Petição Finalizada - Id 132902 - Recursos
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Destarte, requer que a Recorrida seja intimada para que apresente contrarrazões
no prazo de 15 (quinze) dias, na forma prevista pelo artigo 1.030, caput, do Código de
Processo Civil.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
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Macaé/RJ, 21 de março de 2024.
OAB/RJ nº 130.442
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AO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Processo nº 5000058-92.2023.4.02.5116/RJ
Colendo Tribunal,
I.I. DA TEMPESTIVIDADE
I.II. DO PREPARO
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O recorrente informa que deixou de juntar o comprovante de recolhimento do
preparo recursal, tendo em vista que é beneficiário da justiça gratuita.
I.III. DO CABIMENTO
Disciplina o artigo 105, inciso III, alínea “c”, da Constituição Federal, que é
da competência, exclusiva, do Superior Tribunal de Justiça, apreciar Recurso Especial,
fundado em decisão proferida em última ou única instância, quando a mesma contrariar
tratado ou lei federal, negar-lhes vigência ou lhe der interpretação divergente da que lhe
haja atribuído outro tribunal.
A hipótese se ajusta aos ditames supra, e, nessa esteira, converge ao exame deste
Recurso Especial.
I. IV. DO PREQUESTIONAMENTO
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levar em consideração a distinção entre a atividade de mero reexame de provas e a de
revaloração legal de provas.
Embora os termos possam aparentar ser fungíveis entre si, carregam significados
distintos. O mero reexame envolve a simples rediscussão dos contornos fáticos
apreciados e não apreciados pelos Juízos inferiores, ou seja, um exercício puro e
exclusivo de conhecimento formal dos fatos da demanda.
Nessa linha, o ministro Athos Gusmão Carneiro leciona que erro em valoração de
prova, ora ensejador de Recurso Especial, torna-se verdadeiro erro de direito. A função
do Superior Tribunal de Justiça é cuidar pela unidade, autoridade e uniformidade da lei
federal, e é o que se pleiteia nesse momento.
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AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
FUNDAMENTOS NÃO IMPUGNADOS. ARTIGO 1.021, § 1º, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL/2015. PREVIDÊNCIA. PRIVADA. MIGRAÇÃO DE
PLANO DE BENEFÍCIOS. ALTERAÇÃO DE REGULAMENTO. ANULAÇÃO.
DECADÊNCIA. REVALORAÇÃO JURÍDICA. INEXISTÊNCIA DOS ÓBICES
PREVISTOS NAS SÚMULAS 5 E 7, DO STJ. PREQUESTIONAMENTO
IMPLÍCITO. POSSIBILIDADE. 1. Nos termos do artigo 1.021, §1º, do
Código de Processo Civil/2015 é inviável o agravo interno que deixa de
impugnar especificadamente os fundamentos da decisão agravada. 2.. Nos
termos da jurisprudência já consolidada desta Corte, a análise do
recurso especial não esbarra nos óbices previstos nas Súmulas 5 e 7,
do STJ, quando se exige somente o reenquadramento jurídico das
circunstâncias de fato e cláusulas contratuais expressamente
descritos no acórdão Recorrido. 3. Esta Corte admite o
prequestionamento implícito dos dispositivos tidos por violados, desde que
as teses debatidas no recurso especial tenham sido objeto de discussão
pelo Tribunal de origem. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt
no AgInt no AREsp437.669/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 26/10/2020, DJe 13/11/2020) (Grifo nosso)
Não se nega que o encaixe dos fatos sob a norma seja matéria
essencialmente jurídica e quem se este processo de qualificação se dá de
modo equivocado, tudo o que lhe segue equivocado será. Em outros
termos, se a função do recurso especial e do recurso extraordinário é
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fundamentalmente a de flagrar e a de corrigir ilegalidades, todos os casos
em que os fatos foram qualificados erradamente, tendo-lhes aplicado
norma diferente daquela que, na verdade, deveria ser aplicada,
deveriam ser reavaliados pelos Tribunais Superiores no bojo desses
recursos (Teresa Arruda Alvim Wambier. Questões de fato, conceito vago e
controlabilidade através de recurso especial. In: Aspectos polêmicos e
atuais do recurso especial e do recurso extraordinário. Coord. Teresa
Arruda Alvim Wambier. São Paulo: Revista do Tribunais, 1997, pág. 452.).
(Grifo nosso)
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Assim, passou também o Recurso Especial, desde 15 de julho de 2022, a exigir a
preliminar de “relevância”, altamente assemelhada à conhecida “Repercussão Geral” do
Supremo. Nesse sentir, nota-se que é um instrumento processual inserido na Constituição
Federal de 1988, de modo a possibilitar que o Superior Tribunal de Justiça também possa
selecionar os Recursos Especiais que irá analisar, de acordo com critérios de relevância
jurídica, política, social e/ou econômica.
