LIPÍDIOS

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Lipídios

Apesar de serem a preocupação de muita gente, óleos e gorduras


exercem importantes funções ao nosso metabolismo,sendo
fundamentais para nossa sobrevivência e de outros organismos,
funcionando bem como reserva energética ou atuante como
isolantes térmicos, principalmente em animais de regiões frias,
como os leões-marinhos, que possuem um espesso depósito de
gordura, eficaz para a manutenção da temperatura corporal, além
de favorecer sua capacidade de flutuação. Estas substâncias são
chamadas de lipídios ou simplesmente lípides, substâncias
formadas por carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O), sendo
portanto moléculas orgânicas, resultantes de uma reação onde
haverá combinação de ácidos graxos com álcoois. Essa reação é
chamada de reação de esterificação, formando portanto
ésteres, que são praticamente insolúveis em água (compostos
hidrófobos) e apresentam boa solubilidade em solventes orgânicos,
como o éter, o clorofórmio, a benzina e o álcool. Além das
funções já citadas, são ainda importantes na absorção de choques
mecânicos, na formação de estruturas celulares como a membrana
plasmática, na impermeabilização de superfícies como nas folhas
dos vegetais, evitando uma considerável perda de água, na
formação dos neurônios e dos hormônios sexuais.

Fique atento...

Além da alimentação, os lipídeos também são muito


usados na indústria de produtos manufaturados, como
sabões, resinas, cosméticos e lubrificantes.

Apesar dos lipídios serem mais energéticos que os carboidratos,


estes últimos são preferencialmente metabolizados pelas células,
mas por quê? As ligações entre os átomos de carbono dos
carboidratos são mais facilmente quebradas do que as ligações
dos carbonos dos lipídios, devendo-se isso à entalpia dessas
ligações.

Se os lipídios são ésteres, o que são os ácidos graxos e os álcoois,


substâncias responsáveis por sua formação?
Podemos resumir ácidos graxos como ácidos orgânicos
monocarboxílicos com um grande número de carbonos, possuindo
cadeias abertas e não ramificadas, sendo os principais para nosso
estudo o palmítico (com 16 átomos de carbono), linoléico, oléico
e esteárico (com 18 átomos de carbono) e o araquidônico ( com
24 átomos de carbono), apresentando cadeia saturada ou
insaturada. Veja alguns exemplos:

Ácido palmítico

H3C CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2

CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 COOH

Ácido oléico
COOH

H3C CH2 CH2 CH2 CH = CH CH2 CH2 CH2 COOH

CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2

COOH

Ácido araquidônico

H3C CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2

CH2 CH2 CH2 CH2 CH = CH CH = CH CH = CH CH = CH CH2 COOH

COOH

O álcool que reagirá com os ácidos graxos quase sempre é o


glicerol (ou glicerina) um triálcool (possui três terminações OH na
molécula) representadoH a seguir:
H | OH
C
H OH
|
H OH Presença de 3 hidroxila formando
C assim um triálcool.

H
Acontecendo o mesmo que os carboidratos, nessa reação de
condensação haverá a formação e liberação de moléculas de água,
constituindo a já citada reação de desidratação, sendo
decompostos também por hidrólise, havendo separação dos ácidos
graxos do álcool.

Classificação dos lipídios

Os lipídios são divididos em:

.simples: sempre originados da reação entre um álcool e um


ácido graxo, possuem em sua constituição apenas carbono (C),
hidrogênio (H) e oxigênio (O), compreendendo os glicerídeos e os
cerídeos.

.complexos: também chamados de compostos ou conjugados,


além dos elementos contidos nos lipídios simples, entram
substâncias adicionais como o fósforo e o nitrogênio. São eles os
fosfolipídios, os esfingolipídios e os esterídeos (alguns
consideram estes últimos como uma outra classificação para os
lipídios).

