Capitulo1 NocoesBasicasemEpidemiologia

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1 Noções Básicas em Epidemiologia

Msc, MD. Aline Pifano Neto Quintal

Introdução
O estudo da Epidemiologia é fundamental para qualquer curso de formação em saúde.
Conhecer o processo saúde-doença, a distribuição da saúde e das doenças nas populações
é indispensável para controle das doenças e promoção da saúde, sendo essencial para a
busca por qualidade de vida das populações.

Para os profissionais que lidam com saúde, é importante saber como se dá o processo saúde
doença. Para isso, é necessário entender a história natural da doença e o conceito de
etiologia, bem como se torna fundamental atuar preventivamente, entendendo aos níveis de
prevenção e qual melhor forma de atuar em cada um delas.

Assim, é necessário o conhecimento da Epidemiologia e seus instrumentos de compreensão


e de medida do processo saúde-doença para o melhor controle das doenças de ocorrência
populacional. Dessa maneira, pode-se entender e melhor organizar os serviços de saúde em
uma atuação multiprofissional, interdisciplinar, integrada e indissociável da saúde humana,
ambiental e animal, na perspectiva da Saúde Única.

A epidemiologia fornece instrumentos fundamentais para aprofundar o conhecimento


específico de cada patologia e como elas acomentem o indivíduo e a coletividade. Ela
colabora no desenho da atuação do profissional de saúde, permitindo que cada profissional
possa aplicar os conceitos de epidemiologia à realidade das suas práticas e de seu território.

Objetivos
O objetivo deste capítulo é tornar a epidemiologia acessível, disponível e útil ao estudante da
área da saúde. É objetvo conhecer conceitos básicos e como se desenvolve a doença em
âmbito coletivo, sua importância em Saúde Pública, conhecendo meios de utilizá-la para as
diversas estratégias preventivas em saúde e ajudar a modelar a formatação dos serviços de
saúde. São objetivos específicos deste capítulo:

• Compreender o conceito de epidemiologia, os objetivos de sua atuação e aplicação


• Saber o processo da história natural das doenças e entender o conceito de etiologia no
processo saúde-doença
• Conhecer os níveis de prevenção em saúde
• Entender a influência da Epidemiologia nos serviços em Saúde
• Compreender a abordagem da Saúde Única

Esquema
1.1 Epidemiologia: definição, objetivos e aplicação
1.2 História Natural das Doenças e níveis de prevenção
1.3 Epidemiologia e Seviços em Saúde
1.4 Saúde Única
Noções Básicas em Epidemiologia

Msc, MD. Aline Pifano Neto Quintal

1.1 Epidemiologia: definição, objetivos e aplicação

1.1.1 Definição
A origem da palavra Epidemiologia remete a “ciência do que ocorre com o povo”. Já usada
desde a antiguidade por Hipócrates para conhecer as doenças que se abatiam sobre a Grécia,
a epidemiologia vem sendo aplicada através dos tempos para a compreensão das doenças,
suas relações causais e suas distribuições.

O mais famoso epidemiologista brasileiro foi Carlos Chagas, que descreveu todo o ciclo da
tripanossomíase conhecida como Doença de Chagas, mas também trabalhou no combate à
malária, leptospirose e infecções sexualmente transmissíveis. Trabalhou para aumentar a
atuação do Estado nos cuidados de saúde da população brasileira, defendendo a vacinação
ampliada.

O famoso dicionário Aurélio (Ferreira, 2010) define epidemiologia de maneira que ressalta o
valor preventivo da epidemiologia:

“Subdivisão da Medicina capaz de analisar os distintos


fatores que interferem na disseminação de doenças, na
maneira como estas se propagam ou na forma como
devem ser prevenidas e/ou tratadas; estudo das
epidemias.”

A Epidemiologia é uma ciência fundamental para a Saúde Pública. Ela estuda as ocorrências
de saúde e doença nas populações, os determinantes de saúde, biológicos e sociais, além de
realizar mapeamento das doenças nos territórios geográficos.

Como área, faz parte do tripé fundamental da grande área da Saúde Coletiva, a qual envolve
a própria epidemiologia, as ciências sociais em saúde e as políticas públicas de saúde (Paim
e Almeida-filho, 2014). Os três funcionam como engrenagens de um mesmo motor (Figura 1).

Ciências
Sociais em
Saúde

Saúde
Políticas
Coletiva Públicas
de Saúde

Epidemiologia

Figura 1. Epidemiologia como engrenagem da grande área da Saúde Coletiva.


Alguns conceitos são fundamentais para iniciar-se o estudo da epidemiologia. Como é
conhecida como o estudo das epidemias, é importante conhecermos esta terminologia.
Epidemia é o aumento expressivo do numero de casos de uma doença em determinada região
demográfica, acima do número habitual esperado. Endemia é o numero constante de casos
em determinada região ou população ao londo do tempo. Já Pandemia é quando uma
epidemia se espalha pelo globo, ocorrendo em todos os continentes e diversos países (Porta,
2014). Em 2020, estamos vivendo uma pandemia e vendo em tempo real a disseminação
rápida do novo coronavírus ao redor do mundo, incluindo o Brasil.

Inicialmente a epidemiologia foi pensada para o controle das doencas infecto-parasitárias,


como o cólera e a peste negra. Assim, ficou muito direcionada para o entendimento e controle
das epidemias.

