Aula 7 - Remoção Seletiva de Cárie
Aula 7 - Remoção Seletiva de Cárie
Aula 7 - Remoção Seletiva de Cárie
A remoção seletiva de cárie pode ser indicada para dentes decíduos e permanentes, tanto em
dentes anteriores quanto posteriores, ou seja, não existe restrição quanto ao tipo de dente a
ser tratado.
Objetivos do tratamento:
O objetivo geral da remoção seletiva de tecido cariado que é manter o dente e a saúde, tanto
do ponto de vista da viabilidade (continua depositando dentina ao longo do tempo), quanto da
sensibilidade (polpa vai sinalizar se está tudo bem ou não através da sensibilidade), do tecido
pulpar pelo maior tempo possível. No caso de dentes decíduos o dente deve estar viável até a
esfoliação e sucessão pelo permanente, já os permanentes devem estar viáveis por toda a vida
do indivíduo.
Pode ser lançado mão desse tratamento em alguns tratamentos, por exemplo:
Mecanismos de defesa
● Inflamação: como todo tecido conjuntivo as respostas se iniciam pela inflamação, que
é uma forma de sinalização para as células de que algo errado está ocorrendo e não
está adequado. Essas células passam a se preparar para defender o tecido.
● Deposição de dentina intratubular e dentina terciária: essas células como forma de
defesa começam a depositar dentina dentro do túbulo dentinário que vão inviabilizar a
difusão dessas bactérias e também vão depositar dentina na periferia da câmara
coronária, tentando distanciar dessa frente de invasão microbiana. Essas células são os
odontoblastos (vão receber e identificar o estímulo nocivo).
● Mais escurecida
Dentina terciária
● Pode ser do tipo reacional ou reparadora (clinicamente não podem ser diferenciadas, a
única situação clínica que pode formar dentina reparadora é no caso de exposição
pulpar, pois tem morte de odontoblastos)
● Se forma em resposta a um agente agressor (em resposta a uma patologia)
Zonas histológicas da lesão de cárie profunda em dentina
Em uma cavidade de média profundidade não existe tempo e nem espaço suficiente para
formação de todas essas camadas, ou se formam são mais finas (a transição é mais suave,
portanto, mais difícil de identificar onde começa uma e termina outra camada).
Uma das camadas se chama zona de contaminação, pois é o segundo lugar que tem mais
microrganismos (vai ocorrendo uma diminuição gradual à medida que vai avançando de uma
camada para outra).
A invasão da dentina por microrganismos via túbulos dentinários precede as alterações visíveis
clinicamente. Mesmo que se remova tudo que consideramos ser tecido cariado, mesmo assim
teremos bactérias dentro dos túbulos dentinários. Portanto, mais importante do que remover
todo o tecido cariado é o selamento das margens da cavidade.
Devemos remover a maior carga microbiana da dentina e como consequência iremos reduzir a
agressão e favorecer a defesa dentino-pulpar.
As 10 bactérias mais abundantes são microorganismos que estão associados à cárie. Os genes
mais abundantemente identificados na camada mais profunda da lesão de cárie estão
associados ao metabolismo de carboidratos, aminoácidos e transporte de membrana. Tudo
isso acontece pelo grau de acidificação do macroambiente, gradiente de oxigênio e acesso a
nutrientes.
Dentina infectada:
Dentina afetada
● Acastanhada
● Passível de remineralização
● Deve ficar na cavidade para ser mais conservador e não correr risco de expor o tecido
pulpar
Um molar decíduo, por exemplo, com lesão de cárie extensa deve ser feito a remoção
completa da dentina necrótica, remoção superficial da dentina contaminada e depois estender
as margens de esmalte e dentina até uma região sadia. É importante limpar as margens para
ter um melhor selamento dos microrganismos dentro da cavidade.
● Biocompatível
● Atividade antimicrobiana
● Adesivo à dentina
● Insolubilidade
Dentre todas essas propriedades a mais importante é a de biocompatibilidade para que não
seja tóxico, para manter a vitalidade e a viabilidade do tecido pulpar.
