Manico Et Al A Historia Da Educacao Ambiental Um Olhar Sobre Angola

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Sustentabilidad(es) vol. 6 12: 173– 192

Artículo original | Original article

A história da Educação Ambiental - um olhar sobre Angola


[The history of the environmental education – a look at Angola]
Juarês Bongo Manico, Carlos Pedro CláverYoba 1, Jacinto Alexandre Peres Pinto 2&
Elsa Maria Gabriel Morgado 3
Instituto Superior de Ciências da Educação do Huambo (ISCED), Angola.
Contacto | Contact: [email protected]

Abstract: The present article attempts to give an overview on the history of environmental
education in the recent past and at the present time, as well the contributions that people and
governments have been giving on the path toward the preservation environment. We also seek to, in
this article, carry out a prior assessment or a watchful eye on the history of environmental education
and the efforts that the Angolan government and its citizens are seeking to do in preserving the
environment, mainly as regards the actions linked to education and awareness on environmental
issues.

Keywords: Environmental Education, Sustainability, Angola.

Resumo: O presente artigo procura fazer uma análise geral sobre a história da educação ambiental
no passado recente e na atualidade, assim como os contributos que pessoas e governos têm dado no
sentido da preservação do meio ambiente. Procuramos também no presente artigo levar a cabo uma
prévia apreciação ou um olhar atento sobre a história da educação ambiental e os esforços que o
governo Angolano e os seus cidadãos procuram levar a cabo na preservação do meio ambiente,
essencialmente no que concerne a ações ligadas à educação e sensibilização para as questões
ambientais.

Palavras-chave: Educação ambiental, Sustentabilidade, Angola.

Recibido | Recibed: 07 deoctubre de 2015


Aceptado | Accepted: 15de noviembre de 2015
Este artículo puede ser citado como | This article must be cited as: Bongo, J.; CláverYoba, P.; Peres, J. & Gabriel, E.
(2015). A história da Educação Ambiental - um olhar sobre Angola. Sustentabilidad(es), vol.6, núm.12: 173 – 192.

1
Universidade Lueji A'Nkonde (ULAN), Angola. Email: [email protected]
2
Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE), Portugal. Email: [email protected]
3
Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos (CEFH) da Universidade Católica de Braga, Portugal.Email:
[email protected]

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Angola

Introdução4 Todas as convenções, congressos, debates


e campanhas publicitárias tiveram efeitos
mas, por outro lado, outros valores
“É indispensável um trabalho de surgiram em determinadas épocas,
educação em questões momentos e ciclos essencialmente
ambientais, dirigido tanto para as económicos que contrariaram e acabaram
gerações jovens, como para as por se constituírem como barreiras, por
gerações adultas, para construir vezes intransponíveis, a uma vida mais
as bases de uma opinião pública equilibrada e sustentável do planeta, da
bem informada e propiciar a gestão e atenção atribuída aos seus
conduta dos indivíduos, das recursos e à qualidade e vida do próprio
empresas e das colectividades, ser humano como agente de mudança ou
de acordo com o sentido de de estagnação nesta matéria. Infelizmente,
responsabilidade necessária à muitas foram as pessoas que a
protecção e melhoria do consideraram (e consideram) que a
ambiente em toda a sua natureza era uma fonte inesgotável de
dimensão humana” (Dias, 1993: recursos ou simplesmente o respeito pelo
270). ambiente existe quando protegido e
O século passado fica marcado por imposto o seu cumprimento pela lei

avanços e recuos significativos no que diz (maioritariamente por parte de estados

respeito à sensibilização da população membros de organizações internacionais)

para as questões centrais da (Acosta, 2010). Como fundamento

sustentabilidade ambiental do planeta que comum das normas constitucionais a

recebemos e que legado (denominado de nível ambiental, Benjamin (2005:365)

“pegada ecológica”) deixamos para refere que existe, um compromisso ético

gerações vindouras. de não empobrecer a Terra e sua


biodiversidade, com isso almejando-se
manter as opções das futuras gerações e
4
Este artigo reflete uma etapa do processo de garantir a própria sobrevivência das
pesquisa de doutoramento no Curso de 3º Ciclo
em Ciências da Educação, na Universidade de espécies de seu habitat. Fala-se em
Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal.