Ao longo da sua história, a epidemiologia se voltou para as patologias que pior acometiam as
populações. E já houve momentos de grande preocupação com a saúde de mães e bebês,
considerando grandes índices de mortalidade materno-infantil. Recentemente, a
epidemiologia inclinou-se para o estudo das doenças crônicas não transmissíveis, como a
hipertensão, a diabetes e a saúde mental. Isso porque essas doenças têm grande expressão
em números de acometidos e encabeçaram por muito tempo as estatísticas de anos de vida
produtiva perdidos e de óbitos.

<ABRIR BOX: EXEMPLIFICANDO>


A pandemia de COVID-19 (2019 e 2020) nos alerta para a importância da epidemiologia das doenças
infectocontagiosas e expõe toda a importância do estudo da Epidemiologia ao grande público. É demonstrada,
diariamente nas notícias de jornal, sua importância médica, social e política, no que tange o conhecimento da
causalidade da doença, da distribuição dela no mundo, da rapidez de seu contágio, da capacidade dos povos de
se proteger, se articular e se organizar para fins de preservação da vida.
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1.1.2 Objetivos
Segundo o guia da Associação Internacional de Epidemiologia (MONTILLA, 2008), são
objetivos da epidemiologia:

• Descrever a distribuição e a impacto de problemas de saúde da coletividade;


• Prover dados imprescindívies para possibilitar ações de prevenção, controle e tratamento
das doenças, assim como determinar prioridades;
• Identificar fatores etiológicos causais das doenças.

Assim, o papel da Epidemiologia na Saúde Coletiva, para além do estudo das epidemias, está
diretamente relacionado com o conhecimento da distribuições das doenças e como elas
afetam a coletividade. Ou seja, como as doenças afetam as populações em seus territórios,
interferindo na dinâmica das vidas das pessoas em sociedade.

Conhecendo a distribuição das doenças, seus ciclos de causa e efeito é que se pode
desenvolver adequadamente políticas públicas de saúde, desenhos de modelos de prevenção
e organização e implementação de serviços de saúde (Paim Silva e Almeida-Filho, 2014).

Além disso, é foco da epidemiologia conhecer a etiologia ou causa das doenças. Neste
sentido, quando temos dados sobre quais as comunidades ou bairros da nossa cidade que
tem mais casos de uma determinada doença, podemos traçar métodos de prevenção
específicos para essa comunidade ou bairro. Imaginemos uma cidade X, com três bairros A,
B e C (Figura 2).
Figura 2. Esquema de cidade, chamada Cidade X, para reflexão dos objetivos da epidemiologia.

O bairro A tem um acúmulo de lixo e grande quantidade de mosquitos Aedes Aegypt. Nesse
bairro, é óbvia a preocupação com a dengue. Sabemos que o vírus da dengue é transmitido
por um mosquito que o controle desse mosquito é maneira de prevenir esta doença. Assim,
conhecer o mecanismo de transmissão das doenças permite atuar em diversos meios de
prevenção da ocorrência delas.

Outro interesse da epidemiologia é conhecer e promover os fatores de proteção e de risco


para adoecer. Assim, quando sabemos que o mosquito da dengue se reproduz em água
parada, sabemos também que medidas de saneamento básico e de políticas públicas são
fundamentais para diminuir a morbidade, ou seja, a quantidade de pessoas doentes de
dengue e promover a qualidade de vida das populações.

E quando sabemos que ter dengue mais que uma vez está relacionado à forma grave da
doença, que é a dengue hemorrágia, precisamos prevenir esta complicação ao diminuirmos
a quantidade de doentes no nosso bairro A. Desta maneira, também dimunuímos a
quantidade de óbitos relacionada a esta doença, ou seja, diminuição da mortalidade.

O bairro B está próximo a uma floresta onde vivem diversos animais silvestres, como por
exemplo, macacos. Desta maneira, atuar na floresta do bairro B, minimizando a depredação
do ambiente de modo a diminuir a quantidade de macacos que venham até o bairro para se
alimentar, também é maneira de diminuir risco dos moradores do bairro B, uma vez que os
macacos podem ser sinalizadores de febre amarela.

Ainda, desequilibrio na floresta, como desmatamento, pode influenciar diretamente na


quantidade de insetos vetores e seu sítio de alimentação pode ser alterado de animais
silvestres, para o homem, facilitando a transmissão de zoonoses.

No bairro C, existe grande quantidade de animais em situação de abandono e maus tratos,


principalmente cães. Aqui, preocupa a infecção por leishmaniose. Atuar na saúde dos cães
domésticos e de rua do bairro C, através de vacinação e uso de coleiras, por exemplo, também
interfere na quantidade de pessoas que adoeçam devido a patologias que usam os cães como
reservatórios, em casos de zoonoses.
Assim, é grande objetivo da epidemiolgia descobrir e conhecer os reservatórios de doenças
para atuar não somente no tratamento das pessoas que adoecem, mas nos animais que as
carregam e impedem que a doença seja extinta.

