Teoria Geral Dos Impostos

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Índice

1. Introdução .............................................................................................................. 1
1.1. Objectivo Geral .............................................................................................. 2
1.2. Objectivos especificos .................................................................................... 2
2. TEORIA GERAL DO IMPOSTO ......................................................................... 3
2.1. Impostos ......................................................................................................... 3
2.2. Noção de Imposto........................................................................................... 3
2.3. Classificação dos Impostos ............................................................................ 7
3. Taxas.................................................................................................................... 10
3.1. Distinção entre Imposto e Taxa .................................................................... 10
3.2. Facto Gerador do Imposto ............................................................................ 11
3.3. Momentos da Obrigação de Imposto ........................................................... 12
3.4. Distinção dos impostos com outras figuras afins ......................................... 13
4. Elementos dos impostos ...................................................................................... 15
5. Conclusão ............................................................................................................ 16
6. Referencias Bibliográficas ................................................................................... 17
1. Introdução

A teoria geral dos impostos representa um campo fundamental no estudo da economia e


da ciência política, fornecendo uma base conceitual e analítica para compreender a
natureza, a função e os efeitos dos sistemas tributários em uma sociedade. Desde os
primórdios da civilização, os impostos têm desempenhado um papel crucial na
organização e no financiamento das atividades governamentais, influenciando
diretamente a distribuição de recursos, a alocação de bens e serviços, e até mesmo a
estrutura social e econômica de uma nação.

Nesta análise, exploramos os principais princípios e conceitos que norteiam a teoria


geral dos impostos, examinando as diferentes formas de tributação, os objetivos
econômicos e sociais subjacentes aos sistemas fiscais, bem como os desafios e debates
contemporâneos enfrentados por formuladores de políticas e estudiosos. Ao mergulhar
neste campo multidisciplinar, buscamos não apenas compreender o funcionamento dos
impostos em teoria, mas também suas implicações práticas na vida cotidiana dos
cidadãos e no funcionamento das instituições estatais.

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1.1. Objectivo Geral

Estudar no seu todo a Teoria geral dos impostos

1.2. Objectivos especificos


 Conceituar os impostos;
 Avaliar a distinção do imposto com outras figuras afins;
 Analisar os elementos dos impostos

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2. TEORIA GERAL DO IMPOSTO

O principal objectivo da cobrança de impostos é a obtenção de receitas necessárias ao


financiamento das despesas do sector público, segundo Lopes (2008: 25). Desta forma,
a imposição fiscal representa uma transferência de recursos dos contribuintes,
individuais e colectivos, para o Estado.

2.1. Impostos

Podemos dizer, de acordo com Martins (2009: 31) que a primeira forma de imposto
remonta à antiguidade. As comunidades derrotadas nas guerras ficavam sujeitas ao
pagamento de uma contribuição à comunidade triunfadora, marcando, assim, signo da
servidão, do domínio ou da dependência. Essa contribuição era imposta unilateralmente
pela comunidade vencedora com o fundamento que pelo seu pagamento a derrotada
podia continuar a usufruir dos seus bens e terras.

O Estado com os impostos visa, para além dos objectivos de arrecadação de receita, a
redistribuição e a estabilização económica. Os impostos são um elemento estruturante
da noção de Estado democrático, de uma sociedade de direito, bem como um imperativo
de cidadania.

2.2. Noção de Imposto

Segundo Teixeira (1985: 36) o imposto é uma prestação pecuniária efectiva, de


pagamento coercivo com carácter unilateral e definitivo, em geral não consignados a
nenhum tipo de utilizações, sendo uma prestação devida ao Estado, estabelecida por lei
sem carácter de sanção, tendo como objectivo a realização de fins públicos.

Sanches (2007: 22) refere que definir imposto não é tarefa fácil como vem
demonstrando a doutrina. O imposto é uma das espécies tributárias criadas por lei e está
sujeito ao princípio da legalidade.

A noção de imposto difere conforme a perspectiva adoptada, podendo, centrar-se,


designadamente, nas suas características jurídicas, financeiras, políticas ou sociais.
Como refere Pereira (2009: 13) a noção moderna de imposto tem por base a definição
de Jese (1931), em que “o imposto é uma prestação pecuniária, exigida aos particulares
por via da autoridade, a título definitivo e sem contrapartida, com vista à cobertura dos
encargos públicos”.

