364 - Manual de Direito Da Energia Eletrica

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MANUAL DE DIREITO DA ENERGIA ELÉTRICA

E
MANUAL DE
ste manual encerra
um estudo de anos de

A partir da MP 579/2012, o setor elétrico passou por trabalho intenso e horas


consumidas, em geral nas

DIREITO
um novo e complexo modelo, introduzindo fragil-
idades ainda mais palatáveis pela abrupta intervenção primeiras horas das manhãs
do governo em contratos de concessão em vigor. A e nos finais de semana.
tentativa imperial de reduzir a tarifa de fornecimento de Não fosse pelo sentimento
energia esbarrou na lógica do mercado – muitos con- de que o livro poderia ser
cessionários de geração, simplesmente, não aceitaram de alguma utilidade na
se curvar às novas regras -, levando a uma exposição sistematização de temas

DA ENERGIA
esparsos e complexos,
RODRIGO involuntária das distribuidoras que ficaram descontrata-
talvez o trabalho tivesse
BERNARDES BRAGA das. Esta questão transcende e muito o universo restrito
da política governamental do momento, uma vez que a sido interrompido em
Advogado. LLM em Direito Socie- longevidade das usinas hidráulicas – cuja vida útil tende algum momento. Mas a

ELÉTRICA
tário pelo IBMEC/ RJ. Professor a superar os períodos de concessão – impõe cautela ideia obstinada de compor
do Poder Público em suas decisões que vão afetar o uma visão sistêmica sobre o
do Pós-Graduação do IBMEC/MG.
mercado investidor. Não se nega a possibilidade do setor elétrico, algo inovador
Foi Head do Jurídico Regional da
Poder Público de revisitar o modelo, mas, ao fazê-lo, e sem precedentes, fez
Vale S.A. (2001-2006), Arcelor- com que me entregasse
Mittal Aços Planos (2006-2008) e deve ouvir previamente as suas partes componentes,
a fim de não produzir incertezas e quebrar o eixo de a essa tarefa individual
General Counsel na Vale Soluções e solitária. É certo que,
segurança que sustenta o setor elétrico.
em Energia S.A. (2008-2013), ten- pela dinâmica do setor,
do sido membro titular dos Con-
selhos de Administração da Turbo
RODRIGO BERNARDES BRAGA com grande inclinação do
Poder Público de introduzir
Power Systems Inc. (Canadá e mudanças pontuais no

RODRIGO BERNARDES BRAGA


Reino Unido) e Plum Combustion marco regulatório, hoje
Inc. (Atlanta-USA) entre 2010 a uma verdadeira colcha de
2013. Autor de diversos livros e retalhos, corre-se o risco de
artigos jurídicos. Atualmente é Vi- lançar uma obra com um ou
ce-Presidente da SRT Energia S.A. outro aspecto defasado,
mas creio que o esforço de
coligir um estudo sistêmico,
ISBN 978-85-8425-389-0 abordando a geração,
transmissão, distribuição
9 788584 253890 e comercialização de
energia elétrica possa ser
recompensado por essa
falta de estabilidade jurídica
das regras em vigor.

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MANUAL DE
DIREITO
DA ENERGIA
ELÉTRICA
RODRIGO BERNARDES BRAGA

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Copyright © 2016, D’ Plácido Editora.
Copyright © 2016, Rodrigo Bernardes Braga.

Editor Chefe
Plácido Arraes

Produtor Editorial
Tales Leon de Marco Editora D’Plácido
Capa Av. Brasil, 1843 , Savassi
Bárbara Rodrigues da Silva Belo Horizonte – MG
Tel.: 3261 2801
Diagramação CEP 30140-007
Bárbara Rodrigues da Silva

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta


obra pode ser reproduzida, por quaisquer meios, sem
a autorização prévia da D’Plácido Editora.

Catalogação na Publicação (CIP)


Ficha catalográfica

BRAGA, Rodrigo Bernardes


Manual de direito da energia elétrica -- Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2016.

Bibliografia.
ISBN: 978-85-8425-389-0

1. Direito. 2. Direito Regulátório. I. Título. II. Rodrigo Bernades Braga


CDU349 CDD340

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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 19

PARTE GERAL 25
1. AS ESCOLHAS TRÁGICAS 27
1.1. Open Compromise 28
1.2. Comfortable Myth 29
1.3. Trade-offs 29
1.4. Big Lie 29
1.4.1. Os Desafios de Acomodar os Interesses Indígenas nos Grandes
Empreendimentos Hidrelétricos 32

2.OS BENS ENERGÉTICOS 37


2.1. Introdução 37
2.2. Potencial Hidrelétrico como Bem da União 40
2.2.1. Planejamento do Uso do Recurso Hídrico 41
2.2.1.1. Caso Billings 43
2.1.1.2. Outorga de Direito de Uso da Água para
Geração de Energia 45
2.3. Regime de Concessão de Serviço Público de Energia 49
2.3.1. Possibilidade de Suspensão do Serviço de Fornecimento de
Energia Elétrica 50
2.4. Concessões, Prorrogações e Extinções de Contratos 58
2.4.1. Indenização dos Bens Reversíveis 61
Regulação: 63