Com exceção da hemáceas, quase todas células humanas


produzem um tipo de lipídeo menos comum, os
eicosanóides, que atuam próximos às células que os
produzem, não circulando pelo sangue. Febre e dores são
respostas a esse tipo de lipídeo. Conhecemos ainda os
isopropenos, que deram origem a um alucinógeno
conhecido por LSD ou ácido lisérgico, e os terpenos, como
os carotenóides, importantes na alimentação e na formação
da vitamina A. Alimentos ricos nesse terpeno prolongam a
sobrevida, por reduzirem a mortalidade de causa
cardiovascular.

Vejamos então cada um deles:

Lipídios simples
Glicerídeos

Este tipo de lipídio é o mais importante do ponto de vista


energético, sendo ésteres de ácidos graxos e glicerol, representados
pelos óleos e gorduras, que diferem quanto ao seu estado sólido ou
líquido. Dependendo do número de ácidos graxos presentes, temos:

.Monoglicerídeos: quando apresenta um único ácido graxo em


sua estrutura.
.Diglicerídeos: quando apresenta dois ácidos graxos em sua
estrutura.
.Triglicerídeos: quando apresenta três ácidos graxos em sua
estrutura, sendo os mais importantes do grupo.

Veja a estrutura de um triglicerídeo e a liberação de moléculas


de água:

C15H31 – COOH + HO – CH2 C15H31COO – CH2


Ácido palmítico
-3H2O

C17H33 – COOH + HO – CH2 C17H33COO – CH2


Ácido oléico

C17H33 – COOH + HO – CH2 C17H33COO – CH2


Ácido oléico

3 ácidos graxos + 1 glicerol triglicerídeo

Apesar de ambos poderem ser de origem animal e vegetal, os


óleos são encontrados principalmente em plantas depositados
especialmente em sementes, como a de girassol, de amendoim, de
soja, arroz, milho, e mamona, sendo a última utilizada na indústria
de graxa e lubrificantes para carros, enquanto as outras são usadas
na preparação de alimentos.
Sendo mais abundantes em animais, as gorduras se acumulam
formando o tecido adiposo localizado sob a pele, atuando como
reserva energética e isolante térmico, como já foi dito. O bacon é
um bom exemplo de gordura animal, sendo um tipo de toucinho
defumado utilizado na alimentação.

Diferenças entre óleos e gorduras

Óleos Gorduras

Predominantemente em vegetais Predominantemente nos animais

Líquidos em temperatura ambiente Sólidos em temperatura ambiente

Insaturados Saturados

Baixo ponto de ebulição Alto ponto de ebulição

Encontrados em sementes vegetais Encontrados no tecido adiposo dos


animais

Se as gorduras são preferencialmente animais, como se forma uma


gordura vegetal, como a margarina? A partir de óleos vegetais
produzimos gorduras vegetais, por reações de hidrogenação com
aquecimento. As duplas ligações do óleo (insaturadas) serão
rompidas, formando-se assim ligações simples (saturadas),
havendo formação da margarina (gordura hidrogenada), processo
conhecido ainda por rancificação. É interessante notar que o
álcool é sempre o mesmo, estando então a diferença nos ácidos
graxos.

Demonstração:
catalisador
RCH = CH – CH2R + H2 RCH2 – CH2 –
CH2R

R: radical

Cerídeos

Compreendendo as ceras, os cerídeos são ésteres simples


formados de um ácido graxo com álcoois superiores ao glicerol,
quer dizer, de cadeia mais longa que o glicerol. O ácido graxo
costuma ter também cadeia longa, formado por 14 a 36 átomos de
carbono, enquanto o álcool tem de 16 a 30 átomos de carbono. As
ceras estão presentes nos animais, mais são mais abundantes entre
os vegetais, impermeabilizando superfícies de folhas (como a da
carnaúba) e frutos (como a da manga), evitando uma perda
excessiva de água, não havendo assim um quadro de desidratação.
Nos animais, encontramos ceras nas secreções de alguns insetos,
como as abelhas, no cerume produzido na orelha externa de
mamíferos e em glândulas das aves, chamada de uropigial. A
secreção dessa glândula, localizada sobre as últimas vértebras das
aves, lubrifica as penas evitando que as mesmas fiquem
encharcadas em ambiente aquático.