Nabais (2008: 11) define o imposto com base em três elementos, “um elemento
objectivo, um elemento subjectivo e um elemento teológico (ou finalista) ”.

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Neste contexto, será objectivo porque a imposta é uma prestação pecuniária, unilateral,
definitiva e coerciva. Enquanto elemento subjectivo, o imposto é uma prestação, com as
características objectivas acima mencionadas, exigida a (ou devida por) detentores
(individuais ou colectivos) de capacidade contributiva (ability to pay) a favor de
entidades que exerçam funções ou tarefas públicas. O elemento teológico (ou finalista)
reside no facto do imposto ser exigido pelas entidades que exercem funções públicas,
para a realização dessas funções, sem carácter sancionatório.

Portanto, o imposto tem como conteúdo um dever de prestar que surge pela simples
verificação de um facto previsto na lei, dando origem a uma relação jurídica tributária.

Assim, tendo em vista os fins da tributação, o pagamento de impostos deve respeitar os


princípios constitucionais da generalidade. Por isso, estamos perante um imposto se
apenas puder ser medido ou aferido com base na capacidade contributiva do
contribuinte.

Partindo da definição apresentada por Teixeira, atrás referida, vamos analisar cada um
dos elementos caracterizadores.

a) O imposto como prestação pecuniária efectiva

O imposto é uma prestação em dinheiro ou em equivalente a dinheiro. Podemos, afirmar


que, hoje, é uma obrigação de entrega em dinheiro sem carácter pessoal. É certo que ao
longo dos tempos, foi normal o pagamento do imposto em espécie. No entanto, a
cobrança do imposto em espécie foi sendo abandonada, nomeadamente pela
incomodidade, quer para os contribuintes quer para o Estado, pelo que actualmente tem
apenas interesse quase histórico, como refere Pereira (2009: 14).

Assim, mesmo quando no passado a obrigação de imposto teve diferente natureza

“o imposto manteve sempre a sua característica de não pessoalidade”, de acordo com


Teixeira (1985: 36-37). Neste sentido, interessa o que se presta e não quem presta.

É esta observação de não pessoalidade do imposto que o distingue de outros tipos de


obrigações com algumas semelhanças, mas que do imposto se afastam por se traduzirem
em prestações de natureza pessoal. O facto de o imposto consistir numa prestação sem
carácter pessoal, não significa que a pessoa do sujeito passivo não seja relevante, para
efeitos de determinação do montante devido.

Significa apenas que, uma vez determinado o montante de imposto a pagar, não
interessa quem cumpre efectivamente a obrigação fiscal. Para o sujeito activo tudo o
que releva é a efectiva arrecadação dos valores em dívida.

b) O imposto como prestação coerciva

O facto de o imposto ser uma prestação coerciva não indica que o cumprimento da
obrigação fiscal seja obrigatório. Segundo Pereira (2009: 14) “visa-se com ela significar
que a obrigação de imposto é estabelecida na lei ou por força da lei”.

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Assim, verificado o pressuposto de cuja ocorrência a lei faz depender o nascimento da
obrigação de imposto, este passa a ser exigido independentemente da vontade do
contribuinte. Necessário é, também, o cumprimento das obrigações a que as pessoas
voluntariamente estão vinculadas.

O imposto é uma prestação coerciva, porque na sua génese não está um acto de vontade.
A ocorrência do facto gerador pode depender da vontade privada, mas a obrigação do
imposto não. A obrigação de imposto tem a sua fonte na lei e o seu nascimento
prescinde da vontade de quem está vinculado ao seu cumprimento. A obrigação de
imposto “impõe-se” ao sujeito passivo, mesmo contra a sua vontade.

c) O imposto como prestação a título definitivo

Esta característica traduz-se no facto do imposto não dar direito a qualquer restituição
ou reembolso futuro a cargo do ente a quem é feita essa prestação, quando é devida.

No entanto, esta noção de definitividade não exclui uma eventual restituição do


imposto, ou de parte, que não era legalmente devido, como sucede, por exemplo, nos
casos em que os montantes retidos na fonte ou os pagamentos por conta ultrapassam os
montantes apurados como legalmente exigíveis ao contribuinte para o período de
tributação. Segundo Carlos (2006: 33) a restituição de imposto também pode ocorrer em
virtude de anulação do acto tributário, por este ser total ou parcialmente inválido.
Assim, o que foi pago para cumprimento de dívida consequente de acto que veio a ser
declarado nulo ou anulado, deve ser restituído.