3. REGULAÇÃO: CONCEITO E PERSPECTIVAS 63


3.1. Introdução 63
3.2. Teoria da Regulação por Incentivos 66

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3.2.1. Antecedentes 66
3.2.2. Do Custo do Serviço ao “Price Cap” 68
3.3. Breves Apontamentos sobre a Regulação de Energia no Mercado
Americano 74
3.3.1. A Questão do Carvão Americano 78
3.3.2. Gás Natural 79
3.4. História da Eletricidade no Brasil 80
3.4.1. A Indústria de Energia Elétrica:
do Império aos Dias Atuais 80
3.4.1.1. O Código de Águas 84
3.4.1.2. O Afã Modernizador do Estado Novo 87
3.4.1.3. Criação da Eletrobrás 88
3.4.1.4. A Expansão do Setor 91
3.4.1.5. No Horizonte: o Regime Militar 91
3.4.1.5.1. As Condições Precedentes de Itaipú Binacional 94
3.4.1.5.2. Um Salto no Tempo 97
3.4.1.6. De Volta à História: dos anos 70
à Crise de 2001 99

4. VISÃO GERAL DO SETOR ELÉTRICO 107


4.1. As Reformas do Setor 107
4.1.1. Ambientes de Contratação 112
4.1.1.1. Os Leilões 113
4.1.1.1.1. Para Entender o Mecanismo dos Leilões 116
4.1.1.1.2. Leilão Multiproduto 118
4.1.1.1.2.1. Contemplando os Atributos: Uma
Proposta Distante? 119
4.1.1.2. Mercado Livre 122
4.1.1.2.1. A Questão da Indexação dos Preços Contratuais 124
4.1.1.2.2. A Portaria MME n. 455 (registro de
contratos ex-ante) e a sua Judicialização 125
4.2. Tarifação 130
4.2.1. Grupos Consumidores 130
4.2.1.1.Tarifas Grupo A 130
4.2.1.1.1. Convencional 132

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4.2.1.1.2. Horossazonal 132
4.2.1.1.2.1. Horossazonal Azul 132
4.2.1.1.2.2. Horossazonal Verde 133
4.2.1.2 Demanda Contratada e Energia Consumida 133
4.2.1.2.1. ICMS sobre Demanda Contratada:
Os Precedentes em Favor do Contribuinte 136
4.2.1.3.Tarifas Grupo B 141
4.2.2. Tarifa no Horário de Ponta 142
4.2.2.1. Horário de Ponta e Geração Descentralizada 144
4.2.3. Composição Tarifária 146
4.2.4. Bandeiras Tarifárias 147
4.2.5. Encargos Setorias 148
4.2.6. Impostos 149
4.2.6.1. ICMS 149
4.2.6.2. PIS e Cofins 151
4.3. MP 579: Intervencionismos e Desacertos 153
4.3.1. Consequências da MP 579 156
4.4. Estrutura do Setor Elétrico 158
4.4.1. Produtores Independentes de Energia (PIE) 160
4.4.2. Autoprodutor 161
4.4.2.1. Autoprodutor por Equiparação 162
4.4.2.1.1. Consórcio 164
4.4.2.1.2. Arrendamento do Ativo de Geração 165
4.4.3. Autoprodução como Fator de Mitigação dos Impactos
Tributários e Setoriais 165
4.5. Consumidores 167
4.6. Mercado Elétrico Nacional 169
4.6.1. Mercado de Curto Prazo 170
4.7. Energia Natural Afluente - ENA 171
4.7.1. Curva de Aversão ao Risco − CAR 174
4.7.1.1. Aperfeiçoamento dos Modelos: a Introdução do Conditional
Value at Risk (CVaR) 176

5. PLANEJAMENTO DO SETOR ELÉTRICO 179


5.1. Introdução 179
5.2. A Retomada do Planejamento no Governo Lula 185

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5.3. A Visão de Curto e Médio Prazos 189
5.4. A Visão de Longo Prazo 190
5.5. Planejamento e Modelos Computacionais 191
5.6. O Planejamento e os Leilões Genéricos 194
5.7. Critérios de Garantia de Suprimento e Atendimento à Demanda
Máxima 196
5.7.1. Reserva de Potência Operativa 198
5.8. Consumo Brasileiro 199
5.9. Risco de Déficit 200
5.9.1. Racionamento 201
5.10. Sistema Interligado Nacional (SIN) 207
5.11. Sistemas Isolados 209

PARTE I
PARTE ESPECIAL 211

6. VISÃO GERAL SOBRE A GERAÇÃO 213


6.1. Introdução 213
6.2. Regimes de Outorgas 213
6.2.1. Regime de Comunicação 214
6.2.2. Regime de Autorização 214
6.2.3. Regime de Concessão 216

