Praticas Conservacionistas

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Scientia Agropecuaria 9(3): 429 – 439 (2018)

a. Facultad de Ciencias

Scientia Agropecuaria Agropecuarias

Universidad Nacional de
Website: http://revistas.unitru.edu.pe/index.php/scientiaagrop Trujillo

REVIEW
Práticas conservacionistas do solo e emissão de
gases do efeito estufa no Brasil
Soil conservation practices and greenhouse gases
emissions in Brazil
Marcos Renan Besen1,*; Ricardo Henrique Ribeiro2; Alessandra Nardina Trícia Rigo
Monteiro3; Guilherme Seiki Iwasaki4; Jonatas Thiago Piva5
1 Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Maringá, Brasil.
2 Universidade Federal do Paraná, Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo. Curitiba, Brasil
3 Animine. Sillingy, França.
4 Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina. Timbó Grande, Brasil.
5 Universidade Federal de Santa Catarina-Campus Curitibanos, Santa Catarina, Brasil.

Received April 5, 2018. September 1, 2018.

Resumo
No Brasil, mais de 84% das emissões de N2O e 74% de CH4 são resultantes da
agropecuária, e aproximadamente 40% do CO2 emitido tem origem do uso e mudança do
uso da terra e florestas. Têm-se percebido uma preocupação em diversas instituições de
pesquisa abordando essa temática, aprimorando o conhecimento da dinâmica e principais
fatores que governam a emissão dos principais gases do efeito estufa (GEE). Nesse
sentido, tecnologias sustentáveis que sigam as premissas da agricultura conservacionista
apresentam potencial de mitigação na emissão de GEE, à poder citar o sistema de plantio
direto (SPD), uso de plantas de cobertura, adoção de sistemas integrados, entre outras
práticas edáficas. Em relação ao SPD, a retenção de CO 2 na matéria orgânica do solo
justifica o balanço positivo em solos manejados sob esse sistema em comparação ao
cultivo convencional. Normalmente solos não perturbados atuam como dreno de CH 4, no
entanto os sistemas de manejo SPD e convencional ainda carecem de mais estudos, a fim
de averiguar seus efeitos na produção de N2O. A forma como o solo é manejado influencia
diretamente na emissão de gases e balanço de carbono, logo práticas conservacionistas
que visam a proteção do mesmo, são fundamentais para mitigação de GEE.
Palabras clave: Plantio direto; metano; manejo; carbono; sistemas integrados

Abstract
In Brazil, more than 84% of N2O emissions and 74% of CH4 are produced by agriculture, and
approximately 40% of the CO2 emitted originates from the use and change of land use and
forest. It has been noticed a concern in several research institutions addressing this issue
in order to improve the knowledge of the dynamics, as well as the main factors which drive
the three main greenhouse gases (GHG) emissions. In this sense, sustainable technologies
that follow the conservation agriculture premises show potential to mitigate the GHG
emissions, as the no-tillage system (NTS), the use of cover crops, the use of integrated
systems and other edaphic practices. Regarding the NTS, the CO 2 retention in soil organic
matter justifies the positive balance in soils managed under this system compared to
conventional tillage. Usually undisturbed soils act as sink of CH 4, however, the
management NTS and conventional tillage still need more studies in order to evaluate its
effects in N2O production. How the soil is managed, strongly affects the gases emission and
the carbon balance, showing that the adoption of soil conservation practices, aiming to soil
protection, are essential to mitigate the GHG.
Keywords: No-tillage; methane; management; carbon; integrated systems.
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* Corresponding author © 2018 All rights reserved


E-mail: [email protected] (M. Besen). DOI: 10.17268/sci.agropecu.2018.03.15

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1. Introdução adoção dos princípios conservacionistas,