No caso da dengue, o próprio ser humano é reservatório no bairro A. Já no caso da febre


amerela, os macacos são reservatórios silvestres e guardam neles a doença que, depois, é
transmitida para os seres humanos do bairro B. E no caso da Leishmaniose, os cães, animais
domésticos tão presentes em todos os lares dos bairros C, são os reservatórios

Se no bairro B temos 2 casos de dengue em um mês e no bairro A temos 20 casos, sabemos


que a necessidade de medidas de prevenção especificas contra Dengue no Bairro A é muito
maior. E também sabemos que é necessário disponibilizar agentes de endemias para
mobilizar ações preventivas e equipes de saúde para melhorar o diagnóstico precoce e o
tratamento da Dengue nas pessoas do bairro A, mais do que no bairro B. Os bairros B e C
tem outras necessidades de saúde que ditarão quais as melhores medidas a serem tomadas.
Assim, dados epidemiológicos de regiões diferentes definem a prioridade das ações na nossa
cidade com relação ao controle da dengue.

1.1.3 Aplicação
A epidemiologia aplicada acontece quando usamos os conceitos epidemiológicos para
estudar as morbidades que acometem e afetam determinada população. Também é
conhecida como epidemiologia aplicada aquela que empregamos nos serviços de saúde.
Pode-se dividir em epidemiologia clássica e epidemiologia clínica (Gordis, 2014).

A epidemiologia clássica, também chamada de epidemiologia populacional, estuda as origens


comunitárias dos problemas de saúde. Ela analisa os agentes infecciosos, a nutrição, o
ambiente, o comportamento humano. Pode também avaliar as questões psicológicas, sociais,
econômicas e espirituais que afetam o processo saúde-doença de maneira a causar
adoecimento ou a proteger as populações de adoecer.

Por exemplo, quando avaliamos o comportamento social associado ao desenvolvimento de


obesidade em crianças, estamos à frente de estudos de epidemiologia clássica. Podemos ver
que a migração epidemiológica de uma situação de crianças desnutridas para crianças
obesas no Brasil tem relação com mudanças de comportamento alimentar, associados ao
consumo de multiprocessados, e sedentarismo. Assim, a epidemiologia clássica permite que
tomemos conhecimento dos fatores causais da obesidade infantil e como podemos interferir
nela de maneira a termos menos crianças obesas e com suas sequelas como hipertensão e
diabetes precoces.

A epidemiologia clínica usa dos recursos da epidemiologia para estudar os pacientes em


setores específicos dos sistemas de saúde. Pode, por exemplo, estudar populações de
doentes de uma patologia específica, como são os estudos de pacientes de um hospital que
trata somente de câncer. Ou de frequentadores de um determinado programa de exercícios
de uma unidade básica de saúde, por exemplo. O objetivo maior é melhorar os fatores de
prevenção, abordagem e tratamento precoce de doenças.

Lembrando da Cidade X e seus bairros, poderíamos estudar todas as crianças que são
acompanhadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade para saber seu estado
nutricional. Depois, avaliaríamos o impacto de um programa de exercícios nas crianças
obesas. Poderíamos descobrir que as crianças do bairro B têm mais tempo ao ar livre pela
maior disponibilidade de área verde e, por isso, têm menores índices de obesidade. Desta
maneira, estaríamos desenhando um estudo de epidemiologia clínica. Conheceríamos os
fatores associados à obesidade nas crianças da cidade X e poderíamos pensar em ações não
só terapêuticas, mas também preventivas em cada um dos bairros, de acordo com o perfil de
cada grupo de crianças. Quem sabe, descobriríamos diferenças na merenda escolar entre os
bairros?

Assim, percebemos que podemos aplicar a epidemiologia em diversas situações sociais ou


clínicas, inclusive questões importantes do nosso dia a dia profissional, na perspectiva da
coletividade. E a epidemiologia nos incita a levantar questões que permitem compreender e
investigar melhor o processo saúde doença em nossos territórios.

1.2 História Natural das Doenças e Níveis de Prevenção

1.2.1 História Natural das Doenças


Para a epidemiologia é fundamental conhecer o curso e desfecho de uma doença tanto para
o indivíduo quanto para uma população.

Para isso, os conceitos de doença e saúde são muito importantes, podendo-se entender
doença como processo que causa distúrbio ao equilíbrio de um organismo. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (2013), “saúde é um estado de completo bem-estar físico,
mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade. ”

A evolução da história natural da doença caracteriza-se pelo conjunto de processos interativos


e eventos que antecedem uma doença e sua progressão de doença; sendo dependente dos
tipos de prevenção realizados, geram um desfecho: cura ou morte.

Segundo Medronho (2009):

O modelo da história natural desenvolvido por Leavell e Clark por volta da metade do século XX
tem servido de referência, mesmo com restrições, para a compreensão dos conceitos de saúde
e doença enquanto partes integrantes do processo contínuo. Por natural, subentende-se a
evolução dos processos de adoecimento geral , sem que nenhuma intervenção implementada
no sentido de eviá-la ou alterar o seu curso.

Do ponto de vista epidemiológico pode-se distinguir fases de evolução, associados por sua
vez à distintos níveis de prevenção por ações de saúde (Figura 3):

Figura 3. História natural da doença.


Fonte: Pereira, 2005.
A primeira etapa da História Natural das Doenças é o período pré-patogênico, ondem podem
acontecer situações de exposição (Bonita, 2002). São situações que oscilam desde um
mínimo de risco até o risco máximo, dependendo dos fatores presentes e da forma como
estes fatores se estruturam. É desta maneira que os condicionantes de saúde atuam para
proteger ou deixar em risco um indivíduo. Se ele é suscetível, é maior a chance de ficar
doente.