7. CENTRAIS HIDRELÉTRICAS 221


7.1. Introdução 221
7.2. Centrais Geradoras na Amazônia:
os Custos de Belo Monte e Tapajós 224
7.3. Potencial Hidrelétrico Brasileiro 226
7.4. Garantia Física 227
7.4.1.Mecanismos de Realocação de Energia (MRE) 229
7.4.1.1. Exposição Financeira na Geração Hidrelétrica 230
7.4.1.2. Repactuação dos Riscos Hidrológicos 232
7.4.1.2.1 Fixação dos Critérios pela ANEEL: Resolução n.
684/2015 235
7.5. Repotenciação de Hidrelétricas 238
7.6. As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) 242

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7.7. Aspectos Ambientais e Regulatórios 244
7.8. Novíssima Resolução ANEEL n. 673/2015 sobre PCHs 245

8. GERAÇÃO TERMELÉTRICA 247


8.1. Introdução 247
8.2. Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT) 247
8.3. Usinas “Merchant” 250
8.4. Índice de Custo Benefício (ICB) 252
8.4.1. Inflexibilidade e Flexibilidade 253
8.4.2. Custos Fixos e Custos Variáveis Unitários (CVUs) 254
8.4.2.1. Custo dos Combustíveis 255
8.4.2.1.1. Contratos Take or Pay (ToP) e Térmicas Flexíveis 256
8.4.2.1.2. Cláusula Ship or Pay (SoP) 257
8.4.3. Alteração de Combustíveis 258
8.4.4. O Problema do Gás Natural 259
8.4.4.1. Razões da Insegurança de Suprimento
do Gás Natural 262
8.4.4.2. Gás Natural e o Programa Prioritário
de Termeletricidade 266
8.5. Repotenciação de Termelétricas 268
8.6. Despachos por Ordem de Mérito 269
8.6.1. Impactos da Revisão do PLD sobre os Despachos de Térmicas 270
8.6.1.1. Problema de Alocação de Custos 277
8.7. Despachos Fora da Ordem de Mérito 278
8.7.1. Questionamentos à Resolução n. 3/2013 do CNPE 279
8.8. Lastro Físico 280
8.8.1. Desequilíbrios Econômico-Financeiros
na Geração Termelétrica 281

9. CENTRAIS NUCLEARES 285


9.1. Introdução 285
9.2.Vantagens Ambientais 287
9.2.1. O Ciclo do Combustível 290
9.3. Funcionamento de uma Central Nuclear 292
9.4. Aspectos Regulatórios 293
9.4.1 Por um Novo Marco Regulatório 297

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9.5. Futuro da Energia Nuclear 297

10. ENERGIAS RENOVÁVEIS 299


10.1. Introdução 299
10.2. Proinfa 301
10.2.1. Sistemas de Cotas 304
10.3. Avaliação sobre o PROINFA 305
10.4. Energia Incentivada, Cogeração e Geração Distribuída 305
10.4.1. Os Entraves à Geração Distribuída 309
10.5. Micro e Minigeração: A Resolução ANEEL n. 482 312
10.5.1. Créditos 313
10.5.2. Acesso à Rede de Distribuição 314
10.5.3. ICMS na Mini e Microgeração? 315
10.6. Comercialização de Energia Incentivada
com Consumidores Especiais 315

11. O ETANOL BRASILEIRO E A BIOMASSA FLORESTAL 317


11.1. Um Pouco de História 317
11.1.1. Bagaço de Cana e Palha Gerando
Energia Elétrica 322
11.2. Biomassa Florestal 323
11.2.1. Racional do Uso 323
11.2.2. A Floresta Comercial 324
11.2.3. Densidade da madeira 325
11.2.4. Poder Calorífico da Madeira 326
11.2.5. Combustão Direta 327

12. ENERGIAS EÓLICA E SOLAR 329


12.1. Introdução 329
12.1.1. Desafios do Segmento 331
12.2. Energia Solar 332
12.2.1. Introdução 332
12.3. Classificação 333
12.4. Atlas Solarimétrico do Brasil 335
12.5. Impactos Socioambientais 337
12.6. Desafios da Fonte Solar 337

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13. INCENTIVOS À ENERGIA RENOVÁVEL 339
13.1. Introdução 339
13.2. Por um PROINFA Repaginado 345
13.3. Existe um Mercado de Carbono? 349

14. ESTRUTURAS, FINANCIMENTOS E MÉTRICA DE PROJETOS DE


GERAÇÃO EM ENERGIA RENOVÁVEL 351
14.1. Introdução 351
14.1.1. Corporate Lending 351
14.1.2. Project Finance 353
14.1.2.1. Fim das Operações Off-Balance Sheet
em Project Finance 354
14.1.3.Venda de Projeto pelo “Developer” 357
14.1.4. Projeto Capitalizado por Investidor com Operação
Associada de “Flipping” 358
14.1.5. Operação Alavancada em Estrutura Societária com
Aproveitamento de Créditos Fiscais 359
14.1.6. Financiamento via Leasing 359
14.1.7. Financiamento Mezanino 360
14.1.8. Debêntures Incentivadas 361
14.1.9 Securitização de Recebíveis 362
14.1.9.1. Os Fundos de Investimento em
Direitos Creditórios (FIDCs) 363
14.2. LCOE (Levelized Cost of Energy) 365
PARTE II
TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 367