Estima-se que mundialmente, cerca de 19- exemplificada pelo não revolvimento do
23% das emissões antrópicas, que incluem solo, uso de plantas de cobertura e
óxido nitroso (N2O) e metano (CH4), sejam sistemas integrados que possibilitem
provenientes da produção agrícola e maximizar o uso da terra, são estratégias
mudanças no uso da terra (IPCC, 2014). fundamentais na busca de reduções nas
Juntamente com o gás carbônico (CO2), emissões de GEE. O sistema plantio direto
compreendem os principais gases de efeito (SPD) e sistemas integrados de produção,
estufa (GEE) e recebem tal denominação como a integração lavoura pecuária (ILP),
por reterem e redirecionarem a radiação são caracterizados por agirem como dreno
infravermelha em excesso na superfície de CO2, resultando na redução das emi-
terrestre (Primavesi et al., 2007). No Brasil, ssões desse gás, desde que sejam mane-
estima-se que 84,2% das emissões de N2O jados corretamente (Carvalho et al., 2009).
e 74,4% de CH4 sejam resultantes do setor As melhorias em termos de qualidade do
agropecuário, sendo que para o CO2, solo, propiciada pelas práticas conserva-
aproximadamente 40,2% das emissões são cionistas, contribuem para elevar a resis-
oriundas do uso e mudança do uso da terra tência às mudanças climáticas (Parajuli et
e florestas (Brasil, 2016). A magnitude al., 2016). A agricultura conservacionista
desses valores nos remete a necessidade está sendo promovida como uma forma de
de otimizar as informações referentes a reforçar a sustentabilidade da produção
práticas agrícolas que colaborem para a agrícola, principalmente através da con-
mitigação do efeito estufa. servação de recursos naturais (Sapkota et
Conforme o inventário brasileiro de emi- al., 2015). Entre 1980 e 2000, o avanço do
ssões a agricultura e pecuária estão entre SPD foi incentivado, tendo em vista a com-
as atividades contribuintes com a geração preensão da importância dos microor-
de GEE no Brasil, sendo a fermentação ganismos do solo na ciclagem de nutrientes
entérica em ruminantes (CH4); a produção e do papel dos resíduos culturais na recu-
de dejetos de animais (CH4 e N2O); o cultivo peração da matéria orgânica (Sá e
de arroz inundado (CH4); a queima de resí- Ferreira, 2018). Ainda segundo os autores,
duos agrícolas (CH4 e N2O) e a emissão de o conhecimento da dinâmica da matéria
N2O em solos devido ao uso de fertilizantes orgânica do solo (MOS) e sua relação com
nitrogenados, os principais processos a melhoria na agregação do solo conso-
geradores desses gases (MCTI, 2016). lidou o SPD como prática conservacionista
Devido ao aumento crescente na emissão e fundamental na mitigação de GEE.
de GEE, vários países têm assumido metas Nesse sentido, a presente revisão de
visando à redução de tais emissões. A literatura tem como intuito elucidar
Conferência COP21, é um exemplo recente aspectos relevantes sobre os principais
desta preocupação, na qual parceiros de GEE, bem como discutir práticas de manejo
vários países se comprometeram a conservacionistas com potenciais de
preparar estratégias, planos e ações para mitigação desses gases.
mitigação da emissão de GEE (United
Nations, 2015). No âmbito nacional, em 2. Dinâmica do CO2
2010 foi proposto o Plano ABC (Agricultura As plantas absorvem o CO2 atmosférico,
de Baixa Emissão de Carbono), com a convertendo-o em C orgânico, o qual
finalidade de planejar ações para a adoção poderá ser estocado no solo ou ser
de tecnologias de produção agropecuárias utilizado no ciclo de Calvin como substrato
sustentáveis (Brasil, 2012). Dessa maneira, para a produção de carboidratos (Nelson e
torna-se fundamental a realização de Cox, 2013). O aporte de resíduos vegetais
estudos voltados às práticas agrícolas que com elevados níveis de C e nitrogênio (N),
possam colaborar com a mitigação do proporciona o aumento da MOS, fazendo
efeito estufa, através do sequestro de com que o solo se torne dreno de CO2 em
carbono (C), sumidouros de CH4 e longo prazo (Bayer et al., 2006). Por outro
atenuação das emissões de N2O. No caso lado, a mudança do uso da terra e a
da agricultura, várias tecnologias atividade agrícola podem alterar
sustentáveis podem ser adotadas para potencialmente a dinâmica da MOS (Lal,
mitigar as emissões de GEE (Cordeiro et 2003), contribuindo de forma significativa
al., 2011), à citar as que sigam os princípios para a elevação nas emissões de CO2,
da agricultura conservacionista. assim como de outros gases do solo para a
O solo é um compartimento chave no atmosfera (Shuman et al., 2002). A adoção
processo de emissão de GEE e no balanço de práticas de manejo menos agressivas, à
total de C (Carvalho et al., 2009), por tanto exemplo do SPD substituindo o sistema
a maneira como é manejado, incluindo a convencional, somada a colheita de cana-

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de-açúcar de forma mecanizada ao invés disponíveis no sistema solo.