Fase inicial ou de susceptibilidade, é o período que antecede qualquer doença (período pré
patogênese ou pré-clinica). Importante destacar a inter-relação entre agente, hospedeiro e
meio ambiente que podem gerar estímulos suficientes para desencadear uma determinada
doença e os fatores de riscos envolvidos em cada doença. Neste momento, medidas
preventivas na promoção da saúde durante a atenção primária devem ser realizadas a fim de
evitar a doença como: quarentena, higiene pessoal, vacinação. Apesar da ausência de
sintomas, pela proteção específica do hospedeiro frente a este agente, está no limiar entre a
susceptibilidade e fase clínica.

Após, vem o período de patogênese. Ele começa quando o agente causador afeta o indivíduo
com ações diversas que abalam o equilíbrio fisiológico. Período de patogênese precoce,
caracterizada pelos início dos sintomas de uma doença. A prevenção secundária é
caracterizada pelas formas de diagnóstico precoce a fim de identificar a causa, e inferir um
tratamento específico frente a esta enfermidade gerando uma limitação de dano. Acesso aos
serviços de saúde em tempo hábil à toda população é uma medidade de prevenção
secundária, mas um grande desafio.

Assim, o paciente gera processos de reabilitação que podem levar a recuperação clínica, com
adaptação ao meio ambiente como as sequelas produzidas pela doença e/ou ao controle
(estabilização) das manifestações clínicas das doenças crônicas. Recondicionamento físico,
fisioterapia, a terapia ocupacional e a reabilitação psicossocial são exemplos de prevenção
terciária.

Entretanto, caso este indivíduo não tenha acesso à saúde ou se a forma de diagnóstico ou
tratamentos não forem eficazes, observa-se um agravamento progressivo do cenário, saindo
de doença precoce para uma doença avançada, podendo gerar invalidez e morte.

É importante saber o que causa a doença, um mecanismo ou motivo pelo qual uma pessoa
previamente saudável desenvolve sintomas de uma doença que a prejudica em suas
capacidades.

Algumas doenças têm estágios muito bem definidos e um causador, conhecido como agente
etiológico, também bem definido. Outras, possuem diversas causas colaborativas, ou seja,
são multifatoriais, o que pode dificultar os meios de intervir nela.

<ABRIR BOX: Importante! >


Ao conhecermos a história natural das doenças, podemos perceber em quais das etapas é possível agir para evitá-
la ou evitar suas piores consequências. É um instrumento fundamental para a atuação preventiva em seus diversos
níveis.
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1.2.2 Níveis de Prevenção


Um dos grandes objetivos da epidemiologia é atuar na prevenção das doenças. Ao conhecer
uma população, suas patologias e seus determinantes de saúde, também conhecemos
aqueles que tem mais risco de adoecer. E, assim, se torna possível atuar em diversas
oportunidades para diminuir estes riscos. Também se pode atuar na doença já instalada, para
melhorar sua recuperação ou minimizar as sequelas dessas patologias.

Pensando em diversas frentes de prevenção, foram elaborados os níveis de prevenção. É


uma teoria, criada pelos pesquisadores Lewis e Clark, que leva em consideração a história
natural das doenças para pensar as estratégias de prevenção focadas em fatores e condições
relacionados à causalidade das doenças. Todos os níveis são entrelaçados e
complementares (Bonita, 2002).

Os níveis de prevenção atualmente utilizados na Epidemiologia (Figura 4):

1. Prevenção 2. Prevenção 3. Prevenção 4. Prevencao 5. Prevenção


primordial primária secundária terciária quaternária

Figura 4. Esquema dos níveis de prevenção

A promoção da saúde atua na redução dos fatores que facilitam que a pessoa adoeça, ou
seja, promover saúde requer melhora dos determinantes sociais e ambientais. A prevenção
primária visa reduzir a incidência de uma doença, ou seja, a quantidade de novos casos.
Intervém diminuindo os fatores causadores de doença. São ações de proteção específica,
como por exemplo: imunização, saúde do trabalhador, proteção contra acidentes, uso de
Equipamentos de Proteção Individual, controle de vetores.

Prevenção secundária atua na duração da doença, diminuindo o tempo de doença ao


promover o diagnóstico precoce e tratamento adequado para a recuperação mais rápida. Os
exames de rastreio, como mamografia anual para detecção de câncer de mama, estão entre
as ações de prevenção secundária.

A prevenção terciária visa reduzir o impacto da doença, atuando em reabilitação. Readaptar


as pessoas e o ambiente e inclui-las depois de um acidente com lesão permanente é uma
maneira de reabilitação.

A prevenção quaternária é um conceito mais recente, não tendo sido desenvolvido por Lewis
e Clark e se refere ao tipo de prevenção que visa proteger os pacientes da intervenção
terapêutica excessiva e desnecessária.