Lipídios Complexos

Fosfolipídeos

Além de apresentarem ácido graxo e álcool, os fosfolipídeos


apresentam um grupo fosfato em sua constituição. Se o fosfato
que se faz presente tem caráter polar, e a cadeia carbônica caráter
apolar, podemos dizer que os fosfolipídeos possuem então caráter
anfipático, sendo solúveis em água ou em solventes orgânicos.
Essa característica é a responsável pela principal função deste tipo
de lipídio: constituir a membrana plasmática.
Curiosidade...

A membrana plasmática é resistente e elástica graças às


fortes ligações hidrofóbicas entre os grupos apolares dos
fosfolipídeos.

Esfingolipídeos

Um outro tipo de lipídio, que está associado com o cérebro, é o


esfingolipídeo, formado de ácido graxo com álcool, apresentando
nitrogênio em sua molécula. A bainha de mielina dos neurônios é
formada a partir desse tipo de lipídio, que facilita a propagação do
impulso nervoso, ocorrendo então em maior velocidade. Então,
concluímos que a bainha de mielina é um isolante elétrico.

Esterídeos

Derivados de uma estrutura denominada ciclopentanoperidofenan-


treno, os esterídeos ou esteróides são lipídios decorrentes da
combinação estérica de ácidos graxos com álcoois de cadeia
fechada, denominados álcoois policíclicos ou simplesmente
esteróis, sendo o mais comum deles o colesterol, composto que
participa da formação de membranas celulares de células animais,
além de ser precursor dos hormônios sexuais masculino e feminino.
Permite ainda a formação da vitamina D3 (7-deidrocolesterol
ativado) e dois sais biliares responsáveis pela emulsificação de
gorduras. É importante lembrar que o colesterol não anda sozinho
no sangue, mas combinado com proteínas. Há dois tipos de
combinação: o HDL(lipoproteína de densidade alta), formado
com uma proteína de alta densidade, sendo transportado para o
fígado, sendo neste local inativado, constituindo o que chamamos
de bom colesterol por retirar o colesterol da circulação, e o
LDL(liproproteínas de densidade baixa), formado por uma
proteína de baixa densidade, transportado para os tecidos e para as
artérias, onde é depositado formando placas de ateroma, podendo
sofrer calcificação endurecendo as artérias, aumentando o risco de
infarto agudo do miocárdio. Esse quadro clínico constitui a
arterosclerose, típico do mau colesterol, onde haverá redução
do fluxo sanguíneo nas artérias, podendo comprometer parte do
músculo do coração, caracterizando um infarto.
Os corticosteróides também constituem exemplos de esteróides,
sendo eles os hormônios produzidos pelas glândulas supra-renais,
como a cortisona e a prednisona.

Saiba mais...

O colesterol é responsável pela formação dos sais biliares


que compõem a bile, além de participar da formação da
vitamina D3(7-deidrocolesterol-ativado), hormônios sexuais
e formação da membrana plasmática animal.

Detergentes

Os detergentes tem duas características estruturais: uma


porção hidrofóbica (não gosta de a’gua) e um grupo
hidrofílico (gosta de água). Os sabões possuem sais de
ácidos graxos de cadeia longa, sendo que esses sais
possuem boa solubilidade em água. A ação de limpar se
deve a habilidade de se formar micelas que captam
materiais solúveis em lipídios no interior da porção
hidrofóbica, com os grupos iônicos do lado de fora. Esses
grupos iônicos por repulsão evita aglomeração do material
solúvel em lipídios em uma camada separada. Sendo assim,
as micelas são arrastadas pela água em forma de emulsão.

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