da queima da palha, contribuem juntas É válido ressaltar que o uso de plantas de
para a mitigação total de 10,55 Mt C ano-1, cobertura não somente reduz as perdas de
cuja 9 Mt C ano-1 são referentes à adoção MOS, como a longo prazo aumenta os
do SPD e 1,55 Mt C ano-1 devido a colheita níveis de C no solo, devido a quantidade de
mecanizada da cana-de-açúcar (Cerri e fitomassa que é inserida, seja via matéria
Cerri, 2007). seca radicular, como pela adição da
Perdas relevantes de C pelo solo, ocorrem matéria seca da parte aérea. De acordo
através da lixiviação, escoamento super- com Albuquerque et al. (2012) há
ficial e erosão, contudo a maioria dos evidências de que exista uma relação
estudos tem dado ênfase aos processos de estreita entre adição de fitomassa por meio
emissão para a atmosfera, oriundos da de raízes e sequestro de C, em virtude da
respiração de microorganimos, produzindo maior estabilidade proporcionado ao C
CO2 ou CH4 (Sposito, 2008). O efeito da adicionado via sistema radicular no perfil
erosão do solo na liberação de CO2, influi do solo.
de forma negativa sobre as mudanças Uma série de variáveis podem influenciar a
climáticas (Lal, 2004). Dessa forma, emissão de CO2. Nesse sentido, sob as
práticas relacionadas ao cultivo em nível e condições de Cerrado, Siqueira Neto et al.
implantação de terraços, que integram as (2011) verificaram que a umidade do solo
práticas mecânicas conservacionistas foi a variável que apresentou maior
contribuem para redução das perdas de correlação com o fluxo desse gás. Esses
solo, podendo resultar na mitigação da autores observaram também correlações
emissão de CO2. positivas entre nitrato (N-NO3) no solo e as
Omonode et al. (2007) apontam que os emissões de CO2. De acordo com Kuzyakov
efeitos das operações de manejo do solo et al. (2000) a presença do N no solo
sobre o fluxo de CO2, bem como de CH4, beneficia a decomposição de resíduos,
tendem a ser relativamente de curta du- assim como a mineralização da matéria
ração. Os autores citam que os sistemas de orgânica.
rotação aparentam ser mais importantes Em estudo realizado por Siqueira Neto et
em relação a dinâmica sazonal de fluxos na al. (2009), foi observado que a temperatura
superfície do solo. No tocante ao manejo do do solo também influenciou as emissões de
solo, é importante o entendimento que além CO2, havendo aumento nos fluxos em
do sequestro de C e conservação do solo períodos de temperaturas mais elevadas.
proporcionado pelo SPD, a economia do Omonode et al. (2007) relataram que
consumo de combustível, cerca de 60 a condições de maiores temperatura e
70%, colabora na redução de GEE em umidade do solo nos 10 cm superficiais,
relação ao cultivo convencional (Carvalho relacionaram-se significativamente com as
et al., 2009). emissões de CO2. Em trabalho realizado
A adoção de plantas de cobertura é outro por Torres et al. (2006) observou-se que o
método que proporciona proteção ao solo. SPD reduziu a temperatura do solo em
Dessa forma quanto mais rápido for a relação ao sistema convencional, além de
cobertura do solo por determinada espé- observado acúmulo de calor no solo onde
cie, potencializam-se os benefícios ineren- houve menor produção de matéria seca.
tes ao seu uso no sistema. Nesse sentido, Baseado nessas informações e tendo
em estudo realizado por Bertol et al. (2007), conhecimento da correlação existente
foi observado que o plantio direto, devido a entre o aumento da temperatura com a
maior taxa de cobertura do solo, reduziu emissão de CO2 é possível inferir que a
em 88% as perdas de solo quando produção de fitomassa, devido ao uso de
comparado ao preparo convencional. De adubos verdes, aliada à uma maior
forma similar, Dechen et al. (2015) obser- cobertura do solo, apresenta potencial
varam que em solo com 90% de cobertura, para atenuar a emissão de CO2.
comparado a um solo sem cobertura, foi Nesse sentido, Amado et al. (2001)
possível reduzir as perdas de solo em estimaram que a sucessão pousio/milho
54,44%, e as perdas de matéria orgânica ocasionou uma liberação líquida de 4,32 Mg
em 54,89%. Isso torna evidente a eficácia ha-1 CO2, quando comparado ao campo
do emprego de plantas de cobertura em natural em um Argissolo Vermelho
reduzir as perdas de solo e MOS. De tal distrófico arênico, no estado do Rio Grande
forma, que a adoção dessa medida é fator do Sul, porém, quando empregado o uso da
importante no cenário agrícola, onde se sucessão milho + mucuna, houve um
busca a redução da emissão de gases sequestro de 15,5 Mg ha -1 CO2. Os autores
concomitante com a proteção e otimização enfatizam que o uso de sistemas
dos recursos, principalmente, nutrientes conservacionistas no cultivo de milho é