Pensar em níveis de prevenção de uma doença como a COVID19, por exemplo, e seu
comportamento no Brasil, pode facilitar o entendimento e aplicação dos níveis de prevenção:

• Prevenção primordial é relacionado às boas condições sanitárias


• Prevenção primária remete ao isolamento social
• Prevenção secundária volta-se a disponibilidade de testes para diagnóstico precoce
• Prevenção terciária é solicitada quando são utilizados leitos de UTI disponíveis
• Prevenção quaternária ocorre quando há prescrição de medicação para evitar efeitos
colaterais
Importante ressaltar que o COVID19 não seguiu a história natural da doença tradicionalmente,
e a implementação das medidas de prevenção foram estabelecidas dada a progressão da
doença. Fatores como ausência de tratamento específico, falta de diagnóstico disponível a
todos, ausência de vacinas, ausência de leitos de UTI suficientes disponíveis em algumas
cidades provoca o agravo da doença e colapso do SUS, levando ao desfecho que todos
tentamos evitar.

1.3 Epidemiologia e Seviços em Saúde


A epidemiologia é fundamental para os Serviços em Saúde, especialmente os serviços
públicos. É em dados epidemiológicos que se baseia o planejamento da implementação dos
serviços de saúde, o público alvo dos serviços e programas, a avaliação e verificação de
eficácia destes serviços e programas neles desenvolvidos.

A 8a Conferência Nacional de Saúde, que debateu em 1986 a ideologia que deu corpo à
organização do SUS, defendia um serviço de saúde organizado para produzir mudança no
perfil epidemiológico com relação aos problemas de saúde (riscos e danos), coletivos e
individuais. Desta maneira, a epidemiologia foi e é fundamental para a construção do Sistema
Único de Saúde Brasileiro, o SUS (Paim e Almeida-filho, 2014).

1.3.1 Epidemiologia e a implementação do SUS


O SUS foi pensado na perspectiva da universalidade, integralidade e equidade. Do ponto de
vista da organização, se baseia na regionalização e hierarquização, descentralização e
comando único e participação popular. Foi pensado no movimento da redemocratização do
Brasil e faz parte da constituição do Brasil de 1988.

Conceitos epidemiológicos estão arraigados na racionalidade da teoria e na consolidação do


SUS. Ele significa que conceitos fundamentais de saúde coletiva e epidemiologia foram a
base para a compreensão do que é e do que se quer para a saúde pública brasileira (Paim e
Almeida-filho, 2014).

Na Constituição Federal (1988), conceitos fundamentais de promoção da saúde inspiram o


texto em seu terceiro artigo, que diz:

A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a


alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
essenciais; os níveis de saúde expressam a organização social e econômica
do País.

1.3.1.1 A rede de atenção

Temos diversos princípios epidemiológicos arraigados no sistema de saúde brasileiro. A


divisão dos níveis de atenção à saúde no SUS demonstra bem essa questão. A perspectiva
de atuação dos serviços está de acordo com os níveis de prevenção. A rede de serviços de
saúde no Brasil é dividida em atenção básica (ou primária), atenção secundária e atenção
terciária (figura 5) (Paim Silva, 2002; Paim e Almeida-filho, 2014).
Figura 5. Informação em todos os níveis de cuidado.
Fonte: Philips Heathcare, 2020.

A atenção básica ou primária é envolvida diretamente com a Estratégia da Saúde da Família


(ESF). A atenção básica é a mais voltada à coletividade, direcionada à prevenção, diagnóstico
e tratamento precoces. Se destina principalmente a casos leves dos agravos mais frequentes.
E atua sobremaneira com promoção de saúde e prevenção primária.

A atenção secundária é realizada através de Ambulatórios ou Centros de Especialidades,


Policlínicas e Centros de Atenção Psicossocial. A atenção secundária é voltada às
especialidades. Casos mais delicados, que necessitam de tratamento especializado, com
medicamentos específicos são atendidos a este nível.

E a atenção terciária é o atendimento hospitalar. É representada pela rede de hospitais,


Unidades de Pronto Atendimento e Pronto Socorros. E está destinada a atender casos graves,
com necessidade de intervenção mais intensiva e urgências e emergências.

É a epidemiologia que fornece dados imprescindíveis que podem definir as questões de


distribuição das pessoas nos diversos níveis de atenção. Mas também colabora na
distribuição de recursos humanos e insumos. Conforme a prevalência de doenças e doentes
e de populações de risco se define a estratégia de cuidado, número de serviços e de pessoal
lotado nestes serviços. Assim, a definição de prioridades nos serviços em saúde é feita a partir
de uma racionalidade epidemiológica.

1.3.1.2 A Estratégia de Saúde da Família


A reorganização das práticas de saúde na implementação do SUS, a partir do raciocínio
geográfico dos agravos e das populações, está diretamente relacionada com a
territorialização dos serviços de saúde (Paim Silva, 2002; Paim e Almeida-filho, 2014).
Especialmente as ESF (mas também as policlínicas e os CAPS) têm atuação territorializada
e podem definir suas ações a depender das questões de saúde mais prevalentes em suas
comunidades.

Na ESF o agente comunitário de saúde é um profissional imprescindível, que conhece a


comunidade e suas famílias de perto. É ele o maior responsável pela capacidade de
capilaridade, de infiltração nas famílias e comunidades, para (re) conhecer seus problemas e
suas necessidades em saúde. Ele consegue coletar os dados de saúde e doença das famílias
e definir estratégias de atuação de todos os profissionais, como os de enfermagem ou de
medicina.
Cada ESF tem um sistema de informações das famílias das quais cuida para planejar sua
atuação profissional. A racionalidade da Estratégia de Saúde da família reside em conhecer
cada família e suas doenças para detectar e intervir nas patologias frequentes, nos grupos de
risco que forem prioritariamente detectados e na prevenção em saúde.

