Artigo Cifefil 29-11

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 15

SILÊNCIOS E AGRESSÕES: UMA PROPOSTA DE TRABALHO

SOBRE A IMAGEM NEGRA REPRODUZIDA NAS OBRAS


LITERÁRIAS E SEUS IMPACTOS NA FORMAÇÃO CRÍTICA
DO LEITOR-EDUCANDO
Natália Felix Amaral 1
[email protected]
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o ensino de literatura na
rede pública de educação e sua potência tanto na denúncia do racismo estrutural de
nossa sociedade quanto na construção de um pensamento crítico a respeito das
práticas naturalizadas através dos anos. Nesse sentido, busca-se analisar como
personagens índices da questão podem ser apresentadas e trabalhadas em sala de aula
para a criação de um processo pedagógico que além de denunciar, suscite no aluno
habilidades para reconhecer tais processos em todos os campos de sua vida – desta
forma a educação literária se apresenta como uma ferramenta de enfrentamento ao
racismo, bem como se salienta a responsabilidade do professor em abordar tais
aspectos de maneira efetiva, reconhecendo-lhes a importância na narrativa e
estabelecendo relações com as dinâmicas socias e históricas externas à obra. Para
tanto serão observadas personagens negras em quem o silêncio ou o silenciamento seja
ponto fundamental, serão focalizados autores já consagrados pela crítica: Machado de
Assis e Clarice Lispector. Na obra Memórias póstumas de Brás Cubas se analisará o
escravo doméstico do personagem principal; já em A paixão segundo G.H. será
focalizada a personagem Janair, empregada doméstica que desencadeia a novela.
Palavras-chave: Palavra 1. Palavra 2. Palavra 3.
ABSTRACT
This paper aims to reflect on the teaching of literature in the public education
system and its power both in denouncing the structural racism of our society and in
building critical thinking about naturalized practices over the years. In this sense, we
seek to analyze how key figures of the issue can be presented and worked in the
classroom to create a pedagogical process that, in addition to denouncing, raises in the
student skills to recognize such processes in all fields of his life - this in this way,
literary education presents itself as a tool to confront racism, as well as the teacher's
responsibility to approach such aspects effectively, recognizing their importance in
the narrative and establishing relations with the social and historical dynamics
external to the work. For that, black characters will be observed in whom silence or
silencing is a fundamental point, focusing on authors already consecrated by the
critic: Machado de Assis and Clarice Lispector. In the work “Posthumous Memories
of Brás Cubas” will analyze the main character's domestic slave; already in “The
passion according to G.H.” the character Janair, a domestic worker who unleashes
the soap opera, will be focused.
Keywords: Word 1.Word 2. Word 3.