É a característica da definitividade que permite a distinção entre imposto e outra receita


pública, como por exemplo o empréstimo público forçado. Ao contrário daquele, este
embora igualmente coercivo, não é definitivo. Os valores objecto do empréstimo
forçado, independentemente do factor temporal, serão restituídos a quem, coagido, os
cedeu.

d) O imposto como prestação unilateral

Segundo Pereira (2009: 15) o imposto é uma prestação unilateral, porque não lhe
corresponde qualquer contraprestação por parte da entidade beneficiária. Esta
característica permite distinguir o imposto de outras figuras afins, tais como a taxa e o
empréstimo forçado.

Deste modo, quando um contribuinte satisfaz a obrigação de imposto nada recebe de


específico em troca, nem o que, porventura, venha a receber é proporcional ao que
pagou. Porém, nem o facto de pagar confere o direito de exigir algo de concreto em
troca. O imposto é, pois, estritamente unilateral.

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e) O imposto como prestação devida ao Estado ou outros entes públicos

O imposto como prestação devida ao Estado ou outros entes públicos é o chamado


elemento subjectivo do imposto como vimos atrás. O imposto, tal como os outros
tributos, é sempre devido a um ente público, que para uns autores, tem a designação de
pessoa colectiva de direito público e para outros, de entidades que exercem funções
públicas. No entanto, a Constituição da República Portuguesa utiliza, a expressão
“Estado e Outras Entidades Públicas”. O Estado e as autarquias locais são os entes
públicos a quem são devidos a maior parte dos impostos.

Salientamos, ainda, que o elemento subjectivo da definição de imposto se reporta


apenas ao sujeito activo. Quanto aos sujeitos passivos, atenta a sua diversidade,
nenhuma característica especial reveste a noção de imposto.

f) O imposto como prestação estabelecida pela lei

É a lei que confere ao Estado o poder de tributar. Há lugar a imposto quando surge uma
norma legal que confere ao Estado a faculdade de exigir ao indivíduo o dever de prestar,
como já dissemos anteriormente. Assim, a criação e extinção do imposto, bem como
todos os seus elementos, são definidos por lei. Os elementos essenciais incidência, taxa,
benefícios fiscais e garantias dos contribuintes são estabelecidos, obrigatoriamente, por
Lei da Assembleia da República ou Decreto-Lei do governo autorizado por esta. A
obrigação do imposto é uma imposição derivada da lei, de acordo com Pereira et al.
(2000: 30).

g) O imposto como prestação com vista à realização de fins públicos

Segundo Pereira (2009: 17) o objectivo tradicional do imposto é o de “arrecadação de


receitas para que os entes públicos delas beneficiárias possam realizar as tarefas que
lhes estão perpetradas”.

É a chamada finalidade fiscal dos impostos. Porém, a finalidade do imposto não se


esgota na arrecadação de receitas, para cobertura das despesas públicas. Há igualmente,
as chamadas finalidades extrafiscais do imposto. Para além da grande importância no
financiamento das despesas públicas, os impostos são também muito importantes na
prossecução de outras finalidades, a que a doutrina chama de finalidades extrafiscais e
que são a redistribuição da riqueza, estabilização macroeconómica e influência na
afectação de recursos.

Assim, ao salientar esta característica do imposto de realização de fins públicos


pretende-se acentuar que actualmente o imposto não tem apenas a finalidade de
arrecadação de receitas, podendo este aspecto não constituir a sua razão de ser. O mais
sensato é, por tudo isto, incluir na noção de imposto a referência à sua afectação à
realização de fins públicos, em vez da simples menção de arrecadação de receitas para a
realização de despesas.

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h) O imposto como prestação sem carácter de sanção

O imposto não tem carácter sancionatório, não sendo uma pena ou uma contrapartida
pela prática de um facto ilícito. De acordo com Pereira (2009: 16), esta característica
tem apenas como objectivo “distinguir a respectiva prestação das sanções patrimoniais,
como o confisco, a multa” e a coima, “que têm origem num facto ilícito e que visam um
fim preventivo e impeditivo, o que não acontece com o imposto”. Para este autor “um
imposto directamente sancionatório, por corresponder a uma punição automática por via
legislativa, seria inconstitucional”.