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equilíbrio ecológico, instituem-se processo em que se busca


unidades de conservação, combate-se a despertar a preocupação
poluição, protege-se a integridade dos individual e coletiva para a
biomas e ecossistemas, reconhece-se o questão ambiental, garantindo o
dever de recuperar o meio ambiente acesso à informação em
degradado – tudo isso com o intuito de linguagem adequada,
assegurar no amanhã um Planeta em que contribuindo para o
se mantenham e se ampliem, quantitativa desenvolvimento de uma
e qualitativamente, as condições que consciência crítica e estimulando
propiciam a vida em todas as suas formas. o enfrentamento das questões
ambientais e sociais.
De todo o processo e discussão, nasce de
Desenvolve-se num contexto de
certa forma, a necessidade de estes
complexidade, procurando
valores e práticas mais ecológicas em
trabalhar não apenas a mudança
ambientalmente mais sustentáveis
cultural, mas também a
chegarem finalmente à escola e à
transformação social, assumindo
educação. Os valores que alicerçam o que
a crise ambiental como uma
podemos chamar de e educação ambiental
questão ética e política.
existe de forma transversal em vários
programas e currículos de cursos, ciclos Definição essa que assume um contexto
de estudos e em diversos projetos levados histórico que deve ser despertado no seio
a cabo por agrupamentos e escolas em das populações.
todos os quadrantes do mundo.
Para o efeito, e de forma a estruturarmos
O que podemos chamar de educação o presente artigo, apresentamos desde
ambiental tem enfrentando grandes logo o que consideramos serem os
desafios nos últimos tempos dado os objetivos gerais e específicos desta
problemas que o mundo vem registando investigação.
assim, Mousinho (2003:158) define a
Objetivos gerais:
Educação Ambiental como o
 Descrever a evolução da
edução ambiental nas
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diferentes décadas a nível do Muitos são os estudos que referem que


mundo e um olhar atento esta temática apenas está vertida em obra
sobre Angola nos diferentes escrita especificamente na década de 60
comportamentos dos do século passado mas, há que referir que
cidadãos. já em 1801 tinha sido publicada nos
Estados Unidos da América a obra “Man
Objetivos específicos:
and Nature or Physical Geography as
 Analisar o desenvolvimento Modified by Human Action 5” e, essa sim,
histórico da temática foi encarada como a primeira chamada de
ambiental nos diferentes atenção para a exploração desmedida dos
pontos do globo; recursos naturais e para as perigosas
 Fundamentar teoricamente consequências que esse tipo de
o processo de ensino descontrolo poderia acarretar para a
aprendizagem da educação sobrevivência do Homem e do Planeta
ambiental no mundo; (Esteves, 1998). Ou seja “tornou-se então
 Demonstrar os passos que imprescindível e inadiável a
Angola tem vindo a dar na sensibilização e modificação de certos
preservação do meio comportamentos para tentar
ambiente. responsabilizar cada um de nós”
(Morgado, 2007:13).

Os principais factos a nível mundial Posto isto, em 1962, a Bióloga americana


Rachel Carson publicou o livro
“A educação ambiental, cuja génese pode
“Primavera Silenciosa” poucos, muito
ser reportada aos anos 60, adveio da
poucos, eram os homens que reconheciam
tomada de consciência de que a
a vulnerabilidade da natureza face à
Revolução Industrial e o progressivo
atuação humana e muito menos ainda os
desenvolvimento tecnológico estavam a
que aceitavam a natureza como meio
colocar em risco não só a nossa
natural do seu próprio desenvolvimento.
sobrevivência, mas também a das
Naquele tempo a humanidade entendia o
gerações vindouras” (Morgado, 2007:12).
5
Publicação de George Perkin Marsh, em 1801.