1
UEMS- Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
1. Introdução
Este trabalho visa observar personagens negros em duas obras
ícones da literatura nacional: Memórias Póstumas de Brás Cubas e A
Paixão segundo G.H. Ainda que distantes historicamente, não podemos
dizer que estas obras não compartilhem um tom insólito e realista, assim
como o fato de refletirem uma visão da sociedade brasileira pelo viés da
classe dominante a que assumidamente pertencem seus narradores –
narradores também díspares e semelhantes ao mesmo tempo: há em
ambos a ironia apurada, o descrever focalizando coisas e objetos para
falar sobre dinâmicas profundas da sociedade, a forma como descrevem
as personagens e as situações que lhes circundam; a maneira como
criticam “apenas” apontando tal objeto ou maneirismo social e tecendo
comentário aparentemente desconexo com o assunto.
Os anos que as separam torna a comparação mais interessante ao
trabalho por possibilitar a reflexão sobre a mudança na representação da
figura negra dentro das obras com o consolidar da abolição. Interessante
dizer que a primeira é publicada em 1881 focalizando período anterior ao
ano de 1869 (data de morte do defunto-autor), tendo sido escrita,
publicada e lida enquanto o trabalho escravo ainda era uma realidade.
Havia nesse tempo algumas possibilidades de liberdade para as pessoas
negras, contudo sempre ligadas a questões pessoais e não ao direito
inalienável à liberdade; se ainda hoje discutimos a questão da segurança
dos corpos negros, naquela época a possibilidade de todo tipo de
aviltamento era uma realidade próxima. Já a segunda é publicada em
1964 e em seu enredo não importa medir o tempo, uma vez que se passa
completamente em poucas horas; tal disparidade no gênero, no tempo e
na própria forma das obras gera um panorama interessante das mudanças
nas relações materiais, das práticas e da caracterização das personagens
negras em nossa literatura. Contudo, embora a princípio pareçam tão
diferentes, foram encontrados saborosas semelhanças nas prosas
analisadas. Parece óbvio dizer que Clarice lia Machado de Assis. Por isso
dizemos que há uma experimentação formal do narrador e da construção
do espaço em A paixão segundo G.H. que encontra semelhanças nas
produzidas séculos antes pelo Bruxo do Cosme Velho. Alguns deles
tentaremos aqui demonstrar.
Interessa ao artigo delimitar e esmiuçar o quanto possível as
relações de trabalho e poder em que as personagens interagem, uma vez
que ambas as histórias trazem a figura negra no lugar de empregado
doméstico e a branca como senhor/patrão. Para tanto, utiliza-se autores
que já se debruçaram sobre a questão na obra de Machado de Assis,
como Sidney Chalhoub e Roberto Schwarz. De ambos retira-se o
conceito de classe senhorial a que pertence Brás e G.H., bem como se
desenham as relações de servilidade a que respondem Prudêncio e Janair.
Alguns aspectos serão focalizados para além da questão acima
exposta, em parte por serem recorrentes em ambas as diegeses, e em
parte por indicarem algo recorrente também na realidade externa à obra –
contudo todos esses aspectos se ligam à problemática em diferentes
níveis. São eles: o silêncio e o silenciamento das personagens negras, o
tratamento que o(a) narrador(a) dispende a elas, os espaços reservados às
classes analisadas, a autoimagem da classe senhorial – desfaçatez e
ironia.
Desta maneira, o artigo busca propiciar por um lado um retrato
das mudanças históricas na condição negra; e por outro a reflexão acerca
da real abrangência destas mudanças, ou o questionamento da
superficialidade dos direitos e avanços neste sentido. Contudo, mais que
um exercício de literatura comparada, este trabalho obstina pensar a
prática para ser implementada em sala de aula do ensino médio, em uma
tentativa de aproximar teoria literária e ensino de literatura explorando
possibilidades metodológicas críticas no tocante ao racismo estrutural e a
perpetuação da violência contra a população negra. Para tanto, utiliza-se
a tecnologia mais avançada que a linguagem humana já produziu: o texto
literário.
2. Antes de mim já havia vozes percorrendo o caminho dos sentidos
possíveis
Muitos são os esforços no sentido de aproximar os estudo críticos
da literatura do jovem leitor no espaço da escola. Amplos investimentos
são feitos ano a ano na compra de livros teóricos e literários para
abastecer as bibliotecas das escolas públicas, o Programa Nacional do
Livro Didático, ou PNLD, e o PNLD Literário são índices desses
esforços. Através destes programas, livros como Um mestre na periferia
do capitalismo pode chegar ao recôndito das Moreninhas 32, e deve
chegar a outros tantos lugares longínquos. Contudo, se o livro chegar,
mas a formação do professor de literatura dessa escola não for ao
2
Bairro periférico construído fora do perímetro urbano da cidade de
Campo Grande-MS. Neste bairro, diferente de todos os outros da cidade,
há uma maternidade e um cemitério, sendo comum história de moradores
que nasceram e morreram ali sem nunca terem ido ao centro da cidade.
encontro da discussão proposta por Schwarz, fará efeito sua presença?
Tal obra é realmente eficaz em uma escola que só atende fundamental 1 e
2? Qual foi a estratégia pensada e o impacto esperado que fez com que
esta escola recebesse sozinha mais de cinco exemplares do referido livro
enquanto não recebeu nenhum livro literário – nem mesmo de Machado
de Assis – em número suficiente para que uma turma de 35 alunos lesse
ao mesmo tempo a mesma obra, e assim possibilitasse ao professor
conduzir um trabalho com o texto literário mais eficaz?
O fato e as questões acima mencionadas fizeram com que se
tornasse urgente criar um método capaz de transpor toda a bibliografia
trabalhada no mestrado para uma rotina didática centralizada no texto
literário e na análise dos aspectos ligados à condição negra presentes nas
obras. Perseguindo tal objetivo, reuniu-se textos em que a naturalidade
das relações de opressão é criticada – a nosso ver, estes autores teóricos
são tão subversivos quanto os autores literários aqui analisados.