15. MONOPÓLIO DA TRANSMISSÃO 369


15.1. Monopólios Naturais 369
15.1.1. Barreiras à Entrada de Novos Competidores 375
15.2. Rede Básica de Transmissão 378
15.2.1. Linhas de Transmissão 379
15.2.1.1.Transferências das DITs às Distribuidoras 381
15.3. Instalações de Interesse Exclusivo de Centrais de Geração para
Conexão Compartilhada 384
15.4. Subestações de Transmissão 385

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15.5. Perdas Técnicas e Não Técnicas 386
15.5.1. Incidência do ICMS sobre as Perdas Técnicas e Comerciais 388
15.5.2. Descontos Voluntários nas Tarifas por Redução
das Perdas Comerciais 392
15.6. Operador Nacional do Sistema (ONS) 393
15.6.1. Natureza Jurídica do ONS 397
15.6.2. Coordenação da Operação da
Rede Básica pelo ONS 398
15.7. Direito de Livre Acesso às Redes de Transmissão 401
15.7.1. Acesso e Conexão à Rede Básica 403
15.7.1.1. Procedimentos de Rede – Módulo 3
(Regras de Acesso) 403
15.7.1.2. Acesso de Consumidores Livres Atendidos em Tensão
Igual ou Superior a 230 kV. A Juridicidade do Decreto n.
5.597/2005 408
15.8. Modalidades de Operação das Usinas 410
15.9. Penalidades no âmbito do ONS 411

16. LEILÕES DE TRANSMISSÃO 413


16.1. As Primeiras Concessões 417
16.1.1. As Concessões Licitadas 420
16.2. Custo de Capital 420
16.3. Constituição de Servidão Administrativa 424
16.3.1. Declaração de Utilidade Pública é Privativa da ANEEL? 426
16.3.2. Avaliação da Indenização 427
16.4. Contratos de Transmissão 429
16.4.1. Contrato de Prestação de Serviços de Transmissão (CPST) 430
16.4.2. Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (CUST) 431
16.4.2.1. Os Montantes de Uso do Sistema de
Transmissão (MUST) 432
16.4.2.2. Encargo de Uso do Sistema de
Transmissão (EUST) 435
16.4.3. Contrato de Conexão da Transmissão (CCT) 435
16.4.4. Contrato de Compartilhamento de
Instalações (CCI) 436
16.4.5. Contrato de Prestação de Serviços
Ancilares (CPSA) 436

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16.5. Remuneração das Transmissoras:
O Sistema Revenue Cap 437
16.5.1. Revisão Tarifária das Receitas 439
16.5.1.1. Dando Concretude à Revisão Tarifária Periódica 444
16.5.1.2 Reajuste Anual 447

17. TARIFA DE USO DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO (TUST) 451


17.1. Conceito e Acepção Geral 451
17.1.1. Sujeito Passivo da TUST 452
17.1.2. A TUST e a Autossustentabilidade dos
Serviços de Transmissão 456
17.2. Metodologias Associadas à Alocação de Custos 457
17.2.1. Selo Postal 459
17.2.2. Método do Caminho de Contrato 459
17.2.3. MW-milha 460
17.2.4. Método do Módulo 461
17.2.5. Método Nodal 461
17.3. Procedimentos de Cálculo 463
17.4. ICMS sobre a TUST? 463
PARTE III
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 469

18. REGULAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA 471


18.1.Visão Geral sobre o Sistema de Distribuição de Energia 477
18.1.1. Tipos de Redes de Distribuição 479
18.2. Acesso às Redes de Distribuição 480
18.2.1. Acesso às Instalações de Interesse Restrito
de Centrais Geradoras 489
18.3. Controvérsias sobre os Circuitos de Iluminação Pública 490
18.4. A cobrança pelo uso e ocupação de faixas de domínio de rodovias,
ferrovias e terrenos públicos pela concessionária de distribuição de
energia elétrica 500

19. QUESTÕES PERTINENTES À COMPRA DE ENERGIA PELAS


DISTRIBUIDORAS 509
19.1. Concepções Gerais 509

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19.2. Exposição Involuntária das Distribuidoras Logo Após a Edição da
MP 579 510
19.3. Regime de Cotas de Garantia Física 513
19.3.1. Tratamento das Sobras nos Contratos de Alocação de Cotas de
Garantia Física (CCGFs) 516
19.4. Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits:
o MRE das Distribuidoras 521
19.4.1. Proposta para Mitigação do Risco de Sobrecontratação
Involuntária das Distribuidoras 523
19.5. Pagamento e Receita Anual de Geração (RAG) 525
19.5.1. Garantias Financeiras 526