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meio ambiente em que se fixava como enormes plantações agrícolas nos Estados
uma ferramenta, um instrumento Unidos, e mais até do que a proibição
subserviente aos seus caprichos oficial do uso desse, e de outros,
progressistas e economicistas. inseticidas, ficamos-lhe a dever a
consciencialização pública de que a
A obra da cientista que veio denunciar os
Natureza é vulnerável à atuação humana
efeitos nefastos na vida animal, vegetal e
(Weid, 1997).
humana da aplicação exagerada do
inseticida DDT (Dicloro-Difenil- O seu alerta foi assustador de mais para
Tricloroetano) encontrou sérios ser ignorado: a contaminação de
opositores junto de departamentos alimentos; os riscos de contração de
governamentais americanos, onde a obra vários tipos de cancro; as alterações
foi inicialmente publicada e, sobretudo, genéticas; a extinção de espécies inteiras
nos sectores económicos da agropecuária, (como as abelhas sem as quais deixaria de
mas ultrapassou os obstáculos e ficou haver a polinização) eram agora
marcada para sempre como o primeiro realidades palpáveis, até porque de facto
grande alerta à humanidade sobre os os americanos de então deixaram de ouvir
males que a ação e intervenção humana os pássaros cantar pois que estes
estavam a provocar no ambiente. A sucumbiram à força dos inseticidas. Estas
Primavera em que os pássaros “deixaram” eram realidades que tinham que ser
de cantar nas margens do Mississípi evitadas e todos concordaram que a
marca o ponto de viragem na história da melhor maneira de começar o trabalho era
humanidade face à sua relação com o regulamentar a produção industrial em
ambiente e marca, da mesma maneira, o função da proteção do meio ambiente e
início da história da Educação Ambiental. educar os industriais e os cidadãos para a
aceitação das novas leis.
De facto, ficamos a dever a esta
americana muito mais do que a denúncia A obra de Rachel Carson está pois
dos efeitos deletérios dos inseticidas que intimamente ligada ao aparecimento da
até então se atiravam Educação Ambiental embora a
indiscriminadamente do ar sobre as terminologia lhe tenha sido posterior. A

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expressão Environmental Education 1983; Caride, 1991; Cavaco, 1992;


(Educação Ambiental) surgiu Palmer &Neal, 1996; Caride & Meira,
formalmente três anos depois da 2001; Jacobi, 2005).
publicação da obra de Carson durante
Ainda na década de 60, o industrial e
uma Conferência de Educação levada a
académico italiano Aurélio Peccei e o
cabo pela Universidade de Keele, na Grã-
cientista escocês Alexander King
Bretanha, onde, entre outras temáticas, se
juntaram um grupo de influentes numa
chegou a consenso sobre a necessidade
pequena localidade de Roma para
dos problemas ambientais serem
discutirem sobre assuntos de diversa
incorporados como matéria educativa nos
índole e, sobretudo, para refletirem sobre
planos pedagógicos formais. As mesmas
as questões relativas ao ambiente e ao
conclusões foram alcançadas poucos
desenvolvimento sustentável. Deste
meses depois, já em 1966, pela
encontro nasceu o Clube de Roma, uma
Assembleia Geral da ONU que considera
organização não-governamental,
a Educação Ambiental no Pacto
considerada a primeira de cariz ambiental,
Internacional sobre os Direitos Humanos.
que pouco depois patrocinava o
No entender de Cavaco (1992: 21) “é no
lançamento da obra “Os Limites do
ambiente de inquietação e criatividade de
Crescimento”, que ainda hoje lidera a
1968 que em diversos países se evidencia
lista de livros mais vendidos sobre a
a atenção que a Educação Ambiental
temática do ambiente.
passou a merecer e se dão passos
decisivos para a sua institucionalização”. O livro, publicado em 1972, é o resultado

Pese embora estes factos, há que referir de um conjunto de pesquisas levadas a

que já em 1948 num encontro da União cabo por um grupo de investigadores do

Internacional para a Conservação da Instituto de Tecnologia de Massachusetts

Natureza (UICN 6) que decorreu em Paris, (MIT) que trata essencialmente de

tinha sido utilizada a expressão problemas cruciais para o

“Educação Ambiental” (Fernandes, desenvolvimento da humanidade como a


energia; a poluição; o saneamento, a
6
Foi fundada em 1947 na Suíça, inicialmente era
saúde, o ambiente, a tecnologia e o
designada de União Internacional para a Protecção
da Natureza (UIPN); em 1957 mudou par UICN.

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crescimento demográfico, e que apresenta O Princípio 19 da “Declaração Sobre o