Passemos agora a uma breve exposição dos conceitos utilizados.
Sem as reflexões propostas por Roberto Schwarz em Um mestre
na periferia do capitalismo este artigo não teria sentido. As análises aqui
contidas são desdobramentos críticos da leitura desta obra que se detém
sobre o romance Memórias póstumas e sua forma, desenhando-lhe as
classes e oposições presentes em cada detalhe. O capítulo sobre as
feições sociais do narrador Brás Cubas é uma reflexão acerca da forma
utilizada pelo narrador para construir a si mesmo e toda a narrativa: tudo
que o rodeia é indício da posição afortunada que ocupa. Aqui se encontra
uma descrição a respeito do personagem principal (tal descrição,
acreditamos, também serve para descrever G.H., com pequenas
adequações temporais ou de gênero – quando muito.)
Embora muito solta, a forma do romance é biográfica, entremeada de
digressões e episódios cariocas. Passam diante de nós a estações da vida
de um brasileiro rico e desocupado: nascimento, o ambiente da primeira
infância, estudos de Direito em Coimbra, amores de diferentes tipos,
veleidades literárias, políticas, filosóficas, científicas, e por fim a morte.
Estão ausentes do percurso o trabalho e qualquer forma de projeto
consistente. A passagem de uma estação a outra se faz pelo fastio,
imprimindo ao movimento a marca do privilégio de classe. As relações
são incivis em sentido próprio, isto é, não se pautam pela igualdade
moderna, que no entanto está postulada. A volubilidade de Brás aparece,
noutras palavras, como reverso da exclusão de trabalho ou empenho
autêntico, e como extensão da iniquidade tá de social. (SCHWARZ, 2000,
p.63)
2.1 A incivilidade
O autor sugere ainda que Brás traga uma afetação demonstrado
pelo vazio que abrange os sublimes na perspectiva de Brás: se quer algo
da filosofia, este algo é a casca e a pilheria. Entra na política pensando
única e exclusivamente na glória egoísta. Tal afetação também pode ser
usada para descrever a réplica artística esvaída de sentido crítico que
fosse tão adorada por G.H., indicando também aí o privilégio de classe
da personagem e o olhar atento da autora que, assim como Assis, não
tece comentários à toa – mesmo que o jogo proposto com seus narradores
possa dar ares de ingenuidade e relato descuidado.
Há também as ideias fora do lugar na equação do pensamento que
se quer moderno e liberal mas patina assentado na violência do trabalho
escravo. Do mesmo pensador Schwarz, mas agora em outra obra Ao
vencedor as batatas, se recolhe as imbricações dessa condição
contraditória de nosso recém-nascido mercado de trabalho na diegese de
Machado. Contudo, tal leitura acabou por afetar também o ato de ler a
literatura brasileira como um todo, refletindo mesmo na interpretação
Clarice: uma vez que se passa a pensar tais relações, torna-se gritante a
relação de trabalho existente na novela, pois ela é o desdobramento
último da condição analisada e descrita pelo teórico nas linhas de um
bruxo muito sábio. A própria maneira brasileira de vestir ideias europeias
esvaindo-lhes do conteúdo virulento combina como uma luva com a
paixão por réplicas ironicamente elegantes, vazias de responsabilidades e
vagamente artísticas que G.H. cultiva em seu apartamento. Uma vez
conhecidas, as ideias fora do lugar gritam em cada oposição apresentada
na novela.
Além de leituras críticas acerca dos personagens e acontecimentos
e sua relação com questões históricas e sociais da época de Machado,
Sidney Chalhoub contribuiu com uma nova chave de leitura de
Memórias póstumas. Contudo, tal chave foi assaz profunda, fazendo
mudar o panorama sobre todos os autores lidos a partir de então; foi uma
chave que também ajudou a compreender que não podia ser por sobra de
dinheiro que Clarice escrevera tanto e sempre. Demorou muito tempo até
que percebesse que tanto Machado quanto Clarice eram em diferentes
níveis agregados e, ainda que se acredite piamente que dados biográficos
não sejam aspecto central numa análise literária, essa condição confere
acidez à visão de mundo contida em suas obras. Se não fosse o
conhecimento do calvário de Machado acompanhando a implementação
das leis do sexagenário e do ventre livre, bem como a infinidade de
“saídas” encontradas pelos senhores para manter a normalidade
escravocrata, enquanto homem negro, filho de escravo liberto no
seguinte contexto:
Além disso, continuam a faltar pesquisas sistemáticas sobre a ameaça e a
ocorrência concreta de escravização ilegal. A tranquilidade escandalosa
com que centenas de milhares de africanos introduzidos no país após a lei
antitráfico de 1831 permaneciam ilegalmente escravizados - assim como
os seus descendentes - salta aos olhos e sugere a magnitude desse
costume senhorial e o tamanho do perigo que rondava a população livre
de cor em geral. Também é necessário observar com desconfiança a
prática comum, na corte e alhures, de deter para averiguação indivíduos
“suspeitos de serem escravos”. Numa sociedade em que havia escravidão,
e logo a vigência de uma lógica de dominação assentada na privatização
do controle social, um dependente, especialmente se pobre e de cor,
arriscava bastante ao se afastar da vizinhança em que podia ser
imediatamente referido a determinado universo de relações pessoais. A
rede que perseguia e capturava escravos fugidos tinha entrelaçamento
preciso regular ou lançava a ameaça e a suspeição sobre amplos setores da
população “livre” de cor? Dito isso, e apesar desse tanto que há em
comum na política do domínio vigente para escravos e dependentes, é
claro que a condição de escravo era muito diferente daquela do livre
dependente. Sabemos isso porque os escravos não estavam intensamente
pela liberdade, e via de regra organizavam suas vidas em função da
expectativa de alcançar esse objetivo. As características mais essenciais
do tipo de dependência a que estavam submetidos os escravos eram
castigo físico e a condição de propriedade - esta os deixava sempre sobre
a ameaça das transações de compra e venda e, por conseguinte, diante da
possível ruptura de seus laços de família e comunidade. (CHALHOUB,
2012, p. 56)