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eficaz em acumular CO2 atmosférico no avaliadas, salientando a importância da


solo. Esses resultados são relevantes, visto rotação, bem como do cultivo consorciado,
que grande percentual de terras ainda são para que além da produtividade satisfatória
mantidas em pousio na estação fria do ano possa se obter a manutenção da fertilidade
na região sul do país e conforme apontado do solo e armazenamento do C.
por Batjes (1998), a substituição do pousio Em Latossolos cultivados por longo tempo
por plantas de cobertura apresenta-se em SPD no Sul do Brasil, os fatores
como importante prática na busca por predominantes para recuperação do C
melhorias na qualidade ambiental. orgânico do solo são a alta entrada de C via
O uso do SPD associado a sistemas de rotação de cultura, aliada ao correto
culturas com potencial de alto aporte de manejo da fertilidade do solo (Ferreira et
resíduos, aliado a disponibilidade de N al., 2018). Ainda segundo Ferreira et al.
pelas leguminosas, possibilita acelerar o (2018) em áreas onde predomina o cultivo
aumento dos teores de MOS, e diminuir a de soja, altos teores de alumínio trocável
emissão de CO2 do solo para atmosfera aliado a baixos teores de magnésio e fós-
(Bayer et al., 2000). Assim, a relação foro culminam na lenta recuperação de C.
existente entre a MOS e a fração mineral do Sistemas de rotação de cultivos com
solo, exemplifica que solos com carga elevada produção de palhada, à exemplo
variável apresentam potencial para intervir da integração lavoura-pecuária em SPD,
no sequestro de C (Bayer et al., 2001). apresentam taxas elevadas de sequestro
Segundo os autores, isso ocorre devido ao de C no solo (Carvalho et al., 2009). Os
aumento da concentração de óxidos de sistemas de produção integrados propor-
ferro e caulinita ocasionando diminuição na cionam sinergismo entre os diferentes
taxa de decomposição da MOS. componentes do sistema (Cordeiro et al.,
Ao estudar a influência do manejo do solo 2015), sendo preconizado a conservação
em clima tropical e subtropical, Briedis et do solo e da água, sequestro de C, redução
al. (2018) observaram que as frações de C nas emissões de CO2, entre outros (Balbino
foram influenciadas pelo sistema de manejo et al., 2011), o que demonstra a necessi-
do solo, no entanto o efeito foi mais pronun- dade e importância da adoção desses
ciado nas frações lábeis comparativamente sistemas nas mais diversas modalidades.
ao C associado aos minerais. Ainda, Em estudo realizado no Cerrado brasileiro,
segundo os autores a adoção do plantio Sant-Anna et al. (2017) verificaram que
direto em solos altamente intemperizados é após 22 anos de experimento, maiores
uma alternativa para proteção física das estoques de C orgânico do solo foram
frações lábeis, sendo que esses processos encontrados nos tratamentos conduzidos
contribuem para estabilização bem como sob ILP, todavia nem todos os tratamentos
acúmulo do C. avaliados sob ILP ocasionaram maior
Em estudo realizado num Cambissolo acúmulo de C no solo. Segundo os autores,
Húmico por Wolschick et al. (2018), sob as iniciativas governamentais, que visam a
condições subtropicais, constatou-se que substituição do cultivo convencional pelo
as maiores proporções do C orgânico plantio direto, bem como intensificar a
particulado, ácido húmico e ácido fúlvico produção de gado de corte em ILP
foram encontradas em sistemas conser- contribuirão modestamente para o acúmulo
vacionistas, tais como plantio direto, de C no solo em curto prazo. Por sua vez,
lavoura sobre rotação e cultivo mínimo, por Pontes et al. (2018) salientam que os
sua vez, a maior proporção das espécies sistemas de integração lavoura pecuária
mais recalcitrantes, como o C ligado aos floresta (ILPF) aumentam a capacidade de
minerais foi encontrada no sistema de sequestro de C pela biomassa lenhosa,
cultivo convencional. Os autores ressaltam sendo uma estratégia para mitigação de
que o aumento no estoque de C depende da CO2 em regiões subtropicais.
intensificação de um sistema conserva- De modo geral, o balanço de GEE tem
cionista com entrada contínua de C por prevalecido positivo no SPD em relação ao
meio do aporte de biomassa. plantio convencional. Isso condiz com a
Em estudo realizado por Redin et al. (2018), capacidade do plantio direto em mitigar a
utilizando 26 espécies anuais, foi emissão desses gases, de tal modo que a
constatado menor produção de matéria retenção de CO2 na MOS justifica o balanço
seca radicular de espécies leguminosas, positivo em solos sob SPD (Bayer e
sendo que maiores valores de biomassa, C Dieckow, 2014).
e nitrogênio foram alocados no sistema
radicular das gramíneas. Segundo os 3. Fluxos de N2O
autores, observou-se diferentes caracte- O N2O é um gás traço com grande
rísticas funcionais entre as culturas importância para o efeito estufa, apre-