Confisco é a apropriação pública do património de um particular sem a justa


indemnização.

Multa é uma sanção pecuniária devida pela prática de um crime.

Coima é uma sanção pecuniária devida pela prática de uma contra-ordenação.

2.3. Classificação dos Impostos

As classificações adoptadas no sentido de agrupar os diferentes impostos são variadas.


Neste contexto, vão ser enunciadas as que se nos afiguram mais importantes.

a) Impostos directos e Impostos indirectos

A classificação em impostos directos e impostos indirectos é uma das


classificações mais utilizadas e a que regula a classificação orçamental dos
impostos. É uma distinção generalista e que tem gerado muita discussão quanto à
sua natureza. Quanto à distinção esta nem sempre se apresenta com precisão, mas
incontestável em vários domínios, como refere Pereira (2009: 47).

Assim, a distinção entre impostos directos e indirectos que vamos efectuar é com
base no critério da repercussão económica. Neste âmbito os impostos directos são os
que tributam as manifestações directas ou medidas de riqueza. Nestes termos são
considerados os que incidem directamente sobre o rendimento, capital ou
património de uma pessoa singular ou pessoa colectiva e têm como referência um
período de tempo delimitado, normalmente um ano.

Enquanto os impostos indirectos são os que incidem indirectamente sobre a riqueza


ou rendimento, ou seja, incidem sobre a utilização desse rendimento, porque se
evidenciam através do acto de consumir. Outro aspecto a considerar em relação a
estes é a possibilidade de serem repercutidos entre os agentes económicos ao longo
do circuito económico até ao consumidor final.

Deste facto resulta que, o pagamento dos impostos indirectos seja efectuado no
momento da operação de consumo que lhe dá origem.

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Deste modo, podemos dizer que os impostos directos não são repercutidos, porém
os impostos indirectos são repercutidos. A principal diferença entre estes é o seu
objecto de tributação.

Os principais impostos directos são o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas


Singulares, o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, o Imposto
Municipal sobre Imóveis, Imposto Municipal sobre Transmissões de Imóveis e o
Imposto Municipal sobre Veículos. Por sua vez, integram os impostos indirectos, os
impostos sobre o consumo, nomeadamente o Imposto sobre o Valor Acrescentado,
Imposto sobre os Produtos Petrolíferos, Imposto Automóvel, Imposto de Consumo
sobre o Tabaco e o Imposto do Selo.

b) Impostos de quota fixa e Impostos de quota variável

Os impostos podem ser de prestação fixa ou de prestação variável. Nos primeiros,


o imposto a pagar por cada contribuinte pode ser fixado na lei através da indicação
de uma importância fixa. Nos segundos, vai-se indicando uma taxa ou taxas
expressas em percentagem, que aplicadas à matéria colectável determinam o
imposto a pagar.

Nos impostos de quota variável a taxa pode ser proporcional, progressiva ou


regressiva. Segundo Carlos (2006: 49) “os impostos proporcionais são aqueles em
que o montante de imposto a pagar cresce na mesma proporção que a matéria
colectável”. São aqueles que têm uma taxa fixa, única e constante, qualquer que seja
o valor da matéria colectável. Assim, o imposto aumenta proporcionalmente ao
aumento da matéria colectável.

O Estado pode exigir uma fracção crescente da matéria colectável, mas baixando a
taxa do imposto à medida que esta aumenta, ou seja, a taxa média decresce quando o
rendimento aumenta. Neste contexto, estamos perante um imposto regressivo. No
entanto, actualmente não existe este tipo de imposto.

Os impostos progressivos são aqueles em que a colecta de imposto cresce mais do


que proporcionalmente em relação à matéria colectável. São impostos com um leque
crescente de taxas em que a taxa aplicável tem um aumento progressivo à medida
que a matéria colectável aumenta.

Em relação aos impostos progressivos, importa salientar que não há impostos que
sejam indefinidamente progressivos, pois em dado momento, atingia-se uma taxa de
cem por cento e o imposto consumia toda a matéria colectável. Deste modo, as taxas
do imposto progressivo são crescentes até determinado limite, a partir do qual a taxa
passa a ser única.

De salientar, que o sistema de progressividade actual não é o da progressividade


global em que toda a matéria colectável é tributada à taxa mais elevada.