1.3.1.3 Avaliação de serviços em saúde

É a epidemiologia que avalia a efetividade e a eficiência dos serviços de saúde. Isso significa,
por exemplo, determinar a eficiência dos tratamentos para hipertensão realizados em
determinada ESF. Ou, ainda, saber quantas pessoas um determinado programa do Ministério
da Saúde atinge (Paim Silva, 2002).

<ABRIR BOX: EXEMPLIFICANDO>


O HiperDia é um programa para prevenção e controle de hipertensão e diabetes. Dados epidemiológicos como
quantos pacientes tem essas patologias no território de um ESF, quantos estão recebendo tratamento e quantos
estão controlados dá uma boa medida do que se faz e do que ainda precisa ser melhorado. Portanto, a partir do
raciocínio epidemiológico se promove a avaliação de impacto do programa de saúde HiperDia, colaborando no
entendimento da ampla cadeia causal da Diabetes e da Hipertensão.
<FECHAR BOX>

Também a atuação em regulação do fornecimento de serviços, insumos e medicamentos é


realizado de maneira dependente de dados epidemiológicos.

Estes dados colaboram, por exemplo, para o funcionamento e regulação da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – ANVISA, ainda que precisemos avançar neste aspecto. Também
colaboram com a lista de medicamentos de distribuição gratuita, que são realizados de acordo
com a prevalência de determinadas patologias.

É, portanto, vital que se disponha de sistemas de informações atuais, de boa qualidade, com
dados pertinentes e de fácil acesso a todos os serviços. Embora ainda não tenhamos todos
esses adjetivos nos nossos bancos de dados nacionais, as informações em saúde existentes
colaboram para subsidiar efetivamente as decisões (Novaes e Tanaka, 1995).

Para coleta, processamento e divulgação dos dados epidemiológicos em saúde, o Ministério


da Saúde do Brasil conta com um banco de dados e plataforma de divulgação de tecnologia
conhecida como DATASUS.

<ABRIR BOX: AMPLIANDO CONHECIMENTO>


Muitos foram os progressos para o processo de digitalização em informação no sistema DATASUS “A estrata para
a transformação digital do SUS”. Para verificar sua evolução ao longo de 2019 e 2020, acesse o e-book disponível
no site: https://datasus.saude.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/DATASUS-29-ANOS-Book-das-
realiza%C3%A7%C3%B5es-de-2019-a-2020-A-Estrada-para-aTransforma%C3%A7%C3%A3o-Digital-do-
SUS.pdf
<FECHAR BOX>

1.3.1.4 Processo de Gestão do SUS


Pode-se dizer que há uma maior proximidade da Epidemiologia nos níveis estadual e
municipal de saúde. Isso, devido ao compromisso com a descentralização das ações e foco
nas patologias de interesse para a saúde da população local.

Entretanto, também está presente a nível federal, visto que os programas preventivos do
Ministério da Saúde se desenvolvem e se modificam a partir de dados epidemiológicos e estão
implementados nos serviços municipais e estaduais.
Desta maneira, a epidemiologia é fundamental para a gestão racional e eficiente do SUS, para
poder atender a demanda das doenças de cada região. Observe a complexidade de um
organograma da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Frutal, Minas Gerais (Figura 7).

Figura 6. Organograma da Secretaria Municipal de Saúde de Frutal, Minas Gerais.


Fonte: Prefeitura e Secretaria de Saúde de Frutal, 2020.

Observe como a gestão é complexa e deve ser atuante nas diversas esferas de atuação da
secretaria municipal de saúde. Ela deve estar presente desde a promoção de saúde e
contenção de riscos na estratégia de saúde da família; no diagnóstico precoce e limitação de
danos, como o que acontece na saúde bucal; incluindo os sistemas de vigilância em saúde e
atuação em atenção secundária e controle de danos, como acontece nos centros de atenção
psicossocial.

Assim, a epidemiologia pode ser usada de diversas maneiras na gestão dos serviços de
saúde. Seja nas políticas públicas de saúde, nos movimentos de integração dos serviços nos
programas ministeriais, nas avaliações das práticas dos profissionais e redefinição da
formatação dos serviços e estratégias. Atualmente, tem-se uma lógica epidemiológica
definindo as ações dos gestores em saúde, incluindo sendo utilizados dados epidemiológicos
nas produções de documentos oficiais do SUS.

Assim, percebe-se que a epidemiologia é instrumento fundamental para o adequado


funcionamento da rede de saúde. Mas, na base disso, foi e é fundamental para a racionalidade
e implementação do SUS. A epidemiologia fornece o conhecimento básico fundamental para
o devido funcionamento e direcionamento do ministério da saúde, das secretarias municipais
e estaduais de saúde (Paim Silva e Almeida-Filho, 2014).

<ABRIR BOX: PESQUISANDO NA WEB>


Paim Silva (2003) descreve sobre a recomposição das práticas epidemiológicas na gestão do SUS. Disponível em:
https://scielosp.org/article/csc/2003.v8n2/557-567/. Acesso em: 19 abr. 2020.
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1.4 Saúde Única


O conceito de Saúde Única surgiu da percepção da tríade da saúde, que compreende a saúde
humana, animal e do meio ambiente. Não atuam como conceitos separados, mas sim
indissociáveis. O símbolo da Saúde Única explicita muito bem a ideia desse conceito
integrador (Figura 7).