Existe uma gama de materiais restauradores para serem usados como forradores cavitários
para proteção pulpar. No entanto, não devemos utilizar os sistemas adesivos ou resinas nessa
situação. Devemos usar um material que tenha biocompatibilidade.
A adesão à dentina afetada por cárie é inferior, cerca de 30-50% da dentina hígida.
O material que mais preenche esses requisitos são os CIVs, então, possuem
biocompatibilidade, bioatividade (pois atuam como remineralizadores), biomiméticos pois
possuem algumas propriedades que se assemelham ao tecido que está sendo aplicado (não
em relação a estética, mas sim ao módulo de elasticidade que é muito semelhante à dentina, e
coeficiente de expansão térmica próximo a dentina). Esses materiais selam bem a interface,
promovendo bom selamento. São os mais bem indicados para remoção seletiva de tecido
cariado.
Podem ser aplicados com segurança em cavidades profundas: vitrebond modificado por
resina, Riva nas duas versões, tanto modificado por resina quanto o químico. O biodentine é
um biosilicato, além dos cimentos de hidróxido de cálcio.
1. Dados da anamnese:
● Presença e tipo de dor: para as lesões poderem ser submetidas à remoção parcial de
cárie o dente deve ser assintomático, ou seja, dor ausente ou dor provocada (cessa
assim que o estímulo é removido).
● A questão é que às vezes a criança não consegue dar informações se dói sozinho ou se
dói quando come, devemos lançar mão de outros critérios.
2. Características clínicas
3. Aspectos radiográficos
Devemos juntar todas essas informações para definir um diagnóstico. Exemplo, criança de 4-5
anos, com uma lesão de cárie extensa, sem edemas, fístulas, mobilidades. Radiograficamente é
observada uma área de radiopacidade e uma linha entre câmara coronária e polpa. Sem
problemas na região de furca. Nesse caso, optamos por fazer uma radiografia interproximal
primeiro, caso suspeitemos de algum problema podemos completar com a periapical.
As lesões profundas são definidas como lesões que ultrapassam a metade da espessura da
dentina que recobre o tecido pulpar.
Em dentes permanentes, deve ser realizada a remoção seletiva de dentina cariada, uma vez
que essa técnica resulta em um menor número de complicações pulpares, como a exposição
do tecido, quando comparada à remoção não seletiva.
● Sem reabertura
● Limite de remoção de tecido cariado: definido pelo profissional com base nos
parâmetros clínicos de dureza e coloração do tecido dentinário cariado; limpeza
adequada das paredes laterais.
● Isolamento relativo
● Sem reabertura
OBS: Não usamos mais a irrigação com água de hidróxido de cálcio para fazer a assepsia
previamente à restauração. Atualmente usamos a clorexidina a 0,12% em cavidades
profundas, e clorexidina a 2% em cavidades médias. Tem atividade antimicrobiana e inibição
de algumas enzimas como as MMPs, CCs, colagenase bacteriana. Ao usar a clorexidina
inativamos cerca de 30% dos microorganismos na cavidade, pois não tem muita capacidade de
penetrar nos túbulos dentinários (a clorexidina vai limitar o substrato para as bactérias
produzirem ácidos e dissolver a dentina).
● Ausência de bioatividade
● Empoçamento do adesivo
● Volume final de composto – volume da resina vai ser muito grande e contrai e
expande muito mais que os tecidos dentários. O desafio da interface é muito maior do
que quando utilizamos o CIV, desafiando as margens da restauração.
● Devemos sempre colocar o CIV no fundo da cavidade, para que se torne de média
profundidade com assoalho regular, e a partir daí podemos fazer o procedimento
restaurador.
O dente deve ser avaliado clinicamente e radiograficamente uma vez por mês durante os
primeiros 3 meses, e depois aos 6 meses e 12 meses de procedimento.
Após 3 anos o índice de sucesso chega a aproximadamente 94%, por isso, vale a pena lançar
mão da remoção seletiva de cárie.