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É o da progressividade por escalões, pois o sistema da progressividade global
comporta, injustiça.

O sistema da progressividade por escalões é mais justo, uma vez que, a matéria
colectável concretamente apurada é dividida por um determinado número de partes,
as necessárias para corresponder ao leque de taxas a que pertence. Em seguida
aplica-se a taxa mais elevada, não à totalidade da matéria colectável, mas apenas
àquela parte que excede o limite máximo do escalão anterior.

O imposto continua a ser progressivo, cresce mais do que proporcionalmente em


relação à matéria colectável, mas evita-se a possibilidade de a um rendimento bruto
superior corresponder, uma vez pago o imposto, um rendimento líquido inferior.

Questão igualmente muito discutida na actualidade é a de saber qual o sistema de


imposto sobre o rendimento mais justo. Será o de um imposto proporcional ou o de
um imposto progressivo? Se admitirmos que o dinheiro tem uma utilidade marginal
decrescente, que vai perdendo valor à medida que se vai tendo muito, então um
imposto justo é o imposto progressivo.

Com o dinheiro a valer menos para quem tem muito será necessário que o imposto
cresça de forma mais do que proporcional em relação ao rendimento colectável, para
que o sacrifício feito com o seu pagamento seja igual ao de quem aufere um
rendimento menor.

Porém, o pressuposto da utilidade marginal decrescente, que é válido para a


generalidade dos bens, pode não ser para o dinheiro. De facto, não está
demonstrado, nem é demonstrável, que o dinheiro tenha uma utilidade marginal
decrescente e que quem tem muito dele, abdique com mais facilidade.

c) Impostos periódicos e Impostos de obrigação única

Nos impostos periódicos o pressuposto de tributação apresenta uma certa


característica de estabilidade ou continuidade, ou seja, a obrigação de imposto é
relativa a situações estáveis que, normalmente se prolongam no tempo, com uma
periodicidade regular. Nos impostos de obrigação única esse pressuposto apresenta-
se isolado e mesmo quando se pode repetir é tomado isoladamente. Estes
caracterizam-se por não serem susceptíveis de uma ocorrência tendencialmente
regular e previsível, porque o facto que a determina se traduz na prática de um acto
instantâneo.

d) Impostos gerais e Impostos especiais

Os impostos também podem ser classificados em impostos gerais e em impostos


especiais.

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Enquanto, que os impostos gerais estão previstos na lei de forma a aplicarem-se a
uma determinada categoria de situações análogas, os impostos especiais, não
obstante dizerem respeito a factos ou situações abrangidos nos impostos gerais, são
objecto de uma disciplina jurídica especial.

De acordo com Martins (2008: 10) “os impostos especiais de consumo apresentam
características comuns, ou seja, são todos impostos monofásicos, sujeitos ao
princípio da equivalência ou beneficio, em que o facto gerador se verifica, como
regra, na data de introdução no consumo”. Contudo, no contexto da União Europeia
tem-se assistido a um reforço financeiro destas como seguimento do compromisso,
assumido quando se implementou o Mercado Interno.

e) Impostos sobre o rendimento, património e consumo

Esta classificação atende à natureza económica e o critério subjacente sucede da


natureza da base sobre que incide a tributação. Segundo Pereira (2009: 57)
“actualmente é esta a classificação que tende a assumir maior importância, desde
logo no recorte constitucional do sistema fiscal”.

Num período inicial, o rendimento era definido como o produto imputável de modo
regular e obtido durante um certo período através da participação na actividade
produtiva, ou seja, o produto periódico da exploração de uma fonte económica
durável. É a denominada de teoria da fonte ou do rendimento-produto que teve
grande utilização legislativa através dos chamados impostos parcelares ou cedulares
sobre o rendimento.

3. Taxas

As taxas constituem, em regra, conjuntamente com os impostos, as principais


receitas coercivas do Estado. As taxas são receitas tributárias que segundo Xavier
(1981: 42) têm “carácter sinalagmático (bilateral), não unilateral, o qual por seu
turno deriva funcionalmente da natureza do facto constitutivo das obrigações em
que se traduzem e que consiste ou na prestação de uma actividade pública ou, na
utilização de bens do domínio público ou na remoção de um limite jurídico à
actividade dos particulares”.

