidência, de um direito disponível pela sua própria natureza.
Aliás, justamente porque disponível o direito de representação, mitigado ficou o
princípio da obrigatoriedade, abrindo-se espaço para o princípio da oportunidade
(ou discricionariedade, como querem alguns) quando a ação for de iníciativa públi-
ca incondicionada.
Note-se bem que, malgrado disponível e discricionário o direito à representação,
indisponível é ação penal respectiva, vez que de inciativa pública e não privada.
Vale dizer, uma vez aberta a porta da persecução penal como a representação, o MP
tem o poder-dever de propor a ação respectiva, quando pertinente (pode ter havido
representação e o MP requerer o arquivamento por motivo vário).
A renúncia, pois, quando ato jurídico existente, válido e eficaz, deve ser respei-
tada e projetar os efeitos que lhe são próprios.
Obviamente, tenha havido qualquer vício de vontade, v.g., o ato de renúncia será
anulável, como de resto qualquer ato jurídico.
A lei somente traz exceção à retratação da representação, jamais à retratação da
renúncia à representação.
A retratação da representação legitima-se por evitar a via extrema do direito
penal, servindo de estímulo à pacificação e ao desenvolvimento das relações huma-
nas. Já a retratação da renúncia, além de não encontrar amparo na lei, contraria o
sistema jurídico. Sim, porque se houve renúncia foi em função de uma situação
consolidada e de uma avaliação coformada dos fatos. Não tem cabida, pois, reservar
ao ofendido a possibilidade de, no futuro, em razão de outra conjuntura qualquer,
utilizar-se da representação antes renunciada.
A retratação de uma declaração de vontade é, pois, algo excepcional - e sendo
excepcional, demanda expressa previsão legal. Não fosse excepcional a retratação,
inúteis seriam as palavras do artigo 25 do CPP, ao permitir a retratação da represen-
tação até o oferecimento da denúncia - e a lei não contém palavras inúteis.
Despiciendo seria dizer que, admitindo-se a retratação como regra, o artigo 25
apenas lhe fixaria um limite temporal. Sendo a ação de inciativa pública (malgrado
condicionada), uma vez deflagrada a instância penal, a vontade do particular não
mais importa, ressurgindo em sua inteireza o princípio da indisponibilidade. Assim,
inútil seria o artigo 25 se tivesse por fim explicitar esse limite temporal para a
retratação da renúncia, o que já deflui do regramento da ação penal de iniciativa
pública condicionada. A importância do mencionado dispositivo, portanto, vem jus-
té'.lllente da exceção aberta à retratabilidade da representação - e somente dela.
Ou seja: a retratação da representação somente é possível graças ao artigo 25 do
CPP.
Inexistindo previsão legal para a retratação da renúncia à representação, deve-