Já na bibliografia voltada para a obra de Clarice, a travessia do


oposto sugere o social numa relação de oposição e, por vezes negação –
negação que dissimula uma afirmação no romance. A junção da leitura
da obra de Sá com os teóricos já citados torna mais delimitável a questão
social na obra de Clarice. De maneira peculiar, as afirmações sobre a
protagonista também podem ajudar a refletir sobre Brás, demonstrando
quanto essa classe mudou pouco num país em que a dinâmica social é
dessa maneira afetada pela lógica dual na relações de trabalho.
Enquanto segundo o cristianismo é pelo amor que os homens podem
realizar o melhor de si mesmos para GH é da ausência de sentimentos
pela redução da vida humana a sensação a vida física e material ao mundo
da coisa que o homem alcança a plenitude sem beleza sem amor apenas a
monotonia do ser ausência do gosto da violência do neutro. [...]
A personagem G.H.: mulher financeiramente independente, sem marido,
sem filhos, que domesticar a seu viver (cf. PSGH, p. 16). Sempre
respeitara a beleza e sua moderação intrínseca (cf. PSGH, p.19), tivera
medo do feio e do inestético. Tudo nela foras “semi” ou “pré”. Vivia num
semi-luxo, com algumas ligações amorosas logo desfeitas; agradável
tinha amizades sinceras, com um certo sentimento irônico por si mesma,
embora “sem perseguições” (PSGH, p.25) (SÁ, 1999, p.127)

Embora muito díspares sejam os autores, as leituras propostas


para Brás Cubas guardam muitos sentidos que ressoam em G.H., bem
como a sugestão de que Prudêncio e Janair não estão tão distantes no
campo das práticas de trabalho quanto estão historicamente. As
semelhanças entre ambos os casos e as possibilidades interpretativas de
tais aproximações constituem o escopo deste artigo. Passemos agora para
a literatura!
3. Personagens eco de seu tempo
Focalizaremos Prudêncio, o escravo fustigado por Brás desde a
infância e Janair, empregada doméstica desencadeadora do nó da intriga
de A paixão segundo G.H. Ambos desempenham papéis secundários que
desnudam aspectos profundos de nossa sociedade, uma vez que essas
personagens estão ali enquanto trabalhadores em dois períodos distintos
de nossa sociedade; nesses períodos o trabalho é visto de diferentes
maneiras, mas o caráter pejorativo do trabalho se mantém – modificando-
se apenas na casca. Desta forma, ao focalizar estes personagens estamos
focalizando essa categoria de pessoas que tem no trabalho sua marca
fundante, sendo ambos negros, temos de pensar como se constrói as
relações de trabalho num país por muito centrado na condição do
trabalho escravo como base de sua estrutura econômica e social. O fato
de serem ambos negros não se dá por aleatoriedade do destino: o fato que
torna Prudêncio um vaso para chicotadas influencia a disponibilidade de
trabalho para Janair (tanto na qualidade quanto na quantidade) bem como
as condições providenciadas pela patroa para realização de tal trabalho.
É dentro deste panorama que analisamos os personagens neste
trabalho, costurando a teoria acima exposta e a leitura crítica,
objetivando percorrer os caminhos para posteriormente criar estratégias
para fazer ver esses caminhos.
Como a intenção deste artigo é traçar um panorama histórico da
condição negra no brasil ficcional, apresentaremos primeiro Prudêncio.
Escravo doméstico, acompanha o protagonista desde sua infância,
servindo-lhe de brinquedo vivo, mas também de consciência externa
deste em momento decisivo: é dele a ponderação de que Dona Eusébia,
mãe de Eugênia, havia vestido sua mãe para o velório; ponderação esta
que fez com que Brás não descesse e fosse encontrá-la em sua chácara.
Fator decisivo para o estabelecimento da relação com a flor da moita.
Interessante observar a forma como o narrador apresenta e qualifica o
personagem:
Prudêncio, um moleque de casa, era meu cavalo de todos os dias; punha
as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil
voltas a um e outro lado, e ele obedecia, - algumas vezes gemendo - mas
obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um “ai, nhonhô!” – ao que
eu retorquia: “Cala a boca, besta!” (ASSIS, 2008, p. 33)