3.1. Distinção entre Imposto e Taxa

Assim, estes impostos só podem ser criados pela Assembleia da República ou pelo
Governo, desde que munido da indispensável autorização daquela. Em relação às
taxas, a reserva relativa de competência à Assembleia da República abrange apenas
o seu regime geral.

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Assim, a criação de cada taxa específica não tem que ser aprovada pela Assembleia
da República ou pelo Governo, com autorização prévia daquela. No entanto, não
pode ser criada sem qualquer exigência, pois tem de ser observado o princípio da
proporcionalidade em relação ou ao benefício específico facultado pelo serviço
prestado ou ao custo suportado pela comunidade quando utiliza um bem de domínio
público. Porém, a relação entre o valor que é pago e a contrapartida recebida, não
tem que ser exactamente igual em termos económicos.

Nesta relação apenas tem de existir uma equivalência jurídica pela utilização desse
bem e nunca em função da capacidade contributiva revelada por quem a paga. Para
além da forma de criação descrita atrás, e em termos fundamentais, pode dizer se
que o imposto se distingue da taxa, porque o imposto é unilateral e a taxa é bilateral.

Com efeito, ao contrário do imposto, que não confere a quem o paga o direito a
contrapartida directa e imediata, a taxa é sempre a contrapartida individualizada de
algo que se recebe em troca. A taxa não tem que ter carácter voluntário, porque o
serviço prestado que está na sua origem pode não ser o desejado e até ser recusado.
Mas, se há um serviço individualmente prestado, o que se paga por esse serviço é
uma taxa. De facto, a taxa não se distingue do imposto por ser voluntária, mas sim
pelo facto de ser bilateral, como já dissemos atrás.

3.2. Facto Gerador do Imposto

Como refere Pereira (2009: 27) “um imposto pressupõe a existência de um facto
tributário24, definido como tal na lei e que uma vez verificado faz nascer a
respectiva obrigação”. Sem facto tributário não há obrigação de imposto. Esse facto
essencial da obrigação de imposto é designado, normalmente, por facto gerador do
imposto. E é tão importante que, se não houver facto tributário é suficiente, para que
o acto de liquidação de imposto seja anulado, num caso de impugnação.

O facto tributário comporta, por um lado, um elemento subjectivo, que é quem fica
abrangido pela obrigação do imposto, por outro, um elemento objectivo, que é o
facto tributário em si mesmo. No elemento objectivo do facto gerador do imposto,
temos que distinguir três aspectos, como o aspecto material, o aspecto espacial, o
aspecto temporal e o aspecto quantitativo.

O aspecto material é verificado pela própria dimensão do facto tributário, que


actualmente deve estar comummente relacionada com a capacidade contributiva. De
acordo com Pereira (2009: 28) têm sido considerados elementos materiais uma
situação, acontecimento ou fenómeno de natureza económica a (percepção de um
rendimento), um acto ou negócio jurídico (uma compra e venda). O aspecto espacial
é a relação do facto tributário com um determinado território, sendo necessário o
recurso aos elementos de conexão territorial.

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O aspecto temporal está relacionado com a duração no tempo do facto tributário,
isto é, o decurso de tempo em que se verifica. Há alguns que são duradouros
prolongando-se no tempo de uma forma continuada e ininterrupta, e outros
imediatos, que são delimitados a um curto espaço de tempo, sendo para tal
necessário dividir esses factos em períodos de tempo, os períodos de tributação.

No entanto, é necessário para “qualquer dos casos precisar na lei” de que forma se
consubstancia no tempo o facto tributário, como refere Pereira (2009: 29). O aspecto
quantitativo do elemento objectivo do facto tributário é o que lhe atribui uma
expressão quantitativa, ou seja, permite fazer a mensuração do aspecto material.

3.3. Momentos da Obrigação de Imposto

Os momentos que cronologicamente se sucedem, desde a ocorrência do facto gerador


do imposto até à sua cobrança, são frequentemente designados por fases do imposto.
Cada uma destas fases é regulada por um conjunto de normas jurídicas que esclarece,
descreve e regula a fase a que respeita. As fases do imposto são a incidência, o
lançamento, a liquidação e a cobrança.

1 - A incidência

A incidência é o primeiro momento a considerar no preenchimento dos pressupostos


necessários à geração do facto tributário. Nesta fase, vão ser definidos em abstracto os
pressupostos tributários que fazem nascer a obrigação de imposto.