Figura 7. Tríade da Saúde Única.


Fonte: Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2013.

Um ambiente doente torna as pessoas e animais também doentes. Assim como, um animal
doente pode transmitir essa doença para os seres humanos e adoecer também o ambiente,
bem como humanos podem transmitir doenças aos animais e alterar o meio ambiente.

A cada 5 novas doenças que surgem no mundo, 3 delas são de origem animal (OMS, 2017).
O grande exemplo atual é a Pandemia de Covid19 que mostra que a convivência de humanos
com animais vivos em um grande mercado na China de Wuhan possa ter sido a origem viral,
que tem adoecido tantas pessoas ao mesmo tempo.

O termo zoonose surgiu desta percepção das doenças humanas causada por animais. Vários
esforços são necessários e acontecem no mundo para melhorar o controle das zoonoses.
Tanto com relação aos animais que são fonte de alimento, como o gado que tem necessidade
de ser controlado com relação à Encefalopatia Espongiforme Bovina (doença da Vaca Louca),
por exemplo. Mas também com relação aos animais de estimação, como os cachorros, que
podem ser reservatórios de leishmaniose, como outro exemplo.

Aqui se torna clara a necessidade integrativa da saúde em sua perspectiva multidisciplinar e


entre setores da saúde. Não se pode cuidar da saúde sozinho, sem cuidar do todo e da saúde
de todos os seres. A importância da integração da saúde humana, animal e ambiental
aumentou conforme foram sentidos os impactos humanos e econômicos da gripe aviária, da
SARS, do Ebola (Lerner e Berg, 2015).

A partir destes raciocínios e, principalmente, a epidemia de SARS de 2003, a Organização de


Alimentos e Agricultura (Food and Agriculture Organization - FAO), Organização Mundial da
Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (World Organisation for Animal
Health - OIE) criaram um esforço conhecido como “One Health”, em português, Saúde Única,
que tem mobilizado nações e grupos para promover a saúde integrativa e não segregativa
(OMS, 2017).

O escopo da Saúde Única pode ser resumido na figura 8.

Figura 8. Escopo da Saúde Única, segundo a Iniciativa da Saúde Única.


Fonte: Lerner e Berg, 2015.

Destaca-se a relação de multiprofissionais da área da saúde ambiental, ecologia, medicina


veterinária, profissionais da saúde pública, medicina humana, saúde mental, saúde física,
profissionais da área básica e acadêmica como molecular e microbiológica e economia em
saúde compõe a base do guarda-chuva.

Estes profissionais, atuando conjuntamente, buscam a saúde individual, saúde da população


e do ecossistema como um todo. Assim, cada um em sua área consegue relacionar a questão
das infecções zoonóticas, promovendo a identificação de agentes patogênicos, segurança
alimentar, saúde global e intervenção em prevenção mundial; e fontes e a medicina
comparativa e translacional busca saúde humana e animal, controlando relações do ambiente
de exposição de doenças, e doenças intrínsecas da população como alterações metabólicas,
câncer e relação afetiva entre homem-animal.

A saúde única ou medicina única captura a inter-relação entre a saúde de diferentes espécies.
Reconhecer sua importância de reduzir os riscos que as doenças zoonóticas representam
para as pessoas, seus alimentos e suas economias é fundamental. É, atualmente, um
conceito ampliado para abranger a saúde dos ecossistemas, bem como a saúde humana, dos
animais domésticos e selvagens.
Dado o reconhecimento contínuo existente entre doenças infecciosas provenientes de seres
humanos para animais e de animais para humanos; por que existe tão pouco progresso em
direção a saúde única?

Infelizmente, existem inúmeras barreiras à criação de serviços de saúde que são


tradicionalmente realizados por setores individuais com pouca ou nenhuma colaboração ou
interação entre eles. Algumas dessas barreiras são erguidas inadvertidamente pela divisão
burocrática de responsabilidade entre as instituições. Alguns deles se relacionam com o
orçamento restrito, incapacidade institucional e diferenças culturais, comunicação limitada de
informação, ausência de visão compartilhada e falta de incentivo ao trabalho horizontalmente.
Os eventos de saúde contemporâneos mostram a urgência em superar essas resistências.

<ABRIR BOX: AMPLIANDO O CONHECIMENTO>


Chaves e Bellei, 2020. SARS-COV-2, o novo Coronavírus: uma reflexão sobre a Saúde Única (One Health) e a
importância da medicina de viagem na emergência de novos patógenos. Site consultado:
https://core.ac.uk/download/pdf/288188626.pdf Acesso em: 24 mai. 2020.
<FECHAR BOX>

1.6 Conclusão

A epidemiologia é fundamental a qualquer profissional da saúde. A perspectiva da


epidemiologia como um dos pilares da Saúde Coletiva a fundamenta como ferramenta
indispensável para a saúde das populações, sem a qual, a perspectiva individualista acaba
por ser ineficaz e permite a perpetuação das cadeias de adoecimento.

O veio da prevenção se fortalece com os conceitos da epidemiologia. E a saúde integral e


intrínseca do ser humano, dos animais e do ambiente ganha espaço como fundamentos da
existência, consolidados na Saúde Única. Não é possível viver sem saúde, sem qualidade de
vida. E através da epidemiologia, a promoção da saúde e a prevenção ganha espaço em
todos os seus aspectos.