Tal descrição termina abruptamente para que Brás possa seguir


vangloriando-se de seus maus hábitos infantis. Prudêncio é descrito
como animal de carga destinado à vara e ao silêncio. Nesta passagem o
escravo pode falar por si e de alguma maneira protestar contra a
violência que parece ser-lhe condição natural; ao que o protagonista
responde com um “cala a boca” e a menção ao posto de besta por ele
ocupado. A utilização de letras maiúsculas demonstra quem pode falar e
quem não deveria: enquanto a interjeição de Prudêncio inicia-se com
minúscula, a do senhor aparece com letra maiúscula, demonstrando quem
domina o “diálogo” – para reforçar o caráter de dono da voz do romance,
logo após essa resposta, o narrador volta a falar de si sem concluir nada
sobre tal relação, sem fazer uma piada ou mote. Como se realmente não
fosse importante, não passasse de um detalhe numa descrição corrida das
anedotas da infância. Contudo um pouco à frente apresenta-se a
conclusão sobre as consequências dessas influências no caráter do
narrador. Sob o viés das ideias fora do lugar podemos dizer que aqui
Machado apresenta sua nova visão da classe senhorial, e essa visão só
poderia vir partindo da observação da relação de um senhor e seu escravo
doméstico:
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, inclinei-me
a atenuá-la, a explicá-la, a classifica-la por partes, a entendê-la não
segundo um padrão rígido, mas ao sabor das circunstâncias e os lugares.
Minha mãe doutrinava-me a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos
e orações; mas eu sentia que, mais do que orações, me governavam os
nervos e o sangue, e a boa regra perdia o espírito que a faz viver para se
tornar uma vã fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes da
cama, pedia a Deus que me perdoasse, assim, como eu perdoava aos meus
devedores; mas entre a manhã e à noite fazia grande maldade, e meu pai,
passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava a rir: Ah!
brejeiro! ah! brejeiro! (ASSIS, 2008, p. 33)

Mais adiante na narrativa, depois do retorno de Brás ao Brasil


formado, Prudêncio volta a ser descrito, mas dessa é ele quem segura a
vara e fustiga sem piedade um negro. Havia ganhado a liberdade do pai
de Cubas, tornara-se então um agregado de cor, como descreve
Chalhoub; e por estar nessa condição acata a ordem do protagonista com
a mesma presteza dos tempos de moleque de casa.
Avancemos alguns séculos. Janair circula o mesmo Rio de Janeiro
de Prudêncio. Empregada doméstica no novo contrato de trabalho, o
assalariado, ela pode romper com sua senhora e é exatamente este o nó
de A paixão segundo G.H. A ruptura do contrato de trabalho requerida
por Janair é o que motiva a limpeza do quarto de empregadas do
apartamento, lugar em que a heroína da trama se deseroíza no contato
com a matéria branca da barata. Contudo, ainda que tenha essa
importância para a narrativa, no início do texto, quando a narradora ainda
não sabe o que está prestes a acontecer, esta sequer recorda o nome
daquela com quem dividiu o mesmo apartamento por seis meses. A
protagonista demora mais ou menos trinta páginas (de um livro de apenas
179) para lembrar seu nome. Quando rememora sua aparência, não o faz
sem espanto:
Foi quando inesperadamente consegui rememorar seu rosto, mas é claro,
como pudera esquecer? revi o rosto preto e quieto, revi a pele
inteiramente opaca que mais parecia um de seus modos de se calar, as
sobrancelhas extremamente bem desenhadas, revi os traços finos e
delicados que mal eram divisados no negror apagado da pele.
Os traços – descobri sem prazer – eram traços de rainha. E também a
postura: o corpo erecto, delgado, duro, liso, quase sem carne, ausência de
seios e de ancas. E sua roupa? Não era de surpreender que eu a tivesse
usado como se ela não tivesse presença: sob o pequeno avental, vestia-se
sempre de marrom escuro ou de preto, o que a tornava toda escura e
invisível – arrepiei-me ao descobrir que até agora eu não havia percebido
que aquela mulher era uma invisível. Janair tinha quase que apenas a
forma exterior, os traços que ficavam dentro de sua forma eram tão
apurados que mal existiam: ela era achatada como um baixo-relevo preso
a uma tábua (LISPECTOR, 2009, p. 40, grifo nosso).