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sentando o maior potencial de aquecimento (2010), em Latossolo argiloso na Região Sul


global entre os GEE, correspondendo a 298 do país, em um período correspondente a
moléculas de CO2 (IPCC, 2013), conse- pós colheita da cultura da soja, observou-
quência de sua natureza química e do se que a emissão de N2O foi maior em
longo período de residência na atmosfera, plantio direto do que em preparo conven-
com meia vida estimada em 114 anos cional. Uma das explicações ponderadas
(Montzka et al., 2003; IPCC, 2007). por esses autores é em função do elevado
Aliado à isso, a concentração desse gás teor de N encontrado na palhada dessa
tem aumentado linearmente à uma taxa de leguminosa, a qual é mantida na superfície
0,26% ao ano (Smith et al., 2010). No Brasil, do solo por mais tempo, e ao ser decom-
a principal via de emissão de N2O é a depo- posta lentamente libera N2O, pelo processo
sição de dejetos animais em pastagens, em de nitrificação ou desnitrificação. Piva et al.
virtude, principalmente, da pecuária exten- (2012) corroboram com a ideia de que os
siva (MCTI, 2016), bem como a aplicação acentuados picos nas emissões de N2O,
de adubos nitrogenados nas culturas. resultantes do revolvimento do solo, estão
Contudo, devido às características desse diretamente relacionados a uma estimu-
gás, é necessário o melhor entendimento lação rápida de decomposição microbiana
de sua dinâmica em solos cultiváveis. aliada ao aumento da oferta de substrato
A emissão de N2O ocorre através de para a nitrificação e desnitrificação,
processos de nitrificação e desnitrificação. posterior a incorporação de resíduos
No primeiro caso ocorre em ambientes vegetais no solo. Além disso, às emissões
aerados, onde as bactérias quimioautotró- de N2O são fortemente influenciadas por
ficas oxidam o amônio produzindo N2O uma complexa relação entre os níveis de
(Bateman e Baggs, 2005). Contudo é a nitrato e amônio no solo, carbono orgânico
desnitrificação que mais contribui para a dissolvido e sobretudo pela porosidade
emissão desse gás, ocorrendo por intermé- preenchida por água (PPA) (Bayer e
dio de bactérias heterotróficas anaeróbias Dieckow, 2014).
facultativas (Aita e Giacomini, 2007), sendo Aliado a isso, alguns estudos foram
essa atividade controlada por uma série de realizados em solos manejados com
fatores, como disponibilidade de N e C, plantas de cobertura a fim de averiguar a
concentração de oxigênio, pH e tempe- emissão de GEE nesses sistemas (Jantalia
ratura no solo (Baggs e Philippot, 2010). et al., 2008; Gomes et al., 2009). De acordo
A prática de revolvimento do solo e seus com Albuquerque et al. (2012), sistemas de
subsequentes efeitos influenciam direta- culturas em SPD por mais que se
mente a estrutura do solo, a taxa de apresentem como fonte de GEE, quando há
decomposição dos resíduos vegetais e a inclusão de leguminosas poderão con-
mineralização do N orgânico do solo (Piva tribuir para mitigar as emissões de gases
et al., 2012). Essas modificações apre- se contrastados com a sucessão trigo-soja.
sentam potencial em interferir na atividade Fato relacionado a menor emissão de N2O e
microbiológica do solo, podendo conse- ao maior sequestro de C.
quentemente, alterar de forma expressiva a Apesar do uso de leguminosas como
dinâmica e emissões de GEE. plantas de cobertura apresentar potencial
Aumentos na emissão de N2O pós adoção em incrementar a emissão de N2O quando
do SPD podem ocorrer em função das comparadas ao cultivo de gramíneas
características dos solos, conforme obser- (Gomes et al., 2009), o aporte de N oriundo
vadas por Mutegi et al. (2010) e Tan et al. da adubação verde com leguminosas é
(2009) em solos argilosos. De acordo com passível de ser utilizado pela cultura em
Del Grosso et al. (2002) o aumento na sucessão, de tal maneira que possibilite a
emissão de N2O nos solos manejados em redução da dose de N mineral a ser
plantio direto, pode ocorrer devido a maior aplicada. Fato semelhante à quando
disponibilidade de N, em relação ao realizado o cultivo de plantas de cobertura
preparo convencional. Por outro lado, Six representantes da família das crucíferas,
et al. (2004) corroboram a ideia de que em relação a gramíneas, devido ao elevado
menores emissões de N2O ocorrem em potencial de reciclagem de N.
solos manejados sob plantio direto em Outro fator importante e apontado por
longo prazo. Os autores justificam tal Khalil e Baggs (2005), se refere que com o
afirmação devido as melhorias na agre- aumento do oxigênio disponível concomi-
gação e aeração do solo. Contudo, há tante com a decomposição dos resíduos,
também estudo que demonstra emissões pode-se aumentar a ocorrência de micro-
de N2O similar em ambos sistemas de sítios anaeróbicos, consequentemente
preparo (Siqueira-Neto et al., 2011). potencializando a emissão de N2O, pelo
Em estudo realizado por Escobar et al. processo de desnitrificação.