Vai ser definida a matéria colectável do imposto e vão-se identificar os sujeitos


passivos. Como elemento essencial do imposto que é, esta fase está sujeita ao princípio
da legalidade fiscal. Assim, podemos considerar que a incidência é positiva ou negativa.
As normas de incidência positiva são as que definem os factos ou situações a que se liga
a obrigação de pagar o imposto, designados por factos geradores de imposto ou
pressupostos de facto do imposto. As normas de incidência negativa ou subjectiva são
as que definem os obrigados tributários ou sujeitos passivos do imposto.

2 - O lançamento

Esta fase corresponde ao momento do início da aplicação da lei. É a fase em que, do


geral e abstracto da incidência, se passa ao individual e concreto. É a fase em que se
processam as operações conducentes à identificação particular dos sujeitos passivos e à
determinação concreta da matéria colectável sobre que vai incidir o imposto.

3 - A liquidação

A liquidação é a operação aritmética de aplicação de uma taxa à matéria colectável


apurada na fase do lançamento, para determinação do montante exacto de imposto
devido pelo sujeito passivo, ou seja, a colecta.

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Naqueles impostos em que a lei prevê a possibilidade de deduções à colecta, a
liquidação abrange também os cálculos decorrentes destas deduções. Actualmente
generaliza-se a tendência para agrupar sob a designação “liquidação”, quer as operações
de liquidação propriamente ditas quer as operações de lançamento mencionadas no
ponto anterior.

4 - A cobrança (pagamento)

Após a fase de liquidação procede-se à cobrança do imposto. A cobrança e pagamento


são expressões que traduzem a mesma realidade jurídica. A primeira é assumida do
ponto de vista da administração fiscal, que cobra o imposto e a segunda é encarada do
ponto de vista do contribuinte, que o paga. É a fase final da vida do imposto. O
pagamento do imposto pode ser voluntário ou coercivo. O pagamento voluntário é, em
princípio, efectuado dentro do prazo estabelecido na lei e processa-se de acordo com os
regimes previstos para cada imposto. É, ainda, considerado pagamento voluntário, o
efectuado fora do prazo previsto na lei fiscal, obrigando, no entanto, ao pagamento de
juros de mora.

O pagamento coercivo verifica-se nos casos de incumprimento total ou parcial por parte
do devedor. Neste caso abre-se um processo de execução fiscal, com a finalidade de
garantir o pagamento do imposto em falta.

Com o objectivo de arrecadar receitas ao longo do período de tributação, o Estado


aplica, a determinados rendimentos, as taxas de retenção na fonte. Estas podem revestir
a modalidade de pagamento por conta ou a da aplicação de taxas liberatórias. No
primeiro caso com base na declaração do contribuinte é deduzido o imposto retido na
fonte, ao longo do ano, determinando-se desta forma o montante a entregar ao Estado.

No segundo caso o imposto é pago no momento em que os rendimentos são auferidos,


não necessitando o contribuinte de declará-los posteriormente na sua declaração de
rendimentos.

Este mecanismo possibilita uma regular arrecadação de receitas para o Estado e um


menor esforço para o contribuinte quando tiver de pagar o imposto devido a final.

3.4. Distinção dos impostos com outras figuras afins

Embora os impostos sejam frequentemente associados a outras figuras tributárias, como


taxas, multas e coimas, há distinções importantes entre eles. Aqui estão algumas das
diferenças fundamentais:

1. Impostos:

- São obrigações financeiras impostas pelo governo aos contribuintes, sem


necessariamente uma contraprestação direta em termos de serviços ou benefícios.

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- São compulsórios e não estão diretamente vinculados a um serviço específico
prestado pelo governo.

- A receita dos impostos é geralmente utilizada para financiar despesas gerais do


governo, como educação, saúde, segurança pública, entre outros.

- Exemplos incluem imposto de renda, imposto sobre o valor acrescentado (IVA),


imposto predial, entre outros.

2. Taxas:

- São valores cobrados pelo governo em troca de um serviço específico prestado ou


autorização concedida.

- Geralmente, há uma relação direta entre a taxa cobrada e o serviço ou benefício


recebido pelo contribuinte.

- As taxas podem ser obrigatórias ou opcionais, dependendo da natureza do serviço ou


autorização.

- Exemplos incluem taxas de licenciamento, taxas de registro, taxas de serviço


público, entre outros.