A proximidade da figura de Janair com uma barata é gritante já


nesta primeira apresentação, mas é reforçada quando a narradora
compara a barata esmagada pela cintura com uma mulata à morte. Na
dissertação de mestrado que origina este trabalho tratou-se com mais
fôlego da questão; aqui vamos apenas enunciar a hipótese interpretativa
lá contida: a barata é uma representação de Janair, o único outro que
G.H. permitiu que lhe enxergasse, o único outro que G.H. foi forçada a
ver para além da superfície. Nesta simbologia Clarice também
aproximou questões ligadas à vivência da mulher negra na sociedade,
aproximando a barata da mulata e refletindo mesmo sobre o quarto de
empregada, espaço de confinamento e sombras. Como vai se demonstrar
mais à frente, Clarice separa essa duas mulheres dentro de um espaço
ínfimo trabalhando a oposição entre a posição social delas. Quanto mais
se lê a obra, mais se nota como questões materiais muito obviamente
desenhadas pela narradora são a força motriz para a catarse atingida pela
personagem principal; embora seja um livro denso e fragmentado, parece
cada vez mais que essa chave de leitura amplia as possibilidades
interpretativas.
Partindo desta chave, é expressivo o fato de Janair também ser
tida como coisa a ser “usada”, aqui vemos poucos avanços na questão do
reconhecimento de sua cidadania. G.H. demonstra uma incivilidade
própria da classe senhorial, visando salientar o enorme fosso entre elas.
Essa lógica de oposição predomina na narrativa, a principal oposição é a
do trabalho: G.H. não tem profissão e vê o trabalho de limpeza como
uma satisfatória atividade de organização. Tal visão advém do fato de
quase nunca “poder” limpar seu apartamento, como enuncia a narradora
ao dizer que este lhe é um prazer proibido por sempre utilizar
empregadas domésticas. O que para uma é distração, para outra é ofício
e característica determinante; isso determina qual espaço lhe está
reservado no apartamento, onde dormirá, o que comerá e outra série de
imposições feitas às trabalhadoras do setor – vale sempre lembrar que
ainda nos dias de hoje questões fundamentais como jornada de trabalho,
vínculos empregatícios e folgas não são direitos completamente
conquistados por esta classe. A realidade dessas trabalhadoras acontece
no limbo do trabalho livre em espaço (e relações, por que não lembrar)
privadas, o que dificulta regulamentação e fiscalização. Sem contar que a
forma como o mercado de trabalho brasileiro se desenha faz com que a
perpetuação dessa condição seja muito comum: ainda hoje é comum
famílias de empregadas e empregados domésticos.
Como bem descreve Chalhoub, a proximidade com a condição de
escravo e a eterna possibilidade de voltar a servir nestas condições
perpassam de maneira explícita a construção de Prudêncio, ao passo que
talvez seja mais difícil de enxergar o mesmo na condição de Janair, uma
vez que esta “existe” num tempo em que o trabalho livre é um fato – ou
deveria ser. Esta frase fica como uma ironia fina ao modo dos autores
aqui estudados: o Brasil de Janair era um Brasil livre de trabalho escravo,
tirando todo o trabalho análogo ao escravo que sempre teve, o Brasil era
livre de trabalho escravo e assentado na lógica do trabalho livre. As
ideias já deveriam então estar no lugar e a relação de trabalho de Janair
ser radicalmente diferente da de Prudêncio.
Da mesma forma que o trabalho pode ser ligado à cor de ambos, a
condição senhorial de seus opostos também é perpassada pela questão da
cor. Em Machado essa relação é assaz óbvia e não necessita ilustrações,
no caso de G.H. é construída sutilmente podendo facilmente ser perdida
no caldeirão de sentidos orquestrado pela narradora; contudo, como já se
mostrou em trabalhos anteriores, essa questão se inscreve na diegese
como um aspecto fundamental.
Decidida a começar a arrumar pelo quarto da empregada, atravessei a
cozinha que dá para a área de serviço. No fim da área está o corredor onde
se acha o quarto. Antes, porém, encostei-me à murada da área para acabar
de fumar o cigarro.
Olhei para baixo: treze andares caíam do edifício. Eu não sabia que tudo
aquilo já fazia parte do que ia acontecer. Mil vezes antes o movimento
provavelmente começara e depois se perdera. Dessa vez o movimento iria
ao fim, e eu não pressentia.
Olhei a área interna, o fundo dos apartamentos para os quais o meu
apartamento também se via como fundos. Por fora meu prédio era branco,
com lisura de mármore e lisura de superfície. Mas por dentro a área
interna era um amontoado oblíquo de esquadrias, janelas, cordames e
enegrecimentos de chuvas, janela arreganhada contra janela, bocas
olhando bocas. O bojo de meu edifício era como uma usina. A miniatura
da grandeza de um panorama de gargantas e canyons: ali fumando, como
se estivesse no pico de uma montanha, eu olhava a vista, provavelmente
com o mesmo olhar inexpressivo de minhas fotografias.
Eu via o que aquilo dizia: aquilo não dizia nada. E recebia com atenção
esse nada, recebia-o com o que havia dentro de meus olhos nas
fotografias; só agora sei de como sempre estive recebendo o sinal mudo.
Eu olhava o interior da área. Aquilo tudo era de uma riqueza inanimada
que lembrava a da natureza: também ali poder-se-ia pesquisar urânio e
dali poderia jorrar petróleo.
Eu estava vendo o que só teria sentido mais tarde – quero dizer, só mais
tarde teria uma profunda falta de sentido. Só depois é que eu ia entender:
o que parece falta de sentido – é o sentido. (LISPECTOR, 2009, p. 33-34)