Resumo
A epidemiologia é essencial na formação dos profissionais de saúde e essencial para a busca
de saúde e qualidade de vida das populações.

É o estudo da distribuição das doenças, dos fatores que interferem no adoecimento, na


transmissão das doenças e nos seus fatores de risco e proteção. É um dos pilares da Saúde
Coletiva, fundamental para a Saúde Pública.

Seus objetivos são descrever a distribuição e impacto dos problemas de saúde das
populações, levantamento de dados para possibilitar acoes de prevenção, controle e
tratamento de doenças, determinar prioridades em saúde e identificar fatores causais das
doenças.

Assim, aplicamos a epidemiologia ao conhecer conceitos epidemiológicos e dados de saúde


a fim de saber como as doenças afetam a população. Desta maneira, pode-se determinar
ações preventivas e terapêuticas, além de definir prioridades de saúde.

A História Natural das Doenças é o conhecimento do caminho entre adoecer, o desenrolar da


doença e o fim, ou desfecho, da doença. A partir do conhecimento da história natural de uma
doença, pode-se desenvolver as estratégias de prevenção específicas para ela.
As etapas da prevenção são chamadas níveis de prevenção. A prevenção primordial é a
promoção da saúde, a prevenção primária visa reduzir novos casos, a prevenção secundária
objetiva o diagnóstico precoce, a prevenção terciária visa a reabilitação e a quaternária
pretende redução da iatrogenia.

A epidemiologia é fundamental para o bom funcionamento e avaliação da eficiência dos


Serviços de Saúde. A racionalidade da divisão das unidades de saúde de acordo com
territórios geográficos e a atuação em prevenção é fruto do raciocínio epidemiológico
fundamentando o funcionamento dos serviços de saúde.

Para além da saúde do indivíduo, se faz cada vez mais necessário e urgente a saúde
integrativa e entre setores, considerando a saúde humana, animal e ambiental como uma só,
considerando fundamental a perspectiva da Saúde Única.

Leituras

• CHAVES, T. S. S e BELLEI, N. SARS-COV-2, o novo Coronavírus: uma reflexão sobre


a Saúde Única (One Health) e a importância da medicina de viagem na emergência
de novos patógenos. Rev Med. v. 99, n. 1, p. i-iv. 2020. Disponível em:
https://core.ac.uk/download/pdf/288188626.pdf Acesso em: 27 mai. 2020.

• DATASUS. 2020. A estrada para a transformação digital do SUS. Site consultado:


https://datasus.saude.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/DATASUS-29-ANOS-
Book-das-realiza%C3%A7%C3%B5es-de-2019-a-2020-A-Estrada-para-
aTransforma%C3%A7%C3%A3o-Digital-do-SUS.pdf Acesso em 27 mai. 2020.

• PAIM SILVA, J. Epidemiologia e planejamento: a recomposição das práticas


epidemiológicas na gestão do SUS. Ciência & Saúde Coletiva. Disponível em:
https://scielosp.org/article/csc/2003.v8n2/557-567/ Acesso em: 19 abr. 2020.

Atividades

Referências
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Paulo: Grupo. Editorial Nacional; 2010.

• BOSLAUGH, S. Encyclopedia of epidemiology. USA. Sage Publications, 2008.

• BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil:


promulgada em 5 de outubro de 1988.

• CFMV – Conselho Federal de Mecidina Veterinária. Tríade da Saúde Única. 2013. Site
consultado: http://portal.cfmv.gov.br/site/pagina/index/artigo/86/secao/8 Acesso em:
08 mai. 2020.
• CHAVES, T. S. S e BELLEI, N. SARS-COV-2, o novo Coronavírus: uma reflexão sobre
a Saúde Única (One Health) e a importância da medicina de viagem na emergência
de novos patógenos. Rev Med. v. 99, n. 1, p. i-iv. 2020. Disponível em:
https://core.ac.uk/download/pdf/288188626.pdf Acesso em: 27 mai. 2020.

• DATASUS. 2020. A estrada para a transformação digital do SUS. Site consultado:


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Book-das-realiza%C3%A7%C3%B5es-de-2019-a-2020-A-Estrada-para-
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• FERREIRA, ABH. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Ed Positivo. Brasil, 2010.

• GORDIS, L. Epidemiology. 5a Edição. Elsevier, 2014.

• LERNER, H.; BERG, C. The concept of health in One Health and some practical
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• MONTILLA, D. E. R. Noções básicas da epidemiologia. In: Envelhecimento e saúde


da pessoa idosa. Ana Paula Abreu Borges Angela Maria Castilho Coimbra
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• OMS - Organização Mundial de Saúde. Mental Health: action plan 2013-2020. Geneva:
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• OMS - Organização Mundial de Saúde.One Healt. Geneva: World Health Organization;


2017. Disponível em: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/one-health. [acesso
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• PAIM SILVA, J. Epidemiologia e planejamento: a recomposição das práticas


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• PAIM SILVA, J.; ALMEIDA-FILHO, N. Saúde Coletiva: teoria e prática. Medbook. 2014.

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• PEREIRA, M. G. Epidemiologia, teoria e prática. RJ, Guanabara Koogan AS, 2005.

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• PREFEITURA DE FRUTAL. Secretaria de saúde. Organograma da Secretaria


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