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se-a tomar por vedada. Aliás, bem andou a l~i prevendo excepcionalmente apenas a
retratação da representação, silenciando quanto à retratação da renúncia; esta con-
traria o equilíbrio social, enquanto aquela estimula o retorno ao equilíbrio social
sem interferência estatal.
Os autores em geral, quando cuidam da retratação da representação, avisam:
impossível será a retratação da retratação, ainda que dentro do prazo decadencial
[Não passa despercebida a minoritária colocação de Mirabete (Processo Penal, 3ª
edição, Atlas, 1994, SP, p. 114), que em duas linhas conclui pela retratabilidade da
retratação, aludindo a dois acórdãos neste sentido] .
Na hipótese sob estudo, a renúncia à representação equivale à retratação da re-
presentação já oferecida. Assim, pelo mesmo fundamento por que é impossível re-
tratar-se desta, há de ser impossível retratar-se daquela.
O mestre Tourinho, ao insurgir-se contra a retratação da retratação, invoca sua
equiparação à renúncia, sem contudo desenvolver esta. De toda forma, mui signifi-
cativa é a passagem que se extrai de seu clássico Processo Penal:
"A retratação, na hipótese, assemelha-se a tudo e por tudo, à renún-
cia, e, assim, devem os autos ser arquivados ... " (vol. I, 14ª edição,
Saraiva, 1993, SP, p. 203).
Com efeito, a máquina estatal não pode parar em função da possibilidade de
variação de ânimo do ofendido. Presente a renúncia, mister o arquivamento, ainda
que o prazo decadencial esteja em seu início.
Sabe a absurdo deixar os autos aguardando em cartório uma eventual retratação
de renúncia ao direito de representar. A oportunidade legal de representação foi
concedida e a faculdade respectiva exercida, ainda que em sentido negativo.
Não estivesse certo o ofendido sobre a conveniência da representação ou de sua
renúncia, deveria silenciar e manifestar-se apenas mais à frente do prazo que a lei
lhe confere, ou simplesmente deixá-lo escoar in a/bis. Ainda que precipitada ou
impensada, a renúncia do direito de representação, como ato jurídico que é, surte
efeitos. O particular pode não praticar o ato ' renúncia', mas, uma vez o tendo prati-
cado, não pode afastar seus efeitos.
Neste passo, lembre-se que o parágrafo único do artigo 43 do CPP nada diz com
o tema, cuidando aliás da hipótese precisamente inversa, i.e., quando o MP, sem
estar satisfeita a condição de procebilidade, oferece denúncia que vem a ser (correta-
mente) rejeitada.
Tal dispositivo, que pressupõe a ausência de manifestação da vontade autoriza-
dora da persecutio criminis in iudicio, não pode ser invocado para regular a situação
em que há manifestação de vontade contrária a qualquer atividade ulterior de perse-
cução.
Ademais, o parágrafo único do artigo 43 cuida da rejeição de denúncia, seguin-
do a solução também constante do CPC quanto à extinção do processo sem julga-
mento do mérito.

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Se o MP, porém, promoveu o arquivamento de um inquérito ou um termo cir-
cunstanciado por dele constar renúncia ao 'direito de representação, e o ofendido
quisesse ao depois retratar-se, representando ainda dentro do prazo legal, o caso
seria de desarquivamento puro e simples, que regula-se pelo artigo 18 do CPP. E
retratação não é prova nova.
Nem se imagine que, preenchida a condição, nos termos do parágrafo único do
artigo 43, possível seria o desarquivamento, q que contraria a letra e o espírito da
lei.
O arquivamento "por falta de base à denúncia" abrange todas as hipóteses, sal-
vante a do arquivamento resultante de rejeição de denúncia nos específicos termos
do parágrafo único do artigo 43.
Logo, a renúncia ao direito de representação, que acarreta falta de base para a
denúncia, regula-se pelo artigo 18 e a retratação de tal renúncia - se possível fosse -
não se inseriria na exceção legal que permite o desarquivamento, que é a de prova
nova conforme delineamento da parte daquele dispositivo.
Como o parágrafo único do artigo 43 é claro ao cuidar do desarquivamento dos
autos mandados a arquivo por rejeição de denúncia, impossível a aplicação analógi-
ca aos casos em que os autos são mandados a arquivo não por aquele motivo, mas
sim por requerimento ministerial neste sentido.
A analogia, como método de integração do direito, só tem cabida diante da lacu-
na, da situação não regulada. E a situação a que nos referimos tem regulação no
artigo 18, não havendo portanto lacuna a ser suprida.
Não passa despercebido, outrossim, que a aplicação analógica aventada dar-se-
ia in malam partem, haja vista o profundo e seriíssimo reflexo na punibilidade que
fora extinta com o arquivamento apoiado na renúncia ao direito de representação.
Pertinente aqui é uma analogia (aí sim) com o instituto da preclusão, embora
saibamos ser este um fenômeno processual - e a representação, bem como a sua
renúncia são fenômenos pré-processuais.
A doutrina aponta três espécies de preclusão: a temporal, a consuntiva ou consu-
mativa e a lógica. Assim o esgotamento de uma oportunidade legal se pode dar pelo
decurso do tempo sem o seu aproveitamento (preclusão temporal), pelo seu aprovei-
tamento seja de que modo for, a qualquer tempo do prazo (preclusão consuntiva) ou
pela prática de atos que sejam incompatíveis com o ato que posteriormente se quer
praticar (preclusão lógica).
A renúncia ao direito de representação ocupa duas espécies de preclusão. Ocupa
a consuntiva na medida que foi desta forma, renunciando ao direito, que o particular
manifestou-se, usando a faculdade legal. Ocupa tan1bém a preclusão lógica na medi-
da em que a renúncia ao direito de representação é inconciliável com posterior re-
presentação.
Nesta visão preclusiva lógica, encontra guarida a renúncia tácita ao direito de
representar pela prática de atos incompatíveis com a representação, genericamente