a dura conclusão de que o Planeta Terra Ambiente Humano”, que resultou da
não suportaria o galopante aumento primeira Conferência Mundial sobre o
populacional no mundo por causa da Homem e o Meio Ambiente estabelece
pressão que o progresso e as políticas de que
mercado exerciam sobre os recursos
é indispensável um trabalho de
naturais e energéticos e o aumento da
Educação em questões
poluição. As conclusões científicas e
ambientais, dirigido, seja às
matematicamente comprovadas destes
gerações jovens, seja aos adultos,
cientistas deixavam antever um futuro
o qual dê a devida atenção aos
catastrófico que nem as novas tecnologias
setores menos privilegiados da
seriam capazes de combater e assumiram
população, a fim de favorecer a
um papel de força na tomada de
formação de uma opinião pública
consciência de que era preciso tomar
bem informada e uma conduta
medidas para tornear a situação.
dos indivíduos, das empresas e
Começava-se então a dissipar a ideia das coletividades, inspirada no
generalizada de que a Natureza era uma sentido da sua responsabilidade
fonte inesgotável de recursos e pela com a proteção e melhoria do
primeira vez na história da humanidade a meio, em toda a sua dimensão
Organização da Nações Unidas preparou, humana (ONU, Estocolmo,
em Estocolmo, na Suécia, uma 1972).
conferência mundial que juntou 113
Em 1975, as metas e os princípios da
países e 400 organizações
Educação Ambiental são definidos num
governamentais e não-governamentais
outro Congresso, desta feita levado a cabo
para debater, unicamente, as questões
em Belgrado entre os dias 13 e 22 de
relativas ao ambiente. Pela primeira vez
Outubro, e de que resultou o importante
também se determina como princípio
documento “Carta de Belgrado” ainda
fundamental a necessidade de educar para
hoje considerado “a estrutura global para
o ambiente.
a educação ambiental” por secretarias

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governamentais do ambiente de vários Esta resolução veio alterar a maneira


países do mundo. economicista de pensar e de estar no
mundo, veio colocar um travão à procura
Depois de considerada e acordada a
do lucro a qualquer custo, e estipulou,
importância de educar para preservar e
para isso, uma “reclassificação das
conviver respeitosamente com o Meio
prioridades nacionais e regionais” (Carta
Ambiente este histórico documento
de Belgrado, 1975) aconselhando ao
suporta-se num outro acontecimento que
questionamento das políticas que
não podemos deixar de considerar aqui
procuravam maximizar a produção
para fundamentar a direção que irá
económica sem ponderar nas
apontar à Educação Ambiental. É que, em
consequências que esses atos traziam para
Maio de 1974, a Assembleia Geral da
a sociedade e para os recursos de que
ONU apresentou uma Declaração para
depende a melhoria da qualidade de vida.
uma Nova Ordem Económica
Internacional, que ficou conhecida por Tendo então estes pareceres como
Resolução da 6.ª Sessão Especial da principio orientador, e com eles também
Assembleia Geral da ONU, que as considerações avançadas pela
estabelece um novo conceito de Recomendação 96, a Carta de Belgrado
desenvolvimento, pedindo que este leve adianta que a reforma “dos processos e
em conta a “satisfação das necessidades e sistemas educacionais é central para a
desejos de todos os habitantes da terra, o constatação dessa nova ética de
pluralismo das sociedades e o equilíbrio e desenvolvimento e ordem económica
harmonia entre a humanidade e o meio mundial”, (Carta de Belgrado, 1975), e
ambiente” (Carta de Belgrado, 1975), e justifica, adiantando que “os governantes
adiantando que o meio para alcançar tais podem ordenar mudanças e novas
objetivos passava pela adoção de medidas abordagens de desenvolvimento e podem
“que apoiem um tipo de crescimento melhorar as condições do mundo, mas
económico que não tenha repercussões tudo isto se constituirá em soluções de
prejudiciais para as pessoas, para o seu curto prazo se a juventude não receber um
ambiente e suas condições de vida” (Carta novo tipo de educação” (Carta de
de Belgrado, 1975). Belgrado, 1975).

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Assim, e ainda de acordo com esta vez mais linhas de atuação concreta para
histórica redação, estas novas abordagens esta nova disciplina.
de ensino vão requerer “um novo e
De cada vez que os povos, na figura dos
produtivo relacionamento entre
seus representantes, se encontravam em
estudantes e professores, entre a escola e
conferências subordinadas a este tema, a
a comunidade, entre o sistema
Educação Ambiental era alargada até ao
educacional e a sociedade” (Carta de
ponto de alcançar caráter interdisciplinar,
Belgrado, 1975).
crítico, ético e transformador como
Para fundamentar estas determinações a aconteceu na Conferência de Tbilisi, onde
UNESCO publica, também em 1975, o assim foi adjetivada.
Programa Internacional de Educação
Realizada em 1977 esta conferência foi a
Ambiental. E em 1976 realiza-se mais um
primeira de caráter intergovernamental e
importante Congresso Mundial sobre
deu azo a uma das mais completas
Educação Ambiental, desta vez no
declarações alguma vez redigidas a
continente africano, em Brazzaville, tendo
propósito da Educação Ambiental pois
daqui resultado o reconhecimento da
que contém objetivos, estratégias,
pobreza como o maior de todos os
características, princípios e
problemas ambientais, um problema, que
recomendações sendo que algumas delas,
como todos os que afetavam o globo
por exemplo, determinam que a Educação
terrestre, poderia se erradicado através da
Ambiental aconteça tanto ao nível da
educação.
Educação Formal, quanto da Educação
A cada ano, a Educação Ambiental, Não Formal ou Informal, envolvendo na
enquanto força promotora da mudança de sua rede funcional pessoas de todas as
mentalidades e conquista de melhorias no idades.
respeito pelo meio envolvente, ganhava
Em 1983, e sempre tendo em vista o
força pois que se sucediam eventos onde
objetivo comum de salvaguardar e
esta temática era chamada a ser centro das
promover o uso responsável dos recursos
atenções, e dessa força constavam cada
naturais, a Comissão Mundial Sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento das