20. CONDIÇÕES GERAIS DE FORNECIMENTO DE ENERGIA 529


20.1. Imperceptível Diferenciação entre
Usuário e Consumidor 529
20.2. ANEEL e seu Poder Regulamentar no Serviço Público de
Fornecimento de Energia 533
20.3. Principais Pontos das Condições Gerais de Fornecimento 536
20.3.1. Suspensão dos Serviços por Inadimplemento do Consumidor 536
20.3.2. Prazo de Ligação da Unidade Consumidora 536
20.3.3. Encargos no Atraso de Pagamento
pelo Consumidor 537
20.3.4. Irregularidades na Medição do Consumo 537
20.3.5. Descontinuidade do Serviço: Fatos
que a Desnaturam 539
20.3.6. Ressarcimento por Danos Elétricos 539
20.3.7. Caracterização como Serviço Público Essencial 541

21. TARIFA DE ENERGIA 543


21.1. Concepção Geral 543
21.2. Custos Embutidos na Tarifa (Parcela A) 546
21.2.1. Custos com Aquisição de Energia 546
21.2.2. Custos com Uso do Sistema de Transmissão 547
21.2.3. Encargos Setoriais 547
21.2.4. CVA – Conta de Compensação de Variação de Valores de Itens da
Parcela A 548
21.3. Custos Embutidos na Tarifa (Parcela B) 557

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21.3.1. Custos Operacionais: a Empresa de Referência
(“Benchmarking”) 557
21.3.2. Receita irrecuperável 560
21.3.3. Tributos 562
21.3.3.1. PIS/COFINS sobre Energia Elétrica 562
21.3.3.2. ICMS no Fornecimento de Energia 568
21.3.3.3. Responsabilidade da Distribuidora pelo
Recolhimento do Imposto 577
21.3.3.4. Substituição Tributária no Fornecimento
de Energia Elétrica 578
21.4. Reajuste Anual, Revisão Tarifária Periódica e Revisão Tarifária
Extraordinária 581
21.5. Reajuste Tarifário Anual 582
21.6. Revisão Tarifária Periódica 584
21.6.2. Base de Remuneração Regulatória 588
21.6.3. Reposicionamento Tarifário: Dando Concretude
à Revisão Periódica 592
21.7. Tarifa de Fornecimento: TUSD e Tarifa de Energia 595
21.8.Visão Geral sobre a TUSD 595
21.8.1. Histórico da TUSD 595

22. AS REDES INTELIGENTES: “SMART GRIDS” 601


22.1. Conceito e Racional 601
22.2. “Smart Meters” 606
PARTE IV
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 609

23. VISÃO GERAL DOS AMBIENTES DE CONTRATAÇÃO DE ENERGIA


ELÉTRICA E OS CONTRATOS CORRELATOS 611
23.1. Introdução 611
23.2. Nova Abordagem da Teoria dos Contratos 613
23.3. Contratos de Comercialização de Energia Elétrica 620
23.4. Ambientes de Contratação 621
23.5. Contratos no ACR 623
23.5.1 CCEAR (Contrato de Comercialização de Energia Elétrica no
Ambiente Regulado) 623

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23.5.2. Contratos de Geração Distribuída 624
23.5.3. Contratos de Ajuste 626
23.5.4. Contratos do PROINFA 627
23.5.5. Contratos de Itaipu 627
23.5.6. Contratos de Energia de Reserva 628
23.5.7. Contratos de Cotas de Garantia Física 629
23.6. Contratos no ACL 630
23.6.1. Contratos de Compra e Venda de Energia Elétrica no Ambiente
de Contratação Livre (CCEAL) 630
23.6.1.1. Cessão de Montantes de Energia e Potência 631
23.6.2. Contratos de Comercialização de Energia
Incentivada (CCEI) 632
23.6.2.1.Venda de Energia Incentivada aos
Consumidores Especiais 635
23.6.2.2. Especificidade dos CCEIs 635
23.7. Registro dos Contratos na CCEE e sua Importância 636
23.7.1. Registros de Contratos no ACL: a
Portaria MME n. 455 638

24. VISÃO GERAL DA CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA


ELÉTRICA (CCEE) 643
24.1. Antecedentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE) – O Mercado Atacadista de Energia 643
24.2. Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica – CCEE 649
24.2.1. Convenção de Comercialização
de Energia Elétrica 650
24.2.2. Participação dos Agentes na CCEE: 651
24.2.3. Estrutura: 651
24.2.4. Atribuições: 655
24.2.5. Patrimônio e Custeio 657
24.2.6.Votos dos Agentes e Contribuições 658
24.3. Autorização das Atividades de Comercialização
de Energia Elétrica 659
24.3.1. A Figura do Comercializador Varejista 660

25. VISÃO GERAL DAS REGRAS E PROCEDIMENTOS DE


COMERCIALIZAÇÃO 663

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25.1. Concepção Básica das Regras e Procedimentos
de Comercialização 663
25.2. Sistema de Medição 664
25.2.1 Detalhamento das Etapas do
Processo de Medição Física: 665
25.2.2. Medição Contábil 666
25.2.3. Penalidades de Medição 667
25.2.3.1. Não Conformidades do Sistema de Medição para
Faturamento 667
25.2.3.2. Inspeção Lógica: Infração 668
25.2.3.3 Infração na Coleta de Dados de Medição 669
25.3. Sistema de Contabilização 669
25.3.1. Recontabilização 670
25.4. Garantia Física do SIN 671
25.5. Balanço Energético e Preço de Liquidação
das Diferenças (PLD) 673
25.6. Excedentes Financeiros e Exposições 674
25.7. Encargos 678
25.7.1. Encargos de Serviço do Sistema (ESS) 678
25.7.2. Encargos de Segurança Energética 683
25.8. Processo de Liquidação Financeira das Operações 684
25.8.1. Rateio de Inadimplência 686
25.9. Garantias Financeiras 692
25.5.6.1. Suspensão dos Limites Operacionais
pela ANEEL 703
25.5.6.2. O Caso SAESA 704