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No presente caso, embora o Recorrente tenha estudado parte do ensino
fundamental em escola pública e parte em escola não pública, sua condição foi de
bolsista integral, conforme declaração acostada em Evento01-Decl16, por ser
economicamente hipossuficiente, cuja evidencia se verifica no contracheque do genitor
(Evento01-Cheq5).
Significa dizer que, como bem notado na petição inicial, a "declaração do direito do
Autor para constar dentre o rol das pessoas aprovadas como portadores de deficiência
física não prejudicará nenhum outro candidato com deficiência oriundo da escola pública
porque o único que compareceu à prova foi convocado, permanecendo vagas
remanescentes para PcD".
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SELETIVO. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNMOLÓGICA DE
MINAS GERAIS (CEFET/MG). ALUNA QUE CONCLUIU ENSINO
FUNDAMENTAL EM ESCOLA PARTICULAR. VAGAS RESERVADAS
AOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA. POSSIBILDIADE.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA CONFIRMADA. 1. A restrição
imposta à impetrante, portadora de deferência visual grave,
diagnosticada com Amaurse Congênita de Laber, para se inscrever no
Processo Seletivo dos cursos de Educação Profissional Técnica de
Nível Médio (EPTNM), por ter cursado ensino fundamental na Escola
Sesi Alvimar Carneiro de Rezende, em Contagem (MG), fere os
princípios da isonomia e da razoabilidade, sobretudo porque o edital
que rege a seleção dos candidatos não contemplou solução específica
para candidatos com deficiência oriundos de escola particular. 2. Na
espécie, em cumprimento à ordem judicial concessiva de segurança, a
aluna participou do processo seletivo nas vagas reservadas a pessoas
portadoras com deficiência, impondo-se a aplicação da teoria do fato
consumado, haja vista que o decurso de tempo consolidou um situação
fática cuja desconsideração não se mostra viável. 3. Sentença conformada.
4. Apelação e remessa oficial, desprovidas. (grifo nosso).” (TRF-1 – MAS
10152073920194013800, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL
PAES RIBEIRO, Data de Julgamento: 01/03/2021, SEXTA TURMA)
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fixadas no edital, que é a lei do certame, sendo-lhe vedado substituir-se à
banca examinadora na definição dos critérios de correção de prova. 4. No
julgamento do RE 632.853/CE, sob o rito de repercussão geral, o Supremo
Tribunal Federal fixou a tese de que não compete ao Poder Judiciário
substituir a banca examinadora para reexaminar o conteúdo das questões e
os critérios de correção utilizados, salvo ocorrência de ilegalidade ou de
inconstitucionalidade (Tema 485). 5. Todavia, este Tribunal tem mitigado
o princípio da vinculação ao edital do concurso, não amparando
situações em que a Administração interpreta com excesso de
formalismo as regras editalícias, de modo a eliminar candidato que
cumpriu, de forma diversa, os requisitos e as exigências de ingresso
sem ferir a lisura, a segurança e a legalidade do certame. 6. Nesse
sentido, o princípio da vinculação ao edital deve ser aplicado com
razoabilidade, de modo que não acabe sendo prejudicado o objetivo
principal de todo concurso público, resumido na seleção dos
candidatos mais habilitados ao desempenho dos cargos oferecidos
pela Administração Pública. (REOMS 0021197-33.2016.4.01.3800,
Desembargador Federal DANIEL PAES RIBEIRO, TRF1 - Sexta Turma, e-
DJF1 21/10/2019, dentre outros precedentes declinados no voto). 7. No
caso dos autos, a candidata, ao interpor recurso administrativo, apresentou
o necessário laudo multiprofissional comprovando sua deficiência e que se
somou ao laudo anteriormente apresentado. 8. Não se vislumbra, no caso
concreto, prejuízo à lisura do certame a apresentação do documento exigido
quando a interposição do recurso administrativo, uma vez que a deficiência
da autora já estava devidamente comprovada e não foi negada pela junta
médica, que baseou o indeferimento na falta de apresentação do
documento inicialmente exigido. Hipótese em que se deve atenuar o
excesso de rigor das regras previstas. 9. Tratando-se de ação que tem por
objeto a nomeação e posse em cargo público, e não a cobrança de
vencimentos, incabível a fixação do valor da causa com base em pretenso
proveito econômico. Precedentes do STF e desta Corte declinados no voto.
10. Honorários advocatícios sucumbenciais fixados em R$ 2.000,00 (dois
mil reais), na linha da jurisprudência da Turma, acrescidos de honorários
recursais no montante de R$ 200,00 (duzentos reais). Precedente declinado
no voto. 11. Apelação da União e remessa oficial desprovidas; apelação do
CEBRASPE parcialmente provida, tão somente para ajustar o valor da
causa e o montante dos honorários advocatícios fixados na origem. (TRF-1 -
AC: 10726103120214013400, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL
JAMIL ROSA DE JESUS OLIVEIRA, Data de Julgamento: 05/12/2022, 6ª
Turma, Data de Publicação: PJe 07/12/2022 PAG PJe 07/12/2022 PAG).
(grifo nosso).