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falando, conforme explicitaremos mais adiante.
A renúncia, insista-se, é um ato jurídico e, quando imaculado de vício de exis-
tência, validade ou eficácia, segundo as norm~1s gerais de direito civil, produz con-
seqüências inafastáveis. Firmando-se como regular manifestação de vontade, sua
primeira conseqüência será de impedir futura representação pelo fato objeto da re-
núncia.
Igualmente pertinente é a analogia com a ação penal de inciativa privada, onde
a renúncia ao direito de queixa pode ser expressa ou tácita - e todos a sabem irretra-
tável. Ora, por que seria então retratável a renúncia ao direito de representação? Ou,
por outra, por que seria necessária expressa renúncia, não se admitindo renúncia
tácita à representação?
Não importa neste momento a publicidade de iniciativa da ação penal quando
em jogo a representação. Está-se a analisar a manifestação de vontade consistente
em querer ou não a persecução - e para ambas, iniciativas privada e pública condici-
onada, vigora o princípio da discricionariedade neste particular.
É por acaso de se aceitar a representação daquele que se diz ameaçado pelo
vizinho, quando é notório que este tem sido e continua sendo comensal à mesa
daquele, que o convida pelo só prazer da companhia?
O ofendido não pode dar mostrar de amizade intensa e plena, com absoluta
ausência de rancor de um lado, demandando a persecução criminal de outro.
Enfim, é a própria Lei 9.099/95 que traz grave reforço à exposição que ora de- -
senvolvernos.
De um lado, esta lei esclarece que a co.mposição dos danos civis implica em
renúncia ao direito de representar. Em bom português, está-se trocando tal direito
por pecúnia, no mais das vezes. E isto somente é possível porque disponível é o
direito de representação, podendo o ofendido aliás fazer dele o que bem entender,
inclusive renunciar mesmo sem indenização.
De outro lado, a lei é clara em distinguir o silêncio do ofendido da renúncia à
representação: nas infrações de menor potencial ofensivo em que caiba representa-
ção, pode o ofendido se resguardar para manifestação em audiência preliminar ou
até depois, desde que dentro do prazo. Assim, a lei evita que o ofendido tome apres-
sadamente uma decisão irreversível, qual seja, a de renunciar ao direito de represen-
tação.
Julgasse a lei retratável a renúncia, despiciendo seria este cuidado todo em não
impor uma manifestação de vontade quando da lavratura do termo circunstanciado
ou sequer quando da audiência preliminar.
Neste passo, cumpre registrar que a Lei 9.099/95 excepciona o CPP no que toca
ao início da fase pré-processual em crimes de iniciativa pública condicionada. Sim,
porque o inquérito policial, em casos que tais, somente se pode iniciar em havendo
já representação - o que não ocorre com o termo circunstanciado, que será lavrado e