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Em estudo de Copetti et al. (2015), ava- uma estratégia para que áreas agrícolas
liando doses de nitrato de sódio e atuem como sumidouros desse gás.
quantidades de palha de arroz em vasos As emissões de CH4 do solo são resultado
simulando condições anaeróbicas, foi do balanço entre a produção pelo processo
observado que a presença de palhada em de metanogênese e a oxidação através da
solo alagado imobiliza o nitrato e diminui as metanotrofia (Baggs et al., 2006). O CH4 é
emissões de N2O para a atmosfera. Os produzido no solo pela decomposição
autores ainda concluíram em seu estudo anaeróbica da matéria orgânica e redução
que as emissões de N2O estão diretamente de CO2 em ambientes anaeróbicos (Mosier
relacionadas aos níveis de nitrato no solo, e et al., 2004). É válido ressaltar que as
inversamente relacionadas a quantidade de bactérias metanotróficas são aeróbias
palha. Os autores enfatizam que não é obrigatórias, pois a enzima monoxygenase,
possível estimar a quantidade de emissões responsável pelo início da oxidação de CH4,
de N2O a partir da concentração de nitrato requer oxigênio molecular (Mosier et al.,
na solução, pois outros processos estão 2004). Ou seja, a disponibilidade de O2
relacionados com o consumo de nitrato. regula a atividade metanotrófica. Portanto,
Em estudo recente realizado por Nogueira as condições de anaerobiose resultam na
et al. (2016), foi observado que o sistema produção de CH4 como produto final da
de ILPF, apresentou-se eficaz em mitigar as decomposição de compostos orgânicos
emissões de N2O, em relação ao sistema pelas bactérias metanogênicas (Lai, 2009).
composto apenas por lavoura. Os autores Como esse gás é produzido por bactérias
enfatizam que sistema de integração estritamente anaeróbias, ocorrem dimi-
devem ser considerados como opção nuições nas emissões de CH4 após a
tecnológica para reduzir as emissões drenagem do solo, devido a aeração do
desse gás. Corroborando Piva (2012), que solo inibir a produção realizada pelas
observou maior acumulo de emissão de bactérias metanogênicas (Lima et al.,
N2O em lavoura, quando comparado a 2012).
sistemas integrados, sendo que a ILPF Todavia, essa dinâmica do CH4 é altamente
apresentou maior potencial de mitigação dependente das condições físicas e
desse gás. químicas do solo, pois estas apresentam
Nota-se que não há uma conformidade nos efeito direto na atividade das bactérias que
dados em relação ao fluxo de N2O, de tal controlam as emissões e influxos de CH 4
forma que, segundo Bayer et al. (2015), o através dos processos de produção e
efeito do preparo de solo e do plantio direto oxidação (Ussiri et al., 2009). Nesse
na emissão de GEE, tende a ser variável em sentido, Agostinetto et al. (2002) ressaltam
função das condições edafoclimáticas e que aspectos do ambiente, como
tipos de solos. Outro ponto primordial precipitação, radiação e temperatura,
nesse aspecto, refere-se à qualidade do assim como características do solo, à
plantio direto em estudo. Visto que por se exemplo dos níveis de matéria orgânica,
tratar de um “sistema”, uma série de teor de água, capacidade de redução e pH,
fatores devem ser observados, e podem interferem na produção de CH4, pois
influenciar a dinâmica dos gases. De modificam a liberação de exsudatos da
acordo com Almeida et al. (2015) os planta. Em concordância, Smith et al.
sistemas de manejo, plantio direto e (2003) ressaltam que as condições de
preparo convencional, ainda carecem de umidade, teor de amônio e as operações de
maiores estudos a fim de averiguar seus manejo são os principais fatores que
efeitos para a produção de N2O oriundo influenciam a dinâmica do CH4 em solos
dos solos cultivados. agrícolas.
Vasconcelos et al. (2018) trabalhando com
4. Fluxos de CH4 diferentes níveis de palhada de cana de
O gás CH4 apresenta PAG equivalente a 25 açúcar, observaram que no solo com
moléculas de CO2 (Dong et al., 2006), isso presença da palhada, a absorção do gás
lhe confere grande importância perante o CH4 foi 40% mais elevada em comparação
efeito estufa, em função de suas onde houve a remoção total do resíduo
características moleculares e do tempo de vegetal. Ainda, os autores sugerem que a
permanência na atmosfera, apresentando manutenção de palhada na faixa de 6 Mg
meia vida estimada de 12 anos (IPCC, ha-1, mostra-se uma estratégia adequada
2007). Normalmente solos não perturbados para aumentar a produção de bioenergia e
atuam como dreno de CH4. Dessa maneira preservar a cobertura do solo, além de
é possível inferir que sistemas conser- compensar as perdas nos estoques de C do
vacionistas de solo se apresentam como solo.