26. ATIVIDADES SANCIONADORAS DA CCEE 713


26.1. Penalidades no Âmbito da CCEE 713
26.1.1 A Delegação do Poder de Polícia à CCEE 714
26.1.1.1. Juridicidade das Atividades Sancionadoras
da CCEE 720
26.2. Tipos de Penalidades na CCEE 733
26.2.1. Penalidades de Energia 734
26.2.1.1. O Caso da Termelétrica Itapebi 736
26.2.2 Penalidades por Insuficiência de Lastro de Potência 741

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26.2.2.1 Extinção da Obrigação de Constituição de
Lastro de Potência 742
26.3. Processo de Desligamento do Agente Faltoso 743
26.3.1. Os Pressupostos de Excludente de Responsabilidade 747

27. MERCADO DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA


NO AMBIENTE LIVRE 751
27.1. Agente Comercializador 751
27.2. Papel do Comercializador: “Broker”,
“Trader” e “Dealer” 752
27.3. Contratos de Comercialização de Energia no
ACL e suas Características 753
27.4. Mercado de Derivativos 754
27.5. Mercado de Derivativos de Energia 756
27.6. Contratos Futuros 759
27.7.Contratos Forward 760
27.8. Opções 761
27.9. Swaps 762
27.10. Collar 763

28. CONFLITOS EM MATÉRIA DE COMERCIALIZAÇÃO


DE ENERGIA ELÉTRICA 765
28.1. Litígios no Âmbito da Comercialização:
a Convenção Arbitral 765
28.2. O Precedente da AES Uruguaiana: Admissão da Arbitragem em
Contratos Firmados por Sociedade de Economia Mista 768
28.3. A Relação Jurídica Processual e a Ilegitimidade Passiva “Ad
Causam” da CCEE 771
28.4. Conflito entre Delta Comercializadora de Energia e AES
Infoenergy: Os Impactos de Medidas Liminares aos Agentes
Litigantes. O Problema de Lastro dos Contratos no Período de
Vigência das Cautelares 775
28.5. Proposições de Lege Ferenda 782

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 787

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APRESENTAÇÃO

O setor elétrico brasileiro vive momentos de altos e baixos e, ao


longo de sua existência, isto foi uma constante, como demonstramos
no tópico alusivo à história da eletricidade no Brasil. A nossa política
energética tem sido pautada pelo casuísmo decorrente de uma falta de
clareza sobre o futuro. Por mais que o planejamento venha se esforçan-
do em antecipar cenários, os vôos de galinha da economia brasileira
terminam por bagunçar as projeções, levando a mais incertezas num
ambiente já conturbado pela excessiva regulamentação. A íntima relação
entre energia e desenvolvimento econômico-social é conhecida. Um
baixo nível de consumo de energia numa economia é indicação certa
de baixo nível de produção. Esta observação serviu por muito tempo
para medir o grau de desenvolvimento econômico dos países, eis que
o crescimento consiste essencialmente em aumentar a produtividade
média de uma força de trabalho, o que é influenciado pela quantidade
de energia que pode ser incorporada ao processo de produção. Quando
um país passa por aquela fase de industrialização com a formação de
indústrias pesadas, é consequencia imediata a elevação do consumo
de energia por unidade de renda nacional em comparação aos níveis
consumidos antes da escalada industrial, ou mesmo depois, quando as
indústrias mais leves e de serviços vierem a dominar o ambiente.
Há tantas variáveis no processo de planejamento que é bem possível
estejamos vivendo aquilo que David Friedman, no tocante à tecnologia,
já se adiantou em diagnosticar: um futuro imperfeito, objeto de seu
último livro. Ele afirma não saber o que o mundo vai ser dentro de
um século, mas dificilmente consegue imaginar alguém se deslocando
através de automóveis que iniciam o processo de ignição com uma
chave, virando-a e produzindo a combustão interna do motor movido