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enviado a juízo mesmo no silêncio do ofendido. Também neste silêncio deverá ser
designada audiência preliminar.
Somente para oferecimento da denúncia será necessária a representação, conclu-
são indisputável uma vez que a própria lei é expressa em conferir oportunidade ao
ofendido para representar em audiência preliminar ou mesmo depois, dentro do
prazo normal de decadência, para os crimes cometidos após a vigência da lei (artigo
75 e seu parágrafo único da Lei 9.099/95).
Se a representação fosse pressuposto da lavratura do termo circunstanciado ou
da audiência preliminar, a lei não preveria a p1 )Ssibilidade de seu oferecimento pos-
teriormente à tentativa de composição civil. V!le dizer, até esta etapa da audiência
preliminar (tentativa de composição civil), o procedimento seguirá por impulso ofi-
cial, com ou sem representação.
Obviamente, diversa é a situação se o ofendido, em vez de silenciar, expressa-se
contrariamente à representação. Aí deverá haver arquivamento, pois não se admite
a atividade estatal contra a vontade explícita do particular em se tratando de inicia-
tiva pública condicionada.
Exemplo disto podemos ter quando o motorista envolve-se em acidente de trân-
sito e lesiona sua namorada, que vinha no banco do carona. Esta, prontan1ente,
comparece em delegacia e assevera, da maneira mais absoluta, que não quer repre-
sentar, não quer intromissão estatal, não quer coisa alguma. Verdadeiro constrangi-
mento ilegal seria designar audiência preliminar se do termo circunstanciado cons-
tar tal renúncia.
Aproveitando o exemplo, e voltando ao tema central da irretratabilidade da re-
núncia ao direito de representar, imagine-se que esta namorada assim agiu no dia do
acidente. Dois meses depois, tendo sido trocada por outra, resolve ela retratar-se da
renúncia para então representar e de alguma maneira vingar-se de seu amor frustra-
do. É de se admitir a retratação de sua renúncia à representação?
A elucubração não é pura abstração. Muita vez, senão o mais das vezes, a retra-
tação da renúncia dar-se-á por razões estranhas ao fato originário, como desconten-
tamento por uma conduta posterior qualquer.
Certo é que, se o ofendido de ameaça renuncia ao direito de representação por ter
recobrado a amizade com quem lhe ameaçou e vem a ser posterior e novamente
ameaçado, pertinente é uma representação por esta última ofensa e impertinente é
revigorar aquela ofensa a cujo direito de representação se renunciara.
Conseqüência das linhas acima é a natureza de causa extralegal de extinção da
punibilidade que ostenta a renúncia ao direito de representar.
Se irretratável, se motivo suficiente para arquivamento nos termos do artigo 18
do CPP, sem possibilidade de desarquivamento, a renúncia ao direito de representa-
ção, a exemplo do que ocorre com a renúncia ao direito de queixa ou o perdão nos
crimes de ação penal de iniciativa privada extingue a pimibilidade dos crimes a que
se refere.

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Embora discorrendo sobre a retratação da representação, o mestre TOURINHO
revela partilhar do entendimento acima ao asseverar que "a retratação da represen-
tação não deixa de ser uma causa extintiva do ius puniendi, equivalente que é à
renúncia" (opus citada, p. 324 ).
Por isto mesmo, deve o Promotor agir com cautela ao receber um Inquérito ou
um Termo Circunstanciado onde conste renúncia ao direito de representação. À
menor suspeita de vício de vontade no ato de renúncia, erro ou coação, p. ex., deve-
se notificar o ofendido para ratificar o ato - em Delegacia, diretamente no gabinete
do Promotor, em Cartório ou, sendo crime do Juizado Especial, designando-se audi-
ência preliminar.
A cautela evita seja uma declaração de vontade viciada o móvel de uma arquiva-
mento que extingue a punibilidade de um crime.
Resumindo, então temos que:
1. a renúncia ao direito de representar é irretratável; uma vez expressada ou
inferida da prática de atos incompatíveis com a representação, vedada está a perse-
cução criminal;
2. a renúnci~. ao disponível e discricionário direito de representar, como ato jurí-
dico que é, só deve ser expressada em caso da certeza de não se querer a persecução
criminal, já que ,uma vez expressada, produz os efeitos que lhe são próprios inde-
pendentemente da vontade superveniente do renunciante;
3. é de se admitir também a renúncia tácita ao direito de representação, quando
houver prática de atos incompatíveis com a vontade de representar ou com a repre-
sentação já oferecida, desde que neste último caso antes do oferecimento da denún-
cia;
4. a renúncia ao direito de representar é uma causa extralegal de extinção da
punibilidade, sendo o arquivamento com base nela promovido insuscetível de desar-
quivamento, sendo de se aplicar o artigo 18 ( e não o parágrafo único do artigo 43)
do CPP;
5. havendo renúncia regular ao direito de representação deve-se promover o
arquivamento incontinenti, nada tendo os autos que aguardar em Cartório o escoa-
mento integral do prazo decadencial.

1' 1 Eduardo Slerca é Promotor de Justiça no Estado do Rio de Janeiro.

Revista do Ministério Público, Rio de Janeiro, RJ , (5), 1997 67

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