Em Memórias póstumas o lugar de Brás é claramente delimitado,


então a oposição senhorial pode se dar via, por exemplo, rachar a cabeça
de uma negra por birra. No momento relatado em A Paixão, tais atos
haviam caído em desuso. Mas Clarice opera o espaço, o minúsculo
espaço de um apartamento, para tornar visíveis essas relações nos novos
paradigmas. A passagem acima exposta mostra como a narradora
descreve a passagem de um curto corredor, mas a dimensão da imagem é
faraônica, descendo aos recônditos de pesquisa de urânio. Isso demonstra
a diferença do lugar se se vai por fim acessar, o abandono da organização
plácida e úmida. O selvagem canyon de gargantas e bocas.
Não à toa, a fachada do prédio, onde moram as elegantes senhoras
donas de apartamento, é alva e lisa como o mármore. Enquanto a parte de
dentro, onde ficam as lavanderias e os quartos de empregada, é marcado
por “enegrecimentos de chuva”. Está dada a oposição. É ao sair do
espaço da dona da cobertura – da onde se pode dominar uma cidade – e
adentrar o espaço caótico, apertado, pouco iluminado, mofado e abafado
que G.H. vai comer o fruto proibido para atingir a orgia de ser. Mas para
isso ela precisa ver e manducar a realidade que Janair deixou para trás.
Sobre a questão, Olga de Sá fala muito bem:
O lugar: também recebe marcas muito diferentes dos topoi das
experiências místicas, não é um bosque, nem “a noite escura da alma”. É
um lugar esturricado de sol, no quarto de uma empregada que se chamava
Janair e tinha ares de princesa negra a empregada, pelo nome
(Jair/Janaína, outro nome de Iemanjá) e por seus traços, leva o leitor a
associá-la a ritos africanos. Por outro lado, nomeando as múmias do
Egito, os hieróglifos, os sarcófagos, o deserto, as salamandras e os grifos,
o texto fornece-nos elementos de ambiência oriental. O acúmulo desses
aspectos, chamados a compor o clima da experiência mística dessa dama
que reside, elegantemente, num apartamento de cobertura, não desmente,
antes confirma, sua entonação irônica. Lúcida de si mesma, GH não
representará a paródia de seus próprios limites? (SÁ, 1999, p. 129)