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Nações Unidas promove a criação de uma A publicação deste relatório serviu de


outra comissão, composta por alavanca à promoção do conceito de
organizações não-governamentais e por Desenvolvimento Sustentável de que já se
cientistas do mundo inteiro, e entrega a falava desde a década de 70 mas que
liderança da mesma a Gro Harlem ninguém ainda tinha encarado de frente.
Brundland, Primeira-ministra da Noruega, O documento assinado por Gro
e a Mansour khalid, Ministro do Governo Brundland veio exigir ao mundo uma
do Sudão, visando conseguir um estudo mudança nas perspetivas de crescimento a
global sobre o ambiente e todos os itens fim de que este passasse a ser menos
com que este se relaciona. intensivo face à aquisição de matérias-
primas e energia e mais equitativo nos
O resultado do trabalho desta comissão,
seus impactos. De acordo com a redação
que demorou 4 anos a ser elaborado, foi
do próprio relatório o Desenvolvimento
apresentado em Abril de 1987, em forma
Sustentável é “aquele que atende às
de Relatório a que os seus autores
necessidades do presente sem
chamaram “Our Common Future” (O
comprometer a possibilidade de as
Nosso Futuro Comum) mas que o mundo
gerações futuras atenderem às suas
ainda hoje sustenta, sob a designação de
necessidades” (O Nosso Futuro Comum,
Relatório Brundtland. Este documento
1987: 46).
veio apresentar uma visão complexa das
causas dos problemas socioeconómicos e Tendo em vista o alcance de tão
ecológicos da sociedade e as inter- ambicioso objetivo o trabalho da
relações entre a economia, a tecnologia, a Comissão proposta pelas Nações Unidas
sociedade e a política, alertando para a sugere várias medidas de atuação, tais
necessidade de adoção de uma nova como a limitação do crescimento
postura ética, caracterizada pela populacional; a diminuição do consumo
responsabilidade tanto entre as gerações de energia; o aumento da produção
como entre os membros da sociedade de industrial nos países não-industrializados,
então. o controlo da urbanização desordenada e
a redução do uso de produtos químicos,
entre muitas outras, e estas medidas,

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como facilmente se depreende, não tipo de iniciativas). Este congresso


caíram nas boas graças dos líderes dos acontece na sequência dos congressos de
setores económicos e produtivos do Estocolmo e Tbilisi e desta vez tem lugar
mundo pois que iam ao encontro direto em Moscovo.
das suas maiores fontes de lucro.
Neste novo encontro faz-se uma avaliação
Para além da importância em si mesma do dos avanços da Educação Ambiental
trabalho Brundtland é aqui, neste aspeto, deste Tbilisi e são reafirmados os
que ele se sobreleva a favor da Educação princípios aí estabelecidos para esta
Ambiental pois que as vozes que lhe “disciplina”. A novidade do Congresso de
foram contraditórias veio reforçar o que Moscovo prende-se com o facto de aqui
até agora se pensara e dissera sobre a se ter assinalado a importância e a
necessidade de acompanhar a necessidade de pesquisa em Educação
implementação das medidas redutoras do Ambiental. No decorrer das sessões de
impacto humano no meio ambiente. Os trabalho desta reunião foi criado um
líderes do mundo tinham agora plena quadro teórico-metodológico para a
consciência de que nenhuma dessas concretização efetiva da Educação
medidas resultaria com eficácia total, Ambiental e foi sugerida uma
mesmo que aplicadas sob a força da lei, reorientação do processo educacional.
se as mentalidades humanas não fossem
Depois de Moscovo a ONU só voltará a
moldadas desde cedo a favor destes
juntar num mesmo evento e com os
objetivos.
mesmos propósitos todos os signatários
No sentido de reforçar e implementar das conclusões aqui obtidas em 1992, no
mais capacidade de ação à Educação Rio de Janeiro, no Brasil, mas antes dessa
Ambiental realiza-se no ano da Conferência de “Cúpula da Terra”, como
divulgação do Relatório O Nosso Futuro a apelidaram os anfitriões, houve espaço
Comum (1987) um terceiro congresso para a realização de um primeiro
Internacional da Unesco sobre Educação seminário sobre materiais para a
e Formação Ambiental (terminologia que Educação Ambiental, no Chile, o que
aparece pela primeira vez agregada a este mostra que a implementação da parte