19

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a gasolina. Se a revolução tecnológica em curso pode mudar o pano-
rama do consumo de energia, como lidarmos com o futuro? Como
ajustar nossas vidas as consequências dessa permanente revolução? Não
se olvide ainda de problemas maiores, como o aquecimento global e
a falta de água no mundo. Como também não duvide que uma crise
econômica internacional pode afetar economias emergentes, repecur-
tindo sobre o planejamento.
Os anos de 2012, 2013 e 2014 foram dramáticos para o setor,
que enfrentou sérias dúvidas sobre a sua real capacidade de atender
a demanda crescente. A crise que se anunciara fora de tal ordem que
muitos especialistas chegaram a comentar que se tratava da pior crise
da história, motivada por dois fatores principais: a falta de chuvas e o
intervencionismo abusivo do governo, que culminou com a edição da
MP n. 579/2012, obrigando as concessionárias a reduzir as tarifas num
momento em que os custos aumentavam, criando um rombo no caixa
das distribuidoras. O populismo tarifário custou caro ao país.
Com a MP 579/2012, o setor elétrico passou por um novo e
complexo modelo, introduzindo fragilidades ainda mais palatáveis pela
abrupta intervenção do governo em contratos de concessão em vigor.
A tentativa imperial de reduzir a tarifa de fornecimento de energia
esbarrou na lógica do mercado – muitos concessionários de geração,
simplesmente, não aceitaram se curvar às novas regras -, levando a
uma exposição involuntária das distribuidoras que ficaram descontra-
tadas. Esta questão transcende e muito o universo restrito da política
governamental do momento, uma vez que a longevidade das usinas
hidráulicas – cuja vida útil tende a superar os períodos de concessão
– impõe cautela do Poder Público em suas decisões que vão afetar
o mercado investidor. Não se nega a possibilidade do Poder Público
de revisitar o modelo, mas, ao fazê-lo, deve ouvir previamente as suas
partes componentes, a fim de não produzir incertezas e quebrar o eixo
de segurança que sustenta o setor elétrico.
A decisão do governo de 2012 produziu ainda um outro fato
surpreendente: quem pôde, aproveitou a janela de oportunidade para
lucrar de maneira absurda com os elevados preços praticados no mer-
cado de curto prazo entre janeiro e março de 2013. No presente texto,
o leitor entenderá o motivo.
Isto sem esquecer a proliferação das usinas a fio d´água, que domi-
naram os leilões entre os anos 2000 e 2012. Dos 42 empreendimentos
leiloados, totalizando 28.834,74 MW de potência, apenas 10 eram de

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usinas com reservatórios, em condições de agregar míseros 1.940,6
MW de potência ao sistema elétrico. A conclusão mais imediata é que
a capacidade de armazenamento de água para enfrentar o período seco
vem diminuindo ano após ano. Portanto, em períodos secos, as térmicas
são despachadas para gerar no lugar das hidrelétricas, encarecendo o
custo da energia.
Para além disso, o governo atrasou os leilões em transmissão, e
mesmo as obras em andamento sofreram atrasos devido aos problemas
de licenciamento ambiental.
Já se escreveu que a natureza física de nosso sistema é brutalmente
distinta da existente em outros países. Enquanto em países térmicos a
energia associada a uma usina é a própria capacidade de produção, entre
nós é uma cota da capacidade total do sistema, cuja operação independe
da decisão das usinas, sendo tomada pelo Operador Nacional do Sistema –
ONS.A necessidade de definir o todo antes das partes é uma peculiaridade
exclusivamente brasileira, que traz sérios entraves ao modelo competitivo.
Num sistema dominado por usinas hidráulicas de múltiplos pro-
prietários situadas em pontos remotos do território, a existência de
uma indústria de redes se torna inevitável. A transmissão opera como
uma usina virtual que leva a energia de um ponto a outro do sistema e
permite a sua intercambialidade, tudo feito sob a coordenação do ONS.
O regime de livre acesso às redes foi assegurado após a desverticalização
das atividades que liberou os segmentos de geração e comercialização
para livre competição.
A transmissão permite que o sistema elétrico opere com sinergia
e confiabilidade, gerando uma grande otimização de custos através
de ganhos sinérgicos. No Brasil, a oferta de energia se dá na barra de
distribuição, enquanto em países com vocação termelétrica ela é defi-
nida na barra da usina. Por aí se vê também a importância do sistema
de distribuição que funciona como um elo entre o setor elétrico e a
sociedade, recebendo das empresas transmissoras a maior parcela do
suprimento de energia elétrica para abastecimento público. Muitas
questões derivam desse elo, sobretudo aquelas que causam impactos
para frente da cadeia.
Como se sabe, o modelo inaugurado pela MP 572/2012, conver-
tida na Lei 12.783/2013, estabeleceu o regime de alocação de cotas
de garantia física de energia e potência às distribuidoras em troca de
um contrato de 30 anos. Aceitas as novas regras, o risco hidrológico se
transfere às distribuidoras.