Sim, G.H. apresenta a paródia de seus limites e dentro deles


encontramos um vazio, este vazio que é a ironia construída pela autora:
esse vazio demonstra a afetação da classe senhorial, a facilidade de
apreender qualquer ideia que aplaque o mau gosto do feio, do concreto
demais, por isso áspero demais. Aqui novamente o gênio de G.H.
encontra o gênio de Brás: ambos são dotados desse fastio, da
superficialidade das coisas, mesmo de coisas profundas como a filosofia.
O vazio irônico do olhar da mulher que é G.H. até nas valises, faz
consonância com a volubilidade da ausência de trabalho anunciada no
defunto-autor. Ambos souberam usar a ironia para questionar os lugares
e dinâmicas assumidas pelos personagens; como então criar métodos
para tornar essa ironia e as relações que critica visíveis aos olhos do
leitor juvenil? Conhecer e refletir sobre esses processos de construção da
sociedade e da narrativa é o primeiro passo.
4. O silêncio, o silenciamento e as propostas de alarde científico
Outro aspecto marcante de ambos personagens, como já se
anunciou na introdução deste artigo, é o silêncio. Contudo, são silêncios
diferentes, partindo sempre da ação, direta ou indireta, de silenciar de
terceiros. O primeiro leva uma ordem para se calar perante o abuso que
sofre, ordem enunciada diretamente em resposta a uma objeção
diretamente dirigida. Nessa perspectiva, Prudêncio até pode reclamar
sobre o açoite, contudo ninguém lhe reconhecerá direito nessa objeção,
pois está assentado sobre a lei o direito do patrão de lhe castigar
fisicamente. Antes de tudo isso, o direito de causar dor, é o diferencial da
classes livre; ou ao menos é assim que percebe a questão o escravo que
ao se libertar apressa-se em adquirir um escravo para açoitar.
Este silêncio é próprio de seu tempo e das práticas de sua época:
numa sociedade em que um dos espetáculos a serem apreciados pelas
famílias de bem era o açoite, em praça pública de corpos negros pelos
motivos mais diversos, por vezes banais, possíveis. Qual seria a validade
da súplica pelo bem estar de um escravo quando feita justamente ao dono
deste escravo? Ainda mais sendo esse alguém que posteriormente achará
desculpas para o tráfico de negros em que se envolverá seu cunhado?
Já na perspectiva que engloba Janair, essas agressões não são mais
vigentes – dessa forma, pois o recolhimento para averiguação de
suspeitos de serem escravos guarda muitas semelhanças com os inúmeros
casos de violência policial registrados contra pessoas negras ainda nos
dias de hoje. O que modifica também a forma de enunciar tais condições.
Ninguém manda calar Janair, apenas não lhe dão espaço de fala.
Ninguém agride fisicamente Janair para demonstrar a diferença entre
elas, mas se confina a empregada no cubículo cheio de mofo e
quinquilharias destinado ao sono das domésticas. Não há vara e não há
reio, mas há a fragmentação da figura, a aproximação da sua imagem e
do inseto que causa asco e morre aos montes sem causar alarde. De sua
forma, Clarice demonstra como Janair é enjaulada nos fundos do
apartamento e, por ser grande demais para aquele curto espaço, o
subverte em minarete. Ao relembrar chocada que Janair era uma invisível
perdida no negror apagado de sua pele, G.H. despersonaliza a
personagem e indica que ela pode ser qualquer uma, pois, na verdade, é
como milhares de mulheres que também têm como identidade apenas a
função de empregada doméstica. Sendo assim usadas desde muito antes
de G.H., sendo assim usadas pelas relações que se formaram em um país
que acobertou com ares de normalidade as práticas de Brás e seus
contemporâneos.
Vemos aí o desdobramento do silêncio conquistado à custa de
séculos de dominação. De corpos e de narrativas. Dito isto, precisamos
lembrar que sem um trabalho de questionamento das narrativas sobre a
escravidão brasileira, a abolição, suas causas reais, o movimento pró-
abolição e o movimento anti-abolição, as leis do ventre livre, do
sexagenário, do acesso à educação pública na institucionalização desta, e
outras reflexões acerca de nossa realidade histórica dificilmente
proporcionaremos meios para que nosso aluno seja capaz de acessar esse
nível das obras. Portanto, é necessário que unir esforços com os colegas
da área de História para um trabalho conjunto de análise literária levando
em consideração o contexto histórico-social em que surgem as obras.
Bem verdade, estudar criticamente esses discursos e acontecimentos seria
profícuo de qualquer forma, ou até mesmo essencial para a formação de
um cidadão crítico. Para concluir este trabalho, apresentamos uma breve
proposta de trabalho didático reunindo as disciplinas Língua Portuguesa,
Literatura e História para ajudar a construir esse percurso histórico e
social dentro de sala de aula.
Em Língua Portuguesa serão abordados as notícias da época de
publicação de Memórias – sugere-se como fonte de pesquisa o livro
Raízes do conservadorismo brasileiro de Juremir Machado da Silva,
onde além das manchetes e notícias o professor tem acesso a um
comentário acerca do contexto e dos envolvidos – os jornais da época
serão explorados quanto a notícias e posicionamentos no debate das
medidas de abolição, mas também em seus classificados, especialmente
os anúncios de compra, venda e aluguel de escravos. Ainda na mesma
disciplina, se abordará a forma como a população negra passa a ser
representada no momento pós-abolição até os dias de hoje; a questão da
diferença das manchetes nos casos de apreensão policial será abordada –
aqui sugere-se a leitura crítica do livro de Ali Kamel, Não somos
racistas, no viés de questionar o impacto da ideologia negacionista na
manipulação das massas via noticiário e demonstrar suas origens, afinal
de contas o autor assina a maioria dos jornais de grande audiência do país
há décadas.
Outro gênero textual abordado será no campo da vida pública: as
leis que regulamentaram a escravidão, a do ventre livre, a do
sexagenário, a que torna o comércio de escravos ilegal, o decreto 7.031
de 1878 (decreto que permitia que escravos assistissem aulas à noite na
escola pública; até então era proibida a frequência de escravos.), e, por
fim, a lei que torna a injúria racial crime passível de punição. Ainda neste
campo, se analisará o mapa da violência do período que o professor
julgar profícuo.
No campo da História a proposta é que o professor aborde os
movimentos políticos e sociais que levaram à abolição, para além da
narrativa hoje ensinada. A condução das reflexões que se propõem neste
trabalho também requer que o colega focalize a questão do trabalho
escravo como determinante para a forma como o Brasil se desenvolveu.
O fato de nossa escravidão ter gerado lucro, tanto lucro e por tanto
tempo, deve ser analisado de forma mais detida. Todos os textos
trabalhados na disciplina de Língua Portuguesa podem servir ao colega
como objeto de pesquisa, pois o trabalho em conjunto nessa área tem
potencial quase ilimitado e deve ser mais explorado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo:
Editora Ática, 2008.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis Historiador. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco,
2009.
SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo
social nos inícios do romance brasileiro. São Paulo: Duas Cidades; Ed.
34, 2000.
SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado
de Assis. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2000.
SÁ, Olga de. Clarice Lispector: a travessia do oposto. São Paulo:
Annablume, 1993.

Você também pode gostar