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Em estudo realizado por Piva et al. (2012) adotado o plantio direto com o objetivo de
sob Latossolo Bruno foram observadas reduzir o número de operações, possi-
menores emissões de CH4 decorrentes do bilitando ainda a semeadura em período
SPD comparado ao preparo convencional. ideal (Bayer et al., 2014). Apesar dos
Em estudo realizado por Albuquerque et al. inúmeros trabalhos realizados a fim de
(2012) em sistemas de culturas, em avaliar a emissão de GEE oriundas de
Latossolo sob SPD, verificou que esses lavouras de arroz irrigado, ainda são
sistemas atuam como dreno de CH4, sendo poucos os estudos avaliando o efeito do
que entre os sistemas estudados, o sistema de preparo com ênfase no não
composto pela alfafa-milho foi o que revolvimento do solo, na emissão de CH4
apresentou maior ação oxidante desse gás. (Pandey et al., 2012).
Os autores atribuíram isso a maior Na Região Sul do Brasil, Bayer et al. (2014)
macroporosidade do solo. relataram evidências de que o SPD tem
Por sua vez, Bayer et al. (2013) relataram potencial para reduzir as emissões de CH4
que a oxidação de CH4 não teve relação do solo em 21% em comparação com o
com os sistemas de manejo, postulando a sistema convencional. Contudo, não foi
hipótese de que a melhoria em termos de observado diferenças significativas para a
qualidade do solo e consequente oxidação emissão de N2O. Todavia, Silva et al. (2011)
de CH4, ocorram de formas distintas no sugerem aprofundar os estudos em relação
perfil do solo em sistemas conserva- a influência da temperatura e conteúdo de
cionistas de manejo, em que a capacidade frações lábeis de matéria orgânica, devido
do solo em oxidação tende a ser bastante à forte relação com o potencial de emissão
lenta. de CH4 dos diversos solos e condições de
De acordo com Glatzel e Stahr (2001), para clima de cultivo de arroz nessa região.
que ocorra emissão de CH4 via solo não é Outra alternativa que possibilita reduzir as
necessário que o ambiente seja totalmente emissões de CH4 em sistemas de arroz
anaeróbio (como ocorrem nas lavouras de irrigado é o manejo adequado da água de
arroz), porém a existência de pequenos irrigação (Bayer et al., 2011). Nesse
sítios anaeróbios, à exemplo dos espaços sentido Zschornack et al. (2016) reporta-
livres entre os agregados, poderão ram que embora a drenagem tenha
propiciar a emissão desse gás. favorecido as emissões de N2O, houve
Nesse sentido, é fundamental abordar o acentuada redução na emissão de CH4,
tema de emissão de CH4 em sistemas consequentemente diminui-se o PAG
agrícolas, devido a expressiva contribuição (Poder de Aquecimento Global) parcial do
que o cultivo de arroz em sistemas sistema.
alagados ocasiona na emissão desse gás Além das emissões de CH4 do solo, é
(Mendonça, 2006). Contudo se bem importante ressaltar a relevante parcela de
manejados, mitigações nas emissões de contribuição da fermentação entérica e do
GEE são passíveis de se obter. Segundo a manejo dos dejetos animais nas emissões à
Embrapa (1998), somente a Região Sul, em nível nacional (MCTI, 2014). Porém,
1994, contribuiu com 77,3% das emissões segundo Rivera et al. (2010) e Cottle et al.
de CH4, devido principalmente ao manejo (2011), ao fornecer alimentos de qualidade,
adotado de alagamento contínuo. As adicionar suplementos à dieta, melhoria
emissões de CH4 representam mais de 90% nas pastagens e na capacidade produtiva
do potencial de aquecimento global parcial dos animais, além de outras medidas
nesse sistema de cultivo, logo as estra- relacionadas a eficiência produtiva, é
tégias de mitigação devem se concentrar possível reduzir as emissões de CH4
quando a cultura está implantada, pois provenientes da fermentação entérica.
nessa época o potencial de aquecimento Entre os benefícios ecológicos e ambien-
global é 10 vezes maior em relação ao tais de sistemas integrados, como lavoura
período sem arroz (Zschornack et al., pecuária e/ou lavoura pecuária floresta, se
2018). tem a mitigação do efeito estufa, devido a
Solos alagados cobrem apenas cerca de maior capacidade de sequestro de C e uma
8% da área terrestre no mundo, contudo menor emissão de CH4 por kg de carne
esses locais são extremamente importan- produzido (Balbino et al., 2011). Nesse
tes, visto que se apresentam como fonte sentido, há capacidade de aumentar a
expressiva na emissão de CH4 para a produção de carne bovina, mantendo
atmosfera, sendo responsáveis por metade estáveis os níveis atuais de emissão de
da emissão do gás CH4 emitido CH4, evidenciando considerável potencial
globalmente (Sposito, 2008). de expansão da produção de carne bovina
Em algumas lavouras de arroz inundadas no país sem aumento proporcional nas
nos campos do Sul do Brasil, tem sido emissões de GEE (Vilela et al., 2012).