21

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As bandeiras tarifárias, que deveriam ter sido criadas há mais tempo,
só recentemente foram implantadas, quando o estrago já tinha ocorrido.
O povo brasileiro passou 2013 e 2014 sob o risco do racionamento,
embora o governo rejeitasse esse risco a todo custo.
Da falta de energia à abundância foi um intervalo curto. 2015 foi
um ano particularmente fraco do ponto de vista de desempenho da
economia. Com uma recessão exuberante, apontando para um recuo
do PIB de quase 4%, o país desacelerou fortemente e passou a consumir
menos energia.
O clima de desconfiança em relação ao governo fez com que as
projeções para 2016 repetissem o mesmo desalento do ano anterior,
aprofundando a recessão econômica. Muitos projetos de energia estão
sendo inviabilizados pela forte queda dos preços. As distribuidoras,
com folgas, já falam em devolver parte da energia que compraram nos
leilões. E o planejamento, feito ex-ante, seguramente se mostra otimista
em face da realidade atual. O ponto agora é saber até quando a crise
econômica vai se prolongar, com o desarranjo das finanças públicas e
a desconfiança dos mercados.
Este manual encerra um estudo de anos de trabalho intenso e
horas consumidas, em geral nas primeiras horas das manhãs e nos finais
de semana. Não fosse pelo sentimento de que o livro poderia ser de
alguma utilidade na sistematização de temas esparsos e complexos, talvez
o trabalho tivesse sido interrompido em algum momento. Mas a ideia
obstinada de compor uma visão sistêmica sobre o setor elétrico, algo
inovador e sem precedentes, fez com que me entregasse a essa tarefa
individual e solitária.
É certo que, pela dinâmica do setor, com grande inclinação do
Poder Público de introduzir mudanças pontuais no marco regulatório,
hoje uma verdadeira colcha de retalhos, corre-se o risco de lançar uma
obra com um ou outro aspecto defasado, mas creio que o esforço de
coligir um estudo sistêmico, abordando a geração, transmissão, distri-
buição e comercialização de energia elétrica possa ser recompensado
por essa falta de estabilidade jurídica das regras em vigor.
São essas as dificuldades de quem milita no setor elétrico, traduzi-
das na necessidade de acompanhar diariamente as difusas e ambulantes
normas regulamentares, tratadas, muitas vezes, em lugares desconexos
da sua realidade original, o que tem me levado a pensar sobre a conve-
niência de um Código de Energia Elétrica, à semelhança do que vem
sendo defendido para outros setores, como a mineração.

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Enfim, cumprida a tarefa de analisar todos os segmentos do mer-
cado de eletricidade, entrego à editora D´Plácido este manual que
espero tenha a mesma acolhida de outros estudos de minha autoria:
Labor omnia vincit.

Belo Horizonte, setembro de 2016.


RBB

23

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MANUAL DE DIREITO DA ENERGIA ELÉTRICA
E
MANUAL DE
ste manual encerra
um estudo de anos de

A partir da MP 579/2012, o setor elétrico passou por trabalho intenso e horas


consumidas, em geral nas

DIREITO
um novo e complexo modelo, introduzindo fragil-
idades ainda mais palatáveis pela abrupta intervenção primeiras horas das manhãs
do governo em contratos de concessão em vigor. A e nos finais de semana.
tentativa imperial de reduzir a tarifa de fornecimento de Não fosse pelo sentimento
energia esbarrou na lógica do mercado – muitos con- de que o livro poderia ser
cessionários de geração, simplesmente, não aceitaram de alguma utilidade na
se curvar às novas regras -, levando a uma exposição sistematização de temas

DA ENERGIA
esparsos e complexos,
RODRIGO involuntária das distribuidoras que ficaram descontrata-
talvez o trabalho tivesse
BERNARDES BRAGA das. Esta questão transcende e muito o universo restrito
da política governamental do momento, uma vez que a sido interrompido em
Advogado. LLM em Direito Socie- longevidade das usinas hidráulicas – cuja vida útil tende algum momento. Mas a

ELÉTRICA
tário pelo IBMEC/ RJ. Professor a superar os períodos de concessão – impõe cautela ideia obstinada de compor
do Poder Público em suas decisões que vão afetar o uma visão sistêmica sobre o
do Pós-Graduação do IBMEC/MG.
mercado investidor. Não se nega a possibilidade do setor elétrico, algo inovador
Foi Head do Jurídico Regional da
Poder Público de revisitar o modelo, mas, ao fazê-lo, e sem precedentes, fez
Vale S.A. (2001-2006), Arcelor- com que me entregasse
Mittal Aços Planos (2006-2008) e deve ouvir previamente as suas partes componentes,
a fim de não produzir incertezas e quebrar o eixo de a essa tarefa individual
General Counsel na Vale Soluções e solitária. É certo que,
segurança que sustenta o setor elétrico.
em Energia S.A. (2008-2013), ten- pela dinâmica do setor,
do sido membro titular dos Con-
selhos de Administração da Turbo
RODRIGO BERNARDES BRAGA com grande inclinação do
Poder Público de introduzir
Power Systems Inc. (Canadá e mudanças pontuais no

RODRIGO BERNARDES BRAGA


Reino Unido) e Plum Combustion marco regulatório, hoje
Inc. (Atlanta-USA) entre 2010 a uma verdadeira colcha de
2013. Autor de diversos livros e retalhos, corre-se o risco de
artigos jurídicos. Atualmente é Vi- lançar uma obra com um ou
ce-Presidente da SRT Energia S.A. outro aspecto defasado,
mas creio que o esforço de
coligir um estudo sistêmico,
ISBN 978-85-8425-389-0 abordando a geração,
transmissão, distribuição
9 788584 253890 e comercialização de
energia elétrica possa ser
recompensado por essa
falta de estabilidade jurídica
das regras em vigor.

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