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Ocorre que, com a concessa venia, parece se tratar da aplicação ao caso do artigo
373, §1º, do Código de Processo Civil. Veja é impossível ao Recorrente provar algo que
não existe (é a chamada prova diabólica).
Por outro lado, uma evidência de que no ano de 2014, quando o Recorrente
concluía o primeiro segmento do ensino fundamental na escola pública, não havia, à
época, escola adequada às suas necessidades: é o sancionamento de normas nos anos
seguintes que buscam esse acompanhamento específico.
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Inclusão (Lei n.º 13.146/2015) e da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista (Lei n.º 12.764/2012).
O artigo 1°, §2º da Lei 12.764/2012 estipulou que a Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais,
norma que não foi considerada na apreciação do presente feito e que, necessariamente,
merece apreciação do Nobre Desembargador-Relator.
De igual forma, a Constituição Federal também prevê em seu art. 3º, IV, que
constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Desse modo, ainda que a Lei de Cotas preveja sua limitação somente para alunos
oriundos de escola públicas, a não caracterização de PCD de alunos oriundos de escola
não pública caracteriza violação da proteção suficiente, uma das facetas do princípio da
proporcionalidade.
De igual forma, ao nosso sentir, o eventual conflito normativo trazido pela Lei de
Cotas, que injustamente excluiu do sistema de reserva de vagas as pessoas com
deficiências que tenham cursado o ensino fundamental fora da rede pública, não teria o
condão de descaracterizar a deficiência do Recorrente.
(...)
(...)
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Conforme exsurge dos autos, na data de 11/01/2023, o Juízo a quo deferiu a
medida liminar pretendida pelo Recorrente (Evento 4 - DESPADEC1), determinando que
o Recorrido incluísse o Recorrente no rol dos portadores com deficiência, bem como o
convoque para realização de matrícula no Curso de Eletromecânica Integrado ao Ensino
Médio - Diurno – 1º Semestre.
Assim, não foi concedido, pelo Relator, a tutela antecipada recursar, motivo pela
qual foi mantida a decisão liminar e efetivada a matrícula do Recorrente que perdura por
aproximadamente 01 (um) ano.
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Significa dizer que, nos documentos que instruem a exordial, o Recorrente logrou
êxito em demonstrar a probabilidade do direito invocado à época, ao passo que o próprio
Juízo primevo deferiu a medida liminar.
Assim, haveria uma completa inversão de valores, já que a política que visa a
inclusão dos menos favorecidos estaria justamente excluindo os que deveriam ser
incluídos.
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os efeitos legais" II- Na espécie, o perito judicial, embora tenha discordado do
diagnóstico de retardo mental leve, feito pelo médico particular que assiste a
autora, concluiu que ela é portadora de Síndrome de Asperger, F84.5/CID10ou,
como nomeado na nova edição do manual diagnóstico da associação norte-
americana de psiquiatria (DSM-V), Transtorno do Espectro Autista. Assim, não
restam dúvidas de que a autora se enquadra no conceito legal de pessoa
com deficiência. III- Assegurado à autora, por medida liminar de caráter
satisfativo, proferida em 22/03/2018, confirmada por sentença, a matrícula no
curso de medicina da UFMG, impõe-se a aplicação da teoria do fato
consumado, haja vista que o decurso do tempo consolidou uma situação
fática amparada por decisão judicial, cuja desconstituição não se mostra
viável. IV- Apelação desprovida. Sentença confirmada. A verba honorária resta
fixada em R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos termos dos §§ 8º e 11º do CPC
vigente. (TRF-1 – AC: 10030186320184013800, Relator: Desembargador Federal
Souza Prudente, Data de Julgamento: 20/10/2021, 5ª Turma, Data de Publicação:
PJe 21/10/2021). (Grifos nossos).”
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“§ 5ºO pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário
ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
Além disso, caso não seja concedido o efeito suspensivo ora querido, o Recorrente
poderá apresentar desenvolvimento acadêmico deficiente e dificuldades de adaptação,
desregulação emocional com comportamentos de estresse e ansiedade e impacto na
autoestima - Isolamento social e falta de oportunidade de desenvolvimento pessoal, além
de retrocessos na habilidades sociais e acadêmicas adquiridas até o momento no IIFF,
conforme conclusão do relatório da terapeuta ocupacional, Marama Bechara da Silva,
inscrita no CREFITO 2: 11.921-TO, anexo.
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No caso concreto, portanto, não restam dúvidas de que ambas as condições legais
se afiguram presentes na medida, pois a decisão afronta dispositivo legal e jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça (probabilidade do direito), e pode lhe causar grandes ônus
(perigo de dano).
Além disso, a própria instituição terá prejuízo com o cumprimento da decisão, visto
que a vaga ficará em aberto e não poderá ser destinada para terceiro.
V. DOS PEDIDOS
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Outrossim, requer que todas as publicações e intimações referentes aos autos em
epígrafe sejam realizadas em nome da advogada da causa, sob pena de nulidade, nos
termos do artigo 272, §2º do Código de Processo Civil.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
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