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De acordo com Bayer e Dieckow (2014), a incrementem a entrada de C através dos


pesquisa em GEE tende a avançar de forma resíduos, apresentam-se como medida
apreciável, onde a curto prazo será imprescindível para mitigação de gases do
possível uma análise minuciosa de identifi- efeito estufa, desde que corretamente
cação das respectivas fontes de emissão manejadas.
aliadas aos processos resultantes na
emissão desses gases, sendo um passo Referências Bibliográficas
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mentar o aporte de resíduos, mostram-se Baggs, E.M.; Philippot, L. 2010. Microbial Terrestrial
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além de aumentar o sequestro de carbono. Balbino, L.C.; Barcellos, A.O.; Stone, L.F. 2011. Marco
Todavia o avanço na pesquisa é necessário Referencial: integração lavoura-pecuária‑floresta.
para que se possa determinar a conjuntura Embrapa. Brasil.130 pp.
de fatores que tornam as respostas Bateman, E.J.; Baggs, E.M. 2005. Contributions of
nitrification and denitrification to N 2O emissions
variáveis nas diferentes condições de clima from soils at different water-filled pore space.
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Devido a crescente expansão e potencia- Batjes, N.H. 1998. Mitigation of atmospheric CO 2
lidade de mitigação de GEE que os concentration by increased carbon sequestration in
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sistemas integrados apresentam, aliada à Bayer, C.; Amado, T.J.C.; Tornquist, C.G.; Cerri, C.E.;
sua complexidade, experimentos futuros Dieckow, J.; Zanatta, J.A.; Nicoloso, R.S.; Carvalho,
devem analisar minuciosamente questões P.C.F. 2011. Estabilização do carbono no solo e
mitigação das emissões de gases de efeito estufa
inerentes a lotação animal, intensidade de na agricultura conservacionista. Tópicos em
pastejo, produção de raízes e implicações Ciência do Solo 7: 55-118.
da adubação sobre o sequestro de C e Bayer, C.; Costa, F.S.; Pedroso, G.M.; Zschornackc, T.;
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nessa revisão, à exemplo do pH, atributos Nutrição de Plantas. Araxá, Brasil. 15-19 de set,
físicos do solo, temperatura, disponibili- 2014.
dade de carbono e nitrato, umidade, entre Bayer, C.; Gomes, J.; Vieira, F.C.B.; Zanatta, J.A.;
Picolo, M.C.; Dieckow, J. 2013. Soil methane
outros. Contudo, a adoção de práticas oxidation in a long-term no-tillage system in
conservacionistas, à exemplo da adoção do Southern Brazil. Semina: Ciências Agrárias 34:
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Bayer, C.; Gomes, J.; Zanatta, J.A.; Vieira, F.C.B.;
de produção, e formas de cultivo que Piccolo, M.C.; Dieckow, J.; Six, J. 2015. Soil nitrous
possibilitem o uso sustentável do solo e que oxide emissions as affected by long-term tillage,

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