3. Multas:

- São penalidades financeiras impostas pelo governo em resposta à violação de uma


lei, regulamento ou obrigação legal.

- Geralmente, as multas são aplicadas como uma forma de punição ou dissuasão para
desencorajar comportamentos indesejados.

- As multas podem variar em valor dependendo da gravidade da infração e podem ser


aplicadas de forma proporcional ao dano causado.

- Exemplos incluem multas de trânsito, multas por atraso no pagamento de impostos,


multas por violação de regulamentos ambientais, entre outros.

4. Coimas:

- Coimas são, essencialmente, sinônimos de multas, sendo utilizadas principalmente


em jurisdições de língua portuguesa, como Portugal e Brasil.

- Como as multas, as coimas são penalidades financeiras aplicadas pelo governo em


resposta a infrações legais ou regulamentares.

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- A distinção entre multas e coimas pode variar de acordo com a legislação local, mas,
em essência, referem-se ao mesmo conceito de penalidade financeira.

Embora essas figuras tributárias compartilhem semelhanças em termos de serem


obrigações financeiras impostas pelo governo, as diferenças em sua natureza, finalidade
e aplicação são importantes para compreender o funcionamento do sistema tributário e
legal de um país.

4. Elementos dos impostos

Os impostos são elementos cruciais para o financiamento das atividades governamentais


e desempenham um papel fundamental na economia de qualquer país. Eles são
compostos por vários elementos, que incluem:

1. Base de Tributação: Refere-se ao objeto sobre o qual o imposto incide. Pode ser a
renda, o consumo, a propriedade, a transação financeira, entre outros. A base de
tributação determina quem ou o quê está sujeito ao imposto.

2. Alíquota: É a taxa aplicada à base de tributação para calcular o valor do imposto


devido. As alíquotas podem ser fixas, proporcionais (a mesma taxa para todos os
contribuintes), progressivas (a taxa aumenta com o aumento da base de tributação) ou
regressivas (a taxa diminui à medida que a base de tributação aumenta).

3. Contribuinte: São as pessoas físicas ou jurídicas que são legalmente responsáveis


por pagar o imposto. Os contribuintes podem ser indivíduos, empresas, organizações
sem fins lucrativos, entre outros.

4. Fato Gerador: É o evento que faz surgir a obrigação tributária. Pode ser a realização
de uma atividade econômica (como a venda de um produto), a obtenção de renda, a
posse de um bem, entre outros.

5. Arrecadação: Refere-se ao processo pelo qual o governo coleta os impostos dos


contribuintes. Isso pode ser feito por meio de diversas formas, como retenção na fonte,
pagamento direto pelos contribuintes ou arrecadação compulsória.

6. Legislação Tributária: São as leis e regulamentos que estabelecem as regras e os


procedimentos relacionados à cobrança e à administração dos impostos. A legislação
tributária define quem é tributável, as bases de tributação, as alíquotas, as deduções e
créditos fiscais, entre outros aspectos.

7. Finalidade: Refere-se ao propósito para o qual os impostos são arrecadados. Isso


pode incluir financiamento de serviços públicos, redistribuição de renda, estímulo à
economia, entre outros objetivos. Esses elementos dos impostos formam a estrutura
básica dos sistemas tributários e são essenciais para compreender como os impostos
funcionam e como eles impactam indivíduos, empresas e a economia como um todo.

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5. Conclusão

Em última análise, a teoria geral dos impostos representa um campo dinâmico e


complexo que continua a desempenhar um papel central no desenvolvimento e na
implementação de políticas públicas em todo o mundo. À medida que as sociedades
evoluem e as economias se transformam, a compreensão dos princípios fundamentais da
tributação torna-se ainda mais crucial para garantir sistemas fiscais eficientes,
equitativos e sustentáveis.

Ao refletirmos sobre os debates e desafios discutidos neste trabalho, fica claro que a
tributação não é apenas uma questão técnica, mas também uma questão de justiça
social, distribuição de recursos e incentivos econômicos. Portanto, é essencial que os
formuladores de políticas, os acadêmicos e a sociedade em geral continuem a buscar
uma compreensão aprofundada dos fundamentos da teoria geral dos impostos, a fim de
informar decisões informadas e promover um debate construtivo sobre o papel dos
impostos na construção de um futuro mais próspero e equitativo para todos.

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6. Referencias Bibliográficas

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