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prática da mesma já estava a ser Tal como havia acontecido nas


promovida, e para a divulgação da Conferências anteriores o conceito de
Declaração de Haia, 1989, agora Educação Ambiental saiu reforçado deste
considerada o preâmbulo, do encontro encontro mundial que, desta vez, acolheu
brasileiro de 92, que apontava a os Chefes de Estado dos países
importância da cooperação internacional participantes. Todos eles participaram na
nas questões ambientais. execução de um dos mais famosos
documentos que resultaram desta jornada
A quantidade de nomes com que ficou
de trabalho, a Agenda 21, e é esta,
conhecida a importante Conferência das
precisamente, a escritura que confere à
Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Educação Ambiental extensão para o
Desenvolvimento que decorreu no Brasil
campo das ciências e a apresenta como
entre os dias 3 e 14 de Junho de 1992 é,
instrumento base de construção de uma
por si só, expressão do impacto que este
consciência ambiental e da capacitação
encontro sucessor de Moscovo teve em
superior de quadros para o
todo o planeta. A Eco-92, Rio-92,
Desenvolvimento Sustentável.
Cimeira da Terra e até Cúpula da Terra,
que tinha na linha da frente da ordem de Durante os anos que se seguiram a este
trabalhos dos 175 países participantes a marco histórico da luta mundial pela
procura dos meios de conciliação entre o salvaguarda da Natureza e dos seus
desenvolvimento socioeconómico e a recursos, as Nações Unidas haveriam de
conservação e proteção dos ecossistemas voltar a olhar para a Agenda 21 outras
da Terra consagrou o conceito de vezes, a fim de perceber da evolução da
Desenvolvimento Sustentável e aplicabilidade das determinações nelas
contribuiu para a consciencialização contidas. Fê-lo logo em 1997, sob a forma
efetiva de que os danos provocados ao de Assembleia Geral, e mais tarde em
meio ambiente eram maioritariamente da 2002, convoca nova conferência para
responsabilidade dos países Joanesburgo, na África do Sul, a
desenvolvidos. conferência “Rio + 10” onde os povos do
mundo tomam consciência de que os
avanços tão bem fundamentados e tantas

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vezes justificados ao longo das duas um sentido de dificuldade por parte dos
décadas anteriores não são tão países mais desenvolvidos em
significativos quanto o desejado. reconhecerem a responsabilidade que lhes
cabia na implementação das medidas
Algumas das principais determinações da
aventadas pela referida Agenda pois que a
Agenda do século XXI, que quase todos
sua efetiva adoção resultará na
os países do mundo ratificaram, ainda não
diminuição efetiva da produção industrial
tinham sido implementadas e registava-se
e do consumo.

Em 2005, quando finalmente se pássaros que fazem a música da


conseguiu ratificar o Protocolo de Quioto, Primavera nas margens do Mississípi. A
todos os agentes protagonistas da esperança destes pequenos músicos da
elaboração da Agenda 21 puderam ter a Natureza está depositada nas mãos da
certeza de que os princípios de orientação Educação Ambiental.
para uma vida melhor no mundo, que
Entre muitos eventos, encontros,
durante 11 dias se empenharam em
seminários, congressos, programas e
redigir, dificilmente serão postos em
linhas orientadoras passadas a lei e a
prática nas próximas décadas. É que este
recomendações num quadro de intenções
tratado internacional, que começou a ser
verdadeiramente arrojado, em contraste
elaborado no Japão ainda em 1988, e que
com a prática que, mais uma vez e com
tem por premissa a redução da emissão de
alguns progressos verificados em alguns
gases poluentes que intensificam o efeito-
setores, fazendo perigar a sustentabilidade
estufa com destaque para o CO2, não foi
do planeta, aconteceram nos últimos anos
ratificado pelos Estados Unidos com a
verdadeiros exemplos e avisos que
justificação do então Presidente, George
redundam num avolumar de
W. Bush, de que não iria submeter o
preocupações globais e sérias
avanço da economia Norte-Americana
evidenciadas pelos fatos científicos
aos sacrifícios necessários para a
amplamente divulgados. A título de
implementação das medidas propostas. A
exemplo podemos ver o impacto que teve
economia e o lucro ganhavam assim mais
o movimento e esforço planetário levado
uma batalha contra as orquestras de

