Vinculação Interna (Esquema)
Vinculação Interna (Esquema)
Vinculação Interna (Esquema)
b) Aprovação
A aprovação ocorre após a adoção do texto, integrando-se na fase da manifestação do
consentimento, comummente designada por ratificação. O artigo 8.º/2 torna imperativa a
aprovação, sendo aplicável a todas as modalidades de vinculação internacional. A CRP exige a
aprovação interna de qualquer convenção internacional, não permitindo os chamados acordos em
forma ultrasimplificada, vinculativos após a assinatura do representante do Estado, não sendo
também permitidas ratificações implícitas ou negativas. A falta de aprovação ou falhas neste
processo levam uma inconstitucionalidade orgânica, podendo vedar a aplicação da convenção na
ordem jurídica portuguesa (artigo 277.º/2), impedindo a conclusão da vinculação em sede de
fiscalização preventiva (artigo 279.º/1 e 4).
Os órgãos que partilham a competência para a aprovação de convenções internacionais
são a AR (artigo 161.º/i)) e o Governo (artigo 197.º/1/c)):
- A AR aprova: Tratados, isto é, todas as convenções internacionais que ostentam a
designação de tratados e ainda aquelas que, independentemente da intitulação, versem sobre
matérias que correspondam a áreas de particular melindre político e de opção fundamental no
domínio das relações externas; acordos internacionais relativos a matérias da competência
legislativa concorrencial que o Governo entenda submeter à sua apreciação. A AR aprova tratados
sob a forma de resolução pelo artigo 166.º/5, sendo exigida uma maioria simples (artigo 116.º/3).
A dissolução da AR impede a continuação do procedimento de aprovação (artigo 172.º), uma vez
que não é matéria que caiba na Comissão Permanente.
- O Governo aprova: Acordos internacionais sobre matérias que não integram a reserva
de tratado nem a reserva da competência legislativa parlamentar, salvo se decidir submeter à AR
a sua aprovação. O governo aprova acordos internacionais através de decreto e votado em
Conselho de Ministros (artigo 200.º/1/d)). A demissão do Governo, apesar de determinar a
caducidade das propostas de lei e referendo, a CRP nada diz acerca da aprovação de tratados e
acordos, pelo que, para a Prof. Maria Luísa Duarte, se presume que não impede a continuação do
processo de aprovação.
As convenções internacionais podem ser submetidas a referendo pelo disposto no artigo
115.º e no artigo 295.º da CRP, no entanto surgem-nos três questões:
c) Ratificação e assinatura
É da competência do PR a ratificação dos tratados solenes (artigo 135.º/b)) e a assinatura
das resoluções da AR e dos decretos do Governo que aprovem acordos internacionais (artigo
134.º/b)). O PR pode requerer a fiscalização preventiva da constitucionalidade (artigo 278.º/1),
incidindo sobre normas da convenção e não sobre a convenção na totalidade.
O artigo 275.º especifica os efeitos da pronúncia do Tribunal Constitucional, proferida no
máximo no prazo de 25 dias (artigo 278.º/8):
- Se não existirem inconstitucionalidades, o PR decidirá livremente se ratifica/assina a
convenção internacional;
- Se o Tribunal se pronunciar pela inconstitucionalidade, não estando contemplada a
opção do expurgo ou eliminação da norma, o PR:
- Deve vetar, no caso de acordo internacional (artigo 279.º/1);
- Pode ratificar o tratado se este for confirmado pela AR (artigo 279.º/4).
A solução do artigo 279.º não é uma solução defensável à luz do equilíbrio necessário
entre interesses e valores, uma vez que a conjugação politica da vontade entre a AR e o PR, não
deveria ser o suficiente para acabar com os efeitos da pronuncia, no sentido da
inconstitucionalidade. Em sede de fiscalização sucessiva, o Tribunal pode reiterar o veredito e
obrigar o Estado Português a desaplicar a convenção, resultando numa violação do artigo 46.º da
CVDT-I. O problema pode ainda ser ultrapassado através das reservas, caso sejam permitidas, ou
mesmo através da remoção do obstáculo identificado pelo juiz constitucional.
A ratificação é a declaração solene e final de aceitação do tratado pelo Estado Português,
através do Chefe de Estado, correspondendo ao decreto presidencial de ratificação, embora o
artigo 119.º/1/b) se limite a exigir a publicação do aviso de ratificação das convenções e outros
avisos a eles referentes. Apesar de autónomo, este ato está sujeito a referenda do Governo (artigo
141.º da CRP).
d) Publicação
É a última fase do processo interno de celebração de convenção internacional,
determinando o artigo 8.º/2 que após a publicação, as convenções internacionais vigoram na
ordem interna enquanto vincularem o Estado Português internacionalmente. A publicação é
necessária para garantir a eficácia jurídica da convenção na ordem jurídica portuguesa (artigo
119.º/2), apesar do momento relevante ser o da vinculação através da aprovação ou ratificação.
Os atos abrangidos pela obrigação de publicação oficial são, segundo o artigo 119.º/1/b),
as convenções internacionais, os avisos de ratificação, os restantes avisos a elas respeitantes.