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a cabo pelo ex. vice-presidente do EUA, evoluir da história determinou as


Al Gore, coroado com o documentário fronteiras que hoje conhecemos, o que
vastamente premiado “An Inconvenient significa que nas dezoito províncias que
Truth” (Uma Verdade Inconveniente), compõem a actual divisão administrativa,
assim como a iniciativa levada a cabo habitam sete comunidades culturais
neste ano pelo Nobel da Paz, presidente autóctones, das quais emergem outros
Barack Obama, o qual assume um papel subgrupos (acerca de cem) que se
de liderança mundial nesta área ao levar a destinguem pelas suas particularidades
um importante encontro a acontecer em sócio- linguísticas e culturais a saber, os
Paris (no final deste ano “ACúpula do Bacongo, Ambumbu, Ovimbundu,
Clima de Paris”7) um dos mais, se não o Tchokwe, Ovinganguela, Ociwambo e
mais arrojado plano de redução de Khoisan. Angola está situada na costa
emissão de CO2 no setor, no caso em 32% ocidental da África, abaixo do equador e
nos EUA, até 2030, denominado de Plano a este do meridiano de Greenwich. Sendo
de Energia Limpa nos Estados Unidos” e as suas coordenadas geográficas extremas
que, assim crê o seu mentor irá ter largo de 4º 22' de latitude sul a norte e 18º 02'
consenso mundial entre pares. de latitude sul a sul, o que dá uma
amplitude latitudinal de 13º 40' e 11º 41'
longitude e a ocidente, 24º 05' longitude e
Análise da história da educação a oriente, pelo que amplitude longitudinal
ambiental em angola é de 12º 24'. São seus limites fronteiriços:

Angola nos seus 1.245.700 km2 da a norte, as Repúblicas do Congo e do

superfície, alberga entre as suas Congo Democrático, a leste as Repúblicas

fronteiras, povos que em século idos, do Congo Democrático e da Zâmbia, a

formavam nações (Reinos do Congo, sul, a Namíbia, e a oeste o oceano

Matamba e Benguela), com estrutura e Atlântico. Fronteira angolana tem uma

organizações social muito próprias. O extensão de 6.487 km dos quais 4.837 são

7
fronteira terrestre e 1.650 de fronteira
Este evento pretende atingir um acordo
internacional vinculativo para reduzir as emissões de marítima (Melo, 2010)
carbono e conter o aquecimento global. Se assim for,
este acordo substituirá, a partir de 2020, o Protocolo
de Quioto.

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Na dimensão territorial de Angola possui O estado angolano sempre se preocupou


65% de florestas ou terrenos não com o meio ambiente, embora com
exploráveis, existe uma biodiversidade algumas decisões menos céleres do que o
invejável, tal como acontece nos países desejável, sempre deteve ações que
tropicais, com seus rios a se deslocarem indicavam um indício naquilo que eram
do Norte para o Sul e do Este para o as questões ligadas ao meio ambiente,
Oeste e vice-versa. Mas embora pois a nível dos manuais da disciplina de
enumeramos esses benefícios todos que ciências da Natureza constavam ações de
podemos encontrar em Angola, denota-se preservação do meio, aquelas ligadas com
também uma pobreza estrema onde a a água, no cuidado com a higiene (lixo),
maior fonte de recurso e que sustenta as na relação com as plantas e animais. Mas
famílias angolanas são as suas florestas só em 1998 a Educação Ambiental foi
ou a sua vasta biodiversidade. Encontra- institucionalizada, com a aprovação e
se aqui uma discrepância naquilo que são entrada em vigor da Lei de Bases do
as forças e as fraquezas da população. Ambiente, a Lei n. 5/98 de 19 de Junho
que propõe a Educação Ambiental como
A situação de educação ambiental
começou a nível das comunidades de medida de proteção ambiental
forma isolada, mas com a mensagem do que deve acelerar e facilitar a
regedor da aldeia ou comunidade a implantação do Programa
aconselhar a população para evitar o Nacional de Gestão Ambiental,
derrube de árvores para se prevenir das através do aumento progressivo
possíveis pragas ou males que são de conhecimento da população
direcionados por aquelas comunidades ou sobre os fundamentos
pessoas que não gostavam da ecológicos, sociais e ecológicos
comunidade, por outra algumas árvores que regem a sociedade humana
não eram cortadas pois suas folhas ou (Artigo 20, Lei n. 5/98 de 19 de
raízes eram usadas como medicamentos Junho de 1998).
ou tinham propriedades medicinais. E
Estes objetivos começaram a ser postos
assim a mensagem era passada de uma
em prática em Angola há mais de uma
geração para outra como legado.

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década e, desde 2001, é considerada a desenvolvimento da educação


possibilidade de intervenção dos ambiental nas escolas; e
professores como agentes de intervenção favorecer o desenvolvimento de
nesta dinâmica. De facto, nesse ano, o uma consciência ecológica nos
Ministério das Pescas e Ambiente, através alunos (Ministério das Pescas e
do programa denominado Programa de Ambiente, 2001, apudMinistério
Educação e Conscientização Ambiental, das Relações Exteriores &
que definia princípios, finalidades e Ministério do Meio Ambiente,
objetivos para a implementação da 2006: 4).
Educação formal e não formal em Angola
Desde a aprovação das presentes leis,
determinou que,
deu-se a conhecer oficialmente aos
a Educação Ambiental em cidadãos do verdadeiro interesse do
Angola começou com a estado no que concerne à sua visão
conceção de um programa de ambiental, para tal algumas ações têm
longo prazo que prevê ações sido realizadas, com algumas instituições
direcionadas para a educação filantrópicas de direito cívico para
formal e não formal. Esse preservação ambiental, apoiadas também
programa produziu um primeiro pelo Governo, no nosso entender pouco
projeto, dirigido a coordenadores se tem vindo a fazer visto que a temática
de disciplinas dos Institutos não se coaduna com uma ação que se
Médios de Educação, cujos prolongue muito o tempo. Pelo contrário,
objetivos gerais são os de é uma temática e um assunto que
sensibilizar os professores face necessita de ação e de uma prática intensa
aos problemas ambientais; fazê- e continuada, em ordem a sensibilizar a
los adquirir conceitos básicos da população para outras formas de
Ciência Ecológica; fazê-los combater a pobreza que não passam
adquirir competências necessariamente por destruir o meio
indispensáveis para a utilização ambiente. Para tal o governo precisa
de métodos e recursos estabelecer balizas e metas a serem
específicos que permitam o alcançadas nos próximos tempos tendo

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em conta a situação que o Globo mundial", uma vez que, assim sendo,
atravessa e as novas demandas e desafios precisaríamos de 1,6 planetas para saciar
emergentes que as grandes potências o consumo de recursos atual.
(inclusive os países mais poluidores)
A implementação de políticas e atos em
terão que enfrentar defendendo o maior
ordem a conservar e proteger o ambiente
bem comum que temos: a natureza.
resultarão, assim cremos, em ganhos
significativos para toda a humanidade.
Para tal, é absolutamente necessário
empreender um esforço conjunto que
abarque múltiplos agentes, estando entre

Considerações finais eles, especialmente o Estado de cada


nação, enquanto legislador e, por outro
Discutir a sustentabilidade e o
lado, o contributo individual e coletivo de
desenvolvimento sustentável, bem como
pessoas que abraçam ações e grupos não
a educação e ambiente ou educação
formais de relevância no que concerne à
ambiental significa essencialmente tratar
sensibilização e luta por causas nobres em
de uma problemática de interesse global.
defesa deste bem comum. Portanto, na era
A título de exemplo, o dia 13 de agosto
da globalização urge acontecer algo
de 2015, segundo a Global Footprint
colossal à escala global no que respeita a
Network (GFN), marca o dia do ano
atos e protocolos formais a este respeito,
(denominado de “Dia da sobrecarga da
a par de uma sensibilização universal
terra”) em que a humanidade já consumiu
precisamente a partir da escola e dos seus
a totalidade dos recursos naturais que o
agentes, incluindo os destinatários do
próprio planeta é capaz de renovar no
currículo e a sociedade da qual a escola
período de um ano. Um processo
emerge e que com ela interage e coabita.
intolerável de esgotamento de recursos
naturais interpretado pelo Fundo Mundial
para a Natureza (França) como Bibliografia
consequência do "ritmo incrível e
Acosta, A. (2010), “Hacia la Declaración
insustentável do desenvolvimento
Universal